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Pro! Julio Cesar O. 'Nalare Enfermeiro COREN-RJ 81330 • • • Estabilizadores do Humor: lítio, valproato, carbamazepina e outros ESTABILIZADORES DO HUMOR o transtorno do humor bipolar (THB) grave que acomete indivíduos jovens, crônico e muitas vezes incapacitante. é um transtorno mental cujo curso em geral é No controle dos seus sintomas a farmacoterapia é fundamental. Além disso, abordagens psico-educativas, individuais ou em grupo e incluindo os familiares, com informações sobre a doença (sintomas, períodos de crise, etiologia, curso e prognóstico, estresses indutores), sobre as drogas utilizadas (doses, tempo de uso, efeitos colaterais, controles laboratoriais), sobre aspectos nutricionais, exercícios físicos, impactos sociais são de grande utilidade, particularmente para manter a adesão ao tratamento que é de longo prazo e sujeito a intercorrências. Desenvolver no paciente a capacidade de identificar os sinais precoces do início de um novo episódio de mania ou depressão e de lidar com os fatores desencadeantes, é uma estratégia de grande valor para a prevenção de recaídas. Na tabela 6 estão os estabilizadores do humor em uso na atualidade, as doses diárias e níveis séricos recomendados. Lítio, ácido valpróico, carbamazepina são as drogas consideradas de primeira linha. Recentemente outros anticonvulsivantes como o topiramato, a lamotrigina, a gabapentina vem sendo testados, bem como a olanzapina. A eficácia destes novos compostos, no THB não está estabelecida de forma consistente. Tabela 6 Estabilizadores do humor, doses diárias e níveis séricos recomendados DROGAS Lítio (Carbolitium ) DOSESDIÁRIAS (mg) 900 - 2100 NÍVEIS SÉRICOS 0,6 - 1,2 mEq/ml Carbamazepina (Tegreto I ) 400 1600 8 - 12 g / ml . . Ácido valpróico/valproato Lamotrigina (Lamictal ) Topiramato (Topamax ) Gabapentina (Neurontin) 1-Lítio 500 - 1800 150-250 200-600 900-1800 50 - 120 g / 1.1 - Indicações e contra-indicações o lítio é utilizado no tratamento e na. profilaxia de episódios agudos tanto maníacos como depressivos do transtorno do humor bipolar, na ciclotimia, como potencializador dos antidepressivos em pacientes com depressão maior unipolar, que respondem parcialmente ou não respondem aos antidepressivos, em episódios de agressividade e de descontrole do comportamento. o lítio deve ser evitado nos pacientes chamados de cicladores rápidos (4 ou mais episódios por ano), pois a resposta tem sido insatisfatória; em pacientes com insuficiência renal, disfunção do nódulo sinusal, arritmias ventriculares graves, e com insuficiência cardíaca congestiva. Pacientes que apresentam vários episódios de mania, depressão seguida de mania, mania grave, mania secundária, adolescentes com abuso de drogas como comorbidade também respondem pobremente ao lítio. Em pacientes com hipotireoidismo pode-se usar o lítio se for acrescentado o hormônio da tireóide. Na gravidez, o lítio deve se possível ser evitado no primeiro trimestre. Para o seu eventual uso deve-se levar em conta a relação entre o risco de ocorrerem malformações com o uso do lítio, ou sem o seu uso, caso houver descontrole dos sintomas (WGBD,2002). 1.2 - Efeitos colaterais e reações adversas Os mais comuns são acne, aumento do apetite, edema, fezes amolecidas, ganho de peso, gosto metálico, leucocitose, náuseas, polidipsia, pollúria, tremores finos. É importante destacar que o lítio tem uma faixa de níveis séricos terapêuticos bastante estreita, podendo facilmente atingir níveis tóxicos (vômitos, dor abdominal, ataxia, tonturas, tremores grosseiros, disartria, nistagmo, letargia, fraqueza muscular, que podem evoluir para o estupor, coma, queda acentuada de pressão, parada do funcionamento renal e morte). . . 1.3 - Uso clínico e doses diárias Antes de iniciar o tratamento com lítio, é necessário um exame clínico e laboratorial incluindo dosagem de creatinina, uréia, eletrólitos, T4 livre, TSH, hemograma, eletrocardiograma (em pessoas com mais de 40 anos ou com possibilidade de apresentarem cardiopatias) e teste de gravidez, se houver algum risco. No uso do lítio é fundamental o controle laboratorial dos níveis séricos que, no início devem ser verificados 5 dias após a estabilização das doses, sendo que o sangue deve ser coletado 12 horas após a última tomada (+ ou 2 horas). o nível sérico para o tratamento da fase aguda da mania deve estar entre 0,9 e 1,2 mEq/l, e na fase de manutenção, entre 0,6 e 0,9 mEq/1. A dose para uso como potencializador de antidepressivo é de 600 a 900 mg/dia (0,4 a 0,6 mEq/1 no sangue) e deve ser utilizado por 2 meses, no mínimo. 1.4 - Mecanismos de ação o lítio é um cátion monovalente que, se acredita, interfere nos sistemas intracelulares de segundos mensageiros. Ele inibiria vários passos do metabolismo do inositol trifosfato (IP3), e da fosfoquinase, interferindo na transdução de sinais, na transcrição e na expressão gênica, através da síntese de novas proteínas. Esses efeitos teriam influência em vários aspectos do funcionamento neuronal, e provavelmente seriam os responsáveis pela ação profilática do uso continuado do lítio nos transtornos bipolares do humor (Lenox e Manji, 1995; Shansis et ai, 2000). 2 - Acido valpróico, divalproato 2.1 - Indicações e contra-indicações o ácido valpróico é um anticonvulsivante tradicionalmente utilizado na epilepsia: crises de ausência simples ou complexas, e em outros tipos. Pode ser de liberação gástrica (ácido valpróico) ou entérica (divalproato), que é melhor tolerada. E tão eficaz quanto o lítio no tratamento da mania e mais eficaz em cicladores rápidos e mania disfórica (Bowden et aI. 1994; WGBD, 2002). Tem sido preferido ainda em quadros maníacos de pacientes com traumatismo craniano, e em bipolares refratários ao lítio e/ou carbamazepina. o uso do ácido valpróico deve ser evitado em pacientes que apresentam insuficiência hepática, hepatite, hipersensibilidade à droga e durante a gravidez. 2. 2 - Efeitos colaterais e reações adversas Os efeitos colaterais mais comuns são: ataxia, aumento do apetite, ganho de peso, desatenção, fadiga, náuseas sonolência, sedação, diminuição dos reflexos, tremores, tonturas (Swann, 2001). 2.3 - Uso clínico e doses diárias As doses diárias recomendadas variam de 750/2500 mg, divididos em três tomadas. No tratamento da mania aguda recomenda-se que sejam atingidos níveis séricos de 50-100~g/ml, embora não esteja bem estabelecido, como no lítio, que exista uma correlação entre os níveis séricos e a eficácia clínica. 2.4 - Mecanismo de ação o mecanismo de ação do ácido valpróico não é totalmente conhecido. Acredita-se que ele atue tanto na mania quanto na epilepsia através de diversos mecanismos que teriam como efeito um aumento da atividade gabaérgica cerebral (inibitória): inibiria o catabolismo do GABA, aumentando sua liberação, diminuindo seu turnover, e aumentando a densidade de receptores GABAB. 3 - Carbamazepina A carbamazepina é um anticonvulsivante utilizado em diferentes tipos de epilepsia, especialmente epilepsia do lobo temporal, e que desde a década de 80 vem sendo utilizada no tratamento de quadros maníacos. Sua eficácia é comparável à do lítio, no tratamento agudo da mania (Post et ai, 1996; Ketter, 2002). 3.1 - Indicações e contra-indicações A carbamazepina é utilizada em pacientes não-responsivos ao lítio, ou que não o toleram, e na mania não clássica. Em pacientes maníacos hospitalizados se revelou tão eficaz quanto o lítio (Small et aI. 1991). Em cicladores rápidos, na mania disfórica, e na mania grave as evidências de resposta não são tão consistentes( Ketter et ai, 2002). É utilizada ainda para potencialização do efeito do lítio quando a resposta é parcial, e em quadros de agressividade ou descontrole dos impulsos. É contra-indicada em pacientes com doença hepática, trombocitopenia,ou em pacientes que estejam usando c10zapina(pode agravar problemas hematológicos). 3.2 - Efeitos colaterais e reações adversas Os efeitos colaterais mais comuns da carbamazepina são ataxia, diplopia, dor epigástrica, toxicicidade hepática, náuseas, prurido, rash cutâneo, sedação, sonolência, tonturas (Swan, 2001). 3.3 Uso clínico e doses diárias As doses diárias variam de 400 a 1600 mg/dia, em média 1000 a 1200mg, e devem ser aumentadas aos poucos para evitar efeitos colaterais como sedação, tonturas e ataxia. A recomendação de que sejam atingidos níveis séricos de 8 a 12 IJg/ml é baseada no seu uso como anticonvulsivante, mas não foi estabelecida uma correlação dos níveis séricos com a eficácia clínica. 3.4 - Mecanismos de ação As ações anticonvulsivantes da carbamazepina parecem ser exercidas em nível da amígdala por meio de receptores benzodiazepínicos centrais. Estimularia a formação da pregnenolona, um esteróide neuroativo, que atuaria em tais receptores. Atuaria ainda sobre a noradrenalina e o GABA (diminui o turnover do GABA), e sobre receptores glutamatérgicos do tipo NMDA(Shansis et ai, 2000). 4 - Outros estabilizadores do humor Outros anticonvulsivantes estão sendo propostos para o uso como estabilizadores do humor: a lamotrigina, o topiramato e a gabapentina (Marcotte, 1998; Calabrese et aI.1999; Calabrese et aI. 2001; Calabrese et aI. 2002, Zerjav-Lacombe, 2001). Embora os primeiros resultados sejam promissores sua eficácia no THB, entretanto, não foi ainda firmemente estabelecida. O topiramato apresenta uma vantagem sobre os demais: a perda de peso. A olanzapina foi recentemente aprovada pelo FDApara o uso no transtorno bipolar, em monoterapia. 5 Diretrizes para o tratamento farmacológico do Transtorno Bipolar 5.1 - Mania aguda e hipomania No tratamento agudo e de manutenção dos diferentes quadros maníacos (mania clássica, hipomania, ciclagem rápida) inicia-se, em geral com um dos estabilizadores do humor de primeira linha (lítio, ácido valpróico), associado ou não a benzodiazepínicos ou antipsicóticos (Schatzberg, 1998; Bowden, 1998; Bauer, 1999; Goldberg, 2000; Suppes et ai. 2001,2002). A resposta favorável ao lítio está associada à presença de humor eufórico, um padrão clássico de mania seguida de depressão, recuperação completa entre os episódios, poucos episódios prévios, uma história pessoal de resposta ao lítio, e uma história familiar de resposta ao lítio ou de transtorno bipolar (Bowden ,1995; Ketter e Wang, 2002). A resposta pode demorar de duas a 4 semanas e está associada, como já vimos, a valores séricos que devem se situar, para o lítio, entre entre 1,0 e 1,2 mEq/l, na fase aguda. Se associado ao quadro de mania existe inquietude ou insônia intensas, pode-se associar benzodiazepínicos potentes como o c10nazepam (Bowden, 1998). Se ocorrerem sintomas psicóticos, agitação psicomotora ou agressividade, são utilizados antipsicóticos: haloperidol, risperidona ou a olanzapina. Os novos antipsicóticos eventualmente estão sendo propostos como terapia isolada nos episódios maníacos agudos (risperidona, olanzapina, ziprazidona) (Lakshmi, 2002, WGBD 2002). 5.2 - Ciclagem rápida A ciclagem rápida é definida como a ocorrência de 4 ou mais episódios durante um ano, e é comum com o uso prolongado do lítio. A resposta, neste quadro, é mais favorável quando são utilizados o ácido valpróico e a carbamazepina (Bowden e cols., 1994, Bowden e cols., 1995; Calabrese e cols., 1992, McElroy e cols., 1988). 5.3 - Episódio misto A resposta ao lítio de episódios mistos é pobre. Por este motivo o ácido valpróico tem sido a droga preferida (Freeman et ai. 1992; Swann et aI. 1997). Se houver inquietude ou insônia intensas, pode-se associar o c1onazepam, e se o paciente apresenta também sintomas psicóticos, associa-se antipsicóticos, como no episódio maníaco. 5.4 - Episódio depressivo O lítio tem sido usado na depressão bipolar, mas nem sempre é eficaz. Caso não haja resposta e ele esteja sendo utilizado nas doses máximas recomendadas, a alternativa é associar um antidepressivo: bupropriona ou ISRS (paroxetina, citalopram) que, em princípio, tenderiam a provocar menos viradas maníacas, do que os tricíclicos, mantendo-se o antidepressivo pelo menor tempo possível. Uma alternativa é o uso da lamotrigina (Calabrese, et aI. 1999; WGBD, 2002). 6 - Terapia de manutenção e prevenção de recaídas o THB é um transtorno crônico com alto índice de recorrências. A taxa de recaída após um episódio de mania aguda com o uso de lítio situa-se em torno de 34°10, e com o placebo, em torno de 81% (Goodwin e Jamison, 1990). Depois de um primeiro episódio, com remissão completa dos sintomas recomenda-se o uso do lítio por pelo menos 6 meses, mantendo a litemia entre 0,6 a 0,8 mEq/l, pois este é o período de maior risco de recaídas, (Berghõfer e cols., 1996; Vestergaard e cols., 1998; Tondo et aI. 1998). Se o primeiro episódio de mania for bastante grave, pSicóticoou causar importante ruptura na vida do paciente, ou se for seguido de ciclotimla, o tratamento de manutenção deve ser bastante longo, podendo durar de até 4 anos, ou até mais. Uma alternativa ao lítio é o ácido valpróico. A eficácia da carbamazepina em prevenir recaídas não está bem estabelecida (WGBD, 2002). Em pacientes refratários pode-se usar uma combinação de estabilizadores de humor usualmente um anticonvulsivante com o lítio; pode-se ainda acrescentar um antipsicótico, e eventualmente até a clozapina. Benzodiazepínicos (Rivotril, Diazepan, Lexotam, Frontal e outros) i - - ~ Os tranquilizantes têm sido usados há milênios. O primeiro deles, e que continua a ser consumido, é o álcool. Atualmente, cada vez mais, diversos outros calmantes são lançados no mercado para alegria dos consumidores aflitos. Uma estatística da Organização Mundial de Saúde, publicada há alguns anos, mostrou um consumo anual de 500 mílhões de diferentes psicotrópicos no Brasil. Desses, 70% eram ansiolíticos, ou seja, medicamentos (geralmente benzodiazepínicos) para diminuir a ansiedade, apreensão, tensão ou medo. Muitas pessoas só dormem após tomarem seu sedativo preferido e, para suportar o dia desagradável que virá, ingerem mais outro calmante diurno. Alguns usam os tranquilizantes para viajar de avião, dançar, namorar, transar, fazer provas, dar aulas, casar, isto é, as atividades que podem acarretar certo grau de intranquilidade. Leo Stembach, acidentalmente, descobriu em 1955 o primeiro benzodiazepínico, denominado Clordiazepóxído (Librium). Logo depois, em 1963, foi produzido e comercializado o Diazepam (Valium). Seu uso se espalhou rapidamente por todo o mundo. Os benzodiazepínicos, fusão de benzeno com um anel diazepínico, atuam aumentando o efeito do neurotransmissor natural (congênito), o "ácido gama-aminobutírico" (GABA). Portanto, os benzodiazepínicos aumentam (potencializam) efeitos já existentes no homem e em outros animais. Estas substâncias químicas funcionam como inibidoras; atenuam as reações químicas provocadoras da ansiedade. Os benzodiazepínicos seriam, assim, agonistas (fortalecedores) do sistema GABA. Ultimamente as pesquisas têm indicado a existência de receptores específicos para os benzodiazepínicos no SNC, sugerindo a existência de substâncias endógenas muito parecidas com os benzodiazepínicos. Tais substâncias seriam uma espécie de "benzodiazepínicos naturais", ou mais precisamente, de "ansiolíticos naturais". Funções dos Benzodiazepínicos Os benzodiazepínicos produzem cinco efeitos principais no organismo: sedatívos, hipnóticos, ansiolíticos, relaxantes musculares e anticonvulsivantes. Os efeitos descritos são diferentes conforme o benzodiazepínico, entretanto, as respostas citadas estão presentes em todos os eles. Por exemplo, o Midazolam (Dormonid), Flurazepam (Dalmadorm) e Flunitrazepam (Rohypnol) são benzodiazepínicos com propriedadeseminentemente sedativo-hipnóticas; Eles são usados, também no preparo de pequenas cirurgias e exames laboratoriais. Por outro lado, o Alprazolam (Frontal) tem uma ação mais ansiolítica e menos sedativa. As propriedades descritas acima tomam os benzodiazepínicos úteis no tratamento da ansiedade, insônia, agitação, apreensões, espasmos musculares, abstinência do álcool e como pré-medicação nos procedimentos médicos ou odontológicos. Alguns benzodiazepínicos (entre eles o Rivotril) são também usados nas crises mioclônicas (contrações musculares súbitas e involuntárias), ausências (perda transitória de consciência), crises convulsivas tônico-clônicas e ainda, no tratamento da Doença do Pânico. Na maioria das vezes o benzodiazepínico é administrado por via oral, no entanto, ele também pode ser dado por via intravenosa, intramuscular ou retal. Atenção: o pico do efeito (ponto máximo da concentração sanguínea) do é alcançada mais rapidamente quando a via de administração for oral e não intramuscular. Assim sendo, havendo necessidade de rapidez, a via oral ou endovenosa é preferível à intramuscular. Duração das ações dos Benzodiazepínicos Os diferentes benzodiazepinicos existentes, Clordiazepóxido (Librium, Psicossedin); Diazepan (Valium, etc.); Clonazepam (Rivotril, etc.); Bromazepam (Lexotam, etc.); Alprazolan (Frontal e etc.); Lorazepam (Lorax, etc.); Cloxazolan, (Olcadil) e outros, são classificados como sendo de curto, médio e longo prazo quanto ao tempo que permanecem fazendo efeito (agindo) no organismo. Apoiados na duração do tempo de ação, pode-se deduzir que os benzodiazepínicos de tempo médio são os mais indicados para tratar a insônia. Já os benzodiazepinicos de duração maior são recomendados para o tratamento da Ansiedade Generalizada. Efeitos colaterais O novo grupo de drogas, inicialmente recebida com otimismo pela profissão médica, aos poucos produziu preocupações, em particular, o risco de dependência que se tornou evidente na década de 1980. Embora os antidepressivos com propriedades ansioliticas foram introduzidos, e existe uma crescente consciência dos efeitos adversos dos benzodiazepínicos, eles continuam a ser usados de forma exagerada e trivial para aliviar qualquer ansiedade. Os efeitos colaterais mais comuns dos benzodiazepínicos estão relacionados à sua ação sedativa e relaxante muscular, variando de indivíduo para indivíduo. A sedação produz a depressão, sonolência, tonturas, diminuição da atenção e concentração. A falta de coordenação muscular pode resultar em quedas e lesões, especialmente entre os idosos, além da dificuldade para andar. A diminuição da libido e dificuldade em ter ereção é um efeito colateral comum. A desinibição pode surgir levando a pessoa a ter uma conduta social inconveniente. A hipotensão e a respiração reprimida podem ser encontrada após o uso intravenoso. Efeitos colaterais menos comuns incluem náuseas e alterações do apetite, visão borrada, confusão, euforia, despersonalização e pesadelos. Casos de toxicidade hepática têm sido descritos, mas são raros. Efeitos a longo prazo Efeitos adversos tardios produzidos pelos benzodiazepínicos incluem uma deterioração geral da saúde mental e física que tendem a aumentar com o tempo. Nem todos, porém, enfrentam problemas com o uso a longo prazo. Os efeitos adversos podem incluir também o comprometimento cognitivo, bem como os problemas afetivos e comportamentais: agitação, dificuldade em pensar de forma construtiva, perda do desejo sexual, agorafobia e fobia social, ansiedade, depressão maior, perda de interesse em atividades de lazer e incapacidade de sentir ou de expressar as emoções. Além disso, pode ocorrer uma percepção alterada de si, do ambiente e nas relações sociais. Uso e abuso dos benzodiazepínicos Os benzodiazepínicos são comumente utilizados abusivamente e tomado em combinação com outras drogas de abuso. Em geral, os benzodiazepínicos são seguros e eficazes durante poucos dias, apesar dos prejuízos cognitivos e comportamentais, tais como a agressão e desinibição que podem ocorrer ocasionalmente. Os benzodiazepínicos tomados em overdoses podem causar inconsciência perigosa e profunda. No entanto, eles são muito menos tóxicos que seus antecessores, os barbitúricos (Gardenal, etc.). A morte raramente resulta quando um benzodiazepínico é a única droga tomada. Ele, junto a outros depressores do sistema nervoso central (álcool e opiáceos), gera um aumento da toxicidade. Os benzodiazepínicos provocaram uma rustória original. Eles foram os responsáveis pelo maior número de ações contra os fabricantes de medicamentos no Reino Unido, A disputa envolveu cerca de 14.000 pacientes e 1.800 escritórios de advocacia. A alegação básica foi a de que os fabricantes sabiam do potencial de dependência, mas, intencionalmente, não forneceram essa informação aos médicos. Enquanto isto, 117 médicos de clínica geral e 50 autoridades de saúde foram processados pelos pacientes supostamente atingidos pelo efeito indesejado dos benzodiazepínicos, isto é, a dependência e a dificil retirada do ansiolítico. Alastrou-se o sistema: alguns médicos passaram a exigir um formulário de consentimento assinado pelos clientes. Além disso, os médicos decidiram, antes de iniciar o tratamento, advertir seus pacientes dos possíveis riscos de dependência e da complicada retirada. Entretanto o processo judicial contra os fabricantes do remédio deu em nada. Idosos e os benzodiazepínicos Os efeitos adversos dos benzodiazepínicos são aumentados e os beneficios são diminuídos nos idosos. Os efeitos indesejáveis sobre a cognição neles podem ser confundidos e tratados como resultante da velhice ou de demência (Alzheimer e outras). Assim, os beneficios dos benzodiazepínicos são menores, e os riscos, maiores nos idosos. Os idosos têm o risco de aumentar a dependência e ficarem mais sensíveis aos efeitos adversos, tais como problemas de memóría, sedação diurna, dificuldade de coordenação motora e aumento do risco de acidentes automobilísticos e quedas. O efeito a longo prazo dos benzodiazepínicos e a dependência deles em idosos pode assemelhar-se à demência, depressão ou sindromes de ansiedade e, progressivamente piorar ao longo do tempo. Os benzodiazepínicos devem ser prescritos aos idosos com cuidado, em doses baixas e por um curto período de tempo. Os benzodiazepínicos de vida curta ou intermediaria são os preferíveis para os idosos, como Oxazepam e Temazepam. Os benzodiazepínicos de alta potência Alprazolam e Triazolam e os benzodiazepínicos de longa duração não são recomendados para os idosos devido ao aumento dos efeitos adversos. O uso a longo prazo dos benzodiazepínicos tem sido associado ao aumento do risco de comprometimento cognitivo. Mas sua relação com a demência permanece inconclusiva. Os benzodiazepínicos são prescritos, às vezes, para tratar os sintomas comportarnentais das demências. No entanto, à semelhança dos antidepressivos, eles não só têm pouca eficácia, como também podem piorar a demência. Antidepressivos São drogas que aumentam o tônus psíquíco melhorando o humor e, conseqüentemente, melhorando o conforto emocional e o desempenho de maneira global. I Depressão I Farmacologia I Os antidepressivos são drogas que aumentam o tônus psíquico melhorando o humor e, conseqüentemente, melhorando o conforto emocional e o desempenho de maneira global. Acredita-se que o efeito antidepressivo se dê às custas de um aumento da disponibilidade de neurotransmissores no SNC, notadamente da serotonina (5-HT), da noradrenalina ou norepinefrima (NE) e da dopamina (DA), juntamente com a diminuição no número dos neuroreceptores e aumento de sua sensibilidade. Ao bloquearem receptores 5HT2 (da serotonina) os antidepressivos também funcionam como anti enxaqueca. O aumento de neurotransmissores na fenda sináptica se dá através do bloqueio da recaptação da noradrenalina e da serotonina no neurôniopré-sináptico ou ainda, através da inibição da Monoaminaoxidase (MAO), que é a enzima responsável pela inativação destes neurotransmissores. Será, portanto, nos sistemas noradrenérgico o serotoninérgico do Sistema Límbico o local de ação das drogas anti depressivas empregadas na terapia dos transtornos da afetividade. Dil'idilldo os (lJlfidepressil'Os em 4 grupos: I - Antidepressivos Tricíclicos (ADT) 2 - Inibidores da Monoaminaoxidase (IMAO) 3 - Inibid. Seletivos de Recap. da Serotonina 4 - Antide ressivos Ati icos Antidepressivos Tricíclicos (ADT) O local de ação dos ADT é no Siste11Ul Limbico aumentando a NE e a 5HT na fenda sináptica. Este aumento da disponibilidade dos neurotransmissores na fenda sináptica é conseguido através da inibição na recaptação destas aminas pelos receptores pré- sinápticos. Há também, com o uso prolongado dos ADT, uma diminuição do número de receptores pré-sinápticos do tipo Alfa-2, cuja estimulação do tipo feedback inibiria a liberação de NE. Desta forma, quanto menor o número destes receptores, menor seria sua estimulação e, conseqüentemente, mais NE seria liberada na fenda. Portanto, dois mecanismos relacionados à recaptação; um inibindo diretamente a recaptação e outro diminuindo o número dos receptores. Em relação à farmacocinética dos ADT, é muito importante saber que o período de latência para a obtenção dos resultados terapêuticos é em tomo de 3-4 semanas. Normalmente os resultados terapêuticos são iniciados após um periodo mínimo de 15 dias de utilização da droga e, não raro, podendo chegar até 30 dias. Os ADT são potentes anticolinérgicos e, por esta característica, justificam-se alguns de seus efeitos colaterais. Infelizmente, enquanto os efeitos terapêuticos exigem um longo periodo de latência, o mesmo não acontece com os efeitos colaterais. Estes aparecem imediatamente após a ingestão da droga e são responsáveis pelo grande número de pacientes que abandonam o tratamento antes dos resultados desejados. Vem daí a importância da orientação ao paciente. A - Efeitos Colaterais 1-Oftalmológicos Pode-se observar com certa freqüência alguma dificuldade de acomodação visual dependendo da dose do ADT, fato que não é tão importante a ponto de obrigar uma interrupção no tratamento. Midriase (dilatação da pupila) também é uma ocorrência que pode ser observada, tratando-se de uma conseqüência dos efeitos anticolinérgicos dos ADT. 2 - Gastrintestinais Secura na boca ocorre em quase 100% dos pacientes em doses terapêuticas dos ADT. Embora incômoda, esse sintoma pode perfeitamente ser suportável e em casos mais severos podemos ter como conseqüência gengivite e mesmo glossite: Constipação intestinal também acontece em quase 100% das vezes e é resolvido com a mudança no hábito alimentar ou com a utilização de laxantes. 3- Cardiocirculatórios Os ADT podem provocar, principalmente no início do tratamento, um aumento na freqüência cardíaca, mas as taquicardias importantes são de ocorrência rara. Embora tenha havido grandes preocupações no passado em relação ao potencial disritmico dos ADT, na realidade, hoje se constata que podem ter uma atuação até antiarritmica, principalmente quando a arritmia é conseqüência de problemas emocionais. Outro efeito circulatório que pode molestar o paciente é a ocorrência de hipotensão postural, também perfeitamente suportável e que não exige mudança na posologia. 4 - Endocrinológico Alguns trabalhos apontam um aumento nos níveis de prolactina e, paradoxalmente, outros autores demonstram diminuição e outros ainda, níveis inalterados. A mesma disparidade encontramos em relação aos trabalhos sobre alterações dos hormônios teroideanos. Em relação ao eixo hipójise-suprarenal também não há nada conclusivo. A maioria dos autores concorda em que não há alterações neste sistema. Entretanto, parece ser relevante o aumento nos níveis de hormônio do crescimento com o uso de desipramina, um metabólito da imipramina. 5 - Geniturinário A retenção urinária pode ser observada, principalmente, em pacientes homens e portadores de adenoma de próstata. Embora deva ser dado mais atenção a estes pacientes, tal ocorrência não é contra-indicação absoluta ao uso dos ADT. Com muita freqüência encontramos disúria em ambos os sexos. Na esfera sexual podemos ter uma diminuição da libido, retardamento do orgasmo e mais raramente, anorgasmia (em ambos sexos). Como freqüentemente na depressão a libido já se encontra diminuída ou até abolida, com a melhora do quadro afetivo pelos ADT o paciente notar comumente uma melhora desta função, ao contrário do que poderíamos esperar se considerarmos apenas os efeitos colaterais. 6 - Sistema Nervoso Central A sedação inicial e sonolência são encontradas no início do tratamento, diminuindo sensivelmente após os 6 primeiros dias. Em doses terapêutícas a insônia, agitação e aumento da ansiedade não são comuns de se observar. Em pacientes mais idosos podemos encontrar a chamada "sÍndrome anticolinérgica central" com agitação, confusão mental, delírios e alucinações. Daí consíderar-se a utilização de doses menores em tais pacientes. Em pessoas predispostas podem ocorrer convulsões do tipo generalízadas devído ao fato dos ADT diminuírem o limiar convulsígeno. 7 - Alterações Gerais Tremores finos das mãos são observados com certa freqüência e respondem muito bem aos betabloqueadores (propranolol). Sudorese excessiva pode também incomodar o paciente mas não necessita cuidado especial. É comum um ganho de peso e, às vezes, os pacientes referem impulso para comer doce. Apesar disso os estudos controlados sobre o metabolismo dos glicídios não revelam maiores explicações. C - Intoxicação Sinais de intoxicação começam a aparecer quando a ingestão de ADT ultrapassa 500 mg/dia, porém, a dose letal e maior que isso: varia entre 1.800 e 2.500 mg (a dose terapêutica é de 75-150 mg/dia). Na intoxicação por ADT podemos encontrar agitação ou sedação, midrÍase, taquicardia, convulsões generalizadas, perda da consciência, depressão respiratória, arritmia cardíaca, parada cardíaca e morte. Tendo em vista a grande afinidade protéica dos ADT, sua eliminação por diálise ou diurese é muito dificil. Nos casos de intoxicação está indicado o uso de anticolenesterásicos (Prostigmina IM ou EV) e medidas de sustentação geral. D - Indicações Os ADT, em geral, estão indicados para tratamento dos estados depressivos de etiologia diversa: depressão associada com esquizofrenia e distúrbios de personalidade, síndromes depressivas senis ou pré-senis, distimia, depressão de natureza reativa, neurótica ou psicopática, síndromes obsessivo-compulsivas, fobias e ataques de pânico, estados dolorosos crônicos, enurese noturna (a partir dos 5 anos e com prévia exclusão de causas orgânicas). A Amitriptilina (Tryptanol@, Amytril@) está mais indicada também para os casos de ansiedade associados com depressão, Depressão com sinais vegetativos, Dor neurogênica, Anorexia e nos casos de dor crônica grave (câncer, doenças reumáticas, nevralgia pós-herpética, neuropatia pós-traumática ou diabética). A Maprotilina (Ludiomil@), embora seja descrito pelo fabricante como tetracíclico, não se justifica uma abordagem em separado dos tricíclicos. Tem melhor indicação na depressão de inicio tardio (involutiva ou senil), depressão na menopausa e na depressão por exaustão (esgotamento). Alguns autores indicam a maprotilina para os casos de Depressão Mascarada (denominação antiga da Depressão Atípica com Sintomas Somáticos). Também é útil na depressão com ansiedade subjacente, devido sua capacidade sedativa (como a Amitriptilina). A Nortriptilina é um antidepressivo tricíclico cujo mecanismo de ação é desconhecido. Inibe a ação de certos neurotransmissores, como a histamina, a serotonina e a acetilcolina, e aumenta o efeito pressor da noradrenalina, mas bloqueia o da fenetilamina. A indicação mais habitual paraa nortriptilina é para as síndromes depressivas de diversas etiologias; a depressão endógena parece responder melhor que outros estados depressivos. Depressão reativa, neurose reativa, neurose depressiva, coadjuvante da terapêutica hormonal na síndrome do climatério, arritmia ventricular, incontinência urinária. o local de ação dos antideprcllsivos é no Sistema Lúnbico aumentando a NE c a SRT na fcnda slnâptica. Este aumento da disponibilidade dos ncurotransmissores na fcnda sináptica é conseguido atm\'és da inibição na recaptllflJo destas aminas pelos receptores pre-slnápticos. o aumento de neurotransmissores na fenda sináptlca se dá através do hloqlleio da recaptaçlio da NE e da 511Tno neurônio pre-sináptico (neurônio 1 do exemplo) ou ainda, através da inibição da Monoaminaoxidase (MAO) que é a enzima responsá\'cl pela inativação destes neurotransmissores. recaptaçllo Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina (ISRS) O efeito antidepressivo dos ISRS parece ser conseqüência do bloqueio seletivo da recaptação da serotonina (5-HT). Afluoxetina foi o primeiro representante dessa classe de anti depressivos e ela tem um metabólito ativo, a norfluoxetina. Esse metabólito é o ISRS que se elimina mais lentamente do organismo. As doses dos ISRS, seja a fluvoxamina, sertralina, paroxetina, fluoxetina ou outros, devem ser individualizadas para cada paciente. A incidência de efeitos colaterais anticolinérgicos, antihistamínicos e alfa-bloqueantes, assim como o risco de soperdosagem é menor nos ISRS que nos chamados antidepressivos tricíclicos (ADT). Estes últimos, causam mais efeitos colaterais que os ISRS, mais intolerância digestiva (até 21 % dos pacientes podem experimentar náuseas, anorexia, boca seca), sudorese excessiva, temores, ansiedade, insônia. Por outro lado, a fluoxetina tem se associado a alguns casos de acatisia, especialmente quando a dose é muito alta, e a estimulação de SNC parece maior com a fluoxetina que com outros ISRS. A fluvoxamina também parece produzir mais intolerância digestiva, sedação e interações farmacológicas que outros ISRS. A paroxetina origina mais sedação (também a fluvoxamina), efeitos anticolinérgicos e extrapirarnidais que outros ISRS. Tem-se relatado sintomas de abstinência com a supressão brusca do tratamento com a paroxetina e com a venlafaxima. A "'TI DEPll ESSI VOS ISllS Nome Quinuco Nome Comercial Fluoxetina Prozac, Daforim, Deprax, Fluxene, Nortec, Verotina Nefazodona Serzone Paroxetina Aropax, Cebrilim, Pondera, Beneoax Sertralina Zoloft, Tolrest, Novativ, Assert Citalopram Cipramil, Procimax, Cittá Indicações Os ISRS estão indicados para o tratamento dos Transtornos Depressivos, Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), Transtorno do Pânico, Transtornos Fóbico-Ansiosos, neuropatia diabética, dor de cabeça tensional crónica e Transtornos Alimentares. Nos casos de Depressão Grave com Sintomas Psicóticos, alguns fabricantes de ISRS não recomendam essas drogas, como é o caso, por exemplo, da orientação da Nafazodona (Serzone@). Outros, como é o caso da Paroxetina (Aropax@),já preconizam-na também para Episódios Depressivos maiores ou severos. Outros, como é o caso do Citalopram (Cipramil@,Procimax@, etc), recomendam a substÂncia para o tratamento das depressões e do abuso do álcool. Precauções Ajluoxelina tem ação anorexígena com uma discreta redução do peso corporal durante seu uso. Nos pacientes sensíveis pode ocorrer rash cutâneo, urticária, incluindo febre, leucocitose e artralgias, edema. Esses sintomas de hipersensibilidade são extremamente raros. Antidepressivos Atfpicos São os anti depressivos que não se caracterizam como Tricíclicos, como ISRS e nem como Inibidores da MonoAminaOxidase (IMAOs). Alguns deles aumentam a transmissão noradrenérgica através do antagonismo de receptores a2 (pré-sinápticos) no Sistema Nervoso Central, ao mesmo tempo em que modulam a função central da serotonina por interação com os receptores 5-HT2 e 5-HT3, como é o caso da Mirlazapina. A atividade antagonista nos receptores histaminérgicos Hl da Mirtazapina é responsável por seus efeitos sedativos, embora esteja praticamente desprovida de atividade anticolinérgica. ANTIDEPRESSIVOS ATíPICOS Nome Comercial Luvox Tolvon Remeron Prolift Stablon Donarem Efexor C baita Welbutrin, Zetron, Bu Lexa ro Outros atípicos são inibi dores da recaptação de Serotonina e Norepinefrina, alguns inibindo também, a recaptação de dopamina. É o caso da Venlajaxina, da Mirtazapina. Algumas dessas drogas também costumam reduzir a sensibilidade dos receptores beta- adrenérgicos, inclusive após administração aguda, o que pode sugerir um início de efeito clínico mais rápido. Também estão aqui os inibidores da recaptação da Norepinefrina (Noradrenalina), como é o caso da Riboxetina. Alguns atípicos, como é o caso da Tianeptina, embora sejam serotoninérgicos, não inibem a recaptação da Serotonina no neurônio pré-sináptico mas, induzem sua recaptação pelos neurônios da córtex, do hipocampo e do Sistema Límbico. Amineptina, outro atípico, é uma molécula derivada dos tricíclicos mas seu mecanismo de ação é essencialmente dopaminérgico, enquanto que os outros anti depressivos tricíclicos são essencialmente noradrenérgicos e serotoninérgicos. As melhoras sintomáticas podemo ser observadas a partir do 3° ao 5° dias e sobre o sono REM a partir do 20° dia de tratamento em posologia suficiente. Antidepressivos IMAOs Os chamados anti depressivos lnibidores da Monoamina Oxidase (1MA0) promovem o aumento da disponibilidade da serotonina através da inibição dessa enzima responsável pela degradação desse neurotransmissor intracelular. A monoaminoxidase (MAO), é uma enzima envolvida no metabolismo da serotonina e dos neurotransmissores catecolaminérgicos, tais como adrenalina, noradrenalina e dopamina. Os antidepressivos IMAOs são inibidores da MAO e, havendo uma redução na atividade MAO, produz-se um aumento da concentração destes neurotransmissores nos locais de armazenamento, em todo o SNC ou no sistema nervoso simpático. Acredita-se que a ação anti depressiva dos 1MA0s se correlacione também, e principalmente, com alterações nas características dos neuroreceptores, alterações essas no número e na sensibilidade desses receptores, mais até do que com o bloqueio da recaptação sináptica dos neurotransmissores, propriamente dita. Isso explicaria o atraso de 2 a 4 semanas na resposta terapêutica. Químico Tranilcioromina Pamate, Stelaoar Moclobemida Aurorix , Selegilina Elepril, Jumexil Indicações para Antidepressivos As indicações para o uso dos antidepressivos vêem, progressivamente, sofrendo ampliação, de acordo com o melhor entendimento sobre a participação dos elementos emocionais em outros transtornos médicos, além da própria depressão. A própria manifestação clínica polimórfica da depressão já recomenda o uso desses medicamentos para os casos onde essa alteração afetiva se manifesta atipicamente. Indicações FornulÍs • Estados Depressivos • Estados Ansiosos (pânico ...) • Estados Fóbicos • Estados Obsessivo-Compulsivos • Anorexia • Bulimia Segundas Indicações • Estados Hipercinéticos • Somatizações • Ejaculação Precoce • Doenças Psicossomáticas • Enxaqueca • Dores NE urogênicas Para ilustrar o manejo com antidepressivos, poderíamos didaticamente compará-los com o os antialérgicos; não importa se a manifestação da alergia se dá através de rinite, bronquite, sinusite, urticária, dermatite, etc. Para todos esses casos, tendo como base da patologia uma reação alérgica, e~tariam indicados antialérgicos indistintamente. Hoje nós sabemos que uma série de manifestações emocionais teria uma base depressiva, portanto, objetos do tratamento com anti depressivos; é o caso, por exemplo, da Síndrome do Pânico, Trastorno Obsessivo-Compulsivo, etc. Nesses casos o próprio paciente pode não se sentir clinicamente deprimido maso afeto depressivo (inseguro e pessimista) estaria na base da manifestação ansiosa. ANTICONVULSIV ANTES Os anticonvulsivantes são medicamentos usados contra a convulsão. Na verdade, vamos fazer uma diferenciação do que é a epilepsia e o que é a convulsão, porque muitos destes medicamentos que vamos estudar hoje, não são usados para abolir uma convulsão, mas sim uma epilepsia que nem sempre é uma convulsão. A EPILEPSIA é uma das doenças neurológicas mais comuns. Ela afeta aproximadamente 1:200 pessoas e se caracteriza pela presença, no SNC, de um grupamento de neurônios alterados em vários aspectos da sua fisiologia (canal iônico, transportadores de íons, impulsos inibítórios). Então, este representaria o que chamamos de FOCO EPILEPTÓGENO e este foco nada mais é do que um grupamento pequeno de neurônios que gera a epilepsia. Este foco epileptógeno, como já dito, se caracteriza por um grupamento pequeno de neurônios que disparam com freqüência 100 a 200 vezes maiores do que no nosso SNC. Então, isso acarreta obviamente uma sintomatologia e, esta é o que denominamos epilepsia. O paciente com epilepsia se caracteriza por ter crises que são fenômenos recorrentes, ou seja, ele tem cronicamente estes episódios e, no período entre as crises, ele pode se apresentar muito próximo do normal ou até normal. Para uma pessoa ser considerada portadora da epilepsia, é necessário que ela tenha crises recorrentes, ou seja, que ela tenha uma grande probabilidade de ter outra em outro mês, no mesmo mês, ou até no mesmo dia. Onde existe a característica da cronicidade podemos intervir farmacologicamente, sempre na tentativa de dimínuir ou de impedir o aparecimento dessas crises. Toda epilepsia se manifesta clinicamente com uma convulsão. Dessa forma eu posso dizer que toda epilepsia é uma convulsão? Não, porque muitas vezes a manifestação clínica desta epilepsia vai depender do local onde o foco epileptógeno se encontra. Muitas vezes, este foco fica perto da área motora e, quando isso acontece, o paciente tem a clássica manifestação convulsiva. A manifestação convulsiva pode ser: -+ TÔnicas: Aquela na qual vai haver predomínio do espasmo na musculatura; -+ CIÔnicas: Aquela na qual haverá abalo muscular como fator predominante. Abalos motores estão sempre presentes no que nós chamamos de convulsão. No entanto, às vezes, a epilepsia é uma crise de ausência. O paciente tem um desligamento do meio, não tendo nenhuma manifestação motora. Ele não tem convulsão. Neste caso, a epilepsia pode ser: sensorial, o paciente pode ver uma luz; pode sentir um cheiro; ele pode ter manifestações que serão vistas a seguir que não são convulsivas. Logo, nem toda epilepsia é convulsão. Todo paciente com convulsão tem que ser tratado. Eu não quero saber se ele é epilético ou não, se ele usa drogas ou tenha qualquer outro fator que leve a convulsôes. O anticonvulsivante emergencial, aquele que administramos na veia com a finalidade de cortar, de fazer cessar a crise convulsiva, ele tem que ter caracteristicas próprias, uma delas é a de serem capazes de bloquear qualquer tipo de convulsão independente da etiologia, ou seja, se o paciente tem uma convulsão porque está com febre. Como estes medicamentos trabalham? Eles aumentam o GABA, de várias maneiras, porque o GABA é um neurotransmissor inibitório. Eles bloqueiam o glutamato, alteram a condutância ao sódio e alteram a condutância ao cálcio. Então, basicamente, existem estes mecanismos de ação. Logo, concluí-se que estamos trabalhando não no foco e sim no tecido normal. Então, vamos ter efeitos colaterais. Por exemplo: se eu potencializo o GABA, eu vou conseqüentemente ter sonolência, ter sedação porque eu estou diminuindo a excitabilidade perifocal. O ideal seria um medicamento que conseguisse de uma certa maneira bloquear a atividade alta, sem bloquear a atividade da atividade normal. 1- Bloqueio dos Canais de Na+ voltagem dependentes Aumentou o tempo de inativação do canal de sódio bloqueando a descarga excessiva. Um medicamento que só atue por este mecanismo ele não dá sonolência. É o caso da CARBAMAZEPINA, FENTOíNA, porque não há interferência nas descargas normais. S6 com as anormais, s6 a alta freqüência é comprometida. TOPIRAMATO, que é um anticonvulsivante novo, que atua por este mecanismo, foi introduzido não tem nem 2 anos, é um mecanismo bem interessante pq pode-se manter o paciente acordado. Imaginem um jovem tomando fenobarbital, ele não pode dirigir, não pode estudar. Esse anticonvulsivante inviabiliza a vida normal deste paciente. Se ele atua por este mecanismo, ele permite que o paciente tenha uma vida normal. Ele s6 impede a crise. Este mecanismo tem sido muito valorizado. 2 - Bloqueio dos canais de Ca++ 3 - Bloqueio do efeito excitatório do glutamato 4 - Potencialização do efeito inibitório mediado pelo GABA Os anticonvulsivantes mais antigos que conhecemos são os BENZODIAZEPíNICOS e o FENOBARBITAL. Vamos ver que há os que atuam potencializando pré-sinapticamente, aumentando a liberação de GABA ~ Para isso temos a GABAPENTINA e o pr6prio FELBAMATO. 08S: Olha como o felbamato pode ter múltiplos mecanismos de ação. Ele pode atuar no glutamato, no pr6prio GABA, atuar na corrente de cálcio. Quanto mais mecanismos eles tiverem, mais tipos de epilepsia eles abrangem. Diminuição do metabolismo, aumentando GABA 7 VALPROATO, VIGABATRINA; Bloqueando a captação neuronal, quer dizer o GABA permanece mais tempo na fenda sináptica, fazendo efeito 7 TIAGABINA; Potencialização p6s-sináptica do GABA ~ o receptor GABA-A, é aquele acoplado ao canal de cloro. Então, atuando ali o FENOBARBITAL, potencializa o efeito do GABA, aumentando o tempo de abertura do canal de cloro. Já os BENZODIAZEPINICOS aumentam a afinidade do GABA pelo seu receptor. ANTIPSICÓTICOS OU AGENTES NEUROLÉPTICOS INTRODUÇÃO: São drogas utilizadas no tratamento dos transtornos psicóticos onde se incluem: a esquizofrenia, transtorno psicótico induzido por drogas (anfetaminas, cocaína, levodopa, apomorfina e bromocriptina ...), distúrbio afetivo bipolar (síndrome maníaco- depressiva), transtornos cognitivos, mal de Alzheimer, etc. A c1orpromazina tomou-se disponível em 1955 USA, sendo um grande avanço no tratamento dessa patologia. Se não fosse os antipsicóticos os hospitais psiquiátricos teriam cerca de 10 vezes mais pacientes em tratamento, mas infelizmente os antipsic6ticos não fazem mais que aliviar a intensidade dos sintomas esquizofrênicos, sendo incapazes de curar. ESQUIZOFRENIA: A esquizofrenia é um dos transtornos psicóticos maís importantes, afetando 10% da população mundial. A doença, geralmente, se manifesta durante a puberdade, sendo crônica e incapacitante. As psicoses descrevem distúrbios psiquiátricos graves, geralmente de origem desconhecida, portanto funcionais, nos quais são encontrados, além dos distúrbios do comportamento, incapacidade de pensar coerentemente e de compreender a realidade. A orientação e a memória estão conservadas, apesar do comprometimento do pensamento, das emoções e do comportamento. A causa da esquizofrenia ainda é indefinida, mas envolve uma combinação de fatores genéticos e ambientais, podendo variar de uma programação genética predeterminada de destruição neuronal ou sináptica, passando por lesões fetais por anoxia, infecção virótica, toxinas ou inanição materna o que irá se refletir numa anormalidade bioquímica fundamental. As principais características clínicas da doença são as seguintes: Sintomas positivos: • Delírios (falsas interpretações de percepções ou experiências); • Alucinações (presença de vozes alucinatórias - vozes que acusam, culpam ou ameaçam com punição - visões, relato de alucinações táteis, gustativas e auditivas); • Distúrbios do pensamento; • Agitação; • Discurso desorganizado (exageros na linguagem e na comunicação); • Comportamento desorganizado com agitação oucatatonia (imóvel). Sintomas agressivos e hostis: sobrepõe-se aos sintomas positivos, mas enfatizam especificamente problemas no controle de impulsos. • Hostilidade declarada (abusos verbais e fisicos) • Automutilação; • Suicídio; • Abusos sexuais. Sintomas negativos: • Afeto embotado (isolamento) • Retraimento social • Dificuldade do pensamento abstrato; • Pensamento estereotipado (grandeza de Deus) • Alogia: restrições na fluência e na produção do pensamento e do discurso, sendo incoerente; • Anedonia: ausência de prazer; • Atenção prejudicada. Os sintomas agudos (principalmente os sintomas positivos) sofrem freqüentemente recidiva e transformam-se em esquizofrenia crônica, com sintomas predominantemente negativos. Base Biológica da Esquizofrenia A base biológica da esquizofrenia permanece desconhecida. Entretanto, existe uma predisposição genética associado a fatores ambientais (sociais, culturais, psicológicos, exposição pré-natal); no entanto não foi ainda identificado os genes envolvidos com a esquizofrenia. A hipótese dopaminérgica é a mais bem estudada e aceita, sendo que o neurotransmissor dopamina, tem desempenhado papel-chave na hipótese sobre certos aspectos dos sintomas da esquizofrenia. Pois a ativação de receptores D2 por uma variedade de agonistas diretos e indiretos (por exemplo, anfetaminas, levodopa, apomorfina) provoca aumento da atividade motora e comportamento estereotipado em ratos, quando administradas em humanos agravam a esquizofrenia. No entanto, se a dopamina fosse a única responsável pela esquizofrenia, as drogas antipsicóticas seriam mais eficazes; pois sabemos, no entanto, que elas são apenas parcialmente eficazes para a maioria dos pacientes e mesmo completamente destituídas de eficácia para outros. Sabe-se que outros receptores da dopamina além de D2 estão envolvidos na esquizofrenia e é provável que vários sistemas estejam envolvidos simultaneamente e estão sob investigação os sistemas colinérgicos, serotoninérgico, glutamatérgico, gabaérgico, dentre outros. Existem quatro vias dopaminérgicas bem desenvolvidas no cérebro envolvidas com os sintomas da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos, e o conhecimento de sua neuroanatomia pode explicar tanto os efeitos terapêuticos quanto os efeitos colaterais dos antipsicóticos.Sào elas: Figura deI cerebro con las áreas implicadas: corteza prefrontal, donde están presentes los receptores 5-HTlA y sistema límbico, en particular núcleo accumbens, donde están presentes los receptores de dopamina D2 en los que actúan los antipsicóticos clásicos y, en menor grado, los atípicos. • Via mesoIímbica - se projeta da área tegmentar ventral do mesencéfalo para o nucleus accumbens, parte do sistema límbico do cérebro que se acredita estar envolvida em muitos comportamentos, como sensações prazerosas, a poderosa euforia das drogas de abuso, bem como delírios e alucinações da psicose que são sintomas positivos. A hiperatividade dos neurônios dopaminérgicos mesolímbicos parece mediar os sintomas positivos da esquizofrenia (além dos sintomas de agressividades e hostilidade). • Via mesocortical - também se projeta da área tegmentar ventral do mesencéfalo para o sistema límbico do cérebro, onde podem desempenhar um papel na mediação dos sintomas negativos e cognitivos da esquizofrenia. A diminuição da dopamina pode resultar nos sintomas negativos e cognitivos, visto que na esquizofrenia a mesma está inibida. • Via nigroestriatal- se projeta da substância negra aos gânglios da base, é parte do sistema nervoso extrapiramidal e está envolvido na coordenação dos movimentos voluntários. Na via nigro-estriatal está concentrada a maior parte da dopamina cerebral e, como este sistema está envolvido na regulação da atividade motora, a interferência dos antipsicóticos em seu funcionamento é a responsável pelos adversos efeitos extra-piramidais (parkinsonismo). A deficiência de dopamina nessa via causa transtornos de movimento, incluindo o mal de Parkinson, caracterizado por rigidez, acinesia ou bradicinesia (isto é, falta de movimento ou lentificação motora) e tremor- isto é visto numa fase inicial do tratamento. Com a continuação do tratamento, pode produzir acatisia (tipo de inquietação) e distonia (movimentos retorcidos, sobretudo de face e pescoço) devido a um aumento da atividade da dopamina. Esses distúrbios de movimentos podem ser reproduzidos por drogas antipsicóticas que bloqueiam os receptores D2 nessa via. A hiperatividade da dopamina na via nigroestriatal é compreendida como sendo à base de vários transtornos de movimentos hipercinéticos, como a coréia, discinesias (movimentos involuntários, incluindo movimentos laterais da mandíbula e movimentação da língua do tipo "pega-mosca") e tiques. Parece ser devido ao up- regulation determinado pelo uso prolongado de bloqueadores de receptores D2. Isto toma o neurônio supersensível às ações da dopamina elevando o tônus dopaminérgico para essa estrutura sobrepuje o tônus colinérgico, causando distúrbios motores no paciente. • Via fuberoinfundibular - se projeta do hipotálamo para a glândula hipófise anterior. A dopamina inibe a liberação da prolactina. Na deficiência da dopamina, os níveis de prolactina estarão aumentados estando associados a galactorréia (secreções da mama), a amenorréia e a disfunção sexual. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES ANTIPSICÓTICOS As principais categorias são: o Antipsicóticos típicos ou convencionais: clorpromazina (amplictil@), prometazina (fenergan@), pericinazina (neozine@), levomepromazina (neuleptil@), haloperidol (haldol@), tioridazina (melleril@), pimozida (orap@), penfluridol (Semap@) e Trifluoperazina (stelazine@) ... o Antipsicóticos atípicos: clozapina, risperidona (risperdal@), sulpirida (sulpan@), olanzapina (zyprexa@), quetiapina (seroquel@) ... A distinção entre os grupos "típicos ou convencionais" dos "atípicos" não está claramente definida, mas baseia-se: o NO MECANISMO DE AÇÃO o Apesar dos neurolépticos tradicionais bloquearem receptores adrenérgicos, serotoninérgicos, colinérgicos e histaminérgicos, todos eles têm em comum a ação farmacológica de bloquearem os receptores dopaminérgicos. É em relação a estes últimos que os estudos têm demonstrado os efeitos clínicos dos neurolépticos. O bloqueio dos outros receptores, além dos dopaminérgicos, estaria relacionado aos efeitos colaterais da droga. o Atualmente as hipóteses mais aceitas como sendo etiologicamente relacionadas para a esquizofrenia falam de uma combinação de hiperfunção dopamínica e hipofunção dos glutamatos no sistema neuronal, juntamente com um envolvimento pouco esclarecidos dos receptores 5HT2 e um balanço entre esses receptores com os receptores D2. o Os receptores dopaminérgicos mais conhecidos pela neurofisiologia são o D I e o D2 (pós-sinápticos), além dos receptores localizados no corpo do neurônio dopamínico e no terminal pré-sináptico. A atividade terapêutica dos antipsicóticos parece estar relacionada, principalmente, com o bloqueio da dopamina nos receptores pós-sinápticos do tipo D2. o Típicos ou convencionais: atuam somente como antagonistas de receptores dopaminérgicos D2. Estes antipsicóticos tradicionais, tais como a Clorpromazina e o Haloperidol são eficazes em mais de 80% dos pacientes com esquizofrenia, atuando predominantemente nos sintomas chamados produtivos ou positivos (alucinações e delírios) e, em grau muito menos nos chamados sintomas negativos (apatia, embotamento e desinteresse). o Atípicos: atuam como antagonistas de receptores dopaminérgicos D2 e serotoninérgicos 5-HT2A. o Na incidência de efeitos colaterais extrapiramidais: os convencionais apresentam mais efeitos colaterais extrapiramidais do que os atípicos. o Ação sobre os sintomas negativos: Típicos ou convencionais: melhoram somente os sintomas positivos, inclusive causando os sintomas negativos (inibetambém a via mesocortical). Atípicos: melhoram tanto os sintomas positivos quanto os negativos. o Os antipsicóticos atípicos melhoram os sintomas positivos em pacientes resistentes ao tratamento com antipsicóticos convencionais. o Os antipsicóticos atípicos provocam pouca ou nenhuma elevação dos níveis de prolactina. o Os antipsicóticos atípicos melhoram o humor e reduzem o suicídio não apenas nos esquizofrênicos, mas também nos pacientes com depressão bipolar. • A hipotensão, sedação e tontura, efeitos colaterais comuns aos neurolépticos tradicionais, normalmente acontecem devido à capacidade desses medicamentos bloquearem também os receptores alfa-adrenérgicos. • Dos antipsicóticos convencionais ou típicos: • Bloqueio dos receptores D2 especificamente na via dopaminérgica mesolímbica - reduz a hiperatividade em tal via, que é considerada a causadora dos sintomas positivos da psicose. Infelizmente, essas drogas não são seletivas para receptores D2 nesta via mesolímbica, agindo em outras regiões no cérebro causando os efeitos colaterais indesejáveis. • O bloqueio D2 na via dopaminérgica mesocortical, onde a dopamina já pode estar deficiente na esquizofrenia, pode provocar ou piorar os sintomas negativos e cognitivos. • O bloqueio D2 na via dopaminérgica nigroestriatal, produz distúrbios do movimento muito parecidos com os observados no mal de Parkinson, motivo pelo qual recebem a denominação de "parkinsonismo farmacológico", são os efeitos colaterais extrapiramidais. O bloqueio crônico dos receptores D2 nesta via pode produzir um distúrbio de movimento hipercinético conhecido como discinesia tardia (produz movimentos faciais e da língua, como mastigação constante, protusão da língua do tipo "pega mosca" e caretas, assim como movimentos dos membros, que podem ser rápidos, abruptos ou coreiformes), isto parece ocorrer devido a um up-regulation dos receptores dopaminérgicos, tomando-os hipersensíveis às ações da dopamina, sobrepujando a atividade colinérgica. Se for retirado a tempo, trata-se de um processo reversível, o que não é um prognóstico muito bom por tratar-se de uma doença crônica. Em quatro anos de tratamento, 20% dos pacientes desenvolve a discinesia tardia irreversível. • O bloqueio D2 na via dopaminérgica tuberoinfundibular, provoca elevação da concentração plasmática de prolactina, condição denominada hiperprolactinemia, que está associada a galactorréia (secreção da mama) e amenorréia (menstruações irregulares), diminuição da fertilidade, desmineralização óssea, disfunção sexual e ganho de peso. Outros mecanismos dos antipsicóticos convencionais: • Bloqueio de receptores colinérgicos muscarínicos - isto pode gerar efeitos colaterais indesejáveis como: boca seca, visão turva, constipação intestinal, retenção urinária e embotamento cognitivo. Mas quanto maior a capacidade antimuscarínica menor a incidência de efeitos colaterais extrapiramidais. Como isso ocorre? Normalmente, a dopamina inibe a liberação de aceti1colina na via nigroestriatal. Como ação dopaminérgica está suprimida, há uma elevação da ação colinérgica, o que leva aos efeitos colaterais extrapiramidais. Mas se a droga além de bloquear receptores dopaminérgicos D2, também for capaz de bloquear os receptores muscarínicos esses efeitos serão diminuídos. • Bloqueio de receptores histaminérgicos RI - provocando ganho de peso e sonolência. • Bloqueio de receptores adrenérgicos ai - provocando hipotensão ortostática e sonolência. Dos antipsicóticos atípicos: • Bloqueio simultâneo de receptores dopaminérgicos D2 e serotoninérgicos 5- RT2A. A serotonina (5-HT) inibe a liberação de dopamina nos axônios terminais nas várias vias dopaminérgicas, mas o grau de controle difere de uma via para outra. Ação dos antipsicóticos atípicos na via nigroestriatal - Num antipsicótico convencional 90% dos receptores D2 nesta via estarão bloqueados o que determina o aparecimento dos efeitos colaterais extrapiramidais. Os antipsicóticos atipicos além de bloquear os receptores D2 bloqueiam os receptores 5RT2A aumentando a liberação de dopamina na fenda sináptica, o que irá promover uma disputa entre a dopamina extra e o antipsicótico, reduzindo o bloqueio de receptores D2 para 70 a 80% o que é suficiente para se ter eficácia antipsicótica reduzindo a manifestação dos sintomas extrapiramidais. Ação dos antipsicóticos atípicos na via mesocortical- nesta via teremos maior número de receptores 5RT2A do que receptores D2, sendo mais evidente o aumento na liberação de dopamina, o que aumenta a disputa entre a dopamina e o antipsicótico pelos receptores D2, aumentando a reversão do bloqueio Dz , isso determina uma melhora dos sintomas negativos e cognitivos. Ação dos antipsicóticos atípicos na via tuberoinfundibular - A dopamina inibe a secreção e prolactina ao atuar sofre receptores D2, portanto as drogas que bloqueiam os receptores D2 aumentam os níveis de prolactina. Já a serotonina aumenta a liberação de prolactina pela estimulação de receptores 5RT2A. Nos antipsicóticos atípicos, o bloqueio é duplo, Isso tende a diminuir a hiperprolactinemia por bloqueio de D2. Na prática, nem todo antipsicótico atípico é capaz de reduzir a secreção de prolactina na mesma extensão e alguns não reduzem nada. Ação dos antipsicóticos atípicos na via mesolímbica - os efeitos antagônicos da serotonina sobre a dopamina nessa via não são suficientemente fortes para causar reversão dos receptores D2 pelos antipsicóticos atipicos ou para diminuir as ações destes nos sintomas positivos da psicose. EFEITOS BENÉFICOS DOS ANTIPSICÓTICOS • Reduzem os sintomas positivos - alucinações, delírios, agressividade, agitação. Essa ação antipsicótica geralmente leva várias semanas para se instalar. • Efeito sedativo - mas ao contrário de outros depressores do SNC não diminuem a capacidade intelectual dos pacientes. • Efeito antiemético - devido ao bloqueio D2 da zona do gatilho quimioceptora na área postrema, além do bloqueio de receptores muscarínicos e histamínicos. • Reduzem os sintomas negativos (somente antipsicóticos atípicos) USOS TERAPÊUTICOS DOS ANTIPSICÓTICOS o Tratamento da esquizofrenia e transtornos psicóticos - são eficazes em apenas 70% dos pacientes esquizofrênicos, os outros 30% sendo classificados como resistentes ao tratamento (a clozapina pode ser eficaz nestes casos) o Prevenção de náuseas e vômitos causados pela quimioterapia e radioterapia o Uso como tranqüilizante no manejo do comportamento agitado e agressivo. o Terapia adjuvante na síndrome maníaco-depressiva (fase maníaca), doença de Alzheimer e psicoses infantis ... o Tratamento da coréia de Huntington (haloperidol) - caracterizada por demência progressiva e súbitos movimentos espasmóticos involuntários (coreiformes). o Tratamento da síndrome de Tourette (haloperidol)- distúrbio caracterizado por tiques involuntários. EFEITOS ADVERSOS DOS ANTIPSICÓTICOS o Efeitos extrapiramidais - distonias agudas:catalepsia, mal de Parkinson farmacológico, acatisia (tipo de inquietação) e distonia (movimentos retorcidos, sobretudo de face e pescoço). Geralmente acontece após a primeira semana de uso dos antipsicóticos. Clinicamente há um tremor de extremidades, hipertonia e rigidez muscular, hipercinesia e fácies inexpressiva. O tratamento com anticolinérgicos (antiparkinsonianos) é eficaz. Muitas vezes, pode haver o desaparecimento de tais problemas após 3 meses de utilização do neuroléptico, como se houvesse uma espécie de tolerância ao seu uso. Esse fato favorece urna possível redução progressiva na dose do anticolinérgico que comumente associamos ao antipsicótico no início do tratamento o Discinesia tardia - Como o próprio nome diz, a discinesia tardia aparece após o uso crônico de antipsicóticos (geralmente após 2 anos). Clinicamente é caracterizada por movimentos involuntários, principalmente da musculatura oro- língua-facial,ocorrendo protrusão da língua com movimentos de varredura látero-lateral, acompanhados de movimentos sincrônicos da mandíbula. O tronco, os ombros e os membros também podem apresentar movimentos discinéticos. o Efeitos negativos: retraimento social, apatia, afeto embotado ... o Efeitos endócrinos: galactorréia (secreção da mama) e amenorréia (menstruações irregulares), diminuição da fertilidade, desmineralização óssea, disfunção sexual (diminuição da libido e impotência) e ganho de peso. o Efeitos antimuscarínicos: Por serem drogas que desequilibram o sistema dopamina-acetilcolina, em algumas situações podemos encontrar efeitos colinérgicos, em outras efeitos anticolinérgicos. É o caso da secura da boca e da pele, constipação intestinal, dificuldade de acomodação visual e, mais raramente, retenção urinária. o Efeitos anti-histamínicos: sedação e ganho de peso (também pelo bloqueio de 5HT2C). o Efeitos antiadrenérgicos: hipotensão ortostática e sedação. Na maioria das vezes a hipotensão desencadeada pela utilização de neurolépticos tradicionais proporciona apenas um certo incômodo ao paciente, entretanto, nos casos com comprometimento vascular prévio, como nas arterioscleroses, poderá precipitar um acidente vascular cerebral isquêmico, isquemia miocárdica aguda ou traumatismos por quedas. o Agranulocitose fatal e leucopenia: fato raro só observado com o uso da clonazepina. • Acatisia: Ocorre geralmente após o terceiro dia de uso da medicação. Clinicamente é caracterizado por inquietação psicomotora, desejo incontrolável de movimentar-se e sensação interna de tensão. O paciente assume uma postura típica de levantar-se a cada instante, andar de um lado para outro e, quando compelido a permanecer sentado, não para de mexer suas pernas. A Acatisia não responde bem aos anticolinérgicos ou ansiolíticos e o clínico é obrigado a decidir entre a manutenção do tratamento antipsicótico com aquelas doses e o desconforto da sintomatologia da Acatisia. Com freqüência é necessário a diminuição da dose ou mudança para outro tipo de antipsicótico. Quando isso acontece normalmente pode-se recorrer aos Antipsicóticos Atípicos. • Síndrome neuroléptica maligna: Trata-se de uma forma raríssima de toxicidade provocada pelo antipsicótico. É uma reação adversa dependente mais do agente agredido que do agente agressor, tal como uma espécie de hipersensibilidade à droga. Clinicamente se observa um grave distúrbio extra- piramidal acompanhado por intensa hipertermia (de origem central) e distúrbios autonômicos. Leva a óbito numa proporção de 20 a 30% dos casos. ANTIPSICÓTICOS OU AGENTES NEUROLÉPTICOS ESQUIZOFRENIA: As principais características clínicas da doença são as seguintes: Sintomas positivos: • Delírios (falsas interpretações de percepções ou experiências); • Alucinações (presença de vozes alucinatórias - vozes que acusam, culpam ou ameaçam com punição - visões, relato de alucinações táteis, gustativas e auditivas); • Distúrbios do pensamento; • Agitação; • Discurso desorganizado (exageros na linguagem e na comunicação); • Comportamento desorganizado (agitação ou catatonia). Sintomas agressivos e hostis: sobrepõe-se aos sintomas positivos, mas enfatizam especificamente problemas no controle de impulsos. • Hostilidade declarada (abusos verbais e fisicos) • Automutilação; • Suicídio; • Abusos sexuais. Sintomas negativos e cognitivos: • Afeto embotado; • Retraimento social • Dificuldade do pensamento abstrato; • Pensamento estereotipado; • Alogia: restrições na fluência e na produção do pensamento e do discurso; • Anedonia: ausência de prazer; • Atenção prejudicada. Hipótese dopaminérgica da psicose Existem quatro vias dopaminérgicas bem desenvolvidas no cérebro envolvidas com os sintomas da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos, e o conhecimento de sua neuroanatomia pode explicar tanto os efeitos terapêuticos quanto os efeitos colaterais dos antipsicóticos.São elas: CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES ANTIPSICÓTICOS Antipsicóticos convencionais Antipsicóticos atípicos: (ou típicos): Clorpromazina (Amplictil@) Clozapina Prometazina (Fenergan@)Risperidona(Risperdal@) Pericinazina (Neozine@) Sulpirida (Sulpan@) Levomepromazina (Neuleptil@) Olanzapina (Zyprexa@) Haloperidol (Haldol@) Quetiapina (Seroquel@) Tioridazina (Melleril@) Pimozida (Orap@) Penfluridol (Semap@) Trifluoperazina (Stelazine@) ... MECANISMO DE AÇÃO Antipsicóticos convencionais ou típicos: • Bloqueio dos receptores D2 especificamente na via dopaminérgica mesolímbica - reduz a hiperatividade em tal via, que é considerada a causadora dos sintomas positivos da psicose. Infelizmente, essas drogas não são seletivas para receptores D2 nesta via mesolímbica, agindo em outras regiões no cérebro causando os efeitos colaterais indesejáveis. • O bloqueio D2 na via dopaminérgica mesocortical, onde a dopamina já pode estar deficiente na esquizofrenia, pode provocar ou piorar os sintomas negativos e cognitivos. " • o bloqueio D2 na via dopaminérgica nigroestriatal, também chamado de sistema nervoso extrapiramidal, causa efeitos colaterais envolvendo transtornos do movimento, sendo denominados efeitos colaterais extrapiramidais. A deficiência de dopamina nessa via causa produz distúrbios do movimento muito parecidos com os observados no mal de Parkinson, motivo pelo qual recebem a denominação de "parkinsonismo farmacológico", caracterizado por rigidez, acinesia ou bradicinesia (isto é, falta de movimento ou lentificação motora) e tremor. Com a continuação do tratamento, pode produzir acatisia (tipo de inquietação) e distonia (movimentos retorcidos, sobretudo de face e pescoço) devido a um aumento da atividade da dopamina. A hiperatividade da dopamina na via nigroestriataI é compreendida como sendo à base de vários transtornos de movimentos hipercinéticos, como a coréia, discinesias (movimentos involuntários, incluindo movimentos laterais da mandíbula e movimentação da língua do tipo "pega-mosca") e tiques. Parece ser devido ao up- regulation determinado pelo uso prolongado de bloqueadores de receptores D2• Isto toma o neurônio supersensível às ações da dopamina e leva a que o tônus dopaminérgico para essa estrutura sobrepuje o tônus colinérgico, causando distúrbios motores no paciente. Se for retirado a tempo, trata-se de um processo reversível, com desaparecimento dos sintomas em 3 meses, o que não é um prognóstico muito bom por tratar-se de uma doença crônica. Em quatro anos de tratamento, 20% dos pacientes desenvolve a discinesia tardia irreversível. • O bloqueio D2 na via dopaminérgica tuberoinfundibular, provoca elevação da concentração plasmática de prolactina, condição denominada hiperprolactinemia, que está associada a galactorréia (secreção da mama) e amenorréia (menstruações irregulares), diminuição da fertilidade, desmineralização óssea, disfunção sexual e ganho de peso. Outros mecanismos dos antipsicóticos convencionais: • Bloqueio de receptores colinérgicos muscarínicos - isto pode gerar efeitos colaterais indesejáveis como: boca seca, visão turva, constipação intestinal, retenção urinária e embotamento cognitivo. Mas quanto maior a capacidade antimuscarínica menor a incidência de efeitos colaterais extrapiramidais. Como isso ocorre? Normalmente, a dopamina inibe a liberação de acetilcolina na via nigroestriatal. Como ação dopaminérgica está suprimida, há uma elevação da ação colinérgica, o que leva aos efeitos colaterais extrapiramidais. Mas se a droga além de bloquear receptores dopaminérgicos D2, também for capaz de bloquear os receptores muscarínicos esses efeitos serão diminuídos. • Bloqueio de receptores histaminérgicos HI - provocando ganho de peso e sonolência. • Bloqueio de receptores adrenérgicos aI - provocando hipotensão ortostática e sonolência. . . Mecanismo de ação dos antipsicóticos atípicos:• Bloqueio simultâneo de receptores dopaminérgicos D2 e serotoninérgicos 5- HT2A: A serotonina (5-HT) inibe a liberação de dopamina nos axônios terminais nas várias vias dopaminérgicas, mas o grau de controle difere de uma via para outra. Ação dos antipsicóticos atípicos na via nigroestriatal- Num antipsicótico convencional 90% dos receptores D2 nesta via estarão bloqueados o que determina o aparecimento dos efeitos colaterais extrapiramidais. Os antipsicóticos atípicos além de bloquear os receptores D2 bloqueiam os receptores 5HT2A aumentando a liberação de dopamina na fenda sináptica, o que irá promover uma disputa entre a doparnina extra e o antipsicótico, reduzindo o bloqueio de receptores D2 para 70 a 80% o que é suficiente para se ter eficácia antipsicótica reduzindo a manifestação dos sintomas extrapiramidais. Ação dos antipsicóticos atípicos na via mesocortical- nesta via teremos maior número de receptores 5HT2A do que receptores D2, sendo mais evidente o aumento na liberação de doparnina, o que aumenta a disputa entre a dopamina e o antipsicótico pelos receptores D2, aumentando a reversão do bloqueio D2 , isso determina uma melhora dos sintomas negativos e cognitivos. Ação dos antipsicóticos atípicos na via tuberoinfundibular - A dopamina inibe a secreção e prolactina ao atuar sofre receptores D2, portanto as drogas que bloqueiam os receptores D2 aumentam os niveis de prolactina. Já a serotonina aumenta a liberação de prolactina pela estimulação de receptores 5HT2A. Nos antipsicóticos atípicos, o bloqueio é duplo a serotonina não consegue estimular por muito tempo a liberação de prolactina. Isso tende a diminuir a hiperprolactinemia por bloqueio de D2. Na prática, nem todo antipsicótico atípico é capaz de reduzir a secreção de prolactina na mesma extensão e alguns não reduzem nada. Ação dos antipsicóticos atípicos na via mesolímbica - os efeitos antagônicos da serotonina sobre a dopamina nessa via não são suficientemente fortes para causar reversão dos receptores D2 pelos antipsicóticos atípicos ou para diminuir as ações destes nos sintomas positivos da psicose. EFEITOS BENÉFICOS DOS ANTIPSICÓTICOS • Reduzem os sintomas positivos - alucinações, delírios, agressividade, agitação. Essa ação antipsicótica geralmente leva várias semanas para se instalar. • Efeito sedativo - mas ao contrário de outros depressores do SNC não diminuem a capacidade intelectual dos pacientes. • Efeito anti emético - devido ao bloqueio D2 da zona do gatilho quimioceptora na área postrema, além do bloqueio de receptores muscarínicos e histamínicos. • Reduzem os sintomas negativos (somente antipsicóticos atípicos) USOS TERAPÊUTICOS DOS ANTIPSICÓTICOS . . o Tratamento da esquizofrenia e transtornos psicóticos - são eficazes em apenas 70% dos pacientes esquizofrênicos, os outros 30% sendo classificados como resistentes ao tratamento (a clozapina pode ser eficaz nestes casos). o Prevenção de náuseas e vômitos causados pela quimioterapia e radioterapia o Uso como tranqüilizante no manejo do comportamento agitado e agressivo. o Terapia adjuvante na sÍndrome maníaco-depressiva (fase maníaca), doença de Alzheimer e psicoses infantis ... o Tratamento da coréia de Huntington (haloperidol) - caracterizada por demência progressiva e súbitos movimentos espasmóticos involuntários (coreiformes). o Tratamento da sÍndrome de Tourette (haloperidol) - distúrbio caracterizado por tiques involuntários. EFEITOS ADVERSOS DOS ANTIPSICÓTICOS o Efeitos extrapiramidais - distomas agudas:catalepsia, mal de Parkinson farmacológico, acatisia (tipo de inquietação) e distonia (movimentos retorcidos, sobretudo de face e pescoço). Discinesia tardia -(movimentos involuntários, incluindo movimentos laterais da mandíbula e movimentação da língua do tipo "pega-mosca") e tiques. o Efeitos negativos: retraimento social, apatia, afeto embotado ... o Efeitos endócrinos: galactorréia (secreção da mama) e amenorréia (menstruações irregulares), diminuição da fertilidade, desmineralização óssea, disfunção sexual (diminuição da libido e impotência) e ganho de peso. o Efeitos antimuscarínicos: sedação, boca seca, visão turva, constipação intestinal, retenção urinária e embotamento cognitivo. o Efeitos anti-histamínicos: sedação e ganho de peso (também pelo bloqueio de 5HT2C). o Efeitos antiadrenérgicos: hipotensão ortostática e sedação. o Agranulocitose fatal e leucopenia: fato raro só observado com o uso da clonazepina. o Síndrome neuroléptica fatal: rigidez muscular extrema, febre alta, coma e morte. Ocorrência muito rara Vantagens dos antipsicóticos atípicos sobre os antipsicóticos convencionais Os antipsicóticos atipicos por atuarem como antagonistas de receptores dopaminérgicos D2 e serotoninérgicos 5-HT2A. Apresentam: o Menor incidência de efeitos colaterais extrapiramidais: os convencionais apresentam mais efeitos colaterais extrapiramidais do que os atípicos. o Melhoram tanto os sintomas positivos como os sintomas negativos e de cognição, enquanto os antipsicóticos convencionais só atuam sobre os sintomas positivos, inclusive causando os sintomas negativos. o Melhoram os sintomas positivos em pacientes resistentes ao tratamento com antipsicóticos convencionais. o Provocam pouca ou nenhuma elevação dos níveis de prolactina. . . • Melhoram o humor e reduzem o suicídio não apenas nos esquizofrênicos, mas também nos pacientes com depressão bipolar. 00000001 00000002 00000003 00000004 00000005 00000006 00000007 00000008 00000009 00000010 00000011 00000012 00000013 00000014 00000015 00000016 00000017 00000018 00000019 00000020 00000021 00000022 00000023 00000024 00000025 00000026 00000027 00000028 00000029 00000030 00000031 Inserir de: "esta.pdf" 00000001
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