Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESUMO A fluidização é uma operação unitária de grande importância na indústria, utilizada em diversos processos na indústria alimentícia, petroquímica, farmacêutica, entre outras. Uma das suas principais funções é o aumento do contato partícula-fluido. Dentro do estudo da fluidização existem alguns parâmetros que podem ser considerados como base para o processo, dentre eles a porosidade e velocidade mínima de fluidização, assim, o presente relatório apresenta os resultados obtidos durante a prática para esses parâmetros e posterior comparação com correlações obtidas na literatura. Para tanto, tomou-se conhecimento de medidas experimentais de vazão de ar, altura do leito e da altura manométrica, bem como condições e características do leito, que foram fornecidas. Com os dados coletados plotou-se um gráfico da queda de pressão versus velocidade superficial de ar na ida e no retorno da fluidização do leito, e assim obteve-se a velocidade mínima de fluidização como sendo 16,83 cm s-1. Para comparar a velocidade mínima de fluidização utilizou-se as seguintes correlações da literatura, Leva, Miller-Logwinuk, Ergun e Carman-Kozeny. A correlação de Leva foi a que melhor se ajustou aos dados, tendo como valor de velocidade mínima de fluidização 13,38 cm s-1, o qual apresentou um desvio de 20,49 %, enquanto que para os demais modelos obteve-se desvios acima de 66 %. Os valores de desvio padrão terem sidos tão discrepantes entre si, sugere-se a realização de mais experimentos, como em duplicata ou triplicata, de modo que a posição gráfica da condição de mínima fluidização fique mais evidente, e trajetórias de ida e volta mais coincidentes na faixa de velocidade de fluidização. 2 RESULTADOS E DISCUSSÕES 1 CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA Os dados referentes ao sistema preparado para avaliar a fluidização da areia é apresentado na Tabela 1. Tabela 1. Caracterização do sistema de leito fluidizado. Propriedade Valor Propriedade Valor Material Particulado Areia Diâmetro do Leito 7,94 cm Fluido Ar Atmosférico Comprimento do Leito na Mínima Fluidização 13,4 cm Temperatura do Ar 25 ºC Massa Específica da Areia 2.730 kg/m³ Diâmetro da Partícula 0,2567 mm Massa Específica do Ar 1,15 kg/m³ Massa de Areia 600 g Porosidade do Leito 0,66 Viscosidade do Ar 1,8 x 10-5 kg m-1 s-1 Esfericidade da Areia 0,78 2 DADOS EXPERIMENTAIS A partir dos dados de queda de pressão (mmH20) em função da velocidade superficial de ar (cm s-1) pôde-se construir as curvas de ida e retorno da fluidização do leito, conforme apresenta a Figura 1. A seta em vermelho representa o ponto de máxima queda de pressão na trajetória de ida, indicando a velocidade de mínima fluidização. 3 Figura 1. Curva de queda de pressão versus velocidade superficial de ar na ida e no retorno da fluidização do leito (umax = 138 cm/s). Da Figura 1, verifica-se que as trajetórias de P versus u são quase coincidentes no intervalo 20,2 a 138 cm s-1, e a pequena diferença de trajetória nessa faixa deve-se, possivelmente, à variabilidade dos dados experimentais. O pico evidenciado pela seta em vermelho na Figura 1 ocorre apenas na trajetória de ida, e refere-se à queda de pressão no ar para que este consiga vencer o entrelaçamento das partículas sólidas e iniciar a fluidização do leito, o que não ocorre na trajetória de retorno, pois nesta situação o leito já está fluidizado. Nesse sentido, adimite-se como a velocidade mínima de fluidização aquela na qual a queda de pressão no leito apresenta um ponto de máximo devido à resistência necessária para o início da fluidização do leito e mudança repentina da porosidade do leito, a partir do qual o leito se expande até o transporte pneumático. No estudo em questão, conforme observado na Figura 1, este valor é, aproximadamente, 16,83 cm s- 1. 3 CORRELAÇÕES DA LITERATURA Com os dados do sistema (Tabela 1), determinou-se os valores de velocidade mínima de fluidização a partir de correlações da literatura, de acordo com as equações 0 50 100 150 200 250 300 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 Δ P ( m m H 2O ) u (cm/s) Ida Retorno 4 da Tabela 2. Os valores teóricos e os respectivos desvios relativos ao valor obtido experimentalmente são apresentados na Tabela 3. A correlação de Carman-Konezy é validada para valores de Reynolds inferiores a 10. Logo, faz-se necessária a avaliação do número de Reynolds na condição de mínima fluidização. Tabela 2. Correlações para determinação da velocidade mínima de fluidização (qm = umf). Nome Equação Leva 0,86 F 0,88 0,94 FS 1,82 p m ρ162,8. μ ρρd q Miller-Logwinuk 800 μ ρρρdg q 0,1 F 0,9 FS 2 p m Ergun F m F mFS F m g .75,1..d 1.75 .75,1 .d)( .75,1..d 1.75 q P 3 P 2 P m Carman-Konezy )1(.180 .d)( q 32 P m m mFS g (Re < 10) Tabela 3. Velocidades mínimas de fluidização a partir de correlações da literatura. Correlação umf (cm/s) Desvio Relativo Leva 13,38 - 20,49% Miller-Logwinuk 5,63 - 66,54% Ergun 31,44 + 86,79% Carman-Konezy 29,91 + 77,71% Os valores de desvio relativo da Tabela 3 sugerem que as correlações de Miller-Logwinuk, Ergun e Carman-Konezy não foram capazes de predizer, satisfatoriamente, o valor da velocidade mínima de fluidização, pois apresentaram os maiores erros percentuais (acima de 66%). O grande desvio para a correlação de Carman-Konezy pode ser justificado pelo valor de Reynolds na velocidade de mínima fluidização; para o sistema Re = 35 que é superior ao número de Reynolds limite da faixa de validação da correção (para Re < 10). 5 A correlação que apresentou menor desvio relativo foi a Correlação de Leva, com desvio de 20,49% em relação ao valor determinado experimentalmente. Logo, para este sistema, a correlação de Leva é a melhor equação para se predizer a velocidade mínima de fluidização. Os resultados da Tabela 3 ainda mostram valores muito discrepantes entre as próprias correlações. A correlação de Miller-Longwinuk resultou em umf = 5,63 cm s-1, ao passo que a correlação de Ergun resultou em umf = 31,44 cm s-1, cerca de 25,8 cm s-1 de diferença, demonstrando que os resultados podem ser bem imprecisos a depender da correlação adotada. Por fim, para que o método gráfico utilizado para a determinação da velocidade mínima de fluidização seja utilizado, sugere-se a realização de mais experimentos (em duplicatas ou triplicatas), de modo que se obtenham trajetórias de ida e de retorno mais coincidentes na faixa de velocidade de fluidização e transporte pneumático (acima de umf). 6 CONCLUSÃO Com os valores calculados de velocidade superficial do ar e de queda de pressão, foi possível construir-se as curvas de fluidização do leito. Houve uma pequena diferença de trajetória no intervalo de velocidade de 20,2 a 138 cm s-1, possivelmente devido a variabilidade de dados experimentais. O pico apareceu apenas na trajetória de ida, pois na trajetória de volta o leito já está fluidizado. Desde modo, determinou-se a velocidade mínima de fluidização, cujo valor foi de 16,83 cm s-1. Assim, foi possível realizar-se as correlações da literatura para a velocidade mínima de fluidização. O método que apresentou menor desvio com relação ao método do gráfico foi o de Leva com um valor de 13,38 cm s-1 e um desvio de -20,49%. O segundo mais próximo foi de Miller-Logwinuk, com um valor de 5,63 cm s-1 e desvio de -66,54%, seguido por Carmen-Konezy, com 29,91 cm s-1 e desvio de 77,71%, e por último, o método de Ergun, com uma velocidade de 31,44 cm s-1 e um desvio relativo de 86,79%. Por conta de os valores terem sidos tão discrepantes entre si, sugere-se a realização de mais experimentos, como em duplicata ou triplicata, demodo que a posição gráfica da condição de mínima fluidização fique mais evidente, e trajetórias de ida e volta mais coincidentes na faixa de velocidade de fluidização e transporte pneumático. 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Compartilhar