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CEFET-RN - A Biomecanica do Chute Frontal do Karate.pdf
III Congresso de Iniciação Científica do CEFET-RN – Natal - RN - 2005. 
A BIOMECÂNICA DO CHUTE FRONTAL DO KARATE 
 
 
A.K.S. Carvalho1, A.M.A.Pessoa2, J.H. Souza3 
 
1- Gerência de Formação – CEFET-RN 
Ensino Médio 
E-mail: 
 
2- Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – UFRN 
Departamento de História 
E-mail: alvarotenkamusou@hotmail.com 
 
3- Gerência de Tecnologia Industrial – CEFET-RN 
Grupo de Biomecânica do Esporte 
Av. Salgado Filho, 1159 Morro Branco CEP 59.000-000 Natal-RN 
E-mail: ricky@cefetrn.br 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho apresenta um relato sobre as bases biomecânicas para fundamentar o estudo cinemático das 
técnicas marciais. Neste trabalho faz-se um estudo estático e dinâmico do chute frontal a fim de se obter equações 
matemáticas capazes de traduzir esta técnica para um sistema de avaliação computadorizado, levando assim ao de-
senvolvimento de novas tecnologias e/ou equipamentos. Neste primeiro momento são apresentados apenas os estu-
dos sobre o movimento propriamente dito o que possibilitou o desenvolvimento de gráficos de trajetória, os quais 
serão utilizados para obtenção de modelos matemáticos e sua posterior simulação. 
 
PALAVRAS-CHAVE: arte marcial; biomecânica; modelagem matemática; trajetória . 
 
 
 
 
 
 
A. K. S. Carvalho, S. M. N. T. Melo e J. H. Souza 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
A evolução do homem pode ser traçada através da evolução do modo de andar, deixando as árvores para enfren-
tar a grande savana africana e para vencer as grandes distâncias a forma de andar sobre duas pernas se tornava cada vez 
mais necessária, pois oferecia a possibilidade de deslocamento e alimentação simultaneamente, evitando os grandes 
predadores. 
Os perigos não se limitavam apenas aos predadores naturais, mas proviam também de tribos (clãs) rivais que lu-
tavam por território, alimento e fêmeas, obrigando o homem primitivo a desenvolver técnicas de combate eficientes o 
bastante para garantir sua segurança e a sobrevivência de seus dependentes. 
2. A BIOMECÂNICA DO MOVIMENTO HUMANO 
A Biomecânica é a ciência que busca explicar como as formas de movimento dos corpos de seres vivos aconte-
cem na natureza a partir de parâmetros cinemáticos e dinâmicos (Hirata, 2002). 
“Na análise do movimento humano, a determinação das forças internas 
tem extrema relevância. Com essa análise, estudos podem contribuir pa-
ra entender o controle do movimento e sobrecarga no aparelho locomo-
tor, contribuindo de forma efetiva na busca de parâmetros de eficiência 
do movimento e proteção desse aparelho.” 
Andar é a forma mais fundamental de locomoção para os seres humanos, ainda que seja um padrão de movimen-
to bastante complexo. Quanto aos membros inferiores, esta forma de movimento consiste em uma troca alternada e 
cíclica de contato dos pés com o chão (Figura 1A). Numa primeira aproximação, cada membro inferior do ser humano 
durante o andar pode ser entendido como um pêndulo (McGeer, 1993) e enquanto estiver em contato com o solo se 
comporta como um pêndulo invertido (Figura 1B), podendo ser analisado sob a ótica de um pêndulo duplo articulado no 
joelho. 
 
Figura 1 – Modelo dos membros inferiores para o andar. 
O movimento de andar nada mais é do que a troca sucessiva da perna de apoio (Mochon & McMahon, 1980), lo-
go podemos dividi-lo em fases: 
a) Fase de Sustentação Simples; 
b) Fase de Sustentação Dupla; 
c) Fase de Balanço. 
Cada fase pode ser caracterizada por modificações físicas. A fase de sustentação simples ocorre quando apenas 
um dos membros inferiores está em contato com o chão. A fase de sustentação dupla é o breve instante em que os dois 
membros tocam a superfície e a fase de balanço se dá durante o deslocamento de um dos membros, ocorrendo desde a 
saída da perna posterior até o instante em ela volta a tocar o chão à frente da perna anterior, tomando seu lugar (Figura 
2). Portanto, o balanço ocorre enquanto o corpo está apoiado sobre uma única perna, sendo a diferença primordial entre 
a fase de balanço e a de apoio simples é o fato de que durante o apoio simples um dos membros poderá está unicamente 
suspenso no ar e no balanço o membro suspenso deverá está em deslocamento. 
 
Figura 2 – Fases do andar. 
III Congresso de Iniciação Científica do CEFET-RN – Natal - RN - 2005. 
 
Um componente fundamental no controle de locomoção é a habilidade de transferir o peso de uma perna para a 
outra (Kirtley, 2004). 
2.1. EIXOS PRINCIPAIS 
Para analisarmos do movimento humano necessitamos de um sistema de coordenadas fixo no corpo humano e 
capaz de prover a relação entre este e um sistema inercial de referência. Portanto, utilizaremos um sistema de coordena-
das que coincide com os eixos principais (Carr, 1998 – McGinnis, 2002 – Hall, 2003) –linhas imaginárias que cortam o 
corpo humano, sendo ortogonais entre si e o ponto de encontro entre eles é o centro de massa. 
Os eixos principais são denominados de Longitudinal (Fig. 3a), Transversal (Fig. 3b) e Frontal (Fig. 3c). 
 
Fig. 3 – Eixos principais longitudinal, transversal e frontal. 
2.2. PLANOS PRINCIPAIS 
Os planos principais são formados por pares dos eixos principais e dividem o corpo humano em metades simétri-
cas que podem ser utilizados na análise dos movimentos realizados em duas dimensões (Carr, 1998 – McGinnis, 2002 
– Hall, 2003). 
Os planos principais são o Sagital (Fig. 4a), o Frontal (Fig. 4b) e o Transversal (Fig. 4c). 
 
Fig. 4 – Planos principais: sagital; frontal e transversal. 
2.3. ARTICULAÇÕES INFERIORES 
Os membros do corpo humano são providos de articulações capazes de se adaptar as diferentes situações que o 
indivíduo possa vivenciar, dando-lhe um certo número de graus de liberdade. As articulações inferiores são quadril, 
joelho e tornozelo. 
A articulação do quadril é responsável pela movimentação da perna (coxa, joelho, canela, tornozelo e pé) e o 
movimento que realiza no plano sagital é o de extensão e flexão frontal da perna (Fig. 5). 
A. K. S. Carvalho, S. M. N. T. Melo e J. H. Souza 
 
 
Fig. 5 – Movimento de flexão e extensão do quadril. 
A articulação do joelho responde pelo movimento angular existente no meio da perna, permitindo a adaptação da 
perna às diferentes superfícies durante o caminhar (subida, descida ou plano). Portanto, é responsável pela união entre a 
coxa e a canela e realiza apenas um único movimento (Fig. 6), que ocorre no plano sagital. 
 
Fig. 6 – Movimento de flexão e extensão do joelho. 
A articulação do tornozelo é responsável pela transmissão das irregularidades sentidas pelos pés ao restante da 
perna, dando ao corpo a adaptação necessária para que ocorra o equilíbrio sobre os pés. O tornozelo é responsável pela 
união entre a canela e o pé, podendo realizar movimentos de flexão e extensão (Fig. 7), plano sagital. 
 
Fig. 7 – Movimento de flexão e extensão do tornozelo. 
3. CHUTE FRONTAL 
Dentre as diferentes técnicas existentes no karate foi escolhido para este estudo o chute frontal por ser um movi-
mento que se executa para frente e permite sua realização durante o deslocamento sem desviar o olhar do alvo. O trei-
namento do chute frontal inicia-se na posição parada (Lubes, 1994), onde os pés podem estar juntos – calcanhares uni-
dos e ponta dos pés afastados (Fig. 8a) – ou separados lateralmente pela distância dos quadris (Fig. 8b). 
 
Fig. 8 – Posição inicial para treinamento do chute frontal. 
 
III Congresso de Iniciação Científica do CEFET-RN – Natal - RN - 2005. 
 
O chute frontal é executado levantando-se o joelho, que irá arrastar a perna e conseqüentemente o pé, até uma al-
tura acima do quadril e a partir deste instante
a “alavanca” sobre o joelho é acionada e impulsiona a perna à frente, le-
vando o pé ao encontro do alvo e após o choque a perna é recolhida rapidamente para fornecer estabilidade estática ao 
executor. A intensidade do chute é determinada pelo avanço do quadril durante o instante do contato do pé com o alvo 
(Nakayama, 2003). A Fig. 9 descreve o processo de execução do chute e apresenta as articulações envolvidas no pro-
cesso (1– quadril; 2– joelho e 3– tornozelo), a linha tracejada indica o caminho seguido pelo pé desde sua posição de 
repouso. Observa-se que o quadril além de levantar a perna é responsável também por um impulso adicional, o que 
proporciona maior velocidade ao chute. 
 
Fig. 9 – Execução do chute frontal a partir da posição inicial parada. 
O procedimento descrito anteriormente é a seqüência de movimentos utilizados para realizar o chute frontal. A-
gora, se desejarmos executar o mesmo chute, mas em deslocamento (Fig. 10b), basta apenas fazermos a mudança da 
posição de partida (Fig. 10a). Durante o chute em deslocamento ocorre também as três fases do modo de andar humano 
(i) apoio duplo, (ii) apoio simples e (iii) balanço. 
 
Fig. 10 – Posição e execução do chute frontal com deslocamento. 
A trajetória das ações determina a altura do chute, isto é visto nas Fig. 11 e 12 para alturas intermediárias e ele-
vada respectivamente. Observa-se também a posição e utilização das articulações responsáveis por cada fase bem como 
a trajetória descrita pelo pé. As Fig. 11 e 12 mostram o movimento a partir do instante em que o pé já se encontra sus-
penso (fase de balanço), isto é, a segunda metade da técnica sob estudo. 
 
Fig. 11 – Chute na altura intermediária. 
A. K. S. Carvalho, S. M. N. T. Melo e J. H. Souza 
 
 
Fig. 12 – Chute na altura elevada. 
4. METODOLOGIA 
A metodologia de análise envolve a utilização de câmeras digitais de média velocidade para captar o movimento 
e logo em seguida decompô-lo em quadros mais simples e com isso podermos estimar o caminho descrito pelo pé. 
A partir de quadros mais simples pode-se fazer um esboço gráfico da trajetória descrita, o qual pode ser usado 
para ilustrar melhor a participação de cada elemento (membro e/ou articulação) envolvido no processo. 
Com os gráficos de trajetória, podemos nos concentrar na determinação de equações matemáticas que descrevam 
esse movimento e assim podermos obter uma relação entre os efeitos fisiológicos e os aspectos físicos sobre os indiví-
duos, isto é, podemos estudar os efeitos das variáveis físicas envolvidas como velocidade, força, energia dentre outras. 
A utilização de câmeras de vídeo de alta velocidade irá melhorar a precisão na determinação da velocidade, pois 
assim não se faz necessário sua estimativa a partir de modelos matemáticos o que diminuiria a inserção de erros. 
5. RESULTADOS 
O presente estudo tratou de levantar a trajetória do pé durante a execução do chute frontal do karate, partindo de 
posições estáticas que podem ser usadas ou não para deslocamentos dando uma dinâmica maior e mais abrangente a 
técnica. 
Os gráficos de trajetória obtidos a partir deste estudo estão condizentes com o conhecimento prático acumulado 
ao longo dos anos de prática das artes marciais, porém ainda não totalmente sistematizados com bases científicas espe-
cíficas como a biomecânica. 
As variáveis iniciais para um estudo cinemático estão plantadas e poder-se-á desenvolver equações capazes de 
traduzir matematicamente esta técnica de combate empregada pelos praticantes de karate. 
6. CONCLUSÃO 
Os estudos realizados demonstram a viabilidade de se traduzir movimentos complexo, empregado por artistas 
marciais, através de um modelo matemático o qual poderá ser usado em programas de computador para estimar perfor-
mance esportiva e/ou eficácia da técnica de modo individualizado, ajudando assim no desenvolvimento dos praticantes 
e favorecendo o surgimento de novos talentos desportivos. 
A obtenção da força de reação pode ser através de uma plataforma de força, sobre a qual o atleta realiza o movi-
mento e um programa fornece todas respostas do solo para cada posição e/ou deslocamento. Neste ponto, pretendemos 
trazer alunos de iniciação científica dos cursos de Automação e Informática para desenvolverem um sistema similar e 
acessível. 
Trabalhos futuros apontam para o estudo dinâmico deste movimento e posteriormente a análise dos impactos 
provocados quer ao nível de transferência de energia (alvo) quer a nível interno (articulações). 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Carr, G. – “Biomecânica dos Esportes – Um Guia Prático”. Editora Manole Ltda, 1ª Edição, São Paulo-SP, 1998. 
Hall, S.J. – “Biomecânica Básica”. Editora Guanabara Koogan, 4a Edição, Rio de Janeiro-RJ, 2003. 
Hirata, R.P. – “Análise Biomecânica do Agachamento”. Monografia de Graduação, Escola de Educação Física, Univer-
sidade de São Paulo, São Paulo-SP, 2002. 
 
III Congresso de Iniciação Científica do CEFET-RN – Natal - RN - 2005. 
 
Kirtley, C. – “CoM & CoP During Rhythmic Weight-Shifting”. The Catholic University of America, Washington-DC, 
EEUU. 2004. 
Lubes, A. – “Caminho do Karate”, Editora da UFPR, 2ª Edição,Curitiba-PR, 1994. 
McGeer, T. – “Dynamics and Control of Bipedal Locomotion”. Journal of Theoretical Biology, Vol. 163, No. 3, pp. 
277–314, 1993. 
McGinnis, P.M. – “Biomecânica do Esporte e Exercício”. Artmed Editora, 1a Edição, Porto Alegre-RS, 2002. 
Mochon, S. & McMahon, T.A. – “Ballistic Walking”. Journal of Biomechanics, Vol. 13, No. 1, pp. 49-57, 1980. 
Nakayama, M. – “Karate Dinâmico”, Editora Cultrix Ltda, São Paulo-SP, 2003. 
Nigg, B.M.; Herzog, W. – “Biomechanics of Musculo-Skeletal System”. Jonh Wiley & Sons, 1994 
Taboada, F.A. – “A Via Psicossomática”. Ed. Nova Acrópole Ltda, Belo Horizonte-BH, 2003. 
 
 
CEFET-RN - A Biomecanica do Soco Direto do Karate.pdf
III Congresso de Iniciação Científica do CEFET-RN – Natal - RN - 2005. 
A BIOMECÂNICA DO SOCO DIRETO DO KARATE 
 
 
S.M.N.T. Melo1, A.M.A.Pessoa2, J.H. Souza3 
 
1- Gerência de Formação – CEFET-RN 
Ensino Médio 
E-mail: 
 
2- Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – UFRN 
Departamento de História 
E-mail: alvarotenkamusou@hotmail.com 
 
3- Gerência de Tecnologia Industrial – CEFET-RN 
Grupo de Biomecânica do Esporte 
Av. Salgado Filho, 1159 Morro Branco CEP 59.000-000 Natal-RN 
E-mail: ricky@cefetrn.br 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho apresenta um relato sobre o surgimento das artes marciais além das bases biomecânicas para 
fundamentar o estudo cinemático das técnicas marciais. Neste trabalho faz-se um estudo estático e dinâmico do soco 
direto a fim de se obter equações matemáticas capazes de traduzir esta técnica para um sistema de avaliação compu-
tadorizado, levando assim ao desenvolvimento de novas tecnologias e/ou equipamentos. Neste primeiro momento 
são apresentados apenas os estudos sobre o movimento propriamente dito o que possibilitou o desenvolvimento de 
gráficos de trajetória, os quais serão utilizados para obtenção de modelos matemáticos e sua posterior simulação. 
 
PALAVRAS-CHAVE: arte marcial; biomecânica; modelagem matemática; trajetória . 
 
 
 
 
 
 
S. M. N. T. Melo, A. M. A. Pessoa e J. H. Souza 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
A biomecânica esportiva vem proporcionando grandes avanços na forma como os esportes são tratados por pro-
fessores, melhorando o ensino das técnicas básicas, e técnicos, ajudando na excelência técnica, além de influenciar no 
surgimento de novos equipamentos, desenvolvimento tecnológico. 
Apesar de haver uma quantidade significativa de pesquisadores dedicados ao estudo da performance esportiva 
sob a ótica da biomecânica, no que se refere às artes marciais
existem pouca ou quase nenhuma publicação. Tal situação 
nos motivou a desenvolver um estudo sobre uma das técnicas utilizadas no karate – o soco direto – e assim darmos o 
primeiro passo para preenchemos esse vazio. 
2. AS ARTES MARCIAIS 
No ocidente as diferentes formas de se empreender um combate são conhecidas com o nome de “Arte Marcial”, 
nome este derivado do deus grego Marte – o deus da guerra (Levi, 1996). No oriente estas mesmas técnicas são deno-
minadas de “Arte da Guerra” (Wushu em chinês, Budo em japonês), pois seu emprego principal é no campo de batalha. 
A sociedade oriental se baseia em castas e os soldados vinham de famílias militares o que levava a educação 
guerreira desde os primeiros anos de vida, pois assim grandes generais seriam formados além de possíveis estadistas. 
Com a unificação dos clãs sob a autoridade de um único chefe de estado, a paz passou a ser vivida e não mais so-
nhada, levando a novos questionamentos: o que os militares iriam fazer durante este período de tranqüilidade nacional? 
O que impediria o uso abusivo das técnicas guerreiras contra a população indefesa? 
Filósofos, professores, estadistas e guerreiros foram reunidos para discutir a nova conjuntura política e com o 
passar dos anos criaram um código de honra denominado de “Código ou Caminho do Guerreiro”, garantindo assim a 
integridade dos menos preparados. A partir daí as técnicas de luta ganharam uma conotação mais filosófica e o enfoque 
passou a ser mais no interior do que no exterior, ou seja, o novo guerreiro passou a lutar contra si mesmo na busca da 
elevação interior e na busca da perfeição como pessoa (Yuzan, 2004). 
Nos dias atuais, as artes marciais passam por uma nova mudança de paradigma que é a adequação às necessida-
des do novo milênio que busca fundamentar os conhecimentos mais antigos do homem de modo mais científico, possi-
bilitando uma evolução mais embasada de modo a facilitar o acesso às novas tecnologias e equipamentos. 
3. A BIOMECÂNICA DOS MEMBROS SUPERIORES 
A Biomecânica é a ciência que busca explicar como as formas de movimento dos corpos de seres vivos aconte-
cem na natureza a partir de parâmetros cinemáticos e dinâmicos (Hirata, 2002). 
“Na análise do movimento humano, a determinação das forças internas 
tem extrema relevância. Com essa análise, estudos podem contribuir pa-
ra entender o controle do movimento e sobrecarga no aparelho locomo-
tor, contribuindo de forma efetiva na busca de parâmetros de eficiência 
do movimento e proteção desse aparelho.” 
Os membros superiores são utilizados para desempenharem tarefas as mais diversas indo desde levar o alimento 
à boca até o transporte de materiais. Os braços são os membros responsáveis pela integração do homem com seu meio, 
pois é através deles que a maioria das informações ambientais é obtida além das respostas dadas. 
O braço é constituído pelo ombro, antebraço, cotovelo, braço propriamente dito, punho, mão e dedos. Este siste-
ma apresenta duas alavancas posicionadas sobre o ombro e sobre o cotovelo, além da possibilidade de realizar rotações 
de até 180º no punho e de até 270º no ombro (Hall, 2003). 
Como podemos representar o movimento dos membros superiores do corpo humano sem um sistema de coorde-
nadas que seja capaz de relacionar estes movimentos com um sistema inercial universal. 
3.1. EIXOS PRINCIPAIS 
Para analisarmos do movimento humano necessitamos de um sistema de coordenadas fixo no corpo humano e 
capaz de prover a relação entre este e um sistema inercial de referência. Portanto, utilizaremos um sistema de coordena-
das que coincide com os eixos principais (Carr, 1998 – McGinnis, 2002 – Hall, 2003) –linhas imaginárias que cortam o 
corpo humano, sendo ortogonais entre si e o ponto de encontro entre eles é o centro de massa. 
III Congresso de Iniciação Científica do CEFET-RN – Natal - RN - 2005. 
 
Os eixos principais são denominados de Longitudinal (Fig. 1a), Transversal (Fig. 1b) e Frontal (Fig. 1c). 
 
Fig. 1 – Eixos principais longitudinal, transversal e frontal. 
3.2. PLANOS PRINCIPAIS 
Os planos principais são formados por pares dos eixos principais e dividem o corpo humano em metades simétri-
cas que podem ser utilizados na análise dos movimentos realizados em duas dimensões (Carr, 1998 – McGinnis, 2002 
– Hall, 2003). 
Os planos principais são o Sagital (Fig. 2a), o Frontal (Fig. 2b) e o Transversal (Fig. 2c). 
 
Fig. 2 – Planos principais: sagital; frontal e transversal. 
3. SOCO DIRETO 
Dentre as diversas técnicas de golpes utilizando os braços, existentes no universo das artes marciais e em particu-
lar no karate, à escolhida para nosso estudo foi o soco direto por ser um movimento de execução aparentemente sim-
ples, mas de uma complexidade fisiológica grande, pois necessita para sua real eficácia a participação de todo o corpo 
para canalizar e transferir toda a energia gerada para o alvo. 
O treinamento do soco direto pode ser realizado a partir da posição parada, onde os pés estão separados lateral-
mente pela distância dos quadris e paralelos entre si (Fig. 3) com os joelhos levemente flexionados e o corpo relaxado 
(particularmente os ombros). 
 
Fig. 3 – Posição para treinamento. 
S. M. N. T. Melo, A. M. A. Pessoa e J. H. Souza 
 
 
Na execução do soco direto, a mão cerrada deve partir da cintura com o dorso da mão voltado para baixo e o bra-
ço rotacionado na sua distância máxima (Fig. 4), de onde podemos concluir que uma certa quantidade de energia poten-
cial é armazenada nesta flexão-rotação do braço, tal qual uma mola comprimida (Halliday et al, 1996). 
 
Fig. 4 – Posição de partido do soco direto. 
Da posição inicial, a alavanca do ombro é acionada e o braço é impulsionado para frente, conduzindo a mão da 
direção do alvo (Fig. 5) e, durante este trajeto, a rotação é desfeita fazendo com que o dorso da mão se volte para cima e 
liberando a energia acumulada. Após o choque o braço é recolhido rapidamente, fazendo um contato físico numa fração 
de tempo muito pequena, porém suficientemente capaz de transferir a maior quantidade de energia ao alvo (Nakayama, 
2003). 
 
Fig. 5 – Execução do soco direto. 
Detalhes acerca da posição inicial e final do ombro, do percurso realizado pelo cotovelo e da rotação do braço, 
devolvendo a energia armazenada durante a flexão deste no quadril são vistos na Fig. 6. 
 
Fig. 6 – Deslocamento do cotovelo. 
As técnicas de luta não foram desenvolvidas para uso estático, mas para situações de combate corpo-a-corpo, isto 
é, elas devem ser empregadas em local onde o deslocamento é fundamental para a perseguição e/ou fuga dos oponentes. 
Logo posições que favoreçam tais movimentos devem ser utilizadas freqüentemente (Fig. 7). 
 
Fig. 7 – Posição para execução do soco em deslocamento. 
 
III Congresso de Iniciação Científica do CEFET-RN – Natal - RN - 2005. 
 
Duas formas básicas de soco direto em perseguição são utilizadas e vistas na Fig. 8. Na Fig. 8a, temos um soco 
direto realizado com o braço do mesmo lado da perna que avança, enquanto que na Fig. 8b o braço utilizado é contrário 
à perna. 
 
Fig. 8 – Soco em deslocamento. 
Outro detalhe que pode ser observado nas formas de soco direto em perseguição (Fig. 8) é emprego dos quadris 
que dão mais energia ao golpe através do seu giro (Lubes, 1994), o qual pode ser direto (mesmo sentido do braço que 
bate) ou reverso (sentido contrário ao braço). O caminho percorrido pela energia que sai dos quadris em direção ao 
punho que desfere o golpe é mostrado na Fig. 9. 
 
Fig. 9 – Caminho percorrido pela energia que sai dos quadris. 
A trajetória descrita pela mão durante a realização do soco direto é vista na Fig. 10 e será utilizada como modelo 
para a caracterização matemática, o que possibilitará
a obtenção de variáveis físicas (força, velocidade, energia) que nos 
darão informações importantes sobre o comportamento dos músculos e articulações envolvidos no processo. 
 
Fig. 10 – Trajetória do soco direto. 
4. METODOLOGIA 
A metodologia de análise envolve a utilização de câmeras digitais de média velocidade para captar o movimento 
e logo em seguida decompô-lo em quadros mais simples e com isso podermos estimar o caminho descrito pelo pé. 
A partir de quadros mais simples pode-se fazer um esboço gráfico da trajetória descrita, o qual pode ser usado 
para ilustrar melhor a participação de cada elemento (membro e/ou articulação) envolvido no processo. 
Com os gráficos de trajetória, podemos nos concentrar na determinação de equações matemáticas que descrevam 
esse movimento e assim podermos obter uma relação entre os efeitos fisiológicos e os aspectos físicos sobre os indiví-
duos, isto é, podemos estudar os efeitos das variáveis físicas envolvidas como velocidade, força, energia dentre outras. 
 
S. M. N. T. Melo, A. M. A. Pessoa e J. H. Souza 
 
 
A utilização de câmeras de vídeo de alta velocidade irá melhorar a precisão na determinação da velocidade, pois 
assim não se faz necessário sua estimativa a partir de modelos matemáticos o que diminuiria a inserção de erros. 
5. RESULTADOS 
O presente estudo apresentou a seqüência de movimentos utilizados durante a execução de uma técnica de com-
bate corpo-a-corpo utilizada no karate. Mostrou-se também a trajetória da mão e, de certa forma, do cotovelo durante a 
execução do soco direto desde sua posição inicial até o momento do impacto com o alvo. 
Os gráficos de trajetória obtidos a partir deste estudo estão condizentes com o conhecimento prático acumulado 
ao longo dos anos de prática das artes marciais, porém ainda não totalmente sistematizados com bases científicas espe-
cíficas como a biomecânica. 
As variáveis iniciais para um estudo cinemático estão plantadas e poder-se-á desenvolver equações capazes de 
traduzir matematicamente esta técnica de combate empregada pelos praticantes de karate. 
6. CONCLUSÃO 
Mesmo fazendo uso de ferramentas simples, a análise do soco direto mostra a viabilidade do processo para reali-
zarmos estudos biomecânicos em esportes de combate como as artes marciais, incentivando assim a comunidade cientí-
fica a investir recursos humanos e materiais neste segmento da ciência desportiva. 
A precisão pode ser melhorada através da utilização de câmeras de vídeo de alta velocidade, o que permitiria a 
determinação direta da velocidade e não através de derivações – ponto de inserção de erros. 
A utilização de uma plataforma de impacto vertical inteligente, sobre a qual o atleta desfere o golpe e um pro-
grama coleta os dados sobre o golpe e fornece informações sobre a força final desenvolvida, da velocidade e da energia 
desprendida seria de fundamental importância. Neste ponto, pretendemos trazer alunos de iniciação científica dos cur-
sos de Automação e Informática para desenvolverem tal sistema. 
Trabalhos futuros apontam para o estudo dinâmico deste movimento e posteriormente a análise dos impactos 
provocados tanto sobre o alvo como sobre as articulações. 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Carr, G. – “Biomecânica dos Esportes – Um Guia Prático”. Editora Manole Ltda, 1ª Edição, São Paulo-SP, 1998. 
Hall, S.J. – “Biomecânica Básica”. Editora Guanabara Koogan, 4a Edição, Rio de Janeiro-RJ, 2003. 
Halliday, D.; Resnick, R. & Walker, J. – “Fundamentos de Física – Volume 1”. 4a Edição, LTC Editora, 1996. 
Hirata, R.P. – “Análise Biomecânica do Agachamento”. Monografia de Graduação, Escola de Educação Física, Univer-
sidade de São Paulo, São Paulo-SP, 2002. 
Levi, P. – “Grécia: Berço do Ocidente”, Edições Del Prado, Rio de Janeiro-RJ, 1996. 
Lubes, A. – “Caminho do Karate”, Editora da UFPR, 2ª Edição,Curitiba-PR, 1994. 
McGinnis, P.M. – “Biomecânica do Esporte e Exercício”. Artmed Editora, 1a Edição, Porto Alegre-RS, 2002. 
Nakayama, M. – “Karate Dinâmico”, Editora Cultrix Ltda, São Paulo-SP, 2003. 
Yuzan, D. – “Bushido – O Código do Samurai”, Madras Editora, 4ª Edição, São Paulo-SP, 2004. 
CEFET-RN_-_Apostila_Karate_Nivel_Bsico.pdf
 
 
 
i 
 
Sumário 
Capítulo 1 – Histórico do Karate ................................................. 01 
1.1. Introdução .................................................................. 01 
1.2. As Origens.................................................................. 02 
1.3. O Okinawa Te ............................................................ 03 
1.4. O Karate Moderno...................................................... 05 
1.5. Principais Estilos ....................................................... 06 
Capítulo 2 – O Dojo e a Conduta do Karateca............................. 07 
2.1. Introdução .................................................................. 07 
2.2. O Dojo........................................................................ 08 
2.2.1. A Limpeza do Dojo ...................................... 08 
2.2.2. Os Principais Elementos............................... 09 
2.2.3. O Cumprimento ............................................ 09 
2.3. Conduta Durante as Aulas.......................................... 10 
2.4. Os Personagens do Dojo ............................................ 11 
2.4.1. Sensei............................................................ 11 
2.4.2. Senpai ........................................................... 11 
2.4.3. Kohai ............................................................ 11 
2.5. O Dogi........................................................................ 11 
2.6. O Obi.......................................................................... 12 
2.7. Bases Filosóficas........................................................ 12 
2.7.1. O Dojo Kun .................................................. 12 
ii 
 
 
 
 
2.7.2. O Niju Kun ................................................... 13 
Capítulo 3 – A Respiração........................................................... 14 
3.1. Introdução .................................................................. 14 
3.2. Processo de Respiração .............................................. 15 
3.3. Formas de Respiração ................................................ 15 
3.4. Praticando a Respiração ............................................. 16 
3.5. Respiração na Concentração Mental .......................... 17 
Capítulo 4 – Energia .................................................................... 18 
4.1. Introdução .................................................................. 18 
4.2. Energia Interior .......................................................... 18 
4.2.1. Kiai ............................................................... 19 
4.3. Energia Exterior ......................................................... 20 
4.4. Atitude Mental ........................................................... 20 
Capítulo 5 – As Armas no Karate................................................ 21 
5.1. Introdução .................................................................. 21 
5.2. Armas Artificiais........................................................ 21 
5.2.1. Bo ................................................................. 22 
5.2.2. Jo .................................................................. 22 
5.2.3. Nunchaku...................................................... 23 
5.2.4. Kama ............................................................ 23 
iii
5.2.5. Tonfa............................................................. 23 
5.2.6. Sai ................................................................. 24 
5.3. Armas Naturais .......................................................... 24 
5.3.1. Shuto............................................................. 25 
5.3.2. Seiryuto......................................................... 25 
5.3.3. Haishu........................................................... 26 
5.3.4. Nukite ........................................................... 26 
5.3.5. Seiken ........................................................... 26 
5.3.6. Uraken .......................................................... 27 
5.3.7. Tetsui ............................................................ 27 
5.3.8. Koshi ............................................................ 27 
5.3.9. Kakato........................................................... 28 
5.3.10. Haisoku....................................................... 28 
5.3.11. Sokuto......................................................... 28 
Capítulo 6 – Técnicas do Karate.................................................. 29 
6.1. Introdução .................................................................. 29 
6.2. Bases .......................................................................... 30 
6.3. Uke Waza................................................................... 31 
6.4. Atemi Waza................................................................ 32 
6.5. Geri Waza .................................................................. 33 
iv 
 
 
 
 
Capítulo 7 – Treinamento ............................................................ 34 
7.1. Introdução .................................................................. 34 
7.2. Kihon.......................................................................... 34 
7.3. Kata ............................................................................ 35 
7.3.1. Kata e Significado ........................................ 35 
7.4. Kumite........................................................................ 36 
7.4.1. Gohon Kumite .............................................. 36 
7.4.2. Sanbon Kumite ............................................. 36 
7.4.3. Ippon Kumite................................................ 36 
7.4.4. Jiyu Ippon Kumite ........................................ 36 
7.4.5. Jiyu Kumite .................................................. 36 
7.5. Termos Técnicos ........................................................ 37 
Capítulo 8 – Exames e Graduações ............................................. 38 
8.1. Introdução .................................................................. 38 
8.2. Graduações................................................................. 38 
8.3. Exames ....................................................................... 39 
8.3.1. Branca para Amarela .................................... 39 
8.3.2. Amarela para Vermelha................................ 40 
8.3.3. Vermelha para Laranja ................................. 41 
8.3.4. Laranja para Verde ....................................... 42 
v 
 
 
 
 
8.3.5. Verde para Roxa ........................................... 43 
8.3.6. Roxa para Marrom........................................ 44 
Capítulo 9 – Competições............................................................ 45 
9.1. Introdução .................................................................. 45 
9.2. Área de Competição................................................... 45 
9.3. Kata ............................................................................ 46 
9.3.1. Individual...................................................... 46 
9.3.2. Equipe........................................................... 46 
9.4. Kumite........................................................................ 47 
9.4.1. Individual...................................................... 48 
9.4.2. Equipe........................................................... 48 
Bibliografia ................................................................................. 49 
HENSHIN KARATE DOJO HISTÓRICO DO KARATE 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 1 
Capítulo 1 – Histórico do Karate 
“Nunca é tão fácil perder-se como 
quando se julga conhecer o caminho”. 
SABEDORIA CHINESA 
1.1. INTRODUÇÃO 
A maioria das pessoas imagina que as lutas marciais têm por objetivo princi-
pal a defesa pessoal, fisicamente falando. É verdade que normalmente o indivíduo prati-
cante é uma pessoa bastante forte, de personalidade, e com energia e técnicas de defesa 
pessoal, fisicamente falando, bastante aprimoradas e cientificamente estudadas e testadas, 
em inúmeros combates antigos e em competições modernas. Porém estas qualidades são 
apenas uma das conseqüências dos treinamentos marciais, elas são atribuições vindas por 
acréscimo dentro de uma meta muito mais profunda, importante e superior. 
As lutas marciais, na verdade, têm como seu verdadeiro objetivo, ser um ca-
minho alternativo para as nossas buscas de soluções aos problemas que a vida nos apre-
senta, tentando ser uma solução para nossas dificuldades. Assim, este caminho – o “DO” 
– aberto inicialmente pelos hindus e chineses e posteriormente pelos japoneses tem várias 
correntes: 
¾ AIKIDO; 
¾ JUDO; 
¾ KARATE DO; 
¾ KENDO; 
¾ IKEBANA; 
¾ KYUDO; 
¾ CERIMÔNIA DO CHÁ; 
¾ E outras dezenas de caminhos. 
Todos os mestres afirmam que sua arte é fundamentalmente um treinamento para a vida, 
uma filosofia, um caminho para se resolver os desequilíbrios vitais e atingir a felicidade. 
HENSHIN KARATE DOJO HISTÓRICO DO KARATE 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 2 
1.2. AS ORIGENS 
As artes marciais atuais têm suas raízes mais remotas por volta do de 5000 
anos a.C., quando na Índia surgiu uma luta cujo nome em sânscrito era “Vajramushti”, 
cuja tradução literal significa punho real ou punho direto. Era uma arte guerreira da casta 
Kshatriya (portanto, praticada por nobres apenas) foi uma arte marcial que se desenvol-
veu simultaneamente com práticas de meditação e estudo dos antigos clássicos hindus 
(por ex: os Veda, Gita, os Purana). Esta arte marcial foi incorporada ao budismo, pois seu 
criador era um príncipe e, portanto, um conhecedor da mesma (Sidarta Guatama – o Buda 
histórico). 
Quase mil anos após a morte de Buda, Bodhidarma, que era filho do rei Su-
ghanda, tornou-se o 28o patriarca do budismo e viajou à China a convite do imperador 
Ling Wu Ti, mas como tinham opiniões divergentes de como alcançar a iluminação, Bo-
dhidarma (ensinava que a união do corpo com a alma é algo indivisível para chegar à 
verdade e a paz) foi ao reinado de Wei, província de Honan, e hospedou-se no templo 
Shaolin. A lenda conta que quando Bodhidarma chegou ao templo encontrou os monges 
numa condição de saúde tão precária, devido às longas horas que eles passavam imóveis 
durante a meditação, que ele imediatamente se preocupou em melhorar-lhes a saúde. 
Valorizando o vajramushti como auxiliar do homem em sua pesquisa interior, 
os monges budistas se desenvolveram enormemente nesta arte marcial e o templo Shaolin 
ficou mais famoso, como centro de artes marciais, do que de budismo, efetivamente. Os 
ensinamentos de Bodhidarma são reconhecidos pelos historiadores como a base de um 
estilo de arte marcial chamado de Shaolin Kung Fu. 
Os templos Shaolin foram destruídos e saqueados por ordem do
governo chi-
nês e apenas cinco monges escaparam, enquanto todos os demais foram massacrados pelo 
exército manchú. Os cinco sobreviventes tornaram-se conhecidos como “Os Cinco An-
cestrais” e vagaram por toda China, cada um ensinando sua própria forma e visão de 
Kung Fu. Considera-se que este fato deu origem aos cinco estilos básicos de Kung Fu: 
Tigre; Dragão; Leopardo; Serpente e Grou. 
HENSHIN KARATE DOJO HISTÓRICO DO KARATE 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 3 
1.3. O OKINAWA TE 
A história conta que o rei Hasshi, para evitar as revoltas, proibiu o uso de ar-
mas aos habitantes de Ryu Kyu1. Tal proibição não impediu que o povo da pequena ilha 
de Okinawa improvisasse armas de artefatos agrícolas: 
¾ NUNCHAKU; 
¾ TONFA; 
¾ JO; 
¾ BO. 
Mais tarde Shimazu conquistou a ilha e proibiu mais uma vez o uso de as armas nova-
mente. 
Dado que Ryu Kyu pertencia à China, sob a dinastia Ming, havia uma cres-
cente imigração da corte imperial e sem se aperceberem, eles introduziram as técnicas de 
lutas chineses na ilha. Com a nova proibição, os treinos se tornaram secretos e os alunos 
passaram a ser escolhido com muito cuidado, treinando-se firmemente fazendo com que 
as mãos e os pés se tornassem armas eficazes contra espadas, facas e armaduras. O nome 
genérico dado às formas de luta na ilha foi “TE”, que significa mão. 
Havia três principais núcleos de “Te” em Okinawa, estes eram nas cidades de 
Shuri, Naha e Tomari. Conseqüentemente os três estilos básicos tornaram-se conhecidos 
como: Shurite; Nahate e Tomarite. E todos eram conhecidos como Okinawa Te. 
O Shurite veio a ser ensinado por Sakugawa, que ensinou a Matsumura So-
kon que por sua vez transmitiu esses ensinamentos a Itosu Anko. O Shurite foi o precur-
sor dos estilos japoneses que eventualmente vieram a se chamar: 
¾ SHOTOKAN; 
¾ SHITO RYU; 
¾ ISSHIN RYU. 
O Nahate tornou-se popular devido aos esforços de Higaonna Kanryo, tendo 
este aprendido a arte com Arakaki Seisho e o seu aluno mais ilustre foi Miyagi Chojun, 
 
1 Ryu Kyu – Antiga denominação do arquipélago do qual Okinawa faz parte. 
HENSHIN KARATE DOJO HISTÓRICO DO KARATE 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 4 
que também estudou na China e mais tarde desenvolveu um estilo conhecido atualmente 
como Goju Ryu. 
O Tomarite foi desenvolvido juntamente por Matsumora Kosaku e Oyadoma-
ri Kosaku, sendo que os dois professores mais famosos desta época Motobu Chokki e 
Kyan Chotoku foram discípulos dos dois anteriores respectivamente. Até então o Tomari-
te era largamente ensinado e influenciou tanto Shurite como Nahate. 
Azato Yasutsume orientou os primeiros passos de Funakoshi Gichin e poste-
riormente o companheiro e amigo Itosu foi quem ficou responsável pelo aprendizado do 
jovem Funakoshi. Com Azato a filosofia de treinamento era chamada “Hito Kata San 
Nen” (um kata em três anos). 
No começo do século XX (aproximadamente 1900) o Karate foi reconhecido 
como um método eficiente de condicionamento físico e educação sendo então ensinado 
nas escolas públicas da pequena ilha e o responsável por esta introdução foi o Mestre Ito-
su. O ensino do Karate tornou-se oficial a partir de 1902 quando da visita do inspetor da 
prefeitura de Kagoshima à escola onde Funakoshi ensinava e este organizou uma de-
monstração para o ilustre visitante. 
No final do ano 1921 o Príncipe Hirohito convidou Funakoshi para fazer uma 
demonstração de Karate em Tóquio, a exibição de Kata (Kanku Dai, o preferido de Funa-
koshi) foi um sucesso total. Após esta demonstração, Funakoshi foi assediado para per-
manecer em Tóquio e ensinar sua arte que tanto maravilhou os japoneses. 
HENSHIN KARATE DOJO HISTÓRICO DO KARATE 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 5 
1.4. O KARATE MODERNO 
Em 1922 sob a influência do pintor Kosugi Hoan, Funakoshi publica o seu 
primeiro livro intitulado “Ryukyu Kenpo Karate”, onde enfatiza os propósitos e a prática 
do Karate. Na introdução deste livro ele escreveu: 
“A pena e a espada são inseparáveis como duas ro-
das de uma carroça”. 
Este livro teve grande repercussão e quatro anos depois foi reeditado com o título de 
“Renten Goshin Karate Jitsu”. 
Em 1936, Funakoshi muda os caracteres kanji utilizados para escrever a pala-
vra Karate. O caracter “KARA”, que significava China é trocado por um outro que tinha o 
mesmo som; o caracter utilizado foi um do Zen Budismo que significava vazio, passando 
o Karate a ser conhecido não mais como “Mãos Chinesas”, mas como “Mãos Vazias”. 
Funakoshi defendia o fato de que “Mãos Vazias” era mais apropriado, pois representava 
não só o fato de o Karate ser um método de defesa sem armas, mas também representava 
o próprio espírito do Karate, que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terre-
nas, como escrito por ele mesmo: 
“Como sobre a face polida de um espelho, se reflete 
tudo que está diante dele e como um vale calmo 
transmite os sons mais doces, assim o estudante de 
karate, deve ter seu espírito livre de egoísmo e das 
coisas materiais, num esforço por reagir a tudo que 
pode parecer adverso a ele”. 
Ainda sob a luz das mudanças, Funakoshi troca o nome dos Kata, com signi-
ficado chinês, para nomes mais adequados ao momento histórico que passa o Japão 
(guerra sino-japonês). O Karate até este momento era praticado apenas através dos Kata e 
por volta de 1933 foram introduzidas às técnicas básicas de treinamento com a ajuda de 
um colega, surgindo assim: 
¾ GOHON KUMITE; 
¾ IPPON KUMITE; 
¾ JYU IPPON KUMITE; 
¾ JYU KUMITE. 
HENSHIN KARATE DOJO HISTÓRICO DO KARATE 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 6 
O filho do Mestre Funakoshi, Yoshitaka, introduziu no Karate as modernas técnicas de 
pernas: 
¾ YOKO GERI; 
¾ MAWASHI GERI; 
¾ FUMIKOMI; 
¾ URA MAWASHI GERI. 
Em 1939, os alunos de Funakoshi dão-lhe de presente o seu próprio Dojo e 
nele havia uma placa pendurada onde se lia “SHOTOKAN” – “SHO” significa pinheiro, 
“TO” significa ondas ou o som que as árvores fazem quando o vento bate nelas e “KAN” 
significa lugar ou escola. Portanto, nasce assim o estilo Shotokan de Karate, que nada 
mais foi do que uma pequena homenagem dos alunos ao seu Mestre. 
Com o passar do tempo Funakoshi também mudou o nome da própria arte de 
Karate Jutsu – Técnicas das Mãos Vazias – para Karate Do – Caminho das Mãos Vazias. 
Esta mudança foi de vital importância para o crescimento do Karate, pois o mesmo dei-
xou de ser visto apenas como um simples método de treinamento e passou a ser um “ca-
minho”, focalizando o lado espiritualizado desta arte marcial. Portanto, o Karate deixa de 
ser uma preparação física, unicamente, e passa a se preocupar com a formação do cidadão 
e da sociedade como um todo também. 
1.5. PRINCIPAIS ESTILOS 
Dentre todos os estilos de karate, os mais praticados na atualidade são: 
¾ SHOTOKAN – Funakoshi (Tóquio, 1922); 
¾ SHITO RYU – Mabuni (Osaka, 1930); 
¾ GOJU RYU – Miyagi (Kyoto, 1936); 
¾ WADO RYU – Otsuka (Tóquio, 1932). 
 
HENSHIN KARATE DOJO O DOJO E A CONDUTA 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 7 
Capítulo 2 – O Dojo e a Conduta do Karateca 
“A ação do ritual na formação do ho-
mem é secreta; ele previne o mal antes 
que ele apareça; ele nos aproxima do 
bem e nos afasta do mal sem que nos 
apercebamos”. 
LI-KI 
2.1. INTRODUÇÃO 
Os rituais em todos os Dojo propõem aos praticantes uma série de atitudes e 
gestos que facilitam as relações entre eles deixando claro o desejo comum de obedecer a 
uma ordem válida para
toda a comunidade e para cada um. A intenção do praticante é 
sempre a de estimular o progresso na arte de todas as pessoas sem perder o desenvolvi-
mento individual. 
A prática de karate está repleta de exercícios marciais, combativos, porém 
com um total espírito de conciliação, buscando a vitória pela harmonia, pela paz, procu-
rando esquecer as atitudes egoístas e pensando sempre no grupo e como sendo parte dele. 
O karateca treina com seu companheiro com todo respeito e consideração, pois o conside-
ra como parte de si mesmo e sem o qual não há treinamento. 
Daí ser fundamental tratar o companheiro com cortesia e agradecimento por 
ele dá a possibilidade de você treinar e de aprender com ele. Ao professor, se deve o res-
peito e o agradecimento pela transmissão dos conhecimentos e pela dedicação e esforço 
em ensinar segredos que foram por muitos séculos restritos a uma minoria privilegiada. 
Respeitar e se fazer respeitar é uma das regras mais importantes durante os treinamentos. 
Conciliar e nunca confrontar é o princípio básico. Esquecer-se da palavra “eu” e substi-
tuí-la pela palavra “nós” é a essência do ensinamento. Outro ponto fundamental é que não 
se treina karate, mas sim, para a vida. 
Portanto, fica claro ao praticante e ao grupo que o fundamental não é vencer, 
não é derrubar, não é ser o mais forte, mas descobrir o potencial individual, o centro das 
ações e se, ele não for o centro, colocar-se em uma de suas órbitas, de acordo com suas 
reais condições. 
HENSHIN KARATE DOJO O DOJO E A CONDUTA 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 8 
2.2. O DOJO 
O lugar onde se pratica Artes Marciais é denominado “Dojo”, esta palavra foi 
emprestada do Zen Budismo, significando “Lugar de Iluminação” (onde os monges pra-
ticavam a meditação, a concentração, a respiração, os exercícios físicos e outros mais). A 
palavra dojo significa literalmente: 
¾ DO – Caminho, estrada ou trilha (sentido espiritual); 
¾ JO1 – Lugar (espaço físico). 
Algumas pessoas referem-se à academia de karate como um dojo, porém as 
duas coisas são diferentes. A palavra dojo somente se refere ao espaço físico onde ocorre 
o treino de karate (leia-se arte marcial japonesa), enquanto academia se refere ao local 
onde se pratica karate. Portanto, o dojo é o lugar onde se pratica o “caminho”. 
Alguns podem perguntar sobre qual o caminho que se pratica em um dojo, a 
resposta vem, mais uma vez, do Budismo (mais precisamente do Zen); O homem deve 
despertar em meio às questões de todos os dias, vivendo intensamente no presente e con-
cedendo atenção integral às coisas do cotidiano, para, desta maneira, retornar à naturali-
dade de sua natureza, conforme ditado Zen: 
“Antes de estudar Zen, as montanhas são montanhas e os 
rios são rios. Enquanto estuda Zen, as montanhas deixam 
de ser montanhas, os rios deixam de ser rios. Uma vez al-
cançada a iluminação, as montanhas voltam a ser monta-
nhas e os rios voltam a ser rios”. 
Isto quer dizer que um pintor alcança a felicidade pintando, um médico reali-
zando cirurgias e um karateca praticando karate. 
2.2.1. A LIMPEZA DO DOJO 
O dojo é limpo através do uso de panos úmidos empurrados sobre o piso pe-
los estudantes, fazendo com que a sujeira seja removida e não esfregada. Isto é importan-
te, pois limpar o chão é um exemplo de humildade (não um castigo) que faz bem para o 
desenvolvimento do indivíduo. 
 
1 JO – Mesmo tendo a mesma pronúncia de bastão (jo), seu ideograma japonês é diferente. 
HENSHIN KARATE DOJO O DOJO E A CONDUTA 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 9 
A limpeza deve ser executada antes do treinamento e será precedida por uma 
boa varrida do piso. Os estudantes limpam o chão, enquanto o professor e alguns alunos 
geralmente não participam da limpeza. 
2.2.2. OS PRINCIPAIS ELEMENTOS 
O dojo tem em cada um de seus cantos um significado diferente: 
¾ SHIMOZA - Local onde ficam os alunos durante os treinamentos; 
¾ SHIMOZEKI - Local onde ficam os alunos que desejam falar com o professor; 
¾ JOZEKI - Local onde fica o aluno mais graduado; 
¾ KAMIZA - Lugar de Honra reservado ao professor e convidados; 
¾ SHOMEN – É a parede da frente do dojo; 
¾ NAFUDA – Quadro na parede do dojo que contém plaquetas com o nome dos 
membros da academia; 
¾ HATA – É a bandeira da academia. 
2.2.3. O CUMPRIMENTO2 
Uma demonstração tradicional de cortesia é o cumprimento, isto tanto é ver-
dade que ele é realizado no início e no final da aula de frente para o Shomen (forma de 
agradecimento àqueles que desenvolveram a arte). Ao cumprimentar, você deverá olhar 
para baixo e não na face do seu oponente – olhar na face de alguém durante um cumpri-
mento é sinal de falta de confiança. O cumprimento pode ser feito de duas maneiras dis-
tintas: 
¾ RITSU REI – cumprimento em pé; 
¾ ZAREI – cumprimento sentado (SEIZA). 
HENSHIN KARATE DOJO O DOJO E A CONDUTA 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 10 
A maneira correta de se cumprimentar é, partindo-se da posição natural (SHI-
ZENTAI), curvar o corpo apenas em 30o e segurá-la por meio segundo e retornar a posição 
ereta (ritsu rei). O cumprimento deve acontecer nas situações a seguir: 
¾ Quando entramos ou saímos do dojo; 
¾ Quando o professor entra ou sai do dojo; 
¾ No início e final de um combate; 
¾ No início e final da aula; 
¾ No início e final de um kata; 
¾ No início e final de um exercício com um companheiro. 
O Zarei é realizado a partir da posição Seiza (o praticante senta-se sobre seus 
calcanhares e quando o fizer deverá abaixar sua perna esquerda e em seguida a direita, 
colocando o dedão do pé esquerdo sobre o do direito, ao levantar-se ocorre à inversão), 
inclinando-se o corpo e as mãos descem suavemente das coxas para o chão, formando um 
triângulo onde a testa tocará. 
2.3. CONDUTA DURANTE AS AULAS 
O treinamento inicia com uma saudação e após este momento, as conversas 
paralelas deixam de existir e toda a atenção é voltada para o professor e os seus ensina-
mentos devem ser executados com a máxima concentração possível para poder alcançar-
se a perfeição dos movimentos. 
Quem ensina durante a aula é o professor. Um praticante, que não seja desig-
nado pelo professor, não pode instruir ou corrigir ninguém; é considerado falta de respei-
to para com o professor corrigir alguém, se ele não for seu parceiro de treinamento. As 
perguntas devem ser dirigidas sempre ao professor ou ao aluno mais graduado que con-
duz o treino, que na ausência do professor, deve receber as mesmas considerações. 
Jamais, na ausência do professor, um karateca deve contestar o aluno mais 
graduado que comanda o treino. Caso ache que a técnica está errada, deve recorrer poste-
riormente ao professor e deixar que ele corrija o aluno mais graduado. 
 
2 CUMPRIMENTO – O cumprimento é feito com a cintura e não com o pescoço. 
HENSHIN KARATE DOJO O DOJO E A CONDUTA 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 11 
É dever do estudante mostrar uma ética apropriada no dojo e ter respeito pelo 
seu professor, isto é feito, geralmente: 
¾ Não argumentando com o professor durante a aula; 
¾ Quando ele corrige sua técnica; 
¾ Quando assinala algum defeito no seu desempenho. 
2.4. OS PERSONAGENS DO DOJO 
2.4.1. SENSEI 
A palavra Sensei (SEN - antes e SEI - vida) significa aquele que ensina e refe-
re-se somente ao instrutor e nunca pelo instrutor, ou seja, o professor
deve ser chamado 
de sensei, mas jamais deverá se referir a ele por sensei. A palavra tem conotação de res-
peito e denota todo o respeito que o aluno tem pelo professor. 
2.4.2. SENPAI 
O Senpai será o aluno mais graduado de faixa preta (YUDANSHA) e que com o 
consentimento do sensei poderá instruir e corrigir os alunos menos graduados (assisten-
te). 
2.4.3. KOHAI 
O aluno menos graduado de uma aula é considerado o Kohai e geralmente é o 
responsável pela limpeza do dojo antes de iniciar a aula. 
2.5. O DOGI 
Para se treinar karate, bem como a maioria das artes marciais, é necessário 
usar um uniforme especial denominado Dogi (criado por Jigoro Kano para os utilizarem 
durante os treinamentos de Judo). O dogi é chamado erroneamente de “quimono3”, GI 
quer dizer vestimenta, portanto, dogi significa a vestimenta para a prática do caminho. 
Ele deve está sempre limpo e, preferencialmente, sem nenhum detalhe especial que o di-
ferencie dos demais, exceto pelo distintivo da academia. O dogi usado para praticar kara-
te é o karate-gi. 
 
3 QUIMONO – Tipo de vestimenta usada pelos japoneses. 
HENSHIN KARATE DOJO O DOJO E A CONDUTA 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 12 
2.6. O OBI 
O Obi é um cinturão ou faixa que serve para manter o dogi fechado, embora o 
seu significado seja bem maior que um mero cinto. Como o karate gi, o obi tem um signi-
ficado simbólico. Esse aspecto simbólico são as cores. Tradicionalmente, quando alguém 
começa a praticar karate, recebe a faixa branca. Após anos de treinamento, a faixa tende a 
escurecer assumindo uma coloração marrom. Se continuar praticando, ela vai se tornando 
preta. A faixa preta significa que a pessoa esteve treinando karate por muitos anos. 
Quando o karateca realmente se dedica ao karate, sua faixa, após a preta, co-
meça a ficar branca novamente, depois de muitos anos. Assim se completa o ciclo (con-
forme ditado Zen, citado anteriormente). A seguir o significado das cores do Obi: 
¾ BRANCO – é a cor da inocência. Indica quem tem a mente e o espírito “vazios”, 
alguém que é leigo nos aspectos espirituais do karate. Também indica 
que esse praticante ainda não conhece bem as técnicas do karate; 
¾ MARROM – é a cor da terra, é a cor da solidificação. A faixa marrom indica 
que o praticante já se tornou competente, que sua mente é fértil e que 
seu espírito está firme. 
¾ PRETO – é a fusão de todas as cores. Ela indica quem passou por todos os de-
safios e dificuldades necessárias para superar os obstáculos encontra-
dos nos primeiros anos de karate. Preto é a cor da noite. Ela mostra 
que o primeiro “dia” que começou com a faixa branca, acabou e que 
agora realmente começa a jornada de um karateca em busca do seu a-
prendizado interior. 
2.7. BASES FILOSÓFICAS 
2.7.1. O DOJO KUN 
O Dojo Kun é a ética do dojo. São cinco lemas (kun) que têm sido passados 
desde os tempos mais remotos até o presente e são atribuídos ao mestre Sakugawa (sécu-
lo XVIII). O propósito do dojo kun é dar justificação ética para os praticantes de karate e 
guiar as crianças para a prática correta do karate. 
HENSHIN KARATE DOJO O DOJO E A CONDUTA 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 13 
¾ Esforçar-se para formação do caráter. 
¾ Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão. 
¾ Criar um intuito de esforço. 
¾ Respeito acima de tudo. 
¾ Conter o espírito de agressão. 
2.7.2. O NIJU KUN 
O Niju Kun é a síntese do pensamento de Funakoshi sobre como deve ser o 
espírito do praticante de karate. São vinte preceitos cujo propósito é dar subsídios à cerca 
da prática cotidiana do karate, servindo também como um guia para o autoconhecimento. 
¾ O karate começa e termina com saudação (rei); 
¾ No karate não existe atitude ofensiva; 
¾ O karate é um assistente da justiça; 
¾ Antes de julgar os demais, procure conhecer a si mesmo; 
¾ O espírito é mais importante do que a técnica 
¾ Evitar o descontrole do equilíbrio mental 
¾ Os infortúnios são causados pela negligência; 
¾ O karate não deve se restringir ao dojo; 
¾ O aprendizado do karate deve ser perseguido durante toda a vida 
¾ O karate dará frutos quando associado à vida cotidiana; 
¾ O karate é como água quente. Se não receber calor constantemente esfria; 
¾ Não alimentar a idéia de vencer, pense em não ser vencido; 
¾ Adaptar sua atitude conforme for o adversário; 
¾ A luta depende do manejo dos pontos fracos (kyo) e fortes (jitsu); 
¾ Imagine que os membros dos adversários são como espadas; 
¾ Para o homem que sai do seu portão, há milhões de adversários; 
¾ No início seus movimentos são artificiais, mas com a evolução tornam-se na-
turais; 
¾ A prática de fundamentos deve ser correta, porém sua aplicação é diferente; 
¾ Não esqueça de aplicar: (1) alta e baixa intensidade de força, (2) expansão e 
contração corporal e (3) técnicas lentas e rápidas; 
¾ Estudar, praticar e aperfeiçoar-se sempre. 
HENSHIN KARATE DOJO A RESPIRAÇÃO 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 14 
Capítulo 3 – A Respiração 
“Aprender é descobrir aquilo que você 
já sabe. Fazer é demonstrar que você o 
sabe”. 
RICHARD BACH 
3.1. INTRODUÇÃO 
Diz a literatura esotérica que, o universo tem um ritmo próprio, forjado em 
ciclos de opostos, yin – yang, sol – lua, homem – mulher, dia – noite, inverno – verão, 
tique – taque (do coração), inspiração – expiração. Os ensinamentos também se referem a 
um tempo mais lento, para alcançar equilíbrio interior. 
Na prática não oculta, não esotérica, podemos confirmar que um atleta bem 
preparado fisicamente tem sua pulsação cardíaca bem abaixo da população normal. En-
quanto se aceita que uma pessoa que não pratique exercícios regularmente tenha 80 bati-
mentos cardíacos por minuto (em repouso), um atleta em repouso, às vezes, não precisa 
ter mais do que 60 para sentir-se bem, satisfazendo-se até com menos. O mesmo aparece 
em relação às necessidades de respiração. O número de incursões (inspiração – expira-
ção) que um atleta necessita, é bem menor do que o de um executivo, por exemplo. 
Quanto melhor preparado estiver, menos precisará aumentar seu ritmo respiratório, além 
do que, disporá de uma reserva para quando uma ação ou adversário exigir. 
O controle respiratório não é importante apenas para a prática de esportes. Ele 
pode fazer parte de todo um conjunto de atitudes que denotem uma maior harmonia pes-
soal. Percebam que, quando estamos irados, totalmente descontrolados, temos uma acele-
ração, tanto da ventilação quanto do ritmo cardíaco, respiramos mais rápido e temos ta-
quicardia; quando tendemos a nos acalmar, estes ritmos também tenderão a se normali-
zar; quando recebemos um susto, o mesmo acontece e tendemos à aceleração. Assim, a 
perda brusca ou continuada de nosso equilíbrio mental e emocional, nos leva a alterar 
nossos ritmos, tendendo para uma repetição cíclica rápida. 
Numerosas práticas orientais têm suas bases estabelecidas sobre o ato de bem 
respirar. Como exemplo, poderíamos citar o Yoga (talvez a mais conhecida entre nós), o 
HENSHIN KARATE DOJO A RESPIRAÇÃO 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 15 
Tai Chi Chuan e o Shikun. Em várias artes marciais como, o Karate e o Aikido, a respira-
ção sob controle é requisito básico, mesmo para um faixa branca. Observando-se o kata 
executado por um perito, se percebe a harmonia entre os movimentos do corpo e a sua 
respiração. 
3.2. PROCESSO DE RESPIRAÇÃO 
A respiração é o mecanismo mediante o qual o nosso corpo apreende do ar o 
oxigênio necessário para realizar as combustões metabólicas no funcionamento
dos di-
versos tecidos, servindo também para eliminar determinados produtos, especialmente gás 
carbônico. 
Do perfeito funcionamento e da correta mecânica deste processo vital depen-
derão o maior ou menor rendimento do indivíduo, que será mais perceptível quanto maior 
forem as necessidades orgânicas a que se submete o organismo. Portanto, quer na prática 
desportiva quer no cotidiano é de capital importância que o indivíduo conheça e realize 
corretamente todas as ações do mecanismo, permitindo-lhe conseguir um máximo rendi-
mento. 
Pode-se diferenciar, dentro do ato da respiração, uma fase inicial na qual se 
introduz ar através das vias superiores até o pulmão (inspiração) e outra de saída do dito 
ar uma vez utilizado (expiração). Esta ação mecânica se complementa com uma dupla 
fase químico-metabólica de intercâmbio gasoso, uma ao nível do alvéolo pulmonar onde 
as hematitas do sangue recebem oxigênio em troca de gás carbônico e a outra nos tecidos, 
que fazem o processo inverso. 
3.3. FORMAS DE RESPIRAÇÃO 
Existem duas maneiras (naturais) de se colocar ar dentro dos pulmões: 
¾ Respiração torácica (barriga para dentro e peito para fora); 
¾ Respiração abdominal (uso do diafragma). 
Observe uma criança pequena dormindo. Veja como sua barriquinha sobe e 
desce, numa calma de fazer inveja. Essa é a respiração diafragmática ou abdominal. Ago-
ra se lembre dessa mesma criança chorando ou assustada. Essa é a respiração torácica. 
HENSHIN KARATE DOJO A RESPIRAÇÃO 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 16 
Quando você enche o peito de ar, encolhendo a barriga, está usando apenas a 
musculatura do tórax. Esse é o tipo de respiração de quem está fazendo um exercício físi-
co intenso ou está sob pressão. Nesse último caso, ocorre uma superficialização dos mo-
vimentos, entrando menos ar, mas com um grande número de inspirações e expirações. O 
resultado é acúmulo de ar viciado, pobre em oxigênio, além de tensão muscular. Já a res-
piração diafragmática ocorre em situações de calma e, muito importante, é capaz de di-
minuir a reação de alarme. O diafragma é o músculo que separa o abdômen do tórax e 
pode ser controlado com um mínimo de atenção. 
3.4. PRATICANDO A RESPIRAÇÃO 
Num local calmo, em casa, passe a provocar a respiração diafragmática, da 
seguinte maneira: deitado, coloque uma mão na barriga, logo acima do umbigo, e a outra 
no peito. Inale muito lentamente, procurando fazer de sua barriga um balão expandindo-
se. A mão da barriga deve subir e a mão do tórax deve se mexer muito pouco. Respire 
com muita calma, de maneira regular e suave, expire muito lentamente, mais ou menos 
na mesma velocidade que inspirou. Deixe sair todo o ar e se possível, fique de um a dois 
segundos parado antes de começar um novo ciclo. 
Se pensamentos começarem a interromper sua concentração, você poderá 
contar o tempo que está passando, como mil, dois mil, três mil, etc. sendo que cada um 
desses números contado mentalmente equivale a aproximadamente um segundo. Outra 
maneira é desenhar também na mente um círculo que se completa a cada ciclo de respira-
ção, imaginando metade na inspiração e metade na expiração. É possível que suas primei-
ras experiências o deixem com alguma tontura. Não force o organismo, este não é um 
desafio e muito menos uma competição, vá devagar e procure se adaptar aos poucos. 
Quando estiver dominando a técnica você conseguirá desencadear a respira-
ção abdominal quando precisar. Passe a empregá-la em situações de tensão. Pode ser no 
meio de uma aula (ninguém vai notar), meio minuto antes de fazer àquela prova impor-
tante, no meio do trânsito (dentro do ônibus). Essa prática é facílima e sem querer você 
não apenas irá melhorar sua concentração, mas também já começa a monitorar as situa-
ções que o deixam mais tenso. 
HENSHIN KARATE DOJO A RESPIRAÇÃO 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 17 
A freqüência e o ritmo da respiração são regulados pela estimulação do centro 
respiratório, aonde chegam mensagens por meio da distensão dos alvéolos pulmonares ou 
sob a resultante do aumento de concentração de gás carbônico no sangue. 
Quanto maior for o trabalho muscular, maior será a produção de gás carbôni-
co e maior o ritmo respiratório. A freqüência respiratória está situada em um adulto, em 
condições de repouso, por volta de 15 ciclos por minuto e variará com a idade (40 no re-
cém-nascido, de 8 a 10 em pessoas treinadas, etc.). 
O ritmo normal recebe o nome de eupneico (se acelerar torna-se taquipneico, 
e se diminuir passa para bradipneico). A quantidade de ar que se mobiliza no interior dos 
pulmões em respiração normal nunca é o total da sua capacidade, dado que sempre ficará 
o chamado "ar residual", daí a necessidade de se procurar esvaziar e preencher os pul-
mões totalmente durante os exercícios respiratórios. 
3.5. RESPIRAÇÃO NA CONCENTRAÇÃO MENTAL 
Tendo como base uma forma treinada de controle voluntário e consciente da 
respiração, é possível conseguir um alto grau de concentração e isolamento mental. O 
que, partindo de um estado de repouso físico, nos possibilita aprender a "ouvir e a ver por 
dentro o nosso próprio corpo" e ao mesmo tempo em que nos familiarizamos com o seu 
funcionamento. 
Em grande medida, as mais avançadas formas de concentração mental aplica-
das ao treinamento desportivo empregam, em fases iniciais, diversas técnicas de respira-
ção abdominal combinada com auto-regulação de outros processos fisiológicos de capaci-
tação mental. Nas artes marciais, tais procedimentos metódicos podem ajudar a conseguir 
um melhor conhecimento da nossa interioridade corporal, ou seja, conseguem-se uma 
disposição maior para maximizar as capacidades mentais de concentração, relaxação, i-
maginação, equilíbrio, e tantos outros. 
Além disso, o adequado controle da respiração proporciona ao indivíduo um 
aumento da capacidade vital, com uma melhor oxigenação celular com menos esforço, 
logo um ritmo cardíaco muito menor com igualdade de esforço, com maior resistência à 
fadiga e um mais rápido e melhor tempo de recuperação. 
HENSHIN KARATE DOJO ENERGIA 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 18 
Capítulo 4 – Energia 
“O que se educa não é uma alma nem 
um corpo... é um homem”. 
MONTAIGNE 
4.1. INTRODUÇÃO 
No oriente fala-se de um tipo de energia que está presente em tudo à nossa 
volta, ela influencia desde o mais simples ser ou coisa até os planetas. Tal força, que é 
relacionada à essência do universo, envolve todas as entidades que nele existem e dá vi-
da, pois ela não fica estagnada em um lugar específico, mas se movimenta e como um rio 
sempre é renovado. Ela possui muitos nomes: 
¾ CH’I – China; 
¾ KI – Japão; 
¾ PRANA – Índia. 
4.2. ENERGIA INTERIOR 
Qualquer um pode entrar numa academia e aprender a dar socos e chutes ou 
pegar uma espada e dar cortes com ela, mas o difícil é a parte mental e espiritual que está 
relacionada com a concentração de energia, porque na verdade o karate trabalha muito 
com a parte interna e se a pessoa não estiver bem espiritualmente não conseguirá realizar 
as técnicas com perfeição. 
Embora o conceito de energia interior seja realmente indefinível como tudo 
que rodeia a doutrina Zen, a existência universal de uma manifestação vital de energia foi 
tema presente em todas as civilizações. E esta imagem talvez seja a que melhor se adapta, 
podendo assim considerá-la sob a forma de "impulso vital universal". 
Ante isto, os cartesianos raciocínios ocidentais, que raramente se conformam 
com não definir, etiquetar
ou comparar qualquer ato ou circunstância, ao confirmar a e-
xistência do fato trataram de analisá-lo, unindo na explicação atuações físicas, psíquicas, 
bioquímicas e inclusive astrais, que conformam uma complexa cadeia, após a qual pre-
HENSHIN KARATE DOJO ENERGIA 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 19 
tende esclarecer essa especial "ânsia de viver", esse "impulso vital" que em circunstâncias 
insólitas ou extremas aparece sem raciocínio científico válido. 
O treinamento marcial tem por base o desenvolvimento interior através do ex-
terior (físico) e após este acontecer, o processo inverso tem início, isto é, o exterior se 
desenvolve e expressa o interior. A expressão verbal da energia interior é conhecida co-
mo Kiai. 
4.2.1. KIAI 
O kiai ou “grito de força” – KI: força e AI: grito – é uma energia que nasce a 
partir do baixo ventre (saika tanden – aproximadamente cinco centímetros abaixo do um-
bigo). Todos têm um grito de força, principalmente os grandes felinos. Geralmente, esses 
animais paralisam suas presas com o seu kiai antes de atacá-las. O kiai pode ser aplicado 
em três momentos: 
¾ No início de uma atividade; 
¾ Durante a realização desta tarefa; 
¾ Final de um trabalho. 
Os gritos de guerra servem para aumentar, acelerar e expor a força de ação do 
homem. Portanto, podem ser aplicados contra incêndios, vendavais e as fortes ondas ma-
rítimas para criar coragem e energia para enfrentá-los. 
Na luta individual, para colocar o adversário em movimento, o grito antecipa 
seus golpes e, em seguida, pode se aplicar chutes e socos. Não é necessário utilizar o gri-
to simultaneamente com seus golpes. No decorrer da luta, ele servirá para incentivar e 
colocar numa situação vantajosa, sendo forte e profundo. 
Tomar precaução ao gritar, pois se o grito for usado fora de ritmo ou de tem-
po ou em ocasiões impróprias poderá surgir como contra-efeito, tornando-se prejudicial. 
No Japão há a prática do Kiai Do – caminho do grito da força – onde o prati-
cante chega a ter medo do próprio grito. 
HENSHIN KARATE DOJO ENERGIA 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 20 
4.3. ENERGIA EXTERIOR 
Enquanto o kiai é a verbalização da energia interior, o Kime é a expressão fí-
sica (corporal) dessa fonte vital que num momento aflora do ser com pausada força irre-
freável ou com extraordinária violência. 
A modo de exemplo comparativo poderíamos utilizar a energia vulcânica que 
se manifesta quer através de manso rio de lava quer de violenta erupção, é em ambos ca-
so incontrolável. 
No exercício das artes marciais e do karate em particular o termo kime, sinô-
nimo dessa erupção violenta, é utilizado para indicar a realização total e plena de uma 
ação efetiva, com a que se trata de conseguir num dado momento uma execução técnica 
na qual a união de concentração e poder transbordam ao adversário. Para isso é necessá-
rio canalizar toda a energia, tanto física como mental, anulando a ação consciente dos 
sentidos e do ambiente habitual, inibindo a afirmação do "eu" interno, e partindo para o 
caminho do "não pensar" libertando a energia vital própria, mas concentrando-a num 
momento dado de acordo com a atuação física. 
4.4. ATITUDE MENTAL 
Entende-se atitude mental como o estado de consciência que apresenta um ser 
inteligente diante de qualquer situação concreta, podendo ser favorável ou contrária ou de 
indiferença. Portanto, o indivíduo adotará ações de resposta direcionais que vão determi-
nar a sua linha de conduta perante os diferentes estímulos. 
No exercício das artes marciais é fundamental, para compreender as diferen-
tes atitudes mentais que ocorrem, realizar uma espécie de divisão prévia das motivações 
que provocam reações adversas e fora do normal em cada indivíduo. Isto posta, o treina-
mento marcial pode ser direcionado para o desenvolvimento de atitudes mentais que be-
neficiem o praticante quando se deparar com situações, cotidianas ou não, que possam 
colocá-lo na defensiva ou sem ação. 
O karate procura lapidar o espírito de seus praticantes através das agruras so-
fridas pelo corpo durante os rigores de seu treinamento. 
HENSHIN KARATE DOJO AS ARMAS NO KARATE 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 21 
Capítulo 5 – As Armas no Karate 
“Quem se apega à vida morre. Quem 
desafia a morte sobrevive”. 
UYESUGI KENSHIN 
5.1. INTRODUÇÃO 
Como dito anteriormente, a proibição do porte de armas na ilha de Okinawa 
possibilitou aos ilhéus o desenvolvimento de sistemas de defesa sem armas (karate) e si-
multaneamente a utilização de ferramentas de trabalho usuais como armas de ocasião 
(kobudo). 
Alguns estilos de karate ainda hoje utilizam tais armas em seus treinamentos 
e outros não usam. O estilo Shotokan (atribuído a Funakoshi Sensei) não faz uso de ar-
mas como parte de seu treinamento. 
Apesar do estilo praticado no Cefet Karate Clube (Henshin Dojo) ser o Sho-
tokan, é de entendimento comum que as armas podem servir de auxiliar no desenvolvi-
mento de habilidades específicas de forma não convencional (noção de espaço e distância 
efetiva do companheiro) e em menor tempo de treinamento e favorecendo a lapidação do 
espírito marcial de seus praticantes mesmo em um meio influenciado fortemente pela 
competição. 
5.2. ARMAS ARTIFICIAIS 
¾ Bo; 
¾ Jo; 
¾ Nunchaku; 
¾ Kama; 
¾ Tonfa; 
¾ Sai. 
HENSHIN KARATE DOJO AS ARMAS NO KARATE 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 22 
5.2.1. BO 
 
Um pedaço de madeira que era carregado sobre os ombros para transportar 
baldes de água. O modelo mais popular mede 1,82 m de comprimento e tem 31,75 mm de 
espessura. Os kata mais comuns com o bo são: 
¾ Shushi No Kon; 
¾ Choun No Kon; 
¾ Sakugawa No Kon; 
¾ Tsuken No Kon; 
¾ Shishi No Kon. 
5.2.2. JO 
 
Bastão tradicional japonês com 1,20 m de comprimento. Pode ser manuseado 
como katana (espada japonesa), haja uma arte japonesa separada chamada jojutsu. O de-
senvolvimento do jo, segundo a lenda, se deve a Muso Gonosuke que enfrentou Miyamo-
to Musashi em combate por duas vezes. 
No primeiro duelo, Gonosuke, que utilizava um bo, perdeu e se refugiou na 
floresta com vergonha pela derrota e de ter sua vida poupada e durante esse período teve 
a visão, durante um sonho, das mudanças que deveria implementar na sua arma. No se-
gundo combate, que foi presenciado pela mãe de Gonosuke, Musashi estava por vencer 
quando a mãe de Gonosuke deu um grito e este desferiu um golpe novo e totalmente ins-
tintivo e então Musashi falou que a luta havia terminado e que Muso vencera. 
HENSHIN KARATE DOJO AS ARMAS NO KARATE 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 23 
5.2.3. NUNCHAKU 
 
Era uma ferramenta usada para bater grãos de arroz. No sistema Matayoshi os 
tipos mais comuns de nunchaku são o octogonal (hakkakukei) e o arredondado (maruga-
ta). Suas hastes de madeira de igual tamanho são conectadas por um pedaço de corda ou 
corrente. 
5.2.4. KAMA 
 
Era usado para cortar o arroz. O kama pode ser empregado para rasgar, cortar 
lateralmente, espetar, perfurar e desviar ataques de outras armas. 
5.2.5. TONFA 
 
Um implemento de madeira que era utilizado para girar o moinho de arroz e 
que teve um importante papel na história dos combates com armas derivadas pelo uso 
efetivo. 
HENSHIN KARATE DOJO AS ARMAS NO KARATE 
CEFET-RN PROF. HENRIQUE 24 
5.2.6. SAI 
 
É uma tonfa com três pontas de metal. É utilizada com duas ou três pontas pa-
ra interceder um ataque do oponente e usando lâminas menores, que

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