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Página 2 / 60 D618c DIVERIO, Tâmara S. M. Caderno de Economia Aplicada ao Direito Dom Alberto / Tâmara S. M. Diverio. – Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010. Inclui bibliografia. 1. Direito – Teoria 2. Economia Aplicada ao Direito – Teoria I. DIVERIO, Tâmara S. M. Faculdade Dom Alberto III. Coordenação de Direito IV. Título CDU 340.12(072) Catalogação na publicação: Roberto Carlos Cardoso – Bibliotecário CRB10 010/10 Página 3 / 60 APRESENTAÇÃO O Curso de Direito da Faculdade Dom Alberto teve sua semente lançada no ano de 2002. Iniciamos nossa caminhada acadêmica em 2006, após a construção de um projeto sustentado nos valores da qualidade, seriedade e acessibilidade. E são estes valores, que prezam pelo acesso livre a todos os cidadãos, tratam com seriedade todos processos, atividades e ações que envolvem o serviço educacional e viabilizam a qualidade acadêmica e pedagógica que geram efetivo aprendizado que permitem consolidar um projeto de curso de Direito. Cinco anos se passaram e um ciclo se encerra. A fase de crescimento, de amadurecimento e de consolidação alcança seu ápice com a formatura de nossa primeira turma, com a conclusão do primeiro movimento completo do projeto pedagógico. Entendemos ser este o momento de não apenas celebrar, mas de devolver, sob a forma de publicação, o produto do trabalho intelectual, pedagógico e instrutivo desenvolvido por nossos professores durante este período. Este material servirá de guia e de apoio para o estudo atento e sério, para a organização da pesquisa e para o contato inicial de qualidade com as disciplinas que estruturam o curso de Direito. Felicitamos a todos os nossos professores que com competência nos brindam com os Cadernos Dom Alberto, veículo de publicação oficial da produção didático-pedagógica do corpo docente da Faculdade Dom Alberto. Lucas Aurélio Jost Assis Diretor Geral Página 4 / 60 PREFÁCIO Toda ação humana está condicionada a uma estrutura própria, a uma natureza específica que a descreve, a explica e ao mesmo tempo a constitui. Mais ainda, toda ação humana é aquela praticada por um indivíduo, no limite de sua identidade e, preponderantemente, no exercício de sua consciência. Outra característica da ação humana é sua estrutura formal permanente. Existe um agente titular da ação (aquele que inicia, que executa a ação), um caminho (a ação propriamente dita), um resultado (a finalidade da ação praticada) e um destinatário (aquele que recebe os efeitos da ação praticada). Existem ações humanas que, ao serem executadas, geram um resultado e este resultado é observado exclusivamente na esfera do próprio indivíduo que agiu. Ou seja, nas ações internas, titular e destinatário da ação são a mesma pessoa. O conhecimento, por excelência, é uma ação interna. Como bem descreve Olavo de Carvalho, somente a consciência individual do agente dá testemunho dos atos sem testemunha, e não há ato mais desprovido de testemunha externa que o ato de conhecer. Por outro lado, existem ações humanas que, uma vez executadas, atingem potencialmente a esfera de outrem, isto é, os resultados serão observados em pessoas distintas daquele que agiu. Titular e destinatário da ação são distintos. Qualquer ação, desde o ato de estudar, de conhecer, de sentir medo ou alegria, temor ou abandono, satisfação ou decepção, até os atos de trabalhar, comprar, vender, rezar ou votar são sempre ações humanas e com tal estão sujeitas à estrutura acima identificada. Não é acidental que a linguagem humana, e toda a sua gramática, destinem aos verbos a função de indicar a ação. Sempre que existir uma ação, teremos como identificar seu titular, sua natureza, seus fins e seus destinatários. Consciente disto, o médico e psicólogo Viktor E. Frankl, que no curso de uma carreira brilhante (trocava correspondências com o Dr. Freud desde os seus dezessete anos e deste recebia elogios em diversas publicações) desenvolvia técnicas de compreensão da ação humana e, consequentemente, mecanismos e instrumentos de diagnóstico e cura para os eventuais problemas detectados, destacou-se como um dos principais estudiosos da sanidade humana, do equilíbrio físico-mental e da medicina como ciência do homem em sua dimensão integral, não apenas físico-corporal. Com o advento da Segunda Grande Guerra, Viktor Frankl e toda a sua família foram capturados e aprisionados em campos de concentração do regime nacional-socialista de Hitler. Durante anos sofreu todos os flagelos que eram ininterruptamente aplicados em campos de concentração espalhados por todo território ocupado. Foi neste ambiente, sob estas circunstâncias, em que a vida sente sua fragilidade extrema e enxerga seus limites com uma claridade única, Página 5 / 60 que Frankl consegue, ao olhar seu semelhante, identificar aquilo que nos faz diferentes, que nos faz livres. Durante todo o período de confinamento em campos de concentração (inclusive Auschwitz) Frankl observou que os indivíduos confinados respondiam aos castigos, às privações, de forma distinta. Alguns, perante a menor restrição, desmoronavam interiormente, perdiam o controle, sucumbiam frente à dura realidade e não conseguiam suportar a dificuldade da vida. Outros, porém, experimentando a mesma realidade externa dos castigos e das privações, reagiam de forma absolutamente contrária. Mantinham-se íntegros em sua estrutura interna, entregavam-se como que em sacrifício, esperavam e precisavam viver, resistiam e mantinham a vida. Observando isto, Frankl percebe que a diferença entre o primeiro tipo de indivíduo, aquele que não suporta a dureza de seu ambiente, e o segundo tipo, que se mantém interiormente forte, que supera a dureza do ambiente, está no fato de que os primeiros já não têm razão para viver, nada os toca, desistiram. Ou segundos, por sua vez, trazem consigo uma vontade de viver que os mantêm acima do sofrimento, trazem consigo um sentido para sua vida. Ao atribuir um sentido para sua vida, o indivíduo supera-se a si mesmo, transcende sua própria existência, conquista sua autonomia, torna-se livre. Ao sair do campo de concentração, com o fim do regime nacional- socialista, Frankl, imediatamente e sob a forma de reconstrução narrativa de sua experiência, publica um livreto com o título Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração, descrevendo sua vida e a de seus companheiros, identificando uma constante que permitiu que não apenas ele, mas muitos outros, suportassem o terror dos campos de concentração sem sucumbir ou desistir, todos eles tinham um sentido para a vida. Neste mesmo momento, Frankl apresenta os fundamentos daquilo que viria a se tornar a terceira escola de Viena, a Análise Existencial, a psicologia clínica de maior êxito até hoje aplicada. Nenhum método ou teoria foi capaz de conseguir o número de resultados positivos atingidos pela psicologia de Frankl, pela análise que apresenta ao indivíduo a estrutura própria de sua ação e que consegue com isto explicitar a necessidade constitutiva do sentido (da finalidade) para toda e qualquer ação humana. Sentido de vida é aquilo que somente o indivíduo pode fazer e ninguém mais. Aquilo que se não for feito pelo indivíduo não será feito sob hipótese alguma. Aquilo que somente a consciência de cada indivíduo conhece. Aquiloque a realidade de cada um apresenta e exige uma tomada de decisão. Página 6 / 60 Não existe nenhuma educação se não for para ensinar a superar-se a si mesmo, a transcender-se, a descobrir o sentido da vida. Tudo o mais é morno, é sem luz, é, literalmente, desumano. Educar é, pois, descobrir o sentido, vivê-lo, aceitá-lo, executá-lo. Educar não é treinar habilidades, não é condicionar comportamentos, não é alcançar técnicas, não é impor uma profissão. Educar é ensinar a viver, a não desistir, a descobrir o sentido e, descobrindo-o, realizá-lo. Numa palavra, educar é ensinar a ser livre. O Direito é um dos caminhos que o ser humano desenvolve para garantir esta liberdade. Que os Cadernos Dom Alberto sejam veículos de expressão desta prática diária do corpo docente, que fazem da vida um exemplo e do exemplo sua maior lição. Felicitações são devidas a Faculdade Dom Alberto, pelo apoio na publicação e pela adoção desta metodologia séria e de qualidade. Cumprimentos festivos aos professores, autores deste belo trabalho. Homenagens aos leitores, estudantes desta arte da Justiça, o Direito. . Luiz Vergilio Dalla-Rosa Coordenador Titular do Curso de Direito Página 7 / 60 Sumário Apresentação.............................................................................. 3 Aula 1 A Economia e o Direito............................................................... 10 Aula 2 Aspectos da Evolução da Ciência Econômica.............................. 24 Aula 3 Globalização e as Transformações na Década de 90.................. 34 Aula 4 O Desequilíbrio do Setor Externo............................................... 37 Aula 5 Os Desequilíbrios das Contas Públicas........................................ 58 Aula 6 As Fases da Integração Econômica............................................. 50 Página 8 / 60 Página 9 / 60 Aula 1 A ECONOMIA E O DIREITO Quando se analisa a teoria dos mercados, que é parte da microeconomia, dois enfoques são encontrados: de um lado, estuda-se o comportamento dos produtores e dos consumidores quanto a suas decisões de produzir e de consumir; de outro, além de se conceituarem os agentes das relações de consumo – consumidor e fornecedor, do ponto de vista do Código de Defesa do Consumidor -, colocam-se os direitos do consumidor frente aos deveres do fornecedor de bens e serviços. Por sua vez, quando se estuda o estabelecimento comercial e o papel do empresário, novamente duas visões emergem da análise: a econômica e a jurídica. A visão econômica enfatiza o papel do administrador na organização dos fatores de produção – capital, trabalho, terra e tecnologia - combinado-os de modo a minimizar seus custos ou maximizar seu lucro. A jurídica, extraída de Direito Comercial, apresenta várias concepções, que enfatizam que o estabelecimento comercial é um sujeito de direito distinto do comerciante, com seu patrimônio elevado à categoria de pessoa jurídica, com a capacidade de adquirir e exercer direitos e obrigações. DEFINIÇÃO DE ECONOMIA A economia é fundamentalmente a ciência da escassez. Não fossem os bens escassos, não se depararia a humanidade com os problemas que envolvem sua produção e distribuição. As pessoas têm necessidades e desejos. As necessidades são de caráter mais geral, como: alimentar-se, abrigar-se, locomover-se, reproduzir, ter segurança e aceitação social. Os desejos são a forma como as pessoas buscam satisfazer suas necessidades. A necessidade de vestir-se é de caráter universal, mas a forma como as pessoas se vestem depende de fatores como fantasias, idade, sexo, cultura, religião e preconceitos, por exemplo. Da mesma maneira, as pessoas podem satisfazer as mesmas necessidades e desejos de modos diferentes: através da aquisição de bens ou através da prestação de serviços. Uma pessoa pode satisfazer sua necessidade de abrigar-se através da aquisição ou do aluguel de um imóvel. A pessoa pode comprar uma tesoura ou utilizar os serviços de um cabeleireiro para ter seus cabelos aparados. Outros fatores que influenciam decisivamente na forma como as pessoas satisfazem suas necessidades e desejos são a disponibilidade de recursos naturais, clima, grau de conhecimento técnico acumulado e as relações de produção. A Teoria Econômica analisa, de forma simplificada, o funcionamento de um sistema econômico, utilizando um conjunto de suposições e hipóteses acerca do mundo real, procurando obter as leis que o regulam. Ela divide-se em dois grandes grupos: Página 10 / 60 1. Microeconomia: que trata do comportamento das firmas e dos indivíduos ou famílias, preocupando-se com a formação dos preços e o funcionamento do mercado de cada produto individual; 2. Macroeconomia: que diz respeito aos grandes agregados nacionais, estuda o funcionamento do conjunto da economia de um país, envolvendo o nível geral dos preços, formação da renda nacional, mudanças na taxa de desemprego, taxa de câmbio, balanço de pagamentos etc. Por meio do estudo do comportamento dessas variáveis macroeconômicas, as autoridades econômicas estabelecem políticas monetárias, fiscais, cambiais, taxa de juro etc., visando influenciar o nível da atividade econômica. Para que se mantenha em uma situação de equilíbrio, ou em direção às metas estabelecidas. As decisões do nível macroeconômico têm suas repercussões no equilíbrio microeconômico do mercado. Da mesma forma, o comportamento dos consumidores e das firmas reflete-se no nível agregado, influenciando variáveis macroeconômicas. OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS Constitui-se indubitavelmente o problema central de qualquer economia decidir O que produzir?, Como produzir? e Para quem produzir? Sabe-se que escolher corretamente o investimento é tão importante quanto a torná-lo operacional. Definiremos a seguir individualmente o que vem a ser cada um deles. 1) O que produzir? Diz respeito a definição de quanto e do que deve ser produzido. Sabendo-se que há infinitas possibilidades de investimentos, esta questão é decisiva para o fracasso ou o sucesso de qualquer economia. A União Soviética, por exemplo, no início do século XX, época da revolução socialista, optou por investir a maior parte de seus recursos produtivos nos setores de siderurgia e mineração, as conseqüências vieram no final do mesmo século, quando a União Soviética percebeu que não produzia bens de consumo modernos como computadores, celulares, aparelhos de fax e eletro-eletrônicos em geral, ao contrário possuía um parque industrial obsoleto, ao passo que os países capitalistas desenvolvidos oferecia uma confortável qualidade de vida, respaldada pela oferta de bens de consumo modernos e de um desenvolvimento tecnológico em todas as áreas da economia. O país então, se fragmentou e o sistema comunista perdeu de vez a sua credibilidade. 2) Como produzir? Refere-se ao tipo de tecnologia implementado na produção. É o chamado know- how (como fazer), e ao mesmo tempo é uma tarefa complexa, pelo fato de requerer investimentos corretos nas devidas áreas de pesquisas científicas, ou mesmo de demandar do exterior o know-how mais adequado a produção. Página 11 / 60 3) Para quem produzir? Trata de definir a forma como será repartida a produção, quem serão os consumidores do que será produzido. OBS.: As questões o que, como e para quem produzirsão equacionadas de formas diferentes e de acordo com o sistema econômico que prevaleça. Nos sistemas capitalistas a definição destes questionamentos são dadas pelo próprio mercado. Nos sistemas socialistas ou planificados, é o governo quem define o que, como e para quem produzir. CONCEITOS BÁSICOS DE ECONOMIA: Procure entender bem estes conceitos de economia, pois precisará deles para entender outras relações mais a frente da disciplina. Procure compreender como alguns dos principais temas econômicos têm relações entre si, influenciam uns aos outros e afetam a vida de todas as pessoas. O que são os juros? É o preço do dinheiro emprestado. Ex.: Se um banco lhe empresta 1000 reais hoje com a condição de que você devolva 1150 reais no mês que vêm, então a taxa de juro que ele está cobrando é de 15% ao mês. Aumento das taxas de juros: O governo gastaria mais com os encargos da dívida pública; Por conseqüência queda imediata no crescimento econômico (pois inibe os investimentos); Maior rentabilidade nas aplicações; Reduzindo a arrecadação do próprio governo; A produção diminui causando desemprego; Diminuição das taxas de juros: Crédito torna-se atrativo; Aumento dos gastos por parte dos consumidores; Maiores investimentos por parte das empresas (os recursos financeiros possuem custos menores); Página 12 / 60 O que é a Taxa Selic e quem determina? Existe uma taxa básica de juros na economia brasileira que se chama Taxa Selic. Ela é determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central – órgão do governo federal que regula a quantidade de dinheiro em circulação no país e supervisiona o sistema bancário. A taxa selic são os juros que o Banco Central cobra pelos empréstimos que faz aos bancos. A partir dela, os bancos estipulam os juros que cobrarão daqueles que lhes pedem empréstimo (como você, quando usa o cheque especial, por exemplo). Por isso, ela é chamada de taxa básica. Naturalmente, o banco cobra mais daqueles a quem empresta do que quanto paga ao tomar emprestado do Banco Central. Essa diferença é chamada de “spread” (palavra em inglês para a diferença entre o preço do custo e o de venda). O que é o PIB (Produto Interno Bruto)? É o valor do que é produzido pelos três setores da economia (indústria, agropecuária e serviços) em certo período – em geral, em um ano. PIB per capita: é o PIB dividido pelo número de habitantes, ou seja, quanto caberia a cada pessoa se as riquezas produzidas fossem divididas igualmente. Esta medida nos mostra que pouco adianta o PIB crescer se a população aumenta em ritmo mais rápido, porque o país acaba ficando mais pobre. O que é INFLAÇÃO? É o aumento generalizado dos preços. Se, por exemplo, uma cesta de produtos que custa 100 reais em fevereiro passa a ser vendida por 150 reais em março, apurou-se uma inflação de 50% no mês. Cabe relembrar que a inflação, já foi o grande drama da economia brasileira. A partir dos anos 1980, vários planos fracassaram na tentativa de contê-la. Mas, desde 1994, com a implantação do Plano Real, ela está relativamente sob controle. Depois de ter atingido mais de 40% ao mês naquele ano, a inflação está há quase três anos abaixo de 1,7% ao mês. Houve aumento em 2002 por causa de uma crise cambial, mas desde então o acumulado do ano encontra-se em queda. Mas, como o Brasil controla a inflação? Através dos juros altos: aos tornar os financiamentos (como crediário ou cartão de crédito) muito caros, eles diminuem a procura (consumo) por bens e serviços e freiam a economia. Como conseqüência, os preços sobem menos, o que é explicado pela lei da oferta e procura – quanto menor a procura por um produto ou serviço, menor tende a ficar seu preço, para o comerciante tentar estimular a venda. Página 13 / 60 O que é taxa de câmbio? Definição: Taxa Cambial é o preço de uma moeda nacional em termos de outra. Taxa Cambial no Brasil: em geral, a taxa cambial de um país qualquer é expressa como unidades de moeda nacional necessárias para comprar uma unidade de moeda estrangeira. Valorização cambial da moeda nacional ocorre quando o poder de compra desta em relação à demais cresce; e desvalorização cambial, quando seu poder de compra cai. Exemplo: No Brasil, um dólar custa dois reais. Se a taxa cambial varia para um real por dólar, dizemos que se valorizou. Se varia para três reais por dólar, a moeda se desvalorizou. Que fatores tem possibilitado a entrada de muitos dólares no nosso País? Um dos fatores são as altas taxas de juros, pois estas atraem investimentos financeiros internacionais, feitos em dólar. Outro é o bom desempenho das exportações, que têm batido recordes. Mas quais as conseqüências do real valorizado? Como é comum em economia, o real valorizado traz conseqüências boas e ruins. Entre as boas podemos citar duas: como fica mais barato comprar produtos estrangeiros, a indústria se moderniza com a importação de tecnologia. Além disso, como as matérias- primas importadas tornam-se mais baratas, o preço do produto final tende a cair, o que pressiona a inflação para baixo. Mas, por outro lado, com o real valorizado, as exportações e a balança comercial tendem a ser prejudicadas. Crescimento da economia mundial Eis um bom exemplo de como, em economia, tudo está relacionado e nem sempre o óbvio acontece. O real valorizado deveria comprometer o resultado da balança comercial brasileira, mas a taxa de câmbio desfavorável para exportações tem sido compensada pelo ótimo cenário da economia global nos últimos anos. É principalmente o crescimento da China e dos EUA que compõe esse cenário, pois os dois países fazem muitas compras no mercado global. Mas, outros fatores estimulam as nações em desenvolvimento, como o Brasil. O primeiro são os preços recordes da commodities (as matérias-primas de grande importância econômica, como o petróleo e a soja, em geral exportados por países emergentes. O segundo são os juros baixos nos países ricos, que reduzem o custo dos empréstimos e estimulam o investimento nas nações em desenvolvimento, nas quais são pagas taxas mais altas, como no Brasil. Página 14 / 60 O SISTEMA FINANCEIRO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL “conjunto de instituições financeiras que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores”. CLASSIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 1. Intermediários financeiros: captam poupança diretamente do público (por sua própria iniciativa e responsabilidade); aplicam estes recursos junto a empresas (através de empréstimos e financiamentos); Ex.: bancos comerciais, caixas econômicas e os bancos de investimentos, etc. 2. Instituições auxiliares: apenas colocam em contato os poupadores e investidores. Ex.: Bolsa de valores, sociedades corretoras e distribuidoras. 3. Instituições financeiras monetárias: Recebem depósitos à vista, criam moeda. Ex.: bancos comerciais, caixas, bancos múltiplos e cooperativas de crédito; 4. Instituições financeiras não-monetárias: Não recebem depósitos à vista; Operam com ativos não monetários (ações, CDB, títulos, etc.) Ex.: corretoras, bancos de investimento, bndes, etc. Página 15 / 60 AUTORIDADES MONETÁRIAS 1. CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN) É o órgão normativodo sistema financeiro. Não lhe cabem funções executivas. É responsável por diretrizes de Políticas Monetárias, Cambial e de créditos. Conselho de Política Econômica. COMPETÊNCIAS DO CMN Determina a quantidade dos meios de pagamento necessários ao funcionamento da economia; regular o valor interno e externo da moeda nacional; Determina as normas de atuação das instituições financeiras; Coordena a política monetária. ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS DO CMN Autorizar a emissão de papel-moeda; determinar as taxas do recolhimento compulsório das instituições financeiras; regular as operações de redesconto de liquidez; regular o funcionamento e a fiscalização de todas as instituições financeiras que operem no país. Em 1977, foi criado o COPOM (Comitê de Política Monetária) canal pelo qual o CMN delibera sobre a política monetária. COPOM Comitê de Política Monetária O COPOM é composto por diretores do Bacen e o Ministro da Fazenda. Sua gestão visa: Página 16 / 60 Definir meta para a taxa SELIC; Avaliar o relatório das metas da inflação; Monitorar a inflação e fixar as metas de juros básicos. Taxa Selic - Sistema Especial de Liquidação e Custódia O que é? É a taxa de negociação de títulos públicos; (quanto o governo remunera quem empresta dinheiro a ele) o Definida pelo Copom e calculada pelo Bacen; A taxa de juros brasileira é a mais alta do mundo. Taxa de juros alta inibe o crescimento econômico. Usada também para frear a inflação. 2 BANCO CENTRAL ATRIBUIÇÕES DO BACEN controle da política monetária: emitir papel moeda; executar serviços de meio circulante; realizar operações de open market; depositário das reservas das instituições financeiras; realizar operações de redesconto para as instituições financeiras; Página 20 / 60 regular a execução dos serviços de compensação de cheques. fazer a regulação do sistema financeiro; autorizar e fiscalizar o funcionamento das instituições financeiras; guardião do valor da moeda nacional; OBS.: O CMN – Conselho Monetário Nacional determina as taxas do recolhimento compulsório das instituições financeiras. O Bacen recebe os recolhimentos compulsórios. Quem emite papel-moeda e moeda metálica é o Banco Central. Quem autoriza a emissão de papel-moeda e o CMN – Conselho Monetário Nacional. Página 21 / 60 AUTORIDADES DE APOIO 1 COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CMV) OBJETIVOS DA CVM Fortalecimento do mercado de ações; regular as bolsas de valores e assegurar um funcionamento eficiente; organização, funcionamento e operações das bolsas de valores; 2 BANCO DO BRASIL (BB) É um banco comercial que funciona como agente financeiro do governo; É o principal agente da política de crédito agrícola e industrial. Ou seja, em alguns casos opera como agente do governo federal executor da política oficial de crédito rural; compensação de cheques e outros papéis; Página 22 / 60 3. BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL (BNDES) OBJETIVOS BNDES impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país; fortalecer o setor empresarial nacional; atenuar os desequilíbrios regionais (criando pólos de produção; promover o desenvolvimento integrado das atividades agrícolas, industriais e de serviços; 4. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CEF) Exercem atividades típicas de bancos comerciais (recebem depósitos à vista em cc e fazem empréstimos); Também atuam no crédito direto ao consumidor, financiando bens de consumo duráveis, empréstimos sob garantia de penhor industrial e caução de títulos. Detém a exclusividade das operações de empréstimo sob penhor de bens pessoais. Agente do governo federal para a execução de sua política habitacional. Página 23 / 60 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS Os Bancos Comerciais Criam moeda: efeito multiplicador Captação: depósitos à vistas Empréstimos Página 24 / 60 Aula 2 ASPECTOS DA EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA 1 MERCANTILISMO Política econômica adotada na Europa do século XVI a meados do século XVII. Objetivo: O fortalecimento do Estado (RIQUEZA E PODER); Apogeu do Absolutismo (monarca tem todos os poderes) CARACTERÍSTICAS Metalismo: a riqueza de um país era medida pela quantidade de metais que ele possuía; Balança comercial favorável: Quando ocorre mais exportações e menos importações, isto é, acumula-se riquezas no país; Intervenção do estado na economia: através do Estado Nacional, a economia concentrava-se na intervenção estatal; Protecionismo: Há um incentivo no consumo de produtos nacionais, isto é, evita-se as importações para proteger a produção nacional; Monopolismo: somente o Estado (Metrópole) pode ter exclusividade na exploração colonial; Para o desenvolvimento do mercantilismo era necessário a CONQUISTA DE COLÔNIAS, as quais abasteceriam a Metrópole com seus produtos e seriam consumidores dos produtos metropolitanos. A isto se dá o nome de PACTO COLONIAL 2 FISIOCRATAS Os fisiocratas consideravam a agricultura como fonte original de toda riqueza, porque somente ela permitia larga margem de lucros sobre um investimento pequeno;SOMENTE A TERRA OU NATUREZA É CAPAZ DE PRODUZIR ALGO NOVO; Transferiram o centro da análise do âmbito do comércio para o da produção Página 25 / 60 3 CLÁSSICOS Adam Smith afirma que não é a prata ou o ouro que determina a prosperidade de uma nação, mas sim o trabalho humano; Em conseqüência, qualquer mudança que aprimore as forças produtivas enriquece uma nação A principal delas - além da mecanização - é a divisão social do trabalho, amplamente estudada por ele. Defendem o LIBERALISMO; Elaboram o conceito de racionalidade econômica, no qual o indivíduo deve satisfazer suas necessidades sem se preocupar com o bem-estar coletivo; A liberdade de todos os comportamentos econômicos (do consumidor, do produtor) assegura, em sua opinião, a maior e a melhor produção possível ao menor custo estabelecendo que a verdadeira fonte da riqueza é o trabalho; Ao governo compete: patrocinar a defesa nacional, garantir a livre concorrência entre as empresas e a proteção à propriedade privada. A iniciativa individual deve ser incentivada. 4 O PENSAMENTO MARXISTA Criticavam a "ordem natural" e a "harmonia de interesses", pois há concentração de renda e exploração do trabalho. Desenvolveu, também, a teoria da mais-valia (exploração do trabalho), que é a origem do lucro capitalista, de acordo com o pensamento marxista; (Analisou as crises econômicas, a distribuição de renda e a acumulação de capital); Marx exerceu grande impacto e provocou importantes transformações com a publicação: Manifesto Comunista e O Capital. Página 26 / 60 Segundo sua doutrina, a industrialização vinha acompanhada de efeitos danosos ao proletariado, tais como: baixo padrão de vida,longa jornada de trabalho, reduzidos salários e ausência de legislação trabalhista. 5 NEOCLÁSSICOS Amparados pelas idéias do filósofo inglês Jeremy Bentham (1748-1832), criador do utilitarismo, eles afirmam que o valor de um produto é uma grandeza subjetiva: relaciona-se com a utilidade que ele tem para cada um; Essa utilidade, por sua vez, depende da quantidade do bem de que o indivíduo dispõe; Dessa maneira, o preço das mercadorias e dos serviços passa a ser definido pelo equilíbrio entre a oferta e a procura. Essa lei do mercado, para os neoclássicos, conduz à estabilidade econômica. 6 KEYNESIANOS Revolução : A obra Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936); Keynes contesta as hipóteses neoclássicas de que as forças do mercado conduzem ao equilíbrio econômico; Mostra que é possível, em uma economia de mercado, a permanência de longas crises, marcadas pela recessão e pelo desemprego; Segundo o autor, elas ocorrem quando o investimento na economia é relativamente reduzido, não sendo suficiente para garantir o pleno emprego da força de trabalho existente; o Para superá-las, recomenda o aumento do gasto público; As obras estatais, por exemplo, criam novos postos de trabalho, diminuindo o desemprego. Página 27 / 60 TEORIA ELEMENTAR DO FUNCIONAMENTO DE MERCADO O funcionamento do sistema de economia de mercado mercado famílias empresa s Os mercados e os preços compradores (demandantes) vendedores (ofertantes) Livre jogo da oferta e da demanda ■peça-chave no funcionamento de toda a economia de mercado Mercado Competitivo A existência de muitos Demandantes e Ofertantes A demanda preço. Quantidade de mercadoria que o consumidor deseja adquirir a determinado preço gosto preferênci a renda disponível preço dos bens relacionados O que é Curva de demanda? Ela nos mostra a relação entre a quantidade demandada de um bem por todos os indivíduos e seu preço, mantendo constantes outros fatores (gosto, renda, preço de bens relacionados ) A lei da demanda Mostra que quanto maior o preço de um bem, menor a quantidade desse bem que os consumidores estariam dispostos a comprar. Paralelamente, quanto mais baixo o preço do bem, mais unidades serão demandadas. Página 28 / 60 Obs.: Você deve entender o gráfico abaixo e saber que é um gráfico que expressa a lei da demanda. A oferta Quantidade de mercadoria que os produtores estão dispostos a vender a determinado preço. Depende de um conjunto de fatores: tecnologia os preços dos fatores produtivos o preço do bem que se deseja oferecer O que é a Curva de Oferta É a relação entre o preço e a quantidade ofertada. A Lei da Oferta Mostram como a quantidade ofertada aumenta junto com preço, refletindo o comportamento dos produtores. Obs.: Você deve entender o gráfico abaixo e saber que é um gráfico que expressa a lei da oferta. Página 29 / 60 O Equilíbrio de Mercado Interação entre os agentes produtores consumidores estudo conjunto de ambas as curvas preço de equilíbrio quantidade de equilíbrio O preço de equilíbrio é aquele em que coincidem os planos dos demandantes ou consumidores e dos ofertantes ou produtores O Equilíbrio de Mercado O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta como pela demanda. O equilíbrio se encontra onde as curvas de oferta e de demanda se cruzam. Ao preço de equilíbrio, a quantidade oferecida é igual a quantidade demandada (quantidade de equilíbrio). Relação entre a quantidade demandada e preços de outros bens e serviços (bens substitutos e complementares) O que são bens substitutos ou concorrentes? É quando o consumo de um bem substitui o consumo do outro. Página 30 / 60 Exemplos: 1 - Carne de vaca, frango e peixe. 2- Cerveja: Antarctica e Brahma. 3- Coca-cola e Guaraná. O que são bens complementares? São bens consumidos em conjunto, ou seja, bens para os quais o aumento no preço de um dos bens leva a uma redução na demanda pelo outro bem. Exemplos: camisa social e gravata; Pneu e câmara. Pão e manteiga. Sapato e meia. Litro de gasolina e automóvel. Página 31 / 60 RELAÇÃO ENTRE A DEMANDA DE UM BEM E A RENDA DO CONSUMIDOR Bem Normal = tudo o mais constante, um aumento na renda provoca um Aumento na quantidade demandada do bem. Bem Inferior = tudo o mais constante, um aumento na renda provoca uma diminuição na quantidade demandada do bem. Ex.: Passagem de ônibus, carne de segunda. ESTRUTURAS DE MERCADO Introdução Mercado em Concorrência Perfeita Monopólio Oligopólio Concorrência Monopolística Introdução As várias formas ou estruturas de mercado dependem fundamentalmente de 3 características: a) número de empresas que compõem esse mercado; Página 32 / 60 b) tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados); c) se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado. TIPOS DE ESTRUTURAS DE MERCADO Concorrência Pura ou Perfeita Mercado atomizado: mercado com infinitos vendedores e compradores (como “átomos”), de forma que um agente isolado não tem condições de afetar o preço de mercado. Produtos Homogêneos: todas as firmas oferecem um produto seme- lhante, homogêneo. Não há diferenças de embalagem, qualidade nesse mercado. Mobilidade de firmas: não há barreiras para o ingresso de empresas no mercado. Monopólio Características Básicas uma única empresa produtora do bem ou serviço; não há produtos substitutos próximos; existem barreiras à entrada de firmas concorrentes. As barreiras de acesso podem ocorrer de várias formas: Monopólio puro ou natural = devido à alta escala de produção requerida, exigindo um elevado montante de investimento. A empresa monopolística já está estabelecida em grandes dimensões e tem condições de operar com baixos custos. Torna-se muito difícil alguma empresa conseguir oferecer a um preço equivalente à firma monopolista; Patentes = direito único de produzir o bem. Controle de matérias-primas básicas = Exemplo : o controle das minas de bauxita pelas empresas produtoras de alumínio. Monopólio estatal ou institucional, protegido pela legislação, normalmente em setores estratégicos ou de infra-estrutura. (Energia, Petróleo, comunicações). Página 33 / 60 Definido de duas formas: Oligopólio pequeno nº de empresas no setor. Ex. Indústria automobilística. ou um pequeno nº de empresas domina um setor com muitas empresas. Ex.: Indústria de bebidas. Devido à existência de empresas dominantes, elas têm o poder de fixar os preços de venda em seus termos, defrontando-se normalmente com demandas relativamente inelásticas, em que os consumidores têm baixo poder de reação a alterações de preços. No oligopólio, assim como no monopólio, há barreiras para a entrada de novas empresas no setor. Tipos de oligopólio: com produto homogêneo (alumínio, cimento); com produto diferenciado (automóveis). Formasde atuação das empresas: 1. concorrem entre si, via guerra de preços ou de promoções (forma de atuação pouco freqüente); 2. formam cartéis (conluios, trustes). Cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro de um setor, que determina a política para todas as empresas do cartel. O cartel fixa preços e a repartição (cota) do mercado entre as empresas. Concorrência Monopolística muitas empresas, produzindo um dado bem ou serviço; cada empresa produz um produto diferenciado, mas com substitutos próximos; cada empresa tem um certo poder sobre os preços, dado que os produtos são diferenciados, e o consumidor tem opções de escolha, de acordo com sua Preferência. Página 34 / 60 Aula 3 (Tema para o trabalho) GLOBALIZAÇÃO E AS TRANSFORMAÇÕES NA DÉCADA DE 90 CRISES ANOS 90 MÉXICO Efeito Tequila: Crise Cambial sofrida pelo México; Fortes déficits em transações correntes de seu Balanço de Pagamentos; Crise: enorme fuga de capitais; Peso mexicano intensa desvalorização; Aumenta suas exportações para o EUA; Ganha competitividade devido: Desvalorização e proximidade física EUA; Tailândia, Filipinas, Indonésia e Malásia Perdem mercado para México e China; Não conseguiram acompanhar as desvalorizações (moedas atreladas ao dólar); Aumenta déficit em transações correntes; Era preciso alguém para financiar os déficits: Quem? Japão: “Junta-se a fome com a vontade de comer” Os países do Sudeste asiático eram considerados estáveis, confiáveis e de elevada rentabilidade para os investidores; Então: Banqueiros japoneses com muito dinheiro em caixa estavam procurando melhores remunerações para os seus investimentos; Fugindo de seu próprio mercado interno (taxa de juros muito baixas); Os japoneses queriam reverter a situação de recessão com taxa de juros baixa; Mas: Quando esses credores externos se convenceram de que aqueles países representavam um risco maior do que o que eles estavam dispostos a assumir, recusaram- se a continuar financiando o déficit, fato que gerou a crise cambial nesses quatro países e os obrigou, a desvalorizar fortemente suas moedas; TAILÂNDIA, FILIPINAS, INDONÉSIA E MALÁSIA Desvalorizaram suas moedas em relação ao dólar em 30%; Essa crise do sudeste asiático foi se espalhando, envolvendo a Coréia, Taiwan, Hong Kong até alcançar a Rússia. Página 35 / 60 HONG KONG E TAIWAN Hong Kong volta para a China em 1997; Coincidiu com a Crise Asiática; Para defender a estabilidade da sua taxa de câmbio: Aumentou taxa juros; Usou todas as suas reservas; Queria se defender do ataque especulativo; Moeda se manteve inalterada. Taiwan Antes: China até 2ª guerra; Com o apoio EUA, tornou-se um Estado independente; China quer recuperar Taiwan Também desvalorizou sua moeda. E as consequências para o resto do mundo? Diminui renda variável (ações); Aumento títulos de renda fixa (rendimento previamente conhecido); Receosos de uma crise de grandes proporções, os investidores em renda variável (na Bolsa de Valores de Hong Kong) iniciaram um deslocamento maciço para renda fixa ou compraram títulos do tesouro norte-americano (mais seguros do mundo); A crise asiática e recessão japonesa causaram outros estragos: Com a diminuição do crescimento econômico: Países dependentes petróleo; Importava da Rússia; Rússia diminui consumo de Petróleo; Crise Rússia (Bolsa de Moscou forte abalo) Repercutiu no mundo todo. Ou seja, a Rússia, foi afetada pela queda dos preços do petróleo que a redução da demanda do países em crise ocasionou. Página 36 / 60 O EFEITO MANADA “Se um megainvestidor está saindo de um lugar considerado seguro é porque este deixou de sê-lo. Então é melhor sair também antes que seja tarde”. O país que sofre esse ataque especulativo não tem como defender sua taxa de câmbio e acaba desvalorizando-a. E o que o governo brasileiro fez? Elevou bruscamente as taxas de juros 20% para 39% ao ano; (para manter os investimentos financeiros e evitar a dilapidação das reservas); Relativo êxito Não foi preciso desvalorizar o real, mas Os juros aumentou a dívida interna; Aumentou o déficit público. Página 37 / 60 Aula 4 O DESEQUILÍBRIO DO SETOR EXTERNO Notícia de jornal do final de novembro de 1998 dizia o seguinte: “O déficit em transações correntes chegou a 4,4% do Produto Interno Bruto na série de doze meses terminada em outubro. É o maior saldo negativo registrado desde o início do Plano Real...Este dado reflete a crise financeira internacional”. A notícia referia-se ao déficit existente nas “transações correntes” O que significa isto? Quando os jornais se referem ao déficit externo em “transações correntes” ou em “conta corrente”, eles estão indicando que GASTAMOS MAIS DO QUE ARRECADAMOS no COMÉRCIO, nos SERVIÇOS e nas TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS. São contas que registram as relações econômicas e financeiras de um país, com o resto do mundo. 1.Balança Comercial 2.Balança de serviços 3.Transferências unilaterais Transações correntes 1. Balança Comercial Déficit: Importações > Exportações Superávit: Exportações > Importações Lembrando: Taxa de câmbio: “é a relação de valor entre duas moedas”. 2. Balança de Serviços (Viagens Internacionais) Página 38 / 60 Déficit: Brasileiros gastaram muito mais no exterior do que turistas estrangeiros gastaram no Brasil; Despesa com o pagamento de juros da dívida externa; Remessa de lucros e dividendos do capital estrangeiro investido no Brasil. 3. Transferências Unilaterais Brasileiros que vivem em outros países e transferem recursos para o Brasil; Despesas que um país realiza para a manutenção de embaixadas e consulados em todo o mundo; Doações em casos de calamidades. Balança de transações correntes Se essa conta for SUPERAVITÁRIA: Significa que o país está recebendo recursos que podem ser utilizados: No pagamento de compromissos assumidos anteriormente (diminuição do endividamento externo); Para aumentar as reservas do país; Se essa conta for DEFICITÁRIA: (implica a necessidade de): De investimentos de estrangeiros no país (aumentando o controle de estrangeiros sobre empreendimentos no país); De se contraírem empréstimos no exterior (aumentando o endividamento do país); De diminuir as reservas nacionais de divisas internacionais. Página 39 / 60 Qual a saída? Estímulo as Exportações e diminuição das Importações (Superávit Comercial) Página 40 / 60 para cobrir o déficit de Serviços. EM RESUMO Um país que déficits em transações correntes grandes e crescentes depende muito da entrada de recursos externos; Como necessita conceder vantagens para quem vier será prisioneiro da manutenção de ELEVADAS TAXAS DE JUROS e da manutenção de outros benefícios para os investidores. DÉFICITS GÊMEOS E O PERIGO DE UMA ATAQUE ESPECULATIVO Repetidos déficits em transações correntes Cobrir o rombo atrair capitais externos (taxas juros elevadas) Plano Real : já sofreu três ataques especulativos O que é um ataque especulativo? Ocorrequando existe uma desconfiança dos investidores sobre a solidez dos fundamentos que sustentam a estabilidade de uma moeda. Causa desastres econômicos e financeiros Formação das Reservas Quando um país NÃO CONSEGUE COBRIR O DÉFICIT em transações correntes do BP com A ENTRADA DE CAPITAIS (empréstimos e financiamentos)? Recorre as RESERVAS DE ONDE VÊM ESSAS RESERVAS? ⇒ Têm origem em superávits do Balanço de Pagamentos obtidos em anos anteriores. Página 41 / 60 OBS.: Quanto maiores forem as reservas em moeda forte, maiores serão as garantias para uma economia enfrentar eventuais déficits futuros. Página 42 / 60 Relação entre o esgotamento das reservas e a desvalorização do câmbio Reservas não suficientes para cobrir um déficit CRISE CAMBIAL (ESCASSEZ DE MOEDA FORTE NO PAÍS) O DÉFICIT EM TRANSAÇÕES CORRENTES DEVE SER REDUZIDO: Desvalorização Cambial Transformar um déficit em um Megasuperávit Exportações (AUMENTO) Importações (DIMINUI) Então: Superávit na Balança Comercial + Saldo Positivo das transferências unilaterais = Reduz ou elimina o déficit em transações correntes (causou o problema) Obs.: Compensa o déficit da conta de serviços Desvalorização Cambial X Inflação Exportações estimuladas e importações reduzidas; O preço de todos os produtos importados se elevarão; Inflação. Página 43 / 60 Para mudar a balança comercial de déficit para superávit Desvalorização Cambial Superávit comercial: mais exportação, menos importação; Ocorre entrada de divisas; Aumenta reservas Aumenta inflação Aumenta preços produtos importados Facilita elevação dos preços internos Desvalorização Cambial X Debandada de Investidores •GLOBALIZAÇÃO: Os mercados financeiros internacionais passaram a operar on- line 24 horas. •Os investimentos financeiros se movimentam com grande agilidade e em grandes volumes a todo momento. INVESTIMENTO FINANCEIRO, REQUER: SEGURANÇA ESTABILIDADE CAMBIAL Em grande parte dos países a moeda estrangeira necessita transformar-se em moeda nacional para ser aplicada internamente e obter a desejada rentabilidade. Quem utiliza moeda forte e aplica em países de moeda fraca e duvidosa realiza um salto perigoso: TROCA SEU DINHEIRO “BOM” POR OUTRO QUE PODE SE DESVALORIZAR”. Obs.: A desconfiança do investidor de que um governo está prestes a desvalorizar a moeda na qual ele tem suas aplicações pode levá-lo, a trocá-las por dólares, e sair rapidamente antes que tal desvalorização aconteça. Página 44 / 60 TEXTO COMPLEMENTAR: CERVO. A. L. A. A internacionalização da economia brasileira. Coleção Divulgação. Fundação Alexandre Gusmão. Diponível em: http://www.funag.gov.br/biblioteca-digital/o-livro-na-rua-serie-diplomacia. Acesso em 16 de setembro de 2010. A INTERNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA BRASILEIRA Nacionalizar a economia internacional Por volta de 2005, a economia brasileira alcança uma nova etapa rumo a sua maturidade macroeconômica. A transição que se observa então, é bem verdade, lança raízes em condições que vinham sendo preparadas há anos. Desde os anos 1930, sob impulso do paradigma desenvolvimentista, a grande estratégia consistia em nacionalizar a economia internacional. Trazer para dentro do país capitais e empresas estrangeiros, importação procurada para manter o elevado ritmo de crescimento, que era apoiado na produção para o mercado interno e no protecionismo. O modelo resultava, com efeito, em crescimento industrial de longo prazo, porém criava certos gargalos de longo prazo também, como o isolamento do país, a baixa produtividade sistêmica interna e a manutenção de características de dependência estrutural. O choque da abertura nos anos 1990 deu continuidade à tendência de importação de insumos, pois que o neoliberalismo conduziu à nacionalização da globalização, especialmente dos serviços. Mas a abertura despertou o empresariado, que não mais poderia manter-se em letargia, isolado no espaço nacional e vivendo à sombra das tarifas. Como a maturação de uma tendência é lenta, somente no século XXI toma impulso a mudança que conduz à nova etapa do desenvolvimento, a expansão para fora de empresas brasileiras. Internacionalizar a economia nacional Uma nação alcança essa etapa do desenvolvimento quando reúne condições adequadas para tal. No Brasil, o caminho para a maturidade econômica foi preparado durante décadas, porém o conjunto de condições para o salto de qualidade produziu-se apenas na primeira década do século XXI. A internacionalização das empresas brasileiras tornou-se, com efeito, possível e viável por razões mentais e materiais. Em primeiro lugar, a capitalização das empresas e a elevação de sua produtividade ao nível sistêmico global, sem o que elas não estariam preparadas para instalar-se e operar fora do país. Em segundo lugar, o nível de organização empresarial, de captação de informação e de apropriação de expertise necessárias para expandir o negócio além fronteiras. Em terceiro lugar, o apoio do Estado para visualização e aproveitamento de oportunidades a que se voltam as lideranças sociais. Essa última condição, muito relevante, diz respeito à política exterior e supõe tanto uma mudança da mentalidade empresarial como da função do Estado. A sociedade Página 45 / 60 comprova a mudança em curso da mentalidade empresarial, por exemplo, quando aparece, em 1994, a Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica, hoje com centenas de sócios no meio empresarial. A mudança da mentalidade pública se faz na virada do milênio com a transição do paradigma desenvolvimentista para o neoliberal e deste para o Estado logístico. Logístico é o Estado que não mais dispõe dos meios de produção, tampouco entrega ao mercado seu inteiro domínio, porém repassa aos segmentos organizados da sociedade a responsabilidade pelo desenvolvimento. E lhes presta orientação e apoio, zelando, igualmente, pela harmonia na realização de interesses setoriais, cuja soma configura o interesse nacional. A nova função do Estado pressupõe, em nossos dias, apoio político e jurídico às empresas, por meio do tratado ou do ordenamento estável para garantia dos investimentos. Da mesma forma, a bitributação dos lucros apresenta-se como empecilho, por tal razão o governo brasileiro já tem firmado cerca de três dezenas de acordos para evitá-la. O papel do Estado, por mais que se decante a autonomia do mercado, nunca deixou de ser essencial para a internacionalização econômica em qualquer das fases históricas de expansão e em qualquer sistema econômico. Instrumentos e mecanismos A internacionalização da economia brasileira se faz por meio de diversos instrumentos e mecanismos, a exemplo do que sucede com outros países que percorreram esse caminho. A ação mais relevante é o investimento direto, dito produtivo, mediante a instalação da filial, a compra total da empresa estrangeira ou a associação com ela. Existem, contudo, investimentos em ações, empréstimos e depósitos diversos, sem considerar os bancários. O tempo figura entre os elementos de cálculo do investidor, ao qual não interessa a flutuação conjuntural, porém a perspectiva do longo prazo. A capacidade de atração, entretanto, condicionaos fluxos e o destino dos empreendimentos. Ela é determinada por ordenamento jurídico confiável, credibilidade política e estabilidade econômica. Nos últimos anos, os países emergentes, despertam nova onda de transnacionalização econômica. Com efeito, no ano 2000, 81% dos investimentos totais realizados no mundo provinham das economias avançadas, apenas 68% em 2007. Por outro lado, quando para eles dirigem-se os fluxos, influem especificamente como fatores de atratividade entre os emergentes o tamanho da economia e do respectivo mercado de consumo e o ritmo de crescimento econômico. As condições da atratividade existentes na economia brasileira explicam o grande fluxo de investimentos diretos externos para o país: 22 bilhões de dólares ao ano em média desde o plano real de 1994, 45 bilhões apenas em 2008. Explicam, do mesmo modo, o destino dos investimentos diretos brasileiros no exterior. O Brasil multinacional Página 46 / 60 De acordo com relatórios do Banco Central, o estoque de investimento direto brasileiro no exterior atingiu a soma de 129,8 bilhões de dólares em dezembro de 2007, acrescentando-se o investimento de 20,457 bilhões em 2008. O assessor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Embaixador Rubens Barbosa, registra em artigo para o jornal O Globo que o Brasil ocupa então a décima quarta posição no ranking dos países com maior estoque de investimento direto no exterior. O número de empresas que investem no exterior acompanha o aumento desse estoque, a demonstrar que o investimento direto lá fora movimenta as grandes como as médias empresas. Cerca de mil empresas brasileiras operam no exterior. Os setores mais dinâmicos são representados pelas instituições financeiras, empresas mineradoras e siderúrgicas, produção energética, serviços de engenharia, alimentação e têxtil, porém a pulverização de investimentos ocorre também, envolvendo inúmeros outros setores e outras empresas. Um dos objetivos da política exterior brasileira do século XXI tem em mira a construção da América do Sul como unidade econômica e concebe a integração produtiva como o caminho mais adequado para promover o progresso e o desenvolvimento. Governo e empresariado embarcaram nessa estratégia, o primeiro preparando o terreno político e jurídico por meio do Mercosul e da Unasul, o segundo tomando o caminho dos negócios. A necessidade de prover a região de ordenamento jurídico favorável à expansão das empresas realizou-se, em boa medida, no Cone Sul, mas não se logrou a assinatura de acordos de garantia de investimentos com os vizinhos. Depois de exercer enorme capacidade de atração de investimentos diretos brasileiros por alguns anos, especialmente a Argentina, que mantém a atratividade, a vizinhança afugenta investidores aqui e ali. Bolívia e Equador, entre outros, preocupam, ao embargar projetos em curso de grandes empresas como Petrobras e Odebrecht. A globalização sugere a diversificação dos destinos, porém as escolhas dependem das condições acima referidas e da afinidade cultural. A Ásia movimenta poucas empresas, a África exerce boa atratividade, a Europa e a Rússia pequena. Entretanto, em 2008, os Estados Unidos ficaram com 27,6% dos investimentos brasileiros realizados no exterior. China e Índia, povos e mercados que ostentam tamanho e dinamismo ímpares, recebem poucos agentes brasileiros, ainda despreparados para lidar com familiaridades tão distintas. Benefícios da internacionalização Acompanhar a tendência da globalização econômica significa para uma economia emergente elevar-se ao nível da maturidade e manter-se nesse nível. A primeira vantagem advém da penetração nas cadeias produtivas mundiais. O fenômeno não somente espelha como induz o emparelhamento do processo produtivo, especialmente tecnológico, às condições sistêmicas de operacionalidade. Sabem bem disso as economias avançadas, ascendem a tal patamar as emergentes. A transnacionalização de empresas beneficia o país de origem com exportações de melhor qualidade. Contribui para aumentar o valor e o quantum das exportações, elevar sua qualidade intrínseca, diversificar a pauta e mesmo os mercados. A captação de recursos Página 47 / 60 que alimentam o cofre das empresas se faz por meio de ações lançadas em outros mercados de capital e de empréstimos contratados no exterior. Por modo a reforçar a acumulação de capital e aumentar a disponibilidade para novos investimentos. As remessas ou repatriações ocorrem rotineiramente, porém adquirem significado maior quando se destinam a resolver problemas financeiros da matriz. Ademais, compõem o balanço de pagamentos do país como nova fonte de recursos. O reforço do poder nacional para influir, por exemplo, sobre a ordem mundial traçada pelas negociações multilaterais resulta, do mesmo modo, da presença de seus agentes econômicos nos espaços mundiais. Para um país como o Brasil, que durante décadas estendeu o chapéu com o fim de recolher capitais, empresas e tecnologias alheias para tocar seu desenvolvimento, a internacionalização de sua economia equivale passar à fase de global player e de superação da dependência estrutural. Se vivos estiverem, felizes devem estar, pois, os economistas cepalinos dos anos cinqüenta e os teóricos da dependência da década seguinte, observando que, finalmente, o país galgou o processo de desenvolvimento em seu último patamar. Bem percebeu o operário Luiz Inácio Lula da Silva, promotor da internacionalização da economia brasileira como Presidente, ao estimular os empresários a tomar o caminho do mundo e dizer-lhes: “é bom para o Brasil”. Para saber mais BARROS, Octavio de & Giambiagi, Fabio (orgs.). Brasil globalizado. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. CERVO, Amado Luiz & Bueno, Clodoaldo. História da política exterior do Brasil. Brasília: EdUnB, 2008. Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica-Sobeet (site e publicações diversas). Página 48 / 60 Aula 5 Os Desequilíbrios das Contas Públicas Governo gasta > arrecada = Déficit público Para cobrir diferença entre despesas e receitas • Cria inflação Emitir moeda • Aumento na quantidade dinheiro > crescimento bens e serviços • Inflação dispara • Troca de moeda nacional/estrangeira • Hiperinflação: escambo Lançar títulos dívida pública Governo captura dinheiro em circulação Para alguém comprar Governo: pagar juros Devolver dinheiro emprestado Os recursos obtidos com a venda de títulos tem de ser devolvidos Se no vencimento não tiver como pagar Emite mais títulos Aumenta a dívida interna Página 49 / 60 Dívida interna alta • Desconfiança dos credores • Governo tem que aumentar taxa de juros e encurtar prazo pág. • Altas taxas de juros (corrói contas públicas) Déficit público • Inibe crescimento vendas e produção • Diminui estímulo de novos investimentos pelas empresas • Consumo e investimento se contraem • Diminui inflação Quando não se consegue cobrir os déficits em transações correntes do Balanço de pagamentos (empréstimos e financiamentos) Reservas De onde vêm? Superávits do Balanço de pagamentos obtidos em anos anteriores Para mudar a balança comercial de déficit para superávit • Desvalorização cambial • Superávit comercial: mais exportação, menos importação • Ocorre entrada de divisas• Aumenta reservas • Aumenta inflação • Aumenta preços produtos importados • Facilita elevação dos preços internos. Página 50 / 60 Aula 6 As fases da integração econômica 1ª: ZONA DE LIVRE COMÉRCIO Criação de uma zona em que as mercadorias provenientes dos países membros podem circular livremente; Nesta zona livre, as tarifas alfandegárias são eliminadas e há flexibilidade nos padrões de produção, controle sanitários e de fronteiras; Estão neste estágio: Nafta e a Apec. 2ª UNIÃO ADUANEIRA Além da zona de livre comércio, essa etapa envolve a negociação de tarifas alfandegárias comuns para o comércio realizado com outros países; O Mercosul encontra-se neste estágio do processo. 3ª MERCADO COMUM Engloba as fases anteriores e acrescenta a livre circulação de pessoas, serviços e capitais; 4ª UNIÃO MONETÁRIA Essa fase pressupõe a existência de um mercado comum em pleno funcionamento. Consiste na coordenação das políticas econômicas dos países membros e na criação de um único banco central para emitir a moeda que será utilizada por todos eles; 5ª ETAPA: UNIÃO POLÍTICA Última etapa da integração, a união política engloba todas as anteriores e envolve também a unificação das políticas de relações internacionais, defesa, segurança interna (terrorismo, narcotráfico) e segurança externa (guerras); Em sua meta de unificação, a EU está voltada para a efetivação dessa etapa; Página 51 / 60 Qual é a diferença entre Zona de Livre Comércio, União Aduaneira e o Mercado Comum? Uma Zona de Livre Comércio é a etapa ou tipo de integração em que são eliminadas todas as barreiras ao comércio entre os membros do grupo. A União Aduaneira é a etapa ou tipo de integração em que, além do livre comércio entre os membros do grupo, existe a aplicação de uma Tarifa Externa Comum (TEC) ao comércio com terceiros países. No Mercado Comum, além da TEC e do livre comércio de bens, existe a livre circulação de fatores de produção (capital e trabalho). UNIÃO EUROPÉIA Ceca (Comunidade do Carvão e do Aço) CEE (Comunidade Econômica Européia) EU (União Européia) Sede: Bruxelas Em 1993, a EU eliminou todas as restrições ainda existentes ao livre fluxo de mercadorias, serviços e recursos (incluindo mão-de-obra) entre os seus membros, tornando-se assim um mercado único unificado; A união assim ampliada representa o maior bloco comercial do mundo; O comércio intra-EU foi estimado como sendo o dobro do que teria sido caso não houvesse a integração; Mais da metade dessa expansão comercial ocorreu através do comércio intra- indústria. Tratado de Maastricht (pontos principais) Criada uma moeda única (EURO); Criado um banco central único; EU será um mercado sem fronteiras e totalmente integrado; A EU é a grande parceira comercial do Brasil; Página 52 / 60 O projeto da Europa unificada foi extremamente arrojado, com a criação de um sistema de defesa comum europeu, independente da Otan, e a criação de uma moeda única, o EURO; A adoção do Euro elimina os custos de câmbio, ou seja, o custo da troca de moedas, existente nas transações comerciais; O NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) Entrou em vigor em 1994; Foi assinado em 1992 pelos EUA, Canadá e México; Trata-se de um gigantesco mercado de mais de 370 milhões de pessoas e um PNB superior a 7 trilhões de dólares; Tendo como centro polarizador a economia do EUA, essa zona de livre comércio deve ser implantada como a gradativa redução das barreiras alfandegárias entre os três países localizados na América do Norte; Derrubada de todas as tarifas alfandegárias: 2015; O objetivo do Nafta é estabelecer apenas uma Zona de Livre Comércio; Portanto, diferente do Mercosul, que é uma União Aduaneira; Bancos americanos e canadenses poderão operar no México e até comprar bancos mexicanos. Antes do acordo, o sistema bancário mexicano era protegido por leis especiais; Empresas americanas e canadenses poderão comprar 100% do capital de empresas mexicanas. Antes do acordo, só podiam comprar 49%; O transporte entre os países-membros será desregulamentado. Antes do acordo, só empresas mexicanas podiam atuar no território mexicano; Os executivos de empresas poderão morar e trabalhar em qualquer país- membro, sem maiores exigências burocráticas. Entretanto, para os trabalhadores, continuam as mesmas normas anteriores da imigração. Página 53 / 60 ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) Em 1994, na cidade de Miami, EUA, iniciaram as negociações para a criação da ALCA, que reunirá 34 países, ou seja, todas as nações do continente americano, exceto Cuba; Divergência: relacionada ao destino dos blocos econômicos já existentes (Nafta, Mercosul e Pacto Andino, etc.); Os EUA queriam a sua extinção assim que a Alca estiver criada, e os integrantes do Mercosul, sua manutenção; Alca causaria maior dependência americana. Os EUA são os principais interessados na instalação da ALCA. Sozinhos, eles absorvem 15% das importações dos países do Mercosul e 38,5% dos demais países latino- americanos (exceto o México); O Brasil e o Mercosul, entretanto, mantém uma posição de precaução, exigindo, numa primeira etapa, a eliminação (total ou substancial) das barreiras não tarifárias impostas pelos EUA às exportações do Brasil e de outros países contrários às normas de livre comércio da OMC (Organização Mundial do Comércio); A proposta é implementar mudanças graduais, o que contraria os interesses norte-americanos, que querem rapidez. As negociações, já em andamento, devem ser concluídas em 2005. A ALCA não tem entre suas metas o desenvolvimento econômico ou social dos países do continente. Simplesmente visa propiciar às empresas da região a possibilidade de atuar em todo o continente com vantagens superiores. Isso beneficiará preponderantemente as grandes empresas e principalmente as norte-americanas, sobretudo, aquelas que ainda não possuem operações em nosso país; A iniciativa do governo brasileiro visa fortalecer o Mercosul e procura assegurar ao Brasil uma posição hegemônica entre os países da região; Estrategicamente, o acordo representa também uma resposta dos países sul- americanos à investida dos EUA, que insistem em impor à América do Sul, uma área de livre comércio, a Alca. Página 54 / 60 O MERCOSUL Com uma área total de quase 12 milhões de km2, um mercado potencial de 220 milhões de consumidores e um PIB próximo de um trilhão de dólares, o Mercosul representa boas perspectivas para o futuro. Se considerarmos que, no desenrolar do século XXI, a água será um elemento estratégico essencial, a exemplo do petróleo, cabe destacar que dentro do Mercosul estão as duas bacias hidrográficas mais caudalosas do planeta: a do Prata e da Amazônia. Tratado de Assunção: 1991 (Mercosul); 1995: grande passo: com a adoção da Tarifa Externa Comum (TEC), o que transforma a região de zona de livre-comércio em união aduaneira.O Objetivo principal de um mercado comum, além da livre circulação de bens, pessoas e serviços, é fazer com que exista uma conduta única, um bloco coeso, na hora de negociar com quem está do lado de fora. O Brasil é o que demonstra menos dependência do Mercosul, pois possui mais parceiros comerciais fora do bloco. Apesar de o Mercosul ser considerado uma instituição fundamental para o crescimento do continente, pouco significa, ainda, diante do peso de outros blocos no comércio mundial. Nos últimos quatro anos, o Brasil amplia suas exportações para os EUA e para os parceiros do Mercosul em ritmo bem superior ao das importações. Assim, cresce o superávit do Brasil na relação com esses países. Isso se nota quando a linha verde fica acima da azul (superávit comercial com os EUA) e quando a amarela fica acima da vermelha (Superávit ante o Mercosul). O que o Brasil ganha com o Mercosul? A criação de blocos comerciais regionais constitui tendência que vem se consolidando há décadas. Nesse sentido, o Mercosul representa tanto um esforço de integração econômica que aproxima seus países membros dessa tendência mundial quanto um projeto de aproximação política no Cone Sul. Ao integrar-se ao Mercosul, o Brasil ganha peso nas negociações internacionais, já que passa a negociar não mais Página 55 / 60 individualmente, mas como bloco diante de outros blocos econômicos. Seu poder de negociação é, portanto, potencializado. O bloco também representa um mercado potencial de 200 milhões de habitantes e um PIB acumulado de mais de 1 trilhão de dólares, o que o coloca entre as quatro maiores economias do mundo, logo atrás do Nafta, União Européia e Japão. Por essa razão, o Mercosul é hoje um dos principais pólos de atração de investimentos do mundo. O objetivo de se estabelecer uma moeda única para o Mercosul ainda é remoto. No entanto, tem avançado bastante o exercício de coordenação macroeconômica entre os quatro países-membros, que é condição indispensável para qualquer política de unificação monetária. Página 56 / 60 TEXTO COMPLEMENTAR: CERVO. A. L. A. O Mercosul. Coleção Divulgação. Fundação Alexandre Gusmão. Diponível em: http://www.funag.gov.br/biblioteca-digital/o- livro-na- rua-serie-diplomacia. Acesso em 16 de setembro de 2010. Antecedentes e impulsos O MERCOSUL A idéia da integração vem dos anos cinqüenta. Os presidentes argentinos, Juan Domingo Perón e Arturo Frondizi, e seus colegas brasileiros, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros, queriam a integração. Os regimes militares plantados nos anos sessenta abalaram inicialmente essa idéia, mas não extinguiram o diálogo. Na passagem dos anos setenta para os oitenta, convenceram-se de que o entendimento bilateral era conveniente e mesmo inevitável, tendo em vista a convivência necessária entre vizinhos. Depois dos generais, coube aos presidentes civis José Sarney e Raúl Alfonsín retomar nos anos oitenta a idéia da integração, que Carlos Menem e Fernando Collor de Melo converteram no Mercosul. Reunidas as condições políticas, avançou se firmemente no caminho do entendimento com dois acordos firmados durante o regime militar, em 1979 e 1980, o primeiro superando o atrito acerca do aproveitamento dos rios da Bacia do Prata, o segundo estabelecendo a cooperação. Depois deles, a Ata de Itaipu de 1985 e os Protocolos de Cooperação do ano seguinte assinados por Sarney e Alfonsín aprofundaram e expandiram mecanismos de ação bilateral. Há, pois, na origem e na evolução do Mercosul, um lastro histórico que especialistas chamam de relações em eixo. O eixo se estabelece quando duas potências regionais decidem unir seu destino por uma boa causa. Dois exemplos ilustram esse argumento. A construção da paz motivou França e Alemanha a assinarem o Tratado do Eliseu, em 1963. A promoção do desenvolvimento motivou Brasil e Argentina a assinarem os Acordos de Uruguaiana em 1961 e a Ata de Itaipu em 1985. O eixo se firma mediante cooperação que se situa na gênese dos processos de integração na Europa e no Cone Sul. Com efeito, ao conjugar forças de dois países de liderança regional, a relação especial ultrapassa o âmbito das relações bilaterais e suscita reações na vizinhança, em princípio no sentido da aglutinação, como ocorreu durante a origem e a expansão da União Européia e do Mercosul. Tratatado de Assunção (26 de março de 1991) “Este Mercado Comum implica: • A livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos... • O estabelecimento de uma tarifa externa comum... • A coordenação de políticas macroeconômicas...”. Página 57 / 60 Criação e expansão O Mercosul foi criado em 1991 quando os governos de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram o Tratado de Assunção. Recebeu, depois, a adesão de Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia como membros associados e o pedido de adesão da Venezuela como membro pleno. O Protocolo de Ouro Preto de 1994 conferiu ao bloco o status de sujeito de direito internacional. Desde então, o Mercosul negocia em bloco acordos com outros países e com outros blocos de nações. O Mercosul persegue, com sua ação, dois objetivos essenciais: primeiramente, a expansão do comércio entre seus membros; em segundo lugar, a expansão do comércio com seus parceiros externos e a produção de regras favoráveis pelos órgãos multilaterais, especialmente a Organização Mundial do Comércio. A negociação conjunta agrega um suplemento de poder aos países membros nas negociações multilaterais. Fez, por exemplo, malograr o projeto para criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), vista como ameaça aos interesses da industrialização dos países do Cone Sul. Por outro lado, o Mercosul negocia com a União Européia a criação de uma zona comum de livre comércio entre os dois blocos e negocia com a Comunidade Andina a criação da área de livre comércio sul-americana. Ademais, exerceu influência direta para a fundação, em 2008, da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). O Parlamento do Mercosul, que desde 2006 substitui as Comissões Interparlamentares, faz aflorar a cidadania e o senso coletivo junto aos órgãos intergovernamentais que exercem a direção do bloco. Comércio e investimentos A evolução do comércio intrazonal registra crescimento exponencial, passando de cerca de quatro para mais de trinta bilhões de dólares anuais, entre 1991 e 2008. Não se trata de desvio de comércio, mas de expansão natural, em razão das facilidades que o livre comércio estabelece no interior do bloco. O crescimento do comércio não ocorreu sem tropeços. Expandiu-se muito nos anos noventa, no embalo da abertura dos mercados sugerida pelas experiências neoliberais, contraiu-se no início do século XXI, em razão da desvalorização do Real em 1999 e da crise argentina em 2001-02, e recuperou a tendência de alta quando as nações restabeleceram o ritmo de crescimento econômico com o avançar do século XXI. O comércio entre os membros do bloco revelou a existência de outros problemas. Depois de quebrada pela crise do neoliberalismo, a Argentina busca recuperar no século XXI sua vocação industrial e incomoda os exportadores brasileiros de produtos manufaturados com medidas de proteção que ferem o princípio do livre comércio. Essa contrariedade revela a qualidade assimétrica nas exportações industriais brasileiras aos parceiros do Mercosul, face a importações de produtos primários. Página 58 / 60 O fluxo de capitais e empreendimentos no interior do Mercosul, tido como alavanca do desenvolvimento visto que realiza a integração produtiva,
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