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Economia Politica AULA 06

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AULA 06
A Doutrina Social da Igreja 
Distributismo/Distributivismo
O pensamento acerca do Distributismo surgiu principalmente partindo da encíclica de 1891 do papa Leão XIII, chamada Rerum Novarum (Das Coisas Novas/ Das Novidades), essa encíclica critica fortemente a falta de princípios éticos e valores morais na sociedade progressivamente laicizada de seu tempo, uma das grandes causas dos problemas sociais. 
O documento papal refere alguns princípios que deveriam ser usados na procura de justiça na vida social, econômica e industrial, como por exemplo a melhor distribuição de riqueza, a intervenção do Estado na economia a favor dos mais pobres e desprotegidos e a caridade do patronato à classe operária. 
Alguns intelectuais da Inglaterra como Gilbert e seu irmão Cecil Chesterton, Arthur Penty, John Ronald Reuel Tolkien [autor da saga Senhor dos Anéis], Clive Staples Lewis [autor da saga Crônicas de Nárnia] e Hilaire Belloc, tiveram contato com o teor da encíclica e se puseram a estudar as soluções para os diferentes problemas sociais e fundam a Liga Distributista, que era formada por católicos e anglicanos dispostos a entender a realidade social e econômica. 
Análise social
O historiador Chesterton e os demais distributistas, rejeitavam tanto o Liberalismo como o Marxismo, por encontrar um erro básico e fundamental que é comum aos dois pensamentos econômicos: o fato que eles são obcecados com a realidade econômica, para essas duas vertentes a questão econômica é tudo. Com os liberais com a questão de ganhar cada vez mais e os marxistas por repartir cada vez mais, onde a Economia é a solução de todos os problemas. [Aula 05]. 
Assim sendo, o que o Distributismo propõe é uma realidade de outra ordem, ou seja, outra qualidade, pois essa proposta é voltada para uma realidade onde a questão econômica não é o fator de integração da sociedade, onde ela se tornaria cada vez mais materialistas. Para provar a veracidade da teoria, os distributistas pegaram como exemplo concreto as antigas Treze Colônias Americanas, então Estados Unidos da América. 
Os distributivistas notaram que na época da fundação dos EUA como nação, não havia Revolução Industrial, ou seja, o início dos EUA é o início sociedade agrária, pré-industrial e que, portanto, não viveu essa realidade econômica que havia na Inglaterra como a revolução do sistema bancário inglês e a obsessão com o dinheiro. Notaram que os EUA não foi fundado ao redor de uma realidade chamada Economia e sim foram fundados ao redor de uma realidade chamada Virtude Cívica, onde o cidadão busca o bem-estar comum. As Virtudes Cívicas, era originada de um livro que moldou os EUA, foi a obra escrita pelo barão de Montesquieu, chamado O Espírito das Leis. 
Através deste ideal, as instituições do sistema americano foram moldadas de uma forma que possibilitava que uma sociedade continuasse promovendo a virtude; os EUA era uma sociedade bastante marcada por uma forte presença de protestantes e em escala menor católica, mais ao sul do país. Os protestantes assim viviam a virtude simplesmente, porém não se preocuparam em como educar a sociedade para a virtude, até porque os cidadãos, de maneira geral não tinham muita clareza do que seria essa virtude. 
Neste paradigma sobre qual seria a base da sociedade, os distributivistas compreenderam que era necessário voltar aos antigos ensinamentos medievais sobre a moral cristã e que a conclusão para essa descoberta brotaria diretamente do Evangelho como luzes, e não como uma receita pronta de como se deva montar um Estado, um Governo ou uma Administração. 
Ao contrário do Islamismo, que é uma religião que tem consigo um sistema político onde se há uma Lei a se aplicar, isso pelo fato de Maomé ser um líder político e militar possuía um governo para implantar. Para os distributistas haveria realidades políticas onde os povos estariam livres para construir uma civilização mais cristã.
Nos esforços para a compreensão, os distributistas retornaram seus estudos a São Thomas de Aquino, em especial na Suma Teológica, onde se indagava se “foi útil que algumas leis tenham sido impostas pelos homens?”, a qual a havia como resposta: “Como fica claro pelo que foi dito, está presente no homem, naturalmente, uma certa aptidão para a virtude”, ou seja, existem dois tipos de indivíduos, o que segue a “aptidão para virtude” e os indivíduos que não a segue, necessitando assim de Leis, uma vez que os homens não são como os animais, o homem possui uma tarefa já os animais dispõem de seus materiais da própria natureza. Desta forma, o homem precisa aprender e transmitir para os seus iguais o conhecimento, formando assim a cultura, que só seria transmitida através da disciplina, ou seja, aprendizado e educação.
A transmissão dessa cultura, ainda na Suma Teológica, diz: “certamente quanto àqueles jovens inclinados aos atos das virtudes em razão de uma boa disposição da natureza, do costume ou, mais ainda, do dom divino, é suficiente a disciplina paterna (educação familiar), que se faz mediante os conselhos... mas, porque se encontram alguns impudentes e inclinados ao vício, os quais não podem ser movidos facilmente com palavras, foi necessário que pela força e pelo medo fossem coibidos do mal, de modo que, ao menos desistindo assim de fazer o mal, aos outros tornassem tranquila a vida...”.
Assim, os distributistas viram que era possível desfazer a fixação econômica da sociedade e construir uma sociedade que através da virtude de seus membros sigam paternos conselhos e na realidade do amor esta sociedade seja criada, os distributistas cunham então a expressão “Civilização do Amor”, não sendo somente a Virtude Cívica, pois as pessoas só seriam virtuosas através da evangelização proporcionadas por instituições, onde quanto mais virtuosas as pessoas melhor a sociedade. O próprio barão de Montesquieu n’O Espírito das Leis afirma “se uma sociedade se determinar pelos fatores econômicos, esta irá se deteriorar em sua própria corrupção”. 
Viram que as Virtudes Cívicas, já eram uma deterioração daquilo que ja havia anteriormente numa sociedade pautada pelos valores cristãos onde a questão da sociedade já não eram só as Virtudes Cívicas como elas eram apresentadas no livro, de uma forma nebulosa, mas como elas tais como foram apresentadas por São Thomas de Aquino, uma vez que essas virtudes já haviam sido estudadas anteriormente por Aristóteles, porém ele não chega a conhecer exatamente o que é são certas virtudes que ele mesmo chamava de Virtudes Heróicas, ou Eudaimonia. Essa dificuldade de compreensão se dava pois necessitava do Cristianismo para que se tivesse um conceito daquilo que são as virtudes infusas (dada por dom divino). 
Concluíram então que a base da sociedade não era a Economia nem a Virtude Cívica ou Heróica, mas era a: Família. De maneira que a sociedade deva ser montada mais ou menos como uma família é montada, a família é a célula básica da sociedade, onde neste contexto surge a expressão Célula-Mater, cunhada pelos distributistas. Assim, quando junta-se essas células o organismo que nasce destas células, seria mais ou menos da mesma natureza da célula base, sendo a família o que realmente agrega a sociedade. A família é a maior arma contra governos totalitários. Governos deste tipo tem como objetivo primário usurpar a tutela dos pais para com seus filhos, para torná-lo submisso apenas ao Estado desde a mais tenra idade.
Análise econômica
O Distributismo basicamente, possui como bases três fundamentos presentes na Doutrina Social da Igreja: propriedade privada, princípio da solidariedade e princípio da subsidiariedade. [2: Usada atualmente no Direito Constitucional, Tributário, Previdenciário, Trabalhista e Humanos.][3: Usada atualmente na maioria dos ramos do Direito.]
Deram pela primeira vez a definição de lucro: “trabalho acumulado” e não “trabalho morto” como dizia os marxistas.
O pensamento distributista consistiu numa crítica ao capitalismo e num proposta, mais conservadora e tradicionalista, de uma alternativaa ele baseada nos princípios que moldaram a Idade Média. O socialismo não era visto pelos distributistas como principal inimigo, uma vez que estes o consideravam como uma consequência do capitalismo e não como uma alternativa a ele. Para o distributismo o capitalismo e socialismo são duas faces da mesma moeda na medida em que ambos são sistemas concentradores de propriedade: o primeiro a concentra nas mãos de alguns poucos indivíduos, o segundo nas do Estado.
A propriedade é, para o distributismo, condição e salvaguarda da liberdade individual. É a propriedade e as associações intermediárias que permitem que o homem não seja tiranizado pelo Estado ou pelos detentores de capital. No distributismo a própria noção de democracia é tida como um contra-senso se não estiver baseada na distribuição da propriedade, pois, de acordo com essa corrente de pensamento, um homem sem posses é um homem destituído de poder e que está permanentemente dependente. A propriedade privada e os meios de produção são um bem a que deve ter acesso senão a totalidade ao menos a maioria dos agentes sociais. 
Foi graças a esse pensamento que se pode idealizar as cooperativas familiares (COAF: Cooperativa de Agricultura Orgânica Familiar, uma das principais fornecedoras da CEAGESP: Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), de produtores rurais (COOPROESTE: Cooperativa dos Produtores do Oeste da Bahia), de finanças (SICREDI: Sistema de Crédito Cooperativo). Foi o mesmo pensamento cooperativista cristão que teve função essencial na criação do Estado de Israel judeu, os chamados kibutz.
O ideal seria conseguir uma economia equilibrada, com agricultores independentes, pequenas empresas em autogestão e uma sociedade descentralizada, com um povo solidário e famílias autosuficientes.
	Atualmente vemos bem viva as manifestações do pensamento distributista, sobretudo na Doutrina Social da Igreja, senão vejamos:
	“A Doutrina Social da Igreja propõe princípios de reflexão, apresenta critérios de juízo e orienta para a ação. Todo sistema segundo o qual as relações sociais seriam inteiramente determinada pelos fatores econômicos é contrario a natureza da pessoa humana e de seus atos”. Catecismo da Igreja Católica/2005, §2423.
Curiosidades 
O distributismo se mostrou um sistema prático, que é validado por vários exemplos de empresas distributistas em funcionamento; em escala pequena, existem milhares de companhias baseadas em casa e de posse dos seus trabalhadores, bancos de micro empréstimos, uniões de crédito, e companhias de seguros; em larga escala, há a Cooperativa de Mondragón na Espanha, uma das mais bem sucedidas cooperativas na Europa, e a economia distributista de Emilia-Romagna (Bologna) na Itália, onde mais de 45% do PIB vem das cooperativas, e que se vangloria de um padrão de vida que é o dobro do restante da Itália e um dos maiores da Europa. As economias distributistas e companhias têm uma vantagem competitiva inerente sobre suas contrapartes capitalistas e socialistas, assim como vantagens sociais e comunitárias que o capitalismo e o socialismo não podem nem começar a atingir.

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