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Resumo Completo - A Cidade Antiga. Foustel de Coulanges

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RESUMO DO LIVRO 
A CIDADE ANTIGA
COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. Trad. Jean Melville. São Paulo: Martin Claret, 2002.
Livro I: Crenças Antigas
Crenças Sobre a Alma e Sobre a Morte
As gerações mais antigas, acreditavam em uma existência além da vida terrena. "Encaravam a morte não como uma aniquilação do ser, mas como simples mudanças de vida." (p.13). Tão firme era a crença que para os antigos a alma e o corpo eram associados, afirmava existir vida sob a terra. Esta crença tamanha era demonstrada pelos vivos quando estes levavam alimentos, bebidas, roupas e quando "Degolavam-se cavalos e escravos, pensando que estes seres, sepultados com o morto, o serviriam no túmulo como haviam feito em vida." (p.15). Fortalecidos desta crença "Toda a antiguidade estava convencida de que sem sepultura a alma viveria miseravelmente e que só pelo seu sepultamento desfrutaria da felicidade eterna." (p.16). Os indivíduos enquanto vivos suplicavam por um sepultamento quando morressem. Além do sepultamento sentiam-se atormentados pelo medo de ser sepultado sem os ritos da ocasião. Dessa forma, "Temia-se menos a morte do que a privação da sepultura, pois ali estariam o repouso e a bem-aventurança eterna." (p.17). Nas cidades antigas se punia o grande culpado com a privação de sepultura, condenando a alma do indivíduo ao suplicio, e, como este povo, ainda não acreditava no Tártaro e nos Campos Elísios, "O primeiro juízo dessas antigas gerações foi que o ser humano viveria no túmulo, a alma não se separaria do corpo e se fixaria naquela parte do solo em que estivessem enterrados os ossos. Por outro lado, não haveria nenhuma conta a prestar de sua vida anterior. Uma vez encerrado no túmulo, nada tinha a esperar, nem recompensas, nem castigos." (p.18). Os alimentos levados aos mortos eram apenas para estes, eram feitos valas junto ao túmulo para que estes fossem depositados, deixavam ainda, doces e leites nos vasos, e, era considerada impiedade tamanha se o vivo tocasse ao destinado ao morto. Para que o morto fizesse sua refeição eram feitos rituais convidando-o a tomar seu banquete, estes atos apresentados exerceram o domínio do morto sobre o homem por inúmeras gerações (p.13-21).
O Culto dos Mortos
Desde tempos remotos os mortos eram tidos como entes sagrados, para eles cada morto era um Deus. Esta denominação era para todo e qualquer morto independente do que era enquanto vivo, sendo este um homem mal ou bom. No entanto o homem mal "[...] continuaria em sua segunda existência a ter todas suas más inclinações já reveladas durante a primeira." (p.22). Diante dos túmulos havia um altar para sacrifícios "O livro das leis de Manu fala desse culto como o mais antigo culto entre os homens." (p.23). Não obstante e embora se tenha passado várias épocas, têm-se os hindus que continuam a oferecer refeições aos manes, o hindu e o grego, considerava os mortos seres divinos. Mesmo assim, era preciso que este morto receba oferendas no tempo certo, caso contrário, este "[...] se tornaria uma alma errante, atormentando os vivos." (p.24). Gregos e Romanos acreditavam que se não fossem contemplados com oferendas, estes mortos enviar-lhe-iam doenças ou maldiçoes, as oferendas garantiam repouso e atributos divinos e o morto voltava ao seu túmulo e "O homem então estaria em paz com os seus mortos." (p.24). Ao morto era feitas orações pediam-lhe apoio e favores, os quais eram atendidos (p.21-25).
O Fogo Sagrado
Para o proprietário das casas era obrigado que este mantivesse o fogo acesso dia e noite, caso contrário, desgraças poderia acontecer. O fogo nunca deixava de brilhar, exceto quando toda a família se extinguisse. Este fogo era alimentado com madeira de árvores que a religião destinasse, para que o fogo mantivesse-se puro. Dessa forma, nada de impuro poderia ser jogado no fogo e também nenhum ato pecaminoso era permitido na presença do fogo. Os rituais se davam com muito rigor, deveria ser aceso era através de raios solares ou fricção de dois pedaços de madeira. "O fogo tinha algo de divino; adoravam-lhe e prestavam-lhe verdadeiro culto. Ofertavam- lhe tudo quanto julgavam agradar a um deus: flores, frutas, incenso, vinho. Imploravam sua proteção, pois o julgavam poderoso." (p.28). O pai invocava o fogo para a proteção dos filhos. Pediam facilidade, riquezas, pediam que o fogo os livrasse de perigos, pediam vitória nas guerras. Era providência da família, primeiramente como regra exigia-se que permanecesse continuamente sobre o altar carvões acesos para que o deus não deixasse de existir. Certas horas do dia alimentavam o fogo com ervas secas e lenha, oferecia ainda, sacrifícios que eram de alimentar e avivar o fogo, o que servia para "[...] nutrir e desenvolver o corpo do deus." (p.29). Nas cerimônias de refeição o homem dava de comer ao fogo e comia, dava de beber e bebia. "[...] cerimônia sagrada, sem dúvida, pela qual homem e divindade entravam em comunhão." (p.30). O culto ao fogo sagrado existiu nos povos da Grécia, da Itália e também no Oriente, povos originados dos árias. O homem com temor a cólera, "[...] julga-se, assim, obrigado a saciar-lhe a fome e a mitigar-lhes a sede." (p.30).
Quando os sacrifícios eram em honra a Zeus, por exemplo, primeiro invocava ao fogo para poder prosseguir. Tanto que os deuses mais novos e maiores não o destroná-lo. O fogo era chamado de "[...] o Deus da natureza humana." (p.34). Deste fogo sagrado se originou Vesta, uma deusa virgem que trazia a ordem moral. Tinha-se uma relação entre o culto dos mortos e o fogo o qual se julgava, que aceso o fogo mantinha a vida ou a alma imortal do antepassado, esta crença só foi vencida pelo cristianismo (p.26-36).
A Religião Doméstica
A religião doméstica não obedecia a nenhuma regra exceto a sua própria. A adoração era para mais de um deus e os seus deuses não aceitavam adoração de qualquer homem. Na religião primitiva, "[...] cada um dos seus deuses não podia ser adorado por mais de uma família. A religião era puramente doméstica." (p.36). Nesta época somente a família podia assistir o defunto. No entanto, quem não fosse parente era proibido de acompanhar, chorar nos enterros. Quem não tinha família, não tinha realizações domésticas e não teria ninguém para lhe acompanhar ao túmulo, o morto só podia ser levado por seus descendentes. Dessa forma, o filho tinha o dever e deveria cuidar e realizar os sacrifícios e ritos para obter proteção de seus antepassados. O morto era hostil a quem não fosse descendente, expulsando-o de seu túmulo, e era bom e sentimental aos seus. "O vivo não podia passar sem o morto, nem este sem aquele." (p.39). Cada família tinha um túmulo e ali todos os seus mortos repousavam. O homem buscava ao seu pai morto ou antepassado, "[...] invoca-os pela sua antiga sabedoria, nas ocasiões de perigo suplica-lhes o seu auxílio, e depois da falta implora-lhes o seu perdão." (p.40). Cada lar tinha seu próprio morto, e este protegia somente a sua família, para estas famílias não existiam regras, nem ritual. "Cada família gozava, a esse respeito, da mais completa independência. Nenhum poder estranho tinha o direito de estabelecer regras para o seu culto ou de firmar normas para a sua crença." (p.41). E, ainda, era proibido revelar a realização a estranhos. Nem o pai transmitia ao filho suas adorações. A religião não era demonstrada em templos e sim nos casos individualmente e o deus não era de mais de uma casa. Assim, cada família tinha os seus deuses e os deuses seus protegidos. "Mas é preciso atentar, como particularidade, para o fato de essa religião doméstica só se transmitir de linha masculina em linha masculina." (p.42). A mulher participava do culto por intermédio do pai ou do marido, e na morte não tinha o mesmo reconhecimento que o homem nem no culto, nem nas cerimônias fúnebres (p.36-43).
Livro II: A Família
A Religião como principalelemento construtivo da família antiga
A família reunida praticava seu ritual todos os dias. "A cada manhã, a família ali se reúne para dirigir ao fogo sagrado as suas primeiras preces, e toda noite ali o invoca mais uma vez. Durante o dia, junto dele comparece para dividir piedosamente o repasto, depois da oração e da libação." (p.44). As famílias continuam juntas após a morte uma vez que seus mortos repousam em seus próprios lares. E seus túmulos ficam a poucos passos da casa. E nos dias determinados reúnem-se aos antepassados pedindo proteção e oferecendo banquetes. Nestas religiões, por mais que a filha fosse amada pelo pai, este não podia lhe deixar bens. As leis de sucessão eram de varão para varão, leis estas que tanto gregos quanto romanos dispunham. Existia uma superioridade de força do marido sobre a mulher e do pai sobre os filhos. A religião era quem ditava as regras, era mais poderosa que o nascimento, o sentimento e a força física. A religião do lar e dos antepassados "[...] fez com que a família formasse um só corpo nesta e na outra vida." A família antiga era "[...] uma associação religiosa, [...]". (p.45). "Sem dúvida não foi à religião que criou a família, mas foi seguramente esta que fixou suas regras e, como resultado, o ter a família antiga recebida uma constituição muito diferente da que teria tido se tivesse sido baseada nos sentimentos naturais apenas." (p.46). Na bem da verdade, as regras eram a dadas pela religião (p.44-46).
O Casamento
O casamento era a "[...] primeira instituição estabelecida pela religião doméstica [...]" (p.46). A mulher por sua vez, enquanto filha assistia aos atos religiosos do pai e quando casada aos do marido. Dessa forma, a mulher abandonava o lar paterno, para servir o lar do esposo, abandonava o deus de sua infância por um deus desconhecido e daí em diante sacrificava aos manes do marido. A mulher aprendia adorar a um novo deus e o homem tinha por herança preciosa que passar os cultos e ritos, revelando também a fórmulas das orações em prol do casamento. Assim, vê-se a importância da união conjugal para este povo. O casamento era cerimônia sagrada por excelência. Tanto para o grego quanto para o romano os rituais eram os mesmos três atos, passos estes que celebravam a união conjugal do casal. Para este povo a mulher era sua esposa dada pelos deuses que a induziram ao marido. O casamento oferecia-lhe um segundo nascimento, a mulher era tida como filha de seu marido, pois, não podia pertencer a duas famílias, e nem mesmo a duas religiões domésticas. Esta religião ensinou o homem a ter somente uma esposa, nunca duas ou mais ao mesmo tempo. Para separação dava-se o mesmo ritual que no casamento, no entanto, não comiam o bolo de flor, rejeitando-o não pronunciavam preces e sim "[...] formulas „de caráter estranho, severo, odiento e terrível‟, espécie de maldição pela qual a mulher renunciava ao culto e aos deuses do marido." (p.52). Com este ritual desfazia-se o laço religioso, o casamento estava anulado. (p.46-52).
Da Continuidade da Família. Celibato proibido. Divorcio em Caso de Esterilidade. Desigualdade Entre Filho e Filha.
Para se constituir uma família antiga constituíam-se a maior parte de suas regras. O homem morto dependia de seus descendentes varões para ficar em repouso e felicidade, por isso, Itália, Grécia e em Atenas a ordem era que zelassem para que "[...] nenhuma família se extinguisse." (p.53). Também era lei dos romanos, uma vez que as famílias vivas cuidariam de seus mortos. A felicidade do seu morto durava o quanto durasse a sua família. O primogênito era "[...] „aquele que é gerado para o cumprimento do dever‟" (p.54). Cada família possuía uma religião e seus deuses, caso esta família se extinguisse a seqüência de seus ancestrais cairiam no esquecimento e também na miséria eterna. Por estes motivos o celibato era considerado impiedade grave, pois o "[...] solteiro punha em risco a felicidade dos manes de sua família; desgraça, pois ele próprio não receberia nenhum culto depois de sua morte e não conheceria assim „aquilo que dá prazer aos manes‟". (p.54). Assim, pode-se dizer que o homem não se pertencia e sim à família, ele vinha à vida para continuar o culto da família. Ter um filho nesta época não era o bastante, o filho deveria ser fruto de casamento religioso pela religião doméstica. O filho bastardo não podia fazer às vezes do filho natural. O bastardo não fazia o banquete fúnebre aos mortos da família e também não tinha direito à herança. "O casamento era, pois obrigatório." (p.55). Ele não tinha o fim ao prazer, e sim dar filhos para não extinguir a família, tanto que o casamento de um estéril era anulado. Era permitido que a mulher fosse substituída ao fim de 8 anos, por uma outra mulher caso não pudesse ter filhos. Na Grécia, Roma e Esparta a mulher era tida a fim de dar filhos e se seguia o divórcio caso fosse estéril. Quando o marido era estéril, a mulher dormia com um irmão ou parente mais próximo do marido e o filho dessa relação era filho do marido estéril e continuador do seu culto. O mesmo para casamento de viúva, quando não tivesse filho, casava-se com o parente mais próximo do seu marido e o filho desta união era filho do defunto. Quando o recém morto tinha somente filha não dava continuidade ao culto, com isso era permitido um filho (emancipado ou adotado) pois este "[...] é chamado de salvador do lar paterno." (p.57). A admissão do filho ao lar era feita por um ato religioso em que o pai declarava ou não o recém-nascido à família, assim estabelecia o "[...] vínculo moral e religioso." (p.57). A criança era iniciada aos deuses domésticos da família e era "[...] levada a dar a volta ao fogo sagrado." (p.57). Isso permitia a purificação da criança (p.52-58).
Da adoção e da emancipação
Para continuar o culto doméstico, uma vez que só tivesse filha ou nenhum filho era permitido. "A adoção justificava-se apenas pela necessidade de prevenir a extinção de um culto, e só se permitia a quem não tinha filhos." (p.59). O recém chegado era admitido ao lar através da religião. "Deuses, objetos sagrados, ritos, orações, passavam a pertencer-lhe em comum com o pai adotivo." (p.59). Renunciava assim, qualquer vinculo com a família anterior, se tornava estranho à família primitiva e não podia ir ao funeral de seu pai natural, eram rompidos todos os laços entre o pai e o filho. "À adoção correspondia, como contraparte, a emancipação. [...] O filho emancipado jamais voltaria a ser considerado membro da família, quer pela religião quer pelo direito." (p.60). (p.58-60).
Do Parentesco. Do que os Romanos Entendiam Por "Agnação"
Nesta época, "[...] parentesco seria ter em comum os mesmos deuses domésticos." (p.61). Dois homens só se permitiam sr parentes se tivessem os mesmos deuses, o mesmo lar e o mesmo funeral ou oferendas fúnebres. Mas não podia pertencer a duas famílias, o filho só tinha a religião e a família do pai. O filho nada tinha de parentesco com a família de sua mãe, uma vez que os deuses e o lar de sua mãe eram sós, o de seu pai. O parentesco "[...] não estava no ato material do nascimento, mas no culto." (p.61). Assim, não se consentia nenhum sacrifício à família das mulheres. Quanto aos homens remontando cada um a sua linguagem de antepassados, separadamente pode encontrar um ancestral comum a de outro homem e assim dizer-se parentes entre si. Dessa forma, seriam agnados entre si, desde que remontassem sempre de varão em varão. Isso ocorria na Índia, Grécia, Roma. “Ma no tempo das Doze tábuas, só era conhecido o parentesco da agnação, e só ele conferia direitos à herança.” (p.64). (p.61-64).
O Direito de Propriedade
Os direitos de propriedade eram muito distintos dos atuais. Para os tártaros e os germanos a terra não era de ninguém, no entanto tinham o direito a rebanhoe colheitas sob elas. Já na Grécia e Itália, se praticavam a propriedade privada. Para os gregos colhia-se e consumia-se em comum, porém a terra era propriedade do dono. Três coisas eram comuns, conexas e estabelecidas entre as sociedades gregas e italianas: "[...] a religião doméstica, a família e o direito de propriedade." (p.66). A idéia de propriedade se deu através da religião onde: "Cada família tinha o seu lar e os seus antepassados. Esses deuses podiam ser adorados pela família e só ela protegiam; eram sua propriedade." (p.66). Os antigos observavam uma relação entre deuses e solo. Uma vez que "O deus
ali se instala, não por um dia, nem mesmo pela precária vida do homem, mas pelo tempo que essa família existir e dela restar alguém que conserve a chama do sacrifício." (p.66-67). Com isso, a família se agrupa ao redor do altar ficando ligada a terra, estabelecendo-se relação ligada a terra, estabelecendo-se relação entre o solo e a família. Dessa forma, "O lugar lhe pertence: é sua propriedade, e não de um só homem, mas de uma família, cujos diferentes membros devem, um após os outros, nascer e morrer ali." (p.67). Esta divisão traçada pela religião e por ela protegida é claramente o símbolo e o sinal irrecusável do direito de propriedade. Não se estabeleceu vida em comunidade entre os antigos, pois as propriedades tinham a casa ao centro com o altar e os campos e rebanhos em volta. Mais tarde na Grécia e Itália quando se construiu cidades, as casas estavam próximas, mas tinham ainda seus deuses domésticos. Em Roma as casas tinham uma separação que pertencia ao "[...] deus da cerca". (p.68). Cada família com seu deus, seu culto, tinham um lugar particular na terra. Assim, tinham seu domicílio isolado. A religião ensinou o povo a construir sua casa: "[...] levantavam-se as paredes em redor do altar para isolar e defender [...] o deus doméstico afugentava o ladrão e afastava o inimigo." (p.69). A religião afastava, isolava as famílias das demais. As famílias tinham um só deus e seus mortos podem ter um só túmulo, "A família tomou posse desta terra, colocando nela os seus mortos, e fixando-se aí para sempre. O descendente vivo dessa família pode dizer legitimamente: esta terra é minha". (p.70). Com isso, nem o próprio dono podia renunciar a sua terra, e se o vendesse tinha o direito de cumprir os cultos nessa terra.
Pelo poder dos manes, a família era senhora única nesse campo. A sepultura estabelecia um vínculo indissolúvel da família com a terra, isto é, com a propriedade. [...] Os deuses que conferiam a cada família o seu direito sobre a terra foram os deuses domésticos, o lar e os manes. A primeira religião que teve poder sobre suas almas foi à mesma que estabeleceu a propriedade entre eles.(p.71-72).
O homem adquiriu a propriedade por meio da religião, "Sem discussão, sem trabalho, sem sombra de hesitação, chegou de um só golpe e em virtude de suas crenças à concepção do direito de propriedade, desse direito que origina toda a civilização, pois por sua causa o homem beneficia a terra e ele próprio se torna melhor." (p.72). Conclui-se que não foi às leis e sim a religião quem primeiro garantiu o direito a terra. Nestas terras eram feitas as cerimônias fúnebres, e onde estas eram realizadas deixava-se o termo ou marco sagrado, tornando aquele chão propriedade da família. E uma vez colocado o termo não tinha poder no mundo para deslocá-lo, o "[...] Termo [...]" (p.73), era um deus que guardava os limites dos campos. E se este fosse deslocado "O sacrifício era horrível, e o castigo, severo [...]" A religião ensinou o homem a apropriar-se da terra e assegurar-lhe o direito sobre ela. A propriedade era inerente à religião doméstica, "A casa e o campo estavam como que incorporados à família, e esta não poderia nem perdê-los, nem abandoná-los." (p.75). Esta religião determinava, "Não foi o indivíduo, vivo naquela circunstância, que estabeleceu o seu direito sobre aquela terra; foi o deus doméstico." (p.76). A terra pertencia não a um homem, mas sim a família. Neste tempo não era reconhecida a expropriação, o corpo do homem era quem respondia por uma dívida e não a terra. Sendo assim, o homem podia trabalhar para o credor e este ter frutos de sua terra, mas não se tornava proprietário, pois o direito de propriedade não era violável, era superior a qualquer outro direito (p.65-77).
O Direito de Sucessão
1.o Natureza e origem do direito de sucessão entre os antigos
"[...] os bens e o culto de cada família sejam inseparáveis, e o cuidado dos sacrifícios seja confiado sempre a quem couber a herança." (p.78). A quem herdava a terra, ficava encarregado de cuidar também das oferendas do túmulo. "A continuação da propriedade, como a do culto, é para ele uma obrigação e um direito." (p.79). O herdeiro era herdeiro ainda vivo, uma vez que as posses eram imóveis, como o fogo sagrado e o túmulo (p.78-79).
2.o Herda o filho, e não a filha
No direito romano e no grego a filha não herdava, mostrando que reinava a religião sobre suas almas. Tanto o culto como a herança era transmitida de varão a varão, a filha não tinha nenhum direito à herança pois, não tinha a continuação do culto. A filha só era herdeira, se lhe estivesse subordinada na ocasião da morte do pai, mesmo assim ficava sob tutela do irmão, esta não poderia se casar ou mudar de religião sem a autorização do tutor, que fazia às vezes do pai. Sendo assim, a mulher casada era herdeira do marido e tinha como tutor o filho, e solteira não podia desfrutar do que havia herdado. Quando tinha irmão, por meio de testamento a filha usufruía uma terça parte, mas se fosse filha única tinha direito só a metade. Com o passar do tempo, aprovada a Lei Vocônia, proibia que se instituísse herdeira a mulher sendo filha única, casada ou solteira, a segunda ordem da lei era proibir também, que deixasse mais da metade dos bens a mulher. Dessa forma, tanto na lei grega como na romana a filha era inferior ao filho. Na legislação ateniense legalizava-se casamento entre irmãos, caso não fossem da mesma mãe. Quando o pai tinha somente a filha, ele podia adotar um filho para que se casassem, mas se o pai morresse sem ter adotado, nem testado, o antigo direito, exigia que o parente mais próximo herdasse
os bens e se casasse com a mulher. Se a filha fosse casada deveria desquitar-se e casar com um herdeiro de seu pai que sendo casada também se desquitaria. O pai também dava a filha o casamento pedindo a esta o neto, que seria seu filho para celebrar seu funeral. "Ao atingir maioridade, logo tomava posse do patrimônio do avô materno, embora seu pai e sua mãe estivessem ainda vivos." (p.84). A filha não era capaz de herdar, mas, no entanto, era quando filha única a intermediária pela qual a família do pai podia continuar (p.79- 85).
3.o A sucessão colateral
"[...] a religião doméstica transmitia-se pelo sangue, de varão em varão." (p.85). A religião não admitia parentesco pelas mulheres. E quando um avô morria, deixava seus bens e cultos ao filho do filho, nunca ao filho da filha. Exceto a filha única. "Se um homem morre sem filhos, o herdeiro será o irmão do falecido, desde que irmão consangüíneo; na falta dele, o filho do irmão: porque a sucessão passa sempre aos varões e aos descendentes dos varões." (p.86). O direito iníquo, ligado à religião afastava da herança qualquer pessoa que a religião não autorizava continuar o culto (p.85-86).
4.o Efeitos da emancipação e da adoção
A adoção e emancipação mudavam o culto do indivíduo, mudando conseqüentemente a herança, pois era excluído do culto paterno e da herança natural ou primitiva, herdava e cumpria sim, com os cultos da família nova. Podia receber herança caso renunciasse a família adotiva, mas para tal, deveria deixar um filho que continuasse a família adotiva. Assim, voltaria a família natural,embora perdesse todo o vínculo com o filho mesmo que legítimo. Não era aceito a possibilidade de acumular na mesma pessoa duas heranças, pois uma só pessoa não podia servir dois cultos (p.86-87).
5.o No princípio o testamento não era conhecido
O testamento não era conhecido, uma vez que com o pai morto o filho já era herdeiro e a propriedade não era de um só e sim de uma família. "[...] o princípio indiscutível, nas épocas antigas, era o de que a propriedade deveria ficar na família a qual a religião a ligara." (p.88). Era uma época que o filho não podia ser deserdado e nem recusar herança. O homem que deserdasse a família devia fazer tal ato às claras e suportar por toda a sua vida ódio da família e de outros da cidade. A lei de exceção da época era o testamento, votado pelo povo. "No entender dessas idades antigas, o homem, enquanto vivo, era tão só o representante por alguns anos de um ser constante e imortal, que era a família. Ele era apenas o depositário do culto e
da propriedade; o seu direito sobre o culto e sobre a propriedade cessava com a vida." (p.89-90). (p.87-90).
6.o O direito de primogenitura
Todos os bens e o culto eram indivisíveis e cabia ao primogênito cuidar das cerimônias do culto, ele também era quem oferecia banquetes fúnebres e pronunciava as fórmulas das orações. Este filho mais velho é quem satisfazia a dívida com os antepassados, é também quem tudo herdava. "[...] o primogênito, único herdeiro de fato, ficava na posse do lar paterno e do túmulo dos antepassados: assim o primogênito apenas guardava nome da família." (p.91) Esse direito à primogenitura fazia desse irmão, pai dos demais irmãos e este o respeitavam como pai. A autoridade era do primogênito, pois tal autoridade significava a indivisão do patrimônio e da família (p.90- 92).
A Autoridade na Família
1.o Origem e natureza do poder paterno entre os antigos
A família não recebia suas leis da cidade. Quando a cidade começou a escrever suas leis, essas já estavam enraizadas nos costumes próprios. O berço estava sempre na família e foi esta quem impôs o antigo direito a um legislador. As leis decorreram das crenças religiosas, aceitas pela idade primitiva que reinava sobre as inteligências e as vontades desse povo. Existia algo superior a tudo, era, a religião doméstica "É essa crença quem indica na família a condição de cada um." (p.93). O pai exercia a função mais elevada, assim, chamava sobre si e os seus a proteção dos deuses e "Quando a morte chegar, o pai será um ser divino que os descendentes invocarão." (p.93). A mulher tem posição menos elevada, ela toma parte do culto, sua religião não é pelo nascimento como o homem e sim pelo casamento. É considerada como parte de seu esposo, ela nunca dá ordens, não é livre, nem senhora de si. "[...] a mulher nunca deve se governar a sua vontade." (p.94). Tanto no direito grego quanto no romano e no hindu, a filha pertence ao marido, a viúva é submissa à tutela dos seus próprios filhos se os tem, caso contrário, seu tutor é um parente mais próximo do marido. O marido tem autoridade para designar um tutor ou um novo marido antes de morrer. Eram as crenças religiosas que "[...] colocavam o homem em condição superior à da mulher." (p.95). A dignidade da mulher era dada segundo os povos antigos, pelo casamento. Para as crianças tem-se o pai como autoridade máxima. O pai é chefe e o filho deve limitar-se a ajudá-lo. Os filhos eram sempre submetidos ao pai enquanto vivo, e se morto, os filhos continuam unidos ao lar paterno, pois, o lar é indivisível. O filho mesmo casado, com filhos, mantinha-se sob a tutela do pai. Por meio da religião a família era organizada, como uma pequena sociedade com o seu chefe e seu governo. "[...] o pai era, além disso, o sacerdote, o herdeiro do lar, o continuador dos ancestrais, o tronco dos descendentes, o depositário dos ritos misteriosos do culto e das formulas secretas da oração." (p.96). A religião era residida pelo pai (p.92-96).
2.o Enumeração dos direitos que compunham o poder paternal
As leis gregas e romanas reconheciam o poder paterno. Era sobre três categorias. A primeira, chefe supremo da religião, não tinha nenhum superior a ele. Tinha o direito de reconhecer ou repudiar o filho ao nascer, direito de repudiar a mulher, direito de casar a filha e o filho, direito de emancipar e adotar e também o direito de designar quando morresse um tutor à esposa e aos filhos; a segunda era o de usufrutuário da propriedade da família, a ele também pertencia o dote da mulher e tudo quanto à mulher pudesse adquirir enquanto casada, o filho nada adquiria, seu trabalho, tudo era do pai. O filho podia ser considerado como propriedade do pai que podia até vender o filho e recomprá-lo por três vezes; a terceira categoria era o poder sobre a mulher, o filho e o escravo. Tamanho era o poder que se alguém cometesse algum delito era o pai quem respondia. Só ele podia aparecer perante o tribunal da cidade, o pai era o juiz, o chefe da família sentenciava em virtude da autoridade que possuía. Todo esse poder marital ou paternal, era em nome da família e era também amparado pelas divindades domésticas. "O pai era o juiz. [...] como só o pai de família se submetia ao julgamento da cidade, a mulher e o filho não podiam ter outro juiz além dele. era, no seio da família, o único magistrado." (p.102). A religião impunha ao pai tanta obrigação quanto direito, uma vez que ele podia adotar, mas se não tivesse filho; podia repudiar, mas precisava quebrar o vínculo religioso 3⁄4 o casamento 3⁄4; da terra era o único proprietário, mas não podia alienar. "E foi assim, durante muito tempo, a família antiga. As crenças existentes nos espíritos foram suficientes, sem necessidade do direito da força ou autoridade de um poder social, para constituí-la regularmente, para dar-lhe disciplina, governo, justiça, e fixar em todos os detalhes o direito privado." (p.102). (p.97-102).
A Antiga Moral da Família
Aquilo que a alma acreditou, pensou e sentiu era o conhecimento do povo humano. A religião era puramente doméstica, não tinha um modelo a seguir. Pelo contrário isolava as famílias em seus próprios núcleos. O ponto de partida sempre foi à família, "[...] tendo sido mediante a ação das crenças da religião doméstica que apareceram aos olhos do homem, os seus primeiros deveres." (p.103). O homem era punido pelo próprio lar 3⁄4 o seu deus o repelia 3⁄4, baseando-se
nisto nada de impuro deveria ser cometido à sua presença, a religião era misericordiosa fundamentada em ritos, assim, aliviava o sofrimento do homem. A religião ignorava os deveres de caridade, "[...] traça, no entanto ao homem, com admirável nitidez, os seus deveres de família, Torna o casamento obrigatório; o celibato aponta- se como crime aos olhos da religião, que faz da continuidade da família o primeiro e o mais sagrado dos seus deveres." (p.104). Ao homem a religião proíbe e pune. Pede pureza da família que é o ato de não cometer adultério 3⁄4 falta mais grave 3⁄4 uma vez, que perturbaria a natureza do lar. Quando havia adúlteros, a lei da Grécia e de Roma permitia que o pai repelisse o recém nascido. Em Atenas, o marido podia matar a culpada. Em Roma o marido condenava a mulher à morte. Estas são as primeiras leis da moral doméstica. A mulher tinha o dever de obedecer ao marido. Devia deixar o fogo sempre puro. Mas a mulher tinha também sua importância, sem ela o culto era incompleto. O "[...] lar sem esposa [...]" (p.106) era grande desgraça para o grego. O homem sem a mulher perdia o seu sacerdócio. "[...] a mulher não tem autoridade igual à do marido, tem pelo menos igual dignidade." (p.106). O filho era submetido à autoridade dopai que podia vendê-lo ou condená-lo à morte. Neste tempo, o homem amava a sua casa como hoje ama a sua igreja. [“...] Os deuses prescreviam a pureza e proibiamderramar o sangue; se a nação de justiça não brotou dessa crença, pelo menos se fortaleceu por seu intermédio.” (p.108). A casa era a origem da moral. As famílias tinham seus deveres claros, preciosos e imperiosos, no entanto, eram reduzidos ao lar. Era uma moral acanhada e primitiva (p.102-108).
A "Gens" em Roma e na Grécia
Não se tem a princípio um significado para a palavra gens. Mas esta "[...] formava um corpo de constituição puramente aristocrática e, graças a essa organização interior, os patrícios de Roma e os eupátridas de Atenas puderam conservar seus privilégios por muito tempo." (p.109).
1.o O que os escritores antigos nos dão a conhecer da "gens"
Acredita-se que gens "[...] era uma instituição universal entre os antigos povos." (p.110). "Cada gens tinha o seu culto especial." (p.111). Tinham atos religiosos a fazer por uma religião particular, não importando onde o indivíduo estivesse, era indispensável ir para o local ou cidade para realizar o ato sagrado. A gens tinha culto, festas e também o túmulo em comum. Em Roma os membros de uma gens herdavam uns dos outros. Tinham ainda, a justiça da própria gens e dentre eles um único chefe, vale salientar que esta gens era bastante numerosa. "[...] a gens tinha as suas assembléias e promulgava decretos aos quais os seus membros deviam obediência." (p.113). Respeitados até pela própria cidade (p.110- 113).
2.o Exame de algumas das opiniões emitidas para explicar a "gens" romana
Alguns eruditos têm que "[...] a gens seria apenas semelhança de nome. Para outros, a gens nada mais era que a expressão de certa relação entre uma família que exerce o patronado e outras famílias suas clientes." (p.113-114). Outra teoria ainda diz que gens designa parentesco artificial. Mas diante das objeções como a de, por exemplo, este povo antigo e religioso permitir parentesco artificial diante de cultos, cerimônias, famílias. Isto era inaceitável, seria impiedade grave tal ato (p.113-116).
3.o A "gens" é a família tendo ainda a sua organização primitiva e a sua unidade
A gens muito se apresenta "[...] como ligada por um vínculo de origens." (p.116). A gens era a família que respondia a um único nome mesmo sendo numerosa, não deixava de ser uma única família. Essa gens se originava da religião doméstica e do "[...] direito privado das antigas idades." (p.117). Era tudo de uma única família o "Lar, túmulo, patrimônio, tudo isso, originariamente,. Era indivisível. [...] gens era a família, mas a família que conservava a unidade ordenada pela sua religião e que havia atingido o maior desenvolvimento permitido pelo antigo direito privado." (p.118). A gens tinha o mesmo nome e este ra transmitido, de geração a geração, perpetuava-se com o mesmo zelo que continuava o culto. Esse nome deveria durar tanto quanto seus antepassados e sua família, "[...] era sagrado." (p.119).
Para a antiga religião doméstica, a família era o verdadeiro corpo, o verdadeiro ser vivo, do qual o indivíduo era membro inseparável: assim o nome patronímico foi o primeiro no tempo e o primeiro em importância. A nova religião, pelo contrário, reconheceu ao indivíduo vida própria, liberdade completa, independência toda pessoal e não lhe repugnou de modo algum, não procurou isola-lo da família: por isso, o nome de batismo foi o primeiro e, durante muito tempo, o único nome. (p.120).
Esta nova religião libertou o homem (p.116-120).
4.o Extensão da família; a escravidão e a clientela
A antiga família era baseada na religião domestica "[...] sua unidade, o seu desenvolvimento de geração em geração até formar a gens, a sua justiça, o seu sacerdócio, o seu governo interno, tudo leva
forçosamente o nosso pensamento à época primitiva, quando a família era independente de todo o poder superior e quando a cidade ainda nem existia." (p.120-121). Como as famílias eram isoladas, nada mais existia do que a família e os seus deuses domésticos, não conheciam outra sociedade que não fosse a familiar. Os ramos mais novos agrupavam-se ao redor do mais velho, junto do lar e túmulo únicos. Esta família tinha ainda outros componentes que eram os servos e escravos. Estes faziam parte da família e dos cultos, orações e festas. O escravo era sepultado no túmulo da família, estando ligado por toda a vida e morte. Assim, dentro da grande família tinham as pequenas clientes e subordinados. "A clientela é instituição de direito domestico e existiu nas famílias antes do aparecimento das cidades." (p.124). Esta era considerada um por adoção e passava a adorar aos mesmos deuses domésticos, a clientela era um laço formado pela religião. Sendo assim, a família formava núcleos numerosos com ramos mais novos, com servos e clientes e ainda o ramo mais velho. "Esses milhares de pequenos grupos viviam isolados, mantendo poucas relações entre si, não necessitando uns dos outros, não estando unidos por nenhum laço religioso ou político, e tendo cada qual o seu domínio, o seu governo interno e os seus deuses." (p.126). (p.120-126).
Livros III: A Cidade
A Fratria e a Cúria; a Tribo
As sociedades antigas mais cedo ou mais tarde se limitaram, uma vez que não eram auto-suficientes diante de todas as experiências da vida. Pois, a sua inteligência do ser divino e também a moral deste, se revelou conseqüentemente mesquinha e incompleta. Não satisfazendo por muito tempo a inteligência humana. Dessa forma, a religião e a sociedade humana foram simultaneamente abrangendo- se, naturalmente modificando-se. Algumas famílias formaram um grupo que a língua grega deu o nome de fratria, e a latina chamou de cúria. Ambas uniram-se por seus próprios deuses domésticos e para estes em conjunto "[...] erigiram-lhe altar, acenderam o fogo sagrado e instituíram-lhe o culto." (p.128). Tudo ficou comum a estes grupos de famílias, a religião mantinha a mesma natureza, mesmo banquete fúnebre e altar com suas preces. Continuando com os mesmos costumes para as celebrações sagradas. Para se fazer parte das fratrias o indivíduo deveria ter nascido de casamentos legítimo entre as famílias do grupo. Só se transmitia pelo sangue como na família. O jovem era apresentado como filho e era admitido pela religião da fratria. Caso o grupo não aceitasse o jovem retirava-se a carne de uma vitima imolada no altar. Se fosse bem vindo à carne era assada e repartida com o recém admitido na sociedade. Sobre o altar era feita a santa união com os vínculos das famílias a qual não acabaria
nem mesmo com a morte. Cada fratria tinha seu chefe a quem cabia presidir os sacrifícios. e em cada fratria "[...] havia um deus, um culto, um sacerdote, uma justiça e um governo. Eram umas pequenas sociedades modeladas exatamente sobre a família." (p.130). Partindo disto, várias fratrias se agrupavam dando origem à tribo e as tribos unidas tinham um herói, o qual tinha o seu dia de festa com cerimônia religiosa que era o banquete onde todos se faziam presentes. Nestas tribos eram feitas assembléias, tinham tribunais e jurisdição sobre os membros. Eram consideradas como sociedade a qual não respondia a ninguém acima dela (p.127-131).
Novas Crenças Religiosas
1.o Os deuses na natureza física
Os objetos das religiões eram seus antepassados e como símbolo principal tinham o lar. Pesquisando as crenças observaram-se duas religiões. Uma inspirada pelos deuses da "[...] alma humana [...]" (p.132) e outra baseou seus deuses na "[...] natureza física [...] (p.132).O homem por estar constantemente em contato com a natureza se via sem separação desta e encontrada perante as belezas e grandezas "Gozava da luz, receava a noite e, ao ver reaparecer, „a santa claridade dos céus,‟sentia-se reconhecido e grato. A sua vida dependia “inteiramente da natureza.” (p.132). Assim, um misto de sentimentos que ora fazia o homem amar, ora temer ou venerar a natureza deu-os a concepção de deuses.Este homem não via a terra, o sol, os astros como fazendo parte de um mesmo plano.Das duas religiões não se sabe ao certo qual é mais remota (p.131-133).
2.o Relação dessa religião com o desenvolvimento da sociedade humana
A religião da natureza não nasceu em um só dia ela "Surgiu nas diferentes inteligências por efeito de sua força natural". (p.134). Os astros eram divinizados, e eram chamados por vários nomes e se tratavam absolutamente dos mesmos astros. As famílias chamavam e criavam um deus particular como se o Sol não brilhasse em outros locais. Tinham estes astros como patrimônios próprios às famílias não consentiam partilhar seus deuses mesmos que naturais. A religião da natureza teve por berço a família, mas de fato, os antepassados, os heróis e os manes eram deuses que pela sua essência só podiam ser adorados por numero limitado de homens definindo, para sempre, linhas intransponíveis de demarcação entre as famílias. “A religião dos deuses da natureza era um campo mais largo.” (p. 136). À medida que a religião desenvolveu-se, cresceu também a sociedade. E o que antes era um altar em um lar, se tornou um altar em um tempo aonde multidões junto à sociedade iam desenvolvendo-se (p. 133-137).
Forma-se a Cidade
Como as tribos tinham sua própria religião duas não podiam ter um mesmo deus, não podiam fundir-se. Mas como nestas tribos havia várias fratrias, essas tribos uniram-se sob a condição de que os cultos individuais fossem respeitando. Dessa união originou-se a aliança chamada de cidade. Mesmo sendo cidades, as tribos não deixaram de ascender o seu fogo sagrado e de ter uma religião comum. "Família, fratrias, tribo, cidade são, portanto, sociedades perfeitamente análogas e nascidas umas das outras por uma série de federações." (p.138). Assim, cada família continuava com suas particularidades. Era responsabilidade da família e não da cidade o que ocorria no sei de cada uma delas. O juiz era o pai e este é que tinha direitos sobre a mulher e o filho. O indivíduo fazia parte ao mesmo tempo de quatro sociedades distintas: "[...] era membro da família, de uma fratria, de uma tribo e de uma cidade." (p.139). A pessoa era admitida na cidade aos seus dezoito anos onde era obrigado, além de outras coisas a respeitar a religião da cidade. E era assim que ele se tornava um cidadão. À medida que a sociedade foi evoluindo formou-se confederações que mais tarde formaram uma só cidade, com uma só religião, um só deus, um só culto. Para que se formasse um só núcleo, não se necessitava de força, filosofia ou interesse. Tinha que ser algo que tomasse os corações e que pusesse autoridade, "E isso é crença. [...] A crença é obra do nosso espírito, mas não encontramos neste a liberdade para modificá-la a seu gosto. A crença é de nossa criação, fato que o ignoramos. É humana, e julgamo-la sobrenatural." (p.143). A religião e esta crença foram os resultados "[...] todo o direito privado e todas as regras da organização doméstica." (p.143). E estas passaram da família desenvolvendo-se e aperfeiçoando-se até à cidade. E esta religião sendo uma só para toda a cidade, protege conseqüentemente toda a mesma. "A idéia religiosa foi, entre os antigos, o sopro inspirador e organizador da sociedade." (p.143). Pois tudo, as leis sociais, organizações municipais foram obras dos deuses, que nada mais eram que crenças humanas. Depois que a organização municipal fundou a cidade não se fazia necessário que todas as novas caminhassem pela estrada longa e dificultosa. E quando alguém não concordava com a cidade atual, construía uma nova mais não deixava de ocupar-se das semelhanças da que deixara. Para cada cidade eram estabelecidos heróis, sacrifícios e tradições (p.137-144).
A Cidade
"A cidade era a associação religiosa e política das famílias e das tribos." (p.145), a urbe como a cidade era chamada, era o lugar onde aconteciam reuniões, era o domicílio, o santuário da sociedade. A cidade era fundada de uma só vez, mas esta já deveria estar corretamente organizada, que era o mais longo e mais difícil de providenciar. A urbe dava-se quando as famílias, fratrias e tribos uniam-se num só culto, pois, ali seria seu santuário. A urbe era fundada não por acaso e sim por intermédio dos deuses. Até mesmo a escolha do local. Depois do local chegava o dia da fundação. O primeiro passo é que todos se purificassem, passando por cima do fogo sagrado aceso no altar da urbe. Em seguida é cavado um fosso onde são lançados torrões de outros lugares para demonstrar ter nesta cidade terra dos antepassados que agora pertencem à cidade, onde o indivíduo vai situar-se. Em volta do fogo ergue-se a urbe. E o fundador anda puxado, por um touro e uma vaca branca, símbolos da religião. É traçado o limite, o marco que deve ser inviolável, e, exceto passar nas chamadas portas deste perímetro qualquer outro local era impiedade. Assim, foi fundada Roma, e esta fundação é recordada todos os anos. Nenhuma colônia deveria ser fundada sem esta cerimônia. E mesmo numa urbe já construída dava-se a cerimônia, pois toda urbe era um santuário, chamada ainda, de morada dos deuses nacionais (p. 145-154).
O Culto do Fundador; a Lenda de Enéias
O fundador era quem eternizava o fogo sagrado, eram responsáveis pelas preces, ritos. Ele convocava os deuses e fixava a urbe para sempre, era o pai da cidade, adorado e julgado como um homem sagrado. A fundação da urbe era a memória mais sagrada da cidade. Tinha poemas em memória a fundação de urbes. Quanto a Enéias, foi estabelecido um "[...] conjunto de tradições e memórias já consignadas nos versos do velho Névio e nas histórias de Catão, o Antigo." (p.156). No poema via-se o fundador, a urbe, crenças e império, considerados deuses e sem eles a cidade de Roma jamais existiria (p.154-158).
Os Deuses da Cidade
O culto dos deuses era o que constituía o vínculo de toda sociedade. Era a reunião onde todos cumpriam seu ato religioso num mesmo altar. Seus mortos eram os guardiões e assim eram para estes celebrados cultos. A cidade admirava-se por ter como mortos homens notáveis. Quando lutavam, se tivessem a oportunidade apoderavam- se dos ossos dos guerreiros ou de homens notáveis do seu inimigo, e todos os deuses habitavam uma só urbe. As divindades de uma urbe protegiam somente a sua cidade e a nunca a um estrangeiro. Cada cidade tinha suas próprias orações guardadas em segredo. A religião era particular e especial a cada cidade. Cada urbe buscava e esperava de seus deuses a salvação e também as vitórias em batalhas. Este povo levava deuses 3⁄4 estátuas 3⁄4 para guerrear, e quando venciam era pelos deuses, e, quando perdiam a derrota era dos deuses e chagavam a atirar pedras nos templos. Quando uma urbe era conquistada, os deuses dela ficavam cativos. Para que os vencedores se apoderassem dos deuses ditavam preces; ou para que os deuses fossem embora antes da conquista. Alguns raptavam as estátuas, acreditando levar o deus junto para que este ficasse do seu lado e lhe desse a vitória em batalhas. Com isso, algumas cidades guardavam 3⁄4 escondiam 3⁄4 suas estatuas ou mantinham o nome do deus em segredo para proteger os deuses, de serem roubados, ou, por meio de preces, ir embora da urbe (p.158-170).
A Religião da Cidade
1.o Os banquetes públicos
A principal cerimônia de uma cidade era o banquete, a partir dele se dava à comunicação entre o povo e seus deuses, e toda a cidade participava. Em Atenas, por exemplo, era sorteado o homem que tomaria parte no banquete, se este recusasse era severamente punido. Seguia-se o prato, o ritmo e o hino dos antepassados e se não o fizesse toda a cidade era responsabilizada perante os deuses. "Essas regras da antiga religião jamais deixaram de ser observadas, e os banquetes sagrados conservaram sempre toda a sua simplicidade primitiva." (p.173). Assim, "A associaçãohumana era uma religião; o seu símbolo, o banquete comum." (p.174). (p.170-174).
2.o As festas e o calendário
Durante sua vida o homem reservava dias aos deuses, esses dias eram para as festas. Pois, "Era preciso que a virtude de tais ritos fosse renovada todos os anos, por nova cerimônia religiosa; chamava-se essa festa de dia natalícia, e todos os cidadãos deviam celebrá-la." (p. 174-175). Nestas festas eram realizados ritos, sacrifícios. Estes povos tinham inúmeras festas e todas com preces, havia a festa do fundador, festa dos campos, do trabalho, da sementeira, da floração e a das vindimas. Toda cidade tinha uma festa para cada divindade, e nestas festas era proibido o trabalho, e, eram obrigados a alegrar-se, a cantar, entre outros. O calendário variava de cidade para cidade e o ano tinha duração variada também. Em algumas cidades o ano começava no aniversário da sua fundação. O calendário era administrado por sacerdotes e suas leis misteriosas (p. 174-176).
3.o O censo e a lustração
"Os ritos observados e o seu próprio nome nos indicam que essa cerimônia devia ter a virtude de resgatar as faltas cometidas pelos cidadãos contra o culto. (p.177). O censo era o magistrado para pronunciar a formula das orações e também era o responsável à imolar as vitimas das cerimônias. Estas eram realizadas pedindo a participação de todos e toda a cidade devia se inscrever no relatório da cerimônia. Quem não fazia perdia o direito a cidadania, pois não estava inscrito no censo. Antes do início das cerimônias o censor denominava quem era senador, cavaleiro e tribo. Assim, até a lustração próxima os homens tinham que se manter na categoria denominada na cerimônia pelo censor. "Só os cidadãos assistiam à cerimônia [...]" (p.179). Mulheres, filhos, escravos e seus bens eram purificados pela pessoa chefe da família. Dessa forma, antes do sacrifício, cada chefe devia dar ao censor o rol das pessoas e das coisas que dependiam dele (p.176-179).
4.o A religião na assembléia, no senado, no tribunal e no exército; o triunfo
"Não havia um único ato da vida pública em que não se fizesse intervir os deuses." (p.179). Qualquer ação era realizada partindo da permissão da religião. As assembléias, a tribuna, as reuniões do Senado, as deliberações eram realizados após um pronunciamento da religião: um ato religioso, uma oração. Tanto na guerra quanto na paz a religião era poderosa, o exército da cidade seguia a religião. As batalhas não eram travadas sem que os deuses mostrassem sinais para irem ou não. E depois de cada vitória, ofereciam sacrifícios aos deuses 3⁄4 a religião 3⁄4 "A alma, o corpo, a vida privada, a vida pública, os banquetes, as festas, as assembléias, os tribunais, os combates, tudo estava sob o domínio da religião da cidade [...] Estado e religião estavam tão intimamente unidos que seria impossível não só fazer idéia do conflito entre eles, mas mesmo diferenciá-los entre si." (p.184). (p.179-184).
O Ritual e os Anais
A religião era ritos, cerimônias, atos de cultos, ela era quem mantinha o homem na escravidão. "Ele a temia, não ousando raciocinar, discutir, nem sequer olhá-la de frente." (p.185). Com a religião o homem não amava os seus deuses e sim os temiam e receavam ser traídos por eles. Os costumes, as orações eram mantidas em livros que passavam dos antepassados para que nem uma sílaba fosse dita diferente, pois se isto acontecesse os deuses se manteriam indiferentes. Toda a cidade tinha um livro, onde guardavam as suas fórmulas para que não caíssem no esquecimento. Estes livros mesmo passando épocas e épocas nunca eram mostrados a estrangeiros. "As cidades apegavam-se ao passado, porque no passado se encontravam todos os motivos e todas as regras de sua religião." (p.188). A cidade não esquecia coisa alguma, pois tudo o que os livros continham era sua história, que se encontrava em seus cultos. Tudo era para o ensinamento dos seus descendentes. "A história da cidade dizia ao cidadão aquilo em que devia acreditar, e tudo aquilo que deveria adorar." (p.188). estas histórias eram singulares, cada cidade tinha o seu livro com a sua história. Estes anais eram mantidos em segredo pelos sacerdotes, pois deveriam permanecer inalterados (p.184-191).
Do Governo da Cidade. O Rei
1.o Autoridade religiosa do rei
As instituições políticas cresceram junto à cidade e a religião prescrevia a forma de governo e de organização. Como no lar se tinha um sacerdote, na cidade este sacerdote era chamado de rei, prítane ou arconte, "[...] personagem que é, sobretudo chefe do culto; quem cuida do lar, faz o sacrifício e pronuncia a oração, e preside aos banquetes religiosos." (p.192). Este tinha como principal tarefa, realizar cerimônias religiosas, tinha liberdade para fazer linhas de limite, pronunciava preces e escolhia chefes e era o intermédio para saber se os deuses aceitavam tal chefe como responsável por algum cargo nomeado. Este rei era responsável pela salvação da cidade por suas orações e sacrifícios e ainda eram responsáveis em certificar se os deuses aceitavam ou não o novo rei (p.191-194).
2.o Autoridade política do rei
A autoridade era inerente ao sacerdócio uma vez responsável pelo altar "[...] conferia-lhe a dignidade." (p.194). Essa autoridade de rei foi encontrada em quase todas as sociedades. Este era o intermédio do homem com os deuses. Ele velava pelo fogo sagrado e tinha um culto diário de salvação a cidade. Somente ele conhecia as formulas sagradas da oração para pedir os deuses em combate. Era sem dúvida reconhecida como chefe. Este sacerdócio era passado de pai para filho. E foi a crença quem impunha a sucessão do pai ao filho à proteção da cidade. As revoluções mais tarde acabaram com a realeza, mas esta não deixou "[...] rastro de ódio no coração do homem." (197). (p.194-198).
O Magistrado
"A superposição da autoridade política e do sacerdócio no mesmo indivíduo não cessou com a realeza." (p.198). o magistrado que substituiu a realeza foi sacerdote e chefe político. A religião dizia como se vestir, se portar, e até que tipo de cabelo deveria usar. Este magistrado representava a cidade, que se apresentava tão religiosa quanto política com orações, ritos e proteção dos deuses. Em fim, "[...] qualquer forma de autoridade tinha algum aspecto religioso." (p.200). Essa autoridade era passada de pai para filho. Alguns faziampor meio de sorteio, mas ao final era pelos deuses seja de pai para filho ou por sorte que estes eram nomeados. Acontecendo com os gregos e com romanos. A escolha da autoridade de cônsul cabia ao magistrado em serviço. Este nomeava e a então o povo votava, embora só pudesse votar em quem a autoridade nomeasse e em ninguém mais. Quando o povo odiava o nomeado, saia da sala sem votar. Assim, avaliamos o poder do presidente destas reuniões 3⁄4 comícios 3⁄4 . Ninguém era nomeado do acaso e sim por um sinal dos deuses, pois um homem não era capaz de avaliar qual outro homem tomaria conta do dinheiro da cidade. Nada valia sua inteligência ou caráter, o que tinha de ter era sangue puro, antepassado todos a favor da religião. Certificando-se ainda de que a cidade não ficaria comprometida em suas mãos (p. 198-205).
A Lei
A lei desde o princípio se deu a partir da religião. As leis reais eram de proibir a mulher a aproximar-se dos altares; proibia servir certos manjares nos banquetes sagrados; e terceira, prescrevia a cerimônia que um general vencedor deveria fazer ao entrar na urbe. Tinha também o código das Doze Tábuas; o Tratado das leis de Cícero. As leis não eram criadas por um homem e tampouco votadas pelo povo, as leis vinham desde os tempos remotos pela religião dos deuses. Não se viam nelas obras humanas, eram de origem sagrada. As leis obedeciam aos deuses. As leis antigas eram irrevogáveis, não eram discutidas e sim cumpridas por serem divinas. Duranteanos passou de pai para filho sem serem escritas. Mais tarde eram escritas e guardadas em templos. Seus textos eram inalteráveis. Não se podia sequer trocar uma só palavra, pois assim, a lei deixava de existir. As leis tinham caráter misterioso como a religião e suas formulas eram secretas. Para haver direito entre dois homens, deveria haver primeiramente um vínculo religioso. "O direito não era mais do que um dos aspectos da religião. Onde não havia religião comum não poderia existir lei comum." (p.213).
O Cidadão e o Estrangeiro
Cidadão é o que faz parte do culto da cidade e deveria os seus direitos civis e políticos. Tinha que tomar parte nas orações e sacrifícios. Deveria honrar todos os deuses da cidade. É o que pode entrar e partilhar das coisas sagradas. O estrangeiro não tem acesso ao culto, a oração ou ao tempo. A separação entre o cidadão e o estrangeiro era profundamente proibida. O estrangeiro nunca seria um arconte, nem sacerdote. Se o filho fosse com uma mulher de outra cidade, por exemplo, este filho era bastardo, e considerado estrangeiro. Para o estrangeiro não tinha bens, propriedades mesmo sendo filho do proprietário. Perdia seus bens para a cidade, o estrangeiro não tinha nenhum direito político, religioso ou civil (p.213-219).
O Patriotismo. O Exílio
"A pátria de cada homem era a parte do solo que a religião, doméstica ou nacional, santificara; a terra que mantinha sepultos os ossos de seus ancestrais, e era ocupada por suas almas." (p.219). Estado, cidade e pátria não existiam como abstrações, tinham de fato um conjunto de divindades locais com cultos, crenças "[...] que agiam fortemente sobre as almas." (p.219). Era onde o homem encontrava segurança, seus direitos, sua fé, seus deuses. Ali o homem tinha sua dignidade e dever é onde o homem é um cidadão por completo. A pátria mantinha o homem com um vínculo sagrado e devia "[...] amá-la como se ama a religião, obedecer-lhe como se obedece a um deus." (p.222). E em todo este contexto o homem vivia e morria pela pátria. Sendo assim, a grande punição era o exílio, o qual excluía o homem de tudo, da religião. E quem acobertasse um exilado, era manchado com impureza. Pois, o exilado deixava a pátria, deixava tudo, até seus deuses, seus direitos civis e políticos. O exilado deixava de ter família, ano era pai, nem esposo, e sua mulher podia até casar novamente caso desejasse. O exílio era pena capital nesta época. (p.219-222).
O Espírito Municipal
Nas antigas instituições havia uma profunda separação entre as cidades e estas não tinham nem cultos, nem cerimônias, nem orações e nem deuses em comum. As modificações ao passar do tempo foram aparecendo. Antes cada cidade tinha uma independência com festas, calendários, moeda, pesos e medidas particulares. A diferença era tamanha que mal se concebia um casamento por indivíduos de cidades diferentes. A barreira das cidades se dava por limites sagrados. Algumas alianças que houvesse era momentaneamente em função de resolver uma situação de perigo, a religião não permitia mais do que isso. Se uma cidade vencia batalha, a outra cidade tornava-se escrava e nunca seriam cidadãos dos vencidos. Uma cidade nunca era governada por alguém que não fosse cidadão. Assim, quando se vencia, destruía toda a cidade ou deixava-lhes livres. A cidade deixava de existir quase sempre (p.223-227).
Relações Entre as Cidades; a Guerra; a Paz; a Aliança dos Deuses
A religião em tudo intervinha com autoridade sob todas as relações que a cidades mantinham umas com as outras. Na guerra iam os soldados e deuses de uma cidade contra os soldados e deuses da outra. E nestas guerras além da força física eram jogadas também maldiçoes nos inimigos. Combatiam com selvageria, não havia misericórdia, a guerra era implacável. E era a religião que animava os combatentes. A lei divina ou a lei humana na guerra não freavam seus combatentes da vingança ou cobiça, e eram cometidas barbarias pela vitória. A guerra não era só para os soldados, abrangia a mulher, criança e escravo, a guerra queimava casas, destruía campos, ela fazia tudo desaparecer até mesmo um nome ou uma raça. Quando o vencido não exterminava os vencidos, tinha o direito de destruir a cidade em sua religião e política. E para um tratado de paz, necessitava de um ato religioso. O ato era com a mão na cabeça das vítimas dirigindo-se aos deuses com promessas acompanhado da imolação de um cordeiro e derramar a libação. Diante desses ritos estabeleciam-se os tratados e paz. Assim, autorizavam, para marcar aliança dos deuses, que as duas cidades assistissem às festas sagradas umas das outras. “Quando os deuses eram inimigos, havia guerra, sem piedade nem regras; quando amigos, o homem também se unia e selava essa amizade com deveres recíprocos.” (p.233). (p.227-233).
As Confederações; as Colônias
As cidades associadas tinham um lar em comum. A confederação tinha "[...] também seu templo, seu deus, suas cerimônias e seus aniversários marcados por piedosos banquetes e jogos sagrados." (p.234). À medida que faziam cultos em comum nasciam amizades entre as cidades, fazendo aumentar a confederação. Para esta união, as cidades confederadas enviavam homem que partindo de um rito, sagrava vínculo da cidade visitada com a confederação aumentando- a. As confederações não exerciam poder político, sequer impedia que uma cidade guerreasse com a outra. No entanto, buscava honrar os deuses, realizar cerimônias, manter trégua sagrada durante festas. Para se fundar uma colônia utilizava-se o mesmo culto que uma cidade e isso era realizado passo a passo, embora deviam sempre conservar e honrar as divindades da cidade maior. Estes laços religiosos foram fortes até o século V antes da nossa era (p.233- 238).
O Romano; o Ateniense
Estes povos eram tomados pela religião em suas almas, Assim, amavam, odiavam, temiam, agradeciam aos deuses, e, também tinham medo de serem traídos. Para este povo cada refeição era um ato religioso. Em Roma existiam mais deuses do que cidadãos. Este povo se sacrificava para agradecer aos divinos, tinham suas vidas dedicadas a estes, porque os temiam. Seus passos eram sempre guiados por um sinal dos deuses. Até para sair de casa tinham um rito. No lar, no senado 3⁄4 projetos já planejados 3⁄4 só eram continuados depois de um bom sinal, caso contrário desistiam, mesmo que em fase inicial da ação. "O romano que aqui apresentamos não é o homem do povo, o homem de espírito fraco que a miséria e a ignorância mantêm na superstição."(p.240). Já o patrício era "[...] ora guerreiro, ora magistrado, cônsul, agricultor ou comerciante; mas, por toda a parte e sempre, é sacerdote e também o seu pensamento voltado para os deuses."(p.240-241). O ateniense difere-se do romano por vários traços de caráter e de espírito, mas se assemelha quanto ao temor pelos deuses. Toda a antiguidade é sagrada, para eles, acreditam em palavras mágicas. Quanto à assembléia são semelhantes aos romanos, acreditam em presságios. Estes dois povos endeusam tudo que é sagrado e esse temor desses deuses, movem os dias de suas vidas (p.238-248).
Da onipotência do Estado; os Antigos não Conheceram a Liberdade Individual
A religião era o Estado e sua força e onipotência exercia domínio absoluto sobre tudo e todos da cidade. Dessa forma, não se tinha liberdade individual. A religião originou o Estado e este por sua vez mantinha a religião, era um só. O homem não tinha nada de independente, tudo estava à disposição do Estado. Era determinado tudo o que o povo podia e não podia fazer vestir, ordenava até que o pai matasse o filho, caso este fosse feio ou defeituoso, por exemplo. Daí se percebe a força desta instituição que não admitia indiferença a seus interesses. A educação dos filhos era ordenada e dada pelo Estado. O homem nada escolhia, nem sua própria crença."Os antigos, portanto, não conheciam a liberdade nem da vida privada, nem de educação, nem a liberdade religiosa. A pessoa humana tinha bem pouco valor perante essa autoridade santa e quase divina que se chamava pátria ou Estado." (p.251). Esse Estado punia mesmo sem o homem ser culpado, só por um jogo de interesse, "[...] entre todos os Eros humanos, acreditar que nas cidades antigas o homem gozava de liberdade, pois não tinha sequer idéia do que fosse isso." (p.252). (p.248-252).
Livro IV: As Revoluções
Os povos antigos tinham duas autoridades reunidas em uma só 3⁄4 a religião 3⁄4 que solidamente constitui sociedades duradouras. Mas por volta do sétimo século antes de nossa era esta organização foi sendo discutida e atacada pelas revoluções. A primeira causa julga-se ser o desenvolvimento humano, fazendo esmorecer as crenças e abalando esta sociedade; a segunda era a existência dos excluídos, obrigados a suportar esta sociedade, tendo vontade de destruí-las com suas guerras contínuas. Estes conflitos contra o regime fizeram este desaparecer. Assim, todas as cidades Esparta, Atenas, Roma, Grécia, Itália sofreram iguais revoluções. Os homens afastaram-se dessas
antigas organizações não para decair, mas sim evoluir, ampliando e modificar-se para um fim desconhecido (p. 253-254).
Patrícios e Clientes
As cidades antigas apresentavam grandes distinções de classes. A sociedade humana evidenciava a desigualdade que acompanhava o início de suas cidades. Dentro da própria família existia a distinção do primogênito do ramo mais velho, ramo mais novo, dos servos, do cliente. A distinção era manifestada, mas se sabia que um dia o ramo mais novo estaria nu lugar do ramo mais velho, podendo um dia ser o proprietário dos bens da família, coisa que o cliente sendo filho mais tarde continuaria sendo um cliente. A tradição só era passada pelo sangue. Um cliente nunca teria uma oportunidade de prosperar. Os patrícios podiam ser um dia, sacerdotes, ter uma religião e o cliente só viria a ser cliente futuramente. Esta distinção passou do âmbito familiar para as cidades e nas cidades os clientes não tinham direito de serem sequer cidadãos sendo assim as cidades tinham um número bastante reduzido de cidadãos. O cliente só tinha vez por traz dos patronos. Quando freqüentava algum lugar era por causa de seu patrono. Em caso de guerra o chefe de família levava sua família e seus servos para formar o exército, da cidade, sob as ordens do rei (p.254-258).
Os Plebeus
Os plebeus estavam abaixo dos servos, eram fracos mas com o tempo ganhou força suficiente para destruir a organização social. Os plebeus não faziam parte do povo, este era composto por patrícios e seus clientes. Este povo vivendo em estado de inferioridade não possuía religião, eram excluídos naturalmente de tudo que a sociedade continha. Viviam à margem das cidades, por uma linha demarcada. Seus domicílios eram Asilos semelhantes às cidades, viviam fora da cidade religiosa. Os plebeus não tinham pais 3⁄4 um chefe 3⁄4 não tinha gens. O casamento sagrado não fazia parte de suas vidas, uma vez que não conheciam os ritos. Não tinham uma autoridade paterna, reconheciam o pai pela força ou sentimento natural, a autoridade sagrada das cidades, desconhecia. Este grupo excluído não tinha direito à propriedade, uma vez que para tê-la tinha que ter religião 3⁄4 lar, túmulo 3⁄4 o plebeu "[...] não é cidadão." (p.261).Para eles não tinha justiça. Coisa que o cliente ainda tinha, mesmo que por intermédio do patrono. Matar um plebeu, não era crime com punição legal, pois este vivia fora da lei. Por não seguir a religião da cidade, nunca se tornariam um sacerdote ou magistrado. Na realidade o plebeu era um estrangeiro e com isso "[...] sua presença profana o sacrifício." (p.262). Este ser era enxotado pelos deuses. "A plebe é uma população desprezada e abjeta, fora da religião, fora da lei, fora da sociedade e da família. [...] O contato com o plebeu é impuro." (p.263). E toda esta distinção foi originária da religião, uma vez que o plebeu não fazia parte dos cultos, não considerava a religião, não teria nenhuma classe para estes e estava feita a exclusão. "Mas nenhuma das formas sociais criadas e instituídas pelo homem é imutável". (p.263). Assim, tanto o é que esta classe de interesses destrutivos contra a organização social poderia destruí-la (p.258-263).
Primeira Revolução
1.o A autoridade política é tirada aos reis
O rei foi chefe religioso da cidade e autoridade política, uma vez que representava a religião poderia ser "[...] Presidente da assembléia, juiz e chefe do exercito." (p.264). Assim, o poder estava concentrado em suas mãos. Ao lado deste rei foi estabelecida uma aristocracia formada de chefes de família, das fratrias e das tribos. Este rei atuava na cidade, mas não no interior das famílias e clientela, ele mandava somente nos chefes, que enquanto aristocracia eram tão poderosos quanto ele. O rei era tratado com respeito, mas estes chefes na verdade deviam pouca submissão. "Os reis queriam ser poderosos, e os padres não queriam que o fossem tanto." (p.264). Travando assim uma luta entre aristocracia e reis. A realeza perdendo para aristocracia conservou-se apenas com o sacerdócio, ao mesmo tempo cuidados com os sacrifícios. A realeza ficou reduzida a funções sacerdotais, presidindo as cerimônias religiosas, e, em algumas cidades onde as famílias sagradas desapareceram a realeza tornou-se anual (p.263-265).
2.o História dessa revolução em Esparta
Esparta também teve reis e também revoluções, e partindo de sua terceira geração surgiram discordâncias entre a aristocracia e os reis. A realeza foi enfraquecida, tirara o poder executivo e confiados a magistrados anuais chamados de éforos. "Os éforos administravam a justiça em matéria civil, enquanto o Senado julgava os processos criminais. Os éforos, com o voto do Senado, declaravam a guerra ou determinavam às cláusulas dos tratados de paz." (p.266). Para o rei restou apenas o sacerdócio e julgamento de casos ligados a religião. Na guerra o rei comanda, dá o sinal das batalhas, mas são os éforos que dirigem todos os movimentos do exercito. O poder realmente esta nas mãos do Senado, que decide e os éforos que executam. Quando não dizia respeito à religião o rei obedecia aos éforos (p.265- 267).
3.o A mesma revolução em Atenas
Atenas primitivamente adotada de famílias independentes as quais formavam pequenas sociedades dando origem mais tarde a uma cidade, não sofreu pelas mãos da oposição, as mudanças que aconteciam faziam sofrer, os chefes, pois gozavam até então de uma autoridade suprema, e a defenderam o quanto puderam. Para se formar a cidade foi "[...] estipulado que o governo seria realmente federativo, e todos eles fariam parte dele." (p.268). Existia assim, um rei supremo, mas que dependia do consentimento do Senado 3⁄4 chefes 3⁄4 para resoluções de interesses. O governo de Atenas de monárquico transformou-se em republicano. O poder ficou nas mãos da aristocracia, isto significa, ficou para os chefes. Houve transformações no governo, com direitos e exigências que podiam ter. E o rei absoluto, ficou apenas "[...] chefe do Estado federativo, isto é, o primeiro entre seus iguais." (p.269). Isto é, claro instalou conflitos entre a aristocracia e a realeza. Assim, após inúmeras lutas vencidas, Teseu, morreu no exílio. Atenas passou por outros reis até Codro onde a realeza ainda vivia, embora lhe tirasse o poder político, não tiraram suas funções da religião. Assim, a realeza tornou-se dependente, ficando "[...] subordinada ao senado dos eupátridas." (p.269). Atenas teve reis hereditários, mas sem o poder, estes tinham apenas funções religiosas e mais tarde só podiam ter dignidade sacerdotal por dez anos. Passando aproximadamente quarenta anos após um crime cometido pela realeza ficouainda mais enfraquecida e a sua função era acessível a qualquer eupátrida. Quarenta anos depois foi dividida em arconte, responsável por zelar "[...] pela continuidade das famílias, de autorizar ou negar a adoção, de aceitar testamentos, de julgar em matéria de propriedade imobiliária, tudo em que a religião tivesse interesse [...]" (p.270); e em rei, responsabilizado por "[...] celebrar os sacrifícios solenes e o de julgar em matéria de impiedade [...]" (p.270) enfraquecendo ainda mais a realeza. A realeza ficou apenas com sacerdócio (p.267- 271).
4.o A mesma revolução em Roma
Em Roma, o rei era o sumo sacerdote e juiz, em tempo de guerra comandavam o exército, junto dele estavam os chefes de famílias que formavam o Senado. Como o senado estava à frente de negócios, Roma se encontrava tal qual a outra cidade 3⁄4 diante de um corpo aristocracia fortíssimo 3⁄4 com conflitos. Roma passou por sete reis, o primeiro morrer assassinado; o segundo foi Numa que era do gosto do senado e morreu em seu leito tranqüilamente, embora suas funções tenham sido absolutamente sacerdotais; o terceiro rei teve em suas mãos o sacerdócio e o comando, desprezaram a religião, distribuiu terra entre os plebeus e faz mais coisas consideradas grave pelo senado, "[...] morre como Rômulo; os deuses dos patrícios ferem-no com o raio, juntamente com seus filhos." (p.273),. Este fato fortaleceu o Senado e eles nomeiam Ancos, rei da escolha do senado, morre calmamente em seu leito, pois era amado entre os patrícios. Contra a vontade do senado tem-se o quinto rei 3⁄4 Tarquínio 3⁄4 apoiado pelas classes inferiores, ele deu origem a novos patrícios e alterou ao máximo a antiga constituição, morre assassinado; o sexto rei, ao que parece, o senado não o reconheceu como rei. Este rei cortejou as classes inferiores, dá a elas lugar no exército, Sérvio morre degolado sobre "[...] os degraus do Senado." (p.273). A luta entre os reis e aristocracia tinha caráter social, "[...] direito e religião estavam sendo discutidos e postos em perigo." (p.274); o sétimo rei 3⁄4 segundo Tarquínio 3⁄4 trai o Senado, ele quer ser rei absoluto e para isso necessitava da classe inferior, com isso, "Faz todo o mal que pode ao patriciado, elimina as cabeças proeminentes, reina sem consultar os padres, faz a guerra e paz sem consultá-lo." (p.274). Tarquínio longe de Roma Júnio e Lucrécio têm o poder legal da cidade. A realeza ficou com o sacerdócio e o senado ainda tomou precaução para que este rei não usasse suas funções para apoderar- se da autoridade (p.271-275).
A Aristocracia Governa as Cidades
Em todas as cidades a revolução foi obra da aristocracia, variando seu tempo de governo de cidade para cidade. A aristocracia "[...] tinha sua origem na constituição religiosa da família." (p.276). A hereditariedade religiosa proporcionava poder absoluta a aristocracia. Durante os anos seguintes o governo aristocrático foi absoluto com a expulsão dos reis, e só um patrício podia realizar funções sacerdotais na cidade, só eles podiam se cônsules e só a eles pertenciam o Senado e somente eles administravam a justiça e as formulas da lei estava em suas mãos. Em Roma durou pouco, na Grécia permaneceu por um longo período. A aristocracia de um modo variado dominou por certo tempo todas as cidades, algumas nem conheceram a realeza, mas foram governadas pela aristocracia (p.275-279).
Segunda Revolução; Alterações na Constituição da Família; Desaparece o Direito de Primogenitura; A "gens" Desagrega- se
As revoluções que derrubaram a realeza não tinham o propósito de alterar a antiga sociedade familiar e sim conservar a organização antiga. Enquanto alguns buscavam modificá-la elevando as classes inferiores, a aristocracia buscou empenhar-se "[...] na revolução política com o fim de impedir uma revolução social e doméstica. [...] para se defender contra os ataques às suas velhas instituições, seus antigos princípios [...] enfim todo o direito privado que a religião primitiva estabelecera." (p.279-280). Esse grande poder de chefes diminuiu, os interesses gerais colocavam em sai frente sacrifícios e as leis gerais obrigavam a ele também a obediência. O grande número de inferiores fez estes perceberem o "[...] sentimento de orgulho e o desejo de melhor sorte." (p.280) perceberam força em si própria. E isso afrouxou a soberania e estimulou a ousadia de quem buscava mudança. "Aos poucos, as regras da indivisibilidade que fortaleciam a família antiga foram abandonadas." (p.281). O direito de primogenitura desapareceu permitindo e partilha entre todos os irmãos, e isso foi acontecendo pouco a pouco em todas as famílias. Com o início da Republica divide-se o senado em ramos mais velhos e mais novos desagregando a gens. "Os diferentes ramos separam-se e cada um deles recebeu, dali em diante, sua parcela da propriedade, seu domicílio, seus interesses particulares e sua independência." (p.282). O desligamento das gens deu origens a novas colônias independentes (p.279-283).
Os Clientes se Libertam
1.o O que era de início a clientela e como se transformou
A revolução alterou a constituição familiar e também a estrutura da sociedade. De um lado tinha os ramos mais novos 3⁄4 indivíduos livres 3⁄4, do outro cliente e servos 3⁄4 ligada pelo culto 3⁄4 a primeira não era mais inferior, tinha liberdade e a clientela acabou desaparecendo. A mudança ocorreu nas gerações, antes o cliente e o servo nada tinham, não eram cidadãos, não eram livres, tudo era por intermédio do patrono. Com o surgimento das cidades, estes indivíduos viram que existia fora da família "[...] uma sociedade, regras, leis, altares, templos e deuses." (p.287). Assim, foram deixando de acreditar em um Senhor sagrado, surgindo "[...] o desejo de liberdade." (p. 287). Com as mudanças os senhores perceberam, que já não obteriam a mesma autoridade de antes, assim, os povos melhora as condições dos clientes. Mais tarde é dado a cada um, um lote de terra privativo, trabalhava ainda para o Senhor. Mas vieram novos progressos onde o cliente cultivava para si próprio, passando a ter ganhado com as colheitas, mas ainda não era proprietário em função da questão religiosa, embora em algumas cidades tornaram-se servos e de servos para servos abonados e enfim camponeses proprietários (p.283-289).
2.o A clientela desaparece de Atenas; A obra de Sólon
Sob o domínio dos eupátridas, a condição da classe inferior melhorou. A terra era da classe sob a condição desta pagar tributos, estavam quase que emancipados, tinham casa própria e já tinham os olhos dos senhores. Caso estes não pagassem o tributo, poderiam recair "[...] em uma espécie de escravatura." (p.290) e o que buscavam era liberdade verdadeira. Tinham nomes como "[...] pediense [...]" (p.290) fieis ao velho regime; os "[...] diacrienses [...]" (p.290) corajosos, guardavam ódio contra o eu pátria e buscavam libertar-se; e os "[...] paraliense [...]" (p.291) próximos ao mar, tinham como trabalho o mar, o comércio e a indústria. Destes vários enriqueceram e tinham quase qualidade de libertos, buscavam "[...] direitos mais garantidos." (p.291). Sólon, o quanto pode, satisfez os desejos dessa classe, tinha o direito a terra sem o tributo, não permitindo mais a escravidão por falta de pagamento. Sólon derrubou os limites das terras e "Suprimindo o direito do eupátrida sobre o solo, suprimiu também sua autoridade sobre o solo, suprimiu também sua autoridade sobre o homem [...]" (p.292). Aristóteles coloca que Sólon acabou com a escravidão do povo (p.289-292).
3.o Transformação da clientela em Roma
Esta luta entre clientes e patronos durou um longo período em Roma. Essa classe melhorada por suas vitórias era chamada de liberto, embora não se tornava imediatamente um homem livre ou cidadão. Depois disso se liberta da servidão do senhor, e mais tarde desde que contribuísse com os gastos do

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