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OS EFEITOS DE SENTIDO NA TRADUÇÃO DO DISCURSO DE POSSE DO PRESIDENTE NORTE

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1 
 
OS EFEITOS DE SENTIDO NA TRADUÇÃO DO DISCURSO DE 
POSSE DO PRESIDENTE NORTE-AMERICANO JOHN 
FITZGERALD KENNEDY 
 
 por Carlos Roberto Teixeira de Vasconcellos 
 
 
 
R E S U M O 
Este estudo apresenta uma leitura do discurso do Presidente John Fitzgerald 
Kennedy através de seu pronunciamento de posse proferido no dia 20 de janeiro de 
1961, em Washington, D.C. Estados Unidos da América do Norte. 
A leitura que realizamos se dá sob a ótica da Análise do Discurso, que contempla o 
discurso a partir do contexto histórico-social que o constitui, especificamente 
utilizamos a parte que trata da Formação Discursiva. 
As teorias que operam como preâmbulos neste estudo são: a Hermenêutica, arte de 
compreender, de interpretar, de traduzir de maneira clara signos inicialmente 
obscuros, que trata a linguagem e seus signos como energia criativa – tradução não 
só como produção de texto, mas como interpretação e contemplação da linguagem; 
a Análise Contrastiva mostra as semelhanças e diferenças entre dois ou mais 
idiomas. 
Nosso objetivo neste estudo é analisar os efeitos de sentido produzidos na tradução 
do discurso de JFK para o português, por entendermos que o sujeito brasileiro se 
constitui diferentemente do sujeito norte-americano. 
Os resultados da análise permitiram-nos concluir que os efeitos de sentido são 
percebidos por meio da comparação entre a Discursividade Americana e Brasileira, 
uma vez que as palavras de Kennedy não produzem para os sujeito brasileiro o 
mesmo efeito de sentido que produzem para o sujeito norte-americano. 
 
 
 
PALAVRAS CHAVE: Efeitos, Sentido, Discurso, Análise, Pronunciamento de posse. 
 
 
 
2 
 
A B S T R A C T 
This piece of research provides a study of the discourse of President John 
Fitzgerald Kenney focusing on his Inaugural Address delivered on January 20th, 
1961, Washington, D.C. United States of America. 
The reading we did is under Analysis of Discourse optic, which constitutes the 
discourse from its social and historical context, specifically the part that deals 
with Discursive Formation. 
The theories that work as preamble in this study are: the Hermeneutic, art of 
understanding, interpreting and translating in a clear way the signs first unclear, 
it treats the language and its signs as creative energy – translation not only as 
text production, but also as language interpretation and contemplation. 
Contrastive Analysis shows us the resemblances and the differences among 
two or more languages. 
Our aim, in this study, it to analysis the sense effects produced in the translation 
for Portuguese of JFK’s Inaugural Address, to understand the Brazilian people 
constitutes themselves differently from the American people does. 
The results of the analysis let us conclude the sense effects are noticed by 
means of the comparison between American and Brazilian Discursives, since 
Kennedy’s words do not produce the same sense to the Brazilians as they do to 
the Americans. 
 
KEY WORDS: Effects, Sense, Discourse, Analysis, Inaugural Address 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
O trabalho de tradução é muito mais simbólico do que semiótico. O semiótico é 
determinado se manifestado por meio da literalidade do discurso. O simbólico 
designa o elemento consciente e genético na produção do sentido. 
 
Como o sentido1 é percebido pelo inconsciente Kristeva (1976:238) argumenta: 
 
Se a gramática gerativa força hoje em dia a reflexão semiótica a considerar o sentido 
não mais como um dado já presente, (ao nosso ver, na tradução é o texto), que deva 
ser estruturado, mas sim como uma sintaxe (de uma frase) que deve ser gerada, as 
diversas práticas semióticas indicam à nossa ciência que essa criação, por ser a da 
significação, é ao mesmo tempo, e de maneira inseparável, a do sujeito falante. 
 
Isto quer dizer que a reflexão semiótica não poderia escapar a um positivismo 
estreito, a não ser dando ouvidos à ciência do sentido, isto é, à psicanálise. Ela terá 
então a possibilidade de se tornar uma ciência da produção do sentido e de seu 
sujeito, ciência que desfaz – analisa – a aparência opaca soa a qual os mesmos se 
apresentam, remontando à sua criação: ao ponto em que eles trabalham, criam, 
produzem. 
 
Com efeito: o texto, e sobretudo o texto moderno, a partir do final do século XIX, 
transformou-se no laboratório (entendemos laboratório como: elaborar, trabalhar) em 
que se buscam as leis de criação do sentido e do sujeito na linguagem. 
 
 
Devemos levar em conta também os fatores estruturais e lingüísticos dos textos 
no ato tradutório, para Laranjeira (1993:21): “As qualidades positivas de tais textos 
ditos veiculares (que entendemos textos não literários) são a univocidade e a 
clareza”. 
 
Ao compararmos o original e a tradução percebemos que na tradução o discurso 
foi separado por tópicos. Acreditamos que tal recurso se deu devido a ter sido 
publicado no jornal, que tem caráter informativo. A linguagem jornalística permite 
esta diagramação. 
 
A despeito também da linguagem jornalística, observamos a manchete: 
 
“PRECONIZADA NO DISCURSO DE POSSE A REVOLUÇÃO PACÍFICA DA 
ESPERANÇA”. 
 
 
1 Para a Análise do Discurso, não existe um sentido a priori, mas um sentido que é construído, 
produzido no processo da interlocução, por isso deve ser referido às condições de produção 
(contexto histórico-social, interlocutores...) do discurso. Segundo Pêcheux, o sentido de uma 
palavra muda de acordo com a formação discursiva a que pertence. (cf. Brandão, 2002:92). 
4 
 
Entendemos que o efeito de sentido que esta manchete produz é o de proclamar 
a tranqüilidade e a esperança de ‘paz’, na figura do presidente Kennedy, tão 
esperada pela população mundial que atravessava um clima de insegurança e de 
incerteza devido aos conflitos entre as duas grandes potências. 
 
1º parágrafo. 
 
 “O novo presidente dos Estados Unidos pronunciou o seguinte discurso: 
 Concidadãos”: 
 
A tradução por ‘Concidadãos’ caracteriza, em relação ao original, um 
apagamento: da presença do Vice-presidente Johnson, o Porta-voz; o presidente 
do Supremo Tribunal; o Presidente Eisenhower; o Vice-presidente Nixon; o 
presidente Truman, membros da igreja e cidadãos, a quem todos Kennedy se 
dirige na abertura do discurso. 
 
Kennedy diz: 
 
“Vice President Johnson, Mr. Speaker, Mr. Chief Justice. President Eisenhower, Vice 
President Nixon, President Truman, Reverend Clergy, fellow citizens:” 
 
2º parágrafo: 
 
Quando Kennedy diz: 
 
 “We observe today not a victory of party, but a celebration of freedom – symbolizing 
end as well as beginning-signifying renewal as well as change. For I have sworn 
before you and Almighty God the same solemn oath our forbears prescribed nearly a 
century and three quarters ago”. 
 
 
 
Em português: 
 
“ Observamos hoje não a vitória de um partido, mas sim uma comemoração da 
liberdade, simbolizando um fim e também um comêço, significando renovação assim 
como mudança. Acabo de prestar perante vós e perante Deus Todo Poderoso o 
mesmo juramento solene que nossos ancestrais fizeram há quase um século e três 
quartos”. 
 
 
5 
 
Kennedy se coloca não simplesmente como o vencedor do seu partido – 
Democrata, mas sim como um jovem presidente que teve a credibilidade do povo 
norte-americano pelo seu ideal de paz e democracia. 
 
No que se refere ao partido, vale aqui esclarecer que os partidos políticos 
constituem a base do sistema político americano. Curioso é que a Constituição 
não dispõe sobre os partidos políticos nem sobre o seu papel como veículo pelo 
qual os candidatos a cargospolíticos são propostos aos eleitores. 
 
Em geral, os Estados Unidos utilizam o sistema bipartidário. Isso quer dizer que a 
política nos planos federal, estadual e local é dominada por dois partidos políticos 
principais: O Democrata (partido de Kennedy) e o Republicano. 
 
Quando Kennedy diz que acaba de fazer um juramento perante a ‘vos’ ele se 
refere ao Presidente da Suprema Corte. As palavras do juramento constam do 
Artigo II da Constituição Norte-Americana: 
 
Juro (ou afirmo) solenemente que exercerei fielmente as funções de Presidente dos 
Estados Unidos e com o máximo de minha capacidade preservarei, protegerei e 
defenderei a Constituição dos Estados Unidos. 
 
Em (...) mas sim uma “comemoração” da liberdade – o substantivo ‘celabration’ foi 
traduzido por comemoração, que sugerimos ser traduzido por celebração [do latim 
‘celebratione’] ato ou efeito de celebrar. Haja vista que naquele contexto é 
realmente uma celebração, produzindo um efeito de sentido de um ato solene. 
 
O discurso de Kennedy inaugura um discurso político de modernidade, “marketing 
político”, um ícone para a história americana e para o mundo. Kennedy reforça a 
Guerra Fria, portanto, comemoração carrega um sentido que não corresponde 
semanticamente ao ato em si. 
 
Para Orlandi (2001) “não se separam forma e conteúdo e procura-se 
compreender a língua não só como uma estrutura, mas, sobretudo como 
acontecimento”. 
6 
 
A tradução de: ‘nossos ancestrais fizeram’, não nos remete ao mesmo efeito de 
sentido do original “our forebears prescibed” o verbo intransitivo “prescribe” em 
inglês significa literalmente ‘adquirir um direito’ e não, simplesmente, ‘fizeram’ – 
em português um verbo transitivo direto que tem significado e usos diversos que 
não transferem a mesma carga semântica, uma vez que JFK está, com esta frase, 
se remetendo ao discurso fundador norte-americano, aos antepassados. 
 
Há de observarmos que ‘our’ morfologicamente, em inglês, é um determinante 
com função de adjetivo possessivo e ‘nosso’ em português, pronome possessivo 
da primeira pessoa do plural, masculino. O que podemos observar que no elenco 
dos possessivos, em português, há cinco possessivos para referência às três 
pessoas gramaticais do singular e do plural, o que já significa que a 
correspondência não é um a um, a saber: 
 
 
 SINGULAR PLURAL 
1ª PESSOA MEU NOSSO 
2ª PESSOA TEU VOSSO 
3ª PESSOA SEU SEU 
 
 
 
Posto isto, concluímos que todas essas formas se flexionam em gênero e em 
número, conforme acompanhem substantivo no masculino ou no feminino, no 
singular ou no plural. Esta ocorrência é própria da estrutura da língua portuguesa, 
o que não ocorre na língua inglesa, por serem línguas distintas com estruturas 
sintáticas individuais próprias. Estruturas essas, que são intraduzíveis. O tradutor 
precisa ter consciência desta intradutibilidade para evitar desvios de sentido no 
ato tradutório. 
 
Laranjeira (1993:21) afirma: “As variantes da língua, as formas dialetais ou 
simplesmente idioléticas trazem elementos de caracterização de difícil solução em 
tradução”. 
 
7 
 
3º parágrafo. 
 
Em português: 
 
 '  O mundo é muito diferente, hoje em dia. O homem tem e suas mãos mortais o 
poder de abolir tôda a forma de pobreza humana e de abolir tôda a forma de vida 
humana. E, apesar disso, os mesmos princípios pelos quais nossos ancestrais lutaram 
continuam em jogo no mundo – a crença de que os direitos do homem não provêm da 
generosidade do Estado, mas da mão de Deus’. 
 
 Kennedy diz: 
 
“The world is very different now. For man holds in his hands the power to abolish all 
forms of human poverty and all forms of human life. And yet the same revolutionary 
beliefs for which our forebears fought are still at issue around the globe- the belief that 
the rights of man come not from the generosity of the state, but from the hand of God”. 
 
 
Observamos que “now” significa ‘agora’ advérbio de tempo, igual a neste instante, 
neste momento, algo que está acontecendo no momento da fala, o tradutor por 
uma questão de estilo, optou por ‘hoje em dia’ – uso bastante comum em Língua 
Portuguesa e que não se distancia do significado original. 
Para Lapa (op.cit: 217): 
 
A Gramática ou o Dicionário fixam para cada advérbio um certo sentido; mas 
linguagem oral e escrita está constantemente a refundir esse significado original, 
imprimindo-lhe variações mais ou menos profundas. [...] O advérbio de tempo, sob a 
ação de uma descarga afetiva, tomou novos aspectos de significado e passou a 
traduzir sentimentos como a surpresa, o aborrecimento, a dúvida etc. 
 
 
O efeito de sentido que a frase ‘o mundo é muito diferente, hoje em dia’ produz é 
o de que JFK, naquele exato momento, está se referindo à liberdade e à 
democracia – a recuperação da hegemonia. E, também, dá ênfase de que o 
mundo poderia melhorar a partir daquele momento em que ele toma posse para 
governar a nação com uma proposta de governo pacífica. 
 
Quando Kennedy menciona ‘nossos ancestrais lutaram’ o efeito de sentido que 
isto produz é referência aos peregrinos que chegaram ao Cabo Cod, hoje, o 
Estado de Massachusetts, em 9 de novembro de 1620, a bordo do navio 
8 
 
Mayflower. Esse momento histórico define aqueles peregrinos como modelos, 
como o princípio de uma nova civilização que fundava no Novo Mundo. 
 
Segundo Karnal2 e O’Callaghan3 (1990 apud Dugaich 2001:30-31): 
 
 Os peregrinos eram denominados de ‘Pilgrin Fathers’ (pais peregrinos) por terem sido 
considerados os mais importantes fundadores da nação americana. Eram puritanos e 
acreditavam ter a missão de formar um ‘novo Israel’. Desse modo, buscavam na Bíblia 
provas dessa missão, como se formassem um grupo escolhido por Deus com a 
missão de formar uma sociedade de ‘eleitos’. 
 
É interessante percebermos que a palavra ‘muito’ neste contexto é um advérbio 
de intensidade ou intensificador: está intensificando o conteúdo do adjetivo 
‘diferente’. 
 
À guisa de observação, embora não no mesmo contexto, em português a palavra 
‘muito’ pode ser: quantificador e intensificador. O que não acontece com a língua 
inglesa: a palavra ‘very’ é apenas intensificador, havendo ‘much e many’ além de 
outras, para quantificador. Essas diferenças estruturais interferem, sem dúvida, no 
efeito de sentido de um texto. 
 
4º parágrafo. 
 
Em português: 
 
‘ Não ousamos esquecer, hoje, que somos os herdeiros daquela primeira revolução. 
Digamos neste momento e deste lugar, aos amigos e aos inimigos, que a tocha 
passou para uma nova geração de americanos, nascida neste século, temperada pela 
guerra, disciplinada por uma paz amarga e fria, orgulhosa de nossa herança histórica 
– e que não está disposta a testemunhar ou permitir a lenta eliminação dos direitos 
humanos com cuja defesa esta nação sempre esteve comprometida, e com os quais 
está comprometida hoje’. 
 
 
Kennedy diz: 
 
“We dare not forget today that we are the heirs of that first revolution. Let the 
word go forth from this time and place, to friend and foe alike, that the torch has been 
passed to a new generation of Americans – Born in this century, tempered by war, 
 
2 KARNAL, Leandro. Estados Unidos: da colônia à independência. São Paulo: Contexto, 1990. 
 
3 O'CALLAGHAN, B. An Illustrated History of the USA. Hong Kong: Longman, 1990. 
9 
 
disciplined by a hard and bitter peace, proud of our ancient heritage – and unwilling to 
witness or permit the slow undoing of those human rights to which this Nation has 
always been committed, and to which we are committed today at home and around the 
world”.“Let the word go forth” esta expressão, que indica um imperativo, constitui 
semanticamente um sentido bem mais amplo que simplesmente ‘digamos’, aquela 
expressão remete produzir este efeito de sentido: ‘Permitamos que o ‘verbo’ se 
perpetue’. Naquele momento Kennedy quis tornar pública a sua posição perante 
os amigos e os possíveis inimigos (União Soviética, Cuba e Vietnã) da nação 
norte-americana, daí que suas palavras ecoem pelos quatro cantos do mundo. 
 
É pertinente ressaltarmos que o termo norte-americano para esclarecer a Guerra-
Fria deva ser entendido como “estados-unidenses”, uma vez que aos norte-
americanos se incluem também o Canadá e o México e o conflito era gerado 
somente entre os Estados Unidos e a União Soviética. 
 
Neste mesmo parágrafo houve a interferência do tradutor em acrescentar a 
locução adverbial de tempo ‘neste momento’, o que não ocorre no original, que à 
guisa de observação não consiste em erro, apenas reforço do sentido implícito, 
que a partir da posse de Kennedy a política norte-americana tomaria um outro 
rumo – o rumo da paz. 
 
No mesmo parágrafo ainda ‘... que a tocha passou para uma nova geração de 
americanos’. Ao analisarmos a tradução em relação ao original “... that the torch 
has been passed ...” percebemos em português o tempo verbal pretérito 
perfeito, enquanto no original o presente perfeito na forma passiva. 
 
De acordo com a estrutura da língua inglesa, o ‘present perfect’ foi usado nesta 
frase, porque a ação se refere à outra que teve seu início e o seu fim no passado, 
mas cujos efeitos de sentido podem ser vistos até o presente momento. Ao 
contrário do que ocorre em algumas línguas românicas, há em português clara 
distinção no emprego do pretérito perfeito simples: indica uma ação que se 
produziu em certo momento do passado. É a que se emprega para “descrever o 
10 
 
passado tal como aparece a um observador situado no presente e que o 
considera do presente”. 
 
No que se refere ao emprego dos tempos e modos verbais, Lapa (op.cit: 283) nos 
esclarece: 
 
É dos pontos mais delicados da sintaxe portuguesa o emprego dos tempos e modos 
dos verbos. Aqui, só nos cumpre tratar, de maneira prática, as questões fundamentais 
que dependem não propriamente da Gramática mas da Estilística. Como princípio 
geral para o emprego dos tempos, seja dito desde já que o nosso espírito tende a 
tomar presentes, vividos atualmente, os fatos que se deram no passado ou 
sucederão no futuro. A nossa imaginação e o nosso sentimento procuram referir tudo 
no presente. 
 
Quando Kennedy se refere à “tocha” o efeito de sentido que esta referência 
produz é: ao enfatizar a “tocha” ele faz valer o discurso da Democracia 
Imperialista, na visão de Dugaich (1993) o efeito de sentido da tocha tem a 
peculiaridade de fazer com que, não apenas formulações discursivas 
anteriormente enunciadas venham a circular na memória discursiva dos 
interlocutores, mas também a de permitir que outros símbolos e sentidos sejam 
significados a partir de sua simbologia. 
 
Ainda no 4º parágrafo: 
 
Em português: 
 
‘[…] nascida neste século, temperada pela guerra, disciplinada por uma paz 
amarga e fria, orgulhosa de nossa herança histórica – que não está disposta a 
testemunhar ou permitir a lenta eliminação dos direitos humanos com cuja defesa 
esta nação sempre esteve comprometida, e com os quais está comprometida hoje’. 
 
 
Kennedy diz: 
“[…] born in this century, tempered by war, disciplined by a hard and bitter 
peace, proud of our ancient heritage – and unwilling to witness or permit the slow 
undoing of those human rights to which this Nation has always been committed, and 
to which we are committed today at home and around the world.” 
 
 
Os fragmentos acima ilustram a tipologia da língua portuguesa em que os 
modificadores nominais de função adjetiva, na maioria das vezes, pospõem o 
nome e, na tipologia do inglês, os modificadores o precedem, visto que cada 
11 
 
uma das línguas tem sua estrutura sintática própria, o que reafirmamos, tais 
estruturas são intraduzíveis, segundo Laranjeira (1993:21): “As variantes da 
língua, as formas dialetais ou simplesmente idioléticas trazem elementos de 
caracterização de difícil solução em tradução”. 
 
No que se refere a contrastividade semântica o modificador de função adjetiva 
“hard” significa – ‘duro, árduo’, portanto, o tradutor optou por traduzir por ‘fria’ 
para constituir um efeito de sentido que caracterizasse as tragédias da guerra – 
que os historiadores a denominam de Fria. 
 
‘Herança histórica’ produziria um efeito de sentido mais pertinente a este 
contexto se o modificador de função adjetiva “ancient” fosse traduzido por 
‘venerável’ porque, com esta afirmação, Kennedy se remete aos colonizadores 
ancestrais da história norte-americana. 
 
 “Unwilling”, neste contexto, traduzido por ‘disposta’ adjetivo igual a posto de 
certa maneira, arranjado, ordenado; cujo sentido, verificando com o original 
seria ‘relutante’. 
 
Para Lapa (1998:119): 
 
O adjetivo é portanto o elemento fundamental da caracterização dos seres; mas a 
Estilística tem uma noção muito mais larga do adjetivo do que a Gramática: para 
ela tudo quanto sirva para caracterizar, jeito de entoação, palavra ou frase, vale 
como adjetivo. 
 
 
“Undoing of those...” traduzido por ‘eliminação dos...’ cujo sentido, entendemos 
mais adequado seria ‘exterminação dos’, uma vez que Kennedy quer manter 
uma relação pacífica com o seu povo e com os povos aliados à nação 
americana, para a preservação dos direitos humanos. 
 
Lapa (op. cit: 238) afirma: “O com separa o grupo em dois quadros e faz jorrar 
luz sobre eles. A pausa, indicada pela vírgula, ajuda os olhos a fazerem a 
separação e a verem melhor”. 
 
12 
 
Há de se observar que “undoing” indica, em inglês, o gerúndio do (verbo “undo” 
mais “ing”) é uma forma verbal que é usada no lugar dos substantivos ou 
pronomes. Como os substantivos, o gerúndio nomeia coisas – neste caso, 
atividades que são normalmente expressadas pelos verbos. 
 
Houve omissão no final do parágrafo. Lemos no original “...committed today at 
home and around the world”. “... comprometida hoje nos EUA e ao redor do 
mundo”. 
 
Temos de salientar os apagamentos de sentido nesta parte do discurso porque 
é nela que aparecem os efeitos de sentido, onde Kennedy se remete ao 
discurso da Democracia Imperialista. Esta realidade é bastante presente na 
formação discursiva do sujeito norte-americano e é preciso trazer à tona, para 
que o sujeito brasileiro possa entendê-la. 
 
5º parágrafo: 
Em português: 
 
 ‘ Que tôdas as nações, que nos desejam bem ou mal saibam que pagaremos 
qualquer preço, suportaremos qualquer esfôrço, enfrentaremos quaisquer 
vicissitudes, apoiaremos qualquer amigo e nos oporemos a qualquer inimigo para 
garantir a sobrevivência e o sucesso da liberdade’. 
 
 
Kennedy diz: 
 
 “Let every nation know, whether it wishes us well or ill, that we shall pay any 
price, bear any burden, meet any hardship´, support any friend, oppose any foe, in 
order to assure the survival and the success of liberty”. 
 
 
A Modulação gerou o apagamento de sentido, isto é, não enfatizou o 
imperativo, bem como a idéia de unidade, que neste sintagma revela, 
causando modificação de efeito de sentido, em nível semântico e estrutural. 
 
Sugerimos: 
13 
 
 
 ‘ Saibam todas as nações que, por ventura, nos desejam o bem ou o 
mal,” 
 
Na leitura de Lapa (op. cit: 193) há em português dois imperativos, ao contrário 
do que sucede em outras línguas, como no francês e italiano – um imperativo 
positivo e outro negativo. Nestecontexto se insere o imperativo positivo que 
marca uma ordem dada com energia. 
 
A adaptação imprópria em “burden” que neste contexto produziria um efeito 
melhor de sentido, se fosse traduzido por ‘fronteira, obstáculo’ e, não, por 
‘esforço’. 
 
Percebemos que Kennedy quer deixar claro que a nação americana enfrentará 
qualquer obstáculo que possa interferir na hegemonia do país e na paz 
mundial. A sua atitude transpassará as fronteiras, isto é, interferirá nos países 
oponentes para que sua proposta se efetive. 
 
Kennedy, neste parágrafo, se posiciona como um orador fascinante, de 
posições firmes em sua política interna e externa. 
 
Segundo Orlandi (1993:119): 
 
[...] no processo de enunciação, todo elemento sintático tem um contorno 
significativo, é preciso procurar a diferença de sentido instaurada pela diversidade 
dessas construções (...) a diferença de construções tem sempre uma razão que 
não é a simples diferença de informação, mas, sim, de efeitos de sentido. 
 
 
7º parágrafo: 
 
Em português: 
 
‘  Aos velhos aliados, com os quais partilhamos nossas origens culturais e 
espirituais, prometemos a lealdade de amigos fiéis. Unidos, há pouco que não 
possamos lograr em muitas iniciativas conjuntas. Divididos, há pouco que 
possamos fazer – pois isolados e separados não ousaríamos enfrentar um desafio 
poderoso’. 
14 
 
Kennedy diz: 
 
“To those old allies whose cultural and spiritual origins we share, we pledge the 
loyalty of faithful friends. United, there is little we cannot do in a host of 
cooperative ventures. Divided, there is little we can do – for we dare not meet a 
powerful challenge at odds and split asunder”. 
 
 
Neste parágrafo Kennedy refere-se aos colonizadores ingleses. As duas 
nações são unidas pelas mesmas ideologias, haja vista que os Estados devem 
lidar constantemente com o legado do último grande império do Ocidente, a 
Grã-Bretanha, que esteve em todos os lugares para onde os Estados Unidos 
estão indo. Hoje a Grã-Bretanha de Tony Blair está de volta àlgumas das 
arenas de sua antiga supremacia – mas desta vez como parceira secundária. A 
exemplo disto – a Guerra do Iraque. 
 
É neste ideal conquistador que diferem a formação discursiva do sujeito norte-
americano em confronto com a formação discursiva do sujeito brasileiro. 
 
Entendemos que a formação discursiva advém do discurso fundador. A 
Colonização Norte-Americana é pautada na colônia de povoamento e 
expansão da terra conquistada. Ao passo que a brasileira é pautada na colônia 
de exploração. 
 
 Segundo Alfredo Bosi (1980:13) a colônia é, de início, o objeto de uma 
 cultura, o‘outro’ em relação à metrópole, em nosso caso (o Brasil), foi a 
 terra a ser ocupada, o pau-brasil a ser extraído, enfim, a matéria-prima 
 a ser carregada para o mercado externo. A colônia só deixa de ser 
 colônia quando passa a sujeito da sua história. Mas essa passagem 
 fez-se no Brasil por um processo de aculturação do português e negro 
 à terra e às raças nativas; e fez-se com naturais crises e desequilíbrios. 
 
Acompanhar este processo na esfera de nossa consciência histórica é pontilhar 
o direito e o avesso do fenômeno nativista, complemento necessário de todo 
complexo colônia. 
 
No entanto esse processo se fez muito lentamente no Brasil justamente porque 
a Independência política só foi proclamada em 1822, trezentos anos de e sob a 
interferência do colonizador. Essa interferência influenciou na formação 
discursiva do sujeito brasileiro. 
15 
 
8º parágrafo: 
 
Em português: 
 
 
  Aos novos Estados, que acolhemos no seio dos povos livres, prometemos 
que uma forma de contrôle colonial que desaparece não será simplesmente 
substituída por outra tirania muito mais férrea. Não pretendemos que apóiem 
sempre todos os nossos pontos de vidas. Mas esperamos que sempre apóiem sua 
própria liberdade, e lembramos que, no passado, os que, tolamente, tentaram 
valer-se da fôrça do tigre para cavalgá-lo, inevitavelmente terminaram engolidos 
por ele.’ 
 
 
 
Kennedy diz: 
 
 “To those new States whom we welcome to the ranks of the free, we pledge 
our world that one form of colonial control shall not have passed away merely to 
be replaced by a far more iron tyranny. We shall not always expect to find them 
supporting our view. But we shall always hope to find them strongly supporting 
their own freedom – and to remember that, in the past, those who foolishly sought 
power by riding the back of the tiger ended up inside.” 
 
 
 
Nesta frase grifada houve praticamente uma tradução literal de “... those who 
foolishly sought power by riding the back of the tiger ended up inside” que não 
interfere na contrastividade sintática, porém vale a pena entendermos que 
nesta frase Kennedy recorre sabiamente à metáfora (cf. Orlandi, 2001:44) “(...) 
a noção de metáfora que é imprescindível na análise de discurso. Ela não é 
considerada, como na retórica, como figura de linguagem”. 
 
A metáfora cf. Lacan, (1966) é aqui definida como a tomada de uma palavra 
pela outra. Na análise de discurso, ela significa basicamente ‘transferência’, 
estabelecendo o modo como as palavras significam, semanticamente, em 
português não se percebe o efeito de sentido implícito. 
 
Também, segundo Mounin (1975:58), em cada língua alcançamos uma certa 
quantidade de substância do conteúdo, associada a uma forma lingüística, e 
não à totalidade desta substância, jamais podemos estar certos de que se trata 
da mesma fração de substância desse conteúdo para duas línguas diferentes. 
Interpretando tal metáfora entendemos que Kennedy faz referência aos países 
16 
 
asiáticos. 
 
É fundamental que se observe o fato de que o referente tigre se deu 
especificamente na fronteia do 7º e 8º parágrafos, exatamente no momento 
que JKF passará a ter como interlocutor endereçado países da Ásia. E, o ponto 
crucial dessa particularidade reside no fato de que países da Ásia envolvia a 
República Popular da China, na pessoa de seu líder Mao Tse-Tung e o Vietnã 
do Norte sob a liderança de Ho Chi Minh, que, influenciado pelo líder chinês 
tentava implantar o regime comunista no Vietnã do Sul. cf. Dugaich: 
(1993:165). 
 
LaFaber (op. cit: 199) relata: 
 
Mao assumed, as a Chinese newspaper commented in February 1958, that the 
Soviet successes had created a ‘qualitative change in the distribution of world 
power [which] had… torn apart the paper tiger of American imperialism and 
shattered the tale of the ‘position of strength’. The Chinese urged strong support for 
‘wars of liberation’ in the newly emerging nations, wars that could be safely fanned 
because the American strategic power had been neutralized. Khrushchev refused 
to cooperate in such recklessness. He knew that his ICBM program was 
considerably more of a ‘paper tiger’ than the American long-range bombing force4. 
 
 
9º parágrafo: 
 
Em português: 
 
 ' Aos povos que habitam casebre e vilarejos, em metade do globo, lutando 
para romper os grilhões da miséria coletiva, prometemos nossos melhores 
esforços, garantimos que estamos dispostos a ajudá-los a se ajudarem, pelo tempo 
que fôr necessário – não porque os comunistas o façam, não para obter seus 
votos, mas porque essa é a atitude correta. Se a sociedade livre não puder ajudar 
os muitos que são pobres, ela jamais poderá salvar os poucos que são ricos’. 
 
 
 
4 Mao assumiu, com o divulgado em um jornal chinês em fevereiro de 1958, que os êxitos 
soviéticos criaram uma ‘oportunidade qualitativa na distribuição de poder no mundo [o qual] 
tinha... arrasado o tigre de papel do imperialismo americano e esfaceloua farsa da ‘posição da 
força. Os chineses impeliram um forte apoio pelas ‘guerras de libertação’ nas recentes nações 
emergentes, guerras que poderiam ser seguramente insufladas devido à força estratégica 
americana ter sido neutralizada. Khrushchev recusou-se a cooperar com tal imprudência. Ele 
sabia que seu programa ICBM era consideravelmente mais um ‘tigre de papel’ do que o poder 
americano de bombardeio de longo alcance. (tradução nossa). 
17 
 
Em Inglês 
 
 “To those peoples in the hunts and villages across the globe struggling to break 
the bonds of mass misery, we pledge our best efforts to help them help themselves, 
for whatever period is required – not because the Communists may be doing it, not 
because we seek their votes, but because it is right. If a free society cannot help the 
many who are poor, it cannot save the few who are rich.” 
 
 
 
O efeito de sentido que observamos neste parágrafo é de que o governo 
Kennedy viu-se terrivelmente embaraçado com os resultados da malograda 
intervenção em Cuba, então o novo presidente tentava criar uma nova imagem 
dos Estados Unidos reativando algumas bandeiras do reformismo social 
desfraldadas anteriormente por Franklin Roosevelt, nos anos 30. 
 
Por meio do programa “Aliança para o Progresso” passam a ajudar com 
distribuição de alimentos, leite e medicamentos os países latinos americanos e 
também os da África negra. 
 
Retomando a frase ‘A tocha havia passado para uma nova geração de 
americanos’, também, neste contexto, significava moderar o vício 
intervencionista nos assuntos internos dos seus vizinhos. 
 
Vejamos em LaFaber (op. cit: 215): 
 
Kennedy picked Latin America for special attention. Besides the training of 
antiguerrilla forces and the establishment of the Peace Corps (Young men and 
women trained to perform teaching and technical services in newly emerging 
nations), the President announced on March 12, 1961, the Alliance for Progress5. 
 
 
Para o programa Aliança para o Progresso, Kennedy solicitou ao Congresso 
Americano a aprovação de 500 milhões de dólares, previsto na Ata de Bogotá. 
A quantia seria utilizada não como instrumento de guerra fria, mas como um 
passo firme no rumo do desenvolvimento sadio das Américas. 
 
5Kennedy dedicou especial atenção à América Latina. Além do treino de forças antiguerrilhas e 
o estabelecimento do Exército de Paz (composto por rapazes e moças treinados para 
desempenhar o ensino e serviços técnicos nas nações emergentes recentes), o Presidente cria 
a 12 de março de 1961, a Aliança para o Progresso. 
 
18 
 
A missão de envio de alimentos tinha como objetivo principal, examinar os 
meios pelos quais a grande fartura americana de alimentos pudesse ser 
utilizada para contribuir com o fim da fome e da subnutrição em certas zonas 
de sofrimento do hemisfério. 
 
10º parágrafo: 
 
Em português: 
 
 ‘ A nossas repúblicas irmãs, do sul do Continente, fazemos uma 
promessa especial, a de converter bôas palavras em bôas ações, forjando uma 
nova aliança para o progresso, a de auxiliar homens livres e governos livres a 
livrarem-se das cadeias da pobreza. Mas, essa pacífica revolução de esperança 
não deve tornar-se presa de potências hostis. Saibam nossos vizinhos que nos 
uniremos a êles para enfrentar a agressão e a subversão, em qualquer lugar das 
Américas. E saibam tôdas as outras potências que êste Hemisfério pretende ser 
dono e senhor de si mesmo’. 
 
 
Kennedy diz: 
 
 “To our sister republic south of our border, we offer a special pledge – to 
convert our good words into good deeds – in a new alliance for progress – to assist 
free men and free governments in casting off the chains of poverty. Let all our 
neighbors know that we shall join with them to oppose aggression or subversion 
anywhere in the Americas. And let every other power know that this Hemisphere 
intends to remain the master of its own house.” 
 
 
Analisemos os fragmentos acima: ‘A nossas Repúblicas irmãs ao sul de nossas 
‘fronteiras’, produz um efeito de sentido mais adequado do que ‘continente’. 
Entendemos que as Américas formam o Continente Americano incluindo os 
Estados Unidos. 
 
Houve Acréscimo do verbo forjando que não consta do original que não deixa 
de constituir um efeito de sentido. Entendemos que o tradutor acrescentou este 
verbo para ressaltar o efeito de empenhar o prestígio do governo Kennedy na 
execução de um vasto plano de reforma imperial que servisse, especialmente 
na América Latina, como alternativa social ao comunismo, porém com o 
desastre da Praia de Girón6, uma nuvem de suspeição vinda do Terceiro 
 
6 Em 1961 os Estados Unidos romperam as relações diplomáticas com Cuba e Kennedy 
autorizou a invasão militar do país pelos exilados cubanos treinados por militares norte-
americanos. No dia 17 de abril de 1961, com apoio aéreo dos Estados Unidos, os contra-
19 
 
Mundo lançou sombras sobre a sinceridade do novo presidente. Fato que 
traduz bem o significado do verbo em destaque. 
 
No mesmo parágrafo “Chains” foi traduzido por cadeia, na verdade seria mais 
adequado traduzir-se literalmente por “correntes”, mesmo porque em inglês o 
substantivo está na forma plural e foi traduzido por um substantivo no singular. 
 
No nível morfológico é importante que se percebam vários itens que implicam 
na contrastividade lingüística, ao levarmos em conta, neste fragmento, a 
questão dos adjetivos dele constantes, como por exemplo: good; new; free; etc. 
 
Chegamos a conclusão de que tal classe de palavras em inglês é invariável em 
gênero e número, o que não ocorre em português, vejamos: “good deeds” 
apenas o substantivo variou em número e em português teremos: boas ações 
tanto o adjetivo como o substantivo variou em número. 
 
Há também de verificarmos a questão do plural dos substantivos: em português 
quando qualificado por qualquer elemento que identifique mais de uma unidade 
discreta, com ou sem exatidão numérica é sempre marcado por (s) final, já em 
inglês há substantivos, que constam do discurso de JFK, marcados por (s) 
final, como por exemplo: “chains, deeds” e tantos mais, mas há também, no 
caso de algumas formas de substantivo que formam seus plurais pela troca da 
vogal Thomson; Martinet (1985:26) “A few nouns form their plural by vowel 
change” como, por exemplo “man” (singular) e “men” (plural); “foot” (singular) e 
“feet” (plural). 
 
Estes segmentos produzem os efeitos de sentido sobre Kennedy de querer 
enfatizar a voz da Doutrina Monroe: “America is for Americans”. Este slogan 
resumia a doutrina lançada em 1823 pelo presidente dos Estados Unidos, 
James Monroe. A doutrina estabelecia como prioridade, na política externa, a 
ampliação da influência de Washington sobre os países do continente 
 
revolucionários desembarcaram na praia de Girón, na baía dos Porcos, mas foram derrotados 
em 72 horas. (cf. LaFeber, op. cit.) 
20 
 
americano, também, a voz da autoridade que garante a soberania das Nações 
Unidas. 
 
14º parágrafo: 
 
Em português: 
 
 ‘ Mas, os dois grupos grandes e poderosos e nações não podem 
conformar-se com a situação atual – ambos os lados sobrecarregados pelo custo 
do armamento moderno, ambos justamente alarmados pela disseminação do 
átomo letal e não obstante ambos correndo para alterar aquele incerto equilíbrio 
de terror diante do espectro da guerra final da humanidade’. 
 
 
Kennedy diz: 
 
“But neither can two great and powerful groups of nationstake comfort from 
our present course – both sides overburdened by the coast of modern weapons, 
but rightly alarmed by the steady spread of the deadly atom, yet both racing to alter 
that uncertain balance of terror that stays the hand of mankind’s final war.” 
 
 
 
Percebemos aqui, mais uma vez, a tradução literal “... both rightly alarmed by 
the steady of the deadly atom,...” Neste contexto seria mais adequado 
traduzirmos por ‘ambos os lados justamente alarmados com o armamento 
atômico letal’. 
 
Nesse instante do discurso Kennedy faz referência à Paz Mundial. Por meio da 
postura antagônica, que envolve as superpotências, consiste na oposição de 
idéias entre os líderes dos EUA e URSS. Neste contexto JFK insiste em que se 
perpetue o desarmamento atômico que tanto ameaça a humanidade. 
Entendemos que o sentido que o antagonismo provoca na figura de JFK é: 
“governar” é saber contrariar interesses. 
 
Ainda, a intenção de Kennedy é de tranqüilizar a humanidade que vivia uma 
atmosfera de ‘véspera de apocalipse’ no qual os seres humanos ao redor do 
mundo fugiam para paraísos artificiais das drogas, buscando prazeres totais, 
arrebentando a estética em busca de uma linguagem nova. Praticavam 
21 
 
radicalismos como meio de protestos, vivendo e fazendo tudo para fazer viver 
valores que a ‘bomba’ ameaçava destruir, numa comovente busca de um novo 
‘Renascimento’ em cujo centro estava o Homem. 
 
 
15º parágrafo. 
 
 
Em português: 
 
 ‘ Assim, recomecemos, portanto, lembrando num e noutro lado, de que 
civilidade não é sinal de fraqueza, e de que a sinceridade está sempre sujeita 
a(sic) prova. Negociemos sem temor. E jamais temamos negociar’. 
 
 
Kennedy diz: 
 
“So let us begin anew – remembering on both sides that civility is not a sign of 
weakness, and sincerity is always subject to proof. Let us never negotiate out of 
fear. But let us never fear to negotiate.” 
 
 
O efeito de sentido que este parágrafo produz é o de que Kennedy se mostra 
disposto a negociar um acordo de paz com a URSS e, concomitantemente, 
com Cuba para que cessem as disputas entre as potências, a bem do 
desarmamento nuclear, cujas três metas e o sonho da ONU eram: 
“Desarmamento, Descolonização e Desenvolvimento”. 
 
Percebemos também, que na tradução há incidência da preposição ‘de’, 
conforme grifadas na citação. Entendemos não haver necessidade do uso de 
tal preposição. Segundo Lapa (op. cit: 241): “A preposição de no seu 
significado primitivo marca o lugar donde, a origem. E como a idéia de causa 
anda estreitamente ligada à de origem, não é de se estranhar que a preposição 
acabe também por exprimir a causalidade”. 
 
 
 
22 
 
16º parágrafo. 
 
 
Em português: 
 
 ‘ Que ambos os lados examinem os problemas que nos aproximam, em 
vez de atacar os problemas que nos separam’. 
 
Kennedy diz: 
 
 “Let both sides explore what problems unite us instead of belaboring those 
problems which divide us.” 
 
 
 
Entendemos que ‘os problemas que nos aproximam’ está relacionado à 
conquista da Paz mundial e ‘os problemas que nos separam’ relaciona-se aos 
mísseis nucleares. E, também, ao acordo de neutralização do Laos (assinado 
em 1961) na época o foco mais explosivo da Guerra-Fria. 
 
Observamos neste parágrafo o recurso à figura de retórica antítese (aproximam 
x separam) que consiste opor a uma outra idéia de sentido contrário. O apelo à 
antítese cf. Garcia, (1978:77) e às suas variantes (oximoro e paradoxo) parece 
reflexo da própria realidade, que, por ser múltipla, é em si mesma contrastante. 
 
Dugaich (op. cit:149) interpreta o sentido de antítese: 
 
Consideramos que o recurso em ‘unite x divide’ permita a JFK negociar o contra-
argumento por antecipação e, ao mesmo tempo, significar credibilidade perante 
seus interlocutores, a partir da historicidade representada por ‘unite x divide’, 
que, a nosso ver, suscitou formulações discursivas anteriormente enunciadas por 
Benjamim Franklin, constitutivas de o enunciado de JFK, pois Franklin também se 
serviu do recurso da antítese ao contrapor ‘join x die’ (1754) – ‘unir x morrer’ e 
através de ‘to hang together x hang separately’ (1787) – ‘permanecer unidos x 
permanecer separados’. 
 
 
 
 
17º parágrafo. 
 
Em português: 
23 
 
 
‘ Que ambos os lados, pela primeira vez, formulem propostas sérias e concretas 
de armamentos – e subordinem o poder absoluto de destruição de outras nações 
ao controle absoluto de todas as nações’. 
 
 
Kennedy diz: 
 
 “Let both sides, for the first time, formulate serious and precise proposals for the 
inspection and control of arms – and bring the absolute power to destroy other 
nations under the absolute control of all nations.” 
 
 
Interpretamos neste parágrafo que Kennedy, como presidente de ideais 
pacifistas, cujo seu lema de governo era “Nova Fronteira” conclama a União 
Soviética para um acordo pacífico de ‘cessar’ armas nucleares. 
 
Pelos termos grifados em português, podemos concluir que está se fazendo 
uma referência à ONU – Organização das Nações Unidas cuja carta é um 
importante documento no tocante à matéria de reconhecimento e preservação 
dos direitos fundamentais do indivíduo do mundo pós-guerra em que era 
preciso evitar que atrocidades ocorridas durante a guerra fossem feitas 
novamente, garantindo que as gerações vindouras não sofressem tais 
atrocidades. 
 
Esta carta também possui no seu conteúdo as principais disposições com 
relação à manutenção da paz e segurança internacionais, dando prioridade ao 
estabelecimento das condições necessárias para que a efetivação da justiça e 
o respeito às obrigações conseqüentes da assinatura de tratados. A Carta 
também garante as condições necessárias ao progresso social e melhorias nas 
condições de vida. 
 
18º parágrafo. 
 
Em português: 
 
 
 ‘ Que os dois lados se unam para aplicar as maravilhas da ciência, em vez 
de aplicar os seus terrores. Juntos, exploremos as estrelas, conquistemos os 
24 
 
desertos, erradiquemos as doenças, desçamos às profundidades do oceano e 
incentivemos as artes e os comércios’. 
 
Kennedy diz: 
 
“Let both sides seek to invoke the wonders of science instead of its terrors. 
Together let us explore the stars, conquer the deserts, eradicate disease, tap the 
ocean depths, and encourage the arts and commerce.” 
 
 
Verificamos que os efeitos de sentido são de apelo à União Soviética e Cuba, 
mais especificamente a URSS, no sentido de cessarem as ameaças com 
armas nucleares. A bomba-satélite que os russos já tinham e que permanecia 
no ar 24 horas por dia, ou a bomba de nêutron, “o raio da morte”, que tem o 
poder de destruir apenas os homens, conservando as coisas inanimadas, ou 
qualquer outra das terríveis armas de destruição em massa. 
 
Kennedy também exalta, neste parágrafo, o empenho e o compromisso de os 
Estados Unidos não usarem os seus arsenais nucleares. Só o fariam, se assim 
fosse necessário. 
 
Ele argumenta ainda nestes parágrafos, que todo dinheiro gasto com os 
arsenais, que custam mais do que a renda conjunta de todos os países do 
Terceiro Mundo poderia ser bem mais empregado na pesquisa tecnológica e 
científica, empregando tais valores em estudos para a descoberta de cura para 
doenças, que se investisse em programas de disseminação da fome e da 
miséria humana. 
 
‘[...] desçamos às profundezas do oceano’, esta frase justifica a intenção de 
Kennedy de investir na exploração de petróleo, também que haja um consenso 
na pesquisa espacial, efeito de sentido contido na frase: ‘Juntos, exploremos as 
estrelas’, uma vez que a URSS também desenvolviaum programa espacial. 
 
 
19º parágrafo. 
 
25 
 
Em português: 
 
 ‘ Que os dois lados se unam para executar nos quatro cantos da Terra a 
profecia de Isaias’ – “aliviar os pesados fardos e libertar os oprimidos”.’ 
 
 
Kennedy diz: 
 “Let both sides unite to heed in all corners of the earth the command of 
Isaiah – to “undo the heavy burdens … and to let the oppressed go free.” 
 
 
Percebe-se, então, o apelo à Paz Mundial e a Democracia. Que as 
superpotências ajudem os países pobres – percebemos este efeito de sentido 
pela referência a profecia de Isaías, “aliviar os pesados fardos e libertar os 
oprimidos”. 
 
Este contexto revela a questão referente ao campo da descolonização. Os 
primeiros resultados otimistas são percebidos através da concessão da 
independência política a dezenove países africanos, por esta atitude, sucedeu-
se uma prática já utilizada por potências européias no século XIX – o 
neocolonialismo –, um fenômeno novo para a década de 60 por ter sido 
retomada uma prática utilizada no século anterior. 
 
O neocolonialismo era caracterizado pela corrida das superpotências em busca 
da ocupação do que se convencionou chamar de “espaços geopolíticos” ou 
“vazios estratégicos”, originados pela retirada das potências européias de suas 
antigas colônias. Considerando que a independência era a libertação política, 
esta implicava também a rejeição dos valores culturais do Colonialismo (século 
XVI, a supremacia das duas super potências da época – Portugal e Espanha) e 
a valorização das normas, princípios e padrões culturais africanos. Como 
resultado dessas lutas, quase todos os países africanos, com exceção das 
Ilhas Canárias, se tornaram independentes. 
 
20º parágrafo. 
 
Em português: 
 
26 
 
 
 ‘ E, se for possível estabelecer uma “cabeça de ponte” nas selvas da 
suspeita, que ambos os lados se unam na tarefa seguinte: a criação, não de novo 
equilíbrio do poder, mas um novo mundo regido pelas leis, onde os fortes sejam 
justos, os fracos estejam seguros e a paz seja preservada para sempre’. 
 
 
Kennedy diz: 
 
 “And if a beachhead of cooperation may push back the jungle of suspicion, 
let both sides join in creating a new endeavor, not a new balance of power, but a 
new world of law, where the strong are just and the weak secure and the peace 
preserved.” 
 
 
Outra preocupação de Kennedy com a série de explosões que poderiam 
ocorrer com a paridade atômica, as duas superpotências mantinham o mundo 
sob o equilíbrio do terror e ao mesmo tempo punham o mundo a salvo do risco 
de uma guerra premeditada, mas deixa no ar duas ameaças: a das guerras por 
acidentes e a das ‘guerras catalíticas, isto é, a guerra nuclear provocada por 
conflitos menores. 
 
O Vietnam, com o acordo de Laos encerrava naquele momento esse risco, já 
que as duas superpotências temiam que aquela região escapasse ao controle 
delas. 
 
21º parágrafo. 
 
Em português: 
 
 ‘ Nada disso se poderá fazer nos primeiros cem dias, nos primeiros mil 
nem em todo o nosso mandato, nem talvez no decorrer de nossa existência. Mas 
comecemos’. 
 
 
Kennedy diz: 
 
 “All this will not be finished in the first 100 days. Nor will it be finished in the 
first 1,000 days, nor in the life of this Administration, nor even perhaps in our lifetime 
on this planet. But let us begin.” 
 
 
27 
 
 
 Este parágrafo constitui de sentido óbvio, portanto, não há necessidade de 
tecermos comentários. 
 
 22º parágrafo. 
 
Em português: 
 
 ‘ Em vossas mãos, meus concidadãos mais do que nas minhas, 
estará o êxito ou malogro final de nossa ação. Desde que este país foi criado, 
cada uma das gerações foi convocada para dar provas de sua lealdade à nação. 
As sepulturas de jovens americanos que atenderam ao chamado da pátria dão a 
volta ao mundo’. 
 
Kennedy diz: 
 
 “In your hands, my fellow citizens, more than in mine, will rest the final success 
or failure of our course. Since this country was founded, each generation of 
Americans has been summoned to give testimony to its national loyalty. The 
graves of young Americans who answered the call to service surround the globe.” 
 
 
Aqui, Kennedy está se referindo aos cinqüenta mil soldados americanos que 
combateram e morreram na Guerra do Vietnã. Também exalta a noção de 
patriotismo do sujeito norte-americano. 
 
23º parágrafo. 
 
Em português: 
 
 ‘ Agora, o clarim nos chama novamente – não para o que 
empunhemos armas, embora delas necessitemos – não para que nos 
empenhemos numa batalha, embora nos encontremos prontos para a luta – mas 
para que arquemos com o fardo de longa luta crepuscular, que passa de um ano 
para outro: a luta contra os inimigos comuns do homem – a tirania, a miséria, a 
doença e a própria guerra.’ 
 
Kennedy diz: 
 
 “Now the trumpet summons us again – not as a call to bear arms, though 
arms we need; not as a call to battle, though embattled we are – but a call to bear 
the burden of a long twilight struggle, year in and year out, “rejoicing in hope, 
patient in tribulation” – a struggle against the common enemies of man: tyranny, 
poverty, disease, and war itself.” 
28 
 
 
Observamos que a ordem sintática na tradução da primeira oração caracteriza 
uma similaridade de caráter tipológico (SVO), porém a tradução do verbo 
“summons” na terceira pessoa do presente simples em Inglês, tendo a 
desinência verbal marcada pelo (s) final e em português as pessoas 
gramaticais são marcadas pela desinência verbal da terceira pessoa de 
presente do indicativo. 
 
A tradução por ‘chama’, não caracteriza uma similaridade de sentido. O verbo 
em inglês tem uma carga semântica bastante própria neste contexto, nos 
remete mais adequadamente a ‘convocar, a fazer um apelo’. 
 
Portanto, ocorreu o desvio de sentido, não provocando o mesmo efeito de que 
se fosse traduzido conforme sugerimos: ‘Agora, a trombeta nos convoca 
novamente...’. 
 
 
Concordamos com Orlandi7 (1983:119 apud Dugaich 1993:37): 
 
[...] no processo de enunciação, todo elemento sintático tem um contorno 
significativo, é preciso procurar a diferença de sentido instaurada pela diversidade 
dessas construções [...] a diferença de construções tem sempre uma razão que não 
é a simples diferença de informação, mas, sim, de efeitos de sentido. 
 
 
Observamos também que houve Omissão de “rejoicing in hope, patient in 
tribulation...” - ‘regozijo na esperança, paciência na tribulação...’ É uma citação 
bíblica (São Paulo, Romanos 12) e a não tradução desta citação apaga o credo 
religioso de Kennedy, que era um presidente católico8, que faz diferença em 
 
7 ORLANDI, E.P. Linguagem e seu funcionamento, 1983, Campinas, SP. Pontes. 
 
8 A religião de Kennedy era mais humana do que doutrinária. Era católico como Franklin 
Roosevelt era episcopaliano – porque nasceu na fé, viveu nela e esperava morrer nela. [...] 
Mas se Kennedy não era um católico norte-americano típico, seu exemplo ajudou a criar o 
catolicismo norte-americano progressista e indagador de década de 1960. Acima de tudo, ele 
mostrou que não há necessidade de conflito entre catolicismo e a modernidade, nenhum 
impedimento à plena participação católica na sociedade norte-americana. Seu alheamento do 
catolicismo norte-americano tradicional era parte de uma série de alheamentos – alheamento 
do paroquialismo da classe média, alheamento do ethos comercial, alheamento do liberalismo 
ritualista – que deu à sua percepção a frieza, frescor e liberdade que lhe foram peculiares, que 
29 
 
uma nação de maioria que não segue o catolicismo, embora os protestantes 
tambémfaçam uso dessa citação. 
 
O efeito de sentido que esta passagem produz na visão de Dugaich, (1993:199) 
é: 
 
Logo, uma proposta de União para o Bem da Humanidade sustentada nas vozes 
de um profeta do Velho Testamento – Profeta Isaías – e de um apóstolo do Novo 
Testamento – Apóstolo Paulo – permitiria a todos os interlocutores um outro 
movimento de sentidos, uma vez que a conclamação de Isaías e a prudência de 
Paulo traduziam o dever com o qual o ser humano, por excelência, sempre estivera 
comprometido – o dever para com o próximo. 
 
 
Em português: 
 
‘ Podemos forjar, contra esses inimigos, uma grande aliança global, Norte e Sul, 
Leste e Oeste – que garanta uma vida mais proveitosa para tôda a humanidade? 
Participareis desse histórico esfôrço? 
 
Kennedy diz: 
 
“Can we forge against these enemies a grand and global alliance, North and South, 
East and West, that can assure a more fruitful life for all mankind? Will you join in 
that historic effort?” 
 
 
 
Na leitura de Dugaich (op. cit: 129) o sentido interpretado por ela neste 
parágrafo é – o presidente eleito, tendo associado sua vitória à manifestação 
da liberdade de um povo que se entende consciente de sua cidadania. JFK, 
com sua inteligência e dotado de uma vida brilhante, argumentou sobre a 
emergência de se operarem mudanças, apontando a necessidade implacável 
de reestruturação. Apoiado ainda, na retórica e na sua inteligência, era 
necessário, portanto, enfatizar que o sucesso das novas medidas dependia 
sobremaneira da participação do povo norte-americano. 
 
 
também levou os que esperavam uma devoção do tipo mais familiar, a condená-lo como não-
de-voto. Na verdade, ele era intensamente dedicado a uma visão da América e do mundo, e 
dedicado com igual intensidade ao uso da razão e do poder para concretizar tal visão. (Cf. 
Arthur M. Schlesinger, Jr. apud Nakashima: 16) 
30 
 
Posto isto, Kennedy não poderia ignorar a importância fundamental de obter a 
adesão do povo norte-americano, uma vez que este se entendia atuante no 
governo. Confiante naquela adesão, JFK serviu-se da própria regra que o 
controlava, no sentido de prestar aos seus eleitores satisfações sobre suas 
ações, para, em seguida, impor ao povo o dever de participar de uma causa 
que o beneficiaria, acentuando o dever de o povo norte-americano participar do 
governo não apenas como censores, mas, essencialmente, enquanto 
colaboradores. 
 
25º parágrafo 
 
Em português: 
 
 ‘ Na longa história do homem somente a poucas gerações foi reservada a tarefa 
de defender a liberdade na hora em que corria o máximo perigo. Não me eximo 
dessa responsabilidade – eu a aceito – com satisfação. Não acredito que qualquer 
um de nós trocaria de lugar com qualquer outro povo ou qualquer outra geração. A 
energia, a fé e a devoção que dedicarmos a este esfôrço iluminará (sic) nosso país 
e todos que o servem – e o brilho dessa luz pode, de fato, iluminar o mundo’. 
 
Kennedy diz: 
 
 “In the long history of the world, only a few generations have been granted the role 
of defending freedom in its hour of maximum danger. I do not shrink from this 
responsibility – I welcome it. I do not believe that any of us would exchange places 
with any other people or any other generation. The energy, the faith, the devotion 
which we bring to this endeavor will light our country and all who serve it – and the 
glow from that fire can truly light the world.” 
 
 
Observamos que houve um erro de concordância verbal na tradução da frase 
(vide termo grifado) – em que o sujeito é múltiplo e o verbo configura-se no 
singular, cuja forma correta é: 
 
 ‘ A energia, a fé e a devoção que dedicarmos a este esforço iluminarão 
nosso país e todos que o servem.’ 
 
Lapa (op. cit: 202) define: “Sujeito múltiplo. Quando o sujeito se compõe de 
vários elementos justapostos, é de boa lógica que o verbo se ponha no plural.” 
 
31 
 
Entendemos neste parágrafo que Kennedy, de acordo com suas condições de 
produção argumenta com eufemismo (Lapa, op. cit: 21): “Este mesmo sentimento 
das conveniências sócias leva-nos muitas vezes a atenuar a dureza e a 
franqueza de certas expressões, que evocam imagens grosseiras ou 
desagradáveis”. 
 
Ela faz valer-se da potência dos Estados Unidos. Nenhum outro país pode 
enfrentá-los e, por essa impotência, deva aliar-se aos nortes-americanos e não 
aos países comunistas – “Não creio que qualquer um de nós trocaria de 
lugar com qualquer outro povo ou qualquer outra geração” – com esta 
frase Kennedy está disposto a propagar a Paz e, também, punir aqueles que 
não atenderem o seu apelo, que confirmamos com outra frase proferida por 
ele: 
 
“Temos os meios de fazer da geração atual a mais feliz da humanidade na 
história do mundo – ou fazer dela a última”. 
 
Com esta frase Kennedy também se refere aos ‘transviados’ da época que 
tinham assustado a sociedade ao espalharem-se ruidosamente pelos bares, 
quebrando tabus (fumando, bebendo), a “geração perdida” do primeiro pós-
guerra. Um susto que intranqüiliza mais pelos efeitos do que pelas causas, 
embora alguns vissem nessas manifestações o prenúncio de qualquer coisa 
mais grave. 
 
 
26º parágrafo. 
 
Em português: 
 
 
 ‘ E assim, meus compatriotas, não pergunteis o que vosso país fará por 
vós; perguntai o que vós podeis fazer por vosso país’. 
 
 
Kennedy diz: 
32 
 
 
 “And so, my fellow Americans: ask not why your country can do for you 
– ask what you can do for your country.” 
 
 
 
27º parágrafo. 
 
Em português: 
 
 ‘ Meus concidadãos do mundo: não pergunteis o que os Estados Unidos farão 
por vós, mas o que, juntos podemos fazer pela liberdade do homem. ‘ 
 
 
28º parágrafo. 
 
Em português: 
 
‘ Finalmente, quer sejais cidadãos dos Estados Unidos ou do mundo, exigi os 
mesmos elevados padrões de fôrça e sacrifício que de vós exigimos. Esperando 
que a tranqüilidade da consciência seja nossa única recompensa e que a História, 
seja o júri supremo de nossos atos, assumimos a direção da pátria que amamos, 
pedimos a bênção e a ajuda do Todo-Poderoso, mas sabendo que aqui, na Terra 
o trabalho de Deus deve ser, realmente, o nosso’. 
 
 
Kennedy diz: 
 
 “Finally, whether you are citizens of America or citizens of the world, 
ask of us the same high standards of strength and sacrifice which we ask of you. 
With a good conscience our only sure reward, with history the final judge of our 
deeds, let us go forth to lead the land we love, asking His blessing and His help, 
but knowing that here on earth God’s work must truly be our own.” 
 
 
Nos três últimos parágrafos entendemos que o efeito de sentido que eles 
produzem, por um lado reforça o credo religioso de Kennedy – o catolicismo 
como já citado, de outro na medida em que ele apresentou sua vitória como 
uma constatação da celebração da liberdade, parece ter associado os 
resultados das eleições de 1960 nos Estados Unidos a uma escolha divina. 
 
Parece-nos que fica clara esta postura em outros momentos de seu discurso 
33 
 
de posse, como por exemplo: no 3º parágrafo – ‘(...) a crença de que os direitos 
do homem não provêm da generosidade do Estado, mas da mão de Deus’. É 
interessante considerarmos que por meio de um enunciado com tanta 
profundidade religiosa Kennedy relacionou a liberdade do povo norte-
americano para elegê-lo à manifestação da vontade de Deus. 
 
Dugaich (op. cit: 116) afirma: 
 
Ao concluir seu pronunciamento, JFK, parece ter retomado o sentido instaurado no 
2º parágrafoao defender a tese de que a missão do homem se resumia no 
cumprimento da obra de Deus na Terra. A nosso ver, instaurando o sentido de que 
ele fora escolhido para cumprir a obra de Deus entre os homens. 
 
Convém observarmos que a tradução do discurso foi toda pontuada por aspas, 
entendemos aqui a interferência da Língua Inglesa. O que marca o diálogo em 
Língua Portuguesa, na maioria das vezes, é o travessão. Também, o discurso 
como matéria jornalística, está com subtítulos entre os parágrafos. Entendemos 
ser uma estratégia da mídia jornalística para chamar e prender a atenção do 
leitor, dando ênfase ao conteúdo de cada parágrafo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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