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ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL - CCJ0042 Semana Aula: 7 Da Responsabilidade civil e da Publicidade da advocacia Tema A responsabilidade civil e a publicidade da advocacia Palavras-chave Publicidade informativa. veículos de publicidade. vedações. Objetivos Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de: Conhecer as regras para regular publicidade da advocacia; Identificar o sentido de uma publicidade informativa; Analisar a responsabilidade civil do advogado. Estrutura de Conteúdo Da Publicidade da Advocacia Art. 1º, § 3º do EOAB: Proíbe a divulgação em conjunto com outra atividade; ?É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade. ? Código de Ética (2016) CAPÍTULO VIII - DA PUBLICIDADE PROFISSIONAL Art. 39. A publicidade profissional do advogado tem caráter meramente informativo e deve primar pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela ou mercantilização da profissão. O que podemos entender por publicidade informativa? ? Identificação pessoal e curricular do Advogado, número de inscrição e endereço do escritório; ? Áreas ou matérias jurídicas de exercício preferencial; ? Diploma, títulos acadêmicos, relativos à profissão de advogado e indicação das associações culturais e científicas de que faça parte; ? Nome dos advogados integrantes do escritório; ? Horário de atendimento e idiomas falados ou escritos. Art. 40. Os meios utilizados para a publicidade profissional hão de ser compatíveis com a diretriz estabelecida no artigo anterior, sendo vedados: I - a veiculação da publicidade por meio de rádio, cinema e televisão; II - o uso de outdoors, painéis luminosos ou formas assemelhadas de publicidade; III - as inscrições em muros, paredes, veículos, elevadores ou em qualquer espaço público; IV - a divulgação de serviços de advocacia juntamente com a de outras atividades ou a indicação de vínculos entre uns e outras; V - o fornecimento de dados de contato, como endereço e telefone, em colunas ou artigos literários, culturais, acadêmicos ou jurídicos, publicados na imprensa, bem assim quando de eventual participação em programas de rádio ou televisão, ou em veiculação de matérias pela internet, sendo permitida a referência a e-mail; VI - a utilização de mala direta, a distribuição de panfletos ou formas assemelhadas de publicidade, com o intuito de captação de clientela. Parágrafo único. Exclusivamente para fins de identificação dos escritórios de advocacia, é permitida a utilização de placas, painéis luminosos e inscrições em suas fachadas, desde que respeitadas as diretrizes previstas no artigo 39. Art. 41. As colunas que o advogado mantiver nos meios de comunicação social ou os textos que por meio deles divulgar não deverão induzir o leitor a litigar nem promover, dessa forma, captação de clientela. Art. 42. É vedado ao advogado: I - Responder com habitualidade a consulta sobre matéria jurídica, nos meios de comunicação social; II - Debater, em qualquer meio de comunicação, causa sob o patrocínio de outro advogado; III - abordar tema de modo a comprometer a dignidade da profissão e da instituição que o congrega; IV - Divulgar ou deixar que sejam divulgadas lista de clientes e demandas; V - Insinuar-se para reportagens e declarações públicas. Art. 43. O advogado que eventualmente participar de programa de televisão ou de rádio, de entrevista na imprensa, de reportagem televisionada ou veiculada por qualquer outro meio, para manifestação profissional, deve visar a objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais e instrutivos, sem propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados pronunciamentos sobre métodos de trabalho usados por seus colegas de profissão. Parágrafo único. Quando convidado para manifestação pública, por qualquer modo e forma, visando ao esclarecimento de tema jurídico de interesse geral, deve o advogado evitar insinuações com o sentido de promoção pessoal ou profissional, bem como o debate de caráter sensacionalista. Art. 44. Na publicidade profissional que promover ou nos cartões e material de escritório de que se utilizar, o advogado fará constar seu nome ou o da sociedade de advogados, o número ou os números de inscrição na OAB. § 1º Poderão ser referidos apenas os títulos acadêmicos do advogado e as distinções honoríficas relacionadas à vida profissional, bem como as instituições jurídicas de que faça parte, e as especialidades a que se dedicar, o endereço, e-mail, site, página eletrônica, QR code, logotipo e a fotografia do escritório, o horário de atendimento e os idiomas em que o cliente poderá ser atendido. § 2º É vedada a inclusão de fotografias pessoais ou de terceiros nos cartões de visitas do advogado, bem como menção a qualquer emprego, cargo ou função ocupado, atual ou pretérito, em qualquer órgão ou instituição, salvo o de professor universitário. Art. 45. São admissíveis como formas de publicidade o patrocínio de eventos ou publicações de caráter científico ou cultural, assim como a divulgação de boletins, por meio físico ou eletrônico, sobre matéria cultural de interesse dos advogados, desde que sua circulação fique adstrita a clientes e a interessados do meio jurídico. Art. 46. A publicidade veiculada pela internet ou por outros meios eletrônicos deverá observar as diretrizes estabelecidas neste capítulo. Parágrafo único. A telefonia e a internet podem ser utilizadas como veículo de publicidade, inclusive para o envio de mensagens a destinatários certos, desde que estas não impliquem o oferecimento de serviços ou representem forma de captação de clientela. Responsabilidade civil do advogado - Art. 32, EOAB A responsabilidade civil é tema que por si só encontra muitos debates na doutrina e jurisprudência brasileira. Quando transportamos esse tema para a advocacia, precisamos observar alguns detalhes, em particular, a reflexão sobre o grande número de advogados que ingressam na carreira todos os anos. Por outro lado, como preleciona Antônio Laért Vieira Jr.(2003), em razão do lugar de destaque que a mesma passou a ter na Constituição da República de 1988 (art. 133). A sociedade brasileira, nos últimos anos, vem buscando o Judiciário de uma maneira crescente, o que também desvela a importância desse profissional no reconhecimento da cidadania e do poder político do Estado Democrático de Direito que deve pugnar pelos direitos políticos e civis de todos. Neste ponto, observamos a colocação de Cesar Luiz Pasold (apud VIEIRA Jr.,2003, XXI) quando menciona: O advogado, ao ter sido alçado constitucionalmente à condição de indispensável à administração da justiça, teve sem dúvida - a sua condição profissional extremamente valorizada, mas, paralelamente, viu as suas responsabilidades enormemente aumentadas. A partir de tal natureza especial, o advogado tem maiores e mais sérios compromissos, tanto os relativos à qualidade técnica do seu trabalho, quanto, e principalmente, no que concerne à sua conduta ética. Deve-se, portanto, analisar o sentido dos termos responsabilidade e civil, porque todos podem vivenciar conflitos. Assim, por responsabilidade entende-se o sentido de responsabilizar-se, vir garantido, assegurar, assumir obrigação e civil dirige-se aos cidadãos como membros políticos numa sociedade (VIEIRA Jr., 2003, p. 5). O fato é que há uma relação jurídica que se afigura entre advogado e cliente que se funda na vontade autônoma de firmar um contrato. Nessa responsabilidade contratual, ambos se encontram vinculados antes mesmo da ocorrência de um eventual fato gerador de responsabilidade civil. Quais seriam os elementos da responsabilidade civil do advogado? Primeiramente, a omissão ou ação violadora de um direito do cliente. Em segundo lugar, a existência de um dano causado, um nexo entreo ato ou omissão e o dano. Em terceiro, o dolo ou culpa do advogado (VIEIRA Jr., 2003, p. 15). Temos aqui uma responsabilidade contratual que vincula advogado e seu cliente. No Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil, art. 32, encontramos a responsabilidade do profissional de advocacia “pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou culpa”. O caput deste artigo deve estar relacionado com o art. 31 e seus parágrafos, art. 33 e todo o Código de Ética e Disciplina da OAB. O advogado não é responsável pelo resultado da demanda, mas por sua postura, pela boa aplicação da lei ao convencimento do julgador. Exerce atividade meio e, neste ponto, observa Gisela Gondin (Apud VIEIRA Jr., 2003, p.71): Conquanto se diga que a advocacia é uma profissão liberal, o termo não significa que seja ela exercida no interesse privado, exclusivamente, porque acima dela está o serviço à justiça. O advogado é um profissional liberal, no sentido de que ele trabalha com a sua palavra oral ou escrita - com seus dons de exposição e de persuasão, com seus conhecimentos jurídicos. Assim, a atuação do advogado, para seu cliente se dá com relação a um interesse privado. Mas, esta mesma atuação tem por escopo a realização da Justiça que é um interesse social. Ainda que o advogado ajuste contratos de êxito com seus clientes, tal situação não tem o condão para transformar uma atividade com obrigação de meio em uma atividade com obrigação de resultado. Em qualquer caso, deve ser diligente, sobretudo, com prazos. À luz da lei 8.078/1990, podemos considerar que a relação advogado-cliente se encontra nos limites de uma relação de consumo? Parafraseando Vieira Jr. (2003, p. 82), será que a relação precisa da mesma proteção que o Código de Defesa do Consumidor reservou ao consumidor comum? O cliente se afigura como parte vulnerável nessa relação contratual? O traço marcante da conceituação de consumidor está adequado à relação advogado- cliente? Os advogados oferecem seus serviços ao mercado consumidor nos moldes das atividades empresárias? Não. A súmula 02 do Conselho Federal da ordem dos Advogados do Brasil já pacificou o entendimento no sentido de a advocacia não se enquadrar nas regras do Código do Consumidor. Vejamos o teor da referida súmula: Súmula 02/2011 – CFOAB - ADVOCACIA. CONCORRÊNCIA. CONSUMIDOR. 1) A Lei da advocacia é especial e exauriente, afastando a aplicação, às relações entre clientes e advogados, do sistema normativo da defesa da concorrência. 2) O cliente de serviços de advocacia não se identifica com o consumidor do Código de Defesa do Consumidor - CDC. Os pressupostos filosóficos do CDC e do EAOAB são antípodas e a Lei 8.906/94 esgota toda a matéria, descabendo a aplicação subsidiária do CDC. (Fonte: site do Conselho Federal da OAB) Todavia, por amor ao debate, vale observar os argumentos do Ministro do STJ, Cesar Asfor Rocha, no Resp. nº 532.377/RJ, em que se assevera a impossibilidade de configurar a relação advogado-cliente como uma relação de consumo e, dentre os argumentos, destacamos: Não se trata de atividade fornecida no mercado de consumo; há a vedação à captação de causas ou a utilização de agenciador; os art. 31, § 1º e 34, III e IV, do EOAB, evidenciam natureza incompatível com a atividade de consumo. Neste mesmo sentido, Vieira Jr. (2203, p. 85) observa que a advocacia guarda uma função constitucional com impedimentos quanto à publicidade. E mais. Não exerce atividade de prestação de serviço massificada. O contrato de mandato é muito especial, a começar por ser regido pela Lei 8.906/94. Cabe ainda mencionar que a relação entre advogado e cliente é uma relação de fidúcia, ou seja, confiança, o que dá “ensejo à relação de patrocínio entre ambos” (VIEIRA Jr., 2003, p. 27). Há a possibilidade da renúncia e revogação, com omissão de motivo e a qualquer tempo. Há os deveres de conduta para o advogado, expressos no art. 2º do CED e, ademais, desde as tratativas iniciais, antes da assinatura do contrato do mandato e da posterior procuração, há obrigações e o sigilo profissional é uma delas. Há responsabilidade pré-contratual e pós-contratual. Esta última se afigura no dever (pós- contratual) expresso no art. 9º do CED. A responsabilidade pré-contratual do advogado nasce no primeiro contato com o futuro cliente e o conhecimento de informações que estarão sob o manto do sigilo profissional. E envolve o princípio da informação e da proteção em que o advogado deve esclarecer, aconselhar e advertir seu cliente dos riscos da demanda. A responsabilidade pós- contratual, no conteúdo expresso no art. 9º do CED, acima mencionado, pois terminadas e cumpridas as obrigações contratuais, há obrigações decorrentes: guardar ou devolver documentos, guardar sigilo sobre o que foi revelado, não comentar detalhes sobre a demanda etc. Nas palavras de Levi Carneiro, fundador e primeiro Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Advogado, simples advogado, sem aptidão para mais, eu me consolo de sentir-me destituído de aspirações maiores, amando a minha profissão na sua beleza, na sua força, na sua humildade; nas suas aflições, no que comporta de abnegação, de lealdade, de desinteresse; no que existe de desassombro, de probidade, de vibratilidade; no que proporciona de independência, no que ensina de tolerância... (apud VIEIRA Jr., 2003, p. 51). Estratégias de Aprendizagem Indicação de Leitura Específica BRASIL. Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil. Lei 8.906, de 4 de julho de 1994. Coleção Saraiva de Legislação. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Código de Ética e Disciplina da OAB. 13 de fevereiro de 1995. Coleção Saraiva de Legislação. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB. 13 de fevereiro de 1995. Coleção Saraiva de Legislação. 20 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. SOUZA, J. N. de ; COLNAGO, R. Ética Profissional e da Advocacia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. Aplicação: articulação teoria e prática Caso Concreto: PUBLICIDADE - PROGRAMA DE TELEVISÃO DO TIPO PERGUNTAS E RESPOSTAS - IMPOSSIBILIDADE - ADVOGADO QUE ATUARÁ COMO ENTREVISTADOR TAMBÉM TEM O DEVER DE RESPEITAR AS NORMAS ÉTICAS - ADVOGADO ESPECIALIZADO EM CONDOMÍNIOS E PROGRAMA DE TELEVISÃO VOLTADO AO MERCADO DE CONDOMÍNIOS - CAPTAÇÃO INDEVIDA DE CLIENTELA. O advogado que também é jornalista deve zelar para que o Código de Ética e Disciplina e as demais normas éticas sejam sempre respeitados, ainda que sua atuação seja a de mero entrevistador. Não pode o advogado contribuir para que outros profissionais violem as regras éticas que regem a advocacia. Programa de televisão do tipo "perguntas e respostas" configura prestação de consultoria jurídica, atividade que deve ser prestada nos escritórios de advocacia e não nos meios de comunicação. Advogado especializado na advocacia para condomínios atuante em determinada cidade do interior e programa de televisão a cabo destinado ao mercado de condomínios da mesma cidade. A clientela do advogado e o público do programa se confundem e a exposição do advogado no programa, ainda que atuando como entrevistador, pode caracterizar a promoção pessoal e profissional do advogado, bem como a captação indevida de clientela, o que é vedado pelo artigo 32 do CED e pelo artigo 7º do Provimento 94/2000. Proc. E-4.091/2012 - v.u., em 16/02/2012, do parecer e ementa do Rel. Dr. FLÁVIO PEREIRA LIMA - Rev. Dr. FÁBIO PLANTULLI - Presidente Dr. CARLOS JOSÉ SANTOS DA SILVA. Após a leitura da ementa do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SP que observa uma situação em que o advogado participou de um programa de televisão, responda: 1. Qualo tipo de publicidade permitida à prática da advocacia? 2. Quais as restrições à publicidade de advogados ? Considerações Adicionais
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