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Qualidades e defeitos de um texto 
1. Qualidades da Comunicação escrita. 
 
1.1. Clareza de expressão 
 Texto obscuro e ambíguo peca contra a clareza. Toda forma de comunicação há de ser clara compreensível, 
pois a ausência de clareza pode trazer consequências graves. 
 O discurso jurídico, de acordo com o caráter social de que se reveste, deve ser claro, devendo estar isento de 
dos defeitos que impedem ou dificultam a compreensão de suas mensagens. 
 Ex: “As videolocadoras de São Carlos estão escondendo seus filmes de sexo explícito. A decisão atende a uma 
norma de dezembro de 91, do Juizado de Menores, que proíbe que as casas de vídeo aluguem, exponham e 
vendam filmes pornográficos a menores de 18 anos. A portaria proíbe ainda os menores de 18 anos de irem a 
motéis e rodeios sem a companhia ou autorização dos pais”. 
Correção: 
 “As videolocadoras de São Carlos estão escondendo seus filmes de sexo explícito. A decisão atende a uma 
norma de dezembro de 91, do Juizado de Menores, que proíbe que as casas de vídeo aluguem, exponham e 
vendam filmes pornográficos a menores de 18 anos. A portaria proíbe os menores de 18 anos de irem a motéis e 
ainda de frenquentarem rodeios sem a companhia ou autorização dos pais”. 
 1.1.1. Para a obtenção de clareza: 
a) usar as palavras e as expressões em seu sentido comum, salvo quando a norma versar sobre assunto técnico, 
hipótese em que se empregará a nomenclatura própria da área em que se esteja legislando; 
b) usar frases curtas e concisas; 
c) construir as orações na ordem direta. 
d) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto das normas legais, dando preferência ao tempo 
presente ou ao futuro simples do presente; 
e) Usar os recursos de pontuação de forma judiciosa, evitando os abusos de caráter estilístico; 
 1.2. Concisão 
 É manter a objetividade acima de tudo. A utilização de subterfúgios linguísticos ou a dificuldade de 
entrar diretamente no assunto caracterizam falta de concisão, já que esta se consagra pela precisão vocabular, 
eliminando-se qualquer palavra ou sentença embromatória. 
Ex: Eu escreverei a petição se não houver, como ocorreu ontem, por volta do meio dia, quando me preparava para 
realizar uma prova, baixada na internet, e alguns amigos foram a minha casa, de sunga, para que fôssemos à 
praia, alguém para me interromper. 
Seria necessário somente: “Eu escreverei a petição se não houver alguém para me interromper”. 
 “A instrução, como todos sabem, ou pelo menos deveriam saber, será, salvo contratempo, como por exemplo 
chuva forte, acidente ou tiroteio, realizada na segunda- feira, se não me angano, 7 de novembro de 2011, às 
11:30h”. 
 Seria necessário somente: “A instrução será realizada na segunda- feira, 7 de novembro de 2011, às 11:30h”. 
 1.3. Precisão na linguagem 
 
As palavras são signos, são símbolos. Por isso elas necessitam ser decodificadas pelo leitor, à medida que este ler 
o texto. Muitos signos têm várias possibilidades de decodificação (muitas palavras têm vários significados). 
Cuidado com termos vagos ou que podem ser mal interpretados. Para o leitor, nada deve ficar obscuro ou 
subentendido. 
As palavras e figuras que entrarão no seu texto devem ser escolhidas com cuidado para exprimir o que o você 
tem em mente. Os vários sinônimos de uma palavra têm diferenças pequenas e sutis entre si. Vale a pena pensar 
em cada uma das palavras a serem usadas no seu texto assim como no conjunto lógico que elas deverão 
constituir. 
 1. 3.1. Para a obtenção de precisão: 
a) articular a linguagem, técnica ou comum, de modo a ensejar perfeita compreensão do objetivo da lei e a 
permitir que seu texto evidencie com clareza o conteúdo e o alcance que o legislador pretende dar à norma; 
b) expressar a ideia, quando repetida no texto, por meio das mesmas palavras, evitando o emprego de sinonímia 
com propósito meramente estilístico; 
c) evitar o emprego de expressão ou palavra que confira duplo sentido ao texto; 
d) escolher termos que tenham o mesmo sentido e significado na maior parte do território nacional, evitando o 
uso de expressões locais ou regionais; 
e) usar apenas siglas consagradas pelo uso, observado o princípio de que a primeira referência no texto seja 
acompanhada de explicitação de seu significado; 
f) grafar por extenso quaisquer referências a números e percentuais (trinta, dez, vinte e cinco, duzentos e trinta e 
cinco; zero vírgula zero duzentos e trinta e quatro por cento; dois vírgula quinze por cento; etc.), exceto data (4 de 
março de 1998, 1º de maio de 1998) , número de lei (Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990) e nos casos em 
que houver prejuízo para a compreensão do texto; 
g) indicar expressamente o dispositivo objeto de remissão, em vez de usar as expressões ‘anterior’, ‘seguinte’ ou 
equivalentes; 
 1.3.2. Exemplos de linguagem jurídica embromatória ou imprecisa 
a) De uma petição de inventário: 
 O de cujus deixou uma decuja e 4 decujinhos... 
b) De uma petição inicial da Vara do Trabalho em Varginha-MG: 
 Fulano de tal, falecido em 8 de maio de 2003, conforme certidão de óbito anexa, doravante denominada 
Reclamante, por seu advogado signatário, vem perante Vossa Excelência ajuizar ação trabalhista. 
c) De uma petição da Comarca de São Jerônimo: 
 O devedor pode ser localizado na casa nº 242 da rua que fica aos fundos do cemitério, não precisando o 
oficial de justiça alegar medo, como pretexto de não realizar a diligência, porque se trata de rua despovoada de 
almas do outro mundo. 
d) De uma contestação em ação de investigação de paternidade: 
 “O contestante nega ser o pai da criança, pois não chegou a mãe do investigante. Mesmo tendo sido uma noite 
de orgias, com vários participantes, o investigado limitou-se a uma única cópula, com outra pessoa da roda, após 
o que ficou com o tiche murcho”. 
e) Descrição de penhora: 
 “(...) um crucifixo em madeira, estilo colonial, marca INRI – sem número de série (...)” 
f) De uma contestação em ação revisional: 
 “A parte autora diz que no contrato de compra e venda estão presentes o sujeito e o objeto, mas não aponta 
onde estará o predicado.” 
g) De uma contestação com o réu tentando explicar que não se escondera do Oficial de Justiça: 
 “O Réu jamais se furtou ao recebimento da citação. Ocorre que reside em um local onde tem várias casas com 
o mesmo número, uma espécie de apartamento deitado.” 
 1.3.3. Para a obtenção de ordem lógica (texto aqui adaptado apenas à redação jurídica): 
a) restringir o conteúdo de cada parágrafo a um único assunto ou princípio; 
b) expressar por meio de outros parágrafos os aspectos complementares ao tema tratado; 
c) não alongar os parágrafos nem as citações (que devem conter apenas o essencial, relativo ao tema objeto do 
texto); 
d) observar o antecedente, para afirmar o consequente; 
e) usar, quando possível, a forma do silogismo para as demonstrações e argumentações. 
 1.3.4. PALAVRAS INÚTEIS 
 Deve-se evitar não só a redundância, mas também o emprego de palavras dispensáveis, por exemplo: “no 
mês de fevereiro” (basta escrever “em fevereiro”); “no Estado do Paraná” (use apenas: “no Paraná”); “na 
cidade de Campinas” (basta “em Campinas”). 
Vejamos agora as palavras inúteis deste texto (cópia de uma petição): 
 “É totalmente ilegal a decisão agravada, uma vez que não traz fundamentação, quer de fato, quer de 
direito, desobedecendo, assim, elementar regra incerta (!) em nossa Carta Magna (art. 93, inciso IX da 
Constituição Federal)” (inserta = inserida, com “s” seria o certo). 
 Reduzindoo texto ao essencial, teremos: “A decisão agravada não contém fundamentação e viola, assim, 
o disposto no art. 93, IX da Constituição Federal”. 
 Houve a redução de 34 para 18 palavras, com economia de 16 palavras, o que é significativo (quase 
metade do texto). 
Outros exemplos: o réu foi regularmente citado (para que regularmente?) – as testemunhas ouvidas confirmaram 
(ouvidas?) – a prova pericial realizada (realizada?) – uma área de terra rural (terra?) – os prejuízos que foram 
causados à vitima (que foram?) – o acordo amigável celebrado pelas partes prevê (“acordo amigável” é 
redundância: para que alongar a frase, quando bastaria dizer “o acordo prevê”?) – a sentença de primeiro grau 
(basta “a sentença”). 
Foi assim que um advogado inventou esta originalidade: “O requerente separou-se consensualmente em face de 
sua ex-mulher”. E um juiz sentenciou: “Imprimindo velocidade excessiva em seu veículo, o réu deu causa, à 
evidência, a um resultado danoso bem mais expressivo do que seria se trafegasse em velocidade moderada”. 
 1.4. Utilização correta das regras da língua 
 
 Não é necessário perder muito tempo e espaço com esta recomendação. 
 Escrever erradamente pode resultar de ignorância ou de desleixo. Se for por ignorância, informe-se 
melhor, consulte dicionários e textos de gramática. Se for por desleixo, o leitor (e membro da Banca 
Examinadora) terá todo direito de pensar que o trabalho em si também foi feito com desleixo. 
Seja qual for a razão, é um desrespeito ao leitor. 
 
2. Principais defeitos de um texto 
 
2.1. Ambiguidade 
 Significa duplicidade de sentido. Um texto com duplo sentido é impreciso e atenta contra a clareza, uma vez 
que pode levar o leitor a atribuir sentido diferente do que o autor procurou dar: 
 Ex: João ficou com Maria em sua casa. 
 Alice saiu com sua irmã. 
 O homem avistou o incêndio do prédio. 
 "O presidente americano (...) produziu um espetáculo cinematográfico em novembro passado na Arábia 
Saudita, onde comeu um peru fantasiado de marine no mesmo bandejão em que era servido aos soldados 
americanos." ( Veja, 09/01/91 ) 
Calheiros participou da reunião ministerial com FHC no Palácio do Planalto, na qual ele voltou a pedir 
unidade no governo. 
 
A advogada falou com o procurador em seu escritório. 
2.2. Cacofonia 
Consiste num som desagradável obtido pela união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais da 
outra: 
 Ex: Você notou a boca dela? 
 Receberam cinco reais por cada peça. 
 Estas ideias, como as concebo, são irrealizáveis. 
 Eu vi ela. 
 Vou-me já. 
 Ela tinha. 
 Essa fada. 
 Alma minha 
 Uma mão. 
 Jó confisca gado. 
 Havia dado. 
 América ganhou. 
 1. “Como ela, a coordenadora da campanha 'Se Liga 16',..." 
2. "Tijuca ganha mais uma." 
3. "O atletismo é o esporte que havia dado mais medalhas para o Brasil." 
4. "Na vez passada, foi diferente." 
5. "Deu um beijo na boca dela." 
6. "Este detalhamento será executado por cada um dos setores." 
7. "Isso ocorreu por razões desconhecidas." 
8. "Hoje foi dia de ensaio geral." 
10 "Flávio Conceição pediu a bola e Cafu deu." 
 11. “O irmão temia que ela tivesse fé demais no namorado.” 
 
2.3. Obscuridade 
Significa falta de clareza. Pode ser causada por períodos excessivamente longos, linguagem rebuscada, 
má pontuação, falta de coesão e coerência. 
 Ex: Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e elegantemente tem-me 
acontecido inúmeras vezes na minha prática longa, aturada e contínua do escrever depois de considerar 
necessária e insuprível uma locução nova por muito tempo. 
2.4. Pleonasmo 
 Repetição desnecessária de um conceito. 
 Ex: Eles convivem juntos há mais de dez anos. 
 A brisa matinal da manhã o enchia de alegria. 
2.4.1. Pleonasmos viciosos 
cursar um curso 
 almirante da Marinha 
 a razão é porque 
 a seu critério pessoal 
 a última versão definitiva 
 abertura inaugural 
 acabamento final 
 amanhecer o dia 
 certeza absoluta 
 grande maioria 
 verdade verdadeira 
elo de ligação 
quantia exata 
juntamente com 
expressamente proibido 
em duas metades iguais 
sintomas indicativos 
vereador da cidade 
detalhes minuciosos 
anexo junto à carta 
superávit positivo 
todos foram unânimes 
fato real 
encarar de frente 
multidão de pessoas 
criação nova 
retornar de novo 
empréstimo temporário 
surpresa inesperada 
escolha opcional 
planejar antecipadamente 
continua a permanecer 
possivelmente poderá ocorrer 
comparecer em pessoa 
gritar bem alto 
demasiadamente excessivo 
exceder em muito 
opinião individual de cada um 
plebiscito popular." 
abismo sem fundo 
virar pro lado 
sorriso nos lábios 
roubar objeto alheio 
a viúva do finado 
cochichar baixinho 
monopólio exclusivo 
degrau da escada 
limite extremo 
pessoa humana 
goteira no teto 
abusar demais 
compartilhar conosco 
passatempo passageiro 
novo lançamento 
repetir outra vez / de novo 
sentido significativo 
voltar atrás 
colaborar com uma ajuda / auxílio 
interromper de uma vez 
de sua livre escolha 
preconceito intolerante 
medidas extremas de último caso 
de comum acordo 
velha tradição 
beco sem saída 
discussão tensa 
 completamente vazio 
 colocar algo em seu respectivo lugar 
 manter o mesmo time 
despesas com gastos 
ganhar grátis 
expectativas, planos ou perspectivas para o futuro 
amigo pessoal 
sinto dor em meu corpo 
adiar para o dia seguinte 
agora já 
hábitat natural 
hemorragia de sangue 
antecipar para antes 
hepatite do fígado 
bonita caligrafia 
introduzir dentro 
já não há mais 
canja de galinha 
labaredas de fogo 
conclusão final 
lançar novo 
consenso geral 
manter o mesmo 
continuar ainda 
novidade inédita 
dar de graça 
panorama geral 
decapitar a cabeça 
países do mundo 
demente mental 
pequenos detalhes 
prefeitura municipal 
efusivos parabéns 
protagonista principal 
emulsão do óleo 
relação bilateral entre dois… 
sentidos pêsames 
erário público 
estrelas do céu 
sua própria autobiografia 
exultar de alegria 
fato verídico 
faz muitos anos atrás 
fraternidade humana 
 
Receber das mãos” – usa-se, por exemplo: O governador recebeu do deputado um exemplar do projeto (não: 
recebeu das mãos do deputado). Se quiser dar ênfase ao fato, diga: o governador recebeu do próprio 
deputado um exemplar do projeto. 
 “Criar novos empregos” – criar já indica algo de novo. Portanto: o governo vai criar empregos na indústria; 
vão ser criados mil cargos. 
 “Não há outra alternativa”. Toda alternativa é “outra”. Diz-se, portanto: ele não tem alternativa; não há 
alternativa possível; ou paga, ou o título será protestado, sem alternativa. 
2.4.2. Pleonasmos literários 
 "Iam vinte anos desde aquele dia 
Quando com os olhos eu quis ver de perto 
Quanto em visão com os da saudade via." 
(Alberto de Oliveira) 
 "Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal" 
(Fernando Pessoa) 
 "O cadáver de um defunto morto que já faleceu" 
(Roberto Gómez Bolaños) 
 "E rir meu riso" 
(Vinícius de Moraes) 
 "Magoar-te a ti" 
(Gimão Macarrão) 
 
2.4.3. Pleonasmo musical 
 "Eu nasci, há dez mil anos atrás" 
(Raul Seixas) 
 "O que é imortal, não morre no final" 
 (Sandy e Junior) 
 "Vamos fugir para outro lugar" 
 (Gilberto Gil) 
 "De jeito maneira, não quero dinheiro" 
 (TimMaia) 
 
2.5. Prolixidade 
Ser prolixo é produzir mais palavras que o necessário para exprimir uma ideia, é não ir direto ao assunto, 
é “encher linguiça”. 
O uso de expressões que só servem para prolongar o discurso como: “por outro lado”, “na minha 
modesta opinião”, “eu acho que”. Essas expressões tendem a não acrescentar nada ao texto, tornando-o 
prolixo. 
Além dessas procure evitar frases feitas e chavões como: inflação galopante, vitória esmagadora, 
caixinha de surpresas, caloroso abraço, silêncio sepulcral, nos píncaros da glória, etc. Pois empobrecem o 
texto. 
 
2.6. Eco 
Consiste na utilização de palavras terminadas no mesmo som: 
Ex: A decisão da eleição causou comoção na população. 
 O aluno repetente mente alegremente. 
 
2.7. Solecismo 
 É qualquer erro cometido contra as regras da sintaxe. Os desacertos de concordância, regência e colocação 
pronominal. 
a) Concordância: Falta cinco minutos para as oito horas. 
 b) Regência: Devemos obedecer os mais velhos. 
 c) Colocação: Darei-te todo o meu apoio. 
 
2.8. Barbarismo 
É o emprego das palavras ou expressões estranhas ao idioma. 
Cacografia: má grafia ou flexão de uma palavra: 
 Ex: pobrema, mendingo, mortandela. 
Silabada: é o deslocamento do acento prosódico de uma palavra: 
Ex: púdico, filântropo, catéter, íbero, rúbrica, latex, interim. 
 
2.9. Estrangeirismo 
 É o emprego de palavras pertencentes a línguas estrangeiras. De acordo com a origem recebem o nome de 
galicismo ou francesismo, anglicismo, italianismo, germanismo etc. 
 Ex: carnet, pedigree, shampoo, corner, site etc. 
 
2.10. Colisão 
 É o efeito sonoro desagradável produzido pela repetição de fonemas consonantais idênticos ou 
semelhantes: 
Ex: A rica rainha reinava radiante e sorridente. 
 Talvez fosse necessário que você permitisse que a Clarice mentisse para você. 
 
2.11. Hiato 
 É a sequência de palavras com fonemas vocálicos que produzem um efeito sonoro repetitivo. 
 Ex: Receba a autora agora, por favor! 
 Todos sabiam que ela a agradava à toa. 
 
2.12. Preciosismo 
É a exagerada delicadeza no falar e escrever, prejudicando a clareza. 
Ex: Meu genitor sofre de alopecia androgênica. (Meu pai é careca). 
 Colóquio flácido para acalentar bovinos. (Conversa para boi dormir).

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