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MÓDULO 2 1. PROCESSO EPIDÊMICO: ENDEMIA, EPIDEMIA, SURTO EPIDÊMICO E PANDEMIA. 2. DIAGNÓSTICO DE SAÚDE - PRINCIPAIS INDICADORES DE MORBIDADE. 3. DIAGNÓSTICO DE SAÚDE - PRINCIPAIS INDICADORES DE MORTALIDADE. _____________________________________________________________________________ 1. PROCESSO EPIDÊMICO: ENDEMIA, EPIDEMIA, SURTO EPIDÊMICO E PANDEMIA. Caracteriza-se por uma determinada doença, que pode afetar ou vir a afetar uma população e que pode estar presente: Em nível endêmico; Em nível epidêmico; Em casos esporádicos; ou Inexistente. A presença dessas situações depende da confluência e conjunção dos fatores relacionados à estrutura epidemiológica. Por outro lado, um elevado número de casos de uma doença, em um determinado lugar, não indica a existência de uma epidemia, entretanto, um único caso autóctone poderá ser tido como epidêmico. ENDEMIA: “Dá-se a denominação de endemia à ocorrência coletiva de uma determinada doença que, no decorrer de um largo período histórico, acometendo sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantém sua incidência constante, permitidas as flutuações de valores, tais como as variações sazonais”. (Rouquayrol, 2003). Trata-se de doenças localizadas num determinado espaço geográfico, em tempo ilimitado, sempre presente e com níveis de incidência que estejam sistematicamente dentro dos limites da faixa endêmica, numa determinada população e época. Para uma definição da presença de uma determinada doença, em nível endêmico, é preciso atentar para vários critérios, que ajudarão em sua compreensão, tais como: Freqüência Média: A incidência mensal média a média aritmética das incidências brutas ou trabalhadas em um determinado mês do ano e no referido mês em anos anteriores. Desvio-padrão: Para cada período mensal do ano, haverá além de uma média de valores, um desvio-padrão característico do conjunto. Intervalo de freqüência esperado: É delimitado por um valor máximo e um valor mínimo, dentro do qual se apresente as freqüências observadas e as que venham a ser observadas, com 95% de probabilidade. Incidência Normal: refere-se àquela incidência igual a que foi registrada num determinado período de tempo igual a do mesmo período de anos anteriores, respeitando-se as flutuações de medidas nos seus limites superiores e inferiores de normalidade, portanto dentro de uma faixa de incidência normal esperada. Faixa Endêmica: refere-se aos limites superiores e inferiores, nos quais a medidas de incidência podem variar, desde que não haja alteração sistêmica relativa epidemiológica. Fonte: Gesp.http://www.google.com.br/url Nível de Incidência: incidência real observada da doença Nível Endêmico de Incidência: incidência cujos valores estão abaixo do limite superior da faixa endêmica. Diagrama de Controle: gráfico que acompanha a evolução da doença no tempo e que permite a detecção de alterações na variação habitual de uma doença, sendo que no eixo y tem-se a incidência da doença e no eixo x o intervalo de tempo (dia, semana, mês, ano). Fonte:https://www.google.com.br/?gfe_rd=cr&ei=tmNWU9K8OOaU8Qf7uYHIBQ#q=diagrama+de+control e+epidemiologia Endemicidade: refere-se à intensidade da endemia da uma doença em lugar e tempo considerados EPIDEMIA: Elevação progressivamente crescente e brusca, espacial e cronologicamente delimitada e significantemente acima do esperado para a incidência de uma determinada doença, portanto com valores acima do limiar epidêmico preestabelecido, que se refere ao início de uma ocorrência que poderá ser epidêmica, sendo que o nível epidêmico pode Sr alcançado pela importação e incorporação de casos alóctones a uma população suscetível; por ingresso de casos alóctones em áreas favoráveis a propagação da doença; contato acidental com agentes causadores da doença; e modificações ocorridas na estrutura epidemiológica. Diferentemente da endemia que tem sua ocorrência dentro de limites esperados e que é temporalmente ilimitada, a epidemia tem começo e fim, sendo que o fim pdoe ocorrer em horas, dias, anos ou décadas. Exemplos: dengue, febre tifóide e AIDS. A compreensão de alguns conceitos torna-se necessária, tais como: 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Diagrama de Controle Meningite, SP, 1960-69 Limite Superior Valor Central Limite Inferior Curva Epidêmica: representação gráfica geral de uma situação epidêmica. Nesta curva genérica existem alguns aspectos que merecem ser destacados, são eles: Incremento Inicial de Casos: passagem de uma situação endêmica para uma situação epidêmica Egressão: inicia-se com os primeiros casos e termina quando a incidência for nula ou quando se estabiliza num patamar de endemicidade.. Progressão: crescimento progressivo d a incidência caracterizado no início do processo e termina quando atinge seu ponto máximo (clímax). Regressão: última fase de aumento da incidência, após o qual tende a voltar para os valores iniciais da incidência; estabilizar-se em valores endêmico; ou regredir até a incidência nula ou erradicação da doença. Fonte: Gesp.http://www.google.com.br/url Epidemia Explosiva ou maciça: rápida progressão da doença até a incidência máxima, em curto período de tempo. Ex.: ingestão de alimento contaminado. Epidemia Lenta: velocidade de progressão lenta até atingir a incidência máxima em doenças cujos agentes têm baixa resistência ou cuja população é resistente, ou ainda, quando os fatores de transmissão estiverem com distribuição difusa no meio. Ex. AIDS Epidemia Progressiva ou Propagada, de contato ou de contágio: cujo mecanismo de transmissão seja de hospedeiro a hospedeiro até o esgotamento dos mesmos ou diminuição abaixo do nível crítico, sendo sua progressão lenta. Ex. de pessoa a pessoa por via respiratória, anal, oral, genital, ou por vetores, como a epidemia de AIDS. Epidemia por Fonte Comum: nesta, não há mecanismo de transmissão de hospedeiro a hospedeiro, ou de pessoa a pessoa. Os agentes são veiculados pela água, alimento, ar ou por inoculação, por meio de contato direto com o veiculo que dissemina a doença. Epidemia por Fonte Persistente: a fonte tem existência dilatada e exposição da população prolongada. Ex. contaminação por exposição à água contaminada por esgoto. SURTO EPIDÊMICO: Ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente delimitado: colégio, quartel, edifício, bairro, etc. Todos os casos estão relacionados entre si. PANDEMIA: Ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga distribuição espacial, atingindo várias nações, podendo passar de um continente a outro. DEFINIÇÃO DE CASO Caso: Pessoa ou animal infectado Caso alóctone: Importado de outra localidade. Doente, atualmente presente na área sob consideração, que tenha adquirido a sua doença em outra região. Caso autóctone: Oriundo do mesmo local onde ocorreu a doença. EXERCÍCIO: A AIDS é uma doença presente em todos os continentes e em progressão lenta. Tecnicamente esta doença é: a) Uma endemia b) Um surto epidêmico c) Uma pandemia d) Uma epidemia explosiva e) Uma seqüência de múltiplos casos alóctones Resposta c) Uma pandemia Uma vez definido o processo epidêmico, vamos aos diagnósticos de saúde com seus indicadores de morbidade e de mortalidade. 2. DIAGNÓSTICO DE SAÚDE - PRINCIPAIS INDICADORES DE MORBIDADE. Os dados de saúde após coletados precisam passar portratamento estatístico e transformados em indicadores, para poderem ser comparados com dados de diferentes locais ou tempo, visando a análise da situação de saúde, bem como a avaliação de mudanças ocorridas ao longo do tempo. (VAUGHAN e MORROW, 1992). Os indicadores de saúde são uteis ao apresentarem relevância e viabilidade, além de demonstrarem com fidedignidade e praticidade dados da saúde individual e coletiva. (PEREIRA, 2006). Os indicadores são dados que podem ser apresentados em forma numerica, a frequência absoluta- número total de casos; ou, em frequência relativa- quociente entre a frequência absoluta e o número total. Os dados absolutos não levam em conta o tamanho da população, portanto não devem ser utilizados para avaliar o nível de saúde. Já, os indicadores de saúde são elaborados utilizando razões (freqüência relativa), proporções ou coeficientes., sendo indicativos do modo como as variáveis se distribuem. Para tanto se trabalha com a incidência e a prevalência. (MEDRONHO, 2009). Vamos definir alguns conceitos necessários a compreensão dos indicadores de morbidade: Diferenças entre Razão, Proporção e Taxa: Razão: Divisão de duas medidas relacionadas entre si - numerador não é parte do denominador. Ex. Razão de masculinidade. Proporção: Divisão entre duas medidas - numerador está contido no denominador. Ex. Proporção de menor de um ano na população. Taxa – Variação de uma medida y em função de uma medida x. Associada com a rapidez de mudança de fenômenos. Ex. Taxa de Mortalidade Geral. Índices: são representados em forma d percentual, e são as relações entre freqüências de uma mesma unidade. Coeficientes e índices são valores menores do que a unidade. O numerador é menor que o denominador. Coeficientes e taxas: relação entre o número de acometimentos reais e o que poderia acontecer. Dessa forma, medem a probabilidade de adoecimento e morte, configurando-se como uma medida de risco. Exclui-se a população não exposta ao risco. O denominador é composto pela população exposta ao risco de apresentar o evento contido no numerador, exceto os coeficientes de mortalidade infantil e de mortalidade materna, cujos denominadores compostos por nascidos vivos é a estimativa do número de menores de 1 ano, das gestantes, parturientes e puérperas com risco de morte. Os coeficientes mais conhecidos na área da saúde baseiam-se em dados sobre doenças ou morbidade/letalidade e sobre os eventos vitais como nascimentos e mortes MORBIDADE Mede a frequência de doença em uma dada população utilizando-se de taxas de prevalência e incidência. Desta forma os indicadores de morbidade são: Prevalência: freqüência de casos existentes de uma determinada doença, em uma determinada população, em um determinado período de tempo. Incidência: freqüência de casos novos de uma determinada doença, em uma determinada população, em um determinado período de tempo. PREVALÊNCIA A diferença entre prevalência e incidência é a que segue: Prevalência - “Fotografia” tirada da população num momento específico - é apenas determinado quem tem a doença e quem não tem. Não podemos determinar quando é que a doença se desenvolveu. Incidência - Em contraste com a prevalência, só inclui novos casos ou eventos e considera o tempo de exposição. Para melhor compreendermos o que é a prevalência e a incidência, vamos observar a figura abaixo: Fonte:http://www.sbpt.org.br/downloads/arquivos/COM_EPID/COM_EPID_1_Curso_Epidemiologia_Basic a_para_Pneumologistas.pdf Os fatores que interferem na prevalência: Aumentam: Casos novos; Melhoria no tratamento com prolongamento do tempo de sobrevivência Aprimoramento das técnicas de diagnóstico Migração de pessoas originárias de áreas com níveis de endemia mais altos Diminuem Diminuição da incidência Redução no tempo de duração da doença Taxa elevada de letalidade da doença Introdução de fatores que diminuem a vida dos pacientes Migração de pessoas originárias de áreas com níveis de endemia mais baixos. Cálculo da Prevalência Prevalência pontual: freqüência de casos existentes em um dado instante no tempo, ex.: prevalência de ITU ontem na UBS. Prevalência de período: freqüência de casos existentes em um período de tempo, ex.: prevalência de ITU em 2010 na UBS. Prevalência na vida: freqüência de pessoas que apresentaram a doença em algum momento da vida até a realização do estudo, ex.: prevalência de ITU entre entrevistados. Cálculo da Taxa de Prevalência: Taxa de prevalência TP = nº. casos conhecidos da doença x 10n População em risco Ex.: 400 crianças acompanhadas na UBS em 2010; 40 com resultado positivo para ITU. Prevalência no período de ITU: 40 casos em 2010. Taxa de prevalência de ITU em 2010: TP = 40/400 = 0,1 x 100 = 10% 10 casos para 100 crianças em 2010. INCIDÊNCIA Frequência de casos novos de uma doença em populações sob risco de adoecimento durante um determinado período de tempo. É uma importante forma de medir e comparar a frequência de doenças em populações. Refere-se aos indivíduos não doentes no início da observação, estando, portanto sob risco de adoecimento. Os casos novos podem referir-se ao número de pessoas afetadas e ao número de episódios de um agravo à saúde. A incidência é considerada a medida mais importante da epidemiologia, sendo utilizada em pesquisas etiológicas, estudos de prognósticos, verificação da eficácia das ações terapêuticas e preventivas (PEREIRA, 1997). Taxa de incidência: é a variação de um fenômeno, numa unidade de tempo ou de alguma variável. Representa a velocidade média de ocorrência de um fenômeno. Cálculo da Incidência: pode ser feito pela: Incidência: medida pela freqüência absoluta de casos novos relacionados com uma unidade de tempo (dia, mês , ano). Ex: 3 casos novos/dia; 300 casos novos/ano. Incidência acumulada (taxa de ataque): medida calculada dividindo-se o nº. casos novos pelo nº. pessoas não doentes no início do período. Representa o risco médio de adoecimento. Cálculo da Taxa de Incidência Taxa ou incidência TI = nº. de casos novos da doença durante um período de tempo x 10n população em risco durante o mesmo período Os tipos de incidência: decorrem das variações no numerador e no denominador que acabam resultando em diferentes tipos de taxas de incidência, como segue: Pessoa-tempo: período ou unidade de tempo como dia, mês ou ano, durante o qual um indivíduo esteve exposto ao risco de adoecimento, sendo que no caso do adoecimento é considerado um caso novo. As formas de calculo da quantidade de pessoa-tempo podem ser feitas das seguintes maneiras: população fechada, quando não há caso novo e integrantes da pesquisa deixam de contar na pesquisa quando morrem; população aberta quando os casos novos são incorporados durante o tempo da pesquisa por natalidade ou migração e deixam a pesquisa morrem. Quando um membro saí, por algum outro motivo, coloca-se outro no lugar, por isso o tamanho da população é constante. Neste caso o denominador é considerado pessoa-tempo em lugar do número de pessoa e o cálculo é denominado de densidade de incidência. Densidade de incidência: estima o risco verdadeiro de aquisição de uma doença num determinado tempo Fórmula: 10n é chamado de constante e é um número múltiplo de 10, podendo Sr: 100, 1.000, 10.000, 100.000 ou 1.000.000 de habitantes, cuja escolha fica a critério do pesquisador e do tipo de pesquisa.DI = Número de casos novos na unidade de tempo x 10n Número de pacientes-tempo Ex.: 400 crianças acompanhadas durante 1 ano na UBS, 80 casos de anemia. Cálculo da taxa de incidência de anemia: 80 ÷ (400 crianças x 1 ano) = 0,2 200 casos por 1000 crianças por ano Incidência acumulada: refere-se à proporção de indivíduos da população que desenvolvem a doença durante um período de tempo. É uma estimativa direta da probabilidade, ou seja, do risco de adoecimento de uma pessoa, durante um determinado período de tempo, sendo que uma incidência medida como uma proporção pode ser estimativa direta de risco. Fórmula: IA = Número de casos novos de uma doença x 10n População sob risco Ex.: 431 pessoas com idade entre 40 e 59 anos, durante 6 anos, com 10 casos de cardiopatia isquêmica. Cáculo da taxa acumulada IA = 10/431 = 0,023 = 2,3% em 6 anos Taxa de ataque: Refere-se ao número de pessoas que apresentam uma doença, relacionando-o com o número de pessoas expostas ao risco que apresentam de sofrer da doença, em um período limitado de tempo e em condições especiais como em um surto epidêmico. Se expressa em porcentagem (10n=casos por cem). TA = Nº de casos novos numa população durante um determinado período X Constante População sob risco no início do período Exemplo: 350 pessoas almoçaram num restaurante, em 08/05/2014, 95 apresentaram quadro de gastrenterite. TA= 80/350= 0,22 x 100 = 22,85% Taxa de ataque secundário: medida de freqüência de casos novos de uma doença e o número total de contatos de casos conhecidos. TA= Nº de casos entre contatos de casos primários durante um intervalo de tempo X 10n Número total de contatos Exemplo: 5 pessoas, dentre 32 de 7 famílias de escolares que desenvolveram Hepatite A 32 pessoas das 7 família excluindo as crianças com Hepatite A 5/32(-7). 100 = 5/25. 100 = 20% Taxa de mortalidade: trata-se de uma taxa de incidência, como segue EX. Sobre a ocorrência de diabetes nos anos de 2001 a 2010, em São Paulo, verificou-se um aumento da prevalência da doença no período estudado. Uma possível explicação para isso seria: a) Melhora da taxa de cura. b) Menor incidência da doença. c) Diminuição da duração da doença. d) Melhoria nos métodos diagnósticos. e) Aumento na letalidade da doença Resposta d) Melhoria nos métodos diagnósticos. LETALIDADE Coeficiente de letalidade: proporção de óbitos entre os caos da doença. Indica a gravidade da doença ou agravo da doença na população, sendo característica da própria doença ou de fatores agravantes. Deve ser expresso em percentual. Ex. raiva humana que tem 100% de letalidade. CL: Mortes devido à doença em determinada comunidade e tempo x 100 Casos da doença na mesma área e tempo EXEMPLO (FICTÍCIO) : 2 casos de raiva humana no Brasil, em 2012, com 2 mortes. CL: 2/2/.100= 100% 3. DIAGNÓSTICO DE SAÚDE - PRINCIPAIS INDICADORES DE MORTALIDADE. Para que os indicadores de mortalidade possam ser levantados é preciso compreender como os eventos vitais como óbitos e nascimentos podem contribuir. Registro de eventos vitais: a ocorrência de óbito é comunicada ao Cartório de Registro Civil que emite a Declaração de óbito (DO) e envia a informação do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), no Ministério da Saúde, que emite o perfil de mortalidade no país.porém, existem alguns fatores que limitam a exatidão dos dados como, por exemplo: sub-registro de óbitos que acontecem em áreas distantes ou em áreas rurais e, também, a qualidade do preenchimento da DO, que muitas vezes omitem a casa básica do óbito. Registros de eventos vitais: a ocorrência no nascimento é comunicada ao Cartório de Registro Civil, que emite uma Declaração de Nascido Vivo- DNV - cuja emissão é obrigatória pelo serviço de saúde onde ocorreu o nascimento -, que comunica o nascimento ao Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos-SINASC, que caracteriza as condições de nascimento no país. Fonte: Fundação SEADE- Fontes de dados e metodologia para construção de indicadores analíticos e sintéticos. A Produção das Estatísticas Vitais e Indicadores Demográficos A partir desses dados torna-se possível calcular as taxas de mortalidade. A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade representa o número de óbitos, normalmente por cada 1000 habitantes numa determinada região e período de tempo. É um importante indicador social, pois tem relação direta com condições sociais. Por exemplo, quanto maior for a taxa de mortalidade menor é a esperança de vida. Entretanto, pode ter relação, também, com a longevidade da população o que a torna menos sensível. Seus principais usos, dentre outros possíveis, são a descrição das condições de saúde de uma população; a investigação epidemiológica e a avaliação de intervenções saneadoras. (PEREIRA, 1997). Segundo Rouquayrol e Almeida-Filho (2003) Possui algumas limitações no seu uso como indicador, tais como: exprimem gravidade e refletem uma história incompleta da doença; os danos que raramente levam a óbito não são representados; os óbitos são eventos que incidem numa pequena parcela da população; e as mudanças nas taxas de mortalidade são lentas. PRINCIPAIS INDICADORES DE MORTALIDADE: Taxa Geral de mortalidade: Taxa Geral de Mortalidade ou Coeficiente geral de mortalidade- CGM: refere-se ao número total de óbitos que ocorreram numa determinada população e num determinado período de tempo- um ano, normalmente, dividido pelo número de habitantes existentes no mesmo período de tempo. É expresso por razão e pode ser calculado também por regra de três simples. Por não levar em consideração a idade, não é muito utilizado para comparar nível de saúde. Ex. Numa população jovem pode significar morte prematura. CGM: Número total de óbitos no período X 1000 População total no período Ex: CGM: Brasil: população estimada para 2004= 179.108.134. Número de óbitos no período 1.024.073. CGM: 1.024.073 óbitos/179.108.134 população estimada, em 2004 x 1000= 5,7/hab = cerca de 6 pessoas/mil/hab TMI/CMI-Taxa ou Coeficiente de Mortalidade Infantil: É a estimativa do risco de antes de completar 1 ano de idade. Refere-se ao número de morte de nascidos vivos em uma determinada comunidade até um ano de idade. Pode representar as condições de vida e saúde de uma localidade. (OBS: Os dados que dizem respeito a Brasilândia foram retirados da Secretaria de Vigilância em Saúde. Curso Básico de Vigilância Epidemiológica. Medidas em saúde Coletiva e Introdução à Epidemiologia Descritiva. Módulo III. Unidade I. Brasília: agosto, 2003) Esses coeficientes podem ser classificados em baixo, médio ou alto, de acordo com a proximidade ou distância que varia no tempo, da seguinte forma: 50 ou mais = alta 20-49 = média Abaixo de 20 = baixa CMI: Número de óbitos de residentes com menos de 1 ano de idade X 1.000 Número de nascidos vivos de mães residentes Ex.: Dados de Brasilândia, de 1996: Óbitos de menores de 1 ano= 4009. Nascidos vivos= 182.593 CMI: 4009/182.593= 0.02195 x 1.000= 21,95 Mortalidade infantil neonatal precoce Refere-se ao óbito ocorrido no período de 0 a 6 dias de vida. TMINP/CMINP: Número de óbitos de residentes de 0 a 6 dias de vida X 1000 Número de nascidos vivos de mães residentesMortalidade infantil neonatal tardia. Refere-se ao risco de morte para crianças com idade entre 7 a 27 dias. TMINT/CMINT: Número de óbitos de residentes de 07 a 27 dias X 1000 Número de nascidos vivos da mães residentes Mortalidade infantil pós-neonatal. Refere-se ao risco de óbito no período de 28 dias a 1 ano de idade. TMIPN/CMIPN: Número de óbitos de residentes de 28 dias a 1 ano de idade X 1000 Número de nascidos vivos de mães residentes Mortalidade infantil perinatal. Refere-se ao risco de morte um pouco antes, durante e logo após o parto, isto é nas 22 semanas de gestação e 6 dias após o parto. Inclui natimorto e crianças nascidas vivas, mas que vão à óbito na primeira semana de vida. TMIP/CMIP: Número total de óbitos fetais (com 22 semanas ou mais de gestação) acrescido do número de óbitos na primara semana de vida, no período X 1000 Número de nascidos vivos de mães residentes Mortalidade pré-escolar. Refere-se ao risco de morte de crianças de 1 a 4 anos e pode ser considerada um indicador do estado nutricional da população e do nível sócio-econômico, aproximando-se ao significado da mortalidade infantil tardia. TMPE/CMPE: Número de óbitos de crianças de 1 a 4 anos, no período X 1000 Número de nascidos vivos de mães residentes Taxas ou coeficientes específicos ou de mortalidade proporcional: As taxas de mortalidade proporcionais podem se expressar por sexo, idade, causa, local de residência, local e época do óbito, porém as formas mais comuns são as taxa de mortalidade em idosos; taxa específica por causa; taxa específica por gênero. Mortalidade por sexo/gênero: Refere-se ao risco de morte por sexo e contribui para estudar o perfil da mortalidade, considerando as diferenças entre homens e mulheres. TMS/CMS: Número total de óbitos de um sexo no período x 1000 População do mesmo sexo, no período Ex.: População masculina em Brasilândia em 1996: 4.238.322. Número de óbitos masculino: 37.157. 37.157/4.238.322= 0,00876 X 1000= 8,76 Mortalidade por local: Refere-se ao óbito de um doente cujo óbito deve se registrado no local de falecimento. Mortalidade por causa: Refere-se à causa pela qual aconteceu o óbito. Informa determinadas condições mórbidas quando há falta de dados sobre morbidade. TMC/CMC: Número total de óbitos por determinada causa no período x 100.000 População total de causas no período A mortalidade por causa pode ser dividida em 5 grupos, como segue: Mortalidade materna: Refere-se ao óbito de mulher com idade fértil, em decorrência de complicações da gestação, do parto e do puerpério. TMM/CMM: Nº de óbitos por causa ligada à gravidez, parto e puerpério, no período X 100.000 Número de nascidos vivos, no período Mortalidade por causas externas: Refere-se aos suicídios, homicídio e acidentes. São as mortes não-naturais. TMCE/CMCE: Número de óbitos por causa ligada a homicídios, suicídio e acidentes x 100.000 Total de óbitos no período Mortalidade por causas evitáveis: Refere-se às causas evitáveis ou passíveis de redução ou, ainda, de eliminação. TMCE/CMCE: Número de óbitos por causa evitável, no período X 1000.000 Total de óbitos no período Mortalidade por causas mal definidas: Refere-se ao percentual de mortes por causas mal definidas na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Geralmente acontece por imprecisão no diagnóstico ou na determinação da causa da morte e por diagnósticos. TMCMD/CMCMD: Número de óbitos de residentes por causas mal definidas X 10n Número total de óbitos de residentes Além desses grupos, outros tantos podem ser estudados, por exemplo: Mortalidade por doenças infecciosas TMDI/CNDI: Número de óbitos por causa de doenças infecciosas X 10N População residente na metade do período Mortalidade por idade: Refere-se ao número de óbitos por grupos etários. TMGE/CMGE: Número total de óbitos no grupo etário, no período X 1000.000 População do mesmo grupo etário, na metade do período Mortalidade proporcional de 50 anos ou mais (indicado de Swaroop-Uemura): Refere-se a moralidade específica por faixa etária com o percentual de óbitos de pessoas com 50 anos ou mais em relação ao total de óbitos da população. Apresenta correlação com condições sociais e de assistência. ISU= Nº. Óbitos de pessoas ≥ 50 anos, no período X 10n Total óbitos na população, no período Pode ser classificada da seguinte forma: 1º. Grupo de países: ISU ≥ 75% 2º. Grupo de países: ISU entre 50 e 74% 3º. Grupo de países: ISU entre 25 e 49% 4º. Grupo de países: ISU < 25% Curvas de Nelson Moraes Refere-se, também, à mortalidade proporcional por idade. Assume a forma de N invertido, L (ou J invertido), V (ou U) e J. É representada graficamente, cujas formas correspondem, respectivamente a condições de vida e saúde da população: muito baixas; baixas; regulares ou elevadas, como segue: Fonte: http://www.uff.br/e-pid/curvadenelsonmoraes.htm Exercício: Na Cidade Nova, em 2009, foram confirmados 60 casos de meningite C, dentre os casos da doença, constatou-se 30 óbitos, ou seja, 50% das pessoas que contraíram a doença, morreram. Com base nesses dados, assinale a alternativa correta: a) O indicador de Swaroop e Uemura na Cidade Nova, em 2009, foi de 50%; b) A Taxa de Mortalidade Infantil na Cidade Nova, em 2009, foi de 50%; c) A Taxa de Letalidade de meningite C na Cidade Nova, em 2009, foi de 50%; d) A Taxa de Mortalidade Geral na Cidade Nova, em 2009, foi de 50%; e) O Indicador de mortalidade proporcional por meningite C na Cidade Nova, em 2009, foi de 50%; Resposta c) A Taxa de Letalidade de meningite C na Cidade Nova, em 2009, foi de 50%; REFERÊNCIAS @Pid. Pesquisa, informação e desenvolvimento em epidemiologia. Curva de Nelson Maraes. Disponível em: http://www.uff.br/e-pid/curvadenelsonmoraes.htm. Acesso em: 13/05/2014. MEDRONHO, R.A.; CARVALHO, D.M.; BLOCK, K.V.; LUIZ, R.R.; WERNECK, G.L. Epidemiologia. São Paulo:Editora Atheneu, 2009. PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. PEREIRA, M. G., Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogam, 1997. ROUQUAYROL, M.Z. AMLEIDA FILHO, N. Epidemiologia e saúde. Rio de Janeiro. Medsi, 2003. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Curso Básico de Vigilância Epidemiológica. Medidas em Saúde Coletiva e Descritiva. Módulo III - Unidade I. Brasília, agosto de 2003 VAUGHAN, J.P.; MORROW, R.H. Epidemiologia para os municípios: manual para gerenciamento dos distritos sanitários. São Paulo: Hucitec, 1992.
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