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UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Toledo RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA Prática 01: Instrumentos de Medida de Vazão, Pressão e Temperatura Eduardo Ricken Mattiello Gabriel Sperotto Maurício Tombini Munaro Rafael Maurício Urnau TOLEDO - PARANÁ Abril de 2015 RESUMO Foram estudados os equipamentos de medida de vazão, pressão e temperatura com o objetivo de aprender o princípio de funcionamento e efetuar a calibração de cada instrumento. Para a medida de vazão, utilizou-se o rotâmetro, onde sua calibração foi efetuada de acordo com a medida indireta da vazão em uma tubulação por meio da massa de água e tempo de escoamento, em duplicata. Os dados experimentais foram ajustados linearmente, onde obtiveram-se uma boa precisão e exatidão do equipamento, indicados por seus parâmetros do ajuste. A medição de pressão foi estudada utilizando-se o manômetro de Bourdon, onde sua calibração foi efetuada a partir da medida da pressão da tubulação por meio de um manômetro de Tubo em U. Os resultados do ajuste linear também indicaram uma boa precisão e exatidão do instrumento. Em relação a medição de temperatura, foram estudados três tipos de termômetros (termopar, mercúrio e analógico) que foram submetidos a calibração por meio da medida da temperatura de um banho de água submetido ao aquecimento até 60 °C o qual foi considerado como referência. Os parâmetros obtidos pelo ajuste linear dos dados experimentais indicaram uma boa precisão e exatidão do termopar. Além disso, uma boa precisão foi obtida com o termômetro de mercúrio, no entanto, este apresentou uma exatidão satisfatória. Em contraste, o termômetro analógico não apresentou uma boa precisão e exatidão em relação a temperatura de referência. A prática permitiu desenvolver o conhecimento de instrumentos de medida de vazão, pressão e temperatura, além de verificar a importância da calibração destes instrumentos em diversos processos. RESULTADOS E DISCUSSÕES I) Medição de Vazão Os dados obtidos na realização dos experimentos de medição de vazão são apresentados na Tabela 1. Os erros associados aos equipamentos foram considerados de acordo com a metodologia descrita por CORRADI et al. (2008), em que o erro associado à equipamentos analógicos é a metade da menor unidade de escala e em equipamento digitais é a menor unidade de escala. Tabela 1: Dados experimentais obtidos no experimento da medição de vazão utilizando o rotâmetro e a medida indireta pela massa d’água Pontos Vazão Rotâmetro (± 0,25) (L/min) Tempo (± 0,01) (s) Massa água + recipiente*(± 0,001) (kg) 1 1,00 15,07 15,04 0,824 0,822 2 1,50 15,17 15,10 0,952 0,952 3 2,00 15,13 15,04 1,094 1,096 4 2,50 9,99 10,11 1,002 1,002 5 3,00 9,93 9,99 1,092 1,102 6 3,50 10,12 10,15 1,188 1,194 7 4,00 10,07 10,08 1,276 1,280 8 4,50 10,07 10,13 1,364 1,366 9 5,00 9,86 10,17 1,418 1,448 10 5,50 9,84 10,15 1,510 1,534 11 6,00 10,24 10,17 1,624 1,628 * massa do recipiente = 0,584 kg As vazões foram determinadas com base no tempo de escoamento e na massa de água (26,9 °C) contida no recipiente e posteriormente convertidas de termos mássicos para termos volumétricos à partir da massa específica da água (9.965,4 kg m-3; PERRY, 1997), conforme o cálculo abaixo, descrito por LIVI et al. (2004). Os valores obtidos são apresentados na Tabela 2. 𝑄𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑟𝑖𝑐𝑎 = 𝑄𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎 𝜌 𝑒 𝑄𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎 = 𝑚á𝑔𝑢𝑎 ∆𝑡 Onde Qvolumétrica é a vazão volumétrica; Qmássica é a vazão mássica; mágua é a massa de água no recipiente; e Δt é o tempo de escoamento; 𝑄𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎 1,1 = 0,824 𝑘𝑔 − 0,584 𝑘𝑔 15,07 𝑠 = 0,0159 𝑘𝑔 𝑠−1 = 0,954 𝑘𝑔 𝑚𝑖𝑛−1 𝑄𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 1,1 = 0,954 𝑘𝑔 𝑚𝑖𝑛−1 9965,4 𝑘𝑔 𝑚−3 × 1000 𝐿 1 𝑚3 = 0,957 𝐿 𝑚𝑖𝑛−1 O mesmo cálculo foi efetuado para todos os outros valores experimentais. Tabela 2: Valores determinados para a vazão pela medida da massa d’água Pontos Vazão do rotâmetro (± 0,25) (L/min) Vazão 1 (± 0,25)(L/min) Vazão 2 (± 0,25)(L/min) Vazão média (± 0,25) (L/min) Desvio padrão 1 1,00 0,957 0,951 0,954 0,004 2 1,50 1,458 1,465 1,462 0,005 3 2,00 2,027 2,047 2,037 0,014 4 2,50 2,516 2,486 2,501 0,021 5 3,00 3,076 3,117 3,096 0,029 6 3,50 3,588 3,613 3,601 0,018 7 4,00 4,131 4,151 4,141 0,014 8 4,50 4,657 4,641 4,649 0,011 9 5,00 5,085 5,108 5,096 0,016 10 5,50 5,658 5,627 5,642 0,022 11 6,00 6,106 6,172 6,139 0,046 Os dados para a vazão média obtidos foram ajustados linearmente de acordo com a vazão indicada no rotâmetro, como mostra a Figura 1. A equação 1 relaciona os parâmetros obtidos no ajuste linear (R2 = 0,999). 𝑄𝑟𝑜𝑡â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 = (0,062 ± 0,025) + (0,960 ± 0,006) × 𝑄𝑚é𝑑𝑖𝑎 (1) Onde Qrotâmetro é a vazão indicada pelo rotâmetro em L min-1; Qmédia é a vazão determinada indiretamente em L min-1 Figura 1: Ajuste linear para os dados de vazão medida e vazão do rotâmetro De acordo com o coeficiente linear, verifica-se que as medidas apresentaram boa exatidão, uma vez que, o valor é próximo de zero. Além disso, as medidas foram precisas dado que o valor do coeficiente angular é próximo de 1. À partir do R2 observa-se que os dados experimentais apresentaram uma boa linearidade, indicando a boa precisão dos dados coletados. Ademais, verifica-se que os valores de vazão medida e vazão do rotâmetro são concordantes. No que se refere à aplicação, medições com exatidão e precisão boas são extremamente importantes em contextos industriais. Segundo Cassiolato e Alves (2008), a medição de vazão é a terceira mais realizada em processos industriais, indo desde medições de vazão de água em estações de tratamento até medição de vazão de gases industriais e combustíveis. Diante disso, um erro sistemático associado à um instrumento medidor de vazão pode implicar em custos excessivos, erros de processo e aumento do risco de acidentes, dentre outros. II) Medição de Pressão Os dados obtidos na realização dos experimentos de medição de pressão são apresentados na Tabela 3. Tabela 3: Dados experimentais obtidos no experimento da medição de pressão utilizando o manômetro de Bourdon e o manômetro de tubo em U Manômetro 1 2 3 4 5 Bourdon (± 0,05)(kgf cm-2) 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 Tubo em U (± 0,5)(mmHg) 117,0 186,0 253,0 340,0 401,0 Os dados coletados foram ajustados linearmente relacionando a pressão no manômetro de Bourdon versus pressão no manômetro de tubo em U. A reta obtida pelo ajuste linear (R2 = 0,997) é mostrada na Figura 2, cuja equação é descrita em (2). 𝑃𝐵𝑜𝑢𝑟𝑑𝑜𝑛 = (−0,058 ± 0,011) + (1,016 ± 0,029) × 𝑃𝑡𝑢𝑏𝑜 𝑒𝑚 𝑈 (1) Onde PBourdon é a pressão indicada pelo manômetro de Bourdon em kgf cm-2; Ptubo em U é a pressão indicada pelo manômetro de tubo em U em kgf cm-2; Figura 2: Ajuste linear para os dados de pressões medidas nos manômetros de Bourdon e de tubo em U Conforme se verifica pela equação obtida no ajuste linear, houve uma boa exatidão e precisão dos dados coletados, uma vez que, os coeficientes linear e angular foram muito próximos de zero e um, respectivamente.À partir do R2 confirma-se ainda a boa precisão dos equipamentos. Os erros presentes nos dados coletados, possivelmente são oriundos, em maior quantidade, do manômetro de Bourdon. Justifica-se tal afirmação pelo fato do manômetro de tubo em U utilizar a aplicação direta do conceito físico de pressão, estando sujeito, em maior intensidade, ao erro de leitura por parte do observador,enquanto que, no manômetro de Bourdon, os erros possivelmente estão relacionados à complexidade do mecanismo de funcionamento. Figura 3: Manômetro de Bourdon Fonte: SIGHIERI e NISHINARI, 1997 O princípio de funcionamento do manômetro de Bourdon (Figura 3) consiste num tubo metálico flexível de área de seção transversal elíptica, ou quase elíptica, tendo uma de suas extremidades ligadas à fonte de pressão e a outra extremidade conectada a uma haste que comunica seu movimento a uma alavanca dentada que ocasiona o giro do ponteiro no mostrador da pressão. O tubo metálico flexível, quando submetido à pressão em sua parte interna, tende a tomar a forma de um tubo com seção circular, ocorrendo uma distensão no sentido longitudinal do tubo, e consequentemente, comunicando movimento à alavanca dentada. Como já citado anteriormente, a complexidade do mecanismo de funcionamento do manômetro de Bourdon resulta em erros consideráveis, uma vez que este envolve vários componentes que podem propagar um certo erro. Nesse contexto, a medição de pressão é um padrão de medição muito importante, uma vez que com essa medida podem-se obter medidas de pressão diferencial, vazão, nível, etc. (SIGHIERI e NISHINARI, 1997). III) Medição de Temperatura Os dados obtidos na realização dos experimentos de medição de temperatura são apresentados na Tabela 4. Tabela 4: Dados experimentais obtidos no experimento da medição de temperatura utilizando o termômetro de mercúrico, analógico e digital Pontos Tempo (± 0,01) (min) Termômetro Banho (± 0,1) (°C) Mercúrio (± 0,1) (°C) Analógico (± 2,5) (°C) Termopar (± 0,1) (°C) 1 0,00 25,0 26,0 27 25,2 2 2,50 30,0 31,0 30 29,9 3 5,44 35,0 36,0 35 34,8 4 8,49 40,0 41,0 37 39,8 5 12,03 45,0 45,8 42 44,8 6 15,17 50,0 50,8 48 49,7 7 18,43 55,0 55,8 51 54,8 8 22,30 60,0 60,8 55 59,6 Os dados coletados foram ajustados linearmente e as retas são apresentadas na Figura 4. Os parâmetros dos ajustes lineares (Temperatura dos termômetros versus Temperatura do banho) obtidos para cada um dos termômetros são apresentados na Tabela 5. Tabela 5: Parâmetros das equações dos ajustes lineares Termômetro Parâmetros da equação Ttermômetro = a + b*Tbanho a B R2 Mercúrio -1,224 ± 0,076 0,992 ± 0,002 0,999 Analógico 5,714 ± 1,288 0,821 ± 0,029 0,991 Termopar 0,331 ± 0,143 0,988 ± 0,003 0,999 (a) (b) (c) Figura 4: Ajustes lineares da Temperatura do termômetro versus Temperatura do banho (a) de mercúrio; (b) analógico; (c) termopar Os parâmetros dos ajustes lineares e os respectivos R2 indicam a precisão e exatidão de cada termômetro: Termômetro de Mercúrio: apresentou boa precisão (b ≈ 1; R2 ≈ 1) e exatidão satisfatória , uma vez que o coeficiente linear (a) foi razoavelmente próximo de zero. Isto pode indicar um erro sistemático associado ao termômetro de mercúrio, uma vez que, assim como observado pelos dados experimentais, verificou-se uma tendência positiva dos dados observados em relação à referência (temperatura do banho). Termômetro Analógico: apresentou precisão satisfatória (“b” razoavelmente próximo de 1) e exatidão ruim (coeficiente linear “a” muito distante de zero). Este comportamento pode ser relacionado à escala de medida grosseira (se comparada aos outros termômetros), princípio de funcionamento e erro do observador. Termopar: apresentou boa precisão (b ≈ 1; R2 ≈ 1) e boa exatidão (a ≈ 0). De modo geral, verifica-se que dentre os três termômetros, o melhor foi o termopar, seguido do termômetro de mercúrio e finalmente o termômetro analógico, dadas as observações quantitativas de precisão e exatidão. Embora existam vários tipos de termômetros, e uns melhores que os outros, deve-se levar em consideração as necessidades, condições e limitações de cada um. Além disso, o escopo de aplicação de cada um deles é bem distinto. Um exemplo é o uso do termômetro analógico em tubulações de vapor, onde as condições de operação são em elevadas pressões e temperaturas. Outro exemplo é a utilização de termômetros digitais e de mercúrio em escala laboratorial. Para a verificação da taxa de aquecimento do banho, ajustou-se linearmente os dados experimentais da temperatura indicada pelo banho em relação ao tempo, como indicado na Figura 5. A reta obtida pelo ajuste linear (R2 = 0,997) tem equação descrita em (3). 𝑇𝐵𝑎𝑛ℎ𝑜 = (26,072 ± 0,422) + (1,558 ± 0,033) × 𝑡 (3) Onde TBanho é a temperatura do banho no tempo t em graus Celsius; t é o tempo em minutos. Figura 5 : Cinética de aquecimento do banho A taxa de aquecimento do banho é representada pelo coeficiente angular (1,558 ± 0,033 °C min-1), pois o comportamento da cinética é linear como verificado pelo coeficiente de determinção (R2) próximo de um. CONCLUSÕES Diante dos resultados pode-se concluir que as medições de vazão à partir do rotâmetro apresentaram boa precisão e exatidão, tendo como valores base a medição de vazão pelo método indireto. As medições de pressão pelo manômetro de Bourdon comparadas às medições de pressão pelo manômetro de Tubo em U também apresentaram boa precisão e exatidão. Quanto ao experimento das medidas de temperatura utilizando os vários tipos de termômetros, obteve-se a seguinte ordem de precisão: Mercúrio (b = 0,992) > Termopar (b = 0,988) > Analógico (b = 0,821) (maior precisão para menor precisão); e ordem de exatidão: Termopar (a = 0,331) > Mercúrio (a = -1,224) > Analógico (a = 5,714) (maior exatidão para menor exatidão). Na aplicação de todos os instrumentos de medidas busca-se sempre a maior precisão e exatidão possível, uma vez que esses são usados para controlar e monitorar uma gama de processos industriais, laboratoriais, clínicos e atividades cotidianas. No contexto industrial, a leitura de uma certa medida de forma errada e/ou sem precisão/exatidão pode resultar em custos excessivos, erros de processo e aumento do risco de acidentes, dentre outros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASSIOLATO, C.; ALVES, O. E.; Medição de vazão. Sertãozinho-SP, 2008. CORRADI, W.; VIEIRA, S. L. A.; TÁRSIA, D. R.; BALZUWEIT, K.; FONSECA, L.; OLIVEIRA, W. S. Física experimental: Editora UFMG, 2008. LIVI, C. P.; Fundamentos de Fenômenos de Transporte. LTC Editora. Rio de Janeiro, 1a edição, 2004. PERRY, R. H., BENSKOW, L. R., BEIMESCH, W. E. Perry’s Chemical Engineers’ Handbook. 7ed. Nova Iorque: McGraw-Hill, 1997. SIGHIERI, L; NISHINARI, A. Controle Automático de Processos Industriais: Instrumentação. 2 ed. Editora Edgard Blutcher, São Paulo: 1998.