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Processo e procedimento

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Formação do Processo (arts. 262 a 264)
“Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial.
“Na instalação da relação processual prevalece o princípio do dispositivo. A parte tem o alvitre de postular ou não a tutela jurisdicional, isto é, a propositura da demanda é ato privativo da parte.
	Mas, vencida esta fase inaugural, o processo passa a se desenvolver por impulso oficial do juiz. É que, estabelecida a relação processual, entra em atividade uma função pública – a jurisdição, que faz com que o interesse público na justa composição do litígio e na pacificação social predomine sobre o simples interesse privado da parte.”(Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil Vol. 1)
“Art. 263. Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma vara. A propositura da ação, todavia, só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for validamente citado.”
“a) a propositura da ação vincula autor e juiz à relação processual por meio do exercício do direito de ação.
b) a citação amplia a relação e nela integra o réu, para assegurar-lhe o exercício do direito de defesa; e
c) completa a relação, assegurado ao Estado estará o exercício pleno do poder jurisdicional.”(HTJ – CDPCV1)
“Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei. Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo.”
“da citação decorre, portanto, a estabilização do processo graças a litispendência (art. 219): a lide exposta pelo autor, na inicial, passa a ser objeto do processo; e ocorre fixação tanto de seus elementos objetivos como subjetivos.
Em conseqüência, desde então, não mais se permite:
a modificação do pedido ou da causa de pedir, salvo acordo com o réu;
nem a alteração das partes litigantes , salvo as substituições permitidas por lei;
o juízo, também, não será alterado, pois se vincula pela propositura da ação (art. 87); mas essa vinculação é do órgão (juízo) e não da pessoa física do juiz.” (HTJ – CDPCV1)
Suspensão do Processo (arts. 265 e 266)
“Ocorre a suspensão do processo quando um acontecimento voluntário ou não provoca, temporariamente, a paralisação da marcha dos atos processuais” (HTJ – CDPCV1). Tal paralisação não afeta o vínculo processual.
“Art. 265. Suspende-se o processo:
I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;
II - pela convenção das partes; (máximo 6 meses)
III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz; (O processo é automaticamente suspenso, sendo que: (a) exceção de incompetência: até julgamento pelo 1º grau de jurisdição; e (b) exceção de impedimento e suspeição: até julgamento pelo tribunal.)
IV - quando a sentença de mérito: (máximo de 1 ano)
a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente;
b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo;
c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente;
V - por motivo de força maior; (impedimento de funcionamento do órgão jurisdicional)
VI - nos demais casos, que este Código regula. (ex: embargos do devedor = execução)
§ 1o No caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou de seu representante legal, provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento; caso em que:
a) o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência;
b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do acórdão.
§ 2o No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz marcará, a fim de que a parte constitua novo mandatário, o prazo de 20 (vinte) dias, findo o qual extinguirá o processo sem julgamento do mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou mandará prosseguir no processo, à revelia do réu, tendo falecido o advogado deste.”
Na hipótese do inciso II (II - pela convenção das partes;), a espécie da suspensão é convencional, nas demais hipóteses (I, III, IV, V e VI), a espécie da suspensão é necessária ou legal.
Extinção do Processo (arts. 267 a 269)
“Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
I - quando o juiz indeferir a petição inicial; (quando não atende os requisitos dos arts. 282, 283 § único e 284, ou em caso de inépcia [falta de pedido ou causa de pedir, da narração dos fatos não decorre logicamente uma conclusão , impossibilidade jurídica do pedido ou incompatibilidade de pedidos])
Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;
Vll - pela convenção de arbitragem; 
Vlll - quando o autor desistir da ação;
IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, quanto ao no II, as partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao no III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art. 28).
§ 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.
§ 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.”
Aspectos da resolução sem julgamento de mérito: 
 Sentença: terminativa;
 Recurso: apelação;
 Coisa julgada: formal, ou seja, não impede a propositura de nova ação;
 	
“Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.
Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.”
“Art. 269. Haverá resolução de mérito:
I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; 
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; 
III - quando as partes transigirem; 
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; 
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.”
Aspectos da resolução com julgamento de mérito:
 Sentença: definitiva;
 Recurso: apelação;
 Coisa Julgada: material;
Procedimento
O Procedimentoé a forma de como se movem os atos no processo. Os Procedimentos podem ser comum (ordinário, subsidiário dos demais, ou sumário, em relação ao valor ou a matéria) ou especiais
Procedimento Ordinário:
O procedimento ordinário é composto das seguintes fases: Postulatória, Saneadora, Instrutória ou Probatória e Decisória.
	Fase Postulatória: É formada pela petição inicial e pela resposta do réu, que pode ser: contestação, exceções ou reconvenção.
Requisitos da Petição inicial no procedimento ordinário:
“Art. 282. A petição inicial indicará:
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - o requerimento para a citação do réu.
Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.”
Indeferimento:
“Art. 295. A petição inicial será indeferida: 
I - quando for inepta; (falta de pedido ou causa de pedir, da narração dos fatos não decorre logicamente uma conclusão , impossibilidade jurídica do pedido ou incompatibilidade de pedidos) 
II - quando a parte for manifestamente ilegítima;  
III - quando o autor carecer de interesse processual;
IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o);
V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;  
Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284. 
Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando: 
I - Ihe faltar pedido ou causa de pedir; II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
III - o pedido for juridicamente impossível; 
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.”
Do Pedido: O pedido deve ser certo (expresso) e determinado (limites da pretensão). Será inepta a inicial que tiver pedidos sem relação lógica com os fatos narrados. O pedido (Imediato) só poderá ser genérico nos casos elencados no artigo 286 do CPC ( I) nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados; II) quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito; III) quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.). O pedido pode ser:
- Mediato: Representa o bem jurídico material (bem da vida); Nunca poderá ser genérico;
- Imediato: é o tipo de provimento jurisdicional solicitado; 
OU
- Cominatório: cominação de uma pena cominatório para o caso de eventual descumprimento da determinação judicial. (Art. 287, CPC_
- Alternativo: (art. 288, CPC)
A obrigação a que se sujeitou o réu puder ser cumprida de forma alternativa.
Escolha do cumprimento da obrigação cabe ao devedor – arts. 252 e 256, CC.
- Sucessivos: Cumulação eventual – autor expressa uma seqüência de pedidos, em escala de interesses. (Art. 289, CPC)
- Prestações periódicas: Relações jurídicas de trato sucessivos (aluguel, pensão alimentícia etc.) 
(Art. 290, CPC) – admite pedido implícito.
- Prestação indivisível: Vários credores são titulares, em conjunto, de uma relação jurídica que representa obrigação indivisível. (Art. 291, CPC.)
TAMBÉM
Extra petita: sentença decide pedido diverso daquilo que consta da petição inicial
Ultra petita: sentença aprecia mais do que pedido
Infra petita: sentença não versou sobre a totalidade do pedido
Cumulação de pedidos: Para haver a cumulação de pedidos, devem estar presentes os seguintes requisitos:
Art. 286, §1:
“I - que os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - que seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - que seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.”
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.
“Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal os juros legais”.
Julgamento imediato do pedido na apreciação da petição inicial:
“Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada.
§ 1o Se o autor apelar, é facultado ao juiz decidir, no prazo de 5 (cinco) dias, não manter a sentença e determinar o prosseguimento da ação.
§ 2o Caso seja mantida a sentença, será ordenada a citação do réu para responder ao recurso.”
Quando o juiz já houver julgado uma ação improcedente e houver uma nova petição inicial com a mesma matéria, ele pode sentenciar no mesmo sentido, sem citar o réu, utilizando como precedente a outra anterior. Se o autor discordar ele pode entrar com uma petição, e o juiz tem o prazo de 10 dias para se retratar, acontecendo, o processo correrá normalmente, caso contrário, o processo subirá para o tribunal e lá o réu será citado para apresentar contra-razões do RECURSO. 
Tal dispositivo trata-se de uma forma de aplicação dos princípios da celeridade e economia processual.
“Seja como for, o fato é que a nova figura não infringe nenhum princípio constitucional porque, apesar da supressão de quase todo o procedimento de primeira instancia: A) ao autor é assegurado o contraditório via apelação e ao réu via resposta ao recurso; B) a garantia da ampla defesa também não é violada porque, afinal, só cabe tal julgamento quando a matéria ventilada for “unicamente de direito; C) o princípio do duplo grau de jurisdição permanece identicamente intocado, porquanto duas decisões de mérito via de regra se produzirão no processo. Acerca dos requisitos do ‘julgamento de improcedência initio litis’, o que se pode dizer, em primeiro lugar, é que não basta a existência de uma única causa idêntica já sentenciada; o texto é claro ao exigir ‘outros casos idênticos’, no plural, o que induz a conclusão de que, pelo menos, duas hão de ser as demandas já decididas de modo igual para que possa o juiz aplicar o presente artigo 285-A” (Costa Machado – Código de Processo Civil Interpretado)
Valor da causa:
“Art. 258.  A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediato.
Art. 259.  O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:
 I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação;
I - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;
III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;
IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;
V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato;
VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor;
VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto.”
“Art. 260.  Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas ... O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações.”
Procedimento Sumário:
“Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário: 
I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo; 
II - nas causas, qualquer que seja o valor :
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;
b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; 
d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; 
e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; 
f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; 
g) que versem sobre revogação de doação;  
h) nos demais casos previstos em lei.”
Petição Inicial no procedimento sumário: Observará os requisitos já citados, do artigo 282 + rol de testemunhas + requerimento de perícia + quesitos e indicação de assistente técnico, se for o caso.
Procedimentos: No despacho inicial, haverá o indeferimento, a ordem de emenda ou será designada a audiência de conciliação. A citação deve ser feita com no mínimo 10 dias de antecedência. Na audiência, presentes as partes ou seus prepostos, o juiz proporá conciliação, sendo que, se for obtida, extinguirá o processo com resolução de mérito, não obtida, o réu apresenta defesa e o juiz analisa a matéria. Não sendo o caso de extinção ou julgamento antecipado, o juiz designa audiência de instrução e julgamento para data não excedente de 30 dias 
Aspectos: Não admite reconvenção ou pedido contraposto. Também não admite ação declaratória, nem intervenção de terceiro, salvo assistência, recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro (art. 280)

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