Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Universidade Federal do Amazonas Instituto de Ciências Exatas Departamento de Química Guia de Laboratório Dr. Kelson Mota Teixeira de Oliveira Dr. Leandro Aparecido Pocrifka Dr. Raimundo Ribeiro Passos 3ª Edição Manaus, 2014 2 2 APRESENTAÇÃO Caro aluno, Temos o prazer de apresentar a terceira versão do Guia de Laboratório da disciplina Físico-Química Experimental. Nele você encontrará as informações básicas referentes às práticas que serão desenvolvidas neste semestre, bem como as normas referentes à confecção de relatórios, gráficos e tabelas. Nesta versão novas práticas foram adicionadas, procedimentos atualizados e tabelas de dados adicionadas. O uso e estudo deste Guia são imprescindíveis para a realização dos experimentos, sem o qual as práticas não poderão ser desenvolvidas a contento durante o semestre. É expressamente recomendado que o aluno leia atentamente e esteja ciente das normas e procedimentos que serão adotados e que estão descritos na primeira parte deste guia. Grande parte do sucesso desta disciplina está na atenção dispensada a estas normas. Esperamos que esta segunda versão facilite ainda mais a experiência do aluno com os conceitos da Físico-Química. Estamos abertos a sugestões, críticas e revisões. Toda contribuição é bem-vinda. Boas práticas e um grande semestre a todos! Profs. Kelson, Raimundo e Leandro Outubro/2014 3 3 ÍNDICE Apresentação.............................................................................................................................2 Parte I Identificação, Informações, Normas, Avaliação, Bibliografia e Procedimentos................4 Parte II Modelo de Relatório, Gráficos, Tabelas e Tratamento Estatístico de Erros.........................8 Parte III Roteiro Experimental................................................................................................................21 1. Determinação do equivalente em água de um calorímetro.........................................22 2. Determinação do calor de reação - neutralização........................................................26 3. Determinação do calor de dissolução..............................................................................30 4. Propriedades parciais molares das soluções...................................................................34 5. Cinética química – determinação da ordem de uma reação......................................40 6. Equilíbrio químico em soluções..........................................................................................43 7. Diagrama de solubilidade para um sistema ternário de líquidos..................................47 8. Miscibilidade parcial...........................................................................................................51 9. Adsorção..............................................................................................................................54 10. Efeito da concentração sobre a condutividade............................................................57 11. Coeficiente de partição entre dois líquidos imiscíveis..................................................62 4 4 PARTE I Identificação, Informações, Normas e Procedimentos 5 5 1. IDENTIFICAÇÃO Código/Disciplina: IEQ-363 / Físico-Química Experimental No. de Créditos: 2.0.2. Pré-Requisito: IEQ 311, IEQ 360 Carga Horária 60 h Teórica: 0 h Prática: 60 h Curso(s) para o(s) qual(is) está sendo oferecida: Bacharelado em Química, Licenciatura em Química 2. EMENTA Tratamento de erros, experiências envolvendo soluções, termodinâmica e equilíbrio químico 3. OBJETIVOS 3.1. Geral Proporcionar ao aluno uma visão geral e experimental de alguns conceitos de físico-química, especialmente a medida de calores de reação, pressão de vapor, solubilidade e sistemas em equilíbrio. 3.2. Específicos Ao final do curso o aluno deverá ser capaz de: - Conduzir experimentos que levem a medida de calores de reação, solubilidade, pressão de vapor, constantes de equilíbrio, etc. - Caracterizar experimentalmente sistemas e processos físico-químicos 4. METODOLOGIA E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO - A disciplina será ministrada sob a forma de aulas práticas supervisionadas. Serão realizados experimentos relativos às disciplinas teóricas de físico-química. - A média final (MF) para aprovação será dada pela expressão abaixo, e será aprovado o aluno que tiver MF maior ou igual a cinco: 0,5 3 2 PFMEE MF - A média dos exercícios escolares (MEE) será composta pela média da nota dos experimentos: )( osEXperimentNmédiaMEE - A Nota dos experimentos (NExperimento) será dada por RELPvosExperiment NNN 7,03,0 Onde: NPv é a nota da prova a ser aplicada antes do experimento. NREL é a nota do relatório 6 6 - Antes de cada prática será realizado um prova de 15 minutos, acerca do assunto que será desenvolvido em laboratório. O aluno deverá ter estudado a prática com antecedência e chegar no horário para a ministração da prova. Ao fim de cada prática um relatório deverá ser entregue. - Para conferir notas aos trabalhos em laboratório serão considerados os critérios: o Comparecimento no horário e interesse apresentado pelo aluno. o Eficiência e cuidado no manejo da aparelhagem. o Interpretação correta dos resultados e da apresentação adequada do relatório. o Resposta ao questionário existente na AULA PRÁTICA (quando houver). o O aluno terá quatro horas para executar a aula prática e elaborar o seu relatório. Caso não tenha completado o relatório nesse período, a sua nota será proporcional ao que constar nele. 5. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA 1) Renato N. Rangel - Práticas de Físico-Química, Editora Edgard Blucher, 2006. 2) Bueno e L.Degreve - Manual de Laboratório de Físico-Química, McGraw-Hill do Brasil, 1980. 3) G. W. Castellan - Físico-Química, Ao livro Técnico SA, Rio de Janeiro, 1972, volumes 1 e 2. 4) B. B. Damaskin e O. A. Petri - Fundamentos de la Eletroquímica Teórica, Editorial MIR, Moscou, 1981. 5) Daniels, J. H. Mathews, J. W. Willians, P. Bender, R.A. Albertin - Experimental Physical Chemistry, Mc Graw-Hill, Book Company 6) R. Parsons - Handbook of Electrochemical Constants, Academic Press, London, 1959. 7) ATKINS, P. W. Físico-Química. 8a ed., Oxford, Oxford University Press, 2008. CHAGAS, 8) Aécio P. Termodinâmica Química. Editora da Unicamp, Campinas, 1999. BARROW, G. W. Físico-Química. Reverté, Rio de Janeiro, 1982. 4. CADERNO DE LABORATÓRIO Cada estudante deverá ter um Caderno de Laboratório, no qual anotará os dados, procedimentos e demais informações relevantes à realização de cada experiência. Não se trata de um caderno de relatórios, mas apenas para anotações que serão utilizadas para a confecção do relatório. As anotações devem ser registros do próprio aluno e de preferência durante a realização do experimento, para garantir a objetividade e a fidelidade nos resultados. 6. FORMAÇÃO DE GRUPOS PARA O LABORATÓRIO E CUIDADOS EM GERAL Os trabalhos de laboratório serão realizados por grupos de no máximo 5 (cinco) alunos. A composição inicial de cada grupo será estabelecida livremente, mas não poderá alterar-se durante o período letivo. Nas aulas práticas o grupo é responsável pela manutenção do equipamento e/ou vidraria em uso, zelando por sua integridade. É recomendado ao aluno ler antecipadamente o roteiro da prática antes de iniciar a montagem experimental e a prática em si. 7 7 7. REGRAS GERAIS NAS AULAS DE FÍSICO-QUÍMICA EXPERIMENTAL a) O aluno deverá comparecer no primeiro dia de aula com a APOSTILA DE ROTEIROS DE AULAS PRÁTICAS e o CADERNO DE RELATÓRIO para anotações. Sem a apostila de roteiros de aulas práticas não lhe será permitida a participação no laboratório. b) O aluno deverá comparecer no horário estipulado para o início da aula. Nos primeiros 15 min será realizada uma prova do assunto já previamente estudado. O atraso do aluno acima deste limite acarretará nota zero nesta avaliação e o aluno considerado ausente. c) O laboratório é um local muito vulnerável a acidentes. Por isso, como conduta básica nesse ambiente, é proibida a ingestão de bebidas e alimentos, fumar, maquiar-se, estocar alimentos. O aluno deverá dedicar-se somente às atividades inerentes ao laboratório. c) Por motivo de segurança é obrigatório o uso de avental/jaleco de algodão, calça comprida, sapato fechado e óculos de segurança. Sem estes itens não será permitida a permanência do aluno no laboratório. c) Não deixar sobre a bancada material como cadernos (a não ser o de laboratório), mochilas e outros pertences. Estes devem ser postos nos armários ou embaixo da bancada. d) Caso ocorra quebra de material ou dano a equipamentos durante a realização do experimento, deverá ser comunicado ao professor. O grupo se responsabilizará pela reposição da vidraria quebrada. e) Após o experimento, o material utilizado deve ser escrupulosamente limpo e deixado arrumado sobre a bancada, para ser guardado pelos técnicos. f) Os reagentes e equipamentos devem ser utilizados com cuidado e deixados sobre a bancada para ser guardado pelo técnico após a prática. g) Atenção para a voltagem dos equipamentos, antes de ligá-los à rede, pois no laboratório há tomadas com voltagem 127 V e 220 V. Tenha cuidado com cabos de conexão, pontas de prova, etc., os quais devem ser conservados íntegros. Nunca desfaça ligações puxando pelo fio; puxe sempre pelo conector. Finalmente, não se esquecer de desligar todos os aparelhos conectados à rede, após o término das medidas. h) Tenha muito cuidado no uso das balanças e limpe imediatamente qualquer derramamento de reagentes. j) Estar no horário de início da aula para a realização da prova inicial. Atrasos não serão tolerados. Ao término da aula o relatório deve estar pronto para ser entregue ao professor. Em caso de dúvida sobre algum reagente ou equipamento, consulte antes o professor, o monitor ou o técnico do laboratório. 8 8 PARTE II Modelo de Relatório, Gráfico, Tabelas e Tratamento Estatístico de Erros 9 9 1. O PRÉ-RELATÓRIO O aluno deverá trazer para a prática a ser realizada um pré-relatório já contendo: CAPA: Informações da Instituição e do aluno TÍTULO: Indica a experiência que foi feita e vem normalmente no roteiro de prática. RESUMO: descrição sucinta do experimento, resultados obtidos e conclusões (os resultados resumidos devem ser inseridos no relatório completo. Reservar espaço para tanto no RESUMO). OBJETIVO: definir o objetivo da prática INTRODUÇÃO TEÓRICA: Descrição de toda a teoria necessária ao entendimento da prática e base para a discussão dos resultados. Deve ser uma síntese dos vários livros e artigos consultados. Não deve ser muito longa, a não ser que seja extremamente relevante para o entendimento do trabalho. Seja coerente e não insira nada que não interesse à prática feita. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL: Neste tópico devem constar os materiais (reagentes) e equipamentos utilizados e uma descrição do procedimento experimental realizado ou indicação da fonte no qual está descrito. Nesta descrição devem ser usados verbos no infinitivo ou na terceira pessoa do singular e no passado. 2. O RELATÓRIO COMPLETO No laboratório o aluno deverá completar o pré-relatório com os resultados obtidos no experimento e sua conseqüente discussão, seguido de conclusão, anexando a bibliografia já pesquisada, perfazendo o relatório final que deverá ser entregue ao professor ao fim do experimento. O que deverá ser completado em laboratório constará de: RESULTADOS e DISCUSSÃO: Consiste na apresentação de todos os dados da prática obtidos ou calculados através dela. Devem ser apresentados gráficos, tabelas, figuras, etc., de modo a comunicar da melhor forma os resultados. Os resultados obtidos devem ser discutidos à luz da teoria exposta na introdução e comparados com os dados da literatura, já previamente pesquisados. Sempre que possível deve ser calculado o erro entre estes resultados. Deve ser coerente, convincente e sem rodeios, explicando de forma clara os resultados alcançados ou o porquê de não alcançá-los. CONCLUSÃO: Deve ser uma síntese pessoal do que foi feito, principalmente dos resultados e discussão. Deve conter os resultados mais importantes alcançados. Por isso, deve-se ater somente à prática realizada, e não é, portanto, um resumo da introdução. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Deve conter as fontes pesquisadas e citadas durante o relatório. Diferencie Referências Bibliográficas de Bibliografia. Esta refere-se ao material que foi consultado sem estar completamente referenciado no texto. Aquela vem obrigatoriamente referenciada no texto, que pode ser através de um número ou nome do autor. 10 10 3. NORMAS PARA CONFECÇÃO DE TABELAS E GRÁFICOS 3.1. Tabela o Todas as tabelas devem apresentar uma legenda sucinta, colocada acima das mesmas, conforme exemplo abaixo; o As tabelas preferencialmente não devem ser fechadas nas posições verticais (ver exemplo); o Deve-se indicar as unidades das grandezas envolvidas nos títulos de cada coluna. Exemplo: Tabela 1. Valores de densidades, medidos pelo método picnométrico e de viscosidades, essas em viscosímetro de Ostwald, para misturas etanol–água, a 25oC e pressão atmosférica Fração Molar (Xágua) Densidade/g cm- 3 Viscosidade/ cp-1 0,00 0,7852 (a) 1,10 (a) 0,14 0,8025 1,31(2) 0,20 0,8090 1,38(3) 0,26 0,8198 1,45(2) 0,30 0,8253 1,51(3) 0,36 0,8347 1,61(2) 0,39 0,8407 1,66(3) 1,00 0,9971 (a) 0,89 (a) Legenda: (a) Valores tabelados. 3.2 Gráfico o Os gráficos podem ser abertos (ver Fig. 01) ou fechados (ver Fig. 02); o Devem, sempre, conter títulos. Normalmente colocados na parte inferior da figura (ver Fig. 1). O título deverá indicar as grandezas que estão sendo relacionadas, o método de medida utilizado, o sistema que estava sob estudo e as condições experimentais tais como temperatura, pressão etc. Não constituem título de um gráfico as expressões do tipo: viscosidade versus concentração da água, densidade versus concentração, pressão de vapor versus temperatura, índice de refração x concentração etc.; 0,76 0,78 0,80 0,82 0,84 0,86 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 Fração Molar, Xágua D en si da de , (g cm -3 ) Figura 01. Variação da densidade de mistura etanol-água (picnometria), em função da concentração de água, Xágua, a 25 oC. 11 11 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 Fração Mola, Xágua V is co si da de , /c P Figura 02. Variação da densidade de mistura etanol-água (picnometria), em função da concentração de água, Xágua, a 25 oC. o Os parâmetros representados nas coordenadas devem, obrigatoriamente, conter suas unidades, quando for o caso; o As escalas devem ser escolhidas levando-se em conta: (1) precisão da medida; (2) as dimensões do papel, procurando-se aproveitar a sua maior área possível com informações relevantes e; (3) a facilidade de leitura das mesmas; o Deve-se evitar escalas que necessitem cálculos para se determinar as coordenadas de um ponto. As escalas, sempre que possível, devem ser escolhidas de tal modo, que se determine facilmente um valor de interpolação e/ou extrapolação. Por exemplo, escala do tipo 1 cm a 3 unidades da grandeza medida resultaria em uma dízima periódica quando se desejasse representar algum valor não múltiplo de 3; este tipo de escala não deve ser usado; o Os valores experimentais, representados por pontos, devem ser envolvidos por um círculo ou outra figura geométrica com um diâmetro de circunscrição de aproximadamente 3 a 4 mm para facilitar sua visualização; o É recomendável apresentar resultados experimentais gráficos usando barras de erro para indicação visual do erro. Neste caso, traça-se a barra de erro centrada no ponto (xi, yi) como uma reta paralela ao eixo próprio da grandeza, e de comprimento igual ao dobro do desvio (ver o exemplo, Figura 2); o A grandeza indicada no eixo horizontal, chamada de variável independente, deve ser aquela cujo valor é conhecido. Por exemplo, aquela que teve seus valores escolhidos previamente e determinado pelas condições experimentais estabelecidas para o experimento. A grandeza no eixo vertical, a ordenada. É aquela cujo valor medido decorre da escolha do valor da variável independente; o valor que ela assumirá é inicialmente desconhecido; esta grandeza é chamada de variável dependente. 4. MODELO DE RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA ALUNO: RUTHERFORD ACTÍNIO SCHRÖDINGER DA SILVA DATA: 10 de novembro de 2015 PROFESSOR: MARX PLANCK TÍTULO DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DO CHUMBO SÓLIDO RESUMO A densidade do chumbo sólido foi determinada, na temperatura de 303,15 K, pela razão entre a massa e o volume de corpos de chumbo de tamanhos variados. Obteve-se o valor 11,4(1) g cm-3, a qual apresenta boa concordância com o valor reportado na literatura. INTRODUÇÃO O chumbo é um elemento químico metálico, de número atômico 82, que funde na temperatura de 600,6 K. Seu símbolo químico é Pb. É aplicado em proteção contra radiação ionizante em acumuladores (baterias), soldas, munição e além de outras. (BARBOSA, 1999). Densidade é a razão entre a massa e o volume (vide Equação 1). É uma propriedade física que pode ser utilizada para identificar substâncias. Pelo fato dos sólidos serem bem pouco compressíveis, a den- sidade dos sólidos não varia muito com a temperatura. = m/V (1) O objetivo deste experimento é determinar a densidade do chumbo sólido e compará-lo com o valor de 11,35 g cm-3 apresentado na literatura (KOTZ, 2002). PARTE EXPERIMENTAL Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 13 13 - Materiais e Reagentes – vide o roteiro da aula prática 1, pg. 3. - Procedimento – vide roteiro da aula prática 1, pg. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores das massas dos corpos de chumbo e dos volumes de água deslocados após a imersão de cada corpo estão apresentados na Tabela 1. Assumiu-se que o volume deslocado de água corresponde ao ao volume do corpo imerso. A densidade de cada corpo de chumbo foi calculada, a partir dos valores medidos de massa e de volume, utilizando a Equação 1. Por fim, determinou-se o valor médio da densidade do chumbo e o respectivo desvio-padrão, que mede a precisão do resultado. O valor obtido para a densidade do chumbo é igual a 11,4(1) g cm-3 e apresenta uma boa concordância com o valor da literatura 11,35 g cm-3 (KOTZ, 2002). Tabela 1. Valores das massas dos corpos de chumbo, dos volumes de água deslocados e das densidades Calculadas Corpo de Pb Massa/g Volume/cm3 Densidade/g cm-3 1 57,5 5,0 11,5 2 79,8 7,0 11,4 3 101,7 9,0 11,3 Média 11,4 Desvio-padrão 0,1 Também, foi obtido o valor pelo método do gráfico (Figura 1), onde a inclinação é o valor da densidade de 11,0500 g cm3. Esse valor está abaixo do determinado pela média aritmética. Essa aparente diferença é justificada em função da reta não interceptar o ZERO para a massa (coeficiente linear de 2,316679). Ajustando-se a reta para passar pela origem, o novo valor é de 11,363871 g cm3, Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 14 14 valor agora concordante com o calculado para a média, bem como com o da literatura. CONCLUSÃO A partir de medidas de massa e de volume de corpos de chumbo de tamanhos variados, determinou- se o valor de 11,4(1) g cm-3 para a densidade do chumbo sólido, na temperatura de 303,15 K. Este valor apresenta uma boa concordância com o valor 11,35 g cm-3, reportado na literatura. REFERÊNCIAS BARBOSA, A. L. Dicionário de Química. AB Editora: Goiânia, 1999, p.81. KOTZ, J. C.; TREICHEL, Jr. P. Química e Reações Químicas. 4. ed., v. 1, LTC Editora S.A.: Rio de Janeiro, 2002. QUESTIONÁRIO 1) Quais os erros esperados nessa determinação da densidade do chumbo? Erros instrumentais, imprecisões nas medidas obtidas a partir da balança (precisão 0,1 g) e proveta (1 mL). Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 15 15 4 5 6 7 8 9 10 45 55 65 75 85 95 105 115 M as sa , m /g Volume, V/cm3 Figura 1. Variação da massa (g) de corpos de chumbo, em função do volume de água (cm3) deslocado na proveta, a 25 oC. + 16 16 0 1,6 + m =11,05000 V + 2,31667 r = 0,99995 Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 16 16 5. TRATAMENTO DE ERROS E PRECISÃO DE MEDIDAS Objetivo: aprender a tratar os dados obtidos em medidas experimentais em termos de precisão, erros e algarismo significativos. Introdução Valor mais provável de uma série de medidas Quando se quer determinar o valor de uma grandeza ou variável contínua, x, é feita uma série de N medidas dessa grandeza e obtida uma série de valores de x: x1, x2, x3, ..., xN, a qual chamamos de amostragem. Como determinar o valor que mais provavelmente representa o valor verdadeiro de x uma vez que obtivemos N valores diferentes para a mesma grandeza? Baseando-se em certo número de hipóteses que governam a aleatoriedade dos resultados das medidas é possível mostrar que o valor mais provável dessa série de medidas é a média aritmética das medidas feitas – se todas as medidas têm o mesmo peso –, a qual chama de média amostral: 1 1 N i i x x N (1) Onde x é uma estimativa da média da população da variável x. Geralmente, representada por , que é o verdadeiro valor para uma grandeza. Podemos demonstrar que x tende para quando o número de valores xi medidos tende a infinito. lim N x (2) Variância de uma medida Tendo sido determinado o valor mais provável para a grandeza em estudo, é interessante conhecer como os valores individuais da medida x estão distribuídos ou dispersos ao redor da média. Um índice de dispersão conhecido é a variância amostral 2 xS , definida como: 2 22 2 1 1 i i i x x x N x x S N N N (3) A variância da amostra, 2 xS , se relaciona com a variância da população, 2 , através da expressão: 2 2lim x x N S (4) Desvio Padrão Amostral e Desvio Padrão da Média Uma vez que 2 xS tem como unidades o quadrado das unidades da grandeza medida, geralmente usamos como índice de precisão do método de medida, o “desvio padrão amostral”, definido como a raiz quadrada da variância: Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 17 17 2 x xS S (5) Na realidade xS representa o grau de reprodutibilidade das medidas do método ou aparelho utilizado, por exemplo, sua precisão. Uma vez que adotamos x para representar o valor mais provável de , é importante saber qual a precisão ou erro de x. Podemos mostrar que o valor que melhor representa o “erro da média amostral” em uma amostra de N observações é o “desvio padrão da média amostral”, cujo valor é dado por: x x S S N (6) Dessa forma é comum representarmos o resultado do experimento através da notação: ( )xx S unidades da grandeza medida. Estimativas do desvio padrão quando o número de observações é muito pequeno Frequentemente uma medida experimental é feita pelo menos duas vezes. Nesse caso, o desvio padrão não pode ser determinado conforme descrito anteriormente. Uma alternativa comumente utilizada é de se estimar o desvio padrão como sendo metade da menor divisão da escala do aparelho de medida. Por exemplo, para uma proveta graduada de 2 em 2 mL, assumiríamos um erro com precisão de 1 mL. Assim, um volume de 10 mL medido nesta proveta seria convenientemente anotado como: (10 1) mL. Eventualmente, quando a medida envolve a observação visual de marcas de escala muito próximas entre si é mais prudente estimar a precisão, como sendo igual à menor divisão da escala. Algarismos significativos e propagação de erros Toda medida experimental tem uma precisão determinada que depende do aparelho e das condições de medida. Por exemplo, se medirmos o comprimento de uma mesa com uma trena graduada em centímetro e de acordo com o item anterior, teríamos uma precisão aproximada de 0,5 cm, ou seja, registraremos com certeza o algarismo das unidades de centímetros, enquanto o algarismo de décimos de centímetros será um algarismo duvidoso (ambos são algarismos significativos). Se o valor encontrado foi de 50 cm, o comprimento da mesa será expresso como: (50,0 0,5) cm, e o resultado têm três algarismos significativos (o número total dos algarismos lidos com certeza mais um algarismo duvidoso). Se o valor encontrado estivesse entre 50 e 51 cm, ele poderia ser expresso, dependendo da posição da leitura, como por exemplo, (50,4 0,5) cm. Você não poderia anotar, neste último caso, um valor de 50,37 cm, pois você estaria anotando dois algarismos duvidosos: 3 e 7. O resultado anotado de uma medida ou de uma série de cálculos só pode conter um algarismo duvidoso. Frequentemente, ao se realizar uma série de cálculos a partir de dados experimentais, surge à dúvida: com quantos algarismos significativos deve ser expresso o resultado final dos cálculos? Uma resposta simplificada pode ser dada para o caso das quatro operações aritméticas básicas: Somas e subtrações: o resultado deverá ser arredondado de modo a ter no máximo o número de casa decimal da parcela de menor número de algarismos significativos, por exemplo: Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 18 18 Multiplicações e divisões: este caso é mais complicado, uma forma simples é realizar normalmente a operação com os algarismos de cada dado experimental e atribuir ao resultado o dado que apresenta menor número significativo, por exemplo: A resposta para a questão acima válida para toda e qualquer situação é a seguinte: seja uma grandeza V em função de outras grandezas, x, y, z, ... cujos erros conhecidos ou estimados são: xS , yS , zS , ..., então VS é dado pela expressão de propagação de erros, a saber: 22 2 2 2 2 ...V x y z x x z zy y V V V S S S S x y z (7) e V é aproximadamente: , , ,...V f x y z . Regressão linear Frequentemente duas variáveis x e y ou funções destas variáveis parecem guardar uma relação de linearidade entre si: y ax b (8) Nestes casos, o estudante pode ficar na dúvida para saber qual a melhor reta a ser traçada. Graficamente, a melhor reta que passa por um conjunto de pontos experimentais (xi, yi) é obtida minimizando-se a soma dos quadrados dos desvios dos valores de y, em relação à reta calculada e ajustada. Os desvios de , i expy em relação à reta de regressão calculada i, calc iy = ax + b são determinados como: , , , i i calc i exp i i expd y y ax b y (9) A condição de mínimo que deve ser satisfeita e enunciada acima é: 1,555 1,2 2610 1355 16160 1,6 1,355 1,2 100,12 102,675 102,7 1,355 1,203 100 102,558 103 1,355 1,20 1, 200 1,129 1,13 01550 1200 03500 2400 1,1000 Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 19 19 2 2 2 , , , 1 1 1 N N N i i calc i exp i i exp i i i d y y ax b y (10) A qual é observada quando: 2 1 0 N i i i ax b y a (11) 2 1 0 N i i i ax b y b (12) Os valores mais prováveis de “a” e “b” obtidos dessas condições são: 1 1 1 N N N i i i i i i i N x y x y a (13) 2 1 1 1 1 1 1 N N N N N N i i i i i i i i i i i i i y a x x y x y x b N (14) onde 22 1 1 N N i i i i N x x . Podemos demonstrar a partir da equação de propagação de erros, que os erros associados aos parâmetros “a” e “b” são respectivamente: 2 2 y a NS S (16) 2 2 y b i S S x (17) A variância associada à variável y, Sy, pode ser calculada considerando a relação linear entre y e x verdadeira e supondo que os erros na experiência são exclusivamente aqueles associados à determinação experimental de y. O resultado encontrado é: 2 2 2 2 21 2 2 2 2 y i i i i i i S y Nb a x ab x N b y a x y (18) Um algoritmo prático para determinar a melhor reta que passa por um conjunto de pontos experimentais é construir uma tabela conforme abaixo (Tabela 2) e, em seguida determinar os valores de a, b, Sa, Sb e Sy. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 20 20 Tabela 2. Dados experimentais e cálculos necessários para o ajuste de uma reta a uma série de pontos (xi, yi) pelo método dos mínimos quadrados i ix iy 2 ix 2 iy i ix y 1 1x 1y 2 1x 2 1y 1 1x y 2 2x 2y 2 2x 2 2y 2 2x y N Nx Ny 2 Nx 2 Ny N Nx y Soma ix iy 2 ix 2 iy i ix y Para saber se a hipótese de linearidade é aceitável utilizamos o coeficiente de correlação linear, r, cujo valor varia de -1 a +1, quando for igual a ZERO não há correlação linear entre “x” e “y”, e 1 quando a correlação é completa, sendo o sinal de “r” o mesmo de “a”. Calculamos r pela expressão: 1 222 i i i i i i N x y x y r N y y (19) Deve-se ter uma cautela no uso de r para indicar o grau de correlação entre duas variáveis, pois um mesmo valor de r próximo de 1 pode significar uma boa correlação linear ou não dependendo do número de pontos experimentais, N. Exercícios de Fixação Em uma experiência de refratometria (tipo Abbe) foram obtidos os seguintes valores de refratividade molar, RM/(cm3 mol-1), a 25 OC, para uma série homóloga de álcoois: 1-butanol (M = 74,12 g mol-1): 22,06; 22,02; 22,04; 22,31; 22,97; 22,01; 22,04; 22,01; 22,07; 22,06; 22,07; 22,05 cm3 mol-1. 1-propanol (M = 60,09 g mol-1): 17,45; 17,41; 17,45; 17,43; 17,39; 17,38; 17,44; 17,45; 17,43; 17,45; 17,44; 17,45 cm3 mol-1. Etanol (M = 46,07 g mol-1): 12,90; 12,89; 12,98; 12,94; 12,92; 12,93; 12,95; 12,92; 12,90; 12,92; 12,88; 12,90 cm3 mol-1. Metanol (M = 32,04 g mol-1): 8,22; 8,19; 8,17; 8,18; 8,20; 8,23; 8,22; 8,18; 8,28; 8,23; 8,16; 8,28 cm3 mol-1. 1. Coloque adequadamente os valores de RM em uma tabela. 2. Determine o valor mais provável de RM para cada álcool. 3. Determine o desvio padrão da amostral, em cada caso. 4. Faça o gráfico de RM em função da massa molar (M) dos álcoois. 5. Escreva a equação que descreve RM = f(M) da série homóloga de alcoóis. 6. Calcule o valor de r, correlação da reta, e trace a reta que representa a RM = f(M). Qual seria o efeito sobre o desvio padrão, se somente a metade das experiências tivessem sido realizadas? Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 21 21 PARTE III ROTEIRO EXPERIMENTAL Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 22 22 1. DETERMINAÇÃO DO EQUIVALENTE EM ÁGUA DE UM CALORÍMETRO 1.1 Objetivo Verificar a reprodutibilidade e os erros experimentais na determinação do equivalente em água de um calorímetro 1.2. Introdução É comum o uso de calorímetros na medida dos calores de uma determinada reação a partir da variação da temperatura observada. Contudo, em muitos casos é difícil determinar diretamente a T com precisão, pois o próprio calorímetro absorve parte do calor da reação, resultando em uma T menor. É necessário, portanto, saber primeiramente quanto do calor de uma reação é absorvido pelo próprio calorímetro, antes de proceder ao cálculo do calor de uma determinada reação. Uma das maneiras de se obter a capacidade calorífica de um calorímetro é proceder à medida da variação de temperatura de uma massa conhecida de água pura aquecida adicionada a outra massa conhecida de água em temperatura mais baixa. Como o calor específico da água é conhecido, uma determinada quantidade de água em certa temperatura deverá liberar um valor conhecido de calor. Se medirmos a variação de temperatura de uma massa de água em um calorímetro poderemos calcular o quanto de calor foi absorvido em valores equivalentes de água. Entretanto, uma única medida do equivalente em água do calorímetro está sujeita a erros de medida das variações de temperatura, sendo necessária uma série de medidas de forma a se estimar o valor médio da capacidade calorífirica e a margem de erro. Para tanto, será necessário acompanhar a variação da temperatura com o tempo, através de leituras periódicas da mesma. Deste modo, é obtida uma série de dados com os quais pode ser construído um gráfico como o da Figura 1. T T/0C t/s Figura 1 - Variação da temperatura em função do tempo. A partir da Figura 1 pode ser obtido graficamente o valor correto para T. No caso desta experiência como as temperaturas rapidamente ficam constantes em Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 23 23 função do tempo, os valores de T podem ser obtidos facilmente através dos valores estacionários das temperaturas da água fria, água morna e equilíbrio. 1.3. Material e Reagentes Para o Técnico: Kits: Montar 4 kits (um por grupo) Calorímetro composto por frasco de Dewar, termômetro e agitador. Provetas de 100 e 250 mL 1.4. Procedimento Experimental (a) Determinação do equivalente em água do calorímetro: Colocar no calorímetro 50 mL de água destilada na temperatura ambiente. Agitar moderadamente e iniciar rapidamente o registro da temperatura do sistema a cada 20 segundos até que a mesma se mantenha constante (10 minutos). Preencher os dados na tabela em anexo. Com uma proveta previamente aquecida tomar uma amostra de 50 mL de água destilada aquecida e de temperatura rigorosamente conhecida, cerca de 10 0C acima da temperatura ambiente. Esta amostra de água morna deve ser em seguida rapidamente adicionada à água do calorímetro. Agitar a mistura e anotar a temperatura a cada 10 segundos, até que a mesma permaneça constante; repetir o procedimento mais duas vezes. Preencher os dados na tabela em anexo. (b) Avaliação do erro (variação do volume) Repetir o procedimento (a) variando a quantidade de água destilada: 100 mL de água destilada na temperatura ambiente e 100 mL de água destilada aquecida; (c) Avaliação do erro (variação da temperatura) Repetir novamente os procedimentos (a) e (b), colocando água destilada aquecida com cerca de 20 0C acima da temperatura ambiente, com as seguintes quantidades de água: 50 mL de água destilada na temperatura ambiente e 50 mL de água destilada aquecida; 100 mL de água destilada na temperatura ambiente e 100 mL de água destilada aquecida; IMPORTANTE: Antes de cada experimento encher o calorímetro com água na temperatura ambiente e esperar até que a temperatura fique constante. 1.5. Cálculos Cálculo do Equivalente em água (C) do calorímetro O calor cedido pela água morna deve ser igual ao calor recebido pela água fria e pelo calorímetro. Para uma mistura, pode-se aplicar a seguinte equação: Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 24 24 m c T C m c H O q H O q H O f H O 2 2 2 2 . . . . T T f f (1) onde mH2O se refere as massas de água quente (q) e fria (f), CH2O é o calor específico da água na temperatura adequada, W é o equivalente em água do calorímetro, Tqe Tfsão as variações de temperatura da água quente e fria (em módulo), respectivamente. Gráfico T vs. T Preencher os dados na tabelo em anexo e com os valores plotar um gráfico da temperatura versus o tempo e encontrar o valor de T. 1.6. Para a discussão dos resultados Calcular o equivalente em água (W) do calorímetro para as diversas experiências. Calcular o valor médio do W e o desvio padrão Comparar os resultados obtidos nas diversas experiências e explicar as razões das eventuais diferenças. Qual seria o valor de W mais adequado? Qual o significado físico do equivalente em água, na determinação da entalpia de neutralização? Analisar os resultados em função dos erros envolvidos. Identificá-los e discutir o que poderia ser feito para corrigi-los. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 25 25 Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 26 26 2. DETERMINAÇÃO DO CALOR DE REAÇÃO - NEUTRALIZAÇÃO 2.1 Objetivo Determinar o calor de neutralização de ácidos fortes e fracos 2.2. Introdução Todos os processos químicos e físicos não envolvem somente transformações materiais (reações químicas) ou mudanças de estado físico, mas também são acompanhados por variações energéticas. Um dos objetivos da calorimetria é justamente medir as variações energéticas que acompanham os processos químicos e físicos. Um caso especial muito importante é o estudo das variações energéticas que acompanham os processos que ocorrem à pressão constante, como no caso de reações químicas realizadas em recipientes abertos. Neste caso a equação para a primeira lei da termodinâmica fica sendo: VpUHQp (1) onde H pode ser avaliado através de experimentos calorimétricos. A medida direta dos calores envolvidos nas reações químicas é um campo da calorimetria que tem recebido pouca atenção. A principal razão é que muitas reações ocorrem sob condições que estão fora do alcance das medidas calorimétricas diretas. Por exemplo, é impossível fazer uma medida calorimétrica de uma reação muito lenta, ou de uma reação cujo processo são complicados por reações paralelas. Contudo, há diversos tipos de reações que são susceptíveis de observação calorimétrica direta, por exemplo, as reações de neutralização e as muitas reações iônicas de precipitação. Calor de Neutralização e precipitação As soluções diluídas de ácidos ou de bases fortes podem ser consideradas completamente dissociadas em seus íons. Adicionalmente, o sal formado a partir de um ácido forte e uma base forte também estará completamente dissociado em solução diluída. Assim, o calor liberado na neutralização de ácidos fortes (HX) por bases fortes (MOH), quando suficientemente diluídos, corresponde ao calor de formação da água líquida a partir dos íons hidrogênio e hidroxila. A equação completa é dada por: XMOHOHMXH 2 (2) podendo ser reduzida a: OHOHH 2 (3) À medida que os reagentes são diluídos, o calor de neutralização se aproxima de um valor limite igual a -13,4 Kcal/mol. Neste caso, o calor liberado é independente da natureza do ânion do ácido e do cátion da base. Isto não será verdadeiro se o ácido ou a base não estiverem completamente ionizados, Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 27 27 porque o calor de neutralização irá diferir do valor teórico dado acima devido a quantidade de calor necessária para completar a ionização. O ácido acético está parcialmente ionizado em solução e a sua neutralização pelo hidróxido de sódio pode ser expressa como: OHCOOCHOHCOOHCH 233 (4) ou, considerando o processo em duas etapas: OHOHH HCOOCHCOOHCH 2 33 (5) OHCOOCHOHCOOHCH 233 O calor de neutralização neste caso é o calor de formação da água a partir dos íons hidrogênio e hidroxila menos a energia requerida para dissociar as moléculas de ácido acético não ionizadas. Estes calores de neutralização podem ser todos determinados por medidas calorimétricas simples, com um erro não maior que 2%. Em muitos casos é difícil determinar diretamente a variação de temperatura, T, com precisão. Em conseqüência, é necessário acompanhar a variação da temperatura com o tempo, através de leituras periódicas da mesma. Deste modo, é obtida uma série de dados com os quais pode ser construído um gráfico como o da Figura 1. A partir da Figura 1 pode ser obtido graficamente o valor correto para T. No caso desta experiência como as temperaturas rapidamente ficam constantes em função do tempo, os valores de T podem ser obtidos facilmente através dos valores estacionários das temperaturas da água fria, água morna e equilíbrio. T T/0C t/s Figura 1 - Variação da temperatura em função do tempo. 2.3. Material e Reagentes Para o Técnico: Kits: Montar 3 kits (um por grupo) 1 béquer de 600 mL 2 pipetas volumétricas de 10 mL 1 proveta de 200 mL Cronômetro 2 pesa - filtros 1 bastão de vidro 4 balões volumétricos de 200 mL 1 balão volumétrico de 1 L 1 bureta de 50 mL 1 litro de solução de NaOH 0,5 M 1 pipeta volumétrica de 15 mL 500 mL de solução HCl 0,5 M 1 Calorímetro, com termômetro 500 mL de solução de ácido acético 0,5 M Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 28 28 2.4. Procedimento Experimental (a) Determinação do equivalente em água do calorímetro: Medir a capacidade calorífica do calorímetro (ver experiência 1). Se já houver o valor tabelado do mesmo, proceder à etapa seguinte. (b) Determinação do calor de neutralização usando os ácidos clorídrico e acético e a base hidróxido de sódio: Adicionar no calorímetro 150 mL de solução 0,5 M de NaOH padronizada. Agitar a solução moderadamente e registrar a temperatura a cada 20 segundos até que o equilíbrio térmico seja atingido. Adicionar 150 mL de solução de HCl 0,5 M, com temperatura igual a da solução contida no calorímetro. Agitar e iniciar rapidamente a leitura da temperatura desta mistura, anotando-a em intervalos de 10 segundos até que permaneça constante, ou diminua lentamente. Repetir este procedimento pelo menos mais uma vez. (c) Substituir a solução de ácido clorídrico pela de ácido acético e/ou depois ácido sulfúrico Repetir o procedimento (b) duas vezes. 2.5. Cálculos Cálculos dos Calores de Neutralização Supondo que a massa total da solução é 300 g e que o calor específico da solução é unitário então o calor liberado pela mistura do ácido com a base será igual a: )(00 calTCT Q3 (7) H Q n cal / mol moles de base (8) 2.6. Para a discussão dos resultados Calcular o valor médio dos calores de neutralização medidos Comparar os resultados obtidos nas diversas experiências e explicar as razões das eventuais diferenças. Explique a diferença dos calores de neutralização de ácidos fracos e fortes encontrados Analisar os resultados em função dos erros envolvidos. Identificá-los e discutir o que poderia ser feito para corrigi-los. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 29 29 Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 30 30 3. DETERMINAÇÃO DO CALOR DE DISSOLUÇÃO 3.1 Objetivo Determinar o calor de dissolução do ácido benzóico a partir das medidas de sua solubilidade em solução aquosa a diferentes temperaturas 3.2. Introdução Nesta prática será estudado o equilíbrio entre o soluto na solução e o soluto sólido puro, para tanto será utilizada uma solução saturada de ácido benzóico, de forma a se obter o equilíbrio: soluto (sólido puro) soluto (solução) Nesta condição a solução encontra-se saturada, com respeito ao soluto. A condição de equilíbrio requer que o potencial químico do soluto (2) seja o mesmo em ambas as fases, isto é, 2 (sólido,T,p) = 2 (X2,T,p) (1) onde X2 é a fração molar do soluto na solução saturada, e é portanto, a solubilidade do soluto (S) expressa em termos de fração molar. Se a solução for ideal, pode-se utilizar a seguinte relação: RTlnSp(T,pT,S,pT,,X 02222 (2) onde 2 o é o potencial químico do soluto líquido puro. Rearranjando a Eq. (2), a seguinte expressão para a solubilidade é obtida: RT pTsolidopT S 2 o 2 ),,(),(ln (3) Como 2 o T p( , ) é o potencial químico do soluto líquido puro, .),,(),( dissol2 o 2 G =pTsolidopT , onde .dissolG é a energia livre molar de dissolução do soluto em saturação, a Eq. (3) pode ser reescrita na forma: RT G S dissol.ln (4) A forma diferencial da Eq. (4), sendo mantida a pressão constante é: T )G R 1 S) dissol.p ( (ln (5) Dividindo ambos os membros da Eq. (5) por T: T /T)G R 1 T S) dissol.p ((ln (6) Mediante a equação de Gibbs-Helmholtz: 2 p T H T TG )/( a Eq. (6) se modifica para: 2 dissol. RT H T lnS )( (7a) ou de forma equivalente para: R H T1 S dissol. )/( )(ln (7b) Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 31 31 onde Hdissol. é a variação de entalpia envolvida na dissolução de um soluto para formar uma solução saturada, ou: constante p a , T Td R H lnSd 2 dissol. (8) Supondo que Hdissol. é constante entre as temperaturas T1 e T2, a Eq. (8) pode ser facilmente integrada entre estes limites, ou seja: 12 dissol. 2 1 T 1 T 1 R H S S ln (9) onde S1 é a solubilidade do soluto na temperatura absoluta T1 e S2 é a solubilidade do soluto em T2. Se a solubilidade de uma substância é determinada em duas temperaturas diferentes, o seu calor de dissolução ( Hdissol. ) pode ser calculado pela aplicação da Eq. (9). Um resultado mais preciso pode ser obtido se a solubilidade for determinada em várias temperaturas diferentes. Assim Hdissol. pode ser obtido da inclinação de um gráfico de ln S vs. 1/T, conforme a Eq. (7b). 3.3. Material e Reagentes Para o Técnico: Kits: Montar 3 kits (um por grupo) Erlenmeyers (8) Pipetador Termômetros (2) Balões volumétricos de 250 mL (2) e de 50 mL (1) Pipeta volumétrica de 25 mL Solução de Hidróxido de sódio (0,05 e 0,1M); Bureta de 50 mL Ácido Benzóico p.a. Proveta de 100 mL Fenolftaleína Béquer de 1000 mL Termostato Bastão de vidro 3.4. Procedimento Experimental (a) Determinação do calor de dissolução à 25 ºC Colocar 6 g de ácido benzóico (p.a.) em um erlenmeyer. Adicionar 300 mL de água destilada e quente, em torno de 70oC. Mergulhar o erlenmeyer com a solução no termostato a 25 oC. Aguardar até que o equilíbrio térmico seja atingido (o tempo é da ordem de 10 minutos, se a solução for agitada periodicamente). Deixar o sólido repousar. Pipetar 25 mL do sobrenadante (esta operação deve ser rápida; não permitir o ingresso voluntário de partículas sólidas dentro da pipeta; para prevenir a cristalização do ácido no interior da pipeta, esta deve estar numa temperatura ligeiramente acima da temperatura da solução). o Mantenha a pipeta aquecida em um erlenmeyer com água quente! Transferir a amostra a outro erlenmeyer (qualquer ácido benzóico cristalizado dentro da pipeta deve ser levado para dentro do erlenmeyer com água quente). Titular a amostra com uma solução padronizada de hidróxido de sódio 0,05 N. Utilizar a fenolftaleína como indicador. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 32 32 (b) Determinação do calor de dissolução à 35 e 45 ºC Repetir o procedimento (a) com o termostato a 35 e 45oC. As amostras da solução de ácido benzóico a alta temperatura (45 oC) devem ser tituladas com hidróxido de sódio 0,1 M. Se houver tempo faça pelo menos duas determinações em cada temperatura. 2.5. Cálculos Determinação da solubilidade do ácido benzóico Supondo que as densidades das soluções nas diferentes temperaturas são unitárias, a solubilidade do ácido benzóico, em gramas por 100 g de água, pode ser calculada em cada temperatura, por meio dos valores obtidos na titulação. Determinação do Hdissol Com o valor de S já determinado, calcular o calor de dissolução por meio de um gráfico Ln S vs. 1/T. Calcular a inclinação do gráfico ln S vs. 1/T, com T em Kelvin, utilizando-se a Eq. (7b). Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 33 33 Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 34 34 Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 35 35 4. PROPRIEDADES PARCIAIS MOLARES DAS SOLUÇÕES 4.1 Objetivo Determinar com exatidão a densidade de líquidos e o volume molar aparente das soluções Água- etanol e Água-NaCl. 4.2. Introdução O estudo quantitativo das soluções progrediu consideravelmente com a introdução do conceito de quantidades parciais molares. Uma propriedade de uma solução, por exemplo, o volume de uma mistura álcool-água, varia continuamente à medida que se modifica sua composição. Uma propriedade parcial molar de um componente de uma solução deve ser definida de forma que represente qualquer propriedade extensiva de uma solução binária, a temperatura e pressão constantes. Logo será uma função das duas variáveis independentes n1 e n2, as quais representam os números de mols dos dois componentes presentes. A propriedade parcial molar do componente 1 é definida com a relação: pTn n Y Y ,,1 1 2 (1a) e, analogamente, para o componente 2, pTn n Y Y ,,2 2 1 (1b) A quantidade parcial molar pode ser representada com uma barra sobre a letra que representa a propriedade e, por um número, que indica a qual componente se refere o valor. Assim, dado uma solução binária Y que varia sua composição em função de n1 e n2 , temos: 2211, 21 YnYnY nn (T e p constantes) (2) No caso do volume da solução, a Eq. 2 pode ser escrita como: 2211 VnVnV (T e p constantes) (3) onde pT,,n2 2 pT,,n1 1 12 n V Ve n V V são os valores parciais molares dos componentes 1 e 2 de uma solução binária e V é o volume total desta solução. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 36 36 Os volumes parciais molares 1 V e 2 V podem ser avaliados a partir das medidas de densidade das soluções. Métodos gráficos podem ser utilizados no tratamento dos dados; destes, aquele que envolve o volume molar aparente v é particularmente apropriado para soluções binárias. O volume molar aparente se define pela relação: 2 0 11 n VnV v ; (T e p constantes) (4) onde V é o volume da solução que contém n1 mols do componente 1 e n2 moles do componente 2; 0 1 V é o volume molar do componente 1, a T e p dadas (em soluções ideais 1 0 1 VV ). Já que: 0 112 VnnV v (5) pode ser escrito como: pTn v v pTn i n n n V V ,,2 2 ,,2 2 1 (6) e pTn v n nVn nn VnV V ,,2 2 2 0 11 11 22 1 1 1 (7) Em termos da densidade medida experimentalmente e dos pesos moleculares M1 e M2 dos dois componentes, a Eq. (4) toma a forma: 0 11 2211 2 1 Vn MnMn n v (8) Quando é utilizada a escala de concentração molal, n2 = m (molalidade) e n1 é igual ao número de moles do componente 1(solvente) contidos em 1000 gramas deste componente. Assim, a Eq. (8) pode ser reescrita como: v m mM m M 1 1000 1000 10002 1 1 1 2 (9) onde: 1 = densidade do componente puro 1; = densidade da solução de molalidade m (do componente 2) que tem peso molecular M2. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 37 37 4.3. Material e Reagentes Para o Técnico: Kits: Montar 4 kits (um por grupo) Picnômetros; Cloreto de Sódio p.a., Banho termostático; Álcool Etílico p.a. 4.4. Procedimento Experimental O sistema etanol - água proporciona um exemplo de comportamento não ideal e é particularmente interessante na região de 0 a 15 mols por cento de etanol. O sistema cloreto de sódio – água também não apresenta um comportamento ideal sendo um exemplo de sistema iônico. Esta prática será realizada em duas etapas. Na primeira se procederá o sistema Etanol-Água, em um segundo dia se procederá o sistema NaCl-Água. Para cada prática um relatório deverá ser coligido. (a) Calibração do volume do picnômetro Secar previamente o picnômetro de forma cuidadosa (lavar com álcool e por para secar na estufa), pesado em balança analítica e então preenchido com água destilada e colocado no termostato durante 10 a 15 minutos. A diferença de peso e o valor da densidade da água a 25 oC fornece o valor de calibração do volume do picnômetro. Este procedimento deve ser repetido pelo menos mais duas vezes e considerado o valor médio. Os dados devem ser tabelados coforme tabela em anexo. (b) Determinação da densidade das soluções Preparar soluções que contenham aproximadamente: 1, 2, 4, 8 e 12 mols de etanol em água (pesar o etanol e a água). Os dados devem ser tabelados conforme tabela em anexo. 3,2; 1,6; 0,8; 0,4 e 0,2 mols de cloreto de sódio em água (não esquecer de pesar a água) – este procedimento será realizado em outro dia de prática. Os dados devem ser tabelados conforme tabela em anexo. A densidade de cada solução deve ser determinada exatamente a 250 C. Determinar as densidades das soluções em questão, usando o procedimento análogo ao de calibração do picnômetro. As pesagens deverão ser efetuadas nos picnômetros calibrados anteriormente, tomando precauções para impedir a evaporação dos componentes voláteis. Os volumes totais a serem utilizados nos cálculos dependem do volume do picnômetro a ser utilizado. Para minimizar os erros deve ser preparada uma quantidade suficiente para três determinações. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 38 38 4.5. Cálculos A concentração de cada solução é expressa em termos das escalas de concentração molal e para cada uma delas é determinado o volume molal aparente utilizando os valores da densidade e com auxílio da Eq. (9). Representar graficamente v em função de m. Os resultados devem ser tabelados como tabela em anexo. Fazer um ajuste polinomial dos dados e encontrar a expressão do polinômio (grau 3) que representa a curva experimental. Através desta expressão determinar a derivada (dv / dm) para os vários valores de m. Organizar os dados na tabela em anexo. Através das Eqs. (6) e (7) estabelecer os volumes molares parciais do soluto e do solvente em cada concentração. No caso, n2 = m, e n1, é o número de moles de solvente associados com n2 moles de soluto, ou seja no caso de água/etanol, n1 é igual a 55,51, que corresponde a (1000/18,016). Fazer um gráfico de V2 em função da fração molar do soluto e comparar com resultados da literatura. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 39 39 Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 40 40 Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 41 41 5. CINÉTICA QUÍMICA – DETERMINAÇÃO DA ORDEM DE UMA REAÇÃO 5.1. Objetivo Determinar a ordem de uma reação química utilizando o método das concentrações em excesso 5.2. Introdução A velocidade, v, de uma reação química é definida como sendo a variação da concentração de um dos componentes que toma parte na reação em função do tempo. Para uma reação do tipo: aA + bB + ... mM + nN + ... a velocidade da reação é dada por: ....].[].[ ][ BAk dt Yd v onde Y é A, ou B, e k é denominada constante cinética. Os expoentes , , ... não podem ser preditos teoricamente e são estabelecidos pela observação da dependência da velocidade em relação à concentração. A soma destes expoentes é denominada ordem de reação. A ordem em relação a A é , com relação a B é , etc. Quando a soma dos expoentes é igual a 1 a reação é denominada de primeira ordem; quando é 2, de segunda ordem, etc. Existem vários métodos para determinar a ordem de uma reação química. Um deles consiste em utilizar em excesso todos os reagentes, exceto um. Deste modo, as concentrações dos reagentes em excesso podem ser consideradas constantes. Considere a equação cinética de Maucourt-Fissen: H2O2 + 2I- + 2H+ 2H2O + I2 Sua velocidade é dada por d H O dt k H O [ ] .[ ]2 2 2 2 quando a reação é realizada em meio ácido com a concentração de iodeto muito superior à concentração de peróxido de hidrogênio. Desse modo se a reação for de ordem zero em relação ao H2O2, existirá uma relação linear entre [H2O2]0 - [H2O2] e o tempo; se for de primeira ordem existirá uma relação linear entre ln [H2O2]/ [H2O2]0 e o tempo; se for de segunda ordem, o tempo será proporcional a {1/[H2O2] } – {1/[H2O2]0}. A velocidade desta reação é mensurável à temperatura ambiente e pode ser seguida pela adição de pequenas quantidades de íons tiossulfato de concentração conhecida. O iodo (I2) produzido pela reação é rapidamente reduzido de volta para iodeto (I- ) pelos íons tiossulfato (S2O3-2 ). 2S2O3-2 + I2 2I- + S4O6-2 Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 42 42 A reação continua até que todo o tiossulfato tenha sido convertido em tetrationato (S4O6-2 ), depois do que o iodo livre formado fica em solução. A cor do iodo é aumentada pela adição de solução de amido. O intervalo de tempo entre o início da reação e a mudança de cor da solução é uma medida da velocidade da reação. 5.3. Material e Reagentes Para o Técnico: Kits: Montar 4 kits (um por grupo) Pipeta volumétrica de 20 mL (1) Balão volumétrico de 500 mL (1) Pipeta volumétrica de 5 mL (1) Béquer de 500 mL (1) Proveta de 100 mL (1) Bureta de 25 mL (2) Suporte universal (1) Proveta de 100 ml (1) Termômetro (1) Cronômetro (1) H2O2 a 3% (e diluir 60 mL para 500 mL) 100 ml de KI 1M 50 ml de H2SO4 3M 300 mL de Na2S2O3 0,1 M 50 mL de solução de amido a 0,5% 5.4. Procedimento Experimental (a) Preparo da solução Coloque numa bureta tiossulfato de sódio 0,1M (Na2S2O3). Tome um béquer de 500 mL e adicione pela ordem: o 150 mL de água destilada o 20 mL de KI 1,0M o 10 mL de H2SO4 3,0 M o 2 mL de Na2S2O3 0,1 M (da bureta) o 3 mL de solução de amido 0,5% (o amido deve ser novo!!) Agite e meça a temperatura da solução. (b) Medida do tempo de reação Tome em uma proveta padronizada 20 mL da solução de H2O2 padronizada e adicione-os à solução, disparando o cronômetro. o O cronômetro deve ficar acionado ininterruptamente. Um aluno ao Becker deve informar o tempo de virada. Somente ao fim das medidas é que se deve fazer a diferença entre o tempo de cada virada! Agite a solução, anote o tempo em que a solução se torna azul e adicione imediatamente mais 2 mL de tiossulfato de sódio. Anote o tempo em que a solução se torna novamente azul. Adicione novamente 2 mL de tiossulfato de sódio. Repita a operação por 9 vezes. Repita a operação completa pelo menos duas vezes. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 43 43 5.5. Cálculos Para cada conjunto de operação, complete a seguinte tabela calculando as concentrações em mol/L da H2O2 inicial ( [H2O2]0 ) e a restante com o acréscimo de tiossulfato de sódio ( [H2O2] ). TEMPO DE VIRADA - T (s) Volume Na2S2O3 adicionados Mols Na2S2O3 usados Mols I2 formados Mols [H2O2] restantes [H2O2] [H2O2]0 - [H2O2] ln [ ] [ ] H O H O 2 2 2 2 0 1 1 2 2 2 2[ ] [ ]H O H O o 1 2 Média mL mol mol mol M M M -1 t0 2 0 0 0 0 0 t1 4 t2 6 t3 8 t4 10 t5 12 t6 14 t7 16 t8 18 t9 20 Plote os gráficos representativos das equações integradas de ordem zero, primeira e segunda, e determine a ordem da reação. Calcule a constante cinética da reação química. 5.6. QUESTÕES a) Explique os desvios possíveis da reta obtida. b) O que significa a ordem desta reação em termos de formação dos produtos? c) Por que se a reação for de ordem zero em relação ao H2O2, existirá uma relação linear entre [H2O2]0 - [H2O2] e o tempo? d) Por que se a reação for de segunda ordem, o tempo será proporcional a {1/[H2O2] } – {1/[H2O2]0}. 5.7. Dados Densidade da H2O2 : 1,44 g/cm3 Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 44 44 6. EQUILÍBRIO QUÍMICO EM SOLUÇÕES 6.1. Objetivo Determinar a constante de equilíbrio de hidrólise de um éster em solução. 6.2. Introdução Um sistema fechado, abandonado a si mesmo, sofrerá transformações químicas até que o equilíbrio químico seja atingido. Supondo que nesse sistema ocorra uma reação do tipo: O avanço da reação em termos de reagentes em produtos, e vice-versa, ocorrerá até que o equilíbrio seja atingido. Atingido este ponto, para cada reação existe uma constante termodinâmica de equilíbrio que só depende da temperatura e, que para o caso do equilíbrio acima, é dada por: eq b B a A n N m M aa aa K . . (1) onde i ia representa a atividade de cada componente elevada ao respectivo coeficiente estequiométrico. A determinação experimental direta da constante termodinâmica de equilíbrio é de execução difícil e muitas vezes impossível, pois nem sempre se pode chegar ao cálculo das atividades dos diversos participantes do sistema. Muito mais acessível à determinação experimental é a chamada constante estequiométrica de equilíbrio definida, para a reação exemplificada, por: eq b B a A n N m M c CC CC K . . (2) onde i iC representa a concentração de cada componente elevada ao respectivo coeficiente estequiométrico. Neste experimento consideraremos a reação de esterificação, na qual um álcool e um ácido reagem dando éster e água em reação direta, e, em sentido inverso, ou seja, a hidrólise do éster, produzindo ácido e álcool. Ambas as reações atingirão o equilíbrio quando suas velocidades de reação, direta e inversa, se igualar. Nesse ponto, a constante termodinâmica de equilíbrio, K, é definida em termo do produtório das atividades dos produtos em relação ao produtório das atividades dos reagentes, componentes do sistema, conforme equação (1). Entretanto, para as soluções diluídas, consideradas ideais, as constantes de equilíbrio são calculadas simplesmente em termo das concentrações dos reagentes e produtos, conforme equação (2). O exemplo específico a ser considerado aqui é a formação de acetato de etila a partir de ácido acético e etanol. C2H5OH + CH3COOH CH3COOC2H5 + H2O A constante de equilíbrio da reação inversa, hidrólise do éster, é dada por: aA + bB mM + nM Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 45 45 ][][ ][][ OHHCOOCCH COOHCHOHHC 2523 352K (3) onde [C2H5OH], [CH3COOH], [CH3COOC2H5] e [H2O] representam a concentração dos componentes. É necessário variar a temperatura ou usar um catalisador de modo alcançar mais rapidamente o equilíbrio. Nesta experiência, a reação é catalisada pelo ácido clorídrico. 6.3. Material e Reagentes Para o Técnico: Kits: Montar até 4 kits (um por grupo) 1 (uma) bureta de 50,0 mL 1 (uma) pisseta de água destilada 12 (doze) erlenmeyers de 125 mL (com tampa ou rolha) (quatro) pipetas graduada de 5 mL 15 mL de água destilada (pisseta) etanol P.A. 40 mL de acetato de etila P.A. 5 mL de ácido acético P.A. (glacial) 500 mL de solução de NaOH 0,5 mol L-1 60 mL de solução de HCl 3,0 mol L-1 Solução de indicador fenoftaleína a 1 % alcoólico 6.4. Procedimento Experimental (a) Preparação antecipada do sistema para atingir o equilíbrio Separar 11 erlenmeyers numerados e preparar as soluções constantes na Tabela 01. Vedar os erlenmeyers e mantê-los bem tampados, para evitar evaporação, cerca de uma semana até que o equilíbrio seja atingido. o Não é necessário conservar os frascos em um termostato, porque este equilíbrio é muito pouco afetado por variações da temperatura. A solução do frasco 12 deverá ser preparada ao início da experiência, antes do começo das titulações indicadas abaixo. Tabela 01. Valores iniciais (mL) dos reagentes em 10 mL de solução. Erlenmeyer V(H3COOC2H5C) V(H2O) V(C2H5OH) V(CH3COOH) V(HCl) 1 0 5 0 0 5 2 5 0 0 0 5 3 4 1 0 0 5 4 4 0 1 0 5 5 4 0 0 1 5 6 3 2 0 0 5 7 3 0 0 2 5 8 3 1 1 0 5 9 3 0 2 0 5 10 3 0 1 1 5 11 3 1 0 1 5 12 3 2 0 0 5 /g cm-3 (20 oC) 0,90033 0,9982 0,7893 1,0492 1,0640 M/g mol-1 88 18 46 60 36,5 Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 46 46 (b) Obtenção da concentração dos componentes do equilíbrio Pipetar 3 alíquotas de 2 mL da solução de cada erlenmeyer da Tabela 1, previamente preparada, e transferir cada uma para um erlenmeyer de 50 mL. Adicionar uma gota de fenoftaleína a cada amostra e titular com solução 0,5 mol L-1 de NaOH. Anotar o volume gasto em cada titulação e preencher a Tabela 2, em anexo. 6.5. Cálculos (a) Obtenção das concentrações dos componentes em equilíbrio A massa da água na solução inicial m0(H2O), de cada frasco é dada por: m0(H2O) = m1(H2O) +mA o Onde: m1(H2O) é a massa de água pura usada no preparo das misturas do Quadro 1, mA é a massa da água contida em 5 mL da solução 3 mol L-1 de HCl; essa massa é calculada utilizando a densidade da solução de ácido clorídrico (vide Tabela 1) e a massa de HCl contida nos 5 mL de solução. A quantidade de ácido acético, no equilíbrio, nas soluções dos erlenmeyers números 2 a 11, é calculada a partir do volume da solução de hidróxido de sódio que se obtém subtraindo o volume da solução de hidróxido de sódio gasto na titulação do frasco número 1 daquele gasto nas respectivas soluções. Valores assim calculados devem constar na última coluna da Tabela 02. No preparo das soluções dos frascos números 5, 7, 10 e 11 foi adicionado ácido acético e estas quantidades devem ser usadas no cálculo das massas, no equilíbrio, dos outros reagentes. Da reação estequiométrica, observa-se que para cada 1 mol de ácido acético produzido, 1 mol de etanol é produzido e são consumidos 1 mol de acetato de etila e 1 mol de água. As massas e, conseqüentemente, os números de mols dos quatro reagentes, nas misturas originais, são calculados utilizando as suas densidades e massas moleculares dadas na Tabela 01. A partir dos dados obtidos, calcula-se o número de mols no equilíbrio, dos quatro reagentes para as soluções dos frascos números 2 a 11. Pela equação (3), calcula-se a constante K, para as dez soluções. Observe que a solução número 12 é preparada como a solução número 6. A quantidade de ácido acético formado, na solução 12, deve ser determinada por titulação com NaOH e calculada como indicada para as soluções 2 a 11. (b) Tratamentos dos dados experimentais Proceder os cálculos referentes à obtenção do número de mols dos reagentes nas soluções iniciais e no equilíbrio. Preencher as Tabelas 02 e 03 (em anexo) com os dados experimentais e calculados. Encontrar o valor médio da constante de equilíbrio, à temperatura ambiente. 6.6. QUESTÕES Comparar os resultados obtidos para as soluções 6 e 12. Explicar a diferença se houver. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 47 47 6.7. ANEXOS Tabela 02. Volumes gastos (mL) de solução de NaOH 0,5 mol L-1 nas titulações, em triplicatas. Erlenmeyer VI VII VIII Vm Vm – V1m* 1 0 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 * V1m = valor médio do erlenmeyer 1, que deverá ser descontado dos demais volumes Tabela 03. Números de moles dos reagentes e produtos em 10 mL de solução no início e equilíbrio, e a constante de equilíbrio (K) calculada. Erlenmeyer Quantidades Iniciais Quantidades em Equilíbrio Constante de Equilíbrio, K n0(1) n0(2) n0(3) n0(1) ne(1) ne(2) ne(3) ne(1) 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Legenda: (1) H3COOC2H5C; (2) H2O; (3) C2H5OH; (4) CH3COOH; (5) HCl 3 mol L-1. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 48 48 7. DIAGRAMA DE SOLUBILIDADE PARA UM SISTEMA TERNÁRIO DE LÍQUIDOS 7.1. Objetivo Determinar a curva de solubilidade de um sistema ternário constituído de dois líquidos imiscíveis e de um terceiro líquido miscível. 7.2. Introdução Quando dois líquidos B e C são imiscíveis, porém cada um é miscível com um terceiro líquido A, é possível tornar B e C mutuamente miscíveis pela adição de A à mistura de ambos. A quantidade de A necessária para tornar B e C miscíveis é diferente para cada proporção determinada de B e C. Para um sistema ternário de líquidos, à temperatura e pressão constante, o diagrama de fases é representado em um triângulo equilátero. Os dados de composição dos três componentes são locados na área representada pelo triângulo. Em cada lado do triângulo é representada a concentração de um dos componentes, em fração molar ou porcentagem (m/m ou V/V), de modo que cada vértice do triângulo represente 100 % de cada componente (ou fração molar unitária). A composição de misturas contendo apenas dois dos componentes é representada por pontos dos lados do triângulo e a composição de misturas ternárias é representada por pontos internos do triângulo. Os pontos de qualquer linha paralela a um lado do triângulo correspondem a uma determinada concentração do componente puro representado pelo vértice oposto. A composição de um sistema ternário é dada pelas linhas paralelas aos três lados do triângulo retângulo que se interceptam no ponto que representa a composição do sistema. Por exemplo, a composição dos sistemas A-B-C, representada pelo ponto P no gráfico triangular mostrado na Figura 1 é 25 % de A, 25 % de B e 50 % de C (% m/m). Figura 1. Diagrama de um sistema A-B-C, expresso em %m/m de cada componente. Físico-Química Experimental – Guia de Laboratório 49 49 Será estudado nesta experiência um dos sistemas ternários mais simples, constituído de acetona, água e acetato de etila. Os dois componentes, água e acetato de etila são parcialmente miscíveis, enquanto que os pares água- acetona e acetato de etila-acetona são miscíveis em todas as proporções. Quando água e acetato de etila são misturados, eles podem formar duas camadas, uma rica em água, outra rica em acetato de etila. Adicionando-se à mistura uma pequena quantidade de acetona, ela se distribui entre as duas camadas e provoca uma redistribuição de água e acetato de etila nas duas camadas. Isto é, parte da água da fase aquosa (rica em água) transfere-se para a fase orgânica (rica em acetato de etila) e vice-versa. Com adição contínua de acetona, a distribuição dos três componentes no sistema vai se modificando. Enquanto a composições das duas camadas tendem para valores semelhantes, a quantidade de uma das fases aumenta e, conseqüentemente a da outra diminui, até que esta se extingue ficando o sistema constituído por uma “única fase”. Daí em diante, apesar da adição de mais acetona, o sistema permanece homogêneo. Com vários sistemas ternários de composição conhecida, obtidas adicionando- se acetona a misturas de várias proporções de acetato de etila e água até se obter uma solução homogênea, constrói-se a curva de solubilidade do sistema ternário de líquidos. Os pontos da área delimitada pela curva de solubilidade representam sistemas de três componentes que se desdobram em duas camadas líquidas e os outros pontos da área do triângulo representam os sistemas constituídos de uma única fase. 7.3. Material e Reagentes Para o Técnico: Kits: Montar 4 kits (um por grupo) 12 (doze) erlenmeyeres de 125 mL 3 (três) buretas de 50,0 mL 150 mL água destilada (pisseta) 200 mL de acetato de etila P.A. 400 mL de cetona P.A. 7.4. Procedimento Experimental Partindo de diferentes soluções de dois dos componentes completamente miscíveis, adiciona-se um terceiro componente, sob agitação vigorosa, até que o sistema apresente uma turvação permanente característica da formação de uma nova fase. As porcentagens dos componentes, no momento em que isso ocorre, definem os pontos da curva que limita a zona heterogênea. Uma vez conhecida essa curva, as linhas de união podem ser determinadas a partir de sistemas bifásicos, determinando a concentração de um dos componentes em cada uma das fases em equilíbrio. Prepare doze sistemas binários, em erlenmeyers, conforme indicado na Tabela 1, em anexo. No erlenmeyer 1, colocar 3,0 mL de acetato de etila e adicionar 22,0 mL de água. Titular com acetona até a mistura tornar-se límpida (apresentar uma única fase).
Compartilhar