Buscar

Nutrição Vegetariana

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Nutrição+Vegetariana+I.pdf
 
 
 
 
 
 
Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Nutrição Vegetariana 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
 
 
EAD - Educação a Distância 
 Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 
 
 
 
 
 
 
2 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Nutrição Vegetariana 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
SUMÁRIO 
 
MÓDULO I 
1. História do Vegetarianismo 
2. Vegetarianismo e as religiões 
3. Diferentes modalidades de vegetarianismo 
MÓDULO II 
1. Prós e Contras das Dietas Vegetarianas 
1.1. Vantagens das Dietas Vegetarianas 
1.2. Desvantagens 
2. Nutrientes que merecem destaque 
2.1. Ferro 
2.2. Zinco 
2.3. Cálcio 
2.4. Vitamina B12 
2.5. Vitamina D 
2.6. Ácido Graxo ômega-3 
2.7. Proteínas 
2.8. Fatores antinutricionais 
3. Teor dos principais nutrientes nos alimentos 
3.1. Fontes de nutrientes de alimentos vegetarianos 
3.1.1. Ferro 
3.1.2. Zinco 
3.1.3. Cálcio 
3.1.4. Vitamina D 
3.1.5. Riboflavina 
3.1.6. Vitamina B12 
MÓDULO III 
1. Avaliação Nutricional de vegetarianos 
1.1. Antropometria 
1.1.1. Peso corporal 
 
 
 
 
 
4 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
1.1.2. Estatura 
1.1.3. Índice de Massa Corporal (IMC) 
1.1.4. Dobras cutâneas 
1.1.5. Circunferência do braço, área muscular do braço e área adiposa do braço 
1.2. Avaliação Bioquímica 
1.2.1. Ferro, Ferritina e Hematócrito – série vermelha 
1.2.2. Hematócrito – série branca 
1.2.3. Plaquetas e hemostasia 
1.2.4. Proteína 
1.2.5. Vitamina B12 
1.2.6. Zinco 
1.2.7. Cálcio 
1.2.8. Perfil Lipídico 
2. Benefícios das dietas vegetarianas em condições patológicas 
2.1. Câncer 
2.2. Doenças Cardiovasculares 
2.3. Hipertensão 
2.4. Diabetes 
2.5. Obesidade 
2.6. Osteoporose 
2.7. Doença Renal 
2.8. Demência 
2.9. Doença Diverticular 
2.10. Cálculo da vesícula 
2.11. Artrite reumatoide 
MÓDULO IV 
1. Cálculo das necessidades nutricionais 
2. Ingestão diária recomendada (IDR) 
3. Prescrição Dietética e Distribuição dos Nutrientes 
4. Prescrição vegetariana 
5. Pirâmide Alimentar Vegetariana 
 
 
 
 
 
5 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
5.1. Orientação Nutricional na Prática 
5.2. Mitos 
6. Anexos 
6.1. Questionário de frequência alimentar 
6.2. Recordatório de 24 horas 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
6 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
MÓDULO I 
 
1. História do Vegetarianismo 
 
Pode-se dizer que o vegetarianismo existe há cerca de 5 milhões de anos. 
Nosso ancestral, o Australopithecus Anamensis, alimentava-se de frutas, folhas e 
sementes, vivendo em perfeita harmonia com os animais menores, que poderia 
facilmente apanhar para se alimentar. Mas estes hominídeos eram pacíficos e não 
caçavam os animais, e assim continuaram até o aparecimento do Australopithecus 
Boesei, há cerca de 1 milhão de anos. Com o domínio do fogo e o desenvolvimento 
das armas, o Homo Neanderthalensis (127.000 - 30.000 anos) caçava em grupos de 
10 a 15 animais de grande porte, como os mamutes, e outros menores, como os 
veados, dos quais tudo era meticulosamente aproveitado. 
Em épocas posteriores as populações humanas começaram a criar culturas 
fixas de vegetais, que começaram a atrair animais como porcos selvagens, ovelhas, 
cães, cabras, aves, ratos e pequenos felinos, que foram sendo domesticados e 
passaram a fazer parte de sua alimentação. Por volta de 3.200 a. C., o 
vegetarianismo começou a ser adotado no Egito por grupos religiosos que 
acreditavam que a abstinência de carne criava um poder kármico que facilitava a 
reencarnação. 
 Na China e Japão Antigos (por volta do século III, a. C.), o clima e os 
terrenos eram propícios à prática do vegetarianismo. O primeiro profeta-rei chinês, 
Fu Xi, era vegetariano e ensinava às pessoas a arte do cultivo das plantas, as 
propriedades medicinais das ervas e o aproveitamento de plantações para roupas e 
utensílios. Gishi-wajin-den, um livro de história da época, escrito na China, relata que 
no Japão não existiam vacas, cavalos, tigres ou cabras e que os povos viviam das 
plantações de arroz, do peixe e dos crustáceos que apanhavam. Anos mais tarde, 
com a chegada do Budismo, a proibição da caça e da pesca foi bem recebida pelas 
populações japonesas. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
Na Índia, animais como as vacas e macacos foram adorados ao longo dos 
anos por simbolizarem a encarnação de divindades. O rei indiano Asoka, que reinou 
entre 264-232 a. C., converteu-se ao Budismo, chocado com os horrores das 
batalhas. Ele proibiu os sacrifícios de animais e o seu reino tornou-se vegetariano. A 
Índia, ligada ao Budismo e Hinduísmo, religiões que sempre enfatizaram o respeito 
pelos seres vivos, considerava os cereais e os frutos como a melhor forma (mais 
equilibrada) de alimentar a população. Juntamente com estas práticas religiosas, 
certos exercícios, como o Yoga, associaram-se ao não consumo de carne, para 
alcançar a harmonia e ascender a níveis espirituais superiores. 
Para os povos celtas e astecas, intimamente ligados à natureza, a carne 
ficava reservada para grandes ocasiões – as festas –, que serviam para estreitar os 
laços sociais e ligar o mundo humano ao dos deuses pagãos. De resto, quando não 
estava ligado ao sacrifício, o consumo de carne dependia da caça. Apenas a caça 
escapava à lógica do sacrifício, mas no sistema de valores da cultura celta era uma 
atividade marginal, não fazendo parte do dia-a-dia deste povo. 
Por cerca de 2.500 anos, europeus e americanos chamavam aqueles que 
seguiam o vegetarianismo de Pitágoras (ou Pitagóricos). O termo vegetariano não 
era comumente usado até a fundação da Sociedade Vegetariana Britânica em 1847. 
O argumento de Pitágoras em favor da dieta sem carne tinha três vértices (como um 
triângulo): veneração religiosa, saúde física e responsabilidade ecológica. E essas 
razões continuam a ser citadas hoje pelas pessoas que preferem levar
a vida sem 
carne. Enquanto sempre houve vegetarianos na população mundial, vários 
escolheram esse caminho mais por necessidade do que por preferência. O mundo 
medieval considerava vegetais e cereais como comida para animais. Somente a 
pobreza obrigava as pessoas a substituírem a carne com vegetais. 
Na Grécia e em Roma a ideologia alimentar fundamentou-se sobre os 
valores do trigo, da vinha e da oliveira, e esteve frequentemente ligado à ideia de 
frugalidade: o pão, o vinho e o azeite (aos quais eram acrescentados os figos e o 
mel) eram elevados à categoria de símbolos de uma vida simples, de uma pobreza 
digna, feita de trabalho duro e de satisfações singelas. Nesta época, estas imagens 
 
 
 
 
 
8 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
eram a proposta alternativa dos gregos ao luxo e à decadência do povo persa, 
conforme mostram os textos clássicos. 
A proeminência do pão na cultura antiga era também decorrente da primitiva 
ciência dietética, que colocava o pão no topo da escala de nutrição. Os médicos 
gregos e latinos viam no pão o equilíbrio perfeito entre os “componentes” quente e 
frio, seco e úmido, conforme os ensinamentos de Hipócrates. Em contraste, o 
consumo da carne foi sempre problemático. Imagem do luxo, da gula, da festa, do 
privilégio social, a carne não era considerada pelas civilizações antigas do 
Mediterrâneo como um bem tão essencial quanto os produtos da terra: o seu preço 
não era sujeito a um controle político como eram os cereais. 
Em certas épocas, a venda de carne chegava a ser proibida ao público. 
O matemático e filósofo grego Pitágoras e o filósofo Platão pregavam a não 
crueldade para com os animais. Eles observaram que as vantagens de uma 
alimentação vegetariana eram enormes e que esta era a chave para a coexistência 
pacífica entre humanos e não humanos, focando que o abate de animais para 
consumo embrutecia a alma das pessoas. Os argumentos de Pitágoras a favor de 
uma dieta sem carne apresentavam três pontos: veneração religiosa, saúde física e 
responsabilidade ecológica. Estas razões continuam a ser citadas hoje em dia por 
aqueles que preferem levar uma vida mais responsável. 
Os essênios, antigo povo judeu que viveu durante o segundo século a. C., 
reagiram ao excessivo abate de animais que eram feitos muitas vezes num só dia. 
Acabaram por ser perseguidos e mortos pelos romanos. O Cristianismo primitivo, 
com raízes na tradição judaica, também viu o vegetarianismo como um jejum 
modificado para purificar o corpo. Tertuliano (155-255 d. C.), Clemente de Alexandria 
(150-215 d. C.) e João Crisóstomo (347-407 d. C.) ensinaram que evitar a carne era 
uma maneira de aumentar a disciplina e a força de vontade, necessárias para resistir 
às tentações. Isto tornou as restrições dietéticas, como o vegetarianismo, muito 
comuns no comportamento cristão da época. E estas crenças foram transmitidas ao 
longo dos anos de uma forma ou de outra – por exemplo, a proibição de carne 
(exceto peixe) da Igreja Católica Romana nas sextas-feiras, durante a Quaresma. 
 
 
 
 
 
9 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
Com o estabelecimento do Cristianismo, ideias de supremacia humana 
sobre todas as criaturas começaram a surgir, mas muitos grupos não ortodoxos não 
partilhavam desta visão. Desde então, no decorrer da Idade Média, todos os 
seguidores das filosofias que eram contra o abate e abuso dos animais eram 
considerados fanáticos, hereges e frequentemente perseguidos pela Igreja e 
queimados vivos. No entanto, conseguiram escapar a este terrível destino dois 
notáveis vegetarianos – Santo David (Santo Padroeiro de Wales) e São Francisco de 
Assis. O mundo medieval considerava que os vegetais e cereais eram comida para 
os animais. Somente a pobreza compelia as pessoas a substituírem a carne pelos 
vegetais. A carne era o símbolo de status da classe alta. Quanto mais carne uma 
pessoa pudesse comer, mais elevada era a sua posição na sociedade. 
No início da era Renascentista, a ideologia vegetariana surgiu como um 
fenômeno raro. A fome e as doenças imperavam, enquanto as colheitas falhavam e 
a comida escasseava. A carne era muito pouca e um luxo apenas para os ricos. Foi 
durante este período que a filosofia clássica (greco-romana) foi redescoberta. O 
Pitagorismo e o Neoplatonismo tornaram-se novamente uma grande influência na 
Europa. Com a sangrenta conquista de novos territórios, novos vegetais foram 
introduzidos na Europa, tais como as batatas, a couve-flor e o milho. A adoção 
destes novos alimentos trouxe imensos benefícios à saúde, ajudando a prevenir 
doenças dermatológicas, que eram na altura muito frequentes. 
Com o Iluminismo do século XVIII, emergiu uma nova perspectiva do lugar 
do Homem na ordem da criação. Argumentos de que os animais eram criaturas 
inteligentes e sensíveis começaram a ser ouvidos e objeções morais a serem 
colocadas, à medida que aumentava o desagrado pelo desrespeito e abuso dos 
animais. Nas religiões ocidentais houve um ressurgimento da ideia de que, na 
realidade, o consumo de carne era uma aberração e ia contra a vontade de Deus e 
contra a genuína natureza da humanidade. 
Nestes dias, os métodos de abate eram extremamente bárbaros. Os porcos 
eram chicoteados até a morte com cordas cheias de nós para tornar as carcaças 
mais tenras e os pescoços das galinhas eram golpeados, para depois serem 
penduradas e deixadas a sangrar até morrer. Alguns vegetarianos famosos deste 
 
 
 
 
 
10 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
período incluíram os poetas John Gay e Alexander Pope, o médico Dr. John 
Arbuthnot e o fundador do movimento metodista John Wesley. Grandes filósofos 
como Voltaire, Rousseau e Locke, questionaram a inumanidade do Homem em 
relação aos animais; e a obra de Paine, The Rights of Man, de 1791, despertou 
muitos assuntos a respeito dos direitos dos animais. 
A influência do Cristianismo radical, no século XIX, ocorreu por conta da 
grande difusão do vegetarianismo na Inglaterra e nos Estados Unidos. Os 
fundamentalistas cristãos provieram de grandes congregações existentes na recente 
e pobre zona urbana. Estes representantes estavam a sair da Inglaterra e a 
espalhar-se por outros países europeus, e as comunidades vegetarianas nos 
Estados Unidos eram formadas majoritariamente por Adventistas do Sétimo Dia. Um 
notável praticante desta religião era o Dr. John Harvey Kellogg, o inventor dos 
cereais Kellogg`s. 
Por volta de 1880, os restaurantes vegetarianos eram populares em Londres 
e ofereciam refeições baratas e nutritivas. Com o virar do século XX, a população 
britânica encontrava-se ainda num estado de pobreza. A Sociedade Vegetariana, 
durante a crise de 1926, distribuía alimentos às comunidades. Devido à escassez de 
alimentos durante a Segunda Guerra Mundial, os britânicos foram encorajados a 
“Escavar para a Vitória” (Dig For Victory), para cultivarem os seus próprios vegetais 
e frutas. A dieta vegetariana manteve a população, e com isso a saúde das pessoas 
melhorou muito durante os anos em guerra. 
Por volta dos anos 50 e 60 do século XX, muitas pessoas tomaram 
consciência do que se passava
nas unidades de produção intensiva, introduzidas 
após a guerra. O vegetarianismo tornou-se muito apelativo quando as influências 
orientais se espalharam pelo mundo ocidental. Durante as décadas de 80 e 90 o 
vegetarianismo ganhou maior ímpeto, quando o desastroso impacto que a 
população humana estava a causar no planeta se tornou mais evidente. Os 
assuntos ambientais dominaram os noticiários e estiveram durante muito tempo em 
primeiro plano na política. O vegetarianismo foi encarado como parte do processo 
para a conservação dos recursos. 
 
 
 
 
 
11 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
Recentemente, assuntos como as importações de gado foram motivo de 
oposição ao consumo de carne por parte de muitas pessoas de todo o Reino Unido. 
Preocupações em relação à saúde surgiram quando elas perceberam que os 
animais para consumo estavam infectados com doenças como a “doença da vaca 
louca” (BSE), listeria e salmonelas. 
Desde os anos 80 do século XX, a humanidade tem-se focado cada vez 
mais num estilo de vida saudável. O vegetarianismo passou então a ser associado à 
saúde e alguns estudos apontaram a carne como causa de inúmeras doenças. 
Consequentemente, o não consumo de carne e outros produtos animais foi 
associado à não-violência e ao respeito pelos animais. Desde então organizações 
de defesa animal e promoção do vegetarianismo/veganismo começaram a ganhar 
cada vez mais força e a desenvolver ações mundiais. 
Com a população global crescendo progressivamente e os recursos 
decrescendo de forma assustadora, o vegetarianismo e o veganismo passaram a ser 
considerados por muitos como a solução para todos os problemas da humanidade e 
irá influenciar grandemente o futuro das gerações que se seguem. 
 
2. Vegetarianismo e as religiões 
 
A grande maioria das religiões defende 
princípios como a compaixão, a bondade, a 
abnegação, o respeito pelos outros e também a 
reverência pela Vida enquanto valor absoluto 
(em todas as suas formas) e pela integridade da 
natureza e do planeta Terra como lar e 
patrimônio herdado do(s) deus (es) criador(es). 
Só estes têm o poder de decidir sobre o respectivo destino. A prática religiosa deve 
fazer parte dos mínimos gestos do dia-a-dia e a alimentação não pode ser exceção. 
Se, por um lado, o respeito por todas as formas de vida induz muitos 
religiosos a absterem-se de matar e ingerir animais, por outro, o corpo, como templo 
do espírito, limpo desses resíduos impuros, está pronto para acolher a divindade e 
 
 
 
 
 
12 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
para se elevar a patamares mais elevados da evolução pessoal. Por todos estes 
motivos, e embora na sua essência não esteja vinculado a nenhum movimento 
religioso, o Vegetarianismo encontra expressão em muitos deles, percorrendo 
caminhos paralelos desde tempos muito remotos. Este não é nem pretende ser um 
estudo sobre religiões, mas um simples olhar sobre o lugar que o Vegetarianismo 
ocupa em algumas delas: 
 
a) Adventistas do Sétimo Dia: 
 
Seu culto nasceu nos EUA e foi fruto do renascer do espírito religioso que 
insuflou muitas Igrejas Cristãs a partir de finais do século XVIII d. C. Houve um 
repensar do sentido da vida, do lugar do Homem no universo e dos termos de uma 
relação mais profunda e genuína com Deus. Os Adventistas do Sétimo Dia 
acreditam num Deus Justo e Misericordioso, origem de toda a criação, sendo a 
Bíblia a sua palavra escrita. 
Acreditam ainda no conceito de Juízo final e na segunda vinda de Jesus a 
Terra (daí o termo Adventista). O sétimo dia é o Sábado, dia em que, depois da 
criação, Deus descansou, e assim instituiu que fosse o dia do descanso, adoração e 
harmonia com as práticas e ensinamentos que transmitiu aos homens. Estima-se 
que existam mais de 15 milhões de crentes em todo o mundo, animados por forte 
espírito missionário. 
Os adeptos desta religião têm regras de conduta próprias: devem vestir-se 
de forma simples, cultivar um espírito pacífico e tranquilo, preservar o meio ambiente 
e velar pela sua saúde, através de uma alimentação racional e de um bom equilíbrio 
entre atividade física e descanso. Por um lado, estas práticas denotam disciplina e 
contenção; por outro, preservam o corpo enquanto receptáculo do Espírito Santo. 
Muitos adventistas privilegiam, por isso, o regime vegetariano (o mais generalizado é 
o ovo-lacto-vegetariano) e a isto não será alheio o contexto histórico-social: é que o 
advento desta religião deu-se no século XIX, época de grandes reformas na área da 
saúde e de difusão do movimento Vegetariano. 
 
 
 
 
 
13 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
A alimentação dos Adventistas privilegia os cereais integrais (os famosos 
cereais matinais Kellogg’s foram criados por John H. Kellogg, um Adventista), fruta, 
verduras e oleaginosas; evitam as gorduras, a cafeína e os condimentos muito 
estimulantes. Rejeitam o tabaco, álcool e drogas. Esta comunidade tem sido alvo de 
centenas de estudos e artigos científicos em matéria de saúde. Com efeito, estão 
referenciados como uma das comunidades em nível mundial que apresenta maior 
longevidade, atribuída ao seu regime alimentar. Apresentam uma baixa prevalência 
de vários tipos de cancro e doença cardiovascular. 
Dão, de tal modo, importância à educação e à saúde, que criaram em todo o 
mundo várias escolas (onde as crianças podem seguir uma alimentação 
vegetariana), incluindo a Universidade de Linda Loma (Loma Linda University 
Adventist Health Sciences Center) nos EUA, responsável por vários estudos sobre a 
alimentação vegetariana. 
 
b) Jainismo: 
 
Esta corrente de pensamento Indiana começou há quase 3.500 anos, mas 
tomou a forma atual por volta do ano 600 a. C. com o Príncipe Vardhamana 
Mahavira (apelidado de Jina, O Vitorioso, nome que está na origem da palavra 
Jainismo). O Jainismo tem muito em comum com o Hinduísmo, pois preconiza a 
libertação dos laços com o mundo terreno e material. No entanto, rejeita o sistema 
de castas, as divindades, a realização de sacrifícios e os privilégios dos sacerdotes. 
Quase contemporâneo de Buda, também Mahavira trocou o seu estatuto de príncipe 
por uma vida ascética. 
Os Jainistas acreditam que o mundo não tem princípio nem fim. A sua 
filosofia tem cinco princípios, começando por Ahimsa, não-violência, que respeita 
todas as formas de vida (humana, animal ou vegetal), pois crê que todas são 
sagradas, tendo uma alma eterna potencialmente perfeita e santa. Os outros 
princípios são: Satya (verdade), Asteya (não roubar), Brahmacharya (castidade) e 
Aparigraha (desapego das coisas terrenas). Existem cerca de 4 milhões de Jains em 
todo o Mundo, principalmente na Índia. 
 
 
 
 
 
14 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
Os monges Jains em particular seguem uma vida de ascetismo rigoroso, 
jejuns, mortificações, meditação e estudo. Muitos não usam mesmo qualquer 
vestuário, tal o seu grau de desapego. São rigorosamente vegetarianos, como 
demonstração
de respeito por todas as formas de vida. Levam este preceito a tal 
ponto que cobrem a boca com um lenço sempre que saem para o exterior, filtram a 
água antes de ingeri-la, não saem à noite e espanam delicadamente todo o local 
onde se sentam, tudo para evitar matar ou causar danos aos insetos ou animais 
menores. 
 
c) Sikhismo: 
 
Sikh significa “Discípulo” ou 
“Disciplina”. Esta religião, síntese entre o 
Hinduísmo e o Islamismo, foi fundada no 
século XV d. C. pelo Guru Nanak, um 
mestre espiritual indiano que reprovava a 
hostilidade entre Hindus e Muçulmanos, 
pois considerava que todos são iguais 
perante o mesmo Deus único. 
O Guru Nanak pregava uma doutrina de amor, compreensão e igualdade, 
independentemente da raça, casta ou sexo. Encorajava a educação, a vida em 
família, o trabalho duro e honesto, a renúncia à idolatria e aos desejos impuros e a 
igualdade entre homens e mulheres. A sua mensagem foi transmitida nos séculos 
seguintes por dez outros gurus e sobrevive hoje numa compilação de escrituras 
sagradas, o Guru Granth Sahib, que é venerada no Templo de Ouro, na cidade 
sagrada para os Sikhs, Amritsar. 
Existe atualmente cerca de 23 milhões de Sikhs em todo o mundo, a maioria 
concentrada no Punjab. Um dos preceitos seguidos pelos Sikhs é o que os proíbe de 
cortarem um único pelo do corpo durante toda a vida, como sinal de submissão à 
vontade de Deus. Esta religião sem clero prega o serviço comunitário, sendo uma 
das suas faces mais visíveis os Langar, cozinhas comunitárias instaladas na área 
 
 
 
 
 
15 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
dos templos e onde são cozidas e servidas gratuitamente milhares de refeições a 
quem as pedir, sem qualquer discriminação de classe social, religião ou casta. Essas 
refeições são estritamente vegetarianas, para que as pessoas de todas as religiões, 
inclusive as que têm regras próprias (como os judeus e os muçulmanos) as possam 
degustar. Os Sikhs renunciam ao álcool e ao tabaco. Mais de metade é vegetariana. 
Os restantes abstêm-se de comer carne que não seja de animais abatidos segundo 
regras estritas. 
 
d) Hare Krishna: 
 
O estilo de vida e crenças filosóficas 
praticadas pelos seguidores deste movimento 
baseia-se nas escrituras milenares Hindus, 
entre elas o Bhagavad-Gîta, o principal livro 
do Movimento Hare Krishna. Os preceitos aí 
incluídos terão sido proferidos há 5.000 anos 
pelo próprio Krishna ao seu companheiro e 
discípulo Arjuna. Entretanto, esse 
conhecimento ter-se-á perdido quase na 
totalidade, até ao início do século XVI, quando 
se deu na Índia um grande renascimento espiritual encabeçado por Sri Chaitanya 
Mahaprabhu. Este grande Mestre fez renascer a devoção a Krishna, granjeando 
milhões de seguidores em todo o subcontinente Indiano. 
Mais tarde, em 1966, seria um dos discípulos do movimento, Sri 
Bhaktivedanta Swami Prabhupada, quem depois trouxe para o mundo ocidental os 
ensinamentos de Sri Chaitanya. Fundou a Sociedade Internacional da Consciência 
de Krishna (ISKCON) em Nova Iorque, que rapidamente teve grande acolhimento 
em toda a América do Norte e Canadá. Na década seguinte, a sociedade tornou-se 
uma confederação mundial de mais de cem templos, escolas, institutos e fazendas 
comunitárias. Estima-se que exista atualmente cerca de 1 milhão de praticantes em 
todo o mundo. 
 
 
 
 
 
16 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
Com base numa passagem do Bhagavad Gîta, os Hare Krishna acreditam 
que a diferença entre a morte e a vida é relativa, pois a consciência presente no ser 
humano participa do divino e existe desde sempre e para sempre. Todos os seus 
atos e pensamentos, até os mais corriqueiros do dia-a-dia, devem ser uma oferenda 
a Krishna e a maneira mais imediata de obter a consciência de Krishna é recitar o 
seu nome várias vezes por dia. Ao atingirem esse estado, o ciclo das reencarnações 
é interrompido e o crente consegue finalmente a união com Krishna. 
Os Hare Krishna praticam uma dieta lacto-vegetariana. É conhecido o seu 
programa de distribuição gratuita de refeições lacto-vegetarianas, Food for Life, junto 
das populações que vivem abaixo do limiar da pobreza. Está disseminado um pouco 
por todo o Mundo, e foi desencadeado pelas palavras de um Mestre durante um 
evento religioso: “Ninguém, num raio de 10 milhas de qualquer um dos nossos 
templos, passará fome”. 
 
e) Rastafáris: 
 
Segundo a Wikipedia, o rastafarianismo, também conhecido como 
movimento rastafári ou Rastafar-I (rastafarai) é um movimento religioso que 
proclama Hailê Selassiê I (Poder da Santíssima Trindade), imperador da Etiópia, a 
representação terrena de Jah (Deus). Este termo advém de uma forma contraída de 
Jeová encontrada no salmo 68:4 na versão da Bíblia do Rei James, e faz parte da 
trindade sagrada o messias prometido. 
O termo rastafári tem sua origem em Ras ("príncipe" ou "cabeça") Tafari ("da 
paz") Makonnen, o nome de Hailê Selassiê antes de sua coroação. Segundo Rehen 
(em pesquisa realizada na PPCIS-UERJ, publicada no site: 
http://www.neip.info/downloads/texto_lucas.htm), o rastafarianismo teve origem na 
Jamaica, na década de trinta, como consequência de um forte movimento de 
consciência negra, autoidentificado como anticolonialista e que lutava contra as 
péssimas condições dos operários negros nas fábricas e contra certos traços 
políticos e sociais jamaicanos, entendidos como sendo os resquícios da escravidão. 
 
 
 
 
 
17 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
Este movimento, originalmente chamado de “garveyta”, foi liderado por 
Marcus Mosiah Garvey, líder sindical e descendente dos maroons – principal 
comunidade de escravos foragidos (quilombo) e que se tornou impenetrável aos 
exércitos ingleses no século XIX. Este movimento foi iniciado por uma interpretação 
da profecia bíblica em parte baseada pelo status de Selassiê como o único monarca 
africano de um país totalmente independente e seus títulos de Rei dos Reis, Senhor 
dos Senhores e Leão Conquistador da Tribo de Judah, que foram dados pela Igreja 
Ortodoxa Etíope. 
Na mesma pesquisa, Rehen diz que Garvey profetizou o seguinte: “Olhem 
para a África, onde um rei está para ser coroado e o dia da redenção se aproxima”. 
A notícia da coroação do rei africano, trazendo títulos bíblicos e sendo reconhecido 
como o descendente da dinastia do rei Salomão – conforme postulava a Igreja 
Copta da Etiópia – trouxe uma renovação para a identidade da população negra e 
rural nas montanhas jamaicanas, que passou a louvar o imperador etíope em suas 
comunidades autossustentáveis, sendo uma resposta quase imediata para a 
profecia de Marcus Garvey. Para os rastafaris, Haile Selassie I é também conhecido 
como “Luz do Mundo”, “Cabeça do Criador” e “Cristo na Terra”. 
Com a criação e difusão do reggae (cerca de 30 anos após a coroação de 
Haile Selassie ou Rãs Tafari), que uniu instrumentos convencionais da música pop 
mundial, como baixo, bateria, teclados e guitarras e os mesclou aos tambores e à 
estrutura rítmica e melódica dos cantos tipicamente rastafaris, o “rastafarianismo”
ganhou força, se expandiu e desde então passou a ser reinterpretado localmente por 
diversas comunidades espalhadas pelo mundo. 
O movimento é algumas vezes chamado rastafarianismo, porém alguns 
rastas consideram este termo impróprio e ofensivo, já que “ismo” é uma classificação 
dada pelo sistema babilônico, o qual é combatido pelos rastas. O movimento 
rastafári se espalhou muito pelo mundo, principalmente por causa da imigração e do 
interesse gerado pelo ritmo do reggae; mais notavelmente pelo cantor e compositor 
de reggae jamaicano Bob Marley. No ano 2000 havia aproximadamente um milhão 
de seguidores do rastafarianismo pelo mundo, algo difícil de ser comprovado devido 
à sua escolha de viver longe da civilização. 
 
 
 
 
 
18 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
O encorajamento de Marcus Garvey para os negros terem orgulho de si 
mesmos e de sua herança africana inspiraram os rastas a abraçar todas as coisas 
africanas. Estar próximo à natureza e da savana africana e seus leões, em espírito 
(se não fisicamente), é primordial pelo conceito que eles tem da cultura africana. 
Viver próximo e fazer parte da natureza é visto como africano. Esta aproximação 
africana com a natureza pode ser vista nos dreadlocks, ganja (droga alucinógena 
produzida a partir da Cannabis sativa), e comida fresca (comida Ital), e em todos os 
aspectos da vida rasta. Eles desdenham a aproximação da sociedade moderna com 
o estilo de vida artificial e excessivamente objetivo, renegando a subjetividade a um 
papel sem qualquer importância. 
A ganja pode ser fumada em forma de cigarros, em cachimbos, chamados 
de “cálices”, e pode ser ingerida sob a forma de chá ou utilizada como alimento: 
tempero, pastas ou bolos. Usualmente é o único ato de fumá-la (cigarros ou “cálice”) 
que vem precedido e acompanhado por orações e evocações das palavras “Jah, 
Rastafari, Selassie I” repetidas por todos os fiéis, conferindo assim um caráter 
sacramental ao ato. Nos outros casos a cannabis pode ser usada ao longo de 
conversas, passeios, no desenvolvimento de trabalhos artísticos e em inúmeras 
situações sociais. 
Os rastas sentem-se livres para se divertirem enquanto consomem a ganja, 
mas sentem-se bastante ofendidos quando fumam em companhia de pessoas que 
falam palavrões (vocabulário classificado como negativo) ou assuntos considerados 
profanos. Para os rastas, ganja é um “sacramento religioso” que está associado a 
cantos e rezas rastafaris – entretanto, em contraposição a essa mesma substância, 
cannabis, quando consumida como recreação por pessoas “não-rastas” e pode 
então ser chamada pelos próprios rastafaris de “maconha” ou “dagga”. 
Já o termo “erva” (ou “herb”) é utilizado para designar o aspecto medicinal 
das supostas propriedades curativas da cannabis e esse é um aspecto que também 
está ligado à autossuficiência do estilo de vida rastafári, fundamentado na crítica ao 
modelo de vida moderno. Eles não acreditam na cura através da medicina ocidental 
e sim através da “erva” em chás ou quando fumada na forma de cigarros ou em 
cachimbos, consumo que deve estar associado à música e orações. Ainda sobre 
 
 
 
 
 
19 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
essa noção da “erva” como medicina, os rastas afirmam (apesar de não disporem de 
estudos que deem suporte a esta crença) que a cannabis pode curar muitas 
doenças, especialmente pressão alta, stress, glaucoma e aliviar náuseas de 
pacientes com câncer. 
As opções por nomenclaturas ligadas à cura ou sacramento religioso 
reivindicam um lugar divino e “natural” dessa planta, afastando-a de uma possível 
interpretação pejorativa, tal como “droga”. Além disso, é através da cannabis que os 
rastafaris defendem uma medicina natural alternativa e contestam a medicina 
“ocidental”. Com uma só prática eles evocam a natureza e o protesto, alicerces do 
rastafarianismo. 
Os rastafáris acreditam que Ras (título de nobreza que pode ser traduzido 
como “príncipe” ou “cabeça”) Tafari (“da paz”). Makonnen que foi coroado como 
Hailê Selassiê I, Imperador da Etiópia em 2 de novembro de 1930, é a encarnação 
do chamado Jah (Deus) na Terra, e o Messias Negro que irá liderar os povos de 
origem africana a uma terra prometida de emancipação e justiça divina. Porém, 
algumas correntes rastafáris não acreditam nisso literalmente. Parte porque seus 
títulos, como Rei do Reis, Senhor dos Senhores e Leão Conquistador da tribo de 
Judá, apesar de se encaixarem com aqueles mencionados no livro de Judá, também 
foram dados, de acordo com a tradição etíope, a todos os chamados imperadores 
salomônicos desde 980 a. C., mas Selassiê foi o único que recebeu, evidentemente, 
todos os títulos, incluindo os mais sagrados, como Supremo Defensor da Fé e Poder 
da Santíssima Trindade. 
Hailê Selassiê era, de acordo com algumas tradições, o ducentésimo 
vigésimo quinto na linha de imperadores etíopes descendentes do bíblico Rei 
Salomão e a Rainha de Sabá. O salmo 87:4-6 é também interpretado como a 
previsão da sua coroação. O rastafarianismo é um movimento filosófico-religioso que 
preza pela autossubsistência de seus seguidores, enfatizando os aspectos positivos 
de uma vida rural, de alimentação vegetariana e consumo da cannabis, entre outras 
condutas identificadas por eles como “essencialmente natural”. Por outro lado, a 
busca pela naturalidade pode ser compreendida como uma forte crítica aos moldes 
ocidentais (racistas) de produção, consumo e distribuição da renda. 
 
 
 
 
 
20 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
A maioria dos rastafáris é vegetariana, ou come apenas alguns tipos de 
carne, vivendo pelas leis alimentares do Levítico e do Deuteronômio no Velho 
Testamento. O consumo de carne de porco é proibido, assim como o de caramujos, 
moluscos de conchas e peixes sem escamas. A “comida Ital” é o alimento Rastafári 
e é o que Jah ordenou que fosse. “Todo o que não tem barbatanas ou escamas, nas 
águas, será para vós abominação. Melhor é a comida de ervas, onde há amor, do 
que o boi cevado, e com ele o ódio”. 
Não consomem alimentos processados ou industrializados. Acreditam que 
quanto menos cozidos os alimentos, melhor, sem sais, conservantes ou 
condimentos, pois assim possuem maior quantidade de vitaminas, proteínas e força 
vital, sendo adeptos da agricultura orgânica. Segundo os preceitos da alimentação 
Ital, não se utiliza sal ou condimentos no preparo dos alimentos. As bebidas são, 
preferentemente, herbais, como os chás, e outras bebidas como licor, refrigerante, 
leite ou café são vistos como pouco saudáveis. 
 
f) Judaísmo: 
 
Para o judaísmo atividades comuns entre as 
quais comer, dormir, dirigir os negócios, relacionar-se, 
etc, são parte do serviço a Deus, não menos que a 
observação ritual da tefilá, limudei Torá, tsedacá e outras 
mitsvot. Acreditam que as atividades de nosso dia-a-dia 
são a ponte através da qual acessamos níveis mais 
elevados, entre os quais o simples ato de comer. Mais 
que visar nossa sobrevivência, alimentar-se é um meio de 
trazer santidade às nossas vidas, observando as leis 
conforme indicadas na Torá: é permitido que se
coma 
carne, desde que o animal seja de uma espécie permitida pela Torá (Vayicrá cap. 
11); ritualmente abatida (shechitá – Devarim 12:21), tenha removidos os elementos 
não-casher (sangue e determinadas gorduras e nervos - Vayicrá 3:17; Bereshit 
32:33); seja preparado sem misturar carne e leite (Shemot 34:26); e as bênçãos 
 
 
 
 
 
21 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
apropriadas sejam recitadas (Devarim 8:10). Ao alimentar-se conforme a maneira 
prescrita pela Torá, e com a intenção apropriada, diz o Talmud, a mesa da pessoa 
torna-se um altar virtual a serviço de Deus. 
Consta no Talmud que Deus escolheu Moshê (Moisés) como líder do povo 
judeu observando como ele preocupava-se em carregar o peso de uma única 
ovelhinha desgarrada, jamais abandonando seu rebanho ou permitindo que um 
único animal fosse abandonado a sua própria sorte. A Torá enfatiza a compaixão e 
atenção que devemos nutrir pelos animais, como os exemplos abaixo: 
 
1. É proibido causar sofrimento aos animais – tzaar ba'alei chaim. (Talmud – 
Baba Metzia 32b, baseado em Shemot 23:5); 
2. A obrigação de aliviar o sofrimento de um animal, mesmo se o animal 
pertencer ao seu inimigo. (Shemot 23:5); 
3. É proibido comer antes de alimentar o animal (Talmud Berachot 40a, 
baseado em Devarim 11:15); 
4. Nossos animais devem descansar no Shabat. (Shemot 20:10); 
5. É proibido usar duas espécies diferentes para puxar o mesmo arado, pois 
seria injusto para com o animal mais fraco (Devarim 22:10); 
6. É uma mitsvá espantar a ave mãe antes de tirar seus filhotes. (Devarim 
22:7); 
7. É proibido matar uma vaca e seu bezerro no mesmo dia (Vayicrá 22:28); 
8. É proibido cortar e comer o membro de um animal vivo. (Bereshit 9:4; faz 
parte das Sete Leis de Nôach cuidar deste preceito que se aplica tanto a judeus 
como a não-judeus); Shechitá, o abate ritual conforme a halachá, Lei judaica, deve 
ser feito com o mínimo de sofrimento para o animal. 
9. A lâmina deve ser meticulosamente examinada para assegurar a forma de 
morte mais indolor possível (Chinuch 451; Pri Megadim – Introdução às Leis de 
Shechitá); 
10. Caçar animais por esporte é proibido pelos nossos Sábios (Talmud - 
Avodá Zara 18b; Noda BeYehuda 2-YD 10). 
 
 
 
 
 
22 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 Embora a Lei Judaica defenda o tratamento ético aos animais, o Judaísmo 
também afirma que os animais são feitos para servir ao homem, como está escrito: 
“Que o homem domine sobre os peixes, as aves e todos os animais” (Bereshit 1:26). 
Maimônides aponta os quatro níveis na hierarquia da criação e cada criatura deriva 
seu sustento do nível abaixo do ser: 
 
Nível 1 : Domaim - o reino inanimado (terra e minerais) constitui a existência de nível 
mais baixo, e se autossustenta. 
Nível 2: Tzomey'ach - da vegetação nutrida pelo nível anterior, a terra. 
Nível 3: Chai – o reino animal que se alimenta da vegetação. 
Nível 4: Medaber - seres falantes (humanos) que se sustentam da vegetação e dos 
animais. 
 
Quando o alimento é consumido, sua identidade se transforma naquela do 
ser que o comeu. Assim o Talmud (Pessachim 59b) considera como moralmente 
justificado comer animais somente quando estamos envolvidos em atividades 
sagradas e espirituais. É somente então que o ser humano concretiza seu potencial 
mais elevado e o animal consumido é também elevado. Na percepção judaica, o 
nível mais alto que um animal pode atingir é ser consumido por um ser humano e 
usado para o serviço Divino. 
Portanto, antes de consumir carne, devemos nos questionar se estamos 
elevando o animal a um nível superior, santificando-o, se realmente estamos 
beneficiando este animal. Comer deve tornar-se nossa vida um ato que gera força e 
energia utilizada para beneficiar o mundo. O cabalista do Século Dezoito, Rabi 
Moshe Chaim Lutzatto, explica que todas as criaturas possuem uma alma. No 
entanto, a natureza destas almas é distinta. Os animais têm uma alma que os anima 
e carrega dentro de si os instintos para a sobrevivência, procriação, etc. Somente os 
seres humanos, com uma alma Divina, têm a capacidade de manter um 
relacionamento com Deus, de fazer escolhas mais elevadas. 
 
 
 
 
 
23 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
No Shabat e chaguim a Torá prescreve o consumo de vinho e carne para 
celebrar estes dias especiais em nosso calendário de uma forma festiva e que 
aumente em alegria. Mas para quem não aprecia o consumo de carne, isto é 
necessário? É uma obrigação? Ou pode tornar-se uma opção não aplicável? 
Historicamente, Adão e Eva foram vegetarianos, pois está escrito: “vegetais e frutas 
serão seu alimento” (Bereshit 1:29). Deus somente permitiu carne a Nôach (noé) e 
seus descendentes após o Dilúvio (Bereshit 9:3; Talmud Sanhedrin 59b). 
Alguns comentaristas explicam que antes do Dilúvio, o homem estava acima 
da cadeia alimentar. Após o Dilúvio, o homem caiu de nível e tornou-se ligado à 
cadeia alimentar, embora no topo dela. A humanidade tinha descido em sua 
capacidade de influenciar o mundo animal através de ações, e assim foi necessário 
influenciar o mundo animal mais diretamente: ingerindo-os. Desta forma, a carne foi 
permitida a Nôach para enfatizar a superioridade do ser humano sobre o reino 
animal. 
Alguns citam o precedente de Adão e Eva como uma indicação de que num 
mundo perfeito os seres humanos retornarão ao vegetarianismo universal. A grande 
maioria de eruditos rabínicos, no entanto, afirma que as oferendas de animais serão 
retomadas na Era Messiânica. O Talmud (Baba Batra 75a) de fato declara que 
quando Mashiach chegar, Deus preparará um banquete baseado em carne para os 
justos. 
Em conclusão, o Judaísmo aceita a ideia da dieta vegetariana, embora 
dependendo da intenção da pessoa. O vegetarianismo baseado na ideia de que não 
temos o direito moral de matar os animais não é uma opinião aceita pelos judeus. O 
vegetarianismo é plenamente aceitável embora muitos judeus observantes e que ao 
mesmo tempo cuidam da dieta vegetariana acabam consumindo carne, abrindo uma 
exceção somente quando prescrito pela Torá, como Shabat e Yom Tov. 
Na ordem da Torá que prescreve de nos “guardar cuidadosamente” 
(Devarim 4:15) exige que prestemos atenção aos assuntos de saúde relacionados a 
uma dieta baseada em carne. Devemos conhecer sua procedência, se as leis da 
Torá foram aplicadas em suas minúcias, se os animais foram criados sem 
administração de hormônios, antibióticos e outras drogas que possam colocar em 
 
 
 
 
 
24 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
sérios riscos nossa saúde. A consciência judaica exige constante atenção no sentido 
de preservar e proteger nosso mundo natural. 
Devemos levar sempre em consideração que tudo que existe na natureza, 
todas as aves, plantas, cada folha de uma árvore – tudo aquilo que Deus criou neste 
mundo, possui uma conexão Divina. Se eles forem utilizados como alimento, se 
tornarão espécies mais elevadas se apropriadamente
preparados, ingeridos e 
tratados com respeito. Porém, causar sofrimento desnecessário a qualquer criatura, 
mesmo não percebendo o mal causado em um simples ato como arrancar a folha de 
uma árvore sem motivo é desperdiçar seu potencial. 
O Judaísmo permite e às vezes, como no Shabat e Yom Tov, até prescreve 
a ingestão de carne, desde que a intenção de elevar a energia Divina contida dentro 
dela seja colocada em prática em seu nível mais elevado. Devemos utilizar a energia 
e potencial existente em cada elemento da natureza a fim de cumprir nossa 
responsabilidade e obrigação: a de servir a Deus usufruindo da perfeição do mundo 
ao mesmo tempo em que preservamos seu poder de renovar-se para as futuras 
gerações. 
 
3. Diferentes modalidades de vegetarianismo 
 
As dietas vegetarianas baseiam-se em alimentos de origem vegetal, 
excluindo animais e produtos derivados. Entretanto, existem algumas subdivisões, 
de acordo com o maior ou menor rigor de exclusão de alguns alimentos. 
 
Os principais tipos de dieta vegetariana são os seguintes: 
 
• Vegetarianismo puro, estrito ou veganismo – não há consumo de produtos 
animais nem de ovos, laticínios, mel, tecidos de origem animal (como seda, lã ou 
couro); 
• Lactovegetarianismo – alimentam-se de vegetais e de leite e derivados, como 
queijo, manteiga e iogurte. 
• Ovo-vegetarianismo - alimentam-se de vegetais e de ovos. 
 
 
 
 
 
25 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
• Ovo-lacto-vegetarianismo – Não ingerem carnes, mas consomem produtos 
animais como ovos e leite. É o tipo mais comum de vegetarianismo. 
• Semivegetarianismo – Esporadicamente (até 3 vezes/semana) consomem 
carne branca e/ou mariscos, entretanto, não são considerados vegetarianos. 
• Crudivorismo – Consomem todos os alimentos crus, ou aquecidos pelo sol ou, 
quando isto não é possível, pelo forno bem baixo (até 40ºC). 
• Frugivorismo – Alimentam-se basicamente de frutas. 
 
O veganismo, seguido por algumas pessoas extremistas é também praticado 
por vegetarianos não veganos, apenas por períodos curtos como forma de 
desintoxicação do organismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-----------------FIM DO MÓDULO I------------------- 
Nutrição+Vegetariana+II.pdf
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Nutrição Vegetariana 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
MÓDULO II 
 
1) Prós e Contras das Dietas Vegetarianas: 
 
1.1) Vantagens das Dietas Vegetarianas: 
 
Os vegetarianos, apesar de enorme variedade de hábitos alimentares, 
apresentam diminuição das taxas de morbidade e de mortalidade por doenças crônicas. 
Muitos adeptos do vegetarianismo também demonstram preocupação com as questões 
ambientais, econômicas, éticas e religiosas, contribuindo, por suas escolhas, com a 
menor produção de lixo e emissão de poluentes e com a reciclagem. Alguns estudos 
demonstraram diminuição das taxas de colesterol e reversão da doença arterial 
coronariana após adoção de dieta vegetariana pelos pacientes. Observa-se igualmente 
menor prevalência de hipertensão e obesidade. 
Vegetarianos também apresentam menor incidência de câncer pulmonar e 
colorretal, provavelmente em função da maior ingestão de fibras e vitaminas 
antioxidantes. Uma dieta vegetariana bem planejada também pode ser útil no manejo 
das doenças renais, pois as proteínas vegetais são capazes de diminuir a proteinúria, a 
taxa de filtração glomerular, o fluxo sanguíneo renal e o dano renal, quando comparada 
a uma dieta onívora tradicional. 
Os alimentos vegetarianos são fáceis de encontrar, seja em supermercados, 
seja em lojas de produtos naturais. Cerca de metade do volume dos alimentos 
vegetarianos é vendida em supermercados e metade em lojas de produtos naturais. 
Três quartos da venda de leite de soja ocorrem nos supermercados. 
 
1.2) Desvantagens: 
 
A reserva de ferro é menor em vegetarianos e se a dieta não fornecer 
quantidades suficientes de ferro e vitamina C pode ocorrer anemia ferropriva. Os 
 
 
 
 
 
25 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
estoques de vitamina B12 no organismo diminuem ao longo do tempo em vegetarianos, 
tornando necessário o monitoramento dos níveis desta vitamina, e de seu metabólito, a 
homocisteína, além do aumento na ingestão de alimentos fortificados com esta vitamina. 
No caso dos veganos a deficiência pode surgir antes, tornando mais urgente a 
necessidade de suplementação medicamentosa. A deficiência de vitamina B12, que 
pode demorar anos para se manifestar, causa anemia megaloblástica e aumento dos 
níveis de homocisteína, que está relacionado a um aumento na morbidade 
cardiovascular. De qualquer forma, recomenda-se a sua suplementação preventiva de 
B12. Nos veganos com baixa ingestão de cálcio e baixa exposição à luz solar pode 
ocorrer deficiência de cálcio e osteoporose. Também pode incidir deficiência de ácido 
graxo ômega 3, fornecido pelos peixes e ovos. Para prevenir esta carência é necessário 
incluir linhaça na alimentação ou tomar suplementos. 
Outro aspecto importante é a grande ingestão de fatores antinutricionais 
presentes em inúmeros alimentos vegetais, que se não forem inativados corretamente, 
ou tiverem sua ingestão devidamente orientada, poderão comprometer a absorção de 
vários nutrientes, aumentando o risco de deficiências nutricionais. 
 
2) Nutrientes que Merecem Destaque: 
 
2.1) Ferro: 
 
O ferro é um mineral de fundamental 
importância para diversas reações químicas no 
nosso organismo e para a produção das hemácias 
(células vermelhas do sangue). É também o 
componente de algumas enzimas necessárias para 
a obtenção de energia dos nutrientes. Nosso 
estoque de ferro, chamado de ferritina, não é muito grande e o restante do ferro 
presente no organismo encontra-se nas células musculares (sob a forma de mioglobina) 
 
 
 
 
 
26 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
e nas enzimas que contém esta substância. Na deficiência de ferro na alimentação, o 
estoque (ferritina) é utilizado gradualmente e à medida que este diminui a produção das 
hemácias também atenua, ocasionando a anemia propriamente dita. Assim, o sistema 
imunológico fica prejudicado e a pele começa a apresentar alterações, como fissuras 
nos cantos dos lábios, além de queda de cabelo e alterações nas unhas. 
A anemia causa cansaço, tonturas, fraqueza, indisposição e falta de apetite,
além de maior risco de depressão e dificuldade no aprendizado. Também há risco de 
parto prematuro e anormalidades no desenvolvimento cerebral dos fetos. O ferro é um 
elemento único, mas apresenta-se sob duas formas: ferro-heme e ferro-não-heme. O 
ferro-heme é derivado das células vermelhas (hemoglobina) e das células musculares 
(mioglobina), sendo, portanto, de origem animal e obtido somente a partir dos alimentos 
derivados de sangue, como as carnes, o chouriço, etc. Este tipo de ferro representa a 
menor porção ingerida, mas sofre pouca alteração dos fatores que aumentam ou 
prejudicam sua absorção. 
O ferro não-heme representa a maior proporção, sendo característico dos 
alimentos de origem vegetal. É um ferro “inorgânico” e pode ser utilizado para 
fortificação dos alimentos industrializados. Os alimentos vegetais contêm apenas ferro-
não-heme, que é mais sensível que o ferro-heme tanto aos inibidores quanto aos 
estimuladores de sua absorção. Os fatores inibidores da absorção do ferro incluem os 
fitatos, o cálcio, os chás, inclusive alguns feitos de ervas, a cafeína e as fibras. 
Entretanto, o fitato é o principal inibidor. 
A vitamina C e outros ácidos orgânicos, encontrados em frutas e legumes, 
podem aumentar a absorção de ferro e ajudar a reduzir o efeito dos fitatos. A ingestão 
recomendada para os vegetarianos é 1,8 vezes maior que a de não vegetarianos, devido 
à menor biodisponibilidade dessa substância na dieta vegetariana. As fibras parecem ter 
pequeno efeito sobre a absorção de ferro. A vitamina C, consumida concomitantemente 
à fonte de ferro, pode ajudar a reduzir os efeitos inibidores do fitato e algumas pesquisas 
vinculam a elevada ingestão de vitamina C à melhora do nível de ferro no organismo. 
 
 
 
 
 
27 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
A ingestão elevada de vitamina C e de legumes, verduras e frutas pelos 
vegetarianos pode ter um impacto favorável sobre a absorção de ferro. Embora muitos 
estudos sobre a absorção tenham sido de curto prazo, há indícios de que ocorre uma 
adaptação à ingestão reduzida em longo prazo que envolve tanto o aumento da 
absorção quanto a redução da perda. É provável que as necessidades de ferro 
dependam da constituição geral da dieta e sejam significativamente menores para 
alguns vegetarianos do para que outros. 
Os FOS (fruto-oligosacarídeos) são compostos semelhantes às fibras, 
fermentados pelas bactérias probióticas, que promovem diversos benefícios à saúde e 
favorecem a absorção de ferro e de outros minerais, como cálcio e magnésio. Os 
estudos mostram, tipicamente, que a ingestão de ferro pelos veganos é superior à dos 
ovolactovegetarianos e dos onívoros e a maioria deles demonstra que a ingestão de 
ferro dos ovolactovegetarianos é maior que a de não vegetarianos. 
 
2.2) Zinco: 
 
O zinco entra na formação de cerca de 
300 enzimas e é essencial para que diversas 
reações químicas ocorram no organismo, como 
o bom funcionamento do sistema imunológico, o 
crescimento de fetos e das crianças, além da 
formação e degradação de macronutrientes 
(carboidratos, proteínas e lipídios). O zinco é 
perdido pela descamação da pele e pelo intestino, pelo crescimento das unhas e dos 
pelos. Exercícios intensos e altas temperaturas ambientais podem aumentar a perda de 
zinco pela transpiração. 
As maiores fontes de zinco são as carnes vermelhas e magras, os cereais 
integrais e os feijões, além do arroz e frango. Como o fitato se liga ao zinco e a proteína 
 
 
 
 
 
28 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
animal aumenta a absorção deste mineral, a biodisponibilidade total do zinco parece ser 
menor em dietas vegetarianas. Além disso, alguns vegetarianos seguem dietas nas 
quais a ingestão de zinco fica significativamente abaixo do volume recomendado. 
Embora a deficiência declarada de zinco não tenha sido encontrada em vegetarianos 
ocidentais, o efeito da ingestão marginal ainda é mal compreendido. A necessidade de 
zinco de vegetarianos cuja dieta seja rica em fitatos pode exceder a RDA. 
Os mecanismos de compensação podem ajudar os vegetarianos a adaptar-se à 
ingestão menor de zinco. Algumas técnicas de preparo dos alimentos, como deixar de 
molho e fazer brotar os feijões, cereais e sementes, assim como a fermentação do pão, 
podem reduzir a ligação entre o zinco e o fitato e aumentar a biodisponibilidade do zinco. 
 
Biodisponibilidade de zinco nas dietas: 
Biodisponibilidade Característica da dieta 
Alta (50 a 55%) • Alimentos refinados, pobre em fibras e ácido fítico; 
• Proteína de origem animal. 
Moderada (30 a 
35%) 
• Dieta onívora; 
• Dieta vegetariana com base em alimentos não integrais; 
• Mais de 50% da energia ingerida proveniente de alimentos 
integrais que não foram processados para reduzir o teor de 
ácido fítico. 
Baixa (15%) • Dietas com alimentos integrais que não foram processados 
para reduzir o teor de ácido fítico; 
• Não ingestão de proteína animal; 
• Soja como principal fonte proteica, sem a utilização de 
medidas para redução do ácido fítico; 
Fonte: adaptado de Slywitch, 2006. 
 
 
 
 
 
29 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
 
 
A deficiência de zinco causa retardo no crescimento e desenvolvimento sexual e 
ósseo, lesões na pele, diarreia, queda de cabelo, perda do apetite e do paladar, além de 
maior suscetibilidade a infecções, devido à menor eficiência do sistema imunológico. 
Entretanto, estes sintomas só se manifestam quando a deficiência é grave. A dosagem 
sérica de zinco não é um método diagnóstico confiável. Vegetarianos que consomem 
grande quantidade de alimentos integrais devem estar atentos à biodisponibilidade do 
zinco, sendo recomendado reduzir o teor de ácido fítico dos alimentos. 
 
2.3) Cálcio: 
 
Apesar de o cálcio ser o quinto elemento 
mais abundante no planeta, sua ingestão ainda é 
baixa em muitas populações, contribuindo para o 
aumento nos índices de osteoporose, hipertensão 
arterial e câncer de intestino. O cálcio é necessário 
para a coagulação do sangue, contração muscular e 
formação dos ossos. 
Após os 45 anos o organismo perde, 
progressivamente, sua massa óssea (osteopenia), 
tornando os ossos cada vez mais porosos (osteoporose) e aumentando os riscos de 
fraturas. Entretanto, a massa óssea também tem relação com a prática de atividade 
física, níveis hormonais, obesidade, fatores ambientais (ex: exposição à luz solar), 
medicamentos que podem interferir na biodisponibilidade e absorção deste mineral e 
fatores nutricionais. 
O cálcio está presente em muitos alimentos vegetais e enriquecidos. As 
verduras com pouco oxalato (couve chinesa, brócolis, couve, quiabo, folhas de nabo) 
fornecem cálcio de elevada biodisponibilidade (entre 49% e 61%), em comparação com 
 
 
 
 
 
30 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
o tofu enriquecido com cálcio; os sucos de frutas e o leite de vaca (biodisponibilidade na 
faixa de 31% a 32%) e com o leite de soja enriquecido; o
gergelim, as amêndoas e os 
feijões vermelho e branco (biodisponibilidade entre 21% e 24%). Os figos e os alimentos 
à base de soja, como feijão-soja cozido ou tostado e o tempê, fornecem cálcio adicional. 
Os alimentos enriquecidos com cálcio incluem sucos de frutas, suco de tomate e 
os flocos de cereais. Assim, vários grupos de alimentos contribuem para o total de cálcio 
na dieta. Os oxalatos presentes em alguns alimentos podem reduzir muito a absorção de 
cálcio e assim as verduras muito ricas nestes compostos, como espinafre, folhas de 
beterraba e acelga suíça não são boas fontes de cálcio utilizável, apesar de seu elevado 
teor do mineral. O fitato também pode inibir a absorção de cálcio. No entanto, alguns 
alimentos com alto teor de fitatos e oxalatos, tais como os alimentos à base de soja, 
ainda fornecem cálcio de boa absorção. Os fatores que aumentam a absorção de cálcio 
incluem o adequado teor de vitamina D e de proteína. 
A ingestão de cálcio dos lactovegetarianos é comparável a dos onívoros ou mais 
elevada, enquanto a ingestão dos veganos tende a ser menor que a de ambos os 
grupos e, muitas vezes, abaixo do nível recomendado. As dietas ricas em aminoácidos 
que contenham enxofre podem aumentar a perda de cálcio dos ossos. Os alimentos 
com proporção relativamente elevada de aminoácidos que contenham enxofre em 
relação ao total de proteínas incluem ovos, carne, peixe, aves, laticínios, nozes e muitos 
cereais. Há alguns indícios de que o impacto dos aminoácidos sulfurados só é 
importante no caso de baixa ingestão de cálcio. Estudos demonstram que cada grama 
excedente de proteína leva a uma perda diária de 1,75mg de cálcio e a cada 50g a mais 
de proteínas/dia (além das recomendações de ingestão diária) aumenta a perda de 
cálcio em 60mg/dia. 
O excesso de ingestão de sódio também pode provocar a perda de cálcio. Além 
disso, alguns estudos mostram que a proporção entre o cálcio e a proteína na dieta é um 
fator preditivo mais forte da saúde óssea que apenas a ingestão de cálcio. Tipicamente 
esta proporção é alta em dietas ovolactovegetarianas e favorece a saúde óssea, 
 
 
 
 
 
31 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
enquanto os veganos têm uma proporção entre cálcio e proteína semelhante ou inferior 
à dos onívoros. 
O ideal é que os vegetarianos sigam as recomendações quanto à ingestão diária 
de cálcio, assim como dos demais nutrientes. Isso pode ser obtido em pessoas adultas 
não grávidas e fora do aleitamento com o consumo de pelo menos 8 porções diárias de 
alimentos que forneçam 10 a 15% da Ingestão Adequada (IA) de cálcio, como indicado 
na Vegetarian Food Guide Pyramid (Pirâmide de Orientação Alimentar Vegetariana) e no 
Vegetarian Food Guide Rainbow (Arco-Íris de Orientação Alimentar Vegetariana). 
O cálcio presente nos suplementos é tão bem absorvido quanto o cálcio 
presente nos alimentos e o excesso na ingestão deste mineral (doses acima de 2,5g/dia) 
pode causar insuficiência renal, calcificação em diversos órgãos, irritabilidade e dores de 
cabeça. 
 
Biodisponibilidade do Cálcio: 
Alimento Biodisponibilidade
Brócolis 61,30% 
Repolho-chinês 53,80% 
Couve 49,30% 
Mostarda chinesa 40,20% 
Leite 32,10% 
Iogurte 32,10% 
Queijo cheddar 31,20% 
Tofu com cálcio 31,00% 
 
 
 
 
 
32 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
Feijão azuki 24,40% 
Batata doce 22,20% 
Feijão branco 21,80% 
Ruibarbo 8,54% 
Espinafre 5,10% 
Fonte: Slywitch, 2006. 
 
2.4) Vitamina B12: 
A vitamina B12 é o nutriente que mais deve receber atenção nas dietas 
vegetarianas, principalmente nas veganas, nas quais existe a necessidade de 
suplementação medicamentosa. Esta vitamina, de cor rósea, contém cobalto em seu 
interior, sendo chamada de cobalamina. É uma vitamina essencial à manutenção da 
estrutura do sistema nervoso e à maturação das células vermelhas do sangue. 
Entretanto os vegetais não possuem em sua composição essa vitamina, sendo 
necessária a suplementação para os veganos. 
As fontes de vitamina B12 não derivadas de animais incluem os alimentos 
enriquecidos (como algumas marcas de leite de soja, flocos de cereais e fermento 
nutricional) ou suplementos. A menos que seja enriquecido, nenhum alimento vegetal 
contém quantidade significativa de vitamina B12 ativa. Alimentos como algas marinhas e 
espirulina podem conter análogos da vitamina B12, porém nem esses nem os produtos 
fermentados de soja podem ser consideradas fontes confiáveis de vitamina B12 ativa. 
Os ovolactovegetarianos podem obter quantidade adequada de vitamina B12 nos 
laticínios e ovos, caso estes alimentos sejam consumidos regularmente. 
As dietas vegetarianas são tipicamente ricas em ácido fólico, que pode mascarar 
os sintomas hematológicos da deficiência de B12. Portanto, alguns casos de deficiência 
 
 
 
 
 
33 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
talvez não sejam percebidos antes que se instalem os sintomas neurológicos. Se houver 
preocupação com o nível de vitamina B12, deve-se medir a homocisteína sérica, o ácido 
metilmalônico e a holotranscobalamina II. 
É fundamental uma fonte regular de vitamina B12 para mulheres grávidas e em 
lactação e para bebês amamentados no peito, caso a dieta da mãe não seja 
suplementada. Os bebês de mães veganas cuja dieta careça de fontes confiáveis desta 
vitamina correm risco muito alto de apresentar deficiência. A ingestão e a absorção de 
vitamina B12 pela mãe durante a gravidez parece ter influência maior sobre o nível de 
vitamina B12 do bebê do que as reservas maternas desta vitamina. Como 10 a 30% dos 
que têm mais de 50 anos, seja qual for sua dieta, perdem a capacidade de digerir a 
forma de vitamina ligada à proteína que se encontra em ovos, laticínios e outros 
produtos animais, todas as pessoas acima desta idade deveriam tomar suplementos de 
B12 ou usar alimentos enriquecidos, pois correm o risco de apresentar deficiência. 
Há estudos que indicam que alguns veganos e outros vegetarianos não 
consomem com regularidade fontes confiáveis de B12 e que isso se reflete num nível de 
B12 no organismo abaixo do adequado. É essencial que todos os vegetarianos tomem 
um suplemento, usem alimentos enriquecidos ou consumam laticínios ou ovos para 
atingir a ingestão recomendada de vitamina B12. A absorção é mais eficiente quando se 
consome pequena quantidade da vitamina em intervalos frequentes. Pode-se conseguir 
isso pelo uso de alimentos enriquecidos. Quando menos de 5 µg de vitamina B12 
cristalina são consumidos de uma só vez, cerca de 60% são absorvidos, enquanto 
apenas 1% de uma dose de 500 µg ou maior é absorvido. 
Diversos alimentos possuem compostos semelhantes à vitamina B12 (análogos 
da B12) e que podem ser dosados (quando o alimento é analisado), como se realmente 
fossem B12. Entretanto, estes compostos não desempenham as mesmas funções da 
B12 verdadeira e não servem como substitutos da mesma. Tais compostos são 
comumente encontrados nos seguintes alimentos: 
a) Alimentos fermentados: missô, tempeh, shoyu, pães fermentados com fermento 
biológico e levedura de cerveja;
34 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
b) Algas: Chlorella, nori, wakame, kombu, hijiki, espirulina. As algas, por interagirem 
com bactérias, até podem conter B12 e algumas algas chegam a produzir um análogo 
da vitamina, que não exerce a mesma função da B12 verdadeira no organismo dos 
seres humanos. 
 As únicas fontes realmente confiáveis de vitamina B12 são os ovos, leite, 
queijos, suplementos (orais ou injetáveis) e alimentos enriquecidos industrialmente 
(prática ainda pouco comum no Brasil). 
 
2.5) Vitamina D: 
 
O nível de vitamina D do organismo depende da exposição à luz solar e da 
ingestão de alimentos enriquecidos com vitamina D ou suplementos. Acredita-se que a 
exposição ao sol no rosto, nas mãos e nos antebraços durante 5 a 15 minutos por dia 
durante o verão, numa latitude de 42° (Boston), forneça quantidade suficiente de 
vitamina D para pessoas de pele clara. Pessoas de pele escura precisam de exposição 
mais longa. A exposição ao sol pode ser inadequada para os que moram no Canadá e 
nas latitudes mais ao norte dos Estados Unidos, em especial nos meses de inverno, em 
regiões com muito nevoeiro e para quem se expõe pouco ao sol. Além disso, bebês, 
crianças e adultos mais velhos sintetizam vitamina D com menos eficiência. 
Os filtros solares podem interferir na síntese da vitamina D, embora os relatos 
sejam incoerentes e possam depender da quantidade de filtro solar aplicada. Foi 
observado baixo nível de vitamina D e massa óssea reduzida em algumas populações 
veganas de latitudes mais setentrionais que não usaram suplementos nem alimentos 
enriquecidos, em especial crianças que seguiam dietas macrobióticas e vegetarianos 
asiáticos adultos. 
Os alimentos enriquecidos com vitamina D incluem o leite de vaca, algumas 
marcas de leite de soja e de arroz e alguns flocos de cereais e margarinas. A vitamina 
D3 (colecalciferol) tem origem animal, enquanto a vitamina D2 (ergocalciferol) é uma 
forma aceitável para os veganos. A vitamina D2 pode ser menos biodisponível que a 
 
 
 
 
 
35 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
vitamina D3, o que pode aumentar a necessidade dos vegetarianos que dependem de 
suplementos de D2 para atender ao nível recomendado de vitamina D. Caso a 
exposição ao sol e a ingestão de alimentos enriquecidos seja insuficiente, recomendam-
se suplementos de vitamina D. 
 
2.6) Ácido graxo ômega-3: 
 
Embora as dietas vegetarianas possam ser 
ricas em ácidos graxos n-6 (especificamente o ácido 
linoleico), podem ser pobres em ácidos graxos n-3, o 
que resulta em um desequilíbrio que pode inibir a 
produção de ácidos graxos n-3 fisiologicamente ativos 
de cadeia longa como o ácido eicosapentaenoico 
(EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA). As dietas 
que não incluem peixe, ovo ou quantidades generosas 
de algas costumam não apresentar fontes diretas de 
EPA e DHA. Recentemente foram colocadas no mercado fontes veganas de DHA 
derivado de microalgas, na forma de suplementos em cápsulas sem gelatina. Já foi 
demonstrado que o DHA oriundo das algas afeta de forma positiva o nível sanguíneo de 
DHA e EPA por meio da retroconversão. 
A maioria dos estudos mostra que os vegetarianos, e particularmente os 
veganos, apresentam nível sanguíneo mais baixo de EPA e DHA que os não 
vegetarianos. A quantidade recomendada na nova Referência de Ingestão Nutricional é 
de 1,6 e 1,1 grama diária de ácido linolênico respectivamente para homens e mulheres. 
Este valor é conhecido como Als, em vez de RDA. Essas recomendações supõem 
alguma ingestão de ácidos graxos n-3 de cadeia longa e podem não ser adequadas para 
vegetarianos que consomem pouco ou nenhum DHA e EPA. 
Consulta Conjunta a Especialistas em Dieta, Nutrição e Prevenção de Doenças 
Crônicas da Organização Mundial da Saúde/Organização de Agricultura e Alimentação 
 
 
 
 
 
36 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
(OMS/FAO) recomenda que 5 a 8% das calorias sejam oriundas de ácidos graxos n-6 e 
1 a 2% de ácidos graxos n-3. Com base numa ingestão calórica de 2.000 kcal por dia, 
isto significa uma ingestão de 2,2 a 4,4 gramas de ácidos graxos n-3. Os que não 
recebem uma fonte de EPA e DHA pré-sintetizada exibem uma quantidade maior de 
ácidos graxos n-3. A proporção recomendada entre os ácidos graxos n-6 e n-3 fica na 
faixa entre 2:1 e 4:1. 
O ideal é que a ingestão de n-3 seja de 3g/dia, para um adequado balanço n-
3:n-6. Recomenda-se aos vegetarianos que incluam boas fontes de ácido linolênico em 
sua dieta, como sementes e óleo de linhaça, que seria a maneira mais fácil de atingir a 
quantidade necessária de n-3. Os indivíduos que apresentam maior necessidade (como 
mulheres grávidas e em lactação ou pessoas que sofrem de doenças ligadas ao baixo 
nível de ácidos graxos essenciais) ou que correm risco de conversão inadequada (como 
os diabéticos) podem beneficiar-se de fontes diretas de ácidos graxos n-3 de cadeia 
longa, como as microalgas ricas em DHA ou suplementos. 
Recomenda-se também evitar a ingestão de óleo de gergelim e milho, cuja 
relação n-6:n-3 não é boa e aumentar a ingestão de azeite de oliva extravirgem, 
prensado a frio, que apesar de ter pouco n-3, possui quantidades consideráveis de n-9, 
que não interfere no metabolismo dos n-6 e n-3. Também é importante evitar a ingestão 
de gordura vegetal hidrogenada e de álcool, que reduzem a conversão de n-3 em EPA e 
DHA. 
 
Relação N-6: N-3: 
100g de óleo N-6 (em gramas) N-3 (em gramas) Proporção N-
6:N-3 
Linhaça 12,7 53,3 1:4 
Canola 18,76 6,3 3:1 
Soja 51 6,8 7,5:1 
Oliva 7,96 0,71 13,7:1 
 
 
 
 
 
37 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores 
 
 
Girassol 3,6 0,12 30:1 
Milho 53,5 1,16 46:1 
Gergelim 41,3 0,3 137:1 
Coco 1,8 0 --- 
 Fonte: Slywitch, 2006. 
 
 
2.7) Proteínas: 
 
A proteína de origem vegetal supre as 
necessidades de aminoácidos quando se consome 
vários alimentos vegetais e as necessidades 
energéticas são atendidas. As pesquisas indicam que 
vários alimentos vegetais ingeridos no decorrer do dia 
podem fornecer todos os aminoácidos essenciais e 
garantir a retenção e o uso adequados de nitrogênio 
em adultos saudáveis, e assim não é preciso 
consumir proteínas complementares na mesma 
refeição. 
As estimativas da necessidade de proteínas dos veganos variam, dependendo, 
em certo grau, das opções dietéticas. Uma meta-análise recente de estudos de equilíbrio 
de nitrogênio não encontrou diferença significativa da necessidade proteica segundo a 
fonte da proteína na dieta. Com base primariamente na digestibilidade menor das 
proteínas de origem vegetal, outros grupos sugeriram que as necessidades proteicas 
dos veganos podem aumentar em 30 a 35% no caso de bebês até 2 anos, em 20 a 30% 
para crianças de 2 a 6 anos e em 15 a 20% para crianças com mais de 6 anos, em 
comparação com as de não vegetarianos. 
A qualidade da proteína vegetal varia. Com base na pontuação dos aminoácidos 
compensada

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando