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Exercícios de Epidemiologia Juliana da Rosa Wendt 15/12/2008 1 Exercícios de Epidemiologia Juliana da Rosa Wendt – Monitora do Departamento de Saúde da Comunidade 1.1) Uma investigação realizada em banco de sangue de um hospital chegou aos seguintes resultados: entre 2 mil pessoas que receberam transfusão sangüínea, acompanhadas durante um ano, 200 contraíram hepatite. No grupo controle, 5 mil pessoas que não receberam transfusão, acompanhadas igualmente durante idêntico período, apenas cinco contraíram a doença. Arme uma tabela 2x2 com os resultados. Pergunta-se: a) Trata-se de um estudo de coorte ou de caso-controle? Por quê? 1.2) Em um hospital universitário foi feito um estudo para verificar a associação entre consumo de álcool e câncer de estômago. Foram incluídos na investigação, 300 pacientes do sexo masculino com diagnóstico comprovado de câncer de estômago; desses, 30 eram casos de alcoolismo crônico. Entre 500 controles (por definição, pessoas em que o câncer gástrico foi excluído), 50 foram considerados alcoólatras, pelos mesmos critérios diagnósticos usados no grupo de casos. Pergunta-se: Este é um estudo do tipo coorte ou caso-controle? Por quê? 1.3) Em uma visita de uma equipe de profissionais de saúde, com a duração de uma semana, a um município do estado de Tocantins, todos os adultos de um pequeno povoado e de fazendas vizinhas foram examinados. Entre os resultados obtidos estão os seguintes: de 40 pessoas com sorologia positiva para Tripanosoma cruzi, quatro eram desnutridas, enquanto em 100 outros indivíduos, com sorologia negativa para T. cruzi 10 foram rotulados como desnutridos. Pergunta-se: Qual o tipo de estudo? Por quê? 2) Determine o delineamento epidemiológico dos estudos a seguir: 2.1) _________________________________________ J. Dietz, S. H. Pardo, C. D. Furtado, E. Harzheim, A. D. Furtado. Fatores de risco relacionados ao câncer de esôfago no Rio Grande do Sul. Rev. Assoc. Med. Bras. vol.44 n.4 São Paulo Oct./Dec. 1998 Serviço de Endoscopia do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Porto Alegre, RS. Objetivo: O Rio Grande do Sul apresenta significativos coeficientes de mortalidade ao câncer de esôfago, com diferenças importantes nas microregiões, sugerindo a ação de fatores de riscos externos. Este estudo tem como objetivo mostrar a relação do câncer de esôfago com o hábito de fumar, ingerir álcool e mate. Metodologia: Foram entrevistados 55 pacientes com câncer de esôfago e 110 pacientes controles, sem evidências de tumor à endoscopia. Resultados: Não foram observadas diferenças em relação ao sexo e idade entre casos e controles (p>0,05). Entre os casos foram verificados mais freqüentemente a presença de indivíduos cuja profissão estava ligada à atividade agrícola (RC 3,3; 95 % IC 0,9-11,2), pai com antecedente de câncer (RC 6,9; 95 % IC 1,9-25,6), fumantes e ex-fumantes (RC 2,5; 95 % IC 1,1-5,9), tomadores e ex-tomadores de bebidas alcoólicas (RC 5,3; 95 % IC 2,6-11,0), tomadores e ex-tomadores de mate (RC 3,6; 95 % IC 1,3-9,8). Outras variáveis mais freqüentes entre os casos de câncer de esôfago: fumantes > 20 anos, entre os tipos de álcool o uso de cachaça, ingestão de álcool diariamente, ingestão de mate diariamente e o hábito de adicionar sal nos alimentos. Conclusões: Fumo, álcool, mate, agricultores e antecedentes de pai com câncer foram significativamente mais freqüentes entre os casos de câncer de esôfago em relação aos controles. Mate foi significativo, independente da quantidade ingerida/dia. Exercícios de Epidemiologia Juliana da Rosa Wendt 15/12/2008 2 2.2) __________________________________ LEAL, Carmen Helena Seoane and WUNSCH FILHO, Victor. Mortalidade por leucemias relacionada à industrialização. Rev. Saúde Pública, Aug. 2002, vol.36, no.4, p.400-408. ISSN 0034-8910. Objetivo: Analisar a distribuição espacial da mortalidade por leucemia na população, buscando identificar agregados e estabelecer sua relação com os níveis de industrialização. Métodos: O estudo foi realizado nas 43 regiões de governo do Estado de São Paulo, no qüinqüênio 1991- 1995. Foi construído um "índice de industrialização relativo à leucemia" (IIRL) baseado no número de indústrias e empregos industriais por 100.000 habitantes, valor adicionado fiscal, variedade de ramos industriais e indústrias com potenciais exposições de risco para a leucemia. O IIRL foi distribuído em cinco categorias. Verificaram-se os coeficientes padronizados de mortalidade por leucemia em cada uma das regiões, também distribuídos em cinco categorias e comparados ao mapa IIRL. Resultados: As regiões mais industrializadas em ordem decrescente foram Campinas, Piracicaba, Jundiaí, Sorocaba e São Paulo. Não foi encontrada associação entre mortalidade, por nenhum tipo de leucemia, e industrialização. A região de Jales foi a que apresentou o mais alto coeficiente padronizado de mortalidade por leucemia. Conclusões: A distribuição da mortalidade por leucemia ocorreu de forma homogênea no Estado de São Paulo, não apresentando correlação com o nível de industrialização. Entretanto, aspectos relacionados ao método epidemiológico adotado e ao uso do parâmetro "mortalidade por leucemia", doença cujo prognóstico tem mudado muito nas últimas décadas, limitaram a interpretação dos resultados. 2.3) _________________________________________ Santana, João Carlos; Barreto, Sérgio Saldanha Menna; Piva, Jefferson Pedro; Garcia, Pedro Estudo controlado do uso endovenoso de sulfato de magnésio ou de salbutamol no tratamento precoce da crise de asma aguda grave em crianças. J. Pediatr., n.4, p. 279-87, 2001 Objetivo: estudar os efeitos da administração endovenosa de sulfato de magnésio (MgEV) ou de salbutamol (SalbEV) em crianças com crise de asma aguda. Método: estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo. Incluídas crianças maiores de dois anos admitidas em sala de observação em crise de asma aguda grave (refratária a três nebulizações com beta-adrenérgicos). Após a admissão, recebiam tratamento convencional (oxigênio, corticóides, nebulizações com beta-adrenérgicos) e eram alocadas a receber uma de três soluções indistiguíveis entre si: a)MgEV(50 mg/kg); b)SalbEV(20 microg/kg); ou c)solução salina que eram adiminstradas em 20 minutos (1ml/kg/hora). Avaliações clínicas, dosagens de eletrólitos e gases arteriais foram registrados antes e 1 hora após a infusão das drogas. Resultados: foram estudados 50 pacientes (+-4,5 anos 53 por cento de meninas), sem diferenças significativas entre os tres grupos. No grupo MgEV, observou-se redução da pressão arterial durante a infusão, que retornou ao normal 1 hora após, associado com aumento (P<0,001) do magnésio e pH sérico e diminuição no PaCO2. No grupo SalbEV, durante administração, observou-se diminuição da freqüência respiratória (=0,05) e aumento da pressão arterial< (p=0,01), Após 1 hora, houve diminuição da freqüência respiratória (p=0,02); queda no potássio sérico (p=0,009), no PaCO2 e elevação no pH. Comparado com os grupos MgEV e placebo, grupo SalbEV necessitou menos nebulizações (p=0,009), menor número de nebulizações por paciente por dia (p<0,001) e menor tempo de uso de oxigênio. No grupo placebo, a acidose foi mais persistente (p<0,01)>. Não houve diferença no tempo de permanência hospitalar nos grupos. A ventilação mecânica foi necessária em 10 por cento dos casos. Conclusões: demonstrou-se que a administração endovenosa precoce de sulfato de magnésio e, principalmente, o salbutamol em associação ao tratamento convencional para asma aguda em crianças são terapêuticas efetivas e que podem potencializar o efeito broncodilatador(AU) Exercícios de Epidemiologia Juliana da Rosa Wendt 15/12/2008 3 2.4) ____________________________________ DIEL, Cristiane, FACCHINI, Luiz Augusto e DALL'AGNOL, Marinel Mór. Inseticidas domésticos: padrãode uso segundo a renda per capita. Rev. Saúde Pública, fev. 2003, vol.37, no.1, p.83-90. ISSN 0034-8910. Objetivo: Os inseticidas são poluentes largamente utilizados em muitos países, no entanto são poucos os estudos existentes sobre o uso desses produtos em ambiente doméstico. Assim, realizou-se estudo com o objetivo de caracterizar o padrão de uso de inseticidas domésticos e sua relação com a renda per capita. Métodos: Entre outubro de 1999 e janeiro de 2000, foram aplicados questionários sobre o uso de inseticidas domésticos em 2.039 domicílios da área urbana de Pelotas, RS. Coletaram-se informações sobre o uso de inseticidas no último ano, forma de apresentação e grupo químico dos produtos disponíveis no momento da entrevista, proteção mecânica utilizada para o controle de insetos e nível socioeconômico. Utilizou-se o teste Qui-quadrado de tendência linear para verificar as associações, bem como a razão de prevalências e os intervalos de confiança. Resultados: Em 89% dos domicílios visitados foram utilizados inseticidas domésticos, pelo menos uma vez, nos 12 meses que antecederam a entrevista e em 79% dos domicílios havia um ou mais produtos disponíveis no momento da entrevista. As formas de apresentação mais prevalentes foram os aerossóis e as pastilhas para aparelho elétrico do grupo químico piretróide. A proteção mecânica contra os insetos foi pouco utilizada. Conclusões: As famílias de melhor nível de renda dispunham com maior freqüência de inseticidas em aerossol do grupo químico piretróide, enquanto que as soluções pulverizadoras compostas por organofosforados estiveram mais presentes em domicílios de menor renda. 2.5) ____________________________ Kenji Sakata, Viviane Sakata, Jackson Barreto Jr., Kátia M. Bottós, Juliana M. Bottós, Newton P. Duarte Filho, Daniele Busatto. Hipertensão e retinopatia hipertensiva Arq. Bras. Oftalmol. v.65 n.2 São Paulo mar./abr. 2002 Objetivo: Avaliar a prevalência de retinopatia hipertensiva (RH) em pacientes hipertensos (controlados e não controlados) e normotensos na população acima dos 40 anos do município de Piraquara. Correlacionar os casos de alteração retiniana com o sexo, a raça e a idade do paciente. Métodos: Durante 1998 e 2000, foram examinados no Projeto Glaucoma da Universidade Federal do Paraná 1.954 pacientes. Destes, excluíram-se aqueles abaixo de 40 anos e os diabéticos, sendo que a população considerada para este estudo foi de 1.741 pacientes. O protocolo do projeto consiste de anamnese direcionada, aferição da pressão arterial (PA), glicemia por tiras reativas, PIO e fundoscopia direta e indireta. As alterações fundoscópicas pertinentes a retinopatia hipertensiva foram estudadas segundo a classificação de Gans e correlacionadas conforme mencionado anteriormente. Resultados: Dos 1.741 pacientes analisados, 669 (38,43%) são hipertensos, 645 (37,05%) normotensos e 427 (24,53%) suspeitos de hipertensão arterial sistêmica (HAS). Foram encontrados 211 (12,12%) pacientes com sinais de RH, sendo 136 (64,46%) do sexo feminino e 75 (35,54%) do sexo masculino; 134 (63,98%) de 40 a 60 anos e 77 (36,02%) com idade superior a 60 anos; predominando as raças branca (75,83%) e negra (11,37%). Do total de pacientes com RH, 154 (73%) eram hipertensos, 17 (2,64%) normotensos e 40 (9,37%) suspeitos de HAS. Dentre os hipertensos com PA controlada, 12,2% apresentavam sinais de retinopatia. Já dentre os hipertensos com PA não controlada, 25,3% apresentavam sinais da patologia. Conclusão: A prevalência de RH foi maior nos hipertensos comparativamente aos normotensos e suspeitos de HAS (p<0,001, OR=5,32). Os pacientes negros (p<0,05 e OR= 1,67), os hipertensos com PA não controlada (p<0,01, OR=2,44) e os acima de 60 anos (p<0,001, OR=1,85) apresentaram maiores chances de desenvolverem RH. Exercícios de Epidemiologia Juliana da Rosa Wendt 15/12/2008 4 2.6) _________________________________ Carlos Tadeu da Silva Lima, Fernando Martins Carvalho, Cláudio de Almeida Quadros, Henrique Ribeiro Gonçalves, José Américo Seixas Silva Junior, Maria Fernanda Tourinho Peres e Mirian Santos Bonfim. Hipertensão arterial e alcoolismo em trabalhadores de uma refinaria de petróleo. Rev Panam Salud Publica vol.6 n.3 Washington Sept. 1999 Objetivo: O papel desempenhado pelo padrão de ingesta alcoólica sobre a incidência de hipertensão arterial ainda não está totalmente esclarecido; além disso, são raros os estudos realizados em populações de trabalhadores. Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a associação entre alcoolismo e hipertensão arterial entre trabalhadores de uma refinaria de petróleo em Mataripe, Estado da Bahia, Brasil, de 1986 a 1993. Metodologia: O estudo foi retrospectivo, com 7 anos de seguimento, em uma amostra estratificada sistemática de 335 trabalhadores da refinaria. O diagnóstico de hipertensão arterial foi feito com base nas medidas da pressão arterial obtidas nos exames médicos periódicos. A partir dos resultados do teste CAGE, aplicado ao início do período de observação, estabeleceram-se três grupos de indivíduos: não- bebedores (n = 121), CAGE- negativos (n = 116), e CAGE-positivos (n = 98). Resultados: O grupo CAGE-positivo apresentou maior risco relativo e atribuível de desenvolver hipertensão arterial do que o grupo CAGE-negativo (RR = 2,58; RA = 24,95% pessoas-ano) e que o grupo não-bebedor (RR = 2,06; RA = 20,97% pessoas-ano). As frações atribuíveis foram 61% e 51%, respectivamente, para as mesmas comparações. A padronização de taxas pela idade e hábito de fumar não modificaram substancialmente estes resultados. Conclusão: O alcoolismo é um importante fator de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial. 2.7) _________________________________ Sílvia S. Fonseca, Cesar G. Victora, Ricardo Halpern, Aluísio J.D. Barros, Rosângela C. Lima, Luciane A. Monteiro, Fernando Barros. Fatores de risco para injúrias acidentais em pré-escolares J. Pediatr. (Rio J.) v.78 n.2 Porto Alegre mar./abr. 2002J. Pediatr. (Rio J.) v.78 n.2 Porto Alegre mar./abr. 2002J. Pediatr. (Rio J.) vol.78 no.2 Porto Alegre Mar./Apr. 2002 Objetivo: medir os principais fatores de risco relacionados à ocorrência de injúrias acidentais, na faixa etária entre quatro e cinco anos de idade. Métodos: foi estudada uma amostra de 620 crianças, na qual a ocorrência de acidentes e injúrias foi registrada em um diário, durante um período de um mês. Esta foi uma subamostra sistemática, proveniente da coorte de nascimentos de 1993, que ainda residiam na área urbana de Pelotas, RS. O desfecho em estudo foi o número de injúrias acidentais relatadas por criança-mês. A análise multivariada, utilizando Regressão de Poisson, foi usada para controlar fatores de confusão. Resultados: a incidência mensal de acidentes foi de 53,8%, e 48,4% das crianças sofreram pelo menos uma injúria acidental. As crianças do sexo masculino tiveram 30% mais de chances de se lesionarem do que aquelas do sexo feminino, e as crianças brancas tiveram um risco 70% maior do que as crianças não- brancas. Renda familiar, escolaridade dos pais e trabalho materno não se associaram à ocorrência de injúrias. Após ajuste para variáveis socioeconômicas e ambientais, as crianças que possuíam um ou mais irmãos menores apresentavam taxa 30% maior de injúrias acidentais. Crianças residentes em casa de tijolo apresentaram uma incidência de injúrias cerca de 40% superior. Conclusões: poucos fatores de risco modificáveis foram associados a um aumento na freqüência de injúrias acidentais. Destes fatores, a presença de crianças mais jovens em casa merece especial atenção, sendo necessário instruir os pais sobre o aumento no risco observado por ocasião do nascimento de um irmão menor. Fontes: www.medicina.ufmg.br/dmps/epidemiologia/index_arquivos/exercicio7.doc http://areia.ucg.br/site_docente/enf/luciene/pdf/epidemiologia/texto06.pdf
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