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Arquivologia e o Papel do Historiador Marcia Eckert Miranda

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Os arquivOs e O OfíciO dO histOriadOr
Marcia EckErt Miranda
Universidade Federal de São Paulo
mmiranda@unifesp.br
	 Propriedades	 dos	 monarcas,	 os	 arquivos	 eram,	 até	 o	 final	 do	 século	 XVIII,	
instrumentos,	cujo	acesso	era	restrito,	subordinado	ao	sigilo	e	ao	arbítrio	dos	governantes.	
A	 Revolução	 Francesa	 (1789)	 transformou	 essas	 instituições	 em	 patrimônio	 nacional	
cujo	acesso	tornou-se	direito	de	todo	cidadão	francês.	A	abertura	dessas	instituições,	os	
debates	 seguidos	 sobre	 a	 organização	desses	 acervos	 com	a	definição	do	princípio	 da	
proveniência1	e	a	publicação	do	“Manuel	de	Arquivistas	Holandeses”	em	1898	marcaram	
o	surgimento	da	Arquivologia	como	área	autônoma	em	relação	à	História	(REIS,	2006).2 
Ao	longo	do	século	XIX,	os	arquivistas	assumiram	o	papel	de	agentes	neutros	
e	 passivos,	 cuja	 função	 principal	 era	 a	 preservação	 dos	 documentos,	 sem	 qualquer	
influência	direta	sobre	os	processos	de	produção,	eliminação	e	destinação	desses	à	guarda	
permanente.3	Os	historiadores,	sob	a	influência	do	Positivismo,	passaram	a	valorizar	as	
fontes	documentais	textuais	como	base	para	a	determinação	da	verdade	sobre	o	passado	
e	a	considerar	a	Arquivologia	uma	ciência	auxiliar	da	História	ao	lado	da	Paleografia	e	
da	Diplomática.	Posturas	essas	que	contribuíram	para	o	distanciamento	entre	essas	áreas	
de	conhecimento	e	para	que	os	historiadores,	confinados	às	salas	de	pesquisas,	deixassem	
de	refletir	sobre	os	arquivos	e	seus	acervos,	atribuindo,	a	esses	últimos,	naturalidade	nos	
processos	de	acumulação	e	recolhimento	e	neutralidade	no	seu	arranjo	e	descrição.	
Seguindo	 trajetórias	 paralelas,	 as	 últimas	 décadas	 do	 século	 XX	 impuseram	
novas	perspectivas	teóricas	e	metodológicas	à	Arquivologia	e	à	História.	A	abordagem	
pós-moderna,	desenvolvida	principalmente	pela	Arquivologia	canadense	a	partir	dos	anos	
de	1980,	abriu	o	debate	sobre	o	papel	dos	arquivistas,	sobre	a	natureza	dos	arquivos	e	dos	
documentos	e	sobre	sua	relação	com	a	memória.	Advogando	a	necessidade	de	releitura	
dos	princípios	da	Arquivística,	essa	corrente	negou	a	postura	de	neutralidade	e	colocou	em	
evidência	o	contexto	frente	ao	texto,	as	relações	de	poder,	os	significados	e	a	necessidade	
de	 desnaturalizar	 tudo	 que	 era	 tomado	 como	 natural	 (COOK,	 1991).	 Na	 História,	 a	
terceira	geração	dos	Analles,	na	década	de	1970,	redefiniu	a	concepção	de	documento,	
adotando	instrumentos	e	abordagens	teóricas	de	outras	ciências	sociais	(BOUTIER,	1998).	
1	 	Princípio	adotado	no	arranjo	dos	acervos	nos	arquivos	franceses	a	partir	da	circular	do	Ministério	do	
Interior	de	24	de	abril	de	1841.	Segundo	esse	princípio,	os	documentos	produzidos	por	uma	administra-
ção/entidade/pessoa/família	devem	ser	mantidos	separados	daqueles	produzidos	por	outras	(BELLOTTO,	
2006,	p.	130	e	ARQUIVO	NACIONAL,	2005,	p.	136).		
2	 	Sobre	a	história	da	Arquivística,	ver	REIS	(2006),	JIMERSON	(2008)	e	KETELAAR	(2007).	
3	 	Postura	defendida	por	Sir	Hilary	Jenkinson	(1882-1861)	no	Manual de administração de arquivos, 
publicado	em	1922	(JIMERSON,	2008).	
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Essas	 novas	 perspectivas	 historiográficas	 aliadas	 à	 crescente	 valorização	 da	memória	
estimularam	o	surgimento	de	novos	“lugares	da	memória”	(NORA,	1993),	os	quais	se	
distinguem	dos	arquivos	por	serem	essencialmente	instituições	dedicadas	à	produção	e	
reunião	de	coleções	de	documentos	em	diferentes	suportes4		e	proveniências.5 
Nesse	cenário	de	transformações,	a	postura	dos	historiadores	frente	aos	arquivos	
tem	mudado,	 ainda	que	 lentamente,	passando	da	 sala	de	pesquisa	aos	demais	 espaços	
dessas	 instituições.	A	 valorização	 da	 memória	 e	 as	 novas	 temáticas	 da	 historiografia	
estimularam	 a	 criação	 de	 centros	 de	 memória	 e	 documentação	 e	 transformaram	 o	
historiador	em	um	agente	ativo	na	constituição,	organização	e	disponibilização	de	acervos,	
obrigando-o	a	repensar	seu	papel	nas	instituições	de	memória	e	a	buscar	o	diálogo	com	
outras	disciplinas	da	Ciência	da	Informação.	Mas,	ainda	hoje,	quando	esses	profissionais	
se	limitam	à	sala	de	pesquisa	dos	arquivos,	questões	como	origem	dos	documentos,	seu	
contexto	 de	 produção,	 avaliação,	 história	 custodial,	 arranjo	 e	 descrição	 raramente	 são	
objetos	de	reflexão	(BOSCHI,	2011).	Assim,	apesar	de	os	princípios	da	Arquivologia,	de	
seus	métodos	e	teorias	terem	implicações	relevantes	sobre	o	ofício	do	historiador,	esses	
temas	são	explorados	por	poucos	programas	de	graduação	em	História.	
Seja	 na	 sala	 de	 pesquisa	 ou	 nas	 salas	 destinadas	 à	 guarda	 do	 acervo	 e	 a	 seu	
tratamento	 técnico,	 é	 importante	 que	 o	 historiador	 amplie	 seus	 conhecimentos	 acerca	
dessa	área.	Neste	texto,	essas	questões	são	abordadas	buscando	salientar	a	importância	
da	reflexão	sobre	a	relação	entre	essas	instituições	de	memória,	seus	acervos	e	o	ofício	do	
historiador, pois 
Os	arquivos	 são,	 ao	mesmo	 tempo,	 o	 elemento	mais	 importante	 e	 o	menos	
discutido	 da	 construção	 histórica.	A	 ausência	 de	 um	 diálogo	 efetivo	 entre	
historiadores	e	arquivistas,	bem	como	a	falta	de	conhecimento	técnico	e	teórico	
sobre	a	ciência	do	“outro”	são	responsáveis	pela	situação	lamentável	em	que	se	
encontram	duas	pontas	da	mesma	realidade,	assim	como	pela	enorme	distância	
que	as	separa	(LOPEZ,	1996,	p.	33).	
 
O histOriadOr na sala de pesquisa 
	 A	pesquisa	em	fontes	primárias,	especialmente	em	fontes	textuais	manuscritas,	é	
atividade	comum	ao	trabalho	do	historiador.	Como	observou	Marc	Bloch,	os	documentos	
tem	sua	história	e	não	podem	ser	tomados	como	resultado	simples	da	decantação	natural	
do	processo	de	produção	documental:
Não	obstante	o	que	por	vezes	parecem	pensar	os	principiantes,	os	documentos	
não	aparecem,	aqui	ou	ali,	pelo	efeito	de	um	qualquer	imperscrutável	desígnio	
dos	deuses.	A	sua	presença	ou	a	sua	ausência	nos	fundos	dos	arquivos,	numa	
biblioteca,	num	 terreno,	dependem	de	causas	humanas	que	não	escapam	de	
forma	alguma	à	análise,	e	os	problemas	postos	pela	sua	transmissão,	longe	de	
serem	apenas	exercícios	de	técnicas,	tocam,	eles	próprios,	no	mais	íntimo	da	
vida do passado, pois o que assim se encontra posto em jogo é nada menos do 
que	a	passagem	da	recordação	através	de	gerações	(BLOCH,	1941/42	apud	LE	
GOFF,	1996,	p.	544).	
4	 Suporte:	“Material	no	qual	são	registradas	as	informações”	(ARQUIVO	NACIONAL,	2005,	p.	159).
5	 	Sobre	o	surgimento	de	centros	de	memória	e	documentação	junto	às	universidades	brasileiras	ver,	
SILVA	(1999a	e	1999b).
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	 Nos	arquivos,	independente	das	indagações	que	os	historiadores	pretendam	fazer	
aos	documentos,	os	historiadores	lidam	com	uma	série	de	variáveis	externas	(as	causas	
humanas	citadas	por	Bloch	no	trecho	acima),	as	quais	podem	impor	limites	e	vieses	aos	
caminhos	que	tencionam	percorrer	e	às	conclusões	que	possam	chegar	em	suas	pesquisas.	
A	pouca	clareza	dos	historiadores	acerca	da	rotina	interna	das	instituições	arquivísticas	
contribui	para	que	esses	entraves	ocultos	se	interponham	entre	o	acervo	e	sua	pesquisa.	
	 Segundo	Le	Goff	(1996,	p.	547),	todo	documento	é	“antes	de	mais	nada	o	resultado	
de	uma	montagem,	consciente	ou	inconsciente,	da	história,	da	época,	de	uma	sociedade	
que	o	produziram	[sic.]”;	no	entanto,	cabem	algumas	reflexões	sobre	essa	firmação.
	 Um	documento	é	sempre	monumento?	O	que	é	o	documento	de	arquivo?	
	 Os	arquivos	não	são	criados	com	o	objetivo	último	de	subsidiar	a	pesquisa.	Um	
documento	de	arquivo	é	uma	informação	sobre	um	suporte	e	que	possui,	dentre	outras	
qualidades	específicas,	a	imparcialidade	na	sua	produção,	a	naturalidade	na	acumulação	
e	a	organicidade.6	A	imparcialidade	decorre	do	fato	de	que	os	documentos	de	um	arquivo	
não	são	produzidos	com	o	objetivo	de	promover	uma	determinada	 leitura	do	passado,	
mas	em	decorrência	das	atividades	da	entidade	produtora.	Esses	documentos	produzidos	
e/ou	recebidos	por	essainstituição,	 família	ou	pessoa	são	“naturalmente”	acumulados,	
formando	 um	 arquivo	 (ARQUIVO	 NACIONAL,	 2005).7 Desse processo decorre a 
organicidade	que	caracteriza	esses	documentos,	ou	seja,	a	relação	de	interdependência	que	
existe	entre	as	unidades	desse	conjunto,	em	reflexo	das	atividades	da	entidade	produtora/
acumuladora.8 
	 Assim,	considerando	a	imparcialidade,	um	documento	de	arquivo,	na	sua	origem,	
não	é	um	monumento.	No	entanto,	o	mesmo	não	pode	ser	dito	em	relação	a	outras	etapas	
do	tratamento	dos	conjuntos	documentais	recolhidos	aos	arquivos	permanentes,9	pois:
Os	 critérios	 de	 seleção	 e	 os	 métodos	 de	 arranjo	 e	 descrição	 dos	 documentos	 são	 portadores	 de	 carga	
ideológica	e	podem	condicionar	a	construção	de	uma	memória	embasada	em	elementos	exógenos;	podem	
ainda,	 a	 despeito	 da	 seriedade	 e	 espírito	 crítico	 do	 historiador,	 propiciar	 uma	 visão	 restrita	 da	 história	
(LOPEZ,	1996,	p.	16).
 Pensar sobre os arquivos é, pois, requisito para que os pesquisadores possam 
explorar	o	potencial	informativo	desses	acervos,	para	que	tenham	clareza	sobre	os	limites	
impostos	 à	 análise	 desses	 documentos	 e	 para	 que	 possam	 ter	 consciência	 de	 que	 os	
documentos	de	arquivo	podem	ser,	em	alguma	medida,	um	monumento.	A	desmontagem	
desse	“monumento”	tem	por	requisito	a	compreensão	dos	mecanismo	que	operaram	essa	
transformação.	Assim,	a	compreensão	do	ciclo	vital	dos	documentos,10	dos	princípios	da	
Arquivologia	e	a	análise	da	história	custodial	dos	conjuntos	documentais	são	importantes	
para	 o	 que	 o	 historiador	 possa	 explorá-los,	 furtando-se	 dos	 vieses	 decorrentes	 da	
6	 	Sobre	as	características	de	um	documento	de	arquivo	(imparcialidade,	autenticidades,	naturalidade	na	
acumulação,	organicidade	e	unicidade)	ver	BELLOTTO	(2011).
7	 Acumulação:	“reunião	de	documentos	produzidos	e/ou	recebidos	no	curso	das	atividades	de	uma	enti-
dade	coletiva,	pessoa	ou	família”	(ARQUIVO	NACIONAL,	2005,	p.	20).
8	 Organicidade:	“relação	natural	entre	documentos	de	um	arquivo	(1)	em	decorrência	das	atividades	da	
entidade	produtora”	(ARQUIVO	NACIONAL,	2005,	p.	2).
9	 Arquivo	Permanente:	“1. Conjunto	de	documentos	preservados	em	caráter	definitivo	em	função	de	
seu	valor.	2	Arquivo	(2)	responsável	pelo	arquivo	permanente	(1).	Também	chamado	arquivo	histórico”.	
(ARQUIVO	NACIONAL,	2005,	p.	34).
10	 Ciclo	vital	dos	documentos:	“Sucessivas	fases	por	que	passam	os	documentos	de	um	arquivo	(1),	da	
sua	produção	à	guarda	permanente	ou	eliminação”	(ARQUIVO	NACIONAL,	2005,	p.	47).
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monumentalização	e	de	outros	obstáculos.
	 A	 partir	 da	 segunda	metade	 do	 século	XX,	 com	 o	 crescimento	 do	 volume	 de	
documentos	produzidos,	a	eliminação11	passou	a	ser	considerada	um	mal	necessário.	A	
avaliação	documental	é	um	recurso	técnico	que	busca	estabelecer	os	prazos	de	guarda	
dos	documentos	e	determinar	seu	destino:	a	eliminação	ou	o	recolhimento	a	um	arquivo	
permanente.	Assim,	a	avaliação	busca,	através	do	estabelecimento	de	critérios	objetivos	
e	 transparentes,	 viabilizar	 a	 redução	 do	 volume	 de	 documentos	 a	 serem	 preservados,	
minimizando	 o	 impacto	 sobre	 a	 perda	 de	 informações.	 No	 entanto,	 como	 salienta	
Jardim	 (1995),	 esse	 processo	 tem	 uma	 dimensão	 política	 importante.	 	 A	 pretendida	
“destruição	controlada”	(NORA,	1993,	p.	15)	envolve	critérios	definidos	historicamente	
e	correspondentes	a	uma	dada	cultura	política	(LOPEZ,	1996).
O	processo	de	 avaliação	envolve	 a	 aferição	de	valores	primário	 e	 secundário	
dos	documentos.	O	valor	primário	relaciona-se	ao	valor	jurídico,	administrativo	e	fiscal,	
refletindo	a	importância	do	documento	para	seu	produtor;	o	valor	secundário	é	associado	
aos	interesses	de	outros	usuários	pelos	documentos	como	evidência/prova	e	como	fonte	
de	informação	(COOK,	1997).	Os	documentos	com	valor	secundário	são	acessados	por	
pesquisadores	diversos,	que	os	usam	para	diferentes	fins	e	neles	encontram	significados	
e	 sentidos	distintos	daqueles	para	os	quais	 foram	produzidos.12	Mas,	 ao	arbitrar o que 
deve	ser	preservado	ou	não,	o	arquivista	e	os	demais	membros	da	comissão	de	avaliação	
de documentos13	 também	atribuem,	 intencionalmente	ou	não,	significados,	narrativas	e	
sentidos	a	esses	registros	(KETELAAR,	2001).
	 Se	a	avaliação	documental	é	um	mal	necessário,	a	sua	realização	sem	critérios	ou	
por	pessoas	incapacitadas,	assim	como	a	destruição	sem	quaisquer	considerações	técnicas,	
são	ainda	mais	prejudiciais.	Daí	a	necessidade	de	que	essa	avaliação	seja	realizada	por	
comissões	multidisciplinares,	 que,	 além	das	questões	 administrativas	 e	 legais,	 possam	
utilizar	critérios	diversos	para	aferir	o	valor	dos	documentos.		
	 Para	 além	 da	 eliminação,	 outros	 problemas	 podem	 envolver	 os	 conjuntos	
documentais	recolhidos	aos	arquivos	permanentes,	tais	como	a	dispersão	de	fundos14 e o 
arranjo	inadequado.	
	 Nem	todos	os	documentos	considerados	de	valor	secundário	e,	por	isso,	destinados	
à	guarda	permanente,	encontram	na	mesma	institução	de	custódia.	Ainda	que	a	princípio	
um	arquivo	seja	“uma	espécie	de	duplo	da	instituição”	(CAMARGO,	2003,	p.	5),	questões	
relativas	à	origem	dessa	e	às	transformações	nas	suas	funções	e	estrutura	podem	implicar	
numa	duplicidade	distorcida.	Como	observa	Costa	(2000),	em	1838,	quando	da	fundação	
do	Arquivo	 Público	 do	 Império	 e	 do	 Instituto	 Histórico	 e	 Geográfico	 Brasileiro,	 as	
concepções	acerca	do	papel	de	cada	uma	dessas	instituições	na	formação	da	nacionalidade	
11	 Eliminação:	“Destruição	de	documentos	que,	na	avaliação,	foram	considerados	sem	valor	permanen-
te.	Também	chamada	expurgo	de	documentos.”	(ARQUIVO	NACIONAL,	2005,	p.	81).
12	 	Exemplo	disso	são	os	documentos		Exemplo	disso	são	os	documentos	produzidos	pelos	órgãos	e	estruturas	vinculadas	à	perseguição	e	
ao	extermínio	de	judeus	e	de	outros	segmentos	da	sociedade	e	que	foram	utilizados	nos	julgamentos	de	
Nuremberg	como	prova	dos	crimes	cometidos	pelas	autoridades	nazistas	no	decorrer	da	II	Guerra	(QUIN-
TANA,	2008).
13	 	Comissão	de	avaliação	e	destinação:	“Grupo	multidisciplinar	encarregado	da	avaliação	de	documen-
tos	de	um	arquivo	(1),	responsável	pela	elaboração	de	tabela	de	temporalidade”	(ARQUIVO	NACIO-
NAL,	2005,	p.	53).
14	 	Fundo:	“Conjunto	de	documentos	de	uma	mesma	proveniência.	Termo	que	equivale	a	arquivo”	(AR-	Fundo:	“Conjunto	de	documentos	de	uma	mesma	proveniência.	Termo	que	equivale	a	arquivo”	(AR-
QUIVO	NACIONAL,	2005,	p.	97).
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e	de	assessor	jurídico-instrumental	do	Estado	implicaram	no	direcionamento	diferenciado	
de	documentos:	
...o	 Arquivo	 brasileiro	 limitou-se	 a	 recolher	 os	 documentos	 legislativos	
e	 administrativos	 que	 diziam	 respeito	 quase	 que	 exclusivamente	 à	 rotina	
administrativa	do	governo	imperial	e	ao	aparato	legal	necessário	à	organização	
da	nova	sociedade.	Parte	considerável	da	documentação	referente	ao	Estado,	
enquanto	 instância	 política	 e	 jurídica	 definidora	 das	 relações	 do	 governo	
com	os	outros	Estados-nações,	 isto	é,	documentos	 relativos,	por	exemplo,	à	
delimitação	das	 fronteiras	nacionais	e	à	preservação	da	unidade	 territorial	e	
política	do	Império,	permaneceram	no	Ministério	dos	Negócios	Estrangeiros	
e	integram	hoje	o	fundo	do	Arquivo	Histórico	do	Itamaraty.	Da	mesma	forma,	
a	correspondência	política	entre	membros	da	classe	dirigente,	relatando,	por	
exemplo,	as	medidas	repressivas	adotadas	pelo	governo	em	face	das	rebeliões	
provinciais	que	ameaçavam	a	unidade	nacional,	integra	as	coleções	privadas	
hoje	 sob	a	guarda	do	 IHGB	ou	do	Museu	 Imperial	 em	Petrópolis	 (2000,	p.	
11-12).
	 Opções	feitas	no	passado	podem	ter	motivado	a	dispersão	de	fundos.	O	caso	dos	
documentos	produzidos/recebidos	e	acumulados	pela	Câmara	de	Porto	Alegre	no	período	
colonial	ilustra	essa	possibilidade.	As	câmaras	municipais	no	período	colonial	exerciam	
funções	 administrativas,judiciais,	 policiais	 e	 fazendárias,15	 daí	 o	 fato	 de	 seus	 acervos	
serem	formados	por	uma	diversidade	de	tipos	documentais16 decorrentes dessas diversas 
atividades/funções.	Hoje,	esses	documentos	encontram-se	dispersos	por	duas	instituções	
distintas:	os	livros	de	registros	e	de	transmissões	do	Primeiro	e	do	Segundo	Tabelionato,	
os	livros	de	registro	geral	e	os	livros	de	registro	de	correspondência	da	Câmara	encontram-
se	 no	Arquivo	 Público	 do	Rio	Grande	 do	 Sul	 (APERS),	 já	 os	 livros	 de	 registros dos 
provimentos	dos	 corregedores	da	 comarca	na	vila	de	Porto	Alegre	 e	 os	 livros	de	 atas	
de	vereança	fazem	parte	do	acervo	do	Arquivo	Histórico	Municipal	Moyses	Vellinho.17 
As	 razões	 dessa	 dispersão	 não	 estão	 claras;	 possivelmente	 relacionam-se,	 em	parte,	 à	
lei	de	1º	de	Outubro	de	1828	que	 transformou	as	câmaras	municipais	em	corporações	
com	funções	exclusivamente	administrativas,	 subtraindo-lhes	a	 jurisdição	contenciosa,	
levando	à	separação	dos	arquivos	de	acordo	com	cada	função.	Hipótese,	no	entanto,	que	
não	explica	a	presença	dos	livros	de	registro	da	câmara	no	APERS.
	 Esses	fatos	demonstram	que,	ao	utilizar	um	conjunto	de	documentos,	é	importante	
que	o	historiador	procure	compreender	questões	relacionadas	a	esse	acervo,	ou	seja,	a	
história	administrativa	da	instituição	que	o	produziu	e	a	história	custodial	ou	arquivística	
deste	conjunto	documental.	
	 A	história	administrativa	da	instituição	produtora	permite	identificar	as	funções	
que	 esta	 exercia,	 as	 transformações	 em	 sua	 estrutura,	 quais	 as	 tipologias	documentais	
devem	ser	encontradas	e	os	fluxos	desses	documentos.	Ao	mesmo	tempo,	também	permite	
15	 Sobre	a	câmara	municipal	de	Porto	Alegre	no	período	ver	MIRANDA	(2000).
16	 Tipo	documental:	“Divisão	de	espécie	documental	que	reúne	documentos	por	suas	características	
comuns	no	que	diz	respeito	à	fórmula	diplomática,	natureza	de	conteúdo	ou	técnica	do	registro.	São	
exemplos	de	tipos	documentais	cartas	precatórias,	cartas	régias,	cartas-patentes,	decretos	sem	número,	
decretos-leis,	decretos	legislativos,	daguerreótipos,	litogravuras,	serigrafias,	xilogravuras”	(ARQUIVO	
NACIONAL,	2005,	p.	136).
17	 Sobre	o	acervo	do	APERS	ver	o	site	da	instituição	em	http://www.apers.rs.gov.br/portal/index.
php?menu=notas>;	sobre	esse	acervo	ver	ARQUIVO	HISTóRICO	DE	PORTO	ALEGRE	MOySéS	
VELLINHO	(2009).
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identificar	lacunas	e	inclusões,	mudanças	nas	tipologias	documentais	e	a	temporalidade	
do	processo	de	produção	documental.	Já	a	história	custodial	ou	arquivística	contribui	para	
que	o	pesquisador	compreenda	como	se	deu	a	produção	desse	conjunto	documental,	seu	
processo	de	acumulação	e	custódia,	explicitando	a	ocorrência	ou	não	de	dispersão	dos	
documentos	(ARCE,	2011;	BRASIL,	2006).18 
	 No	 caso	 de	 arquivos	 pessoais,	 como	 observa	 Heymann	 (1997),	 o	 sentido	 da	
acumulação	 dos	 documentos	 ganha	 destaque.	 Ao	 trabalhar	 com	 esses	 documentos,	
o historiador deve romper com as ideias preconcebidas de que esses arquivos sejam 
portadores	de	uma	unidade	e	totalidade,	já	que	o	processo	de	acumulação	envolve	diversos	
sentidos,	obedecendo	a	diferentes	critérios	atribuídos	pelo	titular	ao	longo	da	sua	vida	ou	
por	 terceiros.	Assim	 o	 arquivo	 pessoal	 ou	 familiar	 também	pode	 ser	 objeto	 de	 vários	
reordenamentos	e	exclusões	promovidas	não	apenas	pelo	titular,	mas	por	seus	familiares	
ou	 terceiros.	 Essas	 características	 permitem	 questionar	 a	 naturalidade	 da	 acumulação	
de	 alguns	 desses	 “arquivos”	 privados,	 o	 que	 torna	 essencial	 a	 análise	 da	 sua	 história	
custodial,	caminho	necessário	para	desvendar	as	intenções	ocultas	em	sua	conformação	
final.
	 Obstáculo	pode	ser	gerado	pela	forma	como	foram	classificados	os	documentos	
de	um	fundo	institucional	ou	pessoal.	O	processo	de	arranjo19 nos arquivos permanentes 
é	norteado	pelo	princípio	da	proveniência	e	da	ordem	original,20 os quais preservam a 
integridade	do	conjunto,	seu	contexto	de	produção	e	a	organicidade.	
	 Ainda	que	no	passado	os	acervos	fossem	organizados	obedecendo	a	classificações	
temáticas	e/ou	cronológicas,	já	no	final	do	século	XVIII	observaram-se	as	dificuldades	
e	 equívocos	 que	 esse	 sistema	 poderia	 causar	 seja	 pela	 diversidade	 de	 interesses,	 seja	
pelos	inúmeros	sentidos	que	os	pesquisadores	podem	atribuir	aos	documentos.21 Assim, 
ao	adotar-se	o	princípio	da	proveniência,	o	arranjo	dos	fundos	documentais	passou	a	ter	
como	alicerce	um	atributo	intrínseco	e	permanente	aos	documentos	(SOUZA,	2003).	Esse	
princípio	implica	em	manter	juntos	os	documentos	produzidos	por	uma	entidade/família/
pessoa,	sem	misturá-los	aqueles	produzidos	por	outros	agentes.	Quando	não	observado,	
pode-se	gerar	a	dispersão	dos	documentos	produzidos	por	uma	mesma	instituição/família/
pessoa	por	diferentes	grupos	documentais	e	atribuir-se	equivocadamente	organicidade	a	
conjuntos	que	não	a	tem.	
	 O	 chamado	 “fundo	 Requerimentos”	 do	Arquivo	 Histórico	 do	 Rio	 Grande	 do	
Sul	 (AHRS)	 é	 um	 caso	 exemplar.	 Esses	 documentos	 de	 uma	mesma	 tipologia	 foram	
coletados	 em	 diferentes	 fundos	 documentais,	 por	 um	 antigo	 gestor	 dessa	 instituição	
para	 subsidiar	 suas	 pesquisas	 de	 genealogia.22	 Assim,	 esse	 conjunto	 documental	 foi	
18	 A	história	custodial	e	a	história	administrativa	do	órgão	produtor	são	elementos	de	contextualização	
na	produção	de	descrição	de	documentos	arquivísticos,	conforme	Norma	Brasileira	de	Descrição	Arqui-
vística	(BRASIL,	2006).
19	 Arranjo:	“Seqüência	de	operações	intelectuais	e	físicas	que	visam	à	organização	dos	documentos	de	
um	arquivo	(1)	ou	coleção,	de	acordo	com	um	plano	ou	quadro	previamente	estabelecido”	(ARQUIVO	
NACIONAL,	2005,	p.	37).
20	 Princípio	do	respeito	à	ordem	original:	“Princípio	segundo	o	qual	o	arquivo	(1)	deveria	conservar	o	
arranjo	dado	pela	entidade	coletiva,	pessoa	ou	família	que	o	produziu”	(ARQUIVO	NACIONAL,	2005,	
p.	137).
21	 	Sobre	a	história	da	Arquivologia	e	dos	métodos	de	arranjo	ver	SOUZA	(2003).		Sobre	a	história	da	Arquivologia	e	dos	métodos	de	arranjo	ver	SOUZA	(2003).	
22	 	Conjuntos	constituídos	com	os	mesmos	critérios	no	acervo	do	AHRS	são	o	dossiê	açorianos	e	o		Conjuntos	constituídos	com	os	mesmos	critérios	no	acervo	do	AHRS	são	o	dossiê	açorianos	e	o	
dossiê	Real	Feitoria	do	Linho	Cânhamo.	é	comum	a	existência	de	coleções	nos	arquivos	públicos,	no	
906
criado	 artificialmente	 para	 atender	 os	 interesses	 de	 um	 pesquisador,	 sem	 qualquer	
respeito	 à	 origem	 administrativa	 dos	 documentos.	Nesse	 processo,	 documentos	 foram	
desmembrados	e	descontextualizados,	fundos	documentais	diversos	tiveram	documentos	
subtraídos.	Ainda	 que	 esses	 documentos	 sejam	 portadores	 de	 informações	 relevantes,	
outras	se	perderam	para	sempre,	 tais	como:	os	 fundos	originais	de	cada	documento,	a	
relação	com	outras	unidades	documentais	e	o	seu	contexto	de	produção.	Neste	caso,	a	
pesquisa	requer	cuidados	redobrados	do	historiador,	principalmente	porque	não	se	trata	
de	um	fundo	documental,	mas	de	uma	coleção.23	Ao	contrário	dos	fundos,	as	coleções	
são	resultado	da	ação	intencional	de	seu	criador.	As	informações	que	trazem	podem	ser	
de	extrema	importância	ao	pesquisador,	no	entanto,	é	preciso	que	esse	tenha	clareza	das	
razões	que	levaram	à	constituição	desse	conjunto	documental	e	da	artificialidade	de	sua	
constituição.	No	exemplo	citado	acima,	não	é	possível	que	o	pesquisador	faça	quaisquer	
análises	quantitativas	a	cerca	das	áreas	mais	demandadas	pelos	 súditos	às	autoridades	
régias,	pois	 a	 representatividade	da	amostra,	ou	 seja,	dos	 requerimentos	da	coleção,	 é	
incerta	em	relação	à	 totalidade	daqueles	que	 teriam	sido	encaminhados	às	autoridades	
régias	no	período.
	 Esse	 caso	 particular	 chama	 a	 atenção	 para	 outra	 questão:	 a	 imprecisão	 da	
terminologia	empregada.	Como	observa	Bosch	(2011,	p.	16):	
...em	se	tratando	defundos, coleções, séries, ou	qualquer	outra	denominação	
que	 tenham	 os	 volumes	 mais	 alentados	 de	 documentos	 escritos,	 torna-se	
imprescindível	 que,	 antes	 de	mais,	 verifiquemos	 a	 pertinência	 e	 a	 correção	
dessas	terminologias,	sob	pena	de	comprometermos	as	inferências	que	delas	
extraímos.		
 
Em	parte,		essas	questão	pode	ser	esclarecidas	a	partir	da	análise	da	história	administrativa	
e	 a	 história	 custodial	 de	 um	 conjunto	 documental,	 as	 quais	 devem	 estar	 a	 disposição	
do	 pesquisador	 nos	 instrumentos	 de	 pesquisa.	 Esses	 instrumentos	 (guias,	 catálogos,	
inventários,	 índices,	 etc.)	 são	 as	 vias	 de	 acesso	 aos	 documentos,	 por	 isso,	 a	 definição	
de	 uma	 política	 de	 descrição	 documental24	 deve	 ser	 balizada	 por	 critérios	 que	 visem	
ao	atendimento	das	demandas	do	público,	considerando	a	disponibilidade	de	recursos,	
as	 prioridades	 de	 conservação	 das	 informações,	 a	 política	 de	 difusão	 do	 acervo	 e	 as	
tendências	historiográficas	(BELLOTTO,	2009).	Mas	nem	sempre	isso	ocorre.	A	política	
de	 descrição,	 ou	 seja,	 as	 definições	 de	 quais	 conjuntos	 documentais	 serão	 descritos	 e	
com	qual	nível	de	profundidade,	pode	envolver	um	“projeto	de	fazer	história”,	influindo	
como	o	passado	deve	ser	investigado	e	quais	fontes	devem	ser	utilizadas	(SALOMONI,	
2011,	p.	45).	Assim,	a	eleição	de	 fundos,	grupos	ou	 séries	documentais25 merecedoras 
de	descrições	detalhadas	pode	implicar	na	monumentalização	de	partes	de	acervos	em	
detrimento	de	outras	(JARDIM,	1995,	p	8).	Deste	modo,	a	utilização	de	fontes	editadas	
ou	daquelas	digitalizadas	e	disponibilizadas	on-line	também	exige	alguns	cuidados	por	
entanto,	os	instrumentos	de	pesquisa	devem	alertar	ao	pesquisador	acerca	da	natureza	e	origem	dos	docu-
mentos	destes	conjuntos	documentais.
23	 Coleção:	“Conjunto	de	documentos	com	características	comuns,	reunidos	intencionalmente”	(AR-
QUIVO	NACIONAL,	2005,	p.	52).
24	 	Descrição:	“Conjunto	de	procedimentos	que	leva	em	conta	os	elementos	formais	e	de	conteúdo	dos	
documentos	para	elaboração	de	instrumentos	de	pesquisa”	(ARQUIVO	NACIONAL,	2005,	p.	67).
25	 Série: “Subdivisão	do	quadro	de	arranjo	que	corresponde	a	uma	seqüência	de	documentos	relativos	a	
uma	mesma	função,	atividade,	tipo	documental	ou	assunto”	(ARQUIVO	NACIONAL,	2005,	p.	153).
906 907
parte	do	historiador. 26 
	 	Ao	 analisar	 os	 Documentos interessantes para História de São Paulo, série 
de	fontes	editadas	e	publicadas	a	partir	de	1894	pela	então	Repartição	de	Estatística	e	
Arquivo	do	Estado	de	São	Paulo,	Mendes	(2010)	observou	que	a	seleção	dos	conjuntos	
documentais	obedeceu	a	critérios	variados,	diversas	temáticas	e	cortes	cronológicos,	no	
entanto,	 esta	 seleção	 envolveu	 “a	 (re)construção	 constante	 de	 representações	 diversas	
sobre	um	determinado	passado”,	reafirmando	a	posição	autônoma	e	pioneira	de	São	Paulo	
(MENDES,	2010,	p.	12).	
	 No	 Rio	 Grande	 do	 Sul,	 a	 eleição	 da	 Coleção	 Varela	 como	 fonte	 documental	
merecedora	 da	 publicação	 da	 transcrição	 de	 todas	 suas	 unidades	 documentais	 parece	
obedecer	a	critérios	similares.	Essa	coleção	de	cerca	de	treze	mil	documentos	tem	sido	
objeto	 prioritário	 da	 política	 de	 publicações	 do	Arquivo	Histórico	 do	 Rio	Grande	 do	
Sul	(AHRS)	através	de	seus	Anais	desde	1978.27	Interessante	observar	que,	em	nenhum	
dos	dezessete	volumes	publicados,	há	informações	sobre	a	organização	desse	conjunto	
documental	ou	sobre	esse	projeto	de	edição.	Com	relação	à	história	custodial,	em	algumas	
das	 apresentações	 dos	 Anais	 reafirma-se	 apenas	 que	 essa	 coleção	 teve	 origem	 nos	
documentos	reunidos	por	Domingos	José	de	Almeida	e	que	fora	acrescida	pela	coleção	de	
Alfredo	Varela,	servindo	de	subsídio	à	elaboração	da	obra	mais	extensa	desse	historiador,	
os	 seis	 volumes	 de	 a	 “História	 da	 grande	 revolução: o	 cyclo	 farroupilha	 no	 Brasil”,	
publicados	em	1933.	Mas,	outras	informações,	tais	como	a	trajetória	dessa	coleção	das	
mãos	de	Domingos	José	de	Almeida,	passando	por	seus	herdeiros	até	chegar	a	Varela,	
assim	como	o	contexto	de	sua	doação	ao	AHRS	em	1936,	seu	arranjo	original	e	atual,	não	
são	disponibilizadas	ao	pesquisador	nos	Anais.28 
	 A	 opção	 de	 dedicar	 uma	 grande	 quantidade	 de	 recursos	 à	 divulgação	 dessa	
coleção	evidencia	a	valorização	desse	conflito	pela	historiografia	e	no	imaginário	gaúcho.	
No	entanto,	a	manutenção	desse	projeto	de	publicação	por	um	período	tão	prolongado	e	
ainda	inconcluso	instiga	alguma	reflexão	sobre	as	diretrizes	seguidas	pela	instituição	na	
definição	das	suas	políticas	de	descrição	e	divulgação	do	acervo.
	 Assim,	 mesmo	 que	 os	 fundos	 documentais	 sejam	 formados	 por	 um	 processo	
“natural”	de	acumulação,	os	arquivos	permanentes	guardam	em	si	uma	multiplicidade	de	
significados,	os	quais	devem	ser	objeto	de	reflexão	e	análise	pelos	profissionais	que	com	
26	 As	fontes	digitalizadas	disponíveis	nos	arquivos	brasileiros	foi	objeto	de	pesquisa	do	Grupo	do	Pro-
grama	de	Educação	Tutorial	(PET)	do	Departamento	de	Historia	da	Universidade	Federal	de	São	Paulo	
(UNIFESP)	e	suas	conclusões	podem	ser	verificadas	no	artigo		“Fontes	on-line	em	arquivos	brasileiros:	
Reflexões	sobre	a	Internet	no	ofício	do	historiador”	(BAUMANN,	et	ali.,	2012).	
27	 	A	Coleção	Varela	é	formada	por	10.884	documentos	manuscritos	e	2.064	exemplares	de	jornais,	dos		A	Coleção	Varela	é	formada	por	10.884	documentos	manuscritos	e	2.064	exemplares	de	jornais,	dos	
quais	a	maior	parte	foi	transferida	para	o	Museu	de	Comunicação	Social	Hipólito	José	da	Costa.	Apenas	
o	primeiro	volume	dos	Anais	do	Arquivo	Histórico	do	Rio	Grande	do	Sul,	publicado	em	1977,	não	traz	as	
transcrições	dos	documentos	da	Coleção	Varela,	trazendo	a	transcrição	do	Livro	de	Registro	do	Comis-
sário	de	Mostras	da	Expedição	de	José	da	Silva	Paes	e	da	Provedoria	da	Fazenda	do	Rio	Grande.	Os	vol-
umes	11	(1995)	e	12	(1998)	trazem,	além	da	Coleção	Varela,	respectivamente	o	Inventário	dos	Registros	
Gerais	da	Fazenda	da	Capitania	e	a	Correspondência	Expedida	pelo	Governador	e	Capitão	General	Paulo	
José	da	Silva	Gama.	Interessante	observar	que,	nos	seus	três	últimos	volumes,	essa	publicação	passou	
a	apresentar	títulos	diferenciados,	seguidos	de	um	mesmo	subtítulo:	“A	Coleção	Varela	–	documentos	
sobre	a	Revolução	Farroupilha	(1835-1845)”.	Esses	volumes,	publicados	todos	em	2009,	apresentam	os	
seguintes	títulos:	“Uma	República	contra	o	Império”	(volume	16),	“Guerra	Civil	no	Brasil	Meridional	
(1835-1845)”	(volume	17)	e	“Os	segredos	do	Jarau”	(volume	18).
28	 	Sobre	a	história	custodial	da	Coleção	Varela,	ver	ARCE	(2011).	Sobre	a	história	custodial	da	Coleção	Varela,	ver	ARCE	(2011).
908
eles	se	relacionam	(KETEELAR,	2001).	Ainda	que	pontuais,	os	exemplos	acima	buscam	
demonstrar	que	conhecimentos	básicos	de	Arquologia	 e	um	diálogo	ampliado	com	os	
profissionais	dessa	área	podem	auxiliar	o	historiador	como	pesquisador	a	compreender	
melhor	os	arquivos	e	seus	acervos.	
para além da sala de pesquisa
	 Mas	 outras	 possibilidades	 de	 trabalho	 para	 o	 historiador	 surgiram	 nas	 últimas	
décadas	do	século	XX,	levando-o	a	outros	espaços	e	rompendo	com	o	confinamento	à	
sala	de	pesquisa	dos	arquivos.	A	renovação	da	historiografia	a	partir	da	década	de	1970	
estimulou	 a	 descoberta	 de	 novos	 documentos,	 novas	 abordagens	 e	 temáticas.	 Essas	
transformações	implicaram	na	valorização	de	conjuntos	documentais	até	então	raramente	
encontrados	 nos	 arquivos	 públicos,	 tais	 como	 os	 arquivos	 escolares,	 de	 associações	
patronais,	sindicatos	de	trabalhadores,	movimentos	sociais,	partidos	políticos,	arquivos	
pessoais	de	escritores,	atores,	militantes	políticos,	etc.	Principalmente	nas	universidades,	
esse	movimento	deu	origem	a	centros	de	documentação	e	memória,	os	quais	assumiram	
uma	 posição	 ativa	 na	 identificação	 e	 aquisição	 desses	 fundos	 e	 coleções	 relacionadosa	 projetos	 de	 pesquisa	 específicos	 e,	 em	 alguns	 casos,	 também	 passaram	 a	 custodiar	
arquivos	produzidos	pelo	poder	público	(SILVA,	1999b).29.	
	 Paralelamente,	 nesses	 anos	 marcados	 pela	 crescente	 valorização	 da	 memória,	
foram	criados	centros	de	memória	vinculados	a	diferentes	esferas	do	poder	público	e	à	
iniciativa	privada.	Enquanto	aqueles	centros	de	memória	ligados	às	universidades	visam	
prioritariamente	o	subsídio	às	atividades	de	ensino,	pesquisa	e	extensão,	aqueles	outros	
atendiam	a	demandas	de	grupos	e	movimentos	sociais	ou	faziam	parte	de	estratégias	de	
empresariais.
	 Assim,	 ainda	 que	 similares	 e	 relacionados	 a	 uma	 proposta	 de	 preservação	 do	
patrimônio	documental,	a	razões	que	motivam	a	criação	desses	centros	são	diversas,	assim	
como	o	papel	que	representam	e,	consequentemente,	a	ligação	que	mantem	com	diversos	
públicos,	fatos	que	influenciam	nos	processos	de	formação,	tratamento	e	divulgação	de	
seus	acervos.	
	 Mas,	independente	das	motivações	para	a	criação	desses	espaços,	estes	buscam	
custodiar	 e/ou	 formar	 coleções	 de	 documentos	 textuais,	 fundos	 de	 arquivos,	 acervos	
museológicos	e	bibliográficos,	fatos	que	impõem	o	desafio	do	trabalho	interdisciplinar	e	
levaram	o	historiador	para	além	da	sala	de	pesquisa.	
	 Assim,	 essas	 instituições	 de	 memória	 se	 colocam	 como	 espaços	 de	 trabalho	
do	 historiador,	 instigando	 questões	 relativas	 à	 coleta,	 à	 classificação,	 à	 descrição	 e	 à	
divulgação	de	 acervos	 documentais	 de	 naturezas	 e	 suportes	 variados	 (SILVA,	1999a).	
Ainda	que	em	diversos	centros,	principalmente	naqueles	vinculados	às	universidades,	haja	
a	preocupação	em	difundir	o	conhecimento	a	cerca	do	tratamento	desses	acervos,	com	
29	 	Esses	são	os	casos	do	Centro	de	Documentação	e	Apoio	à	Pesquisa	da	Universidade	Estadual	Paulista		Esses	são	os	casos	do	Centro	de	Documentação	e	Apoio	à	Pesquisa	da	Universidade	Estadual	Paulista	
“|Julio	de	Mesquita	Filho”	(CEDAP,	UNESP-Assis),	o	qual	custodia	os	fundos	documentais	do	Fórum	
da	Comarca,	da	Câmara	Municipal	e	da	Prefeitura	da	cidade	de	Assis	(http://www.cedap.assis.unesp.br/
menu/acervo.html)	e	do	Centro	de	Memória	da	Universidade	Estadual	de	Campinas	(UNICAMP)	que	
custodia	o	grupo	documental	da	Coletoria	e	Recebedoria	do	município	e	os	fundos	do	Corpo	Municipal	
de	Bombeiros	e	do	Tribunal	de	Justiça	de	Campinas	e	de	Jundiaí	(http://www.centrodememoria.unicamp.
br/arqhist/fundos_colecoes.php#Peo).
908 909
a	realização	de	oficinas,	cursos	e	com	a	criação	de	oportunidades	para	que	graduandos	
em	História	possam,	 através	de	projetos	de	 iniciação	 científica,	 estágios	 e	monitorias,	
vivenciar	o	 trabalho	do	historiador,	os	profissionais	de	História	estão	desbravando	um	
campo	novo,	que	exige	novas	perspectivas	na	sua	formação.	
	 Esses	 espaços	 de	 custódia	 documental	 colocam	 ao	 historiador	 uma	 série	
de	 desafios,	 para	 os	 quais	 é	 preciso	 um	 novo	 currículo.	O	 conhecimento	 a	 cerca	 dos	
princípios	da	Arquivologia	e	da	rotina	dessas	instituições	são	pontos	de	partida	para	que	
historiadores	possam	trabalhar	em	arquivos	e	em	centros	de	documentação	e	memória,	
atuando	em	comissões	de	avaliação,	contribuindo	para	o	arranjo	a	partir	da	análise	da	
história	administrativa	da	instituição	ou	da	biografia	do	titular	de	um	fundo	documental,	
auxiliando	na	produção	de	instrumentos	de	pesquisa	a	partir	da	análise	da	história	custodial	
e	atuando	na	divulgação	desses	acervos	através	da	elaboração	de	programas	de	educação	
para	o	patrimônio	e	para	o	ensino	de	História.	
	 De	certa	forma,	os	desafios	contemporâneos	impostos	pela	Arquivologia	e	pela	
História,	assim	como	as	questões	relacionadas	à	memória,	ao	patrimônio	documental	e	
à	pesquisa	histórica,	colocam	em	destaque	a	necessidade	do	resgate	de	uma	parceria	há	
muito	perdida.	Desde	o	final	do	 século	XIX,	quando	ambas	as	disciplinas	passaram	a	
trilhar	caminhos	separados	e	divergentes,	o	crescente	desconhecimento	entre	a	História	
e	a	Arquivologia	trouxe	grandes	perdas	a	ambas.	Não	se	trata	de	capacitar	o	profissional	
de	História	 a	 exercer	 as	 funções	 de	 um	 arquivista,	mas	 de	 salientar	 a	 importância	 de	
aprofundar	a	formação	dos	historiadores	para	capacitá-los	a	atuar	como	pesquisadores	e	
como	profissionais	nas	instituições	de	custódia	documental	ao	lado	dos	arquivistas.
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