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05/08/2015 Minha Biblioteca | Curso de Direito Processual Civil
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821.
822.
Capítulo XXIX
TÍTULO JUDICIAL ILÍQUIDO
§ 103. LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA GENÉRICA
Sumário: 821. Sentença ilíquida. 822. Execução da sentença ilíquida. 823. Liquidação de sentença declaratória e
de  outros  títulos  judiciais.  824.  Casos  de  iliquidez  da  sentença.  825.  Natureza  jurídica  da  liquidação  da
sentença. 826. A  liquidação e os honorários advocatícios. 827. Limites da  liquidação.  828. Contraditório.  829.
Liquidez  parcial  da  sentença.  830.  Liquidação  por  iniciativa  do  vencido.  831.  Recursos.  832.  Liquidação
frustrada.
Sentença ilíquida
O  processo  de  conhecimento  está  preparado  para  atingir  um  provimento  jurisdicional  que  ponha  fim  à
controvérsia instalada entre as partes. É a sentença que cumpre essa função, realizando o acertamento da situação
litigiosa. Com sua publicação o juiz apresenta o provimento devido aos sujeitos da lide e não mais pode discuti­la
ou modificá­la (NCPC, art. 494).1Considera­se solucionado o mérito da causa (art. 487).2
Eliminado o litígio com o acertamento da relação jurídica entre as partes, o direito reconhecido ao vencedor
pode  ser  satisfeito  voluntariamente  pelo  vencido,  e  não haverá mais  ensejo  para  a  atuação da  Justiça. Mas,  sem
embargo do pronunciamento judicial, a pretensão do credor pode continuar insatisfeita. Surge, então, a necessidade
de voltar perante os órgãos judiciários em busca de novas providências para que o direito proclamado na sentença
seja tornado efetivo. Esta tarefa é a finalidade, o objeto da execução forçada, que outrora se promovia numa nova
relação  processual,  independente  e  autônoma  diante  do  processo  de  conhecimento, mas  que,  após  a  reforma  do
processo civil brasileiro, passou à categoria de simples incidente complementar da condenação.
As sentenças condenatórias, contudo, embora sejam as que tipicamente se destinam a ensejar a execução, nem
sempre o  fazem  imediatamente. Se  sempre declaram a  certeza do  crédito do vencedor,  nem  sempre  são precisas
quanto  ao  valor  da  dívida  ou  à  individuação  do  objeto  da  prestação.  Às  vezes  ficam  apenas  no  campo  da
generalidade, sem descer à espécie do bem da vida a ser prestado.
Existem, nessa ordem de ideias, sentenças líquidas e sentenças ilíquidas.
Execução da sentença ilíquida
Ilíquida  é  a  sentença  que  não  fixa  o  valor  da  condenação  ou  não  lhe  individua  o  objeto.  Essa  condição  é
incompatível com a  índole do processo executivo que pressupõe, sempre, a  lastreá­lo um título representativo de
obrigação certa, líquida e exigível (NCPC, art. 783).3
Como é sabido, a atividade própria da execução forçada não é de  índole contraditória, no que diz respeito à
obrigação do executado. Não se presta aacertamento ou definição, mas apenas e  tão somente à realização prática
de uma situação jurídica, cuja certeza e legitimidade já se encontram demonstradas no título executivo. A cognição
do juiz fica, destarte, limitada à comprovação de existência e perfeição do título in limine litis.
Como  o  juiz  executivo  não  vai  julgar,  mas  apenas  realizar  o  conteúdo  do  título,  é  imprescindível  que  o
conteúdo  desse  documento  seja  líquido,  isto  é,  determinado  especificamente  quanto  à  quantidade,  à  coisa,  ou
ao fato devidos.
Daí a necessidade de  recorrer o credor à prévia  liquidação sempre que a sentença condene ao pagamento de
quantia ilíquida (art. 509).4 É que, sem a identificação exata do bem devido pelo condenado, a sentença ainda não
produziu a exigibilidade da  prestação  para  o  vencedor  e,  portanto,  o  título  executivo,  embora  dotado  de  certeza,
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824.
ainda  se  acha  incompleto,  por  carecer  deliquidez,  requisito  que  lhe  será  agregado  por  nova  decisão  no
procedimento liquidatório, que ainda tem a natureza de atividade de conhecimento.
Essa providência é  típica do  título executivo  judicial. Quanto aos documentos extrajudiciais,  faltando­lhes a
determinação exata da soma devida, perdem a própria natureza executiva e só podem ser cobrados pelo processo de
cognição.5 Não há, portanto, liquidação de título executivo extrajudicial.6
Embora  o  normal  seja  a  liquidação  acontecer  logo  após  a  sentença,  a  medida  pode  também  se  dar
incidentalmente no curso da execução, em casos como o da conversão em perdas e danos de obrigação de fazer ou
de entrega de coisa (arts. 809, § 2º, e 816, parágrafo único).7
Liquidação de sentença declaratória e de outros títulos judiciais
O  título  executivo  judicial  básico  não  é  mais  identificado  com  a  sentença  condenatória,  mas  sim  com  a
decisão que reconheça “a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa”
(NCPC, art. 515, I).8 Tanto faz, portanto, que a sentença seja condenatória, constitutiva ou declaratória. Se do seu
conteúdo se extrair o  reconhecimento  judicial de uma obrigação a ser cumprida por uma das partes em relação à
outra, configurado estará o título executivo judicial.
Como  toda  execução  pressupõe  certeza,  liquidez  e  exigibilidade  da  obrigação  (art.  783),  a  sentença
declaratória, como qualquer das outras previstas no art. 515, somente  terá  força executiva quando contiver  todos
os  elementos da  relação  jurídica obrigacional,  ou  seja,  quando  identificar partes,  natureza  e objeto da obrigação,
tempo e demais condições para o seu cumprimento. Portanto, sentença que simplesmente declara a inexistência de
uma relação jurídica ou a existência genérica de um dever jurídico, não pode ser qualificada como título executivo.
Quid  juris  se  a  sentença  declaratória  (ou  a  homologatória  de  um  acordo)  contiver  todos  os  elementos  da
obrigação,  mas  não  lhe  fixar  o  valor  devido?  Admitir­se­á,  sem  dúvida,  sua  submissão  ao  procedimento  de
liquidação  regulado  nos  arts.  509  a  512.9 É  importante  registrar  que,  coerentemente  com  a  nova  sistematização
legal  dos  títulos  executivos  judiciais  (art.  515),  a  disciplina  da  liquidação  não  se  restringe  às  sentenças
condenatórias  genéricas.  Consoante  dispõe,  de  maneira  clara,  o  art.  509,  “quando  a  sentença  condenar  ao
pagamento de quantia ilíquida, proceder­se­á a sua liquidação, a requerimento do credor ou devedor”. Assim como
o  art.  515,  I,  conceitua  o  título  executivo  judicial  sem  levar  em  conta  a  natureza  da  sentença,  também  o
procedimento  liquidatório  é  traçado  para  ser  aplicado  a  qualquer  sentença  –  e  não  apenas  à  condenatória  –  que
acerte a existência de uma obrigação sem determinar o respectivo valor.10
Casos de iliquidez da sentença
A iliquidez da condenação pode dizer respeito à quantidade, à coisa, ou ao fato devidos.
Nas dívidas de dinheiro, dá­se a iliquidez da sentença, em relação aoquantum debeatur quando:
(a) condena ao pagamento de perdas e danos, sem fixar o respectivo valor;
(b) condena em juros, genericamente;
(c) condena à restituição de frutos, naturais ou civis;
(d) condena o devedor a restituir o equivalente da coisa devida;
(e)  em  lugar  do  fato  devido,  e  a  que  foi  condenado  o  devedor,  o  credor  prefere  executar  o  valor
correspondente, ainda não determinado.11
Em relação à coisa devida, a sentença é  ilíquida quando condena: (i) à  restituição de uma universalidade de
fato, como por exemplo na petição de herança; (ii) em obrigação alternativa.12
Considera­se, finalmente,ilíquida a sentença, com relação ao fato devido, quando condena o vencido a obras
e serviços não individualizados, tais como reparação de tapumes, medidas para evitar ruína, poluição ou perigo de
dano a bens de outrem etc.
Embora vários sejam os casos de  iliquidez de sentença, o procedimento  liquidatório especial  regulado pelos
arts.  509  a  512  do  NCPC  cuida  apenas  das  sentenças  genéricas  proferidas  sobre  obrigações  de  prestação  em
dinheiro, ou substituídas por prestação dessa espécie.
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A  iliquidez  pode  ocorrer  no  julgamento  de  qualquer  modalidade  de  ação  ou  procedimento.  Todavia,  no
procedimento sumário ratione materiae, previsto no art. 275, II, do CPC de 1973 e mantido temporariamente pelo
art.  1.046,  §  1º,  do  NCPC,  a  condenação  pecuniária  não  pode  ser  ilíquida.  Compete  ao  juiz  proferir  sempre
condenação  de  valor  determinado,  valor  que  será  definido  segundo  a  prova  disponível,  ou  o  mesmo  sendo
imprecisa dita prova, caberá ao sentenciante fixá­lo “a seu prudente critério” (art. 475­A, § 3º, do CPC/1973).
Também nas ações de competência do Juizado Especial Civil, o art. 38, parágrafo único, da Lei 9.099/1995
não admite sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.
Natureza jurídica da liquidação da sentença
Na história do processo civil  brasileiro,  a  liquidação de  sentença  já  foi  classificada como  incidente da  ação
executiva, ou seja, como fase vestibular do próprio processo de execução (Código de 1939). No texto primitivo do
Código  de  1973  passou  à  categoria  de  “processo  preparatório”,  anterior  à  instauração  da  execução  forçada,
desenvolvendo­se, ainda no plano do processo de conhecimento, mas em outra relação processual inaugurada após
o  encerramento  do  processo  principal  que  culminara  com  uma  sentença  genérica.13  Somente  após  uma  nova
sentença é que, nos termos do antigo art. 611, o credor poderia propor a ação de execução da sentença. O julgado
do  procedimento  liquidatório  configurava,  portanto,  uma  sentença  de  natureza  declaratória,  necessária  para
completar o título executivo, já que antes dela o credor ainda não contava com título de obrigação certa, líquida, e
exigível, para atender às exigências do art. 586 do CPC/1973.14
Tinha­se, na espécie, um título executivo múltiplo, porquanto integrado por mais de um documento e mais de
uma declaração  de  vontade:  assim  é  que  a  primeira  sentença  dava certeza ao  direito  do  credor,  e  a  segunda  lhe
adicionava a liquidez e, consequentemente, a exigibilidade.15
De tal arte, a sentença que fixava e determinava o objeto da condenação ilíquida era sentença de mérito, como
aquela que a antecedera e ficara incompleta pela indeterminação do quantum ou do quod debeatur. Completando a
atividade jurisdicional de conhecimento, a sentença liquidatória fazia coisa  julgada material, nos precisos  termos
dos arts. 467 e 468 do CPC/1973.16
Em conclusão, não mais  se podia  conceituar  a  liquidação como uma  faseou  um  incidente  da  execução.  Seu
caráter era típico de um processo de conhecimento preparatório de uma futura execução forçada.17
A reforma do CPC de 1973 implantada pela Lei 11.232, de 22.12.2005, ao extinguir a actio  iudicati, aboliu
também, a liquidação como ação contenciosa cognitiva entre o encerramento do processo principal e a abertura do
processo de execução. Assim como os próprios atos de cumprimento da sentença deixaram de ser objeto de ação
separada (actio iudicati), também os atos de liquidação passaram à condição de simples incidente complementar da
sentença condenatória genérica. Esse entendimento foi seguido pelo novo Código.
Não  há  mais  uma  nova  sentença  de  mérito.  A  definição  do  quantum  debeatur  transmudou­se  em  simples
decisão  interlocutória  de  caráter  complementar  e  com  função  integrativa.  Tal  como  se  fora  um  embargo  de
declaração,  o  decisório  de  liquidação  simplesmente  agrega  o  elemento  faltante  à  sentença,  i.e.,  o  quantum  a  ser
pago em função do débito já reconhecido no julgado ilíquido.
Isto não quer dizer que o julgamento do incidente não decida sobre o mérito da causa. Embora sob a forma de
decisão  interlocutória (NCPC, art. 1.015, parágrafo único),18 o  tema enfrentado  integra questão genuinamente de
mérito,  por  versar  sobre  um dos  elementos  da  lide. Não deixará,  portanto,  de  produzir  a  coisa  julgada material.
Aliás, o novo Código desatrelou o conceito de coisa julgada material da sentença, reconhecendo­a, genericamente,
a qualquer decisão de mérito não mais sujeita a recurso (art. 502).
Não ofende a coisa julgada a liquidação que, por meio de compensações, chegue a um saldo igual a zero ou
negativo em desfavor daquele que tenha sido beneficiado com a sentença de procedência da pretensão condenatória.
Ser reconhecido como credor de certa obrigação não exclui a possibilidade de compensação, mormente quando tal
tenha sido previsto na sentença. Se o julgado é ilíquido, a apuração definitiva dos créditos de cada parte dependerá
do  procedimento  liquidatório,  cujo  resultado  era  imprevisível  ao  tempo  do  julgamento  do  processo  de
conhecimento. O que se acertou na fase cognitiva foi apenas a existência do an debeatur, de sorte que o quantum
debeatursomente passaria por acertamento por meio da liquidação da sentença. Nessa altura, é que será definido o
crédito  de  cada  um  dos  litigantes  e  apurado  o  saldo  credor,  que  tanto  poderá  ser  igual  a  zero  (se  os  créditos
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826.
827.
recíprocos se igualarem) como poderá se revelar favorável ao autor ou ao réu.19
Outra situação interessante ocorre quando a sentença define a obrigatoriedade de indenização de determinado
dano, “mas nenhuma das partes está em condições de demonstrar a existência e extensão desse dano”, caso em que
“não  é  possível  ao  juízo  promover  a  liquidação  da  sentença  valendo­se,  de  maneira  arbitrária,  de  meras
estimativas”. A orientação do STJ é no sentido de que “impossibilitada a demonstração do dano sem culpa de parte
a  parte,  deve­se,  por  analogia,  aplicar  a  norma  do  art.  915  do  CPC/1939,  extinguindo­se  a  liquidação  sem
resolução de mérito quanto ao dano cuja extensão não foi comprovada”. Assim, facultar­se­á à parte interessada “o
reinício dessa fase processual, caso reúna, no futuro, as provas cuja inexistência se constatou”.20
A liquidação e os honorários advocatícios
Antes da Lei 11.232/2005, à época do CPC/1973, havia na jurisprudência controvérsia acerca da aplicação de
nova verba honorária no procedimento de liquidação da sentença genérica. Na liquidação por arbitramento, o STJ
entendia  que  não  era  o  caso  de  honorários  advocatícios,  porquanto  a  disputa  se  limitava  ao  quantitativo  da
condenação  e  não  à  sua  qualidade.21  Na  liquidação  por  artigos  (hoje  denominada  liquidação  pelo  procedimento
comum), chegou­se a decidir que o cunho de maior contenciosidade permitia a  imposição de novos honorários à
parte sucumbente.22 Havia, contudo, decisões em sentido contrário.23
Tendo  a  liquidação  perdido  o  caráter  de  um  novo  e  separado  procedimento  para  se  tornar  um  simples
incidente do procedimento ordinário, tanto que o art. 1.015, parágrafo único,24 do NCPC, prevê a interposição do
agravo de  instrumento contra as decisões proferidas na  fase de  liquidação de  sentença, passamos a entender que
não  haveria maisrazão  para  se  pretender  aplicar  a  verba  sucumbencial  advocatícia,  na  espécie.  Com  efeito,  no
processo de conhecimento a condenação em honorários ocorre na sentença (NCPC, art. 85)25 e na reconvenção, no
cumprimento  de  sentença,  provisório  ou  definitivo,  na  execução  resistida  ou  não,  e  nos  recursos  interpostos
(NCPC, art.  85, § 1º). Os  incidentes  e  recursos desse  tipo de processo,  julgados por decisão  interlocutória, não
dariam  lugar  à  aplicação  de  tal  sanção.26  Daí  a  conclusão  de  que,  no  atual  sistema  da  liquidação  embutida  no
processo condenatório, não se poderia aplicar a verba de honorários advocatícios prevista no art. 85 do NCPC.
Força  é  notar  que  a  orientação  adotada  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça,  no  tocante  ao  incidente  de
cumprimento  da  sentença,  tomou  rumo  diferente  daquele  que  havíamos  preconizado  (ver  o  item  843).  Sem
embargo de reconhecer­se que a execução de sentença não configura mais ação e que não passa de mero incidente
processual, a jurisprudência mantém sua sujeição a nova verba sucumbencial advocatícia, aplicando­lhe, portanto,
a regra do art. 85, § 1º, do NCPC.27 Se assim é para o cumprimento e a impugnação, no caso de sentença líquida,
assim também haverá de ser para o caso do incidente de liquidação da sentença genérica.
Conservar­se­á, de tal sorte, o antigo posicionamento do STJ, segundo o qual na liquidação por arbitramento,
como mero acertamento de valores, não há em regra sucumbência e, portanto, descabe a imposição de honorários
de advogado. Já na  liquidação pelo procedimento comum, em que por regra se registra contenciosidade, podendo
divisar­se parte vencida e parte vencedora, justifica­se a aplicação do encargo advocatício.28
De  qualquer modo,  para  se  cogitar  de  sucumbência,  seja  para  o  fim  de  honorários  de  advogado,  seja  para
justificar  a  remessa  necessária  (nos  casos  de  participação  da Fazenda Pública),  é  indispensável  que  a  liquidação
tenha  sido  impugnada,  pois  somente  na  solução  de  pontos  controvertidos  (i.e.,  dequestões)  é  possível  divisar
vencidos  e  vencedores.  Logo,  se  o  incidente  complementar  da  condenação  ilíquida  transcorre  livre  de  qualquer
resistência  ou  questionamento,  de  parte  a  parte,  inexistirá  justificativa  para  outra  verba  honorária,  a  par  daquela
constante na sentença.
Limites da liquidação
A  decisão  de  liquidação  é  um  simples  complemento  da  sentença  de  condenação.29  O  procedimento
preparatório da liquidação não pode ser utilizado como meio de ataque à sentença liquidanda, que há de permanecer
intacta.  Sua  função  é  apenas  a  de  gerar  uma  decisão  declaratória  do  quantum  debeatur  que,  na  espécie,  já  se
contém  na  sentença  genérica,  e  que  é  proferida  em  complementação  desta.30  Por  isso,  o  Código  é  taxativo  ao
dispor que “na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou” (NCPC, art. 509,
§ 4º).31
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828.
829.
830.
Não  se  deve  nunca  perder  de  vista  o  conceito  que  o  Código  faz  da  sentença,  considerando­a  solenemente
como  portadora  da  “força  de  lei  nos  limites  da  questão  principal  expressamente  decidida”  (art.  503,  caput)32  e
tornando­a imutável e indiscutível após o trânsito em julgado (art. 502).33
A  restrição  do  art.  509,  §  4º,  todavia,  não  atinge  os  juros,  nas  dívidas  de  dinheiro  ou  que  se  reduzem  a
dinheiro,  porque  nas  condenações  a  elas  referentes  considera­se  implicitamente  contida  a  verba  acessória  dos
juros, nos termos do art. 322, § 1º.34 Dessa forma, “incluem­se os juros moratórios, na liquidação, embora omisso
o  pedido  inicial  ou  a  condenação”  (STF,  Súmula254).35  O mesmo  é  de  observar­se  com  a  correção monetária,
prevista  no  art.  389  do  Código  Civil,  que  é  um  complemento  legal  ou  necessário  de  qualquer  sentença
condenatória e que, por isso mesmo, independe de pedido do autor ou de declaração expressa da sentença.
Tratando­se  de  obrigação  legal,  a  verba  de  honorários  advocatícios  sucumbenciais,  quando  omitida  na
sentença, poderia ser apurada na liquidação, tal como a dos juros. Entretanto, a jurisprudência consolidada do STJ
é no sentido de que “os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem
ser cobrados em execução ou em ação própria” (Súmula 453/STJ).
Embora o novo Código não tenha acolhido integralmente o entendimento do STJ, pois admite o ajuizamento
de ação autônoma na hipótese, parece que também não permitiu a cobrança dos honorários omitidos em execução,
uma vez que dispôs, expressamente, no art. 85, § 18, que “caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto
ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança”. Assim, ao que
tudo  indica,  se  a  parte  não  interpuser  embargos  declaratórios  para  suprir  a  lacuna,  antes  da  formação  da  coisa
julgada, não poderá pleitear a inclusão dos honorários na ulterior liquidação de sentença.
Contraditório
O devedor é sempre ouvido na liquidação, que segue a forma de um contraditório perfeito. Poderá defender­
se,  combatendo  excessos  do  credor  e  irregularidades  na  apuração  do  quantum  debeatur.  Tal  defesa  não  se
confunde com os embargos à execução e, por isso mesmo, pode ser produzida independentemente de penhora.
Aliás, é bom lembrar que a impugnação oposta ao cumprimento da sentença, após a sua liquidação, não pode
reabrir discussão sobre as questões solucionadas na decisão liquidatória. Sobre seu conteúdo incide a res  iudicata,
de maneira que à impugnação do devedor só resta a matéria do art. 525, § 1º,36do NCPC.
Liquidez parcial da sentença
Pode ocorrer que uma só sentença condene o vencido a uma parcela líquida e outra ilíquida, como é comum
acontecer  nas  reparações  do  dano  provocado  em  colisão  de  automóveis,  em  que  quase  sempre  se  determina  o
ressarcimento  do  valor  exato  das  despesas  de  oficina  e mais  os  prejuízos  da  paralisação  do  automóvel  a  serem
estimados em liquidação do julgado. Em tais hipóteses, é direito do credor, desde logo, executar a parte líquida da
sentença. Poderá, também, facultativamente, propor em paralelo a liquidação da parte ilíquida.
São,  no  entanto,  dois  procedimentos  distintos  e  de  objetos  totalmente  diversos,  que  poderão,  em  suas
marchas processuais, inclusive dar ensejo a provimentos e recursos diferentes e inconciliáveis. Deverão, por isso,
correr em autos apartados: a execução nos autos principais e a liquidação em autos apartados formados com cópias
das peças processuais pertinentes (NCPC, art. 509, § 1º).37­38
Observe­se, porém, que o ajuizamento  simultâneo é uma  faculdade apenas do credor, que, por  isso, poderá
preferir liquidar primeiro a parte ilíquida e depois ajuizar a execução, de uma só vez, sobre toda a condenação.
Liquidação por iniciativa do vencido
O devedor tem não apenas o dever de cumprir a condenação, mas também o direito de se liberar da obrigação.
Assim, o Código de 1973 reconhecia  legitimidade  tanto ao vencedor como ao vencido para promover a execução
da sentença (art. 570), embora fosse tecnicamente impróprio falar­se em execução pelo devedor.
A Lei 11.232 revogou o art. 570 de referida lei, porque na nova sistemática de cumprimento da sentença não
há mais ação de execução do  título  judicial. Se não há ação do credor para exigir do devedor o cumprimento da
prestação devida, também não pode existir ação consignatória do devedor para forçar aquele a receber o pagamento05/08/2015 Minha Biblioteca | Curso de Direito Processual Civil
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831.
832.
ordenado pela sentença. Tudo se resolve sumariamente em incidentes complementares à sentença.
Sendo  a  liquidação  um  processo  preparatório  da  execução,  e  também  um meio  de  propiciar  ao  devedor  a
solução  de  sua  obrigação,  e  se  o  credor  permanece  inerte  após  a  sentença  condenatória,  não  se  pode  recusar  ao
devedor a  faculdade de  tomar a  iniciativa de propor a  liquidação, assumindo posição ativa no procedimento. Por
esse motivo,  o novo CPC  foi  expresso  em autorizar  a  liquidação pelo devedor:  “quando a  sentença  condenar  ao
pagamento  de  quantia  ilíquida,  proceder­se­á  a  sua  liquidação  a  requerimento  do  credor  ou  do  devedor”  (art.
509, caput).39
Recursos
Com  a  simplificação  do  procedimento  de  cumprimento  da  sentença,  o  decisório  que  julga  o  incidente  de
liquidação,  em  qualquer  de  suas  formas  (arbitramento  ou  procedimento  comum),  passou  a  configurar  decisão
interlocutória,  cuja  impugnação  recursal  haverá  de  ser  feita  por  agravo  de  instrumento  (NCPC,  art.  1.015,
parágrafo  único).  Tal  recurso  é  desprovido  de  efeito  suspensivo  (art.  995),40  de  sorte  a  não  impedir  os  atos
subsequentes de cumprimento da sentença liquidada.
Não só da decisão final do incidente de liquidação, mas também das questões resolvidas  incidentalmente no
curso da liquidação, caberá o agravo de instrumento (art. 1.015, parágrafo único).
Nos atos preparatórios da execução de  títulos extrajudiciais não há  lugar para o procedimento específico de
liquidação disciplinado pelos arts. 509 a 512. É comum, no entanto, discussão e deliberação acerca dos cálculos de
atualização  do  valor  executado  com  fundamento  em  títulos  extrajudiciais.  O  caso,  também,  é  de  decisão
interlocutória  atacável  por  agravo  de  instrumento,  se  a  controvérsia  não  se  travar  no  bojo  dos  embargos  do
devedor.41 Somente nesta última hipótese é que se há de admitir apelação.
Também não  tem sentido a exigência de um procedimento  liquidatório  sujeito à  sentença de mérito e duplo
grau  de  jurisdição,  quando  o  título  judicial  contém  condenação  de  valor  certo  sujeito  apenas  a  juros  e  correção
monetária,  por  índices  certos  ou  oficiais.  Ditos  acessórios  que  variam  dia  a  dia  não  retiram  da  condenação  o
caráter  de  liquidez. Devem,  por  isso,  ser  apurados  no  curso  do  processo,  no momento  da  satisfação  efetiva  do
direito do credor, por simples cálculo aritmético. Tal como se passa em relação ao  título executivo extrajudicial,
devem  ser  tratados  e  solucionados,  quando  houver  alguma  controvérsia  a  seu  respeito,  em  simples  decisões
interlocutórias,  sem procrastinação dos  atos  executivos  normais. Exigir  o  julgamento de  cálculos  desse  tipo por
sentença antes do início da execução é um formalismo inútil e sem qualquer sentido prático, pois, ao efetuar­se a
citação executiva, o cálculo prévio do quantum debeatur já estará inevitavelmente defasado.
Liquidação frustrada
Quando  o  promovente  não  fornece  os  elementos  necessários  à  apuração  doquantum  debeatur,  ou  quando
promove  a  liquidação  por  meio  inadequado  (arbitramento  em  lugar  do  procedimento  comum,  por  exemplo),  o
processo fica frustrado, por não alcançar o seu objetivo, que é a definição precisa do objeto da condenação.
In casu, não corre  improcedência do pedido, mas  sim extinção do processo  sem  julgamento do mérito, que
será reconhecida por sentença. Esse julgamento acarretará o ônus das custas para o credor, mas não impedirá que
ele proponha nova liquidação,42 porque não haverá coisa julgada material.
Esta,  também,  será  a  solução  quando,  tentada  a  liquidação  pelo  procedimento  comum,  não  se  conseguir  a
prova dos fatos necessários para a definição do quantum debeatur. Extinguir­se­á o processo liquidatório e, à falta
de  outros  meios,  proceder­se­á  à  sua  reabertura  sob  a  forma  de  liquidação  por  arbitramento,  para  não  se
transformar em inexequível a sentença condenatória genérica que já apurou e declarou a existência da obrigação do
vencido.  Ao  devedor,  porém,  será  admissível  opor­se  ao  arbitramento,  assumindo  o  ônus  de  provar  os  fatos
necessários  à  quantificação  da  obrigação  de maneira  precisa,  evitando  assim  sua mera  estimativa.  É  importante
lembrar  que  o  direito  de  liquidar  a  sentença  genérica  não  é  exclusivo  do  credor  e  cabe  igualmente  ao  devedor
(NCPC, art. 509, caput, in fine).
A  rigor  não  deveria  acontecer  liquidação  negativa,  ou  seja,  sem  saldo  algum  a  favor  do  credor,  pois  a
condenação,  se  pode  ser  genérica,  não  pode,  entretanto,  ser  hipotética.  Ao  juiz  é  dado  condenar  sem  conhecer
exatamente o montante do débito a ser satisfeito; não  lhe cabe, porém, condenar sem saber se existe o débito. A
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liquidação, na verdade, pressupõe certeza da obrigação já definida no julgamento anterior. Não obstante, é possível
que a previsão do juiz falhe e ao liquidar­se a condenação genérica se chegue justamente à conclusão de que nada
há a ser pago pelo réu ao autor. É o que se passa, por exemplo, quando, ao se compensarem os danos a indenizar
com benfeitorias a ressarcir, se chega à ausência de saldo em favor da parte promovente da liquidação; ou quando
ao se quantificar os efeitos dos fatos cogitados na sentença se apure lucro em vez de prejuízo.
A sentença liquidatória, em tal situação, encerrará o processo declarando a inexistência de crédito em prol da
parte  que  o  promoveu.  Não  se  terá,  todavia,  frustrado  a  liquidação,  visto  que,  de  qualquer  modo,  estará
definitivamente acertada entre as partes a situação imprecisa decorrente da condenação genérica.
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833.
834.
§ 104. PROCEDIMENTOS DA LIQUIDAÇÃO
Sumário: 833. Procedimentos possíveis. 834. Liquidação por cálculo. 835. Cálculo com base em dados ainda não
juntados  aos  autos.  836.  Memória  de  cálculo  a  cargo  da  parte  beneficiária  da  assistência  judiciária.  837.
Liquidação  por  arbitramento.  838.  Liquidação  pelo  procedimento  comum.839.  A  indisponibilidade  do  rito  da
liquidação. 840. Rescisão da decisão liquidatória.
Procedimentos possíveis
O  processamento  da  liquidação  faz­se,  ordinariamente,  nos  próprios  autos  da  ação  condenatória.  Quando
couber  a  execução  provisória  (NCPC,  arts.  520  e  1.012,  §  2º),43  liquida­se  a  sentença  em  autos  apartados
formados com cópias das peças processuais pertinentes (art. 512).44 Assim também se procede quando a sentença
contém parte  líquida e parte  ilíquida, porque o credor  tem direito de promover, paralelamente, o cumprimento da
condenação já liquidada na sentença e a liquidação da sua parte genérica (art. 509, § 1º).
Nos  casos  de  liquidação  e  execução,  parciais  e  simultâneas,  de  um  só  julgado,  os  pedidos  devem  ser
formulados  e  processados  separadamente.  Procedimentos  de  conhecimentos  e  de  execução  não  podem  ser
acumulados simultaneamente num só feito, como é óbvio.
O procedimento da liquidação de sentença variará conforme a natureza das operações necessárias para fixação
do quantum debeatur ou do quod debeatur.
Para tanto, prevê o Código duas modalidades distintas de liquidação:(a) liquidação por arbitramento (art. 509, I);45
(b) liquidação pelo procedimento comum (art. 509, II).46
Na  estrutura  de  cumprimento  da  sentença,  adotada  pelo  Código  de  Processo  Civil  de  1973  e  seguida  pelo
atual,  a  liquidação  não  se  dá  mais  por  meio  de  nova  relação  processual.  Resume­se  a  simples  incidente  do
processo em que houve a condenação genérica. Por isso, não há mais citação do devedor, mas simples intimação
de seu advogado para acompanhar os atos de definição do quantum debeatur  requeridos pelo  credor  (arts.  510  e
511).47 Se o réu for revel e não tiver patrono nos autos, nenhuma intimação lhe será feita, porque, na sistemática
do art. 346,48 o feito corre  independentemente de intimação da parte ausente, enquanto não intervier no processo,
sendo suficiente a publicação do ato decisório no órgão oficial.
Liquidação por cálculo
Já  sob  a  égide  do  Código  anterior,  foi  abolida  a  judicialidade  da  liquidação  por  simples  cálculos,  para  as
hipóteses  em  que  a  apuração  do  quantum  debeaturse  fazia  por  meio  de  operações  aritméticas  sobre  dados  já
conhecidos no processo  (juros, gêneros e  títulos cotados em bolsa). O critério  foi conservado pelo novo Código
que,  em  seu  art.  509,  §  2º,49  dispõe  que  o  próprio  credor  promova,  desde  logo,  o  cumprimento  da  sentença.
Obviamente,  embora  o  Código  não  determine  de  forma  expressa,  o  credor  deverá  elaborar  o  demonstrativo  do
montante da dívida na data da instauração da execução, desde, é claro, que tudo se faça mediante simples cálculo
aritmético.  Para  esse  fim,  o  requerimento  de  cumprimento  da  sentença  será  instruído  com  “demonstrativo
discriminado e atualizada do crédito” (NCPC, art. 524, caput).
Se,  eventualmente,  o  executado  não  aceitar  o  cálculo  do  credor,  terá  de  impugná­lo  com  fundamento  em
excesso de execução (art. 525, § 1º, V).50Sendo material o erro ocorrido, poderá ser corrigido em qualquer tempo,
já  que  a  respeito  de  tais  lapsos  não  se  opera  a  preclusão,  ainda  que  o  cálculo  tivesse  sido  homologado
judicialmente,51 providência  hoje  totalmente  dispensada  pela  lei. Não  se  pode,  outrossim,  aceitar  que  o  devedor
impugne  laconicamente o  cálculo do credor. Assim como o exequente  tem o ônus de discriminar  a  formação do
montante do seu crédito,  também o executado, para atacá­lo,  terá de apontar, analiticamente, o saldo que entende
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835.
836.
837.
correto (art. 525, § 4º).52
Como  a  lei  marca  um  prazo  (quinze  dias)  para  o  devedor  cumprir  a  prestação  a  que  foi  condenado  (art.
523),53 a  ele  também  cabe  a  elaboração  da memória  de  cálculo,  se  o  credor  não  a  diligenciar  antes  do  referido
termo.  É  bom  lembrar  que  o  devedor  tem  não  só  a  obrigação  de  pagar  a  prestação  devida, mas  também  tem  o
direito de fazê­lo, para se libertar do vínculo jurídico que o prende ao credor. É de se ressaltar, ainda, que o não
pagamento no prazo  legal  (tempus  iudicati)  acarreta­lhe  pesada  sanção  representada  pela multa  de  dez  por  cento
prevista no art. 523, § 1º.54 Daí  seu  legítimo  interesse  em providenciar  tempestivamente o  cálculo necessário  ao
cumprimento da sentença.
O Código atual inovou ao determinar que o Conselho Nacional de Justiça desenvolva e coloque à disposição
dos  interessados  programa  de  atualização  financeira,  a  fim  de  uniformizar  os  cálculos  para  todos  os  tribunais  e
foros nacionais (art. 509, § 3º). Até então, à falta de previsão legal, vigorava a praxe de cada tribunal instituir sua
própria tabela de índices de atualização monetária a ser observada nos juízos sob sua jurisdição. A nova disposição
legal  supera, portanto, os  inconvenientes notórios do  regime pretérito, que não convivia bem com o princípio da
isonomia.
Cálculo com base em dados ainda não juntados aos autos
É  muito  comum,  principalmente  em  litígios  com  a  Administração  Pública  e  com  instituições  do  sistema
financeiro, que o cálculo do crédito a executar, embora apurável por simples operações aritméticas, dependa, para
ser preciso, de dados e datas que se acham nos registros do devedor ou de outra fonte oficial.
Cabendo a todos, partes ou não do processo, o dever cívico de colaborar com o Poder Judiciário na prestação
jurisdicional (NCPC, arts. 6º e 378) e sendo dever da parte cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais e não
criar embaraços à  sua efetivação  (art. 77,  IV),  é dado ao  juiz ordenar,  ao  litigante ou  terceiro, que apresente em
juízo os dados úteis à elaboração da memória de cálculo, no prazo que fixar (arts. 396, 401 e 524, § § 3º e 4º).
Se os dados se acham sob controle do devedor, o não cumprimento da ordem judicial redundará na sanção de
reputarem­se  corretos  os  cálculos  apresentados  pelo  credor  (art.  524,  §  5º).  Tal  como  se  passa  com  a  ação  de
prestação  de  contas,  o  executado  perderá  o  direito  de  impugnar  o  levantamento  da  parte  contrária.  É  óbvio,
contudo, se o demonstrativo se mostrar duvidoso ou inverossímil, o juiz poderá se valer do contador do juízo para
conferi­lo, ou de qualquer outro expediente esclarecedor a seu alcance, se entender conveniente (art. 524, § 2º).
Quando  o  detentor  dos  dados  não  for  parte  no  processo,  a  sanção  será  a  da  desobediência  à  ordem  de
autoridade  competente,  sem prejuízo  das  sanções  criminais  e  de medidas  coercitivas,  como  a  busca  e  apreensão
(art. 403, parágrafo único e 524, § 3º).55
Memória de cálculo a cargo da parte beneficiária da assistência judiciária
Quando a parte estiver sob o pálio da assistência judiciária e  tiver dificuldades para preparar, com precisão,
o  cálculo  da  condenação,  o  encargo  que  lhe  toca  poderá  ser  transferido,  por  decisão  judicial,  ao  contador  do
juízo.56Aplica­se à hipótese a regra geral do § 3º, I, do art. 95 do NCPC, de que a parte hipossuficiente tem direito
a que a perícia seja realizada por servidor do Poder Judiciário ou por órgão público conveniado.
Liquidação por arbitramento
Far­se­á a liquidação por arbitramento quando (NCPC, art. 509, I):
(a) determinado pela sentença;
(b) convencionado pelas partes;
(c) o exigir a natureza do objeto da liquidação.
Quando  a  própria  sentença  condenatória  determina  que  a  liquidação  se  faça  por  arbitramento,  a  questão  é
simples e nada mais resta ao credor senão cumprir o julgado.
A convenção das partes, capaz de conduzir o procedimento liquidatório para o arbitramento, pode decorrer de
cláusula contratual anterior à sentença, ou de transação posterior ao decisório.
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Havendo necessidade de provar fatos novos para se chegar à apuração doquantum da condenação, a liquidação
terá de  ser  feita  sob a  forma do procedimento comum (art. 509,  II). Se, porém,  já  existirem nos autos  todos os
elementos necessários para os peritos apurarem o valor do débito, o caso será de arbitramento (art. 509, I).
A  diferença  deste  procedimento  com  o  analisado  nos  itens  anteriores  é  que,  agora,  reclamam­se
conhecimentos  técnicos  dos  árbitros  para  estimar­se  o  montante  da  condenação,  enquanto  nas  liquidações  por
simples  cálculo  ocorrem  apenas  operações  aritméticas,  que  o  próprio  exequente  se  encarrega  de  realizar  no
requerimento do cumprimento de sentença (art. 524).
São exemplos de arbitramento: estimativade desvalorização de veículos acidentados, de lucros cessantes por
inatividade de pessoa ou serviço, de perda parcial da capacidade laborativa etc.
Além dos casos em que a sentença de condenação determina o arbitramento, ou em que as partes elegem de
comum acordo esse sistema de liquidação, terá ele cabimento, ainda, em todos os outros em que a própria natureza
da  prestação  o  exigir.  Sua  admissibilidade  não  é  restrita  às  obrigações  por  quantia  certa. Cabe,  igualmente,  nas
condenações de entrega de coisa e nas prestações de fazer.
O  novo  Código  simplificou  e  facilitou  o  procedimento  da  liquidação  por  arbitramento,  na medida  em  que
conferiu ao juiz poder de intimar as partes para apresentarem pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que
fixar  (art.  510).57­58  Após  analisar  a  documentação  apresentada,  se  entender  possuir  todos  os  elementos
necessários para decidir, julgará a liquidação de plano, dispensando até mesmo a prova pericial (art. 510, in fine).
Somente, portanto, na hipótese de não serem suficientes os documentos apresentados pelas partes é que o juiz
nomeará  perito,  e  o  arbitramento  se  processará  com  observância  das  normas  gerais  da  prova  pericial  (ver  item
746,retro).
Ao  final  do  procedimento,  o  juiz  proferirá  decisão  interlocutória,  na  qual  definirá  o  objeto  líquido  da
condenação.
Liquidação pelo procedimento comum
Far­se­á  a  liquidação pelo procedimento  comum “quando houver necessidade de  alegar  e provar  fato novo”
(art. 509, II).59 Esse tipo de liquidação era denominado, pelo Código anterior, de liquidação por artigos.
O credor, discriminará, em petição, o fato ou os fatos a serem provados para servir de base à liquidação. Não
cabe a discussão  indiscriminada de quaisquer  fatos arrolados ao puro arbítrio da parte. Apenas serão arrolados e
articulados os fatos que tenham influência na fixação do valor da condenaçãoou na individuação do seu objeto. E
a  nenhum  pretexto  será  lícito  reabrir  a  discussão  em  torno  da  lide,  definitivamente  decidida  na  sentença  de
condenação (art. 509, § 4º).60
O  direito  em  jogo  na  liquidação  é  bilateral,  pois  a  legitimidade  para  promovê­la  é  comum  a  autor  e  réu.
Ambos  têm  legítimo  interesse  na  correção  e  completude  da  operação  de  fixação  do  valor  exato  da  condenação.
Assim, em sua defesa, o devedor pode impugnar inclusão de verbas indevidas, o arrolamento de fatos irrelevantes
e  desinfluentes  na  apuração  do quantum debeatur,  bem  como  pretender  a  inclusão  de  fatos  não  invocados  pelo
promovente, mas que devem influir na operação liquidatória.
Para compreender­se bem o conteúdo das provas a serem produzidas na liquidação, é útil o exemplo da ação
de indenização. No processo de cognição, deve o lesado provar a existência dos danos:  ruína do prédio, estragos
do veículo, paralisação dos serviços, redução da capacidade de trabalho etc. Na liquidação da sentença, apurar­se­á
apenas  o  valor  desses  danos  já  reconhecidos  como  existentes  na  condenação.  É  injurídica  a  pretensão,  por  isso
mesmo, de provar o dano na liquidação da sentença, já que, nesse procedimento especial, nunca será possível nem
restringir nem ampliar o fato dos danos e seus limites obrigatoriamente assentados na sentença condenatória.
Exata é a afirmação de Amaral Santos, de que “a  liquidação se destina ademarcar os  limites  enunciados na
sentença  liquidanda”.61  Nada  além  doquantum  debeatur.  O  fim  colimado  é  apenas  e  tão  somente  uma  sentença
declaratória  que,  obviamente,  não  pode  assentar­se  em  fatos  ou  direitos  tendentes  a  modificar  ou  inovar  a
condenação.
A  forma de  requerer a  liquidação pelo procedimento comum, com rigoroso controle de conteúdo da petição
inicial,  prende­se  à  necessidade  de  forçar  o  exequente  a  deduzir  sua  pretensão  da maneira  mais  clara  possível,
evidenciando, à primeira vista, os  fatos novos,  com que  intentará  fixar oquantum debeatur,  e,  ao mesmo  tempo,
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facilitando à parte contrária e ao juiz aquilatarem da pertinência, ou não, dos mesmos fatos diante da condenação a
liquidar.
Um  exemplo:  um  sitiante  foi  condenado  a  indenizar  seu  vizinho  pelo  prejuízo  decorrente  da  invasão  da
lavoura por animais com destruição de toda a colheita esperada. Na ação de conhecimento, como não podia deixar
de ser, ficaram provadas a invasão e a destruição da lavoura. Na liquidação, o prejudicado articulará os seguintes
fatos a serem provados para a apuração do valor da indenização:
(a) extensão da área cultivada destruída;
(b) produtividade da lavoura;
(c) volume da produção prevista;
(d) qualidade do produto esperado;
(e) sua cotação no mercado;
(f) valor  final  líquido da produção não obtida  (prejuízo  a  ser  indenizado,  que  será  igual  à diferença  entre o
valor da produção e o custo da lavoura).
Apresentado o requerimento do credor, será realizada a intimação do vencido, na pessoa de seu advogado ou
da  sociedade  de  advogados  a  que  tiver  vinculado,  para,  querendo,  acompanhar  a  liquidação,  apresentando
contestação,  no  prazo  de  quinze  dias  (art.  511).  Na  sequência,  será  observado,  o  disposto  no  Livro  I  da  Parte
Especial,  ou  seja,  o  procedimento  comum  (especialmente  os  dispositivos  que  cuidam  da  fase  postulatória,  da
audiência de conciliação, do saneamento e da instrução probatória) (art. 511, in fine).
Muito  embora  a  liquidação,  na  espécie,  observe  o  procedimento  contencioso  completo  das  ações  de
conhecimento,  seu  encerramento  não  se  dá  por meio  de  sentença, mas,  de  decisão  interlocutória,  desafiadora  de
agravo de  instrumento,  já que se  forma e se  resolve  incidentalmente dentro do processo de cognição  (art. 1.015,
parágrafo único).
A indisponibilidade do rito da liquidação
Não  têm  as  partes,  nem  o  juiz,  disponibilidade  acerca  dos  procedimentos  previstos  para  a  liquidação  de
sentença. Cada um deles foi traçado pela lei visando a situações específicas e só o uso daquele que for adequado
ao caso concreto é que deverá prevalecer.
O ponto de partida para a escolha entre os diversos  ritos está na análise do grau de  imprecisão da sentença
liquidanda, já que será esse o dado que irá permitir a adoção de um dos caminhos autorizados pela lei, ou seja, o
cálculo do próprio credor, o arbitramento ou o procedimento comum.
Se o julgado se aproximar bastante do quantum debeatur, deixando­o apenas a depender de simples operações
aritméticas,  bastará  ao  credor  fazer  ditas  operações  no  próprio  requerimento  do  cumprimento  da  sentença.  Se  o
grau de imprecisão é muito grande, a ponto de não se encontrarem nos autos todos os dados e fatos indispensáveis
à liquidação e, ao contrário, só se alcançará o quantum debeatur recorrendo­se a fatos estranhos àqueles até então
apurados e comprovados, será a liquidação pelo procedimento comum a única capaz de permitir a declaração válida
do objeto da condenação genérica.
Se,  por  fim,  não  é  a  sentença  suficientemente  precisa  para  que  o  quantumseja  alcançado  por  operações
aritméticas,  nem  é  tão  imprecisa  a  ponto  de  exigir  apuração  de  fatos  novos,  podendo,  por  isso,  a  operação
liquidatória realizar­se com fundamento em dados já disponíveis, o caso será de liquidação por arbitramento. Age­
se,  na  verdade,  por  exclusão,  isto  é,  procede­se  por  arbitramento,  quando  não  é  o  caso  nem  de  cálculo  nem  de
artigos.62
Só se admite o uso judicial de um procedimento quando a parte revelainteresse, e só há interesse, em sentido
processual,  quando o procedimentoeleito  seja útil e adequado à  pretensão  do  promovente.  “Trata­se  –  segundo
Cândido Dinamarco – de matéria de ordem pública, uma vez que situada no campo das condições da ação”, cujo
exame se impõe ao órgão judicial, de ofício, “a qualquer tempo ou grau de jurisdição”.63
Não  se  pode  deixar  de  observar  que,  em  alguns  casos,  o  procedimento  estipulado  pela  lei  acaba  sendo
infrutífero, visto que não logra alcançar a efetiva determinação do quantum debeatur, por particularidades do caso
concreto. Não podendo permanecer eternamente ilíquida a condenação, haverá de ser tomada providência para que
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por outro meio procedimental se possa superar o indesejável impasse (v., retro, o nº 832).
Rescisão da decisão liquidatória
Nos casos de condenação ilíquida, a lide fica apenas parcialmente solucionada: assenta­se a certeza do direito
do  litigante, mas não se define, ainda, exatamente o seu quantum. Por  isso, quando, no  julgamento subsequente,
chega­se  à  definição  exata  do  objeto  da  condenação,  o  decisório  ainda  está  versando  sobre  parte  da  lide,  e,
consequentemente, diz respeito ao mérito da causa.
Jurisprudência  antiga  e  remansosa  sempre  entendeu,  no  regime  originário  do  CPC,  que  o  julgamento  da
liquidação,  como  sentença  de  mérito  que  era,  fazia  coisa  julgada  material  e,  por  isso,  esgotada  a  via  recursal,
somente  poderia  ser  atacada  por  ação  rescisória  (art.  963).64  Não  haveria  que  se  pensar,  na  espécie,  em  ação
comum  anulatória,  como  a mencionada  no  art.  486  do CPC/1973;65  tampouco  seria  lícito  pretender  rediscutir  o
conteúdo da decisão liquidatória na oportunidade de embargos à execução.66
Após  a  reforma  da  Lei  11.232,  de  22.12.2005,  que  transformou  o  julgamento  da  liquidação  em  decisão
interlocutória atacável por agravo de  instrumento  (art. 475­H, CPC/1973; NCPC, art. 1.015, parágrafo único),  a
natureza  do  julgamento  não  sofreu  alteração  alguma.  Se  o quantum  debeatur  é  algo  indissociável  do mérito  da
causa, não importa se sua apreciação se dá formalmente em sentença ou em decisão interlocutória; o julgado a seu
respeito  será  sempre  decisão  de  mérito  e  sua  força  sempre  será  a  de  coisa  julgada  material.  Continuará,  pois,
sendo atacável por ação rescisória.
Assim,  já se decidiu que, embora as decisões de agravo não apreciem, em regra, questões de mérito, o que
afastaria o cabimento da ação rescisória, há, contudo, casos em que, no julgamento de recurso de espécie (proposto
contra  decisão  interlocutória),  a  decisão  final  do  incidente  “constitui  autêntico  exame  do mérito,  de  forma  que,
deferida ou indeferida a pretensão (...), contra ela cabe, evidentemente, ação rescisória”.67 O entendimento merece
prevalecer  para  o  regime  atual  da  liquidação  de  sentença,  já  que,  embora  julgada  por  decisão  interlocutória,  se
aperfeiçoa com exame e solução de questão de mérito.
Fluxograma nº 20
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_________
CPC/1973, art. 463.
CPC/1973, art. 269.
CPC/1973, art. 586.
CPC/1973, art. 475­A.
REIS, José Alberto dos. Processo de Execução. Coimbra: Coimbra Ed., 1943, v. I, n. 54, p. 177.
Aqueles que advogam a possibilidade de liquidação de título extrajudicial, o fazem encaminhando o caso para uma ação
autônoma, que culminaria, na verdade, numa sentença condenatória (ARAÚJO, Luciano Vianna. A ação de liquidação de
título executivo extrajudicial. Revista de Processo, São Paulo, n. 229, 2014, p. 225). Ao contrário da sentença genérica, a
certeza  da  obrigação  retratada  no  título  extrajudicial  não  estaria  imune  à  controvérsia  e  ao  julgamento  de  mérito  na
pretensão “ação de  liquidação”. Logo,  tudo não passaria de mera ação ordinária de cobrança em que, o  título executivo
líquido e certo gerado seria, em verdade, a sentença e, não, aquele extrajudicial que apenas funcionou como fundamento da
ação cognitiva.
CPC/1973, arts. 627, § 2º, e 633, parágrafo único.
CPC/1973, art. 475­N, I.
CPC/1973, arts. 475­A a 475­H.
“Caso a sentença declaratória contenha todos os elementos da obrigação, mas não faça referência ao valor devido, admitir­
se­á  a  liquidação de  tal  sentença,  tal  como ocorre  com a  liquidação de  sentença condenatória”  (MEDINA,  José Miguel
Garcia. A sentença declaratória como título executivo. Revista de Processo, v. 136, p. 77, jun. 2006).
LOPES DA COSTA, Alfredo Araújo. Direito Processual Civil Brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 1959, v. IV, n. 73, p. 71;
CASTRO, Amílcar de. Comentários ao Código de Processo Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1963, v. X, t. I, n. 127, p.
130.
LOPES DA COSTA, Alfredo Araújo. Op. cit., p. 72.
A  liquidação  é  “o  processo  preparatório  em  que  se  determina  o  objeto  da  condenação,  a  fim  de  se  dar  ao  vencido
possibilidade  de  cumprir  o  julgado,  e  ao  vencedor  possibilidade  de  executá­lo  depois  de  verificado  o  inadimplemento”
(CASTRO, Amílcar de. Op. cit., n. 127, p. 130).
AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras linhas do Direito Processual Civil. 4. ed. São Paulo: Max Limonad, 1973, v. III, n.
823, p. 259.
CARNELUTTI, Francesco. Istituzioni del Processo Civile Italiano. 5. ed. Roma: Società Editrice del Foro Italiano, 1956, v.
I, n. 175, p. 165.
TEIXEIRA, Sálvio Figueiredo. Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1979, nota ao art. 609, p. 146.
LIMA, Alcides de Mendonça. Comentários ao CPC. Rio de Janeiro: Forense, 1974, v. VI, n. 128, p. 572.
CPC/1973, art. 475­G.
Chegar na liquidação à conclusão de que o quantum debeatur é zero, “de forma alguma, significa  inobservância da coisa
julgada”. Ou seja, a situação, “ainda que não desejada, tem o condão de adequar à realidade uma sentença condenatória que,
por ocasião de sua liquidação, mostra­se vazia, porquanto não demonstrada sua quantificação mínima e, por conseguinte, sua
própria existência” (STJ, 3ª T., REsp 1.011.733/MG, Rel. Min. Massami Uyeda, ac. 1º.09.2011, DJe 26.10.2011).
STJ, 3ª T., REsp 1.280.949/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, ac. 25.09.2012, DJe03.10.2012.
STJ,  4ª  T., REsp  276.010/SP, Rel. Min.  Sálvio  de  Figueiredo Teixeira,  ac.  24.10.2000, RSTJ  142/387;  STJ,  3ª  T., REsp
39.371/RS, Rel. Min. Nilson Naves, ac. 08.08.1994, DJU 24.10.1994, p. 28.753.
STJ, 3ª T., REsp 7.489/SP, Rel. Min. Dias Trindade, ac. 20.03.1991, DJU 22.04.1991, p. 4.787; STJ, Corte Especial, EREsp
179.355/SP, Rel. Min. Barros Monteiro, ac. 17.10.2001, RSTJ 164/34.
STJ, 3ª T., REsp 29.151/RJ,Rel. Min. Nilson Naves, ac. 20.09.1994, RSTJ 76/162.
CPC/1973, art. 20, caput.
CPC/1973, art. 571.
STF, 1ª T., RE 97.031/RJ, Rel. Min. Alfredo Buzaid, ac. 05.11.1982, RTJ 105/388; STJ, 4ª T., REsp 40.879/SP, Rel. Min.
Fontes  de  Alencar,  ac.  05.04.1994,  RSTJ63/405;  STJ,  1ª  T.,  REsp  3.925/SE,  Rel.  Min.  Armando  Rolemberg,  ac.
20.08.1990,RSTJ 13/419; STJ, 1ª T., REsp 1.016.068/PR, Rel. Min. Francisco Falcão, ac. 17.04.2008, DJe 15.05.2008.
CPC/1973, art. 20, § 4º.
STJ, Corte Especial, EREsp 179.355/SP, Rel. Min. Barros Monteiro, DJU11.03.2002; STJ,  4ª T., REsp 276.010/SP, Rel.
05/08/2015 Minha Biblioteca | Curso de Direito Processual Civil
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Min.  Sálvio  de  Figueiredo,  ac.  24.10.2000, RSTJ  142/387;  STJ,  3ª  T.,  REsp  231.151/PR,  Rel.  Min.  Ari  Pargendler,  ac.
16.11.2006, DJU 11.12.2006, p. 352. Até mesmo nas liquidações por arbitramento tem­se imposto a verba advocatícia quando
o procedimento assumir “nítido caráter contencioso” (STJ, 3ª T., AgRg no Ag 1.324.453/ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, ac.
14.12.2010, DJe 02.02.2011). No mesmo sentido: STJ, 4ª T., AgRg no REsp 1.195.446/PR, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior,
ac.  08.02.2011,  DJe  24.02.2011;  STJ,  3ª  T.,  AgRg  no  AREsp  530748/SP,  Rel.  Min.  Marco  Aurélio  Bellizze,  ac.
21.10.2014,  DJe  29.10.2014;  STJ,  3ª  T.,  AgRg  no  AREsp  532.835/RS,  Rel.  Min.  Nancy  Andrighi,  ac.
21.08.2014, DJe 03.09.2014.
LOPES DA COSTA, Alfredo Araújo. Direito Processual Civil Brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, n. 75, p. 73.
AMARAL SANTOS, Moacyr. Op. cit., n. 827, p. 262.
CPC/1973, art. 475­G.
CPC/1973, art. 468.
CPC/1973, art. 467.
CPC/1973, art. 293.
Quando se trata, porém, de juros sobre capital próprio, regulados pela legislação especial das sociedades anônimas, o STJ,
em  regime  de  recursos  repetitivos  (CPC,  art.  543­C  –  NCPC,  art.  1.036)  fixou  o  seguinte  entendimento:  “admite­se  a
condenação ao pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio independentemente de pedido expresso”; mas, descabe
incluir tais juros no cumprimento da sentença, sem que esta os tenha previsto. (STJ, 2ª Seção, REsp 1.373.438/RS, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, ac. 11.06.2014, DJe17.06.2014).
CPC/1973, art. 475­L.
CPC/1973, art. 475­I, § 2º.
LIMA, Alcides de Mendonça. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1974, v. VI, t. II, n. 920, p.
413.
CPC/1973, art. 475­A.
CPC/1973, art. 497.
STJ, Emb. Div. em REsp 16.541­0/SP, Rel. Min. Costa Leite, ac. 12.11.1992, RSTJ42/385.
STJ, 3ª T., AgRg no REsp 373.891/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, ac. 18.08.2005, DJU 12.09.2005, p. 315; STJ, 3ª
T., REsp 1.280.949/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, ac. 25.09.2012, DJe 03.10.2012.
CPC/1973, arts. 475­O e 521.
CPC/1973, art. 475­A, § 2º.
CPC/1973, art. 475­C.
CPC/1973, art. 475­E.
CPC/1973, art. 475­A, § 1º.
CPC/1973, art. 322.
CPC/1973, art. 475­B.
CPC/1973, art. 475­L, V.
RIBAS, Antônio  Joaquim Ribas. Consolidação  das  Leis  do Processo Civil.  Rio  de  Janeiro:  Dias  da  Silva  Junior,  1879
(comentário CCCLXXI); PEREIRA E SOUZA, Joaquim José Caetano. Primeiras  linhas sobre o Processo Civil. Rio de
Janeiro: Garnier, 1907, p. 882; CASTRO, Amílcar de. Comentários ao Código de Processo Civil.  2.  ed. Rio de  Janeiro:
Forense, 1963, v. X, n. 136, p. 137.
CPC/1973, art. 475­L, § 2º.
CPC/1973, art. 475­J.
CPC/1973, art. 475­J.
CPC/73, art. 362 e sem correspondente quanto ao atual art. 524.
“Se  o  credor  for  beneficiário  da  gratuidade  de  justiça,  pode­se  determinar  a  elaboração  dos  cálculos  pela  contadoria
judicial” (STJ, 2ª Seção, REsp 1.274.466/SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, ac. 14.05.2014, DJe 21.05.2014, Rec.
repetitivo:  CPC,  art.  543­C.  Precedente:  STJ,  Corte  Especial,  EREsp  450.809/RS,  Rel.  Min.  Franciulli  Netto,  ac.
23.10.2003, DJU 09.02.2004, p. 126).
CPC/1973, art. 475­D.
“Na  fase  autônoma de  liquidação de  sentença  (por  arbitramento  ou  por  artigos),  incumbe  ao devedor  a  antecipação  dos
honorários periciais”, e não ao credor, porque, na espécie, quem deve suportar os custos da execução é aquele e não este
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(STJ, 2ª Seção, REsp 1.274.466/SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, ac 14.05.2014,DJe 21.05.2014). A decisão  foi
pronunciada em regime de recursos repetitivos, na forma do art. 543­C do CPC.
CPC/1973, art. 475­E.
CPC/1973, art. 475­G.
AMARAL SANTOS, Moacyr. Primeiras linhas do Direito Processual Civil. 4. ed. São Paulo: Max Limonad, 1973, v. III, n.
827, p. 262.
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1976,
v. 9, p. 534­535.
DINAMARCO, Cândido Rangel. “As três figuras da liquidação de sentença”.Estudos de Direito Processual em Memória de
Luiz Machado Guimarães. Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 110.
CPC/1973, art. 485.
“No  julgamento da  liquidação de sentença, ainda que por cálculo do contador, existe verdadeira decisão do  juiz. Não se
limita a autenticar o ato do contador. Fixa os limites do aresto exequendo e, consequentemente, é sentença de mérito. Ela
não é apenas uma sentença na forma, mas também de conteúdo, de fundo” (STF, RE 87.109, Rel. Min. Cunha Peixoto, ac.
18.03.1980,  DJU  25.04.1980).  Qualquer  que  seja  a  forma  de  liquidação,  a  sentença  faz  coisa  julgada  e  só  pode  ser
desconstituída mediante rescisória, tanto na ótica do STF como do STJ (RTJ 101/665 e 114/788;RSTJ 99/37).
Como  decidiu  o  TJMG,  não  se  pode  discutir,  em  embargos,  a  pretexto  de  excesso  de  execução,  o  valor  “formado  pela
sentença condenatória liquidada com aprovação do recorrente”, e que “deu ensejo a uma sentença que julgou a liquidação,
sem  que  houvesse  contra  ela  qualquer  recurso”  (TJMG,  4ª  CC.,  Ap.  76.841­4,  Rel.  Des.  Paulo  Viana  Gonçalves,  ac.
18.08.1988, Jurisprudência Mineira 104/228). Nesse  sentido:  STJ,  2ª  T., REsp  1.107.662/SP, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, ac. 23.11.2010,DJe 02.12.2010.
1º TACivSP, AR 380.002, Rel.  Juiz Bruno Neto,  ac.  10.08.1988, RT  634/93. O STJ,  nessa  linha,  admite  ação  rescisória
contra decisão singular do relator em agravo contra o despacho denegatório do especial, se a questão federal (mérito) foi
apreciada  (STJ  –  2ª  Seção,  AR  311­0/MA,  Rel.  Min.  Nilson  Naves, RSTJ  82/139.  No  mesmo  sentido:  RSTJ  103/279
e  RT  712/731;  STJ,  3ª  Seção,  AR  2.716/RJ,  Rel.  Min.  Nilson  Naves,  Rel.  p/  Acórdão  Ministro  Felix  Fischer,  ac.
13.02.2008, DJe13.08.2008).