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Dos crimes contra a honra

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Dos Crimes Contra a Honra (Art. 138 a 145)
Consentimento do ofendido: A honra protegida por tal capítulo é um bem disponível, ou seja, os crimes aqui previstos, quando cometidos com consentimento do ofendido gera a atipicidade. Se o consentimento é posterior a prática do crime, ou seja, é demonstrado pela não-propositura da ação penal, que é privada, não gera atipicidade, mas sim, causa extintiva de punibilidade, manifestada pela decadência. 
Calúnia: Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Conceito: Atribuir a alguém, falsamente, fato definido como crime. Atinge a honra objetiva da pessoa, atribuindo-lhe o agente um fato vergonhoso, no caso particular, um fato definido como crime. (Nucci)
Consumação: Ocorre no momento em que a falsa imputação chega a conhecimento de terceiros, independente do resultado naturalístico. 
Para a consumação, deve o agente, ter ciência da falsidade de sua imputação. Haverá erro de tipo se ele crê erroneamente na veracidade da imputação (Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.). Neste caso o fato é atípico ante a ausência de dolo. Importante ressaltar que a simples dúvida quanto a falsidade ou veracidade do fato não afasta a configuração do crime de calúnia, de modo que o crime será com o dolo eventual.
§1º: Incorre na mesma pena quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. A dúvida afasta a configuração do crime em questão, ou seja, não se admite o dolo eventual, pois a lei faz expressa referência a expressão “sabendo falsa”, que se refere ao dolo direto. A consumação desse delito opera-se com a só divulgação da calúnia para uma única pessoa, não sendo necessário que um número indeterminado de indivíduos tenha ciência do fato. A tentativa é inadmissível. 
§2º: Admite-se a calúnia contra os mortos. A iniciativa da ação penal é privada, cabendo neste caso aos parentes da vítima.
§3º: A falsidade da imputação é sempre presumida e a ofensa a honra só deixa de existir se ficar provada a veracidade do crime atribuído ao ofendido. Em função disso, admite, em regra, a lei penal, que o agente prove que a ofensa é verdadeira, afastando, dessa forma, o crime. Não se aplica a exceção da verdade em certos casos, sendo eles: A) não houver condenação por sentença irrecorrível no caso de crimes de ação penal privada. B) se o fato é imputado contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro. C) se o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível, nos crimes de ação penal pública. 
Distinções:
Calúnia e Denunciação Caluniosa: No crime de calúnia temos a imputação falsa da prática de um fato definido como crime, de ação penal privada, sendo um crime contra a honra. Na denunciação caluniosa o agente vai além, não apenas atribuindo a vítima, falsamente, a prática de um delito, como o leva ao conhecimento da autoridade, causando a instauração de um inquérito policial ou de ação penal contra ela. Ainda no caso da denunciação, pode ser atribuído a vítima a prática de crime ou de contravenção, tendo ação penal pública, e sendo um crime contra a administração da justiça.
Calúnia e Difamação: Na calúnia o fato imputado a vítima deve ser de um crime, e falso, enquanto na difamação o fato pode ser qualquer, que seja ofensivo a sua reputação, sendo ou não falso, uma vez que não é elemento do tipo do crime de difamação. 
Calúnia e Injúria: Na calúnia o bem jurídico atingido é a honra objetiva, e se consuma no momento em que terceiros tomam conhecimento da falsa imputação de fato definido como crime, enquanto na injúria o bem jurídico atingido é a honra subjetiva, e tem sua consumação no momento em que o agente passivo toma conhecimento da imputação de qualidade negativa.
Difamação:
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Conceito: Atribuir a alguém fato ofensivo a reputação (opinião de terceiros no tocante a atributos físicos, intelectuais, morais, de outro modo, é o respeito que o indivíduo goza no meio social). Ao contrário da calúnia, não necessita que o fato imputado seja verdadeiro, bastando ser ofensivo a reputação. Por isso, em regra, não se admite exceção da verdade na difamação. Não deve o fato imputado revestir-se de caráter criminoso, sendo assim, caracteriza-se calúnia, mas caso o fato seja definido como contravenção penal, temos o crime em estudo.
Consumação: No instante em que terceiro, que não o ofendido, toma ciência da afirmação que macula a reputação. É prescindível que várias pessoas tomem conhecimento da imputação. 
§ Único: Somente na hipótese em que há imputação de fato ofensivo a honra de funcionário público, relativo ao exercício de suas funções, é que se admite a exceção da verdade, na medida em que há o interesse social em fiscalizar a conduta moral daquele que exerce cargo público. 
Propalação: Não encontramos tal definição expressa, como no crime de calúnia, porém o caso de propalação da difamação deve ser considerado como um novo crime de difamação. 
Distinção: 
	
	Calúnia
	Difamação
	Injúria
	Honra
	Objetiva
	Objetiva
	Subjetiva
	Atribuição
	Fato Criminoso
	Fato Determinado
	Qualidade Negativa
	Consumação
	Conhec. Terceiros
	Conhec. Terceiros
	Conhec. Próprio Ofendido
Injúria:
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Pena - reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
Conceito: Manifestação, por qualquer meio, de um conceito ou pensamento que importe insulto, ofensa ou desprezo contra alguém. Consolida-se na imputação de qualidades negativas ou de defeitos. Consiste ela em uma opinião pessoal do agente sobre o sujeito passivo, desacompanhada de qualquer dado concreto.
Consumação: Quando o sujeito passivo toma ciência da imputação ofensiva, independentemente de o ofendido sentir-se ou não atingido em sua honra subjetiva, sendo suficiente, tão-só, que o ato seja revestido de idoneidade ofensiva. A injúria não precisa ser proferida na presença do ofendido, bastando que chegue a seu conhecimento, por intermédio de terceiro, correspondência, ou qualquer outro meio.
§ 1º: 
Provocação: A provocação deve ser reprovável, ou seja, censurável, injusta. Diante da provocação, é perfeitamente aceitável que o provocado se exalte emocionalmente, e a revide assacando uma injúria contra o provocador. A injúria proferida é consequência direta da ira que se apodera do agende diante da injusta e censurável provocação. Dessa forma, o Direito levaem conta o seu estado psicológico e o isenta de pena. Frise-se que a provocação deve ser direta, ou seja, sem intermediários. 
Retorsão: A retorsão consiste em um revide. Há uma provocação consistente em uma injúria que é retorquida com outra injúria. O revide deve ser imediato, ou seja, sem intervalo de tempo, do contrário a retorsão será excluída. Também deve ser analisada a proporcionalidade, sendo que, se houver abuso, quer dizer que o agente se aproveitou da situação, e isso é incompatível com Direito Penal.
§ 2º: A violência ou as vias de fato devem ser empregadas com o nítido propósito de injuriar, pois, ausente, outro será o delito configurado (lesão corporal, crime de perigo, contravenção de vias de fato).
Vias de fato: Ofensa física que não produz lesão ou incômodo a saúde, nem tão pouco deixa vestígios. Isoladamente, trata-se de contravenção penal, no caso em tela, todavia, as vias de fato são absorvidas pelo delito de injúria.
Violência: É a lesão corporal produzida na vítima com o fim de humilhar, ultrajar a sua honra. Haverá, nessa hipótese, concurso de delitos (injúria qualificada + lesão corporal), com aplicação cumulativa de penas.
§3º: Injúria qualificada por emprego de preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
Disposições Comuns:Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Exclusão do crime
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
Retratação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
Causas Especiais de Aumento de Pena:

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