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A Ilusão Especular - Introdução à Fotografia

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1* do achadoar In ,
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A pesar de paë e indissociâvel de
pratlcapenle todas as qtividades - , $
proflsslonals ou recreatlvas - da Vi-
da m oderna, s:ndo m erecedora por. '
L tqntg de atlnçag e estudo, a fotogra-
i fI! alnda nao foI totalmenle aqreen-
. 
*; dlda por up segm ento expressllo da
! intelectqalldade, que tem tendencia & ' /
k' a epcqra-la com desdenjosa bene- VA l @ . .,. ,
Iencla com o um a especie de pri. *** 6 'l Vo 
.
a obre da pintura. ' i 'm p , 
,
Subverter esse eqtado de coisas e ! * ;
res atar o vyrdadelro papel da fotq-
,' gra?ia, definlndo, analisando e valorl- n .!
,
. . . ,
I zando a especificidade de sua Iin- . -v- :.
guaqem : o ''-plloto escolhido para es. IM
ta v'faqem ao outro Iado dp e ys elho
*** P!- . -'fotograflco, ao m undo da llus
pecular, foi Arlindq M achado, reall- 7
zador cinem atografico, professor 
. ..
universitârio e ensaista. ' < #
Grand: piloto este Arlindo, seu A !. 
. 
..
,
vôo nâo e rasante nem cego, e pro- f '
fundo e preciso.
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Da Apïesentaçëo de Pedro Vasquez t' . ,
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mento minucioso deste lrahll/lo, o tll/la crltlko com que leu I l .J 1 .'.. ' ..*
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e releu cada /ïnAtz e a Eliçrtmk#o incansâvelpara o fSJlt)go. . - ... '
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Ilarotao Je ()a nzrow e Laymert t7lrclc dos Santos role- ' . :,A-tr7-
. 
. v-a,= . .
rnizarang env alto sfvel alMnnta n do linnites e &JfdJ?. Irene de -' '-
Araujo Machado deu força e encorajamento ar situaçöes
mais diflceis. Devo reconhecimento cfzzda aos meus alunos tJse em toda itleologia os homens e suas relaçxs aparecem
do curso de Jornalismo da PUC-SP pelo dïlltwo proveitoso invertidos como em uma camerq o:ycwrtz, >se fen:meno responde
E ' lmente â Comissâo de Pfvçufçc da a um processo histôrico de vida como a inversâo (los objetos aona sala de aula
. , hna , 'projetar-se sobre a retina responde ao seu processo de vida dire.PUC
-SPPeIO Jurorfe/irztmcefm J pesquisg. tamente flsieo.'' tMarx & Engels ,4 ideologia Jlepztkl
I
I
A PRESENTACA-O
l
I
I
! .1
I I
l
II
11 I
1 -
11 I
' X lesar de parte l'atfi'lltlt'ïl%'cf de praticamente todas lI I 
.
i
as atividades - profisslbna,'s ou recreativas - da vida zzlo- Il I 
derna. sendo merecedora vortanto nrg atençao e estudo. a 1
fotograpa uuwf;u zlfib/of totalmente apreendida Czor um seg.
1 l ro expressivo da intelectualidade
, 
que tem fezzzvncf/z ï?! m en
1: ' encarâ.la com desdenhosa benevolêno'a cozuo uma ewicieI
'
'I de prim a pobre da pt'ntura frrcrugunbve/znenrc garroteada
1 pelo real ou como uma eyrp/cs'c de inocente ?1rl7 incapaz (seI , '$ 
ensarpor conta prnpria, ,,s/z.ç provedora ae bons serwko.ç'j I P
' 
' de fl#tVO f$;rl Outras drcrz.ç #0 G'onhecimento /;&FNJ&O cfAmo1 j z' a fz'IfrtRrfWtlgfc ou J histdria por exemplo
.l '! subvener esse eszado (/e couas e resgatar o veraadeiro
I ' apel da fotografia, tï'c/l'ufz,/o, analisando e valorîzando aP
.1 especvuuade ufc sua unguagem KF m'Lzsao ao zzzyf/rufo Na.
I
.I cional gc Fotosmalb'a da z'csupz's, queg no inlcio do ano'
' 
' assado criava a co/eç:o ''Luz e sepex,o'' para garantirP ïxo para O debate dJJ q NC&/8&N /fJlO#rJ/'C&X. 1
. u > espaio j
X N1 bicion c/ do c expdnsâo desse dJ#lfo, GSSOCiGm 0'
n OJ agora d Brgsill'ense n6J<6 prinleiro PöO /Or4 do N'ffvdrl/Ii
1. l'nstitucional. O plloto escolhido para esta cl'ït#c/n ao outro
ii lado do espelkofotogrnfico, ao mundo da l'CtzxJ'o especular.? 
. .foi Arllndo Machado realizador clnematogrâhco, prefessorI 
. 
'
. u niversitâr'o e e nsalsta
' lntimo Cfmàfrcerdf'r dYt ''M?fWf'F/1' ele Soube J exemplB
' do Personqgem de Orson Welles em A dama de Shangai, es.
a ARuxoo lklacuxoo
' capar uu:' armaailhas 'o ubinhto de espaho. ffcy'oro-vruyo -
'' decnvtâ.lo com brllhantismo, revaando ''i rererzôrfo ,u. B-ECOLOCACOESi''iii' i ' p'nito de crendicespopulares e teorias eruditas'' t/uc condi
. (A GUISA DE INTRODUCAO)1 i '
I
I i cionam a pgtio do fentimcnfp fotogrjyco.
.1 Grande p//oro este Arlindo seu %'Jo nâ'o J rasante nem1: '
'j cego, J profundo e preciso. II .
I . jI 
Pedro VasquezI
. lliretor
! Instituto llacion al gc l7otografia
!.I
I
I ';I '
'
I
I! 
fo.i Levando a sério a anedota tle Blow up, o fotôgra1. protagonista Thomas, num relance de sua trajetôria frené.
'
'
' l tica e vazia vzwswingîngbmdon dos anos 60, descobre por
acaso entre as fotos de um par romântico a im agem (le um
1 eadâver misteriosamente inserido no cenârio idilieo e
i' fevclado Pelas anlpliaçöes fotogrâlicas. () hln:e de soic he-I
I langelo A ntonioni, e m linh as gerais, 5 o relato aessa
' 
b ha esp antosa conzo se u m a re alida de insuspeitad aI deseo e ,'
II pelos olhos n egligentes do protagonista fosse de repente
I resgatada pela c ânaera, no umite d a prôpw a credibilidade
I do fotôgrafo. A. medida que Thomas ia ampliando cada vezI
i mais seus negativos, toda uma dimensào invisivel do
cotidiano se impunha (Ie form a surprcendente, revelando
'
' POC detrâs das formas familîares do mundo ttma outra reali.1
' da de que sô a inte rvenç ào do ap arato fotogrâiico p ôde fazer
'
' 1 aforar
. 
E nluito c uloso c onap arar essa idéia ce ntral dei 
. :? Blow up com o pereurso de um pequeno filme de M arcelo
Tassara denom inado Abeladormecida entrada numa â'fi .
' SoMbrtt, no (1ua.1 uma foto familiar de um casal de favelados 1II
j (jos os seus' 6 Sucessivamente ampliada até perder to!
'i contornos figurativos. xeste fuumo caso, a situaçào anto.1
..1 . ks o olhar se) nioniana é invertida completamente
. quanto ma
aproxina a d a foto e anlplia os seus detihes n a procura
t desesperad a de unza re alidade sufoc ante que se supöe estar
.
1 
* atrâs do verniz asséptico da cen a fanziliar, nl is e m ais a
10 ARLINDO MACHADO A ILUSXO ESPECULAR 1 1
cena se desmaterializa e perde o seu refereneial slmbôlico conheeida eomo o KKespelho do mundo'' s6 que um espelho
. 
! 1 reduzindo-se cada vez mais a ranhuras e manchas desper- dotado de memôria. Certamente a superfîcie prateada e ai j . j .jIi !'1. 
.
. 
sonalizadas, até resultar apenas na granulaçào caracterîs- base Hgida do daguerreôtipo contribuiram para essa ana-
tica da ampliaçào fotogréfka. No filme de Tassara o exame logia. Jâ na aurera de 1839, Jules Janin explicando o que
! penetrante e nainucioso de unla inlagena ap arente me nte era a nova invenç ào conclanlava ao leitor' nim agine u nl
I 1 plena de ilaçöes, pelo menos a nivel das convençöes figu. espelho que pode reter a imagem de todos os objetos que e1e
I l rativas, choea-se cada vez mais com a opaca materialidade reflete e você terâ a idtia mais completa tlo que é o
1 da fotografia e os limites de um eôdigo enganoso na sua daguerreôtipo'' (Apud Owens 1978, p. 75).l transparêneia fantasmâtiea Ora se é verdade que as câmeras ''dialogam''
I
. 
M esmo correndo o risco de uma abreviaçào grosseira eom infermaçöes lum izlosas que derivam do mundo visîvel
I poderiamos dizer que a problemâtica desses dois filmes também é verdade que hâ nelas uma força formadora muito
1
. 
resum e o nûcleo das questx s que este vojume tenta mais que reprodulora. As cân m eras sào aparelhos que cons.
l enfrentar. Toda uma tecnologia produtora de imagem figu- ., troem as suas prôprias configuraçöes simbôlicas, de outraI I
.1 rativa vem sendo desenvolvida e aperfekoada hâ pelo menos forma bem diferenciada dos objetos e seres que povoam o
' cinco séculos, no sentido de possibilitar uma reproduçào mttndo; mais exatamente, elas fabzieam 'ssimulacros'ej '11 automâtica do mundo visivel - xzautomâtica'' quer dizer: figktras autônomas que significam as coisas mais que as
'1 livre das codificaçôes particulares e das estilizaçöes pessoais ' reproduzem. Nos dominios da figuraçào automâtica, o
.1 de cada usuârio. Essa tecnologia goza do prestigio de uma mundo imediato das impressöes luminosas passa a ser
'j objetividade essencial ou ''ontoldgica'', para usar o termo . trabalhado pelo côdigo: isso quer dizer que ao inyés de' com que os seus prôplios apologistas a têm caracterizado exprimir passivamente a presença pura e simples das eoisas
Ela reivindicapara si opoder de duplicaro m undo com a fria as càmeras constroem representaçY s como de resto ocorre
neutralidatle dos seus procedimentos formais sem que o em qualquer sistema simbôlico. Porém com uma diferença
1 operador hu m ano p ossa jogar ai m ais que u nl naero p apel fu ndame ntal, q ue c onsutui o alvo princip al de nossas
ij' adnlinistrativo. Entretante, basta una nzergulh o cHtic o n a investigaç öes: u m a vez que a ina agena processad a tecnie a-
I hist6ha dos scus desdobraoxentos téc nicos p ara que p os. nlente se inn pöe eonlo e ntid ade ''objetiv a'' e ntransp a-
sanaos vehficar nitid amente que a indûsth a da figuraç àe rente'' ela p arece dispe nsar o receptor do esforço daj 'j !'automâtica sô consegue ''reproduzir'' ou d'duplicar'' uma decodifieaçào e do deeiframento fazendo passar porI '
' realidade que 1he é exterior m rque opcra conl concepçöes :'natt?ral'' e 'tuniverpzl'' o que nao passa de um a ctmstnwii/
' de 'imimese'' '' b ti idade'' e ' ' lismo'' e ela prôpria particular e convencional f; exatamente nesse ponto que as
, o je v rea qu .I
cria ou perpetua. Ou para usar a formulaçào mais precisa midias mecânicas e eletrônicas do nosso tempo se tornam oI '
;
' 
'
I' de Pierre Bourdieu'. ''conferindo à fotografia a p-tente do terret)o privilegiado das formaçöes ideolbgicas: o fetiche de
'
. J realismo, a nossa sociedade nào faz mais que se confirmar sua ''objetividade'', no qual se acham mergtzlhadas massas
Ilj ela prôpda, na certqza tautol6gica de que unza ina agenn : blteiras de espeeta dores. é a nlksc ara formi que oculta aII' construida segundo a sua co ncepçào de objetividade é bltenç ào forna a dora que estâ n a b ase de tod a significaç ào.j I I
'! dadeiramente objetiva'' (Bourdieu 1978, p. 113). Por tssa razào, este trabalho, dedicado ao exame do côdigover
I O que nôs chamamos aqui ilusào especular nào ! l que opera no mais influente sistema figurativo de nosso
' senào um conjunto ue arquétipos e convençöes historiea. 1 tempo, é tamblm uma cdtiea dos seus suportes ideolôgicos
! I . Imente formados que permitiram florescer e suportar essa multiplicados num repertôrio infinito de crendices popula-
I I
vontade de colecion ar sinzulacros ou espeDnos do nn u n do k res e teorias eru ditas de naodo q ue se possa esclarecer
paTa lhes atribuir u nl poder revelatôrio A fotografia em porq ue n ào p o denn exisur siste m as significantes neutros
paMicular Qesde os prinaôrdios de sua prâtica tenz sido ne m in ocentes. E ntre a verdade oculta que Blo w up revela e
11
Il
I 12 ARLINDO MACHADO A II.U$XO ESPECULAR 13
?
; 'a m âscara ilusionista que Abeladormecida desvela hâ um a dasses, os sistemas de rtpresentaçào que deveriam expli-
l.. ; jj! I fronteira mal eonhecida e pouco desbravada que corres. dtar os fenômenosjâ estào eles prôprios eontaminados pela
I 
.
. 
po n de justanle nte àquela c onnplexa tra m a de naodv aç öes luta de classes e p or consequência tornam-se sistena as
l que traça o liame entre as fonnas simbôlicas e o mundo. necessariamente ''deformadores'', isto é, dotados de intqn.: ' Um a vez que este trabalho se propöe tratar das bases cionalidade enformados pela estratégia classista atraves-
iaeolôgicas que sup ortam os proceuimentos têc nicos e sa dos pelo crivo da eiasse que os forjo u e que, na m aior
' form ais de una sutem a ge sign os p m icular, b ase ado na p arte uas vezes coincide cona a quela que deténa o poder
E' exploraqào da imagem jigurqtiva, faz-se necessârio antes Pcdtico. Os sistemas simbôlicos que os homeus constroem
d de m ais n ad a esclarecer p ara nosso uso p articular e nl que P ara represe ntar o naun do sào ideol6gicos ex atanàe nte
I1. sentldo se estâ a empregar essa terminologia. Embora aqui porque. lorlge de constitufrem entitulles autônomas traus.
'
.) t,o senio deterrzunadesv enl futima instância,nzo seja lugaradequado para entrar em extensas discussrles parentes, es
*
.1 filosôficas sobre o estatuto de cada um dos conceitos, L peias contradköes (la vida social.
l ' c a é o alieerce tja concepçào marxista11 necessâzo pelo menos reconhecer a complexidade 4as rono mo o, esseIi questöes que vamos levantar. Mas como o verdadeiro ' de ideologia: nem Mar'x, nem Engels c'hegaram a aprofun-
f' embate dessas questas se darâ no prôprio corpo do 1. dar o conceito e, ademaïs, uao exfste uma teoria sistemâtica' traballio no enfrentamento direto do objeto, esta introdu. . das ideologias nos esclitos dos (Iois pensadores alemàes. Na11 ,
'?' çào apen as nos aju darâ a torn ar os c onceitos operativos p arafern âlia de seus desdobranaentos poréna, alguns nonzes
! esclareee n do de antenxào a natureza do terre n o q ue prete n- (conzo os de Lukâcs, Gramsci e Althusser) produzirana u nl
11 dem os explorar e a bztenç ào nzeto dol6gic a que o deverâ imp acto e unza repercussuo t:o esnlagadores, que mesmo os
eonfornzar. pzus detratores p assarana a falar a saa linguagenl e conA-
b atê-los no se u prôplo te=eno. Entregue p ou anto aoj ! ,
arbîtrio dos continuadores da ilerarwa marxista a matéria
pl Reolocando a lnvers:o ideol6/ca se agigantou e a eonfusào se estabeleceu nlerguih an do a
' ' teoria das ideologias numa abslraçào sem salda.
i
' Em primeiro lugar, a mais espilthosa tlas questx s'. O primdro problema diz respeito à. interpretaçào da
i a f'tfeofopkz. Pensando-a em termos motternox, ou seja, c'élebre comparaçao de Marx e Engels que serv.e de epigrafe
;
' a partir da perspqctiva de etasse que Ihe deram Marx e a este trabalho, ou mais precisamente, ao esclarecimento da
Bngels tm .4 ideologia tzfevlf'i a ideologia aparece, numa '; natureza dessa ''inversào'' (le que se fala no citado treeho de
phnAeira aproxinlaç ào m is rasteira, eonao e sistenaa das jl A ideologia a/epvl: ''Se enl toda idoologia os honlens e suas
' representaçöes de que se valenl os b o mens p ara se d ar conta I relaçöes ap arecena inverudos eo nzo ena u nza ca wcru obs-I
1 (las relaçöes materiais (naturais e sociais) em que -e aclzam ! cura, esse fenômeno responde a um processo histôrico de
I I lhados: ''MU hâ também as fermas juHdicas, polî. I vida (...)''. Nessa ''inversào''. os herdeiros da tradkàomergu
) J ticas, z'eligiosasy agtfslicas. glosôfscas, numa palavra, as . marxista leram ''distowào'' e dai, por conta prôpria. ''falsi-
I formas ideolôgicas, nas quais os homens tomam consciência j iicaçào'', ''ocultamento'' das condköes reais de existência.
I ,e 'r nto a concepçào primitiva de Lukâcs, que via na ideolo-j dos conflitos e og conduzem a um fim (Mar.t & Engels a
I 1961, p. 9). Ocorre porém,que essas *'formas ideolôgieas'' gia uma ''falsa consciência'' quante a aeepçâ.o maisj , '
. 
nao sâo meros siste nzas de represe ntac ào easp arentes: sâo spfisticada ae A1th usser, paza q uena a ideeloy a se zefere às
fornzas de exercîcio da luta -de classes'
, 
sofrenz -a pressào ;as ''relaç öes inzagin ârias'' (portanto fictfcias e, de a u ala uer
forças donzin antes e a resjstência dos ophna fdos: nunl a ' nlaneira, n,e ntirosas) que os honaens m anténa e J m -suas
! p alavra, estào suieitas à tensuo d as forc 'as conœa'ditôd as con diqôes de existência, impiiea senapre a reuac zo do
' se uigla dia -na n a arena sociu
. 
N u'nza sociedade ue l conceito de ideologia a unza expressio n, arxist 'a p araque
: 
I
I
14 ARLINDO MACHADO A ILUI>XO ISSPUC IJEAP IS
i ''erro''
. 
M as, se eontinua'rmos a leitura do trecho acima passamos à
. dominaçào abstrata da Ideologia. M as se
, referido veremos que M arx e Engels cotnpletam assim sua concordarm os quc os sistem as de representaçào de que se
ii' comparaçào: ''... como a inversào dos objetos ao projetar-se valem os homens estào vinculades de alguma forma às' 
b tina responde ao seu processo de vida diretamente ' contlkèes materiais que os preduzem entào teremos deso re a re ,
fisico'' (M arx & Engels 1958, p. 26). Ora, ninguém poderâ concluir que hâ' tantas idcologias quantas sào as forças
sustentar que, por inverter as imagens na retina o olho efetivas que se defrontam na vida social. Assim consi-
I i'falsifica'' o mundo visivel. A teoria da Gestalt até pederia derando as ideologias (lato .ser!.çtI), elas nào têm por que
1 demonstrar
, eomo o tem feito, que e olho ''vê'' inclusive aparecer como algo necessariamente pejorativo, de que' I
1I' imagens que nào existem concretamente no mundo fisico e fogem os iluminados como o diabo da eruz. E neste easo aI ' .
'
I. ''i nora'' outras que estào à
. sua frente mas nem por isso se 'idistewào'' ou a ''inversito'' ue elas operam nào ipplicaI g , q )I
.I I ,, ,, ,, ,, (us as circunstâncias
, ulna ''f alsif icaçiko'' ou um! pode concluir que o que o olho vê 1 certo ou errado em to
.1 'iverdadeiro'' ou :Kfalso'' ' e1e apenas tem a sua maneira de :ïoeuhamcnto'' das relaçöes efetivas do mundo mas sim a
i ver e essa L a sua fmica têcnica operativa Assim como nào marca (ou seja, o ponto de vista a perspectiva a estratégialë ' ' '
:' i se pode exigir que o olho seja o que nào é: assim também operativa) da elasse social que as forjou. Endossando
I nào se pode entender o mundo sem invertê-lo () que Malx e Jacques Raneiêre ''é preciso pensar as tdeologias cemo
1!1 Engels querena dizer c ona a nletâfora d a ninversào'' é que os sistenA as de represe ntaç ào de interesses de classe e de
71 sistenl as de representaçào agrupa dos sob o no me geral de exercicio da luta de classes. O fim d as ideologias deix arâ
I :
''' ''ideologias'' nào sâ() sim ples 'xespelhos'' para reîletir o assim de se apresentar como um conceito escatolôgico para
' n4un do de forna a innçdiata: ao representar. ao construir se coloc ar nos nnesnnos ternlos que a extinç ào do Estado
sistemas para operacionalizar o mundo ao articular as ' isto é em hmçlio do fim da luta de classes'' ( Ranci?re 1971
relaçöes em que se acha mergulhado o homem neces- p. 41) .
sad anxente tiinverte'' isto é interfere inte rpreta e altera o N a verd a de se existe unn a diferença ra dic al entre a
I objeio representado porque a aç âo do sujeito é senlpre ideolo gia donxin a nte e isso q ue p o derianaos denolnin ar as
. produtiva e nào po de ser reduzida à atitu de do espectador ideologias libertârias ou revolucien ârias d as classes oprinai.
:. p assivo. se a auvidade representativa -- a atividade ide o- das ela esté no fato da primeira ocultar o seu uarâter de
1 lôgkc a -- é ''inversora'' os cdtérios dessa inversào estào classe faze n do.se p assar por u m a abstrata u niversaliâade
! dados pela estratêgia operativa de cada grupo, ganguç, clà enquanto a segunda explicita esse carâter desnuda o seu
'' 
casta, raça ou, na sociedade de classes, por cada uma das acento ideolôgieo e m anifesta aquilo que 6'. um ponto de
elasses que se enfrentam na arena soeial vista oposto e irreconeiliâvel coln o da classe dom inante. De
As ideologias n ào po dena ser to m a das co m o outra fato p ara que a ide ologia donain ante possa ap arecer c onAoj F
'
coisa que essa selitlariedade dos sistemas de reprcrcntaçào dominante, ou seja, para que ela se imponha como o sistema
i 
. ao grupo social que os forjou numa condkào dada. de representaçào de toda a soeiedade e nào de uma classe
Entretanto como a m aior parte das vezes em que M arx em particular e1a nào potle se mostrar como ideologia,
' 
recorre a esse conceito ele estâ trab alhan do por força do A queles q ue forjanl a ideologia donlîn ante se dizem e se
.' eontexto con: u nl a expressâo p articular da ideolo gia -- a julga nz fora dela'. a inzprensa se dLz ''o bjetiva'' a religiào se11 ' (x , , d . ' 
, .d a classe b urguesa -- gran de p arte dos intérpretes do diz universal o siste m a politico se diz denlocrâtico a
marxismo se deraln a liberdade de tomar o particular pelo institukào jurîdica se diz <:igualitâ' ria'' e a produçào inte.1. 
x x , ,
''I geral de form a que fizeram com que a lunçào t'la ideologia lectual se diz cientifiea . M arx e Engels observaram que a
. da classe dominante designasse a Ideologia, tom ada entào burguesia sempre transform a em leis eternas da natureza ei
' no seu sentido burguês absolutizado e universalizado. ï da razào o que nào sào senào as suas prôprias reiaçöes de
I Assim da drminaçà.o histôrica e concreta de uma ideologia produçà.o e de propriedade'. a essa prâtica universalizante.
I
i
: lô ARLINDO MACHADO A ILgsào ESPECULAR 17
I
I eles deranl o nonae de 'xideiizaç ào da ideologia'' (51 arx & ideologia c o m t'distorç ào'', de lornla que seus prhneiros
I Engels 1958, p. 3311. Por essa razào, quando a burguesia textos levam a vantagem de apresentar essa matriz em sua: . . I11. 11 llr 
atribui à. bandeira da i'objetividade'' da intenrençàe social istalina
. M as aereditar que a teoria ou a ciência. l . pureza cr
dos meiog 'de expressào um carâter democrâtico, que se estejam Iivres da ideologia nào é apenas uma demonstraçào
corktraporia k utitizaçào dirigtda e engugé dos seus adver. (je ingenuîdade
, fadlmerite vontestaGa inclusWe peloç den-' 
orjos polîticos o que e1a quer, na verdade, é impedir que tistas mas representa tamblm um golpe contra o prôprio
seja explicita do nos pr6prios nleios o c arâter de elasse de isnao que jana ais se reco n heceu conlo prod utor demarx r
sua intervençào, de mouo que o seu acento ideolôgico nào j, imento inocente mas como ciência critica e arma1 con ec 
,il seia revelado
, nem seja comprometido o seu efeito univer- revolucionâria de uma classe
.
' 
'
lizante os metos qtve eada grtvpo sodat etege parw exprimir as. sa .i
' De onde vem entào o preconceito de qlze a ideologia L Iaçces em que estâ mergulhado sào, como essas prôpriasrep
. parente prôxilrm da mistificaçào, do engolo e da falsifi- l öes (jerivaçles da lzistôria Jesse grupo
. f: por isso que,R < ,l 
c aç ào das relaç ôes sociais? Que moral é essa que nos ensina ie da de de classes
, a ideologia torn a-se necessaria-na socI '' tar na ideologia'' é algo tào ab o minâvel cona o estar naente una a das expressöes da luta de classes e
, 
eonao tal,I qBe es
' so pec ado? No fundo de ti assediv a brilh a senlpre o uo ue sev reduztda wo du utsmo nlorat tipo ''eede/: n N
'
'; idealismo do projeto teleolôgieo de Lukâcs, onde o prele- erradoe'
, 
Jt
verdadeire/falso'', t*bom/nlau'': ela L contin.Ii 
tariado aparece como o sujeito que realiza o objetivo da encia (ja nossa hist6ria e fora dela é impossivel enten.g
Histôria e, portanto. como o portador autorizado da dermos a nôs mesmos
. 
Per essa razào, a defesa ingênua daI verdade. Por scr, no entender de Lukâcs, a primeira classe Teoria ou da Ciência suponde estarem elas sempre do lado
amadurecida para a hegemonia (Ia sociedade, o proleta- ' (ja revoluçào peta &ua pura e râmptes cientificidade
, apenas
riado perm ite que, pela primeira vez, o eonhecimento de o ralwo erudito de um certe discurso '*marxista''eseon
''genuino'' (absoluto'?) se torne possfvel, enquanto a bttr- i ersitârio que no hmdo nào visa eutra coisa que a puraun v 
,
guesia, barrada na ''pré-histtda'' das formaçDes sociais, sô p) da institukào acadêmica burguesa
. Raneière,I Preservaçi 
pode ter com o sistemas de represerltaçào ''ideolegias'' num livreto superlativamente esclarecedor
, persepziu, a
I neccssariam ente enganosas e mistificadoras. Tal horror à. (j it() (je Althusser as verdadeiras motivaç- s desseprop s 
s
Meologia nào demorou muito a converter-se num namoro i oroso marxismo erudite que perdeu as calças na insur.. r g
! interesseiro para com a Teoria ou o ''saber ciendfico'' de i ào popular de maio de 1968 na França
. Quatldo osI ' O %' 
forma que o aprofundamento da dicotomia lukacsiana tutuntes se punham a questionar a institukào universi-es
conduziu à. contraposkào entre ''Ideologia'' (conhecimento târia o estatuto do sabcr acadêmico, o afunilamento da
I ificado) e t'Cipncia'' (representaçào objetiva). Ouçames irâ
m
' 
ide escolar, Althusser interdnha na questào Parare p
Althusser: d'f; preciso estar fora da ideologia, isto é, no djzer que eles estavam equivocados
, que a universidade era
' conhecimento cientifico, pa.ra poder dizer: estou na ideo- âria para o desenvolvimento de fow as produtivas
,. necess
logia (case excepcional) ou (caso geral): estava na ideo- el dos revoluckonârios deveria ser a imposkào de
. que o pap
logia'' (Althusser 1974, p. 101). Em outro contexto: $'Nà.o é: i ências de rigor e cientifkidade ao ensino (Rancièreex g
I por acaso que um governo burguês reaeionârio ou tecno. 1971 pp
, 19.27). y'icar S'fora'' da ideologia era entào lzmal âri a 'crâtico prefere os semi.saberes e que
, pe o eontr o, artim anha engenhosa para permanecer fora da luta de
causa revolucionâria estâ em tedas as ocasiöes indissolu. j 1 isto é para pactuar em ûltima instância com ac asses rea 
, ,
velmente ligada ao conhecimento, isto é, à. Ciência'' (jominaçào de classe
.(Althusser 1964. p. 94). 2 certo que, em obras posteriores, Incapazes de resolver a quest:o da ideologia nes
Althusser atenuou bastante seus desvarios idealistasa mas s termos marxistas da luta de classes
, 
os ideôlogos' da
jamais rentmeiou à. matliz teôrica que manda identilicar zeologia preferem atacâ.la em termes de estratégia para-
1i1 zutl-ilstlno M ACHADO A Il
-usào ESPECIJI-AR 19
militar. Para que uma classe emergente conquiste a l.. (M an & Engels 1958 p
. 26). Nesse seutido, area ,h
egemonia sociai - raciocinam eles -- da precisa conso. âruologia é menos um contmilio abstrato objetivado num ' . ' '
i 1111$ 1 lidar as formas de exercicio de sua dominaçào de classe
. O o de idéias do quc um certo modo de arranjar
,1 .' Ct'rp
governo e sua mâquina administratiya as leis tas tribunais izar eombinar e fazer funcionar homens, objetos e, , ! orgall
a pelîcia, o exército, as prisêhes sào aparelhos criados para uais no mundo
.s
garantîr essa hegemonia, mas eles funcionam eom base u.a 1! (jatje que esse problema nào passou desperce.ver
pura e simples repressào direta e cemo ïal se tornariam bzo a Althusser: o indivîftvvo que ''est: na ideologh'' 
- diz
ineficazes a longo prazo, se rlào estivessem associados a j 
- manifesta essa circunstância num aparelho ou numae e
outras formas de regulagem social mais sutis. Esse outro âtka; se ele crê em Delts
, vai à. missa reza confessa-sepr , , '' 
aparelho dissimulado que nào tem lekà.o de instrtlmento re os mandamentos e paga dizimos
. Claro que aqui, eump
tle dominaçào e nào se bastia Spvedominantemente) na Althusser estâ falando d() rktual pratkado por alguém que
Niolênei: ffsica seria o aparelho ideol6gîco do Estado, .. tji na ideologia''
, 
m as nào ainda da natureza da. , es
i que funciena pela ''ideelogia'' ao invés de pela repressào: ideojogia
. O grande problema da conceituaçào de Althusser
ta1 é o caso da religiào. da escola, da f amilia, do sistema ( e e1e confunde ideologia com o txaparelho'' onde elaqu
polïtico. do ctàdigo moral, da cultura, etc. f Althusser 1974, dois lermos como se fossem sinônimos
. Ele. ocorre e usa os
pp. 41 .52). M as dentro de tal concepçào, a ideologia se :î to uarjdo percebe a necessidade de urna existência11 est cer q
I reduz à
. expressào da ditadura de uma classe e nesse easo ela material para a ideologia, mas nào consegue resolvê-la nem
tende a se confundir perigesamente com o conceito de t rmtw pra tcos nem etrt terrtzos tedrkos pois oem z , p1 
poaer, pois é: pensada exclusivamente em termos de <. trelho'' nào é a matenalidade de cada ideologia: é apenasap;
dominaçào e saturaçào do todo social por uma classe ' a ue e1a habita conjuntamente com outras eom quema eas q 
,hegemêmica. O minimo que se pode dizer de uma concep. etmvive dialeticamente. Incapaz de resolver o problema da
çao dessas 4 que da é; estaiea e terkde a iguorar a tuta de t rialzade tla kdeologia
, Altùusser pede aos seus acflliîosma e' 
classes: a ideologia L vista como um sistema fechado e aceitem c, postulado sem discussào: <tfl claro que
,quek
mpermeâvel, nào pode ser rompida nem transformada, resentada sob a forma de unla afirmaçào, essa tese llào é. ap
nao mostra contradktks internas, nào se deixa perfurar uemonstrada
. Apenas pedimos que lhe seja concedido em
pela luta ideollbgica , isto ê, Pelo Ctmflito de ideologkas nome do materialismo
, 
um preconceite favorivel. Desen-
antagônicas no interior de cada Z'aparelho''. lvimentos muilo longos seriam necessârios para a suavo
Outya queslRo: se a ideologia L am fato, se e1a tem um (j onstraçào'' (Althusser 1974, p. 841. Ora. mas o que seem
papel a desempenhar tanto na reproduçào das relaçises de d demonstrar estâ exatamente ai'
. 
e que L concre.trata e
' produçâo quanto na sua superaçào, ela preeisa ter uma tamente isso a que denominamos i'ideologia''? Althusser'
. ào material' do centrâ' rio ela seria um fantasma. ina por onde deveria ter começado: se ele nào é capaz:. express , term
' M as o, crïticos da ideologia rlà
.o puderam atê aqui imaginar (le (jescobrir a materialidade de seu objeto de exame
, de
para ela outro medo de existzncia que o puramente ideal'. . (j tira e1e eyitNo a sua mirabolantt Teoria Ga Ideologia?on t,
ideelogias - imaginam eles - sào ''idéias'' ''concepçöes
de mundo'' ''formas de consciência'' 'dsistemas de pensa-
mento'' ''senso comum'' ''relaçles imaginârias'', etc. Em Recolocando a questào do signo
qualquer das hipôteses, a iâeokogia L vksta como expressào
I do mundo das idéias e nào como expressào de relaçöes J/t em fins da dicada de 1920, b' . N. Volochinov, jovern
soeiais eoncretizadas em instituk:es e prâtieas materiais. ista ligado ao chamado ''Cîrculo de Bakhtin''
, 
defen.marx
Todavia, ''a eonsciência nunea pode ser outra coisa que o ' dka em seu volume M
arxismo e Filosolia da Linguagem que
ser conseiezyte e o ser dos hemens L o seu processo de vida litu tje material da ideologia sào os séknos , entidadesa rea
ctl ARuxoo uacuwoo -. Isusxo uspscusw. .?l
elementares que consutuem toaos os sistemas ae repre. deles é rechaçada ou uevolviaa para o mesmo meio . ouue
,..'' sentaçào. constataçzo absoutamente simples e at. mesmo vieramto ar), enquano a outraparte atravessa o outromeio
;2; I I Iik ôbvia se toda a tradkào idealista de nossa cultura nào to vidro). No segunuo caso, como i)â diferença ua densidade
ruvesse teimado em situar a. ideologia no terreno de uma dos meios (ar e vidro) e, portanto permeabilidadesI érka ''conseiência,', quanuo nào cm regiöes aindadiferentes à infiltraçào da luz, oeorrerâ uma alteraçào na'
. . quim1
, 
I jociljade da onda Iuminosa, que farâ com que seI mais nebulosas. M as como defendjam M arx e Engvls, até ve
mesmo a censciêneia mai, ''nura'' ou e esr4rito mais modifique a dirwào tlo feixe. Ao primeiro fenôrneno
! transcendental ''jâ nascem c-ondenados à
. 
-
maltxcào ue (devoluçào dos raios) a fisica clà o nome de reftexo e ao
. 
estarem impregnados de mauzia- que aoui se m anif 'esta sob Segundo (absorçào e desvio 4os raios) repaçao. o espvlt,o
' a forma de casulos tle ar em moviment J de sons em uma nos dft o melhor exemplo de reflexo; quanto à. refraçào
palayra sob a forma de linguagem'' (M arx & Engels 1958 PtMlfêKos Pefcebo-la quando teatamos agarrar peixlnhos ua
' p. 30). Por essa razào - completa volochjaov - se âgua e descobrîmos que isso nào é possfvel, poruue os x ixi-
I I plivarmos a ''consciência-' (Ie seu eonteédo semjôtico (sua nhos nào estào ontle os vemos; a informaçâo l Jminos-a aue
'
' I it i ào signica) desses ''casulos'' de ar (ou de sous' ou deles reeebemos estâ moditicada pelo pereurso çla luz 'em
const u ç ' , (foîs meîos cliferentes. 'roues os materiais dotauos (le super-de luz), nâo restarâ mais que um simples ato fisiolôgico
' desprovzo (Ie qualuuer sentzo
. 
As ideoloeias, no ententler ficie lisa, sejam eles o vidro, o cristal ou a âgua, refletem da
'
' tle voloehinov nà J podem ser encaraua '-s como algo dife. mesma forma os raios luminosos; porém eacu material tem
' renteaessa realidaae material quelhes d..i corpo, ou seja, os uma densualv diferente e portanto determinar, uma
' 
signos criados pelos grupos sociais no curso ru seas refraçuo particular dos mesmos raios.. a ,î.. gua refrata osI
. relaçses. ''Touo fenômeno ugnieo e ideolôgico t, dado de sinais de luz de forma diversa do viuro, por exemplo.
l uma forma m aterial.
. 
como som, como massa fisica, como Resulta dai que o fenômeno (la refraçtïo nos impede de
cor, como movimento corporal, etc. xesse sentîdo a reau. obter uma reproluçâo ''fia', dos sinais luminoses, j..i que
I , j ,.(j forma', ou os ..transfigura'' de acordo eom aI cutle ao signo t. totalmente objetiva e uniuria. o signo b um e e os e
' : fenômeno do muudo exterior
. 
(...) xo entanto. por mais natureza co mqterial cristalino interposto em seu percurso,
paradoxal que îsse possa pareeer, o estudo uas ueologias f! justamente esse caraer ,.transfigurador', (Ios signos que
atô o presente ainda n:o urou uaî todas as conseqaências volochinov tem em mente ao aproprïar-se da expresszo
necessârias'' (volochioov 1930 p. 1s). ôpucarc/rafwo.. valelembrar, além disso, que o termo russo
, d j t (praomitj t, normalmente utilizauo nao signo existe grosso moao para remeter para usa o pe o au or
alguma coisa fora dele mesmo ou seja para ''represenfar'' Conversaçà.o cotidiana com o sentido secundârio (le ''dar
' algo que nào é ele poprio; dai a dqfinkà.o dâssica de uma nova interpretaçào'', ''atribuir um outro significado''.
. 
skno: aquilo que estâ no lugar de alguma coisa. Mas na Eis porque refratar. na acepçà.o de volochinov, significa
acepçào de volochinov essa ''representaçào'' uas coisxs se operar uma rr,od/z/ikcçt'fo nosfenômenos.
dâ dc form a clupla e contradftiria; os signos, ao m esmo M as por que o signo ,nocvirn? sxatamente poaw ue
1 tempo, repetem e repatam a realitlaue visada pela repre- ele nào é uma entidade autônoma, que ''aponta para'', ou
sentaçâo. os verbos reneu'r e repatar. tomados ua ôptica ''representa'' os fenômenos do mundo com inocência sem
signifieam igualmeote modi'ticar (do latim ret'rinvere./ quaisquer mediaçcyes. os signos sào materialiuades viabili.
quebrar) uma onda de 1uz po f meio (u interposkà-o d ; uma 'adas por instrumentos e euunaadas por sujeitos. ssses
superfieie cristalina ou gquida. Quando os raios (le )uz instrumentos. esses sujeitos, juntamente com os sinaisI
atravessana a superficie ue sep araç uo de dois nzeios dife. n'ateriais que etes co nstroe m se interpöe m n a produçào ue
rentes (digamos, por exemplo que eles evoluam do ar para < Si#nos, ilomo elementos de refraçào da realidade elementos
o vidro), fermanuo com rla um ângulo obuquo, uma parte que interpretam, reformulam, trazismutam os sentidos
22 ARLINDO MACHADO A II
-
USXO ESPECLILAR 23
segundo a especifieidade de sua realidade material sua volocllinov a um mesmo e flnico fenonleno
. Porque tem
. histôria e se u lugar na hierarquia social. Por essa razào na a expressào m aterial t porque ê pro duzido no b ojo da11 gj ' 11
iil ' Medvedev (do mesmo cîrculo intelectual a que pertenda efervescência politica real
, o slkno Veol6gico resulla dtl um11
V olochinov) dele n dia que os sentid os de pe n denl b asie a. consenso entre in dividuo: socizmente organiza dos, razào
nae nte de dois fatorer os traç os p artie ulares d o nlaterial ela qu al as su as form as de nn a nifestaç ào dec orrenA d as' P
ideolôgico organizado como material significante e as ondköes dessa organizaçào. Em cada etapa do desenvol-c
formas de intercâmbio social em que eada sentido se realiza imento social determinados ''sinais'' particulares se tor.v 
,(Medvedev 1978 p. 9) . Censeqûentemente o siglzo jâ vem nam valolizados pelo corpo Social que os preenche de
m arcado pela natureza de dasse do grupo qtle o produz'
. entidos explîcitos e implicitos e deles se vale nas trocass
I I numa organizaçào hierarquizada e conflitante a produçào imbdlicas cotidianas
. 
Assim L que e ouro, per exemplo,. , s
I l social de signos condensa necessidades. interesses e estra- mercadoria produzida zlas mesmas condköes que as de-
l tûkias de intenenqào tle eada eslrato social
. mnlq torna-se valorizado num cel'te estâgko do (tesenvotvi-
j! Considerar u m siste nla de signos com o u nl a estrutura m onto enx raz ào da necessida de de unn p adrRo de e qui.
I ! ''''' ''' !'estâvel e independente dos elementos que o produzem 
valência no mercado barguls e passa a ser o signo (moeda)
constitui uma abstraçào cientilica. Por essa razào criti. (jo valor de troca
. Todo signo ideolôgico estl't marcado por
. cando saussure e suas dieotomias abstratas Volochinov zthorizonte social'' (Volochinov) de uma época e de! esse
' 
considera limitado elaborar um modelo lingûistieo que ma classe razào porqae ''nàx7 pode elltrar no dominio da11 u ,
'Ii cubra todos os fatos da lingua, pois esse modelo abstrato ideologia
, 
tomar forma e ai deitar raizes senào aquilo que1
' j oc ulta o lato de que a lingua é pratic ad a por pessoas n o seie ad quiriu una v alor soeial'' (Volocbinov 1930
, p. 2 6). Se' 
I de unA a socie d ade atravessada p or co nflitos e revîravottas
. subtraûuo às tensöes dw luta poetwl, Se posto à nlar%fnl da1 
. de51 algra d o as classes sociais antagô nic as p areç ann se se nir luta de classes o sign o deixa de ser o nneio vivo POr on
: de uma sô e mesma iingua, elas o fazem eonfrontando.se assam as trocas simb6licas da sociedade para degenerarP !
.1 eom fndices de valor eontraditôrios: as camadas superiores em alegoria e tornar
.se objeto tle estudo dos filôlogos.
! tê m o seu pr6prio linguajar, suas regras partic ulares de No entanto se ern deternlinad as circu nstâncias os
. i ,
.1 1 concordância e regência e um vocabulârio que lhes é istemas de signos se fazem passar per entidades autô.s! 
peculiar; jâ as classes sullalternas consideram pedante o rlomas
, 
de carâter perene e universal. isso ocorre porque éi
j sistema de express-s das primeiras e resistem a se fun ào da ideologia dominante tornar monolîtico o seuç
1! submeter à. tentativa de universalizaçào da tilingua'' domi- to A ideologia dominante uào 1 apenas conservadoraaten 
r
nante. Dialetos sotaques jargöes e girias sào marcas de (jecorrência da necessidade de sua perpetuaçào; o seu' ' em
i classe que atestam que também no signo lingïiîstico o izamento nas formas das coisas e dos seres LtàoenraI
antagonismo social se mgnifesta malgrado a burguesia fundo que ela tende a se censenrar mesmo depois de. pro
!
1 erudita tente uniformizar os m ûltiplos falares com o ltrapassada a situaçào qlle 1he dett origem
. Quandou
cabresto da gramâtica normativa. Daf a assertiva de sarthes diz que a lingua é Sifascista'' '' orque o fascismo
, P
Volochinov: K'O que tletermina a refraçào do ser no signo à
,o é impedir de dizer. é obrigar a dizer'' (Barthes 1980,n
ideolôgice é o confronto de interesses sociais contraditôrios 14) e1e estâ se refvrizjdo a essa petrificaçào da estratégiaP 
. .
nos limites de uma mesma comunidade signica eu seja a i te no signo
. 
Embora nào se cotoque de um ponto, , Jom nan
iuta de classes*' (Volochinov 1930, p. 27) . (j ista marxista
, 
Barthes cencebe a lingua come umae v
I O leitor jâ teré percebido que dois dos termos que nos j yslaçào que nos obriga a dizer coisas com as quais l4eme
I propusemos esclarecer na abertura desta introduçào ten. sempre concordariamos se tivéssemos dominie (Io processo.
deram a se encoutrar e a se superpor: l'deologias e sistemas jo nos obriga sempre a eseolher
,0 f r a n c ê s p o r e x e m p ,de signos pareeem se referir, a parxir do enfoque que lhes dft i ino 'ï roîbe
-me de. conceber oentre o masculino e o fem n , p
' 24 ARLINDO Mxclu lao à ILUSXO ESPECULAR 25
.7 Complexo ou o neutro'' estabelece a diàaduza de uma Reo lfeando a imagem figurativa
 , hierarquia social, ao impor o tratamento pelos pronomes tuI iijijjhki'j' (para se referir aos wbordinados) e vous (para se referir aos Até atlui, tratamos predominantemente (jo siguo
superiores) ''o suspense afetivo ou social me é recusado'. Verbal e poderia parecer que isso autorizasse supor que a
(Barthes 1980 p. l3) poderfamos multiplicar os exemplos Palas'ra Seja o signo ideolôgico privilegiado (us modernas
j ' 'sugeridos por Barthes ao infinito. Em russo o verbo CtmdiçDes de protiuçào. Nafla mais inexato. velocitinov tal
I 
cqsar'se é dito de du as form as diferentes' o home m usa COD1O B arfies e gran de p arte dos na o dernos senlio ucistas
jenltsia (derivado de jgnlzesposa) que signifiea ''desno- i1âO Puderam desvencilhar.se inteiramente dos padröes cul-
sar''; a mulher diz vikhocut zamuj tztz = atrâs tje; muit'm ttlrais de sua (poca e caîram também nas mathas da
! i marido) que quer dizer Itvir atrâs do marido'' sub Jrdi- idecogia dominante ao priviiegiar sem muito senso critico
11 nar-se ao homem, Mesmo depois dq superadas, ou pelo o signo verbal como ''fenômen. ideoltvce per exceeneia''
'' 
menos ateuuatlas, a.s relaçrxs sociais que determinaram a tvblochinov 1930, p. 18). Essa concepçào estâ baseada num
submissào da mulher ao homem a lfngua as continua Poceito muito familiar entre os formalistas russes como
Pelw tuando em seu corpo simbtslice; e n&o hâ outra fdrflbêm na Psieanélistl moderna de que a palayra, por ser
I maneira de falar que nào seja a dada pela lusttvia social. Produzida pelos prôprios meios do organismo individual
I 
F
Enâ p oriptês po de.se recordar as metamorsoses sena ân- Senn ntnhunx recurso a unl a ap arelh age nl extracorporalI , ,tit.as que a *ptica dominartte imprtmîu a fermos como fundona como uma espécie de ''tliscurso iuterior'' tor-
'tindfgena'' '' rimitivo'' ''anarquia'' 'ïradical', d'negro'e nantlo-se, per essa razào o meio que pqrpassa todos os
, p , ,il ettl a ponte de ue mesmo pes' ' ' i temas de sigaos e que pode preencher qualquer funçào
,
. ., 
q soas esclarecidas as S 9
1 ' empregam cotiftianamgnte - e sem se darem coata - no idefogica. t'Na verdade, a conseiência s6 pode se desen.
l seutido que lhes foi atribuido por uma estratégia de domi- Olver se for dotada cie um material flexfvel, veiculâvel pelo
. 
naçào. Hâ ainda o vocabulârio vasdssimo das iniûrias e dos COrpO. (...) Esse Papel excepcional de instnzmento da
1 palavröes, no qual se exprimem as mormas dorni-aantes num Ctmseiência faz com que a palavra acompanhe como ingre.
I certo periodo com relaçào a temas socialmente renrimianq diente necessârio toda e qualquer criaçào ideolôgica''
' como o desejo, o sexo
, 
a marginalituue radical. rsfesm-
o
- -
a 
'
x 
(Volochinev 1930, p. 19). Assim, partindo de uma premissa
re:ras de sintaxe aparentemente mais resistentes à
.
s victs-si-
- 
jâ bastante diseutivel a de que o processo de compreensào
tudes da vifja social tendem elas também a petrificar - CV tOflOS es fenômenos ideol6gicos (visuais, auditïvos,
eomo a antropologia contemporânea vem tentando de. Sensoriais etcq) nào poue ocorrer sem o recurso à. linguagem
nnonstrar -- o sistena a d as troc as conlbinaç öes e pare n- Vcvb A1 interioriz ada no ùldividuo Volochinov tira apressa-
tescos que rege o funcionamento da comunidaue como um damente a conclusâo de que toclos os sigcog nâo-verbais
todo. 66A dialética interna do signo - alirma volochiaov banham'se ne diseurso verbal e nào t1m existência autô-
- 
s6 se revela em definitivo nas épocas de crises sociais gh Floma tm relaçào a este.
de rupturas revoludonérias Nas conlu öes habituais d-
a 
M aS CoIn base eln que evidências se ptlde afirmar que
. c
vida social essa cotttradkào oculta em 'cada signo idqo
- 
O disimrso interior é compesto apenas de palavras? Acaso
lôgico nào pode ser descerrada porque na ideologia domi
. 
nà'O interiorizamos também junto com a.s palavras todo
nante >tabelecida o sîgno 6 sempre um pouco reacionârio e LIJD POMPIJXD tv imagens Sons movimentos fornlas geo-
procura con,o que estab ghar o nzo mento prece dente do n'êtdc as, sentinaentos c heiros p uad ares se nsualisnlo? o
lluxo dialético da formaçào wcial e valorizar a verdade de Poblema. * Outro: Ocorre que a palavra é o ftnico skno que
ontem como sendo a verdadc de hoje'' (ywocllinov 19.% Pode 5er exterivrizado por qualquer indivîduo que tenha
p. 27) . ' pulmDts e cordas vocais jâ que a produçà.o dos demais
sistenlas de signos pressupöe a propriedade pdvada dos
I
I
2* ARLINDO M ACHADO 4%. II.U5 40 ESPECL LAR 27
I meios de produçào (as tintas o pineel o instrumento impossivel do problema da analogia 
. A perspectiva çentral e1. music al a c ânaera fotogrâfica os ap arelh os de gravaçâo e 
unilocular in ve nta d a no Ren ascime nto introduziu n os sis.
 1. ' tII toda a demais parafernâlia mecânico/eletrônica da ideolo
- tomtts pkt/rkott odttetltai: a estratlgixa de klm deilo del
gia indugtfializada) e a aquiskào llem sempre demecrâtiea Kxrealidade'' e fe7 trm qtle Os Seus ttrtifices mobilizassçm
' de know'/'t)w para operar instrumentos e cddiges
. Em todos os recursos disponiveis Para Prtlduzir tlm Ctldigt) de
decorrência disso () illdividuo Comtlmj desarmado de mcios reprqsentaçào que stl aproximasge Cada VeZ fllais do 'dl'Qlal''de exteriorizaçào
, tende a ser espectador passivo de visîvel
, 
que fosse o seu analogon mais perfeito e exato. N7k)ideologias alheias cendenado que estâ a viver apenas na se tratava apenas - isso L o mais importante - de bttscarI F
I i sua privacidade interior a articulaçào dos signos nào-ver- ara representar o :'real'' ! no sentido de que todo erecurses p' 
bais. Mas nào estarâ justamente aj nesses intersticios que ualquer sistema de signos busca de algzlma forma se' q
escapam ao verbal, a luta ideolôgica principal? Nào é. por refvrir a algo :xreal'': a estratégia introdtzzida Pela perspec-
essas breehas que a itieologia dominante nos atknge com tiva renascentista visava suprimir - t)u pelo m enos repritnirj maior eficâcia por nào estarmos aparelhados para rebatê. rô ria representaçào na medida em que esse, 
- a p p ,il la e enfrentâ
-la no mesmo nfvel? Nâo estâ ai o grande analogon buscado deveria ter espessura e densidade sufi.I .
I desafio quo os modernos meios audiovisuais de informaçào ieyltes para se fazer passar pelo prôprio 'sreal'' .l c
1 nos colocamo ao fazer proliterar cem uma seduçàe inuis- Na xerftaiemais que
. 
qntzlogftz t3 que a îrtlevgemI 
tivel a bala de açicar da indistlia cultural? fkurath'a buscou esse tempo todo foi uma Itomologiar; 
. 
.j' Os ternios rejleur (otrajat) e refratar ùpre/o mI/), de absoluta, a identid ade perfeita e ntre o signo e o designado.
1 que se vale Voloc hinov, ed dentenaente sô po denn ser De fato, a fotografia. no momento nlesIn o enl que Se.2 
; jo ren as.utiizados enn lingiistica e nos sisten4 as verb ais enn geral teriz. iz a no da guerreô dpo, perpetu ando o nno em a
nunl sentido nAetaf6dco, j â que a lfngu a nào se conaporta centista de c o dificaç ào da inform aç ào visu a1
, desenc ade ou' 
segundo as leis da 6ptica. Mas na fotografia (e por um delirio de aperfekoamentos tecnoùtsgicos destinados a
extensào, rjo cinema e demais meios figurativos modernos) roduzir uma impressào de â'realidade'' cada vez maisPjâ nào estamos mais no terreno da metâfora uma vez que a impositiva'
. do daguerreôtipo passamos ao eal6tipo e à.
eàmera rehete (através do pseudo-espelho que Lt a pclicula) impressào direta no papel branco; da emtllsào ortocromfk.
e refrata (através das objrtivas. que quebram e reorientam o tica (sensfvel apenas às radiaçöes (lo azul e do violeta)
1 sentido da informaçâo iuminosa) o mundo visîvd no sentido assamos tt emtzlsào pancromâtica (sensivel a tode o espec-P
I etimolôgico mais primordial, com ch qualquer corpo crista
. tro visîvel): da pelicllla preto e branca à.s viragens e depois à.i
. liuo. Por isrse, aplicadas a esses mdos
, as kdéia.s dt Volo- representaçào em cores i tricromial; da f oto plana à. erAe'
chinov nâo se resumem num esforço de enquadramento
, reoseopia e ao holograma; da foto lixa ao cinema e, depois.
' mas eneontram o terreno de aplicabilidade mais exato' d inema mude ao cinema stmoro
, do cinema plano ao. o c
' é ai que em flltima instância as suas concepçöes revelam os ipema em três dimensèes, da tela quadrada à. tela aberta. . , c
I seus limites e as suas aberturas m ais radicais
. Essa é a om x:ckrkem aseope'' 
, 
'. Xmptavision'' e em 180 graus. 0
fissura que, dentro do texto de Volochinov
, perfura de cabo trabalho da técnica é impor de forma cresceflte um efeito de' 
a rabo o exeeïsivo verbalismo de sua abordagem
. A atuali- t< lidade'' sobre os sinais é'ptkes imprimir.lhes a marca. Ka 
'dade de SIIAS idêias Precisa Ser buscada hojt Para além dOS de um a homologia Cada Vez m ais absoluta e fetichista com 0
limites estreitos em que e1e Pr6prio a eneerrou bjeto representado
. 
Nesse Sentido a fotografia e setls. o ,
Para allm dOs limites da palavra e de todo substrato desdobram entos teçnolôgieos Parecem Visar uma m ateriali.
Vefba.l , a im agem figurativa Vh'e um dram a que L Sô seu e 
zaç:o da Prolética fiarratiy'a de Adolfo Bioy Casares em La
que tem alimentado a sua existlncia Pelo menos n()s liltimos invencitjn de M orel. ende se fala de uma mâ' quina (lapaz de
CinCO SéCUIOS de histbria do Ocidente: a resoluçâo ïempre produzir imagens humanag tàO absolutamente fiéis à sua
t 
ynz8 ARLINDO MACHADO A Iutisàtl ESPPICULAR
' matriz (capazes, inclusive de se mover falar e gozar dq' i mo sistema de regras de articulaçào fixas e formajs:1 ' ' c6d go co
uma existéncia independente) que os homens se tornam eles âtica a se revelar estbreis na medida em que
,
. 
. . ; t e n d e m n a p r , ,
s
l ' '.1). pr6pçios detme4xssârios e até mesmo irkcömottos
e de fox'm a à
.o transposkbes ingênuas do conceito traâiiional öei 1 I j
nados do cenârio dos vivos'. ou seja, o c liagûistico
. 
Interessa.nos encarar, nos limites destej I que jâ podem ser elim (jdkoI 
tj fj.o prjnci
-
' 
analogon , de tào fiel, acaba resultando aut nomo em b jj
ao o côdigo come personificador da refraçtra a ,
relaçào atl seu modelo. I t
r porque L justamente essa sua prepriedade pri-pa men ,'' 
*<O que significa'' - pergunta Umberto jko - ttdizer &wara do âsreatisrtto'' visa apagar eml Wkdv? 'B ClIW * K1! que o retrato da rainha Isabel 11 da Inglaterra, pintado por (jefinitivo. Se é verdade que os critérios de ''imitaçào'' do1.I j Annigoni, tem as mesmas propriedades da rainha lsabel? O mundo visivel pelos signes figurativos sào decorrência da
I bom senso responde: porque tem a m esm a forma dos olhes
, justôria do grupo social que os pratica e se é verdade qlze
do nariz da boca o mesmo colorido o m esmo tom dos ta o que vê e W o que representa a, , , eada grupo represen
cabelos a mesma estrutura ( . . .) M as o quc quer dizer . 'a i (! certos pressupostos gnosiol6gicos que eonformam, part r e
mesma forma do nariz'? O nariz tem três dimensöes ao (j articular de se impor na sociedade entào o, () s
eu mo O p ,passo que a imagem (lo nariz tem duas. Visto de perto o (jetalhado do c6dtko da fotografia e de seus suce., exame
rnariz tem poros e protuberâncias minlisculas de modo que duneos deverâ revelar - esperamos - a estratégia opera.1 rftde uuo 1
; lisa, m as dosigual, (Iiferontemeate do tkva da burgueska ascendente que o invenAov . lsso :, peloa sua supe
nariz do retrato. Finalmente o nariz tem na sua base dois 
nos cabe demonstrar a partir de agora.I , menos. o queI furos
, 
as narinas, ao passo que o nariz do retrato tem na sua
I base duag manchas negras que n:o perfuram a tela'' (Eco
i 1971
, p. 1* ). Ora, se a imagem (we nos L fornecida
tanto pelg pintura figurativa quanto pela fotografia nào
resiste sequer à. mais elementar comparaçào com o seu
referente a questào ideolôgica bâsica que e1a zms coloca é a
: seguinte: conlo podenz nos p arecer 'ku ais as coisas que
representana signos pictôdcos que n ào têna nenhu m ele-
nlento m aterial enl com u nl conl essas coisas? Todo esforço
de elaboraç ào de u m a ilusào de verosshn Bhança é una
trab iho de censura ideol6/c a que visa, e nl ûltina a instân-
via reprimalr o v6digo que opera no SistenAa sinlbôlieo
ocultar o seu p apel de pro duç ào de sentidos. O que esse
efeito de 'trealid ade'' Zmeja no raesnxo nxonle nto em que
sofistica o seu aparato técnico de representaçào, é esconder
o trabalho de inversào e de mutaçâo operado pelo c6digo
, 
o
que quer dizer; censurar aos olhos do receptor os meca-
nismos ideol6gicos dos quais esse efeito L fnzto e mâscara ao
mesm o tem po.
Tomamos aqui a expressào c6fhko num sentido mais
â#1 e operativo do que o colocado ena c1c ulaç :o pelos
estruturalisnAos de origenn saussurîana: c: digo, para nôs é
o conjunto de todos os precessos de reflextio e refraçâo que
constituem o sistem a simbôlico; as demais concepçöes dc
$
A :I.U!;àO ESPFCULA R 31
' ' OLOGIA AUTOM ATICA projetar num vidro despolido situado em eima c.a eâ.I M ISTICA DA HOM
! I NRCVR.
IIEI ';:$ '
. k. . A histbria da arte nos dâ provas suf icientes de que a1
! j camera obscura foi invoeada em diversas circunstâncias
1 I ara viabilizar ''retratos'' mecanicamente produzîdos.E p
Sabe-se por exemplo que Jan Vermeer utilizou esse apa.
relho p ara eonstruir su as kh'sta Je Lleqet (1658) e slenina'j com uma Xfzuffz ( 1665) pois algumas anomalias da
composkào. impenséveis numa 'treproduçào'' baseada
apenas no olho nu do pintor denunciam a intervençà.o de
u m nle dia dor ôptic o. A coroa de 1uz e. anescente (bloomj
.1 e1u volta dos ap arelhos do b arco no p Hnaciro qu adro e o
desfo que da cabeç a de leào grav ad a n u nA a cadeira no
I
11 segun do sào 1en ônaenos gerados pyla refraç Ro d a.luz n as
.1 lentes eoloe ad as n a abertura da c ânnera e n ào p o deria m
I I
' jamis ter sido inlagin ados pelo artista. D ura nte o barroco e
t . A inve nç ào d a fotogra: a nào pode ser co nfu n did a o roeoc 6 a ca verc o bscura foi tam bé m utilizad a p ara
I co'm a deseoberta das placas sensiveis à
. luz e por isso a data possibilitar vistas panorâmicas das cidades. Observatldo
(Ele 1826 (quando Niepce registra oufaw a imagem na chapa quadros de artistas como Crespi, Guardi, Zuccarelli, Van.
1 
.fotogrâfica pela primeira vez) é; arbitrâria para designar o vitelli e os Canatetto, pode.se concluir que a perspeetivaI t
l nascimento do proeesso
. A fixaçà.o fotoquîmii!a dos sinais . comprimida e os primeiros planos exageradamente abertosI
de iuz é apenas uma das técnicas eonstitutîvas da fotcs que ai se verificam sô poderiam ter sido produzidos por uma
grafia; a câmera fotogrâfica, porém, jâ estava inventada lente de focal aberto (Coke 1964, p. 3).
desde o Renascimento quando proliferou sob a forma de .k. . Do ponto de vista ôptico jâ estava resolvido noi 
aparelhos eonstruiko s sob o princîpio da camera obscura. Renascimento o problem a uafotografia; o que a descobertaI
essa mesm a cam era obscura que representava para M arx a das propriedades fotoquimieas dos sais de prata signifieou
metâfora da ideologia. Tais aparelhos eram caixas negras foi simplesmentc a substitukào da mediaçào humana (0
I inteiramente lacradas que deixavam vazar luz apenas por pineel do artista que fixa a imagem da eân mera escura) pelaj !'
. um pequeno tarilicio. de fornla que os raios Iuminosos t. mediaçào quimiea do daguerreôtipo eu da pelicula gela-
enetravam no seu interior fazendo projetar numa das 1 tinosa. Essa origem pietôliea da fotografia talvez explique,P ;
I paredes o ''reflexo'' invertido dos objetos iluminados. Os ' entretanto porque os primeiros fotôgrafos eram quase
intores re n asce ntistas utilizavanl co m nluita fre quência to dos pintores' a câ nlera era ain da u m naeea nism o ôpticoP '
esses ap arelh os pois eles parecianl favorecer u nx a repro. co nz plica do e s6 re ndia inlage ns nitidas e sig nific ativ as sej '
. 
duçEitl m ais :'fiel'' do mundo visivel: afinal era a prôpria fosse manobrada por um perito em representaçào visual;
''realidade'' externa que se fazia projetar de forma invertida é por isso ainda que a produçrto fotogrftliea primitiva seguiu
I na paredc oposta ao orifieio enquanto o papel do artista . eomodamente as determinaçtses d() gosto pictflrieo reinante.
1 consistia apenas em fixar essa imagem com pincel e tinta. ( . A invençào da fotografia representou portanto o
Alguns modelos mais aperfekoados chegaram mesmo a cruzamento de duas deseobertas distintas no tempo e no
prenunciar os modernes sistemas re/fex fazendo a espaço. De um lado a fotografia se baseia no fenômeno da
I imagem rebater para o alto
. 
através de um espelho colocado camera obscura, tal cemo foi entendido no Renascimento, e
a 45 graus do orifîcio de forma que o ''retlexo'' sc fazia num côdigo de representaçào que completa e cerrige esse
I .,
I
' i
'' 32 ARLINDO MACHADO h ILUSXO ESPECULAR 33
,. lenômeno! a perspectiva artiticialis sistematizada por Leo do sistema ôptico da camera obscura, esse ponte de vistaI '
i 
. .:'i ' Batista Alberti em seu Trattato della pfrl/lm ( 1443) . Dis- menospreza os processos de refraçno que modificam a infor-I '1 I tx ., < , , .
. I semos completa e corrige porque a imagem projetada maçà.o luminosa fixada na pelîcula e se faz cego ao arbitrio
'j I no interior da camera obscura era desfocada e praticamente da eonvençào fotogrâfica. Sem dftvida, o raciocinio mais
I 
' ' 
sem definkào: f altava um prindpio organizador, um côdigo generalizado, o ponto de vista predominante que envolve a
de base que tiarranjasse'' a imagem de modo a tornâ-la fotografia como fenômene semiôtico é o dos 'irealistas''
2 inteligvel (segundo os parâmetros de intellkibilidade predo. (tomamos aqui a expressào 'srealista'' ne sentido qtze lhe
i' inantes na ôpoca)
. Essa funçRo de côdigo de base nào dào os teôricos da fotografia; nà() hl relaçào direta com a
demorou a ser ocupada pela perspectiva artïicialis. Como eseola literâria de mesmo nome surgida na Europa no
. toda perspectivae a arttjicialïà consistia num sistema de séeulo passado) e. nesse sentido, vale a pena seguir a sua
! projeçöes geemétricas destinadas a representar relaçöes evoluçào para trazer à. tona os seus suportes ideol6gicos.l 
idimensionais no plano bidimensional, sô que ela e fazia a .r
.
) A visào t'realista'' coineide, de certo modo, eom ai i tr
i j partir do conceito (euclidiano) de espaço em vigor durante o eoncepçào ingênua e largamente aceita por todos de que a
I I Renascimento. Tratarelpos dessa perspectiva mais adiante. fotografia lornece uma evidência: nào se coloca em dtîvida
II N
o séeulo XVI, aparecem as objetivas inventadas por que ela l'reflete'' alguma coisa que existe ou existiu foraI
' Danieie Barbaro que consistiam num sistema de lentes dela e que nào se confunde com o seu c6digo particular deI '
I côncavas e convexas destinadas a refratar a informaçào operaç&o. Alguns povos dites âtprimitivos'' acreditam que a
I lum inosa qtte deveria penetrar tia camera obsvura
, de modo fotografia lhes rouba o espirito e resistem a ser foto-
a orientft-la no sentido tle produzir automaticamente uma rafados temendo que alguma parte de si mesmos seja# ,
construçào perspectiva Junte-se os aparelhos de produzir fixada no celulôide. Balzac defendia a seu tempo, que
retratos com base no fenômeno da camera obseura, a todêos os corpos fisicos estavam revestidos de um nlîmero
técnica da perspectiva Jrfzhk/al/.ç sistematizada por Alberti infinito de capag f antasmâticas f)u aurftticas, de forma
e as objetivas inventadas per Barbaro e jâ temos solu. tte cada vez que alguém ou algo se deixava fotograf ar umaq
' cionados nos séculos XV e XVI todos os problemas 6pticos de suas camadas espectrais era transferida para a pelf-
. que illtenrêm no processe fotogrâfico. Faltava apenas cula e a figura resultava empobrecida (Nadar 1981 , p. 128).
descobrir um meie de fixar o :<reflexo'' luminoso proje- Esse ponto de vista prolifera também entre nôs, embora de
tado na parede interna da camera obscura A desceberta da uma forma sublim ada quando recusamos a nos desfazer da
! sensibilidade à. luz de alguns compostos de prata, no fotografia de um a pessoa amada ou nes agarramos à
. foto deI
com eço do século X1X veio solucionar esse problema e um pareute morto, guardamo.la com mil cuidados como se
l representou o segundo grande passo decisivo na invençào da fosse uma parte viva que dele restou em nossas màos. Nào
fotografia. temos todos nôs o Xlbum de Familia que compila as
'%'' A ênfase nessa origem ôptica arcaica ér necessâria imagens que nos sào caras, eomo evidências incontestâveis
porque ela inlpöe critérios de interpretaçào bastante distin- de uma realidade que existiu e que permanece existindo na
tos daqueles que proliferam quando se busea na fotografia forma simbôlica da fotografia? Quando a moça i<trafda''I
apenas a sua origem qufmica moderna. Se a fjxaçào da rasga em pedacinhos a fotografia do amante cruel, e1a estâ
informaçào luminosa na pelicula é tomada como principio reproduzindo uma operaçào mâgica muito semelhante à. de
de processo fotogrâfico é de se supor que em toda foto- certos povos ''prim itivos'' que acreditam poder destruir umI '
1 grafia deve interdr uma verdade originâria pois é o prôprio rival violentando a sua im agem representada em benecos.; '
objeto focalizado que ''imprime'' os seus sinais nos gr:os de ,3 às vezes, porém, essa eoncepçào de fotografia como
prata do negativo. Assim ignorando os côdigos pictôricos uma em anaçào direta da coisa fotografada pode assumir
historicanlente fornx ados que estàe im plicitos na concepç ào feiçöes nlenos sublimes'. todos os decu nlentos exigidos de
I
I
1 i .
. I I
! 34 ARLINDO MACHADO A ILtJS
,iO ESPECULA.R 3$
ryt'gs peias institukôes de poder sô sào validados pelas fotos, certos aspectos, sàt: exatamente como os objetos que
I () que signifiea dizer que somos olicialmente identificados ropresentam
. Essa semelilança, perém, deve.se ao fato de
.:.1..,.' pela imagem que a câmera lotogrâfica nos dâ de nôs terem sido produzidas em circunstâncias tais que foram
' 
mesmos. Paradoxo à parte, um inâividuo que nào se f isicamenteforçadas a corresponder ponto por ponto à1 i 
foto comete hoie contrafaçà.o criminosa. A natureza'' (Peirce 1978, p. 159) . Ta1 é também o ponto de .parecer com sua
: tantes nos acontecimentos politicos e depois prendl-los com enas uma imagem (come a pintura L uma imagem)
, um a! ap
' 1 base na âKevidência'' fisionômica fornecida pelos gràos de irlterpretaçào do real; elft é tambêm um traço
, algo dire.' 
' 
prata como aconteceu por exemplo durante a Comuna de tamente gravado pelo real como uma pegada ou uma
Paris (B arthes 1 980a p. 25). N ào se sabe é claro, se os m âsc ara mtyrtu âria
. 
En q ua nto a pintura, mesmo a quela
justkados eoincidem exatamente eom os fotografados mas ue conhece os padröes fetogrâfieos de analogia nào ê nada, q ,
o que importa para a ins&huiçào 6 m enos a vorrvxqo (los atos ais que uma dedarada knierpretaçào um a lologralia que sem 
p
J do que a eleiç àt) de u nl critério de ::verda de'' universal- restringe ao re gistro de u nA a enlanaç ào (0 n d as de 1uz refle-
1 n:e nte aeeito e socialnze nte respeita do. kkté nlesnlo n as tjd as p or obietos) -- u nl vestigio nl aterial de seu objeto e nzI 
. : s! ' 
, 'ativid ades cie ntificas às vezes o reflexo Iotogrâfico ê u nla fornn a q ue nenh u m a pintura p o de reconstituirj ' '
utiliza do de fornla inlpensada co m o critério dg verda de (s o ntag 19 79
, p. 1 54). EnA a mb os os casos, a an alo gia da
co mo p or exe nlple n o uso que faze m dele algllns antro- foto conl o seu referente ê justihc ad a coln b asc n a pura e
pôlogos. erentes de q ue a c ânlera favorece unA a abordage m sjnlples re alid ade quimica do processo fetogrâlieo: sào as
do Këprinnitivo'' nluito na ais inlp arcial e ise nta de precon- p artie ulas de luz refletidas pelo refere nte que v :o im Pres-
i ceitos, jlt que ela nos dâ o povo obsenrado Sicromo e1e sionar a pelicula e determinar It eonfiguraçào final da5 
realmerlte é'', sem interferlncia ou projeçào pessoal do imagem
. Nenhuma referência 2t refraçâb imprimida pelo ,
observador (Collier Jr. , 1973, pp. 4.7). Por toda parte, hé' aparato técnico
, 
nenhum Peso atribuido ii enunciaçtio da
um consenso de que a fotogralia eoincide eom o seu refe. aualogia
. 
Vista dessa 6ptica, a fotografia implica um rito
reute. ji que é uma emanaçào luminosa dele prdprio. Nào uase sagrado
, 
que se corre o risco de prof anar ao interq
sem motivo. essa eonfusào 'sontolôgica'' entre o signo e o or
.lhe expedientes técnkos; e1a é com o o rosto dc CristoP
tlbjeto deskgnado tem criado problemas incontornâvcis para impresso em sangue na toalha de Verônica. A esse respeito,
' 
o direito burguês; a quem perteltce uma feto: ae fotôgrafo lifts André Bazin coloea entre os ancestrais da fotografia oI a 
.
i ou ao sujeito fotografado? Ou para exemplificar em termos santo sudârio de Turim (Bazin 1958, p . 16) . Parodiando
' limdyofes: a foto t!e uma paisagem divulgada por um veî. tlm rançoso peritldieo alemào eitado por W alter Benjamin.I
cu1() de imprensa pertence ao proprietârio da câm era ou ao e o homem foi criado à
. imagem e semelhança de Deus, a
proprietârio das terras? A famosa atriz inadverlidamente im agem humana refletida pela fotografia nào conterâ o
hltografada nua em sua casa de praia tem direito ' a mistério divino que materializa esse laço invisivel? Ajoe.
il3denizaçào legal do fof6grafo que se apoderou de sua lhemo
-nos por via das d'tividas.
imagem ? . .o' 
. A expressào mais Cristalina dessa (loncepçào quase
%' Ao distribuir objetos e processos do nosso mundo em mistica do fenoment) fotogrâfko IIt)S L dada pOr um texto
stla Cêlebre classificaçào dos signes, Peirce coloca a foto- clâssico sobre o assunto: K'Ontologie de l'im age photo-
grafia na categoria dos indices ou seja entre aquvles signos raphique'' 
. 
escrito por Andrû Bazin nos anos 50 e que, , g
que se referem ao objeto Por conex:o fisica por serem ainda hoje faz escola. Para Bazin a origem mais remota da
realmente afetados por ele, eomo um a impressào digital
. fotografia estâ na técnica do embalsamento dos egipeios. ou
.'As fotografias'' - diz Peirce - ::especialm ente as do thpo mais exatamente naquilo a que ele cham a o ''complexe'' da
'instantâneo' sào muito iustrutivas ptàis sabemos que
, seb mflm ia
. 
':A religiào egîpcia, dirigida inteiramente flontra a '
36 ARI-JNIE?O MACHADO A Tlalszio ESBECIJLAR 37
morte, Iazia depender a sobrevivência da perenidade t mpo e no espaço'' (p
. 16). O operador da câmera entra. I e
 .'.. '! I material do corpo. Isso permitia satisfazer uma necessidade sse jogo S:apenas'' para fazer a escelha do quatlro e dar a. . ne( ii 1'( fundamental da psicologia humana: a defesa contra o orientaçào da tomada (veremos mais à frente o peso realh tempo
. A morte nào L senâo uma vitôria do tempo
. Fixar tjos'se xtapenas'') . :ïpela primeira y'ez, entre o objeto inicial eI
! artificialmente as aparências earnais do ser L arraucé.lo tlo sua representaçrto nada se interpöe a nào ser outro objeto.! a
1 rio da duraçào; dispô-lo para a vida'' (Bazin 1958, p. 11). pela primeira vez
, 
um a imagem do mundo exterior se formaI I
Com o avanço da eivilizaçào as artes plftsticas teriam tomaticamente sem a intervençào eritica do homem ,j , aucamuflado as suas funçöe6 mâgicas' ao invés de se fazer urjdo um determinismo rigoroso
. ( . . .) Totltu as artes. seg
' 
embalsamar para driblar a efemeridade do corpo, as estuo fundadas sobre a presença do homem; sô na ioto-'
. Eja age sobre nôspessoas passaram a se fazer retratar. M as a técnica do afia contamos com a sua aklsência
.'j llfj retrato nào faz senào sublimar com um revestimeoto lôgico nquanto fenômeno natural
, 
como um a flor ou um cristale
'; ' 
esse desejo de exoreizar u tempo e de salvar o ser de uma cuja beleza é: inseparâvel de suas origens vegdais tm telû-Ii 
; segunda morte espiritual. $'Nà.o se trata mais da sobrevi- rieas'' (p
. 15). Conhecesse Bazin, entretanto, e verdadeiro
vlncia do homem mas mais genericamente da criaçào de significado da construçàe perspectiva que estâ embatida naI '
um universo ideal à. imagem do real e dotado de um destino câmera e ele teria o desprazer de verifiear que nada é: mais1 I l 
autônomo'' (p. 12) . sgsjett'vo de que as objetivas fotogrâficas, porque o seuI tempora
' kx M as na busea do seu duplo ideal e perfeito
, o homem apel é personificar o olbo do sujdto da representaçào. M asI Pj se defrontava com uma limitaçào: a de sua pr*pria mos por partes
.vaI 
mediaçào. Um acontecimento decisivo no séctTlo XV . <&A fotografia tem qualquer coisa a ver com a
I en tretanto
, pernlitiu d ar o prinxeiro p asso e nl direç ào a uraa ressurreîç:ky'' pois eta perhltte nlaterùkliEar essa coisa
innitaç ào autom â<c a do $ln1u n do exterior'' liberando-a terHvel que é o retorno do nloMo -- assinn fala o nlais
inclusive da m ediaçào hum ana: a invençào da perspectiva 'brilhante e ardoroso pensador da fotografia conw tbre.
' artificialis, que para Bazin é um sistema eientifico ebjetivo gexo'' : Roland Barthes (19Ka, pp. 129s). Redama Barthes
(p. 12). Essa invençRo teria desencadeado uma série de (ja limitaçào das abordggens sociolôgicas
, sem ioiôgicas t)
aperfekoamentos técnieos que iriam resultar finalmente na sicanalîticas
, 
pois quaiquer aproxim açào cientîfica se verâP
<ssatisfaçào completa de nosso apetite de ilusào por uma eonstrangida a encarar o e6digo, ao invés do reierente da
reproduçào mecânica da qual o homem estâ excluido'' fotografia: conseqûentemente
, tifaee a certas fotos eu meI (p. 14): a fotografia. A grande novidade da fotografia em torno selvagem
, sem cultura'' (Barthes 1980a, 1A. 20) . Para
relaç'o à pintura residiu, portanto, nessa objetividade que Barthes
, 
falar do d'significante'' ou do côdigo da fotografia
, Bazjn nào hesita em chamar de iâontelôgica''
. Nào por rjlo L evidentemente uma taref a impossfvel,mas 6 um' 
acaso. as lentes que vào constituir o olho fotegrâfico, osforço secundârio de reflexào
. 
A fotografia tem qualquer
substituindo o olho humano do artista chamam-se justa- oisa de tamol6gico
, e1a nàe se distingue jamais de seu, c
mente objetivas porque dâo veracidade à.s imagens fixadas ferente
. ''Pode.se dizer que a fotografia traz sempre, re
na peljcula e as submetem a uma txtransferlncia Je reali- onsigo o seu referente
, 
todos os dois surpreendidos pelac
!
. dade da coisa para a sua reproduçào'' (p 16) ''Essa gênese esma imobilidade amorosa ou ffmebre, no seio de umI atïtomâtica desmantelou radicalmente a psicologia da mundo em movimente; eles sào colados um ao outro
,
imagem. A objetivkdade da fotografia lhe confere um poder membro por membro
, 
como o condenado aconxntado a um. 
,, j s ode credibilidade ausente de loda obra pietôrica. Sejam adiver em certos suplîcios (P. 17) . Todavia, e1e se v gc
quais forem as objeçöes de nosso espirite critico nôs somos ntingência de esclarecer em que sentido o referente da
' na co
' 
obrigados a acreditar na existência do objeto representado, fotografia difere daquele de outros sistemas de repre-
efetivamente re-presentado, isto L tornado presente no entaçào
. 
O referente fotogrâfico para Barthes nào L apenas, s
I
' 38 rsiko ylsescl 4 AR 3: 'Alku xno Macuaotl .4 rI.(- , . .
'jl a eoisa facuuativamente real que foi coloeada diante da Outra imagem plana; sô que ai nào teriamos propriamente
I objetiva e sem a qual nào haveria fotografia. o pintor pode tlma ftno. mas a simples duplicaçào de uma imagem jfti I I . representar um a paisagem apena: de lem lvartça eu mesm o anteriorm ente composta e enunviada: esse é o principio da
simular uma paiïagem im aginâria; o escritor tra' balha com Copiadora eletrostfttica. Nos anos 20, M oholy-Nagy e Man
' signos que apenas remotamente apontam para um refe- Ray insrentaram técuicas de fotografia sem câmera, a que
rente concreto; mas dianle de uma fvfa nlricmlm nrarlo xno.x-.. denominaram respectivamente ''fotograma'' e E:rayo-
' 
i. - -- '- --''0 - * 'n F U uyW r*<b G' ,,
.
: que a eoisa esteve lâ'': a presenv a do obieto foto ornfn dfa Vfanla , e que C On%istianl enx eoloc ar objetos diretanzente
/! . ' ' U - <' ' -' - '' x''' . < ,,I I nu nca é naetafdriea $E u nn a vez que essa c oaç ào n ào existe Sobre a peiieula se nsfvel p aT a inAprinzi-los ai através de
I 
'
' 1
. 
senào para ela (a relerência) n6s devemos tomâ.la por làma YZ IXAVCI. O resultado final entretanto nada tem de
l reduçào, como a prôpria essêneia o noema da fotografia. O Z'fotogrifico'' no sentido xsrealista'' do termo: sào paisagens
i que eu intenciono numa foto (. . .) nào é nem a Arte nem a inteiramente abstratas de afinidade com as vanguardas
I t. 
F
I Comunicaçtko, é a Relerência ordem fundadora da ld'oto- afitluFatiîras da época.
1. *1 grafia'' (p. 1 20). lzara ilustrar, Barthes cita uma foto l 2; 'Y' lNt;t'l quer dizer que das emanaçöes luminosas do
I antiga tirada num mercado de escravos onde se via o î'eferente sô podem resultar imagens fotogrâlieas apôs elas
senhor rodeado de seus escravos de tanga; o que o impres. terem sido transformadas pelo dispositivo ôptico da cà.
j xitmal'a nessa imagem era o fato de tratar.se de uma foto e mel'a' Claro que a construçâo de uma imagem na slzperficieLlào de uma gravura o que quer dizer que aquilo tude havia (11: Pdizula depende sempre de um rderente que posa
ocorrido de fato: $$ nzo é una a questào de ex atid ào nlas diante d a e ânaera poîs o a p arato foto grâfieo nào p o de gerar
' de realidade: o historiador nào era mais o mediadlr, a Llma inlagem a partir dos seus prôprios meios. Mas nào se
eseravidào era dada sem mcdiaczn o fafo era estabelecidp Pode dai tirar a eonclusào de que a imagem fotogrâ-
sem método'' (p. 125) fiea seja apenas a fixaçào d() seu <xreflexo'' e por conse-
l A visào lotogrâfica baseada no culto do tïreflexo'' flftêllcia., O Correspondente mais exato e fiel do modelo que o
pode apareeer tanto como a crença ingênua (lo ï'homem élerou. Ao penetrar na câmera a informaçà.o lumixosa é:
com um ''
, 
quanto sob a forma de um raciodnio mirabo. Codifictlda e Ne deixa reestruturar para uonformar-se à.
lante pleno de acrobacias teôricas Em qualquer das COIRYQFICà.O de um sistema pictérico. Barthes sentencia: sem
bip ôteses o observador se faz ceg o ao nleea nîsnzo ôptico refere n1e n à0 h â fotografia' m as n ôs p o deH anzos co m-
que estâ inform an do a im age m e se deix a fascin ar pela Pletar; sô œo m o reierente nn uito me n os. Se n ào existir a
mistic a das ena an aç öes lu nlin osas q ue se hx ariann auto- C ânlefa escura, a le ntc eo m seu p o der org aniz ador dos
nlaticalne nte na pelfcula p or forç a de algu nz poder ln âgico Daios IN Niin ùsos u?n diafragn:a rigoresa m ente a berto crmc
inerente ao aparelho. Mas o fenômeno fotogrâfico nào tq tào t'nantla tt anâlise da 1uz operada pelo fetômetro um obtu-
i simples assim se me exponho ao aparelho de raios infra. rador COm Yeloeidade compativel com a abertura do
vermelhos, eorro o risco de ver os sinais em anados pelo diafragm a e a sensibilidade da pelicula, se nào houver ainda
! <: Jerenfe'' Jmpresxo: em m iaha pae sob a fgrma de Wnla. fonte de 1uz natural ou artificial modeiando e referentere
' queitnadura. A planta registra os raios luminosos que C blm Operador re:endo tudo isso também niko haverft
incideln so bre ela sob a forma de fotossintese a pele sob a foto grafia, nluito e m bora o c an did ato a refere nte p ossa
fornA a de bro nze anac nto: e u) qualquer circunslância tenaos estar disponivel. A ênfase n o refere nte a concepç ào de
reaçoes fotoquimicas ntuito semelhantes .'à sensibilizafiio fotografia como reflexo bruto da i'realidade'' sô se pode
! dos sais de prata na pegeula e que
. 
no entanto, na() justificar como postura estratégiea. isto é, ideolôgica. Resta
resulta m ena eh ap as fotogrâfic as A pelicula sô p o deria Saber qtte ideologia é essa
registrar p or si sô ulua inform aç ào lu min osa coere nte q /'' Q ke re alidade -- pergu nta Brec ht -- nos nnostra um a
inteligivel, vale dizer tbtogrâyca por contato direto cona fot? d aS indûstrias Krupp ? Talvez eia nos possa falar d a
!l 40 ARLINDO MACHADO A Iuklsiio PSPECULAR 41
disposkào das mâquinas, do modelo de macacào usado . '-' os dois anti-lwrôis do Les carabinl'ers de Godard -
pelos operârios da sueessào de etapas na linha de monta. Miehelangelo e Ulisses - apôs engajarem-se ne Exército
. 
i !'
.21$ genl das colldiçöes de ilu nlinaç ào enl urna p alavra: qu ase Re al eona a pronzessa de ric as pilh age ns. retorn anz fin al-1 
. nada (Benjamin 1977, p. 38-9. A simples réplica do mundo mente à.s suas humildes cabanas, trazendo numa mala o! l visivel
, exposta tal e qual, sem qualquer mediaçào. nào nos resultado de sua conquista do mundo: milhares e milharesl (l: qualquer informaçào importante sobre a realidade. (je cartöes postais
, 
com fotos coloridas de todos os tesouros
onde ficam nessa foto as relaqwes sociais de produçâo, do planeta sejam eles classkficados na categoria Cidades
a exploraçào de mais-valia e tude isso que forja a realidade principais ou Monumentos, Maravilllas da Natureza
propriamente dita do ambiente industrial? Os 'irealistas'' Aviaçào Rulnas Histôricas
. Obras de Arte. . . Perque a
sempre pressupöem tacitamente qlze a coisa m ais evidente fotografia aparece
, 
aos olhos ingênues como uma fixaçào
jl a mais notôria aquela que menos exige o exame de geu i6 l,' do referente a posse de uma antologia de imagens. rea ,!' 
sentido, é justamente a f'realidade''; mas de que realidade parece redundar num dominio sobre a coisa fotograf ada. fs1 
.j falam eles? N a verd ade, eles end ossanl o e quivoc o inlposto assina que a foto grafia ap arece sob a ideologia donlin ante:
pela ideologia do min ante, ao considerar u m a cerla repre.

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