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Caderno de Direito Processual Civil II

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CADERNO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL II - 5º PERÍODO – 2016/1
FACULDADE DE DIREITO MILTON CAMPOS/NOVA LIMA-MG
PEDRO HENRIQUE PORTO MAGALHÃES
PROF. CAETANO LEVI LOPES – BIBLIOGRAFIA HUMBERTO THEODORO JR.
Sumário:
1 – Formação do Processo
	1.1 Conceito
	1.2 Sujeitos da relação jurídico-processual
		1.2.1 Teorias acerca dos sujeitos da relação jurídico-processual
	1.3 Início do Processo
		1.3.1 Formação gradual
	1.4 Estabilização do Processo
	1.5 Alteração do pedido
	1.6 Saneamento
2 – Suspensão do Processo
	2.1 Casos de suspensão
3 – Extinção do Processo
	3.1 Com resolução de mérito
	3.2 Sem resolução de mérito
4 – Petição inicial
	4.1 Requisitos
5 – Pedido
	5.1 Requisitos
	5.2 Espécies
6 – Atos iniciais do juiz/relator
	6.1 Despachos
	6.2 Decisões interlocutórias
	6.3 Sentenças
7 – Distribuição e Registro
	7.1 Distribuição
	7.2 Registro
8 – Improcedência liminar do pedido
9 – Tutela provisória
	9.1 Classificações
	9.2 Espécies
		9.2.1 Tutelas de urgência
		9.2.2 Tutela de evidência
	9.3 Modificação e revogação
	9.4 Estabilização
	9.5 Petição da tutela antecipada
10 – Audiência de Conciliação ou mediação
	10.1 Características
	10.2 Procedimento
11 – Defesas do réu
	11.1 Contestação
		11.1.1 Ônus da defesa específica
		11.1.2 Preliminares na contestação
		11.1.3 Defesa de mérito
	11.2 Reconvenção
		11.2.1 Pressupostos
12 – Revelia
	12.1 Efeitos
13 – Negócio Jurídico processual
	13.1 Classificações
	13.2 Requisitos
	13.3 Forma
14 – Providência preliminares e saneamento
	14.1 Procedimento
	14.2 Saneamento
		14.2.1 Cabimento
		14.2.2 Conteúdo
		14.2.3 Abrangência da decisão interlocutória de saneamento
15 – Julgamento conforme estado do processo
15.1 Extinção do processo
15.2 Julgamento antecipado integral de mérito
15.3 Julgamento antecipado parcial de mérito
16 – Provas 
16.1 Direito fundamental à prova
16.2 Características
16.3 Classificação
16.4 Finalidade e destinatário
16.5 Objeto da prova
16.6 Valoração da prova
16.6.1 Sistema legal
16.7 Ônus da prova
16.7.1 Distribuição
	16.8 Meios de prova
17 – Audiência de Instrução e Julgamento
	17.1 Características
17.2 Procedimento
17.2.1 Atos preparatórios
17.2.2 Ato de tentativa de conciliação
17.2.3 Atos de instrução
17.2.4 Atos de instrução
17.2.5 Atos de julgamento
18 - Sentença
18.1 Classificações
18.2 Estrutura
18.2.1 Relatório
18.2.2 Fundamentação
18.2.3 Dispositivo
18.3 Condições formais
18.4 Vícios
18.5 Duplo grau de Jurisdição
19 – Coisa julgada
19.1 Quanto à extensão
19.2 Formal e material
19.3 Efeitos
19.4 Limites
Formação do Processo:
Como relação jurídica complexa e dinâmica, o processo nasce, se desenvolve e se exaure, normalmente, quando atinge a sua meta, que é a composição do litígio, encontrada na sentença de mérito (nas ações de cognição) ou na satisfação do credor (na execução forçada). Entre o pedido do autor e a prestação jurisdicional do Estado nasce, vive e se extingue o processo, portanto.
A finalidade do processo é a composição do litígio a ser feita mediante definição e aplicação da vontade concreta da lei pelo juiz. Entretanto “até que o juiz possa chegar à sentença final, é preciso percorrer um caminho mais ou menos longo e o processo atravessa as mais diferentes fases de evolução. Através da atividade das partes e do juiz e também por meio de outros acontecimentos, os sujeitos do processo são colocados numa posição da qual lhes resultam direitos e obrigações”.
Conceito:
Relação jurídica é o vínculo estabelecido entre pessoas, provocado por um fato que produz mudança de situação, regido por norma jurídica. 
O processo é uma relação jurídica, pois apresenta tanto o seu elemento material (o vínculo entre as partes e o juiz) como o formal (regulamentação pela norma jurídica), produzindo uma nova situação para os que nele se envolvem.
1.2 Sujeitos da relação jurídica-processual:
Espécies de sujeito: Pessoal natural, pessoal jurídica e entes despersonalizados (a entidade que a lei não especifica expressamente, porem atribui a ela direitos e deveres)
O objeto é sempre a pretenção
Iudicium est actus trium personarum: iudicis, actoris et rei (o processo é atividade de três pessoas: o juiz, o autor e o réu).
As partes têm direito à tutela jurisdicional e o juiz tem o dever de prestá-la, o que leva ao estabelecimento de uma autêntica relação jurídica entre eles, corporificada no processo.
· Teorias acerca dos sujeitos da relação jurídica-processual:
a)Linear, de Köhler:
Teoria do processo contrato
Os direitos e deveres do processo se estabeleceriam entre o autor e réu, isto é, entre os sujeitos da lide, sendo o juiz um estranho a ela. A relação processual seria a mesma relação de direito material tornada litigiosa.
Diante do conceito moderno e publicístico do direito de ação, não mais se pode admitir como correta essa teoria. Contudo, é válida para Estados que adotam o processo como um contrato, aqueles em que o juiz exerce um papel de mediador do processo.
b)Triangular, de Wach:
Define a relação processual como uma relação triangular, contendo direitos e deveres não só entre as partes, mas também entre estas e o juiz.
É uma teoria que está entre a linear e a angular.
c)Angular, de Hellwig:
É certo que o processo vincula três pessoas, então, nada mais correto seria que o órgão jurisdicional se colocasse no plano superior e as partes se submetessem à sua soberania. À autoridade estatal compete exclusivamente a solução final do litígio, sendo as atividades das partes voltadas a estimular o poder de decidir e alcançar a prestação jurisdicional devida pelo Estado.
O vínculo das partes não é estabelecido entre si, mas entre elas e o juiz, e se relaciona com o impulso do processo rumo à composição final do litígio. Os direitos da parte se exercem perante o juiz e não propriamente perante a outra parte.
É a teoria mais aceita pelos modernos processualistas e adotada no Brasil.
Início do Processo:
O processo é dispositivo quando sua sorte é deixada exclusivamente ao arbítrio da parte. É inquisitivo quando o juiz, de ofício, promove a prestação jurisdicional (pode começar por iniciativa do juiz, como por exemplo o art738, herança jacente, ocorre quando há interesse público, nessa cos, o juiz entra como autor do processo). Não há, porém, uma contradição insuperável entre os dois princípios, todo processo é em parte regido pelo princípio dispositivo, e, em parte, pelo inquisitivo.
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. 
Na instalação da relação processual prevalece o princípio dispositivo. A parte tem a faculdade (o direito, e não o dever), de postular ou não a tutela jurisdicional, isto é, a propositura da demanda é ato privativo da parte.
Vencida esta fase inaugural, o processo passa a se desenvolver por impulso oficial do juiz. É que estabelecida a relação processual, entra em atividade uma função pública – a jurisdição, que faz com que o interesse público na justa composição do litígio e na pacificação social predomine sobre o simples interesse privado da parte. Em outras palavras, uma vez proposta a ação, a marcha do processo rumo à sentença não depende de provocação da parte, o próprio juiz impulsiona o processo, com ou sem sua colaboração.
· Formação gradual:
Primeiro vinculo: ao receber a petição do autor, o Estado vincula-se em relação apenas linear, por força do direito de ação. Forma-se um dos lados da relação processual, o lado ativo: a ligação autor-juiz e juiz-autor. No processo online é quando o autor remete a petição inicial e os documentos por via eletrônica, e assim o processo é formado pelo programa.
Segundo vinculo: ocorre com a citação do réu para ser assegurado o direito de defesa a relação processual se completa com o seu lado passivo, com a vinculação réu-juiz e juiz-réu. Aí sim o processo estará perfeito em sua forma angular. Quando o réu não é citado, a relação jurídica é incompleta.
Art. 312.  Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura daação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.
Estabilização do Processo:
Art. 329.  O autor poderá:
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu;
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.
Parágrafo único.  Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva causa de pedir.
Até a citação, a relação processual só existe entre autor e juiz. Todavia, feita a citação e ampliada subjetivamente a relação processual, até o saneamento do processo, o demandante somente poderá realizar tais mudanças com o consentimento do réu.
Da citação, decorre, portanto, a estabilização do processo graças à litispendência: a lide exposta pelo autor, na inicial, passa a ser objeto do processo; e ocorre fixação tanto de seus elementos objetivos quanto subjetivos.957
Em consequência, desde então, não mais se permite:
a) modificar o pedido ou a causa de pedir, salvo acordo com o réu;
b) alterar voluntariamente as partes litigantes, salvo as substituições processuais permitidas por lei;
c) O juízo competente não poderá ser alterado, pois se vincula pelo registro ou distribuição da petição inicial, essa vinculação, contudo, é do juízo (órgão) e não do juiz. Tal fato se denomina como perpetuatio iurisdictionis.
1.5 Alteração do pedido:
Admite o novo Código que, em convenção, as partes possam, de comum acordo, alterar o pedido ou a causa de pedir, mesmo depois da citação.
A vedação às citadas alterações visa, apenas, às medidas de caráter unilateral, isto é, o autor é que, isoladamente, está impedido de alterar o objeto da causa. Mas, se houver acordo do réu, a modificação poderá ser feita. 
1.6 Saneamento:
Há, todavia, um limite temporal definitivo à faculdade de alterar o pedido ou a causa de pedir: é o saneamento do processo. Vencida a fase do saneamento, nem por acordo das partes poderá haver qualquer modificação no pedido.
Podem-se resumir as possibilidades de alteração do pedido da seguinte forma:
a)Antes da citação: por ato unilateral e livro do autor;
b)Depois da citação: somente por acordo de ambas as partes;
c)Depois da fase de saneamento: nenhuma alteração mais será admitida.
2 Suspensão do Processo:
Ocorre a suspensão do processo quando um acontecimento voluntário, ou não, provoca, temporariamente, a paralisação da marcha dos atos processuais. Ao contrário dos fatos extintivos, no caso de simples suspensão, tão logo cesse o efeito do evento extraordinário que a causou, a movimentação do processo se restabelece normalmente. Na verdade, a suspensão inibe o andamento do feito, mas não elimina o vínculo jurídico emanado da relação processual, que, mesmo inerte, continua a subsistir com toda sua eficácia.
Nenhum prejuízo sofrem os atos processuais anteriormente praticados que permanecem íntegros e válidos à espera da superação da crise. Até mesmo os prazos iniciados antes da suspensão não ficam prejudicados na parte já transcorrida. Sua fluência restabelece-se, após cessada a paralisação do feito, apenas pelo restante necessário a completar o lapso legal.
Permite o Código que o juiz da causa excepcionalmente possa, ainda no prazo da suspensão, determinar a realização de atos urgentes, a fim de evitar dano irreparável, a exemplo da antecipação de prova em risco de se perder. Essa permissão, todavia, não se aplica quando a suspensão decorre de arguição de impedimento e suspeição do juiz. Nesse caso, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal do juiz da causa.
2.1 Casos de suspensão:
Prevê o ar. 313 causas de ordem física, lógica e jurídica para a suspensão do processo:
Art. 313.  Suspende-se o processo:
I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;
Com a morte da parte desaparece um dos sujeitos da relação processual, que, como é óbvio, não pode prosseguir enquanto não houver sua substituição pelo respectivo espólio ou sucessores.
Nos casos de direito intransmissíveis, a morte da parte ocasiona não apenas a suspensão, mas a extinção do processo pendente. Isso pode ocorrer, por exemplo, em ações de separação conjugal, alimentos etc.
A capacidade civil de exercício é pressuposto de validade da relação processual, daí a necessidade de suspender o processo quando uma parte se torna interdito, para que o curador se habilite a representa-la nos autos.
A morte do advogado de qualquer das partes também é caso de suspensão, quando o juiz deverá promover a intimação pessoal da parte para constituir novo mandatário.
II - pela convenção das partes;
As partes devem comunicar ao juiz, para que este decrete a suspensão ajustada. Sua decisão é ato vinculado e não discricionário, de sorte que, não é dado ao juiz vetar a suspensão.
Não pode, todavia, a suspensão convencional ultrapassar o prazo de seis meses, porque não convém aos desígnios buscados pela justiça a eternização da relação processual ou a excessiva procrastinação da composição da lide.
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
Arguido o impedimento ou a suspeição do juiz, o principal sujeito da relação processual fica inabilitado a continuar no exercício de sua função jurisdicional no processo. O juiz cuja suspeição ou impedimento foi alegado, não pode, em nenhuma circunstância, praticar qualquer ato, enquanto não solucionado o incidente.
IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;
Os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitam no estado ou na região, identificados como relativos à mesma questão de direito são paralisados até que o tribunal de segundo grau julgue a tese comum, com eficácia para todo o conjunto de demandas iguais. A suspensão determinada pelo relator do incidente será comunicada aos juízes diretores dos fóruns de cada comarca ou seção judiciária, por meio de ofício.
Com efeito, nenhum ato processual pode ser praticado durante a paralisação processual. Entretanto, o Código permite a realização de atos urgentes para evitar dano irreparável.
V - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo;
Determina a suspensão sempre que a sentença de mérito estiver na dependência de solução de uma questão prejudicial que é objeto de outro processo, ou de ato processual a ser praticado fora dos autos, como as diligências deprecadas a juízes de outras comarcas ou seções judiciárias.
A suspensão perdura até que a questão prejudicial ou preliminar seja solucionada. Mas esse prazo não pode ultrapassar um ano, hipótese em que o processo retomará seu curso normal e será julgado independentemente da diligência que provocara sua paralisação.
Quase sempre a prejudicialidade gera conexão de causas em virtude da causa comum ou da identidade de objeto que se apura entre a causa prejudicial e a prejudicada. Em tal situação, e sendo a questão prejudicial da competência do mesmo juiz da causa prejudicada, ainda que figure em outro processo, nenhuma razão lógica ou jurídica existe para aplicar-se o disposto sobre suspensão.
O processo não se suspenderá e, ao contrário, sendo comum nos dois feitos o objeto ou a causa de pedir, a regra a observar será a da reunião dos processos para julgamento comum, numa só sentença, em que a questão prejudicial será, obviamente, apreciada em primeiro lugar.
VI - por motivo de força maior;
O motivo de força maior é uma razão física que torna impossível o funcionamento do órgão jurisdicional e, consequentemente, o andamento do feito, como um incêndio, ou uma guerra, que destruísse o edifício doFórum, ou o tornasse inacessível, ou, ainda, causasse a morte dos agentes do juízo. Força maior é a que não pode resistir à fraqueza humana.
Sendo, como é, uma impossibilidade de ordem física, ou natural, seus efeitos perduram enquanto não desaparece a respectiva causa.
VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo;
Por tribunal marítimo entende-se órgão administrativo que cuida de certos problemas ocorridos durante a navegação. O processo judicial pode referir-se a pretensões apoiadas em fatos que se encontrem sob a averiguação e regulação de órgão dessa natureza. Daí a previsão de que se dará a suspensão do processo judicial quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes da navegação da competência do tribunal marítimo.
VIII - nos demais casos que este Código regula.
Como, por exemplo:
a)da verificação, pelo juiz, de que ocorre incapacidade processual ou irregularidade da representação da parte;
b)dos embargos à execução;
c)da execução frustrada por falta de bens penhoráveis;
d)da execução em que o credor concede prazo ao devedor para cumprir voluntariamente a obrigação;
e)da execução fiscal
f)da ação declaratória de constitucionalidade, que permite ao relator determinar os juízes e tribunais que suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até a solução definitiva pelo STF.
§ 1o Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos termos do art. 689.
§ 2o Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o juiz determinará a suspensão do processo e observará o seguinte:
I - falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a citação do respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses;
II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito.
§ 3o No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido o procurador deste.
§ 4o O prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1 (um) ano nas hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II.
§ 5o O juiz determinará o prosseguimento do processo assim que esgotados os prazos previstos no § 4o.
Art. 314.  Durante a suspensão é vedado praticar qualquer ato processual, podendo o juiz, todavia, determinar a realização de atos urgentes a fim de evitar dano irreparável, salvo no caso de arguição de impedimento e de suspeição.
Art. 315.  Se o conhecimento do mérito depender de verificação da existência de fato delituoso, o juiz pode determinar a suspensão do processo até que se pronuncie a justiça criminal.
§ 1o Se a ação penal não for proposta no prazo de 3 (três) meses, contado da intimação do ato de suspensão, cessará o efeito desse, incumbindo ao juiz cível examinar incidentemente a questão prévia.
§ 2o Proposta a ação penal, o processo ficará suspenso pelo prazo máximo de 1 (um) ano, ao final do qual aplicar-se-á o disposto na parte final do § 1o.
A suspensão sempre depende de uma decisão judicial que a ordene, pois o comando do processo é do juiz. Essa decisão, todavia, é meramente declarativa, de sorte que, para todos os efeitos, considera-se suspenso o processo desde o momento em que ocorreu o fato que a motivou e não apenas a partir de seu reconhecimento nos autos.
3 Extinção do Processo:
O estabelecimento da relação processual se faz com um objetivo, que é a composição ou solução da lide (considerada esta como o conflito de interesses em que uma parte ostenta uma pretensão e a outra lhe opõe resistência). Atingida essa meta, o processo exaure-se naturalmente. Mas certos fatos extraordinários podem impedir o prosseguimento da marcha processual e causar sua interrupção definitiva, provocando a dissolução do processo, sem que a lide tivesse sido solucionada.
O processo sempre se extinguirá por sentença, visto que se trata de uma relação jurídica complexa e dinâmica sob direção do juiz. Só ele admite a formação de tal relação e apenas ele pode pôr-lhe fim. Uma vez que, para encerrar o processo, o juiz tanto pode fazẽ-lo por motivos de defeitos instrumentais como por razões suficientes para decretar a solução definitiva do litígio, as sentenças costumam ser classificadas em terminativas e definitivas. Por meio das primeiras, o processo se encerra sem resolução do mérito. E das segundas, com resolução do mérito.
3.1 Com resolução do mérito:
No primeiro caso diz-se que houve extinção do processo com resolução de mérito:
Art. 487.  Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único.  Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.
3.2 Sem resolução do mérito:
No segundo caso diz-se que houve extinção do processo sem resolução de mérito:
Art. 485.  O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu.
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.
4 Petição inicial:
“Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e formas legais”, dispunha o art. 2º do CPC de 1973. O novo Código não reproduz esse enunciado, mas dispõe que “o processo começa por iniciativa da parte”, cabendo ao juiz a promoção subsequente de seu desenvolvimento com vistas ao provimento jurisdicional que haverá de resolver o conflito deduzidoem juízo.
A função jurisdicional embora seja uma das expressões da soberania do Estado, só é exercida mediante provocação da parte interessada.
A demanda vem a ser, tecnicamente, o ato pelo qual alguém pede ao Estado a prestação jurisdicional, isto é, exerce o direito subjetivo público de ação, causando a instauração da relação jurídico-processual que há de dar solução ao litígio em que a parte se viu envolvida.
O veículo de manifestação formal da demanda é a petição inicial, que revela ao juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional, frente ao réu, que o autor julga necessária para compor o litígio.
4.1 Requisitos:
Art. 319.  A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
Indica-se o órgão judiciário e não o nome da pessoa física do juiz.
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
Os dados relativos à qualificação das partes são necessários para a perfeita individualização dos sujeitos da relação processual e para a prática dos atos de comunicação que a marcha do processo reclama (citações e intimações). O novo Código ampliou os requisitos de identificação e qualificação de ambas as partes, reclamando dados como a referência à união estável, quando existente, ao número de inscrição no CPF ou no CNPJ e ao endereço eletrônico.
O domicílio também abrange o domicílio profissional. Se o réu possuir mais de um domicílio é não só válido como eficaz citar ambos, para que ele não possa alegar preliminar de incompetência de foro.
A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere, for possível a citação do réu. Portanto, mesmo que permaneça incompleta a qualificação do réu, o juiz abster-se-á de indeferir a inicial, sempre que a lacuna não representar embaraço à prática da citação.
Caso não disponha das informações previstas, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
Todo direito subjetivo nasce de um fato, que deve coincidir com aquele que foi previsto, abstratamente, pela lei como o idôneo a gerar a faculdade de que o agente se mostra titular. Daí que, ao postular a prestação jurisdicional, o autor tem de indicar o direito subjetivo que pretende exercitar contra o réu e apontar o fato do qual ele provém. Incumbe-lhe, para tanto, descrever não só o fato material ocorrido como atribuir-lhe um nexo jurídico capaz de justificar o pedido constante da inicial.
Para a teoria da substanciação, adotada por nossa lei processual civil, o exercício do direito de ação deve se fazer à base de uma causa de pedir que compreenda o fato ou o complexo de fatos de que se extraiu a conclusão a que chegou o pedido formulado na petição inicial. A descrição do fato gerador do direito subjetivo passa, então, ao primeiro plano, como requisito que, indispensavelmente, tem de ser identificado desde logo. Não basta, por isso, dizer-se proprietário ou credor, pois será imprescindível descrever todos os fatos de que adveio a propriedade ou o crédito. 
IV - o pedido com as suas especificações;
É a revelação do objeto da ação e do processo. Demonstrado o fato e o fundamento jurídico, conclui o autor pedindo duas medidas ao juiz: 1ª, uma sentença (pedido imediato); e 2ª, uma tutela específica ao seu bem jurídico que considera violado ou ameaçado (pedido mediato, que pode consistir em condenação do réu, declaração ou constituição de estado ou relação jurídica, conforme a sentença pretendida seja condenatória, declaratória ou constitutiva).
Ex.: Numa ação de indenização, o autor alega ato ilícito do réu, afirma sua responsabilidade civil pela reparação do dano e pede que seja proferida uma sentença que dê solução à lide (pedido imediato) e condene o demandado a indenizar o prejuízo sofrido (pedido mediato).
V - o valor da causa;
A toda causa o autor deve atribuir um valor certo.
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
Não basta o autor alegar os fatos que justificam o direito subjetivo a ser tutelado jurisdicionalmente. Incumbe-lhe, sob pena de sucumbência na causa, o ônus da prova de todos os fatos pertinentes à sua pretensão. Daí a necessidade de indicar, na petição inicial, os meios de prova de que se vai servir. Basta-lhe indicar a espécie, como testemunhas, perícia, depoimento pessoal etc. No entanto, os documentos indispensáveis à propositura da ação – como o título de domínio na ação reivindicatória de imóvel – devem ser produzidos, desde logo, com a inicial. 
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
A ausência na audiência implica em multa, se expressamente informar que não a deseja, não será marcada pelo juiz.
Designada audiência é possível ser cancelada, se autor e o réu em petição conjunta a dispensarem.
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
Uma vez que o autor nem sempre terá acesso aos dados completos de qualificação do réu, as lacunas da petição inicial, nessa matéria, não autorizarão o seu indeferimento de imediato. Prevê o Código §§ 1º ao 3º.
Convém lembrar que o próprio Código prevê a citação por edital de réu “incerto ou desconhecido”, o que torna evidente que a lei, em nome da garantia fundamental de acesso à justiça, contemporiza não só com a incompleta identificação do demandado, mas até mesmo com a situação extrema de sua completa não identificação.
Constará, ainda, da petição inicial, sob pena de inépcia, a discriminação das obrigações objeto da controvérsia e quantificação do valor incontroverso do débito, sempre que se trate de ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, financiamento ou alienação de bens. Nesse caso, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.
Segundo o art. 294, parágrafo único, “a tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental”. Assim, o autor ficou autorizado a incluir, na petição inicial, quando necessário e cabível, o pedido de liminar, qualquer que seja a ação ou procedimento.
5 Pedido
O núcleo da petição inicial é o pedido, que exprime aquilo que o autor pretende do Estado frente ao réu. É a revelação da pretensão que o autor espera ver acolhida e que, por isso, é deduzida em juízo. 
Jacy de Assis:
“o pedido é a conclusão da exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos; estes são premissas do silogismo, que tem no pedido a sua conclusão lógica”.
Nele, portanto, se consubstancia a demanda, sem a qual não pode atuar a jurisdição e fora da qual não pode decidir o órgão jurisdicional.
Sua finalidade é dupla: obter a tutela jurisdicional do Estado (uma condenação, uma declaração, etc.) e fazer valer um direito subjetivo frente ao réu. Assim, a manifestação inaugural do autor é chamada de pedido imediato, no que se relaciona à pretensão de uma sentença, a uma execução ou a uma medida cautelar; e pedido mediato é o próprio bem jurídico que o autor procura proteger com a sentença. Destarte, o pedido imediato põe a parte em contato direto com o direito processual, e o mediato, com o direito substancial.
O pedido põe em marcha o processo e, por isso, é o ato mais importante do autor, além disso, delimita o objeto litigioso (a lide) e, consequentemente, fixa os limites do ato judicial mais importante que é a sentença. Por meio do pedido, a parte invoca atutela jurisdicional que deverá ser prestada pela sentença. É a forma, portanto, de exercitar o direito de ação. Ele é dirigido contra o Estado, mas visa atingir o réu em suas últimas consequências.
5.1 Requisitos:
Art. 322.  O pedido deve ser certo.
§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.
§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé.
Art. 324.  O pedido deve ser determinado.
§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
§ 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.
Entende-se por certo o pedido expresso, pois não se admite que possa o pedido do autor ficar apenas implícito, salvo apenas nas exceções definidas pela própria lei. Já a determinação se refere aos limites da pretensão jurisdicional. Somente é determinado o pedido se o autor faz conhecer com segurança, o que pode que seja pronunciado pela sentença.
Deve explicar com clareza qual a espécie da tutela jurisdicional solicitada: se de condenação a uma prestação, se de declaração de existência ou não de relação jurídica, ou se de constituição de nova relação jurídica. A prestação reclamada ou a relação jurídica a declarar ou constituir também devem ser explicitamente definidas e delimitadas. Em conclusão, a certeza e a determinação são requisitos tanto do pedido imediato como do mediato.
5.2 Espécies:
a)Quando o intento seja discutir obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento ou alienação de bens:
Art. 330 § 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
Essa exigência decorre da regra geral que obriga o autor a formular sempre pedido certo e determinado, ainda quando sua pretensão seja genérica. Se o questionamento é parcial, haverá de ser suscitado de maneira a identificar seu alcance, com precisão. Com isso, permitirá que em relação às partes, o contraditório e a defesa do demandado seja objetivamente exercitados sobre questões identificadas de maneira adequada; e, em relação ao juiz, reste bem delimitado o litígio ou objeto religioso, a ser resolvido por meio do provimento com que se realizará a prestação jurisdicional, e que nunca poderá ficar aquém ou além do pedido, nem se situar fora dele.
Há, também, um efeito importante do plano do direito material: sendo bem identificada a obrigação controvertida, a eficácia do restante do contrato não será afetada pela litigiosidade, e, assim, permitirá ao credor exigir o respectivo cumprimento, sem que o devedor lhe oponha a exceção de litispendência.
§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.
A exigência de especificação da obrigação controvertida e da quantificação do valor incontroverso assume o feito de estabelecimento de um pressuposto processual, que, uma vez descumprido, acarretará a inépcia da petição inicial. Entretanto, não será caso de seu imediato indeferimento. Caberá, primeiro, a diligência saneadora, qual seja, a determinação judicial para que a petição inicial seja emendada ou completada no prazo de quinze dias. Se o autor não cumprir a diligência no prazo que lhe foi assinado, aí sim, “o juiz indeferirá a petição inicial”.
b)Concludente:
Além de certo e determinado, o pedido deve ser concludente, deve estar de acordo com o fato e o direito expostos pelo autor, que são a causa de pedir. A estrutura da petição tem de ser lógica e jurídica, de maneira que da motivação há de decorrer necessariamente a conclusão a que chega o pedido. Quando não há conexidade entre a causa petitum e o petitum, a petição inicial torna-se inepta e deve ser liminarmente indeferida.
Art. 330.  A petição inicial será indeferida quando:
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
c)Pedido genérico:
O objeto imediato do pedido nunca pode ser genérico e há sempre de ser determinado (uma condenação, uma constituição, uma declaração, uma execução, uma tutela provisória). Porém, o pedido mediato (a utilidade prática visada pelo autor) pode ser genérico (ou ilíquido), nos seguintes casos:
Art. 324.  O pedido deve ser determinado.
§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu.
A indeterminação, contudo, nunca pode ser total ou absoluta. Na sua generalidade, o pedido há sempre de ser certo e determinado. Não se pode, por exemplo, pedir a condenação a qualquer prestação. O autor terá, assim de pedir a condenação de certas coisas indicadas pelo gênero ou o pagamento de uma indenização de valor ainda não determinado. A indeterminação ficará restrita à quantidade ou qualidade das coisas ou importâncias pleiteadas. Nunca poderá, portanto, haver indeterminação do gênero da prestação pretendida.
Quando o pedido for genérico, e não for possível ao juiz, durante a instrução do processo, obter elementos para proferir uma sentença líquida, o vencedor terá de promover o procedimento de liquidação da sentença, antes da respectiva execução.
d)Cominatório:
Nas obrigações por quantia certa e nas obrigações de dar, a sub-rogação consiste em o Estado agredir o patrimônio do devedor para dele extrair o bem ou valor a que tem direito o credor. Dessa forma, o Estado sub-roga-se na posição do devedor e efetua, em seu lugar, o pagamento ao credor.
Nos casos, porém, em que as prestações decorrem de obrigações de fazer e não fazer, o direito encontra o óbice de não ser possível atuar para coagir fisicamente o devedor a cumprir a prestação a que se obrigou. A coação, portanto, se dá por meio de sanção econômica, consistente em impor multa crescente em função do tempo do retardamento do pagamento da prestação.
A lei abre ao credor a oportunidade de substituir a prestação devida por seu equivalente econômico ou usar a pena pecuniária como meio indireto de pressão ou coação sobre o devedor, para força-lo a abandonar a posição de resistência ao cumprimento da obrigação. Promove-se, assim, a citação executiva convocando-o a realizar a prestação em determinado prazo, sob pena de pagar pena pecuniária, que crescerá na proporção da duração do inadimplemento.
O pedido de condenação sob pena de multa cabe não apenas em relação às obrigações patrimoniais convencionais, mas perante todos os tipos de prestações de fazer e não fazer, inclusive aqueles correspondentes a deveres legais, qualquer que seja sua origem.
e)Alternativo:
O pedido é fixo quando visa a um só resultado imediato e mediato, como a condenação a pagar certa indenização ou restituir determinado bem.
Art. 325.  O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação de mais de um modo.
Parágrafo único.  Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.
Não quer dizer que o autor possa pedir cumulativamente as diversas prestações, mas sim que qualquer uma delas, uma vez realizada pelo réu, satisfaz a obrigação.
Pedido alternativo é, pois, o que reclama prestações disjuntivas: ou uma prestação ou outra. Alternatividade refere-se, assim, ao pedido mediato, ou seja, ao bem jurídico queo autor pretende extrair da prestação jurisdicional.
Se a alternatividade for a benefício do credor, este poderá dispensá-la e pedir a condenação do devedor apenas a uma prestação fixa, escolhida entre as que faculta a lei ou o negócio jurídico. Mas, se a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.
f)Subsidiários:
Art. 326.  É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior, quando não acolher o anterior.
Parágrafo único.  É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles.
Enquanto a alternatividade se refere apenas à prestação que é objeto do pedido mediato, no caso de pedidos subsidiários, a substituição pode também se referir ao pedido imediato, ou seja, à própria tutela jurisdicional. Assim, é lícito ao autor pedir a rescisão do contrato com perdas e danos, ou, se não configurada razão para tanto, a condenação do réu a pagar a prestação vencida.
A cumulação eventual de pedidos subsidiários compreende o intuito do autor e ter o exame da pretensão múltipla realizado segundo a ordem de preferência que na petição inicial se estabeleceu. Desse modo, o juiz só poderá passar para o subsidiário depois de examinado e rejeitado o principal. Se essa ordem for desobedecida e a sentença enfrentar diretamente um ou alguns dos subsidiários, ficará eivada do vício de julgamento citra petita, “porquanto compete ao juiz julgar o pedido como posto pelo autor”.
g)Prestações periódicas:
Há casos em que a obrigação se desdobra em várias prestações periódicas como os aluguéis, juros e outros encargos, que formam o que a doutrina chama de “obrigações de trato sucessivo”.
Quando isso ocorre, mesmo sem menção expressa do autor na petição inicial, o Código considera incluídas no pedido as prestações periódicas de vencimento posterior ao ajuizamento da causa. Trata-se de pedido implícito.
Art. 323.  Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.
Perante essas obrigações de trato sucessivo é, outrossim, possível também a condenação a prestações vincendas, ou seja, prestações que só se vencerão em data posterior à sentença. Com isso, evita-se a repetição inútil de demandas em torno do mesmo negócio jurídico. A execução da sentença, no entanto, ficará subordinada à ultrapassagem do termo, pois, sem o vencimento da prestação, ela não será exigível e não terá ocorrido o inadimplemento, que é pressuposto ou requisito de qualquer execução forçada.
h)Prestação indivisível:
Quando vários credores são titulares, em conjunto, de uma relação jurídica que representa obrigação indivisível, isto é, insuscetível de cumprimento fracionado ou parcial, qualquer deles é parte legítima para pedir a prestação por inteiro. Não há litisconsórcio necessário na hipótese, pois cada um dos credores tem direito próprio a exigir toda prestação, cabendo-lhe acertar posteriormente com os demais credores as partes que lhes tocarem.
Art. 328.  Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não participou do processo receberá sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu crédito.
Por conseguinte, o autor só estará legitimado a levantar, na execução, a parte que lhe couber no crédito indivisível, quando puder, naturalmente, separá-la fisicamente. Quando a indivisibilidade decorrer da natureza da coisa devida, o credor que obtiver sentença favorável poderá levantá-la por inteiro, ficando responsável pela entrega em dinheiro da parte dos demais credores, se não lhes convier manterem-se em condomínio.
i)Cumulados:
Há casos em que a cumulação é plena e simultânea, representando a soma de várias pretensões a serem satisfeitas cumulativamente, num só processo. Na verdade há, em tais casos, cumulação de diversas ações, pois cada pedido distinto representa uma lide a ser composta pelo órgão jurisdicional, ou seja, uma pretensão do autor resistida pelo réu. Não há necessidade de conexão para justificar a cumulação de pedidos na inicial.
Art. 327.  É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1o São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2o Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
§ 3o O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.
Nunca, porém, poderá haver cumulação de processos diferentes, como o de execução e o de conhecimento. Ressalva-se, todavia, a viabilidade de cumulação no processo de conhecimento de pedido principal com pedidos urgentes cautelares ou satisfativos, que reclamam atividade executiva imediata, sem interferir no objeto da ação.
O réu terá de ser único quando entre os pedidos cumulados houver apenas compatibilidade, mas não conexidade, como, por exemplo, acontece com a cobrança numa só causa de diversas faturas oriundas de diferentes vendas mercantis. Nesse caso, só se há de pensar na cumulação porque os diferentes negócios, embora distintos, são todos de responsabilidade do mesmo comprador. Seria inimaginável, contudo, a reunião, numa só ação, de múltiplas faturas sacadas contra diferentes compradores apenas por se encontrar o mesmo credor na posição de autor.
j)Pedidos implícitos:
Em regra, o pedido tem de ser certo e determinado, o que repele a viabilidade de pedido oculto, indeterminando ou implícito. Todavia, por exceção, admite o Código alguns pedidos que dispensam formulação expressa pela parte. Assim, deve ser lembradas as seguintes situações:
Art. 323.  Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.
Art. 82 § 2o A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.
Art. 85.  A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
Art. 322.  O pedido deve ser certo.
§ 1o Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.
O pedido implícito, todavia, compreende apenas os juros legais moratórios e não os convencionais, pois estes dependem sempre de pedido da parte e o juiz não poderá concedê-los ex officio, sob pena de julgamento ultra petita.
6 Atos iniciais do juiz/relator:
Art. 203.  Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
6.1 Despachos:
Art. 203 § 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte.
Chegando a petição às mãos do juiz, caberá a este examinar seus requisitos intrínsecos e extrínsecos antes de despachá-la positiva ou negativamente.
Após o devido exame, proferirá uma decisão que pode assumir quatro naturezas, a saber:
a)Determinação da citação: se a petição estiver em termos, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu para responder. É o chamado despacho positivo. Cumprida a diligência deferida, o réu estará integrado à relação processual, tornando-a completa (trilateral).
b)De saneamento de petição: quando a petição inicial apresentar-secom lacunas, defeitos ou irregularidades, mas esses vícios forem sanáveis, o juiz não a indeferirá de plano. “Determinará que o autor, no prazo de quinze dias, a emende, ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado”. Só se o autor não cumprir a diligência no prazo que lhe foi assinado, é que o juiz, então, indeferirá a inicial.
Entende-se por petição inicial defeituosa e carente de saneamento a que não preenche os requisitos exigidos pelo art. 319, a que não se faz acompanhar dos documentos indispensáveis à propositura da ação, ou a que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito.
6.2 Decisões interlocutórias:
Indeferimento parcial da petição inicial;
Deferimento ou indeferimento de tutela provisória, se requerida;
Deferimento ou indeferimento de gratuidade de justiça.
Art. 203 § 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o.
6.3 Sentenças:
§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.
Indeferimento integral da petição inicial:
Art. 330.  A petição inicial será indeferida quando:
I - for inepta;
II - a parte for manifestamente ilegítima;
III - o autor carecer de interesse processual;
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
§ 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.
Como se vê, os casos de indeferimento são de três espécies:
a)De ordem formal (I e IV)
b)De inadmissibilidade da ação, por faltar-lhe condição necessária ao julgamento de mérito (II e III)
c)Por motivo excepcional de improcedência do próprio pedido (§1º, III)
Improcedência liminar do pedido:
O novo Código autoriza o julgamento imediato de improcedência do pedido, independentemente da citação do réu:
Art. 332.  Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
7 Distribuição e Registro:
A distribuição e a determinação do valor da causa são atos importantes, que podem influir na determinação da competência do juiz e de seus auxiliares, e que, também, apresentam outras consequências processuais, como a abertura da relação jurídico-processual e o estabelecimento da base de cálculo da taxa judiciária e das custas iniciais.
O registro serve apenas para documentar a entrada dos feitos no cartório, como meio de identificação da causa e controle estatístico.
7.1 Distribuição:
Sempre que houver diversos órgãos concorrentes em matérias de competência ou atribuições, ou seja, vários juízes ou cartórios com igual competência, numa mesma comarca, haverá necessidade de distribuir os feitos entre eles na sua entrada em juízo.
Art. 285.  A distribuição, que poderá ser eletrônica, será alternada e aleatória, obedecendo-se rigorosa igualdade.
Parágrafo único.  A lista de distribuição deverá ser publicada no Diário de Justiça.
Nos casos de continência ou conexão de várias causas, a competência para todas elas já está definida pela prevenção do juiz que se tornou competente para o primeiro processo.
Art. 55.  Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.
Art. 56.  Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
Art. 59.  O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.
A distribuição dos feitos subsequentes será feita, por isso, por dependência, os feitos conexos serão atribuídos pelo distribuidor ao mesmo juiz da causa anterior, sem passar por sorteio.
A reconvenção, a intervenção de terceiros ou qualquer outra hipótese de ampliação objetiva do processo, embora não sofram distribuição, pois são apresentadas diretamente ao juiz da causa principal, são, todavia, objeto de anotação no Ofício da distribuição, para efeito de registro e documentação.
Art. 286.  Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza:
I - quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;
II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda;
III - quando houver ajuizamento de ações nos termos do art. 55, § 3o, ao juízo prevento.
Parágrafo único.  Havendo intervenção de terceiro, reconvenção ou outra hipótese de ampliação objetiva do processo, o juiz, de ofício, mandará proceder à respectiva anotação pelo distribuidor.
7.2 Registro:
Faz-se o registro, por meio de lançamento em livro próprio do cartório, dos dados necessários à identificação do feito. A observância de uma sequência numeral para os atos de registro é medida indispensável para a consecução de seu objetivo.
Art. 284.  Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz.
É o registro o primeiro ato que o escrivão pratica logo após a autuação da petição inicial. Também nas secretarias dos Tribunais, quando sobe o processo em grau de recurso, há um novo registro.
Art. 929.  Os autos serão registrados no protocolo do tribunal no dia de sua entrada, cabendo à secretaria ordená-los, com imediata distribuição.
Parágrafo único.  A critério do tribunal, os serviços de protocolo poderão ser descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau.
Por meio do registro, o cartório ou a secretaria estará sempre documentado para certificar a existência ou não de processo sobre determinado litígio.
8 Improcedência liminar do pedido:
O novo Código autoriza o julgamento imediato de improcedência do pedido, independentemente da citação do réu, em duas circunstâncias:
a)Quando o pedido contrariar súmula dos tribunais superiores ou de tribunal de justiça local; acórdão ou entendimento firmado pelos tribunais superiores a respeito de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
Art. 332.  Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado desúmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
As justificativas para essa medida drástica ligam-se ao princípio da econômica processual, bem como a valorização da jurisprudência, principalmente nos casos de demandas ou recursos repetitivos. Prendem-se, também, à repulsa das demandas insustentáveis no plano da evidência, dada a total ilegitimidade da pretensão de direito material veiculada na petição inicial.
Um mesmo tema, sobre uma só questão de direito, repete-se cansativamente, por centenas e até milhares de vezes, o que enseja a análise pelos tribunais superiores por meio de recursos ou demandas repetitivas, podendo, até mesmo, ser objeto de súmula.
Para evitar que os inúmeros processos sobre casos análogos forcem o percurso inútil de todo o iter procedimental, para desaguar, longo tempo mais tarde, num resultado já previsto, com total segurança, pelo juiz da causa, desde a propositura da demanda, o art. 332 muniu o juiz do poder de, antes da citação do réu, proferir a sentença de improcedência prima facie do pedido traduzido na inicial.
Esse julgamento liminar do mérito da causa é medida excepcional e se condiciona a alguns elementos:
1º)Preexistência de enunciado de súmula dos tribunais superiores ou do tribunal de justiça local; acórdão proferido pelo STJ ou pelo STF em julgamento de recursos repetitivos; ou de entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; e
Incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) é repressivo, após várias demandas repetitivas, cria-se um entendimento que será válido para todas outras que versem sobre o mesmo direito controvertido.
Incidente assunção de competência (IAC) é a preventivo. 
“O relator propõe que o recurso seja julgado por outro órgão colegiado, que não aquele que ele compõe. Por exemplo: o relator é da 1ª Turma do STJ. O “normal” é que o REsp seja julgado ou monocraticamente pelo próprio relator, ou pelo “seu” colegiado, a 1ª Turma... Então esse instituto – também chamado de afetação – permite que o relator leve o REsp para a 1ª Seção (formada pela reunião da 1ª com a 2ª Turma, que são de direito público) ou para a Corte Especial. Qual a razão desse “deslocamento da competência”? Prevenir ou compor divergências jurisprudenciais internas. Prevenir antes que surjam as divergências, e compor depois que elas já existem. Assim espera-se que, após o julgamento desse REsp, não tenhamos mais a divergência, ainda que o julgamento não tenha sido tomado por unanimidade.”
Ou seja, vislumbrando que a matéria de que se trata pode ensejar um grande contingente de demandas judiciais, cria-se um prévio entendimento a respeito do tema. Tem o fito de unificar o direito, evitando decisões divergentes.
2º)A matéria controvertida deve prescindir de fase instrutória.
A aplicação do art. 332 só se presta para rejeitar a demanda, nunca para acolhê-la. Se o juiz pudesse também proferir o julgamento prima facie para pronunciar a procedência do pedido, jamais teria condições de considerar a causa como reduzida a uma questão de direito. É que todo direito provém de um fato. Somente depois de ouvido o réu em sua resposta, ou diante de sua revelia, é que se teria condição de concluir pela ausência de controvérsia sobre os fatos em que a pretensão do autor se apoia. Ninguém poderia prever qual a reação do demandado frente à afirmação fática formulada pelo demandante na petição inicial, ainda que a motivação se apresentasse igual à de outras ações anteriormente propostas e julgadas. A redução da causa à questão de direito, portanto, não seria possível se tal pronunciamento fosse de procedência do pedido.
É por isso que o art. 332 somente permite o julgamento liminar de causas repetitivas ou seriadas quando se tratar de improcedência da pretensão. Em tais hipóteses, é perfeitamente possível limitar o julgamento à questão de direito, sem risco algum de prejuízo ao demandado e sem indagar da veracidade ou não dos fatos afirmados pelo autor. Se a questão no plano de direito não lhe favorece, pode a pretensão ser denegada prima facie, sem perigo de prejuízo jurídico algum para o demandado, que ainda não foi citado.
b)Quando se constatar a ocorrência de prescrição ou decadência:
Art. 332 
(...)
§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição.
(...)
O reconhecimento de ofício pelo juiz não está condicionado à natureza dos direitos em litígio ou à capacidade das partes.
O legislador, ao tratar da sentença de mérito, estabeleceu que, no caso de prescrição ou decadência, o juiz, embora possa atuar de ofício, não as reconhecerá “sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se”. Contudo, ressalvou que, no caso da improcedência liminar do pedido, a oitiva das partes não será exigível.
Este reconhecimento ex officio da prescrição por parte do juiz foi criticado pelo professor Caetano Levi Lopes e também pelo doutrinador Humberto Theodoro Jr.. Ressaltou que da dívida prescrita quando paga, não poderá ser exigido reembolso, ou seja, a prescrição deve ser suscitada pela parte por ser esta mesmo capaz de fazer tornar-se irrelevante seus efeitos mediante simples pagamento. Evidencia também a hipótese de uma dívida, mesmo após longo decurso de tempo ter se mantido suspensa evitando que se concretizasse a prescrição, é o exemplo da dívida entre cônjuges celebrada antes do casamento, mesmo após trinta ou quarenta anos de existência do débito, quando ocorre o divórcio a dívida poderá não ter prescrito devido sua suspensão; neste caso, torna-se inviável para o juiz auferir tal fato.
Malgrado o Código dispense a manifestação prévia dos litigantes na hipótese em análise, nenhum juiz tem, na prática, condições de, pela simples leitura da inicial, reconhecer ou rejeitar uma prescrição. Não se trata de uma questão apenas de direito, como é a decadência, que se afere por meio de um simples cálculo do tempo ocorrido após o nascimento do direito potestativo de duração predeterminada. A prescrição não opera ipse iure, envolve necessariamente fatos verificáveis no exterior da relação jurídica, cuja presença ou ausência são decisivas para a configuração da causa extintiva da pretensão do credor insatisfeito. Sem dúvida, as questões de fato e de direito se entrelaçam profundamente, de sorte que o juiz possa, ex officio, levantar e resolver liminarmente, sem o contraditório entre os litigantes. A prescrição envolve, sobretudo, questões de fato, que, por versas sobre eventos não conhecidos do juiz, o inibem de pronunciamentos prematuros e alheios às alegações e conveniências dos titulares dos interesses em confronto.
Intimação da sentença prima facie:
O autor terá de ser intimado do julgamento de rejeição liminar de seu pedido, proferido nos termos do art. 332, já que o pronunciamento judicial que diz respeito a interesse ou direito dele aconteceu de modo contrário à sua pretensão. É dessa intimação que começará a fluir o prazo do recurso cabível.
Não interposta a apelação pelo autor contra decisão de improcedência liminar do pedido, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241. Explica-se essa intimação ao beneficiário da sentença proferida sem sua presença nos autos, não só pelo interesse manifesto quetem sobre a solução do litígio de que é parte, mas principalmente para que possa se prevalecer da exceção de coisa julgada, caso o autor, maliciosamente, venha a propor, outra vez, a causa perante outro juízo.
Recurso contra o julgamento prima facie:
Embora proferido sem a presença do réu no processo, o pronunciamento da improcedência prima facie do pedido configura, sem dúvida, uma sentença, que desafia apelação. Todavia, o recurso foge dos padrões normais dessa modalidade recursal. Com efeito, prevê o § 3º do art. 332 um juízo de retratação, exercitável pelo juiz prolator da sentença no prazo de cinco dias contado da interposição do recurso. Dentro desse interstício, é lícito ao juiz manter ou não a sentença liminar.
Art. 332
(...)
§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
Se ocorrer a revogação, determinar-se-á o prosseguimento do feito, devendo o demandado ser citado para responder à ação. Se o caso for de manutenção da sentença, também haverá citação do réu, mas não para contestar a ação, e, sim, para responder ao recurso, em quinze dias (contrarrazões à apelação).
Em seu julgamento, o tribunal poderá manter a decisão de primeiro grau, negando provimento à apelação. Não será possível, porém, reforma-la, no todo ou em parte, porque não cabe no julgamento prima facie entrar no mérito da causa para acolher o pedido, nem mesmo parcialmente, porque isto quebraria o contraditório em favor do demandado, que ainda não teve oportunidade de produzir sua contestação. Se o tribunal entender que há questões a esclarecer em dilação probatória, terá de anular (ou cassar) a sentença, já que não será o caso de demanda que dispensa a fase instrutória. O processo baixará à origem e prosseguirá segundo o procedimento comum, com observância plena do contraditório e ampla defesa. O prazo de contestação ocorrerá a partir do retorno dos autos ao juízo da causa.
9 Tutela provisória:
“Instituto que visa evitar os riscos de injustiça ou de dano que surgem pela espera, muitas vezes longa, da solução definitiva do conflito de interesses submetidos à tutela jurisdicional.”
No Estado Democrático de Direito, o objetivo da jurisdição não é mais visto como apenas realizar a vontade concreta da lei, mas a de prestar a tutela ao direito material envolvido em crise de efetividade. O que caracteriza a atividade jurisdicional é a tutela ao direito daquele que, no conflito, se acha na situação de vantagem garantida pela ordem jurídica. Tutelar os direitos, portanto, é a função da Justiça, e o processo é o instrumento por meio do qual se alcança a efetividade dessa tutela.
Assim, a tutela principal corresponde ao provimento que compõe o conflito de direito material, de modo exauriente e definitivo. Isto pode acontecer mediante provimento de acertamento ou definição, ou por meio de atividade executiva, que incida sobre o plano fático, para pôr as cosias em estado coincidente com o direito reconhecido à parte cuja situação de vantagem já se encontra juridicamente certificada. Nesse sentido, fala-se em tutela de conhecimento e em tutela de execução.
Mas, há situações concretas em que a duração do processo e a espera da composição do conflito geram prejuízos ou risco de prejuízos para uma das partes, os quais podem assumir proporções sérias, comprometendo a efetividade da tutela a cargo da Justiça. O ônus do tempo, às vezes, recai precisamente sobre aquele que se apresenta, perante o juízo, como quem se acha na condição de vantagem que uma situação injusta, em que a demora do processo reverte-se em vantagem para o litigante que, no enfoque atual, não é merecedor da tutela jurisdicional. Criam-se, então, técnicas de sumarização, para que o custo da duração do processo seja melhor distribuído, e não mais continue a recair sobre quem aparente, no momento, ser o merecedor da tutela da Justiça.
O manejo dessas técnicas redunda nas tradicionais medidas cautelares, que se limitam a conservar bens ou direitos, cuja preservação se torna indispensável à boa e efetiva prestação final, na justa composição do litígio, por isso, se qualificam tais medidas como conservativas. Dessas técnicas também podem surgir provimentos que antecipam provisoriamente resultados materiais do direito disputado em juízo, motivo pelo qual as medidas provisórias que ostentam tal característica se denominam medidas satisfativas. O novo Código sistematizou, ainda, dentro das tutelas sumárias, as que se prestam a proteger provisoriamente situações jurídicas substanciais reveladoras da existência de direitos subjetivos reconhecíveis prima facie, hipótese em que a tutela provisória se denomina tutela da evidência.
As tutelas provisórias têm em comum a meta de combater os riscos de injustiça ou de dano, derivados da espera, sempre longa, pelo desate final do conflito submetido à solução jurisdicional. Representam provimentos imediatos que, de alguma forma, possam obviar ou minimizar os inconvenientes suportados pela parte que se acha numa situação de vantagem aparentemente tutelada pela ordem jurídica material (fumus boni iuris). Sem embargo de dispor de meios de convencimento para evidenciar, de plano, a superioridade de seu posicionamento em torno do objeto litigioso, o demandante, segundo o procedimento comum, teria de se privar de sua usufruição, ou teria de correr o risco de vê-lo perecer, durante o aguardo da finalização do curso normal do processo (periculum in mora).
9.1 Classificações:
Tutela definitiva: Concedida em cognição exauriente e consiste em produzir resultado imutável e pode ser:
a)Tutela definitiva satisfativa: certifica direitos (declaratória, constitutiva e condenatória) ou efetiva direitos (tutela executivo lato sensu). + mandamental
b)Tutela definitiva não satisfativa ou cautelar: tem caráter assecuratório, ou seja, garantir futura satisfação do direito material. (acabou no CPC/15)
Tutela provisória: Concedida para abrandar os efeitos deletérios da demora em se obter a tutela definitiva, sendo, portanto, precária.
9.2 Espécies:
Sob o rótulo de “Tutela Provisória”, o novo CPC reúne três técnicas processuais de tutela provisória, prestáveis eventualmente em complemento e aprimoramento eficacial da tutela principal, a ser alcançada mediante o provimento que, afinal, solucionará definitivamente o litígio configurador do objeto do processo. Nesse aspecto, as ditas “tutelas provisórias” arroladas pela legislação processual civil renovada correspondem, em regra, a incidentes do processo, e não a processos autônomos ou distintos. De tal sorte que a antiga dicotomia do processo em principal (de cognição ou execução) e cautelar, existente no código revogado, não mais subsiste na nova lei, pelo menos como regra geral, restando bastante simplificado o procedimento.
Correspondem esses provimentos extraordinários, em primeiro lugar, às tradicionais medidas (tutelas) de urgência – cautelares (conservativas) e antecipatórias (satisfativas) –, todas voltadas para combater o perigo de dano, que possa advir do tempo necessário para cumprimento de todas as etapas do devido processo legal.
9.2.1 Tutelas de urgência:
Art. 300.  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Finalidade:
a)Medidas para assegurar bens, compreendendo as que visam garantir uma futura execução forçada e as que apenas procuram manter um estado de coisa.
b)Medidas para assegurar pessoas, compreendendo providências relativas à guarda provisória de pessoas e as destinadasa satisfazer suas necessidades urgentes.
c)Medidas para assegurar provas, compreendendo antecipação de coleta de elementos de convicção a serem utilizadas na futura instrução do processo principal.
Momento:
a)Caráter antecedente: São as que precedem o pedido principal. O autor irá indicar, na petição inicial, a lide, seu fundamento e a exposição sumária do direito que se visa assegurar e o perigo na demora da prestação da tutela jurisdicional. Apenas após efetivada a tutela, é que o pedido principal deverá ser formulado, nos mesmo autos em que veiculado o pedido cautelar.
b)Incidental: São as que surgem no curso do processo, como incidentes dele. Podem ser requeridas por simples petição nos autos, a qualquer tempo.
9.2.2 Tutela de evidência:
Art. 311.  A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
A essas tutelas de urgência, agregou-se, mais modernamente, a tutela da evidência, que tem como objetivo não propriamente afastar o risco de um dano econômico ou jurídico, mas, sim, o de combater a injustiça suportada pela parte que, mesmo tendo a evidência de seu direito material, se vê sujeita a privar-se da respectiva usufruição, diante da resistência abusiva do adversário. Se o processo democrático deve ser justo, haverá de contar com remédios adequados a uma gestão mais equitativa dos efeitos da duração da marcha procedimental. É o que se alcança por meio da tutela sumária da evidência: favorece-se a parte que à evidência tem o direito material a favor de sua pretensão, deferindo-lhe tutela satisfativa imediata, e imputando o ônus de aguardar os efeitos definitivos da tutela jurisdicional àquele que se acha em situação incerta quanto à problemática juridicidade da resistência manifestada.
A tutela da evidência não se funda no fato da situação geradora do perigo de dano, mas no fato de a pretensão de tutela imediata se apoiar em comprovação suficiente do direito material da parte. Justifica-se pela possibilidade de aferir a liquidez e certeza do direito material, ainda que sem o caráter de definitividade, já que o debate e a instrução processuais ainda não se completaram. No estágio inicial do processo, porém, já se acham reunidos elementos de convicção suficientes para o juízo de mérito em favor de uma das partes.
Não se há, portanto, de assimilar a tutela da evidência a uma simples modalidade de tutela de urgência. “O objetivo da tutela da evidência está em adequar o processo à maior ou menor evidência da posição jurídica defendida pela parte no processo, tomando a maior ou menor consistência das alegações das partes como elemento para distribuição isonômica do ônus do tempo ao longo do processo”. Prevalece, pois, nesse segmento da tutela provisória, a proteção do direito, como objetivo principal. O que se tem em mira, nessa modalidade de tutela provisória, não é afastar o perigo de dano gerado pela demora do processo, é eliminar, de imediato, a injustiça de manter insatisfeito um direito subjetivo, que, a toda evidência, existe e, assim merece a tutela do Poder Judiciário.
A tutela de evidência não se confunde com um julgamento antecipado da lide. A medida é deferida sumariamente, em alguns casos de maior urgência, até sem audiência da parte contrária, mas não impede o prosseguimento do feito, para completar-se o contraditório e a instrução probatória. A provisoriedade da tutela da evidência é, alias, o traço comum que o novo Código adotou para qualificar as tutelas de urgência e da evidência como espécies do mesmo gênero, ao qual se atribuiu o nomem iuris de tutelas provisórias.
Requerimento:
É sempre incidental por não existir urgência.
Concessão:
a)Liminar: deferimento no início do processo (in limine litis).
b)Na sentença: se os pressupostos somente foram atendidos no momento de ser lavrada a sentença
c)Em grau recursal: se os pressupostos foram atendidos após a sentença.
9.3 Modificação e revogação:
Art. 300 § 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Antes da sentença: por ser precária, a tutela provisória pode ser modificada ou revogada pelo juiz em qualquer momento antes da sentença, se houver pedido da parte interessada e alteração de fato ulterior.
Na sentença:
a)Se rejeitada a pretensão inicial;
b)Se ocorreu modificação posterior do estado de fato ou prova da inexistência dos pressupostos que serviram de base para o deferimento.
9.4 Estabilização:
A nova codificação admite que se estabilize e sobreviva a tutela de urgência satisfativa, postulada em caráter antecedente ao pedido principal, mesmo após a extinção do processo antecedente e sem o sequenciamento para o processo principal ou de cognição plena.
Art. 304.  A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso.
§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.
§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput.
§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2o.
§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.
§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1o.
As partes poderão, no prazo decadencial de dois anos, contado da ciência da decisão que extinguiu o processo, apresentar, se lhes convier, a ação principal para discutir a matéria no mérito.
§ 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo.
Essa decisão antecipatória, todavia, não opera a coisa julgada, ou seja, não se reveste dos efeitos da coisa julgada material, que a tornaria imutável e indiscutível, com força vinculante para todos os juízos. A opção, in casu, pela não ocorrência da coisa julgada é lógica e faz sentido, pois não se poderia conferir a mesma dignidade processual a um provimento baseado em cognição sumária e a um provimento lastreado na cognição plena.
9.5 Petição da tutela antecipada:
Art. 303.  Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.
O autor poderá ingressar em juízo limitando-se ao requerimento da tutela provisória satisfativa e procedendo apenas à indicação do pedido de tutela final, que posteriormente poderá formular por emenda, se for o caso. Da inicial constará, também, a exposição sumária da lide, do direito a que se busca realizar e do periculum in mora. É evidente que, por se tratar de procedimento

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