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Julgados homicídio aborto e infanticídio

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HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO. EXCLUSÃO DE QUALIFICADORA. FALTA DE MOTIVO NÃO SE CONFUNDE COM MOTIVAÇÃO FÚTIL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. DECISÃO DE PRONÚNCIA. DECRETAÇÃO DA PRISÃO COM BASE SOMENTE NOS MAUS ANTECEDENTES. IMPOSSIBILIDADE.
1. Sempre haverá um motivo para o cometimento do delito, embora não se consiga, em todos os casos, descobrir a razão que levou o agente a praticá-lo.
2. Não se pode confundir motivo fútil com falta – ou desconhecimento – do motivo, sob pena de configurado ilegal.
3. No caso dos autos, tanto a denúncia quanto a decisão de pronúncia, não apontaram o motivo que levou o agente a cometer o crime, razão por que não pode incidir a qualificadora da futilidade.
4. A prisão decorrente de decisão de pronúncia é espécie do gênero prisões cautelares e, em razão disso, somente pode ser imposta caso venha lastreada em efetiva fundamentação.
5. Na hipótese, o Magistrado decretou a segregação cautelar tão somente com base nos maus antecedentes do paciente, motivação não considerada idônea.
6. Ordem concedida para, de um lado, afastar a incidência da qualificadora por motivo fútil; de outro lado, revogar a prisão preventiva, mediante assinatura de termo de comparecimento a todos os atos do processo, ressalvando-se, ainda, a possibilidade de lhe ser decretada nova prisão, caso demonstrada a necessidade.
(HC 91.747/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 12/05/2009, DJe 01/06/2009).
CRIMINAL. HC. HOMICÍDIO QUALIFICADO. JÚRI. EXCLUSÃO QUALIFICADORA DO MOTIVO FÚTIL. IMPROPRIEDADE DO MEIO ELEITO. ORDEM NÃO CONHECIDA.
I. Hipótese em que o Conselho de Sentença reconheceu o motivo fútil, caracterizado pela simples desconfiança mantida pelo réu de que a vítima teria assediado a sua esposa, o que não justificaria a atitude extremada, mormente 15 dias dias após o suposto incidente.
II. As qualificadoras só podem ser excluídas em casos excepcionalíssimos, quando, de forma incontroversa, mostrarem-se absolutamente improcedentes, sem qualquer apoio nos autos, sendo que o habeas corpus é meio impróprio para tal análise, eis que envolveria reexame do conjunto fático-probatório.
III. A via estreita do habeas corpus é incompatível com a investigação probatória, nos termos da previsão constitucional que o institucionalizou como meio próprio à preservação do direito de locomoção, quando demonstrada ofensa ou ameaça decorrente de ilegalidade ou abuso de poder.
IV. Ordem não conhecida.
(HC 56.825/RJ, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 15/02/2007, DJ 19/03/2007, p. 367).
PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. MOTIVO FÚTIL. SUA DESCONSTITUIÇÃO. MITIGAÇÃO DA PENA. EXISTENTE A CONEXÃO IMEDIATA ENTRE O MOTIVO FÚTIL E O HOMICÍDIO, ESTA QUALIFICA O DELITO. TEM-SE POR MOTIVO FÚTIL, AQUELE "MOTIVO INSIGNIFICANTE, DESARRAZOADO, DESPROPOSITADO, ÍNFIMO, MÍNIMO E TÃO DESPROVIDO DE RAZÃO QUE DEIXA, POR ASSIM DIZER, O CRIME COMETIDO VAZIO DE MOTIVAÇÃO, E NÃO SE CONFUNDE COM O MOTIVO INJUSTO". PENA FINAL NO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE DE DIMINUIÇÃO. RECURSO IMPROVIDO.(Acórdão n.68435, APR1296893, Relator: OSWALDO DE SOUSA E SILVA, Revisor: GETULIO PINHEIRO, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 27/09/1993, Publicado no DJU SECAO 3: 23/03/1994. Pág.: 2).
PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO POR MOTIVO FÚTIL E MEIO CRUEL. FURTOQUALIFICADO MEDIANTE CONCURSO DE PESSOAS. CONSURSO MATERIAL. A UTILIZAÇÃO DE INSTRUMENTOS CONTUNDENTES, PERFURANTES E CORTANTES, PARA ABATER COLEGA DE TRABALHO, PORQUE SE NEGOU A PARTICIPAR DA AQUISIÇÃO DE MACONHA E AMEAÇOU DENUNCIAR AO EMPREGADOR, É MATAR POR FUTILIDADE, TRADUZINDO O EMPREGO DE ARMA BRANCA (FACA E ESPADA) CONTRA PESSOA INDEFESA, O MEIO CRUEL. A SUBTRAÇÃO DE PERTENCES, APÓS A MORTE DA VÍTIMA, TIPIFICA O FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE PESSOAS E IMPÕE O RECONHECIMENTO DO CONCURSO MATERIAL, ANTE APLURALIDADE DOS RESULTADOS PUNÍVEIS.(Acórdão n.62574, APR1252592, Relator: JOAZIL M GARDES, Revisor: LÉCIO RESENDE, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 17/12/1992, Publicado no DJU SECAO 2: 31/03/1993. Pág.: 10).
PENAL E PROCESSUAL PENAL. JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. MOTIVO FÚTIL. RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA. TESE DE DESCLASSIFICAÇÃO SUSTENTADA PELA DEFESA. ELABORAÇÃO DOS QUESITOS. DOLO DIRETO E EVENTUAL. FORMULAÇÃO OBRIGATÓRIA. INEXISTÊNCIA DE ERRO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO NO MOMENTO ADEQUADO. PRECLUSÃO. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. RECONHECIMENTO DE DUAS QUALIFICADORAS PELO CONSELHO DE SENTENÇA. UTILIZAÇÃO DE UMA DELAS PARA AGRAVAR A PENA-BASE. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS EM RELAÇÃO A UM DOS RÉUS. NULIDADE SUBMISSÃO A NOVO JULGAMENTO. INCOMPATIBILIDADE ENTRE A EMBRIAGUEZ E A QUALIFICADORA DO MOTIVO FÚTIL. INEXISTÊNCIA. PERDA DO CARGO PÚBLICO. EFEITO SECUNDÁRIO DA CONDENAÇÃO. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO. 
1. As nulidades ocorridas no plenário de julgamento do tribunal do júri deverão ser arguidas, durante a sessão, sob pena de serem fulminadas pela preclusão. 
2. Quando uma das teses da defesa consistir na desclassificação do homicídio doloso para culposo, os jurados serão questionados, em quesitos separados, acerca do dolo direto e eventual. Diante da resposta negativa a ambos os quesitos, opera-se a desclassificação, competindo ao Juiz Presidente do Júri, proferir sentença.
3. No crime de homicídio, havendo mais de uma qualificadora, é impossível a utilização de uma delas como justificativa para agravar a pena-base, pela análise desfavorável das circunstâncias do crime e outra para qualificá-lo.
4. Por decisão manifestamente contrária à prova dos autos, entende-se aquela que se afasta completamente dos subsídios enfeixados no processo, verdadeira criação mental dos jurados, tomada de forma arbitrária.
5. Se uma das versões constantes dos autos demonstra que os réus perseguiram a vítima, depois de colidirem o veículo por eles ocupado com a parte de trás do veículo dela, interceptando-a, momento em que um deles a matou com golpe de canivete, mantém-se a incidência da qualificadora do motivo fútil, reconhecida pelos jurados.
6. Diante da inexistência de provas de que o partícipe prestou apoio material ou moral ao coautor, bem como da inexistência do vínculo subjetivo entre eles no que concerne ao propósito de matar a vítima, impõe-se a declaração da nulidade da decisão dos jurados em relação ao primeiro, por ser manifestamente contrária à prova dos autos, devendo ser submetido a novo julgamento. 
7. A embriaguez voluntária ou culposa não exclui a imputabilidade penal, de sorte que não há incompatibilidade entre ela e a qualificadora do motivo fútil.
8. Mantém-se a incidência da qualificadora do recurso que dificultou a defesa da vítima, se os jurados reconheceram, com base na prova dos autos, que ela estava desarmada, foi subitamente agredida por duas pessoas e golpeada covardemente com um canivete.
9. A perda do cargo público, por se tratar de efeito secundário da condenação, exige a demonstração inequívoca dos requisitos objetivos e subjetivos que a justifiquem. A sua decretação com base, exclusivamente, no montante da pena imposta ao condenado viola o disposto no inciso IX do art. 93 da Constituição Federal.
10. Recursos conhecidos. Preliminar de nulidade rejeitada. No mérito, parcialmente provido o de um dos réus para reduzir a pena que lhe foi imposta, bem como para afastar o decreto de perda do cargo público por ele ocupado e dar provimento ao do partícipe, para anular a decisão dos jurados, a fim de que ele seja submetido novo julgamento. (Acórdão n.798481, 20130710107687APR, Relator: JOÃO BATISTA TEIXEIRA, Revisor: JESUINO RISSATO, 3ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 12/06/2014, Publicado no DJE: 01/07/2014. Pág.: 414).
PENAL E PROCESSUAL. RÉU PRONUNCIADO POR TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO POR MOTIVO FÚTIL. PROVA SATISFATÓRIA DA MATERIALIDADE E DOS INDÍCIOS DE AUTORIA. ALEGAÇÃO DE LEGÍTIMA DEFESA. PRENTENSÃO À DESCLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA PARA O TIPO DE LESÕES CORPORAIS. IMPRODEDÊNCIA. SENTENÇA CONFIRMADA.
1 Réu pronunciado por infringir o artigo 121,§ 2º, incisos II, combinado com 14, inciso II, do Código Penal, depois de disparar tiros de revólver contra desafeto, simplesmente por se sentir desafiado com o olhar durante uma festa deque ambos participavam.
2 O juízo de pronúncia não comporta aprofundamento no exame do mérito da causa, competência privativa do Tribunal do Júri, juízo natural da causa. A sentença deve se ater à admissibilidade ou não da denúncia, reconhecendo a materialidade do crime e os indícios de autoria. 
3 Declarando a sentença tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil, mediante fundamentação satisfatória, não há como criticá-la, pois a absolvição sumária ou desclassificação da conduta só é possível quando evidenciada com clareza uma das hipóteses legais excludentes do caráter antijurídico da conduta ou a ausência de animus necandi.
4 O elemento "surpresa" indispensável ao reconhecimento da qualificadora do meio dificultador da defesa, deve ser cabalmente demonstrado na prova dos autos, devendo ser afastado quando não se apresente com clareza.
5 Recursos desprovidos. (Acórdão n.792816, 20120910248087RSE, Relator: GEORGE LOPES LEITE, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 22/05/2014, Publicado no DJE: 06/06/2014. Pág.: 212).
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO CONTRA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. MOTIVO FÚTIL E UTILIZAÇÃO DE RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA. PEDIDO DE EXCLUSÃO DA QUALIFICADORA SUBJETIVA. PRESENÇA DE ELEMENTOS PROBATÓRIOS QUE ALICERÇAM A TESE ACUSATÓRIA. PRIVILÉGIO. IMPOSSIBILIDADE DE RECONHECIMENTO NA FASE DA PRONÚNCIA. NECESSIDADE DE SUBMISSÃO AO CONSELHO DE SENTENÇA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 
1. A decisão de pronúncia é juízo fundado de suspeita, de admissibilidade da acusação, não competindo ao juiz singular a análise aprofundada das provas, contentando-se com razoável apoio nos elementos probatórios, sem avaliações subjetivas, motivando o seu convencimento de forma comedida, de modo a não influenciar o ânimo dos jurados. 
2. No caso em apreço, verifica-se a comprovação da materialidade e a prova oral colhida sob o crivo do contraditório é suficiente para alicerçar a sentença de pronúncia, a fim de que o réu seja submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, haja vista a existência de indícios suficientes de autoria.
3. As qualificadoras, nessa fase processual, só podem ser excluídas quando manifestamente improcedentes, sem qualquer apoio no acervo probatório, cabendo ao Júri decidir se, no caso concreto, restaram ou não configuradas.
4. Existindo nos autos provas que corroboram a versão da acusação, no sentido de que o crime foi praticado em razão de mera desconfiança por parte do réu de que a vítima, sua companheira, estava se relacionando com um vizinho, mantém-se na pronúncia a qualificadora do motivo fútil.
5. Recurso conhecido e não provido para manter a sentença que pronunciou o réu como incurso nas penas do artigo 121, § 2º, incisos II e IV, do Código Penal, a fim de que seja submetido a julgamento perante o Tribunal do Júri. (Acórdão n.682885, 20110510023460RSE, Relator: ROBERVAL CASEMIRO BELINATI, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 06/06/2013, Publicado no DJE: 11/06/2013. Pág.: 288)
Ementa: APELAÇÕES CRIMINAIS. RECURSOS DEFENSIVO E MINISTERIAL. TRIBUNAL DO JÚRI. DUPLO HOMICÍDIO QUALIFICADO PORMOTIVO FÚTIL E ABORTO PROVOCADO SEM CONSENTIMENTO DA GESTANTE. PEDIDOS DE NOVO JÚRI EM RELAÇÃO AO CRIME DE ABORTO, POR SER O VEREDITO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIO À PROVA DOS AUTOS E REDUÇÃO DAS PENAS. IRRESIGNAÇÃO MINISTERIAL QUE ABRANGE O RECONHECIMENTO DA CONTINUIDADE DELITIVA, QUANTIDADE DE PENA IMPOSTA E APLICAÇÃO DA DETRAÇÃO. Veredicto em consonância com a prova dos autos. Duas testemunhas que afirmam que o réu tinha conhecimento sobre a gravidez da vítima. Opção por uma das conclusões possíveis, que não permite desautorizar o julgado. Soberania do Júri. Decisão que vai mantida. Melhor consideração das circunstâncias judiciais que resulta em redução da pena. Continuidade delitiva e detração que vão mantidas. RECURSO MINISTERIAL DESPROVIDO. RECURSO DEFENSIVO PARCIALMENTE PROVIDO, POR MAIORIA DE VOTOS. (ApelaçãoCrime Nº 70062123617, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Batista Marques Tovo, Julgado em 20/11/2014),
Ementa: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. FUNGIBILIDADE. CRIMES CONTRA A VIDA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRELIMINAR DE INÉPCIA DA DENÚNCIA. REJEITADA. PROVA DA MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. QUALIFICADORA DO MOTIVO FÚTIL MANTIDA. QUALIFICADORA DO MEIO QUE RESULTOU PERIGO COMUM. MANTIDA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. 1. Recurso de apelação do réu André Luis recebido como apelação, em face do princípio da fungibilidade. 2. A preliminar de inépcia da denúncia não merece ser acolhida. A inicial acusatória está em conformidade com o artigo 41 do Código de Processo Penal. Refere a data e o local do crime, bem como descreve os fatos e a ação dos réus, com os dados essenciais e usuais exigidos para a denúncia, possibilitando a exata compreensão da acusação e o exercício da ampla defesa. 3. A existência do fato restou demonstrada e há suficientes indícios de autoria. Nesta primeira fase processual, vige o in dubio pro societate, a sinalizar que a decisão de pronúncia não é juízo de mérito, mas de admissibilidade. As versões encontradas são controversas e não é possível esclarecer todas as circunstâncias do fato. As vítimas afirmam que quem ocasionou a briga foram os réus; de outra parte, os réus afirmam que agiram em legítima defesa, uma vez que as agressões teriam partido do ofendido Fabiano. Desta forma, estão presentes indicativos de autoria em relação a ambos os réus sendo impositiva a manutenção da sentença de pronúncia. 4. Não há que se falar em desclassificação por ausência de animus necandi. Há, no contexto dos autos, elementos a indicar que os recorrentes, em tese, efetuaram disparos de arma de fogo em direção aos ofendidos com a intenção de matá-los. A arma de fogo possui alto poder letal, tratando-se de instrumento usual na prática homicida. Portanto, àquele que efetua, conscientemente, disparos de arma de fogo na direção de alguém (no caso, atingindo os ofendidos), imputa-se, em tese, o dolo de produzir o resultado morte. 5. Não há comprovação plena de que o réu André tenha agido em legítima defesa. Trecho de prova indica possibilidade de duelo, mediante desafio recíproco. Mesmo que o recorrente alegue ter desferido disparos de arma de fogo para se defender, os elementos contidos nos autos são insuficientes para sustentar a absolvição sumária do réu nesta fase. Neste sentido, vertente da prova testemunhal afirma que o réu desferiu disparos de arma de fogo em direção ao ofendido Fabiano. Mesmo que se considere a possibilidade de os réus terem agido em legítima defesa, própria ou de terceiro, não se descarta a ocorrência de eventual excesso doloso, considerando a narrativa das vítimas e o número de disparos. Ainda, a vítima Adriane referiu que o réu André dirigiu-se até o ofendido Fabiano, já caído ao chão, chutando suas pernas. 6. Quanto à qualificadora do homicídio cometido por motivo fútil, deve ser mantida. Neste contexto, tenho que fútil o comportamento do agente seja desproporcional. No caso em tela, o réu teria cometido o delito em razão de discussão por ciúmes. Além disso, prova oral refere que a briga teria ocorrido em razão do ofendido Fabiano ter ciúmes do recorrente André, por uma suposta traição de sua ex-mulher com o réu. Portanto, tenho que, in casu, o motivo do crime seria, em tese, desproporcional à infração. 7. Com relação à qualificadora do meio de que resultou perigo comum encontra, ao que parece, respaldo na prova juntada aos autos. Há indícios de que os crimes teriam sido cometidos em via pública. Neste sentido, parte da prova testemunhal afirma que os réus desferiram disparos de arma de fogo para cima, como também em direção ao ofendido Fabiano, atingindo as demais vítimas. RECURSO DESPROVIDO. (Recurso em Sentido Estrito Nº 70060213659,Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Julgado em 05/11/2014).
Ementa: APELAÇÃO-CRIME. HOMICÍDIO QUALIFICADO. MOTIVO FÚTIL E RECURSO QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA DA VÍTIMA. CONDENAÇÃO. IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA. APELO INTERPOSTO COM BASE EM TODAS AS ALÍNEAS DO INCISO III DO ARTIGO 593 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. NOVO JULGAMENTO. INVIABILIDADE. PENA MANTIDA. 1. Alínea "a": Ausente nulidade a ser declarada. 2. Alínea "d": Não se pode considerar o veredicto dos jurados manifestamente contrário à prova dos autos, pois que existe aqui seguimento probatório a confortar a conclusão alcançada pelo Conselho de Sentença, não só em relação à condenação, contra a qual não se insurge a defesa nas razões recursais, mas, também, no tocante ao reconhecimento das qualificadoras. 2.1 Motivo fútil. Foi levado à apreciação dos jurados se o fato de o apelante esfaquear a vítima por suspeitar que ela mantivesse relacionamentos amorosos extraconjugais configura a qualificadora do motivo fútil. Então, inócua a discussão trazida pela defesa quanto ao ciúme qualificar ou não o crime. Os comentários sobre a alegada traição surgiram somente depois do cometimento do crime, possivelmente a partir da justificativa apresentada pelo réu relativamente à motivação para o ataque perpetrado contra a vítima. Portanto, presente vertente probatória no sentido de que a alegada traição não passou de mera suspeita de infidelidade, nascida da cabeça de um "passional". De qualquer forma, ainda que fosse real a alegada traição, não mera "imaginação" do réu, ainda assim, não se pode dizer que a decisão dos jurados, ao reconhecer a futilidade da motivação do delito, é manifestamente contrária a prova dos autos, porquanto o motivo continua sendo o "egoísmo intolerante, prepotente, mesquinho, que vai até a insensibilidade moral". Verifica-se, aqui, que mais uma mulher foi vítima de um "crime passional" há muito anunciado, mostrando-se inócua a intervenção Estatal, que deixou de avaliar a gravidade do caso concreto e de tomar medidas efetivas de proteção, como orientar a vítima quanto aos riscos e, também, submeter o próprio agressor a alguma terapia de mudança comportamental. 2.2. Recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Durante a madrugada, quando todos dormiam (o adolescente no sofá da sala, e as demais no único quarto, sendo Geni com três filhos na cama de casal e a vítima com seus dois filhos na cama de solteiro), o réu empurrou a porta do quarto, que dava acesso aos fundos da casa, retirou a filha que estava nos braços da vítima e, na presença das crianças, desferiu o golpe no coração da vítima quando ela ainda estava deitada. Diante desta versão da dinâmica dos fatos, mesmo considerando que a vítima e os demais moradores tenham sido despertados com a entrada do réu na casa, a circunstância evidencia que a clandestina conduta do agente surpreendeu não só a vítima, mas a todos na casa. Logo, não há falar em decisão contr dos autos. Decisão mantida. 3. Alínea "b": A sentença não se mostra contrária à lei expressa. 4. Alínea "c": A culpabilidade, entendida como "a reprovação social que o crime e o autor do fato merecem", efetivamente é acentuada e a basilar, afastada de apenas 1/6 do mínimo legal mostra-se até branda. O agir do réu, invadindo a casa e o quarto da mãe da vítima, durante a madrugada, retirando dos braços da vítima a filha em comum, que com ela dormia, para golpeá-la no peito, na presença da mãe dela e de várias crianças, irmãos e filhos da vítima, que dormiam no local, por si só, autoriza o pequeno afastamento da pena-base fixado na sentença, ainda mais se levando em conta que o Conselho de Sentença acolheu duas qualificadoras. De igual modo, correto o reconhecimento da agravante da reincidência, sustentada em Plenário. E o aumento de apenas 06 meses (1/28 da pena-base), não autoriza qualquer redução. Manutenção da privativa de liberdade fixada em 14 anos e 06 meses de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado. Recurso deapelação desprovido. (Apelação Crime Nº 70052340601, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Osnilda Pisa, Julgado em 24/06/2014).
Ementa: APELAÇÃO-CRIME. HOMICÍDIOS QUALIFICADO PELO MOTIVO FÚTIL (GENRO) E HOMIDÍDO QUALIFICADO PELO MOTIVOTORPE (FILHO). CRIMES CONTINUADOS. APELO DEFENSIVO INTERPOSTO COM BASE NAS ALÍNEAS C E D DO INCISO III DO ARTIGO 593 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. Qualificadoras: A decisão que condenou o apelante por homicídio qualificado pelo motivo fútilcometido contra Ademir (1º fato), não é manifestamente contrária à prova dos autos. O motivo torpe, consistente no fato de o acusado matar o ofendido, seu próprio filho (2º fato), porque este tentou salvar a vida da vítima do 1º fato, a qual estava sendo esfaqueada pelo réu, encontra amparo na prova coligida aos autos. Condenação mantida. Aplicação das penas. Pena-base fixada no mínimo cominado à espécie delitiva. Na segunda fase de individualização e aplicação, não merece reparo o reconhecimento da agravante de o crime (2º fato) ter sido cometido contra descendente, bem assim o quantitativo de aumento estabelecido. Crime continuado. O agente, com mais de uma ação, praticou os delitos, os quais são da mesma espécie, e praticados com condições de tempo, lugar e maneira de execução semelhantes. A exasperação, em face da continuidade, foi aplicada de maneira parcimoniosa, resultando a pena definitiva mais benéfica do que a que adviria na hipótese de concurso material entre os delitos pelos quais restou condenado o réu. Mantido o apenamento imposto na sentença. Recurso de apelação desprovido. (Apelação Crime Nº 70052658150, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Osnilda Pisa, Julgado em 28/01/2014).
Ementa: APELAÇÃO-CRIME. TENTATIVA DE HOMICÍDIO. REJEIÇÃO PARCIAL DA DENÚNCIA. QUALIFICADORAS AFASTADAS. Interposição de apelação em vez de recurso em sentido estrito. Hipótese de não conhecimento do recurso superada. Motivo fútil. A ausência de motivação, descrita na denúncia, não serve para qualificar o delito. Recurso que dificultou a defesa da vítima. O fato de a vítima estar desarmada não implica a incidência da qualificadora, que, aliás, se relaciona com as circunstâncias que a antecedem: à traição, de emboscada ou mediante dissimulação. RECURSO DESPROVIDO. (Apelação Crime Nº 70053447629, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Diogenes Vicente Hassan Ribeiro, Julgado em 25/04/2013).
Ementa: RECURSO CRIME. LESÕES CORPORAIS LEVES. ARTIGO 129, "CAPUT", DO CÓDIGO PENAL. SUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. SENTENÇA CONDENATÓRIA MANTIDA NA ÍNTEGRA. 1- Condenação confirmada porque demonstrado que o réu agrediu a vítima, causando-lhe as lesões leves descritas no auto de exame de corpo de delito. 2- Valoração da palavra da vítima, que se mostrou segura e coerente em todas as fases do processo, corroborada por prova técnica. 3- Mantida a agravante de motivo fútil, porque comprovado que a motivação delitiva se deu em virtude da cobrança pecuniária por parte da vítima, que anteriormente havia realizado venda "à prazo" ao réu. 4- Pena detentiva corretamente aplicada, pois adequadamente valoradas as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Crime Nº 71004104006, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Volcir Antônio Casal, Julgado em 28/01/2013).
HABEAS CORPUS. PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO EM SUA FORMA TENTADA.
MOTIVO TORPE E RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÕES CORPORAIS. REVOLVIMENTO DE MATERIAL FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIABILIDADE NOS ESTRITOS LIMITES DO HABEAS CORPUS. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO.
PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. INCONFORMISMO COM O TÉRMINO DE RELACIONAMENTO E CIÚME. MOTIVO TORPE. NÃO CONFIGURAÇÃO.
QUALIFICADORA DO ART. 121, §2.º, INCISO IV, DO CÓDIGO PENAL DEVIDAMENTE CARACTERIZADA. DOSIMETRIA DA PENA. ELEVAÇÃO DA PENA-BASE. ARGUMENTO INIDÔNEO. INERÊNCIA AO TIPO. ORDEM DE HABEAS CORPUS PARCIALMENTE CONCEDIDA.
1. Opleito de desclassificação da conduta para o crime de lesão corporal denota inarredável necessidade de revolvimento de material fático-probatório, operação sabidamente vedada na estreita via do habeas corpus, ação constitucional de rito célere e cognição sumária.
2. Alegações genéricas de nulidade, desprovidas de demonstração do concreto prejuízo, não podem dar ensejo à invalidação da ação penal.
É imprescindível a demonstração de prejuízo, pois o art. 563, do Código de Processo Penal, positivou o dogma fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans grief.
3. Motivo torpe é aquele que, em razão de sua natureza vulgar, medíocre e vil, desvia-se dos padrões de moralidade aceitos, em geral, pela sociedade. O inconformismo com o término de relacionamento não se enquadra em um contexto capaz de despertar especial repúdio, e, por isso, não tem o condão de, por si só, fazer incidir a qualificadora de motivo torpe, sobretudo quando se tem notícia nos autos de que estaria preenchido pelo sentimento de ciúme.
4. "O ciúme, por si só, sem outras circunstâncias, não caracteriza o motivo torpe." (HC 123.918/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 13/08/2009, DJe 05/10/2009).
5. Ao prever como qualificadora o uso de recurso que dificulta ou torna impossível a defesa do ofendido, o legislador possibilitou que o intérprete insira analogicamente na norma situações inesperadas (elemento surpresa) que se harmonizam com os modelos explícitos de traição, emboscada, ou dissimulação. No caso, mostra-se impossível afastar, na estreita via do habeas corpus, a conclusão soberana a que chegou o Tribunal do Júri, pois o cenário delineado, efetivamente, revela situação parecida com a dissimulação prevista no art. 121, §2.º, inciso IV, do Código Penal.
6. Inidônea a exasperação da pena-base lastreada na "insensibilidade" do Paciente, uma vez que se trata de circunstância que não extrapola a reprovação inerente ao tipo penal de homicídio.
7. Ordem de habeas corpus parcialmente concedida, para afastar a qualificadora de motivo torpe e reduzir a pena-base ao mínimo legal, tornando definitiva a reprimenda de 08 anos de reclusão, em regime inicial semiaberto, nos termos do art. 33, §2.º, "b" c.c. art. 33, §3.º, todos do Código Penal, e das Súmulas n.º 440/STJ e 718/719/STF.
(HC 198.377/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 24/09/2013, DJe 02/10/2013).
HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DO RECURSO ORDINÁRIO. DESCABIMENTO.
AUSÊNCIA DE MANIFESTA ILEGALIDADE. HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO.
PRISÃO PREVENTIVA. PLEITO DE LIBERDADE PROVISÓRIA. PRESENÇA DOS PRESSUPOSTOS DO ART. 312 DO CPP. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. MANUTENÇÃO.
1. O habeas corpus não pode ser utilizado como substitutivo recursal, salvo em circunstâncias excepcionais, quando manifesta a ilegalidade ou sendo teratológica a decisão apontada como coatora.
2. Na hipótese, as instâncias ordinárias apontaram elementos concretos que demonstram a periculosidade efetiva do paciente, bem evidenciada pelo modus operandi empregado no cometimento do crime - golpe de faca no peito, simplesmente porque a vítima estaria ficando com sua namorada (motivo torpe) -, contando, inclusive, com imposição de medidas protetivas de urgência.
3. Inexistência da excepcionalidade que autorizaria a utilização do writ, porquanto o acórdão impugnado está em total sintonia com o entendimento desta Corte Superior.
4. Agravo regimental improvido.
(AgRg no HC 260.292/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 18/12/2012, DJe 01/02/2013).
HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO.
JÚRI. QUESITAÇÃO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. NECESSIDADE DE ARGUIÇÃO EM PLENÁRIO. PRECLUSÃO. CIRCUNSTÂNCIAS QUALIFICADORAS. SITUAÇÕES DE COMUNICABILIDADE. REGIME INTEGRAL FECHADO. IMPROPRIEDADE. SÚMULA VINCULANTE N.º 26/STF.
1. O quesito de n.º 03 descreve, com clareza, a conduta imputada ao Réu, conforme apresentada em plenário, e não conduziu o Júri a nenhuma resposta dúbia ou controversa; ao contrário, extraiu claramente o veredicto manifestado pelos jurados populares.
2. A impugnação à formulação dos quesitos deve ocorrer no julgamento em Plenário, sob pena de preclusão, nos termos do art. 571, inciso VIII, do Código de Processo Penal, ressalvadas as nulidades absolutas, não configuradas na hipótese. Precedentes da Suprema Corte e deste Tribunal.
3. A teor do art. 30 do Código Penal, não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. Já as circunstâncias de caráter objetivo, por sua vez, não são, em princípio, incomunicáveis, a menos que fique comprovado que o coautor não tenha a elas anuído, nem mesmo assumido o risco de sua produção.
4. Não há como excluir, na hipótese, a qualificadora do uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, uma vez que, da acurada leitura dos autos, não se constata a sua manifesta improcedência, ou seja, da narrativa da exordial acusatória, vê-se que era perfeitamente previsível, pelo ora Paciente, o modo de execução do delito. Nesse contexto, o reexame da questão por esta Corte não se mostra viável, uma vez que o habeas corpus é sede imprópria para a análise aprofundada do conjunto fático-probatório. Precedentes desta Corte e do Supremo Tribunal Federal.
5. A qualificadora do motivo torpe constitui circunstância de caráter pessoal, que não se comunica automaticamente aos participantes do delito. Precedentes.
6. Diante da declaração de inconstitucionalidade, pelo Supremo Tribunal Federal, do § 1.º do art. 2.º da Lei 8.072/90 e, após a publicação da Lei n.º 11.464/2007, afastou-se do ordenamento jurídico o regime integralmente fechado antes imposto aos condenados por crimes hediondos, assegurando-lhes a progressividade do regime prisional.
7. Ordem parcialmente concedida para, reformando o acórdão impugnado e a sentença de primeiro grau, reduzir a pena do Paciente para 8 (oito) anos de reclusão. Habeas corpus concedido, de ofício, para afastar a imposição do regime integralmente fechado, permitindo-se ao Paciente a progressão de regime prisional.
(HC 101.219/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 21/09/2010, DJe 08/11/2010).
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXAME DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. TRIBUNAL DO JÚRI. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE GENÉRICA DO RELEVANTE VALOR MORAL OU DA INFLUÊNCIA DE VIOLENTA EMOÇÃO NO DELITO DE HOMICÍDIO QUALIFICADO PELO MOTIVO TORPE. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE CONTRADIÇÃO NOS QUESITOS. DEMAIS ARGUMENTOS BUSCANDO A INVERSÃO DO JULGADO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7 DESTA CORTE.
1. Embora reconheça que, no âmbito do sistema difuso de controle de constitucionalidade, o Superior Tribunal de Justiça, bem como os demais órgãos jurisdicionais de qualquer instância, tenha o poder de declarar incidentemente a inconstitucionalidade de lei, mesmo de ofício, tal atribuição, contudo, não lhe autoriza analisar suposta violação a dispositivos da Constituição, pois se estaria desrespeitando a competência estabelecida no art. 102, III, da Carta Magna.
2. De outra parte, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal e desta Corte, é possível a coexistência, no crime de homicídio, da qualificadora do motivo torpe, prevista no art. 121, § 2º, I, do Código Penal, com as atenuantes genéricas inseridas no art. 65, II, "a" e "c", do mesmo dispositivo, podendo, pois, concorrerem no mesmo fato.
3. Com efeito, o reconhecimento pelo Tribunal do Júri de que o paciente agiu sob por motivo torpe, em razão de ter premeditado e auxiliado na morte de sua esposa para ficar com todos os bens do casal, e, concomitantemente, das atenuantes genéricas do relevante valor moral ou da violenta emoção, provocada pela descoberta do adultério da vítima, um mês antes do fato delituoso, não importa em contradição.
4. Cumpre ressaltar que, no homicídio privilegiado, exige-se que o agente se encontre sob o domínio de violenta emoção, enquanto na atenuantegenérica, basta que ele esteja sob a influência da violenta emoção, vale dizer, o privilégio exige reação imediata, já a atenuante dispensa o requisito temporal.
5. Por fim, os demais argumentos expendidos pelo recorrente, mediante os quais busca reverter o julgado, esbarram no óbice da Súmula nº 7 desta Corte, pois envolvem a análise do conjunto fático-probatório dos autos, o que não se admite em sede de recurso especial.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no Ag 1060113/RO, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 16/09/2010, DJe 04/10/2010).
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL.
HOMICÍDIO QUALIFICADO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL DEMONSTRADA.
MOTIVO TORPE. CIÚME. ÚNICA MOTIVAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
1. Inexistindo qualquer fundamento apto a afastar as razões consideradas no julgado ora agravado, deve ser a decisão mantida por seus próprios fundamentos.
2. "O ciúme, por si só, sem outras circunstâncias, não caracteriza o motivo torpe."(HC 123.918/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 13/08/2009, DJe 05/10/2009).
3. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1072952/RN, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 29/04/2010, DJe 24/05/2010).
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. 1. PRONÚNCIA.
EXCESSO DE LINGUAGEM. REFERÊNCIAS. MOTE DO CRIME PROVADO.
INCONTROVERSO RELATO DOS POLICIAIS. ESCOTEIRA VERSÃO DOS RÉUS.
CONSTRANGIMENTO. AUSÊNCIA. 2. AFASTAMENTO DE QUALIFICADORAS. (A) MOTIVO TORPE. VINGANÇA. (B) RECURSO QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA DA VÍTIMA. INCURSÃO NA SEARA FÁTICO-PROBATÓRIA. INVIABILIDADE.
1. As referências contidas na pronúncia de que o mote do crime restou provado, que o relato dos policiais seria incontrovertido e que a versão dos réus seria escoteira, não revela excesso de linguagem. O rigor que deve permear a redação da pronúncia vincula-se à necessidade de se preservar a imparcialidade dos jurados, a qual, in casu, restou incólume dado o zelo do magistrado que, proferiu a interlocutória mista com serenidade e prudência.
2. Para se afastar qualificadoras da pronúncia, é fundamental que sua impropriedade seja manifesta. A vingança, per se, pode não ou representar motivo torpe - tudo a depender do caso concreto. O debate acerca dos lineamentos do recurso que impossibilitou a defesa também enseja profundo mergulho no plano fático-probatória. Desta forma, o exame de tais questões refoge aos limites de cognição do habeas corpus.
3. Ordem denegada.
(HC 126.730/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 10/11/2009, DJe 30/11/2009).
PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 121, § 2º, INCISOS I E IV, DO CÓDIGO PENAL. EXCLUSÃO DE QUALIFICADORAS. RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA. IMPROCEDÊNCIA MANIFESTA NÃO EVIDENCIADA. MOTIVO TORPE.
INOCORRÊNCIA I - Na linha da remansosa jurisprudência desta Corte, as qualificadoras somente podem ser excluídas na fase do iudicium accusationis, se manifestamente improcedentes (Precedentes).
II - Se a r. decisão de pronúncia demonstrou de forma expressa as razões pelas quais deveria ser o paciente pronunciado em relação à qualificadora do art. 121, § 2º, IV, do Código Penal e não se verificando a sua total inadmissibilidade ou a hipótese de flagrante error iuris, não se afigura possível sua exclusão, sob pena de afronta à soberania do Tribunal do Júri.
III - A verificação se a vingança constitui ou não motivo torpe deve ser feita com base nas peculiaridades de cada caso concreto, de modo que, não se pode estabelecer um juízo a priori, seja positivo ou negativo. Conforme ressaltou o Pretório Excelso: a vingança, por si só, não substantiva o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a imputação de torpeza do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do contexto do fato"(HC 83.309/MS, 1ª Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 06/02/2004).
IV - No caso concreto, entretanto, a circunstância do crime ter sido cometido em decorrência de abuso sexual sofrido pelo paciente, no passado, pela vítima do homicídio, afasta, de plano, a apontada torpeza do motivo.
Ordem parcialmente concedida.
(HC 126.884/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 15/09/2009, DJe 16/11/2009).
PENAL. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO POR MOTIVO TORPE E RECURSO DIFICULTADOR DA DEFESA. CRÍTICA DA DOSIMETRIA DA PENA. AGRAVANTE DA MENORIDADE RELATIVA EM CONTRASTE COM ATENUANTE. COMPENSAÇÃO PLENA. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.
1 Réu condenado por infringir o artigo 121, § 2º, incisos I e IV, do Código Penal, depois que, junto com comparsa, matou desafeto a pauladas por desconfiar que não tivesse partilhado equitativamente o butim obtido em roubo praticado junto. Os dois dificultaram sobremaneira a defesa da vítima, que os tinha na conta de amigos e aceitou o convite para irem a local ermo consumir drogas, onde foi atacada de surpresa com pauladas na cabeça.
2 Havendo mais de uma qualificadora reconhecida pelo Conselho de Sentença, pode o Juiz destinar uma delas para qualificar o tipo e as demais para agravar a pena.
3 A menoridade relativa, estando relacionada com a personalidade do réu, é preponderante sobre as demais circunstâncias legais.
4 Apelação provida.
(Acórdão n.834129, 20070510042613APR, Relator: GEORGE LOPES LEITE, Revisor: ROMÃO C. OLIVEIRA, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 13/11/2014, Publicado no DJE: 28/11/2014. Pág.: 100).
PENAL E PROCESSUAL. TRIBUNAL DO JÚRI. HOMICÍDIO QUALIFICADO. MOTIVO TORPE E USO DE RECURSO DIFICULTADOR DE DEFESA. AUSÊNCIA DE NULIDADE POSTERIOR À PRONÚNCIA. PRECLUSÃO. AUSÊNCIA DE CONTRARIEDADE DA DECISÃO COM A PROVA DOS AUTOS. CRÍTICA FUNDADA À DOSIMETRIA. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.
1 Réu condenado por infringir o artigo 121, § 2º, incisos II e IV, do Código Penal, pois articulou e monitorou o assassinato do patrão de seu irmão, que foi atingido por três tiros de inopino, após jantar com um dos corréus. O motivo do crime foi acobertar os desfalques que o irmão fazia na empresa da vítima.
2 Eventuais nulidades ocorridas após a pronúncia devem ser arguidas em plenário, sob pena de preclusão. No caso, não há qualquer nulidade a ser sanada.
3 A decisão dos jurados, apoiada em uma das versões debatidas em plenário e amparada em testemunhos, não pode ser reputada manifestamente contrária às provas dos fatos.
4 Merecem maior reprovação as circunstâncias do crime quando o ataque à vítima foi feito de inopino, reduzindo suas chances de defesa, tendo sido reconhecida a qualificadora pelo Conselho de Sentença.
5 Desprovimento da apelação defensiva e provimento parcial da acusatória.
(Acórdão n.823079, 20090111320420APR, Relator: GEORGE LOPES LEITE, Revisor: SANDRA DE SANTIS, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 25/09/2014, Publicado no DJE: 08/10/2014. Pág.: 142).
PENAL E PROCESSUAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO POR MOTIVO TORPE. AUSÊNCIA DE NULIDADES. SENTENÇA EM CONFORMIDADE COM A DECISÃO DOS JURADOS E COM A LEI. CONDENAÇÃO AMPARADA NUMA DAS VERSÕES DEBATIDAS. CRÍTICA INFUNDADA DA DOSIMETRIA. SENTENÇA CONFIRMADA.
1 Réu condenado por infringir o artigo 121, § 2º, inciso I, do Código Penal, porque matou a vítima com disparos de arma de fogo, depois de obrigá-la a devolver tudo que havia sido subtraído da casa de sua ex-companheira.
2 Não há nulidade posterior à pronúncia quando não se comprova prejuízo à parte tampouco há impugnação oportuna na ata da sessão plenária, com vistas a evitar a preclusão da matéria. 
3 A sentença não contraria lei expressa ou decisão dos jurados porque prolatada de acordo com o disposto no artigo 492, inciso I, do Código de Processo Penal. Também não é manifestamente contrária à prova dos autos porque amparada em uma das versões apresentadas e discutidas durante o julgamento plenário, encontrando respaldo nos testemunhos colhidos e nas demais provas constantes nos autos, inclusive em relação à qualificadora do motivo torpe, incompatível, segundo a doutrina e jurisprudência predominantes, com qualquer forma deprivilégio, inclusive o do relevante valor moral ou domínio de violenta emoção. Também não houve injustiça na aplicação da pena porque esta foi bem dosada, não merecendo qualquer censura. 
4 Apelação desprovida.
(Acórdão n.774963, 20100111924938APR, Relator: GEORGE LOPES LEITE, Revisor: GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 20/03/2014, Publicado no DJE: 04/04/2014. Pág.: 217).
APELAÇÃO. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIMES CONTRA A VIDA. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PROVA DA MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA EM RELAÇÃO AO CORRÉU. INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA NO QUE TANGE À CORRÉ. QUALIFICADORA DO MOTIVO TORPE AFASTADA. QUALIFICADORA DO RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA MANTIDA. COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL NÃO CONFIGURADA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. 1. A existência do fato restou demonstrada e há suficientes indícios de autoria com relação ao réu Juliano. Nesta primeira fase processual, vige o in dubio pro societate, a sinalizar que a decisão de pronúncia não é juízo de mérito, mas de admissibilidade. O réu afirma que agiu sob coação moral irresistível, a qual não foi comprovada. Desta forma, estão presentes indicativos de autoria em relação ao réu Juliano sendo impositiva a manutenção da sentença de pronúncia. 2. Com relação à ré Francielli, ausentes indícios de autoria de conduta relevante, mesmo em nível de participação. O próprio corréu refere que já sabia onde o denunciado guardava suas armas, tendo sido toda a ação delituosa praticada apenas pelo réu Juliano. 3. No que tange à qualificadora do motivo torpe, não há elementos suficientes para sua manutenção. Neste sentido, torpe é o motivo repugnante, capaz de causar repulsa expressiva à coletividade. In casu, conforme a exordial acusatória, o réu teria cometido o delito pelo fato de que a vítima, pai da denunciada, não permitia que sua filha namorasse. Ocorre que, de acordo com as provas colhidas na instrução, não há nada capaz de sustentar, ao menos razoavelmente a qualificadora referida. 4. Quanto à qualificadora do recurso que dificultou a defesa da vítima, não cabe, nesta quadra, o afastamento. Há indícios de que a vítima teria sido atingida por seis disparos de arma de fogo enquanto dormia em sua casa. Neste sentido, o próprio réu refere que no momento dos disparos a vítima estava deitada em sua cama, dormindo. 5. Com relação à tese defensiva de que o réu agiu sob a exculpante da inexigibilidade de conduta diversa, não se apresenta com certeza, uma vez que o réu Juliano agiu por conta própria, impelido, em tese, por domínio de violenta emoção. Para a aplicação da excludente do artigo 22 do Código Penal, a coação moral deve ser irresistível, inevitável e insuperável, a ponto de não se exigir conduta diversa do coacto. Além disso, a coação deve ficar comprovada por elementos concretos, fora de dúvida, o que não é o caso dos autos. RECURSOS DESPROVIDOS. (Apelação Crime Nº 70061001517, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Julgado em 10/12/2014).
Ementa: ECA. HOMICÍDIOS QUALIFICADOS. MOTIVO TORPE. RECURSO QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA DA VÍTIMA. AMEAÇA. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. PROVA. INOCORRÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO SEM POSSIBILIDADE DE DESENVOLVER ATIVIDADES EXTERNAS. ADEQUAÇÃO. 1. Não se verifica cerceamento de defesa quando o defensor teve amplo acesso aos autos em diversas ocasiões, tendo tido ciência de toda a documentação contida no processo. 2. O indeferimento do pedido de juntada aos autos dos antecedentes policiais ou criminais das vítimas não enseja cerceamento de defesa, pois nada afeta o esclarecimento dos fatos, nem legitima ou minimiza a conduta desenvolvida pelo infrator, pois os fatos ocorreram em um contexto de disputa de espaço para a atividade ilegal de tráfico de entorpecentes. 3. Comprovadas cabalmente a autoria e a materialidade dos atos infracionais, imperioso o juízo de procedência da representação, com a aplicação da medida socioeducativa adequada tanto à gravidade dos fatos, como às condições pessoais do infrator. 4. Tratando-se de atos infracionais gravíssimos tipificados como homicídios qualificados e grave ameaça, onde o infrator, de surpresa, matou as vítimas de forma a impedir qualquer possibilidade de defesa, e ameaçou outra, agindo por motivo torpe, contra integrantes de grupo rival na disputa de espaço para a atividade de tráfico de entorpecente, mostra-se adequada a medida socioeducativa de internação, sem possibilidade de desenvolver atividades externas. 5. A finalidade dessa medida é promover a reeducação do infrator, mostrando-lhe que praticou fato tipificado como crime hediondo, a fim de que tome consciência da gravidade da sua conduta e da censura da sociedade, a fim de que, em breve, não venha a se tornar mais um inquilino assíduo do sistema prisional do Estado. Recurso desprovido. (Apelação Cível Nº 70060564663, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 30/07/2014).
APELAÇÃO CÍVEL. ATO INFRACIONAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO E FURTO QUALIFICADO. AUTORIA COMPROVADA. AFASTAMENTO DAS QUALIFICADORAS E DESCLASSIFICAÇÃO DO ATO INFRACIONAL. IMPOSSIBILIDADE. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO. ADEQUAÇÃO À ESPÉCIE. 1. A prática pelos adolescentes das condutas descritas no art. 121, § 2º, I e IV, e art. 155, § 4º, V, ambos do CP, é comprovada pelos elementos informativos colhidos na investigação e pelas provas produzidas durante a instrução processual. 2. A vítima foi morta porque interpelou um dos adolescentes por assediar sexualmente suas irmãs, razão pela qual correto o reconhecimento da qualificadora pelo motivo torpe do homicídio (art. 121, § 2º, I, do CP). Além disso, a ação deu-se mediante emboscada, na medida em que os adolescentes permaneceram de tocaia no local em que foi consumada a infração, tendo a vítima sido atingida mediante surpresa, com que não prospera o pedido de afastamento da qualificadora mediante emboscada e recurso que dificultou a defesa da vítima (art. 121, § 2º, IV, do CP). 3. Comprovado que a vítima foi alvejada por diversas vezes, inclusive em área vital, bem como que suplicava para não ser morta, evidenciada a intenção de matar (animus necandi). Descabimento da desclassificação do ato infracional para lesão corporal. 4. O furto, por sua vez, foi praticado mediante concurso de pessoas, com o que correto o reconhecimento da respectiva qualificadora (art. 155, § 4º, IV, do CP). 5. A medida adequada à espécie é a de internação, com fundamento no art. 122, I, do ECA, seja porque um dos atos infracionais é de natureza gravíssima (homicídio qualificado consumado), seja porque os representados já se envolveram em outras infrações graves, das quais receberam anterior medida extrema. E mais, os atos infracionais foram praticados durante o período de fuga dos adolescentes do Centro de Atendimento Socioeducativo. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70058053778, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 13/03/2014).
Ementa: APELAÇÃO-CRIME. HOMICÍDIOS QUALIFICADO PELO MOTIVO FÚTIL (GENRO) E HOMIDÍDO QUALIFICADO PELO MOTIVO TORPE (FILHO). CRIMES CONTINUADOS. APELO DEFENSIVO INTERPOSTO COM BASE NAS ALÍNEAS C E D DO INCISO III DO ARTIGO 593 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. Qualificadoras: A decisão que condenou o apelante por homicídio qualificado pelo motivo fútil cometido contra Ademir (1º fato), não é manifestamente contrária à prova dos autos. O motivo torpe, consistente no fato de o acusado matar o ofendido, seu próprio filho (2º fato), porque este tentou salvar a vida da vítima do 1º fato, a qual estava sendo esfaqueada pelo réu, encontra amparo na prova coligida aos autos. Condenação mantida. Aplicação das penas. Pena-base fixada no mínimo cominado à espécie delitiva. Na segunda fase de individualização e aplicação, não merece reparo o reconhecimento da agravante de o crime (2º fato) ter sido cometido contra descendente,bem assim o quantitativo de aumento estabelecido. Crime continuado. O agente, com mais de uma ação, praticou os delitos, os quais são da mesma espécie, e praticados com condições de tempo, lugar e maneira de execução semelhantes. A exasperação, em face da continuidade, foi aplicada de maneira parcimoniosa, resultando a pena definitiva mais benéfica do que a que adviria na hipótese de concurso material entre os delitos pelos quais restou condenado o réu. Mantido o apenamento imposto na sentença. Recurso de apelação desprovido. (Apelação Crime Nº 70052658150, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Osnilda Pisa, Julgado em 28/01/2014).
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO. LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE. CORRUPÇÃO DE MENOR. PROVA DA MATERIALIDADE. INDÍCIOS DE AUTORIA. PRONÚNCIA. DECISÃO MANTIDA. RECURSOS DESPROVIDOS.
1. Conforme preconiza o artigo 413 do Código de Processo Penal, a sentença de pronúncia consubstancia mero juízo de admissibilidade da acusação, exigindo apenas o convencimento da prova material do crime e indícios da autoria ou participação.
2. Constatada a existência de elementos indiciários mínimos que apontam a possibilidade de as recorrentes terem agredido a vítima mesmo sabendo de sua gravidez e, portanto, assumido o risco de provocar-lhe o aborto, a questão, em sua integral complexidade fática, deve ser submetida a julgamento perante o plenário do Tribunal do Júri.
3. Não há como afastar, de plano, a possibilidade da existência de nexo causal entre as lesões perpetradas e o resultado morte. A indagação se as lesões desferidas foram causa determinante e indispensável para que a vítima falecesse deve ser submetida ao egrégio Conselho de Sentença.
4. Admitida a competência do Tribunal do Júri para julgar o crime doloso contra a vida (aborto provocado por terceiro), igualmente lhe competirá decidir a matéria fática em torno do crime conexo de corrupção de menor.
5. Recursos desprovidos.
(Acórdão n.850298, 20131010052762RSE, Relator: SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 19/02/2015, Publicado no DJE: 02/03/2015. Pág.: 154).
PROCESSO PENAL. CONFLITO NEGATIVO DE JURISDIÇÃO. JUIZADO CRIMINAL E DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. TRIBUNAL DO JÚRI. ATOS PREPARATÓRIOS AO CRIME DE ABORTO. INEXISTÊNCIA DE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO COMUM.
1. O comportamento consistente em forçar mulher grávida a ingerir medicamento abortivo, fato por ela recusado, configura mero ato preparatório ao delito de aborto, não havendo que se falar na prática de crime doloso contra a vida do feto. 
2. Conflito conhecido para declarar competente o juízo comum para processar e julgar o feito.
(Acórdão n.592741, 20120020090934CCR, Relator: JOÃO BATISTA TEIXEIRA, Câmara Criminal, Data de Julgamento: 14/05/2012, Publicado no DJE: 06/06/2012. Pág.: 44).
PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. PRONÚNCIA. NULIDADE. ABORTO PROVOCADO. ART. 124, DO CÓDIGO PENAL. REALIZAÇÃO DE EXAME PERICIAL DIREITO. RESPOSTA NEGATIVA. IMPRONÚNCIA. CABIMENTO. CRIME CONEXO. ART. 340, DO CÓDIGO PENAL. JUÍZO COMPETENTE.
1. Estando fundamentada a r. decisão de pronúncia, mesmo que de forma objetiva, inclusive, diretiva recomendada em casos tais, não se pode anulá-la por desfundamentada.
2. No presente caso, se os médicos legistas, ante exame pericial direto, não foram capazes de atestar ter sido o aborto provocado dolosamente pela recorrente, a ilação que se tira é no sentido de que inexiste prova mínima de materialidade do crime, não podendo ser pronunciado quem quer que seja, não sendo eficaz, no tema, a confissão judicial da ré, pessoa leiga, que disse ter ingerido chás abortivos, se nem mesmo a eficácia abortiva de tais infusões chegou a ser comprovada por intermédio da perícia competente. 
3. Cabe ao juízo competente apreciar o crime conexo (art. 340, do Código Penal).
4. Recurso provido para impronunciar a ré pelo delito capitulado no art. 124, do Código Penal.
(Acórdão n.227958, 20040510054553RSE, Relator: SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 08/09/2005, Publicado no DJU SEÇÃO 3: 09/11/2005. Pág.: 44).
PENAL E PROCESSUAL PENAL. JÚRI. PRONÚNCIA. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMÍCIO DOLOSO. CONDUTA OMISSIVA IMPRÓPRIA. ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DO FATO. IMPOSSIBILIDADE. DESCLASSIFICAÇÃO PARA MODALIDADE CULPOSA OU INFANTICÍDIO. INVIABILIDADE. 
1. Havendo indícios de que a acusada sustentou a gravidez, sem contar aos pais o fato, que iniciou trabalho de parto em seu quarto sem pedir ajuda a ninguém e que ainda cortou o cordão umbilical, colocando a criança enrolada em um pano, embaixo da cama, afasta-se a tese de atipicidade do fato. 
2. A desclassificação para crime culposo, na fase do iudicium accusationis, só pode ocorrer se as provas produzidas afastarem completamente a tese de conduta dolosa. Se o acervo probatório admite essa possibilidade, mesmo que não exclua a hipótese de culpa, a decisão não pode ser subtraída da competência do Júri Popular. 
3. Incabível a desclassificação do crime de homicídio doloso, por conduta omissiva imprópria, para infanticídio, se não há provas de ter a acusada atuado sob influência do estado puerperal. 
4. Recurso improvido.
 
(Acórdão n.356659, 20050111022613RSE, Relator: ARNOLDO CAMANHO DE ASSIS, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 07/05/2009, Publicado no DJE: 03/06/2009. Pág.: 179).
PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA E OCULTAÇÃO DE CADÁVER. VEREDICTO DO CONSELHO DE SENTENÇA. ALEGAÇÃO DE MANIFESTA CONTRARIEDADE À PROVA DOS AUTOS - INOCORRÊNCIA. RECURSO NÃO-PROVIDO.
Se os jurados acolheram uma das vertentes da prova constante dos autos, ainda que a tese não seja a melhor, de julgamento manifestamente contrário à prova dos autos não se cuida.
Havendo prova nos autos de que o cadáver do recém-nascido foi acondicionado em mochila e, diante desse quadro, foi dado como provado o cometimento do crime previsto no artigo 211 do Código Penal, nada há a prover em face da insurreição da condenada, esbirrada no artigo 593, inciso III, alínea "d", do Código de Processo Penal.
Recurso desprovido. Unânime.
(Acórdão n.180359, 19990110650762APR, Relator: ROMÃO C. OLIVEIRA, Revisor: VAZ DE MELLO, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 24/04/2003, Publicado no DJU SEÇÃO 3: 05/11/2003. Pág.: 59)

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