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Psicofarmacologia Medicamentos

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I
'. £ ~. Admin.istração de Medicamentos
Tópico 1
MEDICAMENTOS, DEFINIÇÃO de TERMOS,
PRINCÍPIOS, VIAS, AÇÃO, DISTRIBUIÇÃO e
ELIMINAÇÃO •
Roberto Carlos J..,yrada Silva
Carlo~ Roberto Lyra da Silva
A evolução do pensamento primitivo sobre o cuidado com a
pessoa doente sempre foi acompanhado de uma atitude visando
beneficiar seu semelhante quando este estivesse necessitando de ajuda
ou sofrendo, quando estivesse doente do 'corpo ou do espírito.
A primeira forma de uso de medica0 entos efetuada pelo homem
foi feita através do consumo de plantas medicinais. Talvez muitas
descobertas tenham sido feitas durante a procura de novas fontes de
alimentos, mas provavelmente um número significativo foi devido a
curiosidade e ao desejo de investigação, car"l'terístico da espécie
humana. Desta forma, algumas plantas foram reconhecidas e evitadas
por serem venenosas, embora fossem capazes de auxiliar na caça,
como é o caso do Curare, grupo de drogas utilizadas com freqüencia
nos dias atuai~.
Outrjl$"plantas passaram a ser utilizadas para fins medicinais,
como a Papoula (morfina), e outras, para fins recreativos como a uva
do vinho.(Corbetl: 1986)
Inúmeros médicos gregos também utilizaram estas mesmas
plantas medicinais, destacando-se Pedanios Dioscórides, que viveu
nos anos 4-90 a.D.
No entanto, o maior nome na história dos me~icamentos foi
Galena (130-200 a.D.), o principal escritor médico da antiguidade. Foi
ele quem estudou profundamente as plantas medicinais, escrevendo
vários livros sobre farmácia e farmacologia clínica. Embora sua
o. contribuição tenha sido em grande parte inadequada para os dias atuais,
Galena foi considerado o personagem mais influente de todo o
pensamento médico por mais de mil e quinhentos anos até os dias
atuais ..
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Admillistraçcio de Medicamentos
. Efeito terapêutico de I"m fármaco está relacionado ao
efeita.lbenéfico ao orgalIismo, esperado qualIdo da
admlnistra'ção do fármaco, Como exemplo, o efeilo
terapêutico de UII!fármaco antitérmico, é a dimilIuição
da temperatura, ou seja, o efeito esperado após"
administração deste tipo de Iármaco IIO orgalIismo,
. Dose terapêutica é a qualItidade mínima de um fármoco
que quando administrado IIO corpo, é capaz de
desenvolver o seu efeito terapêutico, Um exempló de dose
terapêutica seria a dose de IOOmg de AAS diariamente
para aluqr no organismo como allti.agreganle plaquetário,
. Definição de termos
"', Nos dias de hoje, com fi populari7.ação das drogas iifcitns estamos ulili7.ando o
lermo medicamento para nos referirmos às substâncias administradas no organismo
para fins tempêuticos, - .
A Farmacologia é uma ciência que se preocupa em estudar
{ os fármacos, abordando suas possíveis indicações terapêuticas,
~, e os efeitos destes no organismo. fi
,i Antes de iniciarmos os nossos estudos sobre a Farmacologia
.'.e a administração de fármacos, faz-se necessário .que alguns
iresclarecimentos sejam feitos, acerca de determinadas
',terminologias, como: .
, .
. ' - ,a) Droga é qualquer substância química, simples ou
,;:'composta, de múltiplas origens e que são utilizadas com várias
~ftnalidades, e quando administradas em organismos vivos, (os
,;f60rpos) capazes de provocar alterações somáticas e ou
iI! fundoMis.
,/ b) Medicamento ou Fârmaco é sinônimo de drogas que
~ quando administradas no corpo são capazes de produzirem efeitos
"~terapêuticv.,.
:\ c) TÓ.'CÍ£osão drogas que 'ao serem administradas no corpo
'são capazes de produzir efeitos nocivos ao mesmo, assim
,., especificados:
,.
Existem no Brasil cerca de 127.000 espécies diferentes de
plantas, scndo um grande número delas usado para fins medicinais e
recreativos e dietéticos (alimentos).
A farmacologia é uma disciplinà que est~dae pesquisa os
medicamentos, e passou a se desenvolver, pouco tempo depois quando
o médico inglês William Harvey, descobriu a circulação sangüínea.
A partir de então, a farmacologia evoluiu rapidamente, e, na atualidade,
milhares de novos medicamentos são desCobertos 'e testados em
animais, para a avaliação de uma possível utilidade na medicina.
Atualmente, considerando-se a grande farmacopéia mundial,
torno~-se necessário que os profissionais de saúde, aqui os profissionais
de Enfermagem, acompanhassem esta evolução, obrigando os mesmos
a busc;\rern o aprimoramento de suas técnicas e a aumen{1rem o seu
cabedal de conhecimen,os acerca dos medicamentos, para que sejam
capazes de prestar uma assistência de Enfermagem livre de
iatrogenias. .
Desta forma, o estudo da farmacologia tornou-se extremamente
necessária para estes profissionais, visto que, são ~Ies os grandes
responsáveis para que os fármacos cheguem até o organismo do
cliente, uma veLque, freqüentemente estes profissionais administram
medicamentos aos clientes no seu cotidiano de cuidar.
a termo FÀ\~MACaLaG1A CLíNICA e TERAPEUTICA
refere-se a parte da farmacologia que investiga os efeitos bioquímicos,
fisiol6gicos, farmacol6gicos, terapêuticos e toxicol6gicos dos
medicamentos sobre o organismo humano, esteja ele sadio ou doente
e dividida em a) Farmacodinâmica estuda a atuação dos
medicamentos sqbre o corpo, responsáveis pelos efeitos desejáveis e
indesejáveis que serao definidos à seguir. Já a b) Farmacocinética
se preocupa em estudar o comportamento do organismo em rclação
ao fármaco administrado.
Vale salientar que o termo FARMACOLOGIA CLíNICA
roi introduzido na literatura médica em 1952, nos EUA, para referir-
se à investigação de fármacos no ser humano.(Miller: 1982)
Administração de Medicamentos
Administração de Medicamentos
. Efeito colateral é o efeito freqüentemente encontrado na
administração dos fármacos, principalmente aqueles de
atividade seletiva, e corresponde a um efeito que se
percebe paralelamente ao efeito terapêutico, que poderá
se manifestar no mesmo sistema onde se desejava
alcançar o efeito terapêutico, ou em outro sistema do
corpo. Este tipo de efeito é rotineiramente esperado,
porém, não é desejado. Normalmente, não trazem maiores
prejuízos ao organismo. Um exemplo muito freqüente de
efeito colateral é a tosse provocada pela a administração
de alguns inibidores da ECA, como o Captopril.
. Efeito adverso é o efeito que se t"Z presente, geralmente
de maneira nociva e in::ômoda, ao administrar~se um
fármaco. É, também, conhecido como Reação advl;rsa.
É um tipo de efeito menos freqüente que o efeito colateral,
e, diferentemente deste, a sua ocorrência não é esperada
e, nem tão pouco, desejada.
. Reação alérgica é um tipo de reaç:lo, algumas vezes
esperada pela própriq nat</réêZOdo fármaco, que está
intimamente relacionada com u sensibilidade alérgica de
cada indivíduo, Este tipo de reação poderá variar em
cada indivíduo, desde uma simples reação local,
caracterizada por vermelhidão (rubor), coceira intensa
(prurido) e edema (inchaço), ou, até mesmo, quadros
alérgicos mais graves como os casos de anafilaxia,
podendo, inclusive, levar o indivíduo a morte em poucos
instante~'.Por isso, é preciso estar atendo as reações do
tipo anafiláticas que ocorrem em função de
hipersensibilidade do organismo ao fármaco, e manifesta-
se sintomatologicamente por um grave estado de
inadequação circulatória (choque), que é precedido por
cianose de extremidades, dispnéia súbita, edema
generalizado, mas, comumente na face e glote, e colapso
circulatório. Por ser, caracteristicamente, de instalação
súbita, faz-se necessário que o cliente seja monitorizado
antes, durante e algum tempo após a administração de
112
Administração de Medicamentos
fármacos em indivíduos com história de
hipersensibilidade tópica.
. Efeito idiossincrásico, também conhecido como
idiossincrasia, é a manifestação de um efeito contrário
ao efeito terapêutico. Acontece quando adl'lJinistramos
um fármaco, e o efeito que se apresenta é completamente
contrário ao efeito que se desejava obter. Umtipo de
idiossincrasia muito comumente observado acontece com
a administração de sedativos, principalmente os
~ benzodiazepínicos, em particular o Diazepam, que
quando administrados, ao invés de sedar o indivíduo,
induzindo o mesmo ao sono, acaba jazendo com que este
fique mais excitado ainda.
. Agonista ,? Antagonista: A,onista é um fármaco ou
hormônio que, ocupando receptores celulares especificos,
produz um efeito biológico. Já o Antagonista, é tada
substância, incluindo os fármacos, que se opõe à
estimulação de um sistema biológico efetuador. Quando
um jármaco ocupa os mesmo receptores do agonista
específico, fica caracterizado antagonismo competitivo
ou farmacológico. Por exemplo, a diminuição da
freqüência cardíaca induzida por éatecolaminas pelo
/
propráiwlol.
. O antagonismo fisiológico ocorre quando outro sistema
efetor e outros receptores são ativados; por exemplo, a
adrenalina opondo~se ao broncoespasnw induzidu pela
histamina.
Quanto ao tratamento através do MEDICAMENTO
destacamos como de fundamental importância a participação dos
profissionais de Enfermagem que cuidam diretamente de clientes
internados fora ou dentro do ambiente hospitalar, os quais deverão ter
sempre em mente, que quando um fármaco é administrado, um risco
é assumido. Este risco, diferentemente do que se pensa, não é de
responsabilidade exclusiva do profissional que prescreveu ° fármaco,
mas, também, do profissional que ° administra. Por esta razão, é
completamente inadmissível que os profissionais de saúde que
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Administração de Medicamentos
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DISTRIBUIÇÃO do medicamento no CORPO
,~\t~
;~: Após a administração parentera1 ou oral do, medicamen:o e
:;sua presença no sangue, ele se liga em grau vana_velàs protemas
f:plasmáticas, particularmente a all)uminâ. Uma fraçao frca livre, que
"se distribui por todo o organismo.
,. A ligação dos fármacos às proteínas plasmáticas é fundamental
ili'para que o medicamento não seja rapidamente eliminado, o que
;.;possibilita que o mesmo permaneça por umperíodo malOr no corp~,
'idesempenhando o seu efeito terapêutico, eqUllibrando-se com a fraçao
:1: livre, que é continuamente metabolizada elou excretada pelo.
organismo, através da urina ou da bile. A distribuição ~e um fármaC0
no organismo contribui sobremaneira na determmaçao do esquema
de dosagem} esquema terapêutico de um medicamento, uma vez
que permit~ ao profissional, conhecer o tempo médio.que ele poderá
permanecer no corpo, antes que seja totalmente eltmmado. ,
Chamamos de Meia vida plasmática alfa de um farmaco,
quando este é administrado pela via endovenosa, o tempo necessário
para que 50% da concentração iniCiai do fármaco se dlstnbua yelo
organismo, e a Meia-vida plasmática beta, ou de ehmmaçao, o
tempo necessário para que a concentração plasmática e~táve.1de um
fármaco diminua em 50%, devido a sua eliminação do orgamsmo. A
meia vida plasmática depende, basicamente, da biodisponibilidade do
fármaco.
Devemos tomar cuidado para não confundi-las com a Vida
média do medicamento, que é o tempo médio de duração de um
efeito ou substância no organismo.
];;
~ifere ao seu aproveitamento pelo organismo. Neste sentido, um
$ármaco pode ser muito bem absorvido pelo trato gastro-intestinal,
l~uando administrado pela via oral, e c~mpletamente destruído pelo
!;l'ígado,sem possuir nenhuma blOdlspombllldade, devendo ape~as ser
':Útilizado pela via parenteral, como, por exemplo, a.LIdocama no
l~'ombate a arritmia cardíaca. Alguns fármacos não são absorvidos,
::Jogo,não possuem nenhuma biodlspomblhdade. .
"\',,
114
Todo fármaco administrado pela via oral será absorvido pelo
organismo, através do trato gastro-intestinal, através da circulação
porta, vai inicialmente para o fígado, onde é submetido ao sistema
enzimático de blbtransformação e degradação. Dependendo de sua
estrutura química, pode ser completamente metabolizada e inativada,
não atingindo níveis na circulação sistêmica na sua forma ativa. Esta
degradação é denominada de Metabolismo de primeira passagem,
ou hepático inicial.
Desta forma, um fármaco que é administrado pela via sub lingual,
ou endovenása, não sofre este efeito. Isso proporciona uma
concentração maior do fármaco na circulação sistêmica, com doses
reduzidas do fármaco. Por este motivo, as doses de um mesmo fármaco
que sofre importante efeito de primeira passagem, são bastante
superiores à dose parenteral, onde a biodisponibilidade é total. O termo
Biodisponibilidade é utilizado para definir a quantidade intacta do
fármaco que atinge a circulação sanguínea para um efeito biológico.
É exatamente a biodisponibilidade que irá determinar se um
fármaco poderá ser administrado por uma via ou outra, no que se
A Farmacocinética: O CORPO AGINDO SOBRE O
FÁRMACO
manipulam e administram fármacos, não tenham conhecimentos
básicos acerca dos efeitos destes no corpo do cliente, e os possíveis
comportamentos deste em face de sua presença.
Desta forma, faz-se necessário que algumas considerações
básicas sejam aqui feitas acerca da Farmacocinética e da
Farmacodinâmica. É indispensável, então, que O profissional
considere, na administração dos fármacos, os níveis que estes poderão
alcançar no sangue e nos demais líquidos corporais, em função das
diferentes vias de administração, suas diferentes doses, sua capacidade
de ligação eom as proteínas plasmáticas, bem como, do grau de
nutrição e hidratação, da faixa etária, da função hepática e renal, das
pássíveis interações dos fármaeos com outros, e de seus efeitos
desejáveis elou indesejáveis em cada paciente. A seguir, informan",s
como isto acontece.
Administração de Medicamentos
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Administração de Medicamentos
. Concentração plasmática
Todo medicamento é administrado a um paciente e
determina uma concentração sanguínea que está em equilíbrio
com a parcelá presente nos diferentes tecidos. A concentraçiio
sanguínea ou plasmática do medicamento pode proporcionar
informações adicionais para orientar uma terapêutica segura e
eficaz, tanto no infcio quanto na ntanutenção. A concentração
O primeiro termo é utilizado para determinar o fração dGum
medicamento presente no plasma sob a forma ativa e disponível para
um efeito biplógico, enquanto que o segundo, refere-se à equivalência
química erl\re dois ou mais produtos, isto é, dois xaropes da mesma
substância provenientes de dois fabricantes diferentes apresentam,
no uso de doses iguais, as mesmas concentraçóes sangüíneas e
teciduais e podem ser entendidas como:
-1>
-'\benéfico ou não. A existência da melhora clínica impõe uma
';írtonitorização periódica para prevenir o surgimento de efeitos
~;
;;;indesejáveis ou mesmo tóxicos. Esta investigação, geralmente,
I"éorresponde a avaliação clínica rotineira, não somente por parte do
\!inédico, mas, também, e principalmente, POI palie dos profissionais
~de Enfermagem, principalmente se considerarmotque são estes
, ~profissionais que geralmente administram os medicamentos, e, também,
!i!jiermanecemdurante as 24 horas junto ao cliente.
:j, Esta avaliação clínica deverá ser rBalizada considerando a
i~~stória, referente a diminuição ou desaparecimento da sintomatologia
,";iêm'funçãoda utilização do fármaco, um exame clínico, observando-
,":se o funcionamento dos diversos sistemas orgânicos, além da
t','verificação dos sinais vitais e a interpretação dos exames laboratoriais.
~:I Por exemplo, no uso de digitálicos e diuréticos em um cliente
,~(cardiopata agudizado, com edema aglJdo de pt:lmão, o prufissionai
t~:;-bbserva a melhora da dr"pnéia, uma maior diurese como aspectos
F farmacodinâmicos.~:.
"'Ii:, Biodisponi5i1idade e Bioequivalência
w',t ..
EXCREÇÃO do medicamento pelo CORPO
O local e o mecanismo de ação dos diferentes medicamentos
são impoliantes para a avaliação da ação farmacológica, a qual pode
manifestar-se como um efeito terapêutico ou tóxico para o corpo,
Nesta etapa, osprofissionais de Enfermagem poderão avaliar
se o medicamento prescrito está determinando um efeito terapêutico
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A Farmacodinâmica: O fármaco agindo sobre o corpo
Na fase de excreção, uma grande parcela dos medicamentos
administrados é degradada no organismo, sendo o fígado o principal
responsável por este fenômeno. Esta biotransformação hepática pode
ser estimulada ou inibida por diferentes substâncias químicas ou
medicamentos, como o fenobarbital, anticoncepcionais orais, e a
rifampicina. A insuficiência hepática, por exemplo, só é capaz de
reduzir consideravelmente o metabolismo de medicamentos quando
este ocorre em um grau bastante elevado,
A biotransformação hepática muda completamente a estrutura
qu-ímica das diferentes substâncias, facilitando sobremaneira a sua
excreção do organismo. Os rins são os principais responsáveis por
esta excreção, tanto de metabólitos como de medicamentes ativos.
Níveis considerávei5 destas substâncias poderão ser encontlUdas na
saliva, suor, fezes e leite materno. Este conhecimento é de grande
importância, pois, se, por exemplo, uma mulllere,tiver amamentando,
esta deverá ser interrompida, caso esta mulher tenha necessidade de
utilizar um medicamento que é encontrado em grandes quantidades
no leite materno, e este possa proporcionar efeitos indesejáveis para
o organismo do RN.
O clerançe renal deuma determinada droga ou medicamento,
é um exame que determina a capacidade do sistema renal para eliminar
um ou outro em um instante de tempo. Este exame é freqüentemente
utilizado para se determinar a capacidade da função renal em
indivíduos para a excreção de medicamentos de baixo índice
terapêutico, tais como: os digitálicos, os hipoglicemiantes orais,
aminoglicosídeos e sais de lítio.
Administração de Medicamentos
" Administração de Medir.amen/os
plasmática dele é a conc.entração do mesmo 110 plasma, e
geralmente é medida em miligrama por litro (mg/L) de sangue.
. Dose cumulativa
São aquelas doses que determinam um aumento persistente
das concentrações plasmáticas de um fánnaco. São, geralmente,
utilizadas até que sua concentrçzçifo máxima de um jánnaco seja
atingida. Comum para medicamentos de efeito cumulativo.
. O CORPO e suas VIAS de acesso
As diversas aoresentações dos medicamentos existentes no
mercado permitem uma variedade de vias de administração dos
mesmos no corpo e corresponde a forma física com que este é
comercializado. Basicamente, encontramos nos mercado aos
preparados sólidos e líquidos.
Dentre as preparações sólidas mais comumente utilizadas na
clínica, podemos destacar aquelas destinadas à administração tópica,
dentre os quais os cremes e pomadas, os destinados a administração
oral, como os compnmidos, drágeas, pílulas e pós, os destinados a
administração r~~ale vaginal, os óvulos e os supositórios, e aqueles
destinados a administração parenteral, os pós e os liófilos, sendo todos
eles, preparados estéreis.
Em relação aos preparados líquidos, destacamos aqueles
utilizados pela via oral, tais como: os xaropes, as suspensões, que
necessitam de uma prévia homegenização antes da administração,
dIferentemente. das soluções, e as gotas, muito comuns na Pediatria.
Dentre os preparados líquidos para administração retal, encontramos
as soluções para clister e enema.
Existem também os preparados líquidos para a administração
pelas vias parenterais, como preparados líquidos, em suspensão.
Aqui merece uma ATENÇÃO quanto aos preparados oleosos
que não são injetados diretamente nas veias, como também não devem
ser administrados os em suspensão. Os preparados líquidos com base
oleosa e em suspensão, geralmente. aCalTetam a obstrução total ou
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Administração de Medicamentos
parcial da agulha, quando a administração se dá com agulhas
inadequadas, e durante um longo tempo, o que possibilitaria a
precipitação de sedimentos na agulha .
A escolha das vias de administração de medicamentos se dá
em função das características farmacodinâmicas e tarmacocinética
dos medicamentos, bem como, das características dos efeitos
. terapêuticos que se deseja con~eguir, em função das condições clínicas
;(..em que o cliente se encontra.
&- Desta forma, se um determinado fárn'laco é inativado pelo suco
~;"4Sástrico,ou ainda, a sua apresentação não o permite ser administrado
"~p~r uma determinada via, a administração do mesmo deverá ser feita
na via mais conveniente e segura, da mesma forma que se um cliente
se encontra em uma condição de ri,ro iminente de vida, e o efeito
telapêutico resultante da atividade de um fármaco j'O organismo
deverá acontecer imediatamente, escolhe-se uma via que possibilite
tal necessidade.
Há algum tempo atrás, as possibilidades de administração de
medicamentos resumia-se somente a uma ou duas vias de
administração, se~do as vias tópica e oral, as mai', antigas. Após o
descobrimento e posterior descrição de.sistr;rna sanguíneo e vascular,
bem como, da possibilidade de se trabalhar o vidro, o metal e mais
tarde o piástico c a esterilização. outras portas se abriram na
farmacolog'ía, no que se refere às vias de administração de
medicaméntos.
Atualmente, as vias mais comumente utilizadas na clínica são:
,TÓPICA - pele e mucosas tocando o corpo com o
medicamento
Medicamentos administrados sobre apele, de modos diferentes
e em variadas formas ou apresentações farmacêuticas, com o propósito
fundamental de exercerem ações locais. A possibilidade de absorção
apreciável depende das condições em que se apresenta a pele, bem
como, do modo de uso e da natureza do medicamento, se o seu veículo
é aquoso, oleoso ou alcoólico.
119
Administração de Medicamentos
Na pele normal, praticámente o fármaco não é absorvido em
função da camada de queratina encontrada na superfície da epiderme,
que acaba funcionando como barreira mecânica contra a penetração
do fármaco nos planos anatômicos da pele, onde há vascularização
(derme). No entanto, pequenas quantidades do fármaco poderão ser
absorvidas através da pele, influenciada por certos fatores como, por
exemplo, o veículo utilizado pelà medicamento. Geralmente, os veículos
alcoólicos facilitam a absorção através da pele, uma vez que
conseguem destruir o manto hidrolipídico que é uma outra barreira
presente na superfície da pele. A natureza da droga e a maneira com
que esta é aplicada sobre a pele também influenciam no processo de
absorção nesta via.
No entanto, no que se refere a pele alterada (soluções de
continuidade), a absorção poderá ocorrer com facilidade e de maneira
intensa devido ao contato do fármaco com estruturas da pele
vascularizadas como as camadas da derme. Devemos ter o máximo
de cuidado, pois a administração tópica de fármacos em peJe lesionada
(alterada), poderá favorecer uma absorção capaz de fazer com que
os efeitos do medicamento se de forma sistêmica, o que poderia trazer
sérias conseqüências para o cliente. Geralmente, dependendo das
caracterfsticas deste ele será contra-indicado para aplicação tópica,
caso a pele esteJa com soluções' de continuidade extensas, como é
o caso do grande queimado.
Via Mucosa - por dentro dos capilares do corpo
Esta via,muito se assemelha a via tópica no que se refere a
apresentação do medicamento que nela é utilizado, ou ainda, pela
forma de aplicação. No entanto, enquanto na primeira a aplicação se
dá sobre a pele, nesta, a aplicação se dá sobre as mucosas do corpo.
O poder absorventc das mucosas constitui-se uma das suas
características fisiológicas, uma vez que nestas áreas, encontramos uma
rica rede capilar, o que possibilita a facilitação da absorção dos fármacos
* são pequenas le~;ões, ou aberturas /la pele que facilitam e entrada de
microorganismos no corpo.
120
Administração de Medicamentos
foela aplicados. Vale destacar que, na utilização desta via, haverá uma
;,seletividade de absorção do fármaco, permitindo, em certas situações,
Ili. que os efeitosterapêuticos deste sejam percebidos sistemicamente.
) Para utiIizarmos esta via, podemos utilizar teoricamente, todas
'1 'as áreas de mucosa externa do organismo, tais como~a sublingual,
'nasal, ocular, etc, sendo estas, as mais comuns. ,
'~ Vale destacar que a inaloterapia utiliza a mucosa brônquica e
,I..'alveolar como superffcie mucosa para a absprção do medicamento,
,::Em situações extremas, a própria adrenalina poderá ser utilizada
c.'através do tubo oro-traqueal, após diluição em água destilada, como
-:(ocorre nos casoSde atendimento da RCP, quando um acesso vascular
. ainda não foi providenciado. Uma outra aplicabilidade muito comum
para esta via, é .1 administração de vasodilatadores coronarianos tais
como os nitritos, e hip"tensores como a nifedipina, nos casos onde S'é
deseja um rápido efeito do fármaco, na impossibilidade imediata, ou
ainda, quando não há a necessidade de se recorrer aos fármacos
" utilizados pelas vias parenterais 'para se obter os mesmo resultados
\, alcançados pela administração destes fármacos por esta via,
É importante lembrar, que os medicamentos que são
administrados pela via mucosa, não sofrem o fenômeno de primeira
passagem no fígado e, por esta razão, seu efeito sc dá quase que
imediatameljl" Sua desvantagem é que a vida útil dos fármacos
administra~os por esta VIa,é curta demais,
Via Oral - a boca como paladar e comunicação do corpo
Os fármacos que são administrados por esta via, utilizam o
trato gastro-intestinal, em particular, nas primeiras porções do intestino
delgado, como áreas de absorção, É importante lembrarm\'s que todos
os medicamentos utilizados por esta via, além de necessitarem resistir
a ação do suco digestivo, deverão sofrer o fenômeno de primeira
passagem no fígado, o que diminui sensivelmente a fração deste
fármaco que será evidenciada na corrente sanguínea.
Nesta via, os fármacos poderão ser administrados diretamente
pela boca, como acontece nos casos de clientes acordados e lúcidos,
ou ainda, através de entubação gástrica ou intestinal, utilizando-se
121
•
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I
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Adl11illistraçc1o de Medicamelltos
sondas gástricas e intestinais respectivamente. Nesta situação, iremos
necessitar de alguns dispositivos como as sondas de Nelaton ou de
Dobb Hof, e seringas, para que possamos administrar o medicamento.
Quando utilizamos a via gastro-intestinal a paJ1ir da utilização se
sondas, devemos ter o cuidado de macerar os comprimidos com proteção
e revestimento gástrico, ou ainda, noS casos de comprimido sem
revestimento e de fácil solubilidade em água. Deve-se deixar que estes
se dissolvam em um copinho com água, antes de adniinistrarmos. Não
podemos deixar de lavar a sonda com no mínimo 20mI de água, para
que, além de empurrarmos os resíduos do fármaco presentes na sonda,
possamos, também, lavá-Ia, evitando que a mesma se obstrua.
Nos casos de aprescntações líquidas, devemos apenas diluí-las
e, após administra-Ias, lavar a sonda. No entanto, é de extrema
importância que antes de administrarmos qualquer tipo de drogas por
sonda, devemos elevar a cabeceira 00 cliente, certificarmlJ-llos da
localização eÀata da sonda no estômago Oll intestino e, após a
administração, manter a sonda fechada, caso esta encontrar-se em
sífonagem anteriormente a administração por, no mínimo, 30 minutos,
ou, se for o caso, dar continuidade a infusão de dietoterapia gástrica, ou
enteral, caso a mesma esteja em uso antes elaadministração do fármac(I.
Uma das principais vantagens desta via é a facilidade de sua
utilização, que" dependendo das condições do cliente, não exige a
utilização cle dispositivos mais complexos. No entanto, esta mesma
vantagem poderá se constituir em uma de suas principais desvantagens,
uma vez que, por tratar-se de uma via onde a técnica utilizada é muito
simples, acaba por permitir a automedicação.
Vantag~ns como permitir um tempo maior para que sejam
tomadas as providências cabíveis diante do fato de ter sido
administrado um fármaco inadequadamente por esta via, bem como,
um menor risco para o desenvolvimento de reações orgânicas mais
severas como desarranjo hemodinâmico e alérgicos, mais facilmente
verificáveis na administração de fármacos pela via parentel'al, deverão
ser consideradas.
Geralmente, em situações de extrema urgência, como nos casos
de RCP, dores intensas, etc., a utilização desta via é evitada.
Medicamentos de sabores desagradáveis acabam sendo uma
122
Administração de Medicanzentos .
dificuldade para a utilização de apresentações líquidas por esta via
principalmente, na pediatria. A via oral é utilizada tanto para ~
administração de medicamentos para fins terapêuticos como, também,
para a administração para fins diagnóstico como no caso da utilização
dos contrastes. •
Via Retal - a invasão da intimidade do corpo
Não deixa de ser uma administração pela via mucosa, uma vez
que ,a absorção do fármaco se dá na mucosa rcla!. Seu uso é, apenas,
admissível esporadicamente e com indicações precisas, sendo
justificável para a obtenção de efeitos locais tais como a lubrificação
e proteção da mucosa dn reto contra agentes irritantes, tratamento
de determinadas infecções, lavagem intestinal, emulsificaçeo e
amolecimento de fezes, nos casos de fecaloma e para fins diagnósticr,
ou ainda, para efeitos ,slstêmicos, secundários a absorção G8
medicamento, lais como: os analgésicos, anliinflamatórios,
antiespasmódicos.
As apresentações medicamentosas utilizadas por esta via, s;;o
basicamente líquidas, como o enema e o c!ister, e as sólidas tais como
os supositórios.
A.sdesvantagens desta via residem no fato da possibilidade de
absorção selftiva, e possível efeito sistêmico de um fármaco
inicialmen{e administrado para fins terapêuticos locais, além da
possibilidade de irritação da mucosa intestinal, devido as característica
do fármaco, tellesmo e até mesmo hemorragia e, principalmente,
porque é uma prática que invade o corpo do cliente, p0d~ndo criar
respostas adversas que poderão inibir o ekito do medicamento.
lnaloterapia - usando a via respiratória
A illaloterapia e o tratamento medicamentoso que se utiliza à
mucosa bronco-pulmonar como meio de absorção do medicamento.
Restringe-se à administração de aerossóis, de natureza e composição
variáveis, destinados essencialmente à produção de efeitos locais;
certos gases não absorvíveis, normalmente o nitrogênio e o hélio, que
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!i
I,
,I
•
I
II
Administração de Medicamentos
podem ser úteis para evitar atelectasias pulmonar em determinadas
circunstâncias, ou então, para facilitar (hélio) a passagem do oxigênio
através das porções estreitas das vias respiratórias; agentes voláteis
e gasosas difusíveis, com a finalidade de serem absorvidas ao nível
dos pulmões e exercerem ações gerais,
Os riscos inerentes ao modo de administração relacionan-se,
por exemplo, com: reflexos intensos, desencadeados por substâncias
initantes, particularmente, quando usadas de forma relativamente
concentrada; traumatismo das cordas vocais, no ato da entubação
traqueal.
VIA GENITURINÁRIA - uma outra invasão do corpo
As drogas introduzida, diretamente neste aparelho destinam-
se a exercer apenas atividade local. No entanto, por se tratar também
de uma mucosa, é possível que haja absorção do medicamento e
conseqüentes efeitos sistêrnicos deste no organismo, que poderão ser
nocivos, principalmente nos casos de inflamações nestas áreas, o que
facilita sobremaneira a absorção.
No aparelho genital femininc' em particular, esta via é muito
utilizada nos tratàmentos das infecções vaginais, principalmente aquela
causada por Cândidas e Trichomonas.
Vias Parenterais - por dentro das VEIAS do CORPO
Via parenteral refere-se ao modo de administração de
medicamentos, inclusive nutrientes, por qualquer via que não seja a
oral ou intestinal, e que para a sua operacionalização, necessita de
dispositivos tais como seringas, agulhas,cateteres e equipos de infusão.
A administração de medicamentos por estas vias se faz através
de injeções que consiste na introdução em tecidos ou órgãos, de drogas,
por meio de pressão, utilizando-se os dispositivos acima citados.
Na prática hospitalar, as vias parenterais são, freqüentemente,
utilizadas, e, por necessitarem de técnicas mais complexas para a sua
execução, estas deverão ser realizadas apenas por pessoas
qualificadas para tal. As vias parenterais mais comumente utilizadas
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ra a administração de medicamentos no organismo são as vias intra-
érmica, sub-cutânea, intra-muscular e intra-venosa, sendo a última,
"mais utilizada, principalmente, em clientes graves. Temos ainda outras
.'ias que são menos utilizadas, tais como a intra-tecal, a intra-alticular
,ia intra-óssea. ••
A introdução de medicamentos por esta via visa a obtenção
'~nto de um efeito terapêutico local como sistêmico, porém,
íenericamente, os objetivos são a rapidez da, ação e eficiência da
,~b'i,ílgem: além disso, constitui-se na única maneira de se administrar
m:etenninadas drogas que são destruídas pelo suco gástrico, como é o
;çaso da insulina, ou ainda, de administração de drogas irritantes para
,:~s.tecidos ou em grandes ':olumes, que são passíveis de serem
i~tlministradas pela via intravenosa, por exemplo.
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