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1 2. O PROJETO DE INSTALAÇÃO ELÉTRICA 2.1. INFORMAÇÕES PRELIMINARES Ao iniciar um projeto novo, o projetista deve munir-se da mair quantidade possível de informações relativas ao imóvel, ou seja, qual a sua finalidade (residencial, comercial, etc), se possível, quem irá utiliza-lo para conhecer um pouco mais sobre preferências, hábitos, etc. Ter um contato frequente com outros profissionais que eventualmente podem estar trabalhando nesse imóvel, como por exemplo, o arquiteto, engenheiro calculista, decorador de ambientes, etc. Esse procedimento é de fundamental importância para que o seu projeto não interfira em outros que podem estar em andamento ou que virão ainda a ser incorporados. Além de não interferir, a comunicação entre os diversos profissionais pode resultar na valorização de um ou outro detalhe no resultado final. Assim, o projetista deve solicitar e analisar cuidadosamente os documentos que estivem disponíveis, como por exemplo: Planta de situação Projeto arquitetônico Projetos complementares Informações obtidas com o proprietário, arquiteto ou responsável. 2.2. DETERMINAÇÃO DA CARGA DO SISTEMA Nesta etapa, o projetista, já com uma boa quantidade de informações sob projeto a ser desenvolvido, que engloba um estudo das características da construção e a que tipo de uso (ou usuário) se destina, apoiado nas normas técnicas atualizadas, poderá lançar-se ao trabalho de quantificação das cargas desse projeto, determinando a quantidade de pontos de tomada de energia, sua natureza e respectiva potência. A norma ABNT NBR 5410, determina de um modo geral: a) a carga a considerar para um equipamento de utilização é a potência nominal por ele absorvida, dada pelo fabricante ou calculada a partir da tensão nominal, da corrente nominal e do fator de potência; b) nos casos em que for dada a potência nominal fornecida pelo equipamento (potência de saída), e não a absorvida, devem ser considerados o rendimento e o fator de potência. 2.2.1 Iluminação Para o desenvolvimento de um projeto de instalação predial, antes de tudo deve se estabelecer a quantidade mínima e a potência dos pontos de iluminação para cada ambiente. Por “pontos”, devemos entender que são as localizações onde estarão os elementos de iluminação dos ambientes conectados à instalação elétrica e dela recebendo energia. Para essa tarefa, temos as recomendações das normas NBR 5410 e NBR 5413. 2 A norma NBR5410 em sua subseção 4.2.1.2.1, diz que: a) as cargas de iluminação devem ser determinadas como resultado da aplicação da ABNT NBR 5413; b) para os aparelhos fixos de iluminação a descarga, a potência nominal a ser considerada deve incluir a potência das lâmpadas, as perdas e o fator de potência dos equipamentos auxiliares. NOTA Em 9.5.2.1 são fixados critérios mínimos para pontos de iluminação em locais de habitação. Buscando então a subseção 9.5.2.1, temos: Determinação da quantidade mínima de pontos de luz Subseção 9.5.2.1.1 - Em cada cômodo ou dependência deve ser previsto pelo menos um ponto de luz fixo no teto, comandado por interruptor. Notas: 1 Nas acomodações de hotéis, motéis e similares pode-se substituir o ponto de luz fixo no teto por tomada de corrente, com potência mínima de 100 VA, comandada por interruptor de parede. 2 Admite-se que o ponto de luz fixo no teto seja substituído por ponto na parede em espaços sob escada, depósitos, despensas, lavabos e varandas, desde que de pequenas dimensões e onde a colocação do ponto no teto seja de difícil execução ou não conveniente. 3 Sobre interruptores para uso doméstico e análogo, ver ABNT NBR 6527. Determinação da potência de pontos de luz Subseção 9.5.2.1.2 - Na determinação das cargas de iluminação, como alternativa à aplicação da ABNT NBR 5413, conforme prescrito na alínea a) de 4.2.1.2.2, pode ser adotado o seguinte critério: a) em cômodos ou dependências com área igual ou inferior a 6m2, deve ser prevista uma carga mínima de 100VA; b) em cômodo ou dependências com área superior a 6m2, deve ser prevista uma carga mínima de 100VA para os primeiros 6m2, acrescida de 60VA para cada aumento de 4m2 inteiros. Notas: 1. O valor resultante desse cálculo é utilizado para dimensionar os circuitos de iluminação e não necessariamente à potencia nominal das lâmpadas. Essa potencia calculada pode ser distribuída em mais de um ponto de luz pelo uso de diversas lâmpadas cuja soma dos valores nominais de potencia seja igual ou superior ao calculado. Essa orientação deve ser considerada principalmente se a potencia for superior a 250VA. 2. Para áreas exteriores em residências não são estabelecidos critérios de iluminação. Os valores são estabelecidos pelo proprietário/projetista. 3. Arandelas no banheiro devem estar distantes, no mínimo, 60 cm do limite do boxe. 3 4. Algumas cargas, como a iluminação à descarga, deve ter sua potencia estimada considerando a potência nominal das lâmpadas, as perdas e o fator de potência dos equipamentos auxiliares. 5. Deve-se considerar que a norma sempre trata de valores mínimos para cada ambiente, o que não impede a instalação de uma maior potência em cada ambiente, dependendo do uso a que se destina e das preferências de quem irá utiliza-los. Exemplo1: Considerando um cômodo com área com 5m x 4,2m. A área total será de 21m² e teremos o seguinte resultado: Área Parcelas de área Potência de iluminação 21m² 6m² 100VA 4m² 60VA 4m² 60VA 4m² 60VA 3m² Desprezar Total 21m² 280VA Pelo cálculo acima, esse cômodo absorverá no mínimo 280VA, que poderão ser disponibilizados em um ou vários pontos, dependendo de considerações diversas, como vimos no item sobre informações preliminares. Exemplo2: Consideremos uma sala com largura de 2,3m e comprimento de 3,6m. A área será: A = L x C = 2,3 x 3,6 = 8,28m². Portanto, a área a ser considerada é de 8,28 m², valor que ultrapassa os 6m². A NBR 5410 determina que para os primeiros 6m² são atribuídos 100VA. Para os 2,28m² restantes, não será atribuído nada porque não atingem os 4m² necessários para se atribuir mais 60VA. Teremos então para essa sala, apenas 100VA, que é o valor mínimo estabelecido pela norma. Exemplo3: Consideremos agora uma cozinha com largura de 3,5m e comprimento de 4,0m. Sua área será: A = L x C = 3,5 x 4,0 = 14,0m² Para os primeiros 6m² atribui-se a potência mínima de 100VA. Restam ainda 14,0 m² – 6 m² = 8,0 m² Como 8,0m² corresponde a um valor superior a 4m², acrescenta-se mais 60VA de potência ao circuito aos próximos 4m², e restarão ainda 4,0m² que permitem atribuir mais 60VA e não restará mais nenhuma área a ser considerada. O resultado final de iluminação para essa cozinha será: 100VA + 60VA + 60VA = 220VA. 4 2.2.2 Tomadas para Uso Geral (TUGs) Essas tomadas de corrente são destinadas para ligação de aparelhos móveis e portáteis, de um modo geral, eletrodomésticos (aspirador de pó, secador de cabelos, barbeador, liquidificador, etc), eletroindustriais (furadeira) e equipamentos de escritórios A norma NBR5410 em seu subitem 4.2.1.2.3, diz que: a) em locais de habitação, os pontos de tomada devem ser determinados e dimensionados de acordo com 9.5.2.2 da NBR5410; b) em halls de serviço, salas de manutenção e salas de equipamentos, tais como casas de máquinas, salas de bombas, barriletes e locais análogos, deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada de uso geral. Aos circuitos terminais respectivos deve ser atribuída uma potência de no mínimo 1000VA; c) quando um ponto de tomada for previsto para uso específico, deve ser a ele atribuída uma potência igual à potência nominal do equipamento a ser alimentado ou à soma das potências nominais dos equipamentos a serem alimentados.Quando valores precisos não forem conhecidos, a potência atribuída ao ponto de tomada deve seguir um dos dois seguintes critérios: potência ou soma das potências dos equipamentos mais potentes que o ponto pode vir a alimentar, ou potência calculada com base na corrente de projeto e na tensão do circuito respectivo; d) os pontos de tomada de uso específico devem ser localizados no máximo a 1,5 m do ponto previsto para a localização do equipamento a ser alimentado; e) os pontos de tomada destinados a alimentar mais de um equipamento devem ser providos com a quantidade adequada de tomadas. Consultando a NBR5410, subseção 9.5.2.2 - Pontos de tomada Determinação da quantidade mínima de Tomadas de Uso Geral (TUG’s) 9.5.2.2.1 Número de pontos de tomada O número de pontos de tomada deve ser determinado em função da destinação do local e dos equipamentos elétricos que podem ser aí utilizados, observando-se no mínimo os seguintes critérios: a) em banheiros, deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada, próximo ao lavatório, atendidas as restrições da subseção 9.1 da NBR 5410, que contempla locais contendo banheira ou chuveiro; b) em cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, cozinha-área de serviço, lavanderias e locais análogos, deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada para cada 3,5m, ou fração de perímetro, sendo que acima da bancada da pia devem ser previstas no mínimo duas tomadas de corrente, no mesmo ponto ou em pontos distintos; c) em varandas, deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada; NOTA: Admite-se que o ponto de tomada não seja instalado na própria varanda, mas próximo ao seu acesso, quando a varanda, por razões construtivas, não comportar o ponto de tomada, quando sua área for inferior a 2m2 ou, ainda, quando sua profundidade for inferior a 0,80m. 5 d) em salas e dormitórios devem ser previstos pelo menos um ponto de tomada para cada 5m ou fração de perímetro, devendo esses pontos ser espaçados tão uniformemente quanto possível; NOTA: Particularmente no caso de salas de estar, deve-se atentar para a possibilidade de que um ponto de tomada venha a ser usado para alimentação de mais de um equipamento, sendo recomendável equipá-lo, portanto, com a quantidade de tomadas julgada adequada. e) em cada um dos demais cômodos e dependências de habitação devem ser previstos pelo menos: um ponto de tomada, se a área do cômodo ou dependência for igual ou inferior a 2,25 m2. Admite-se que esse ponto seja posicionado externamente ao cômodo ou dependência, a até 0,80 m no máximo de sua porta de acesso; um ponto de tomada, se a área do cômodo ou dependência for superior a 2,25 m2 e igual ou inferior a 6 m2 ; um ponto de tomada para cada 5 m, ou fração, de perímetro, se a área do cômodo ou dependência for superior a 6 m2, devendo esses pontos ser espaçados tão uniformemente quanto possível. Vale lembrar que mesmo atendendo a norma, o bom senso recomenda aplicar o que foi mencionado no item Informações preliminares e considerar que em todo e qualquer projeto, o cliente deve ser consultado e, sempre que possível, instalar uma quantidade maior de pontos de TUGs do que o mínimo calculado. Esse cuidado evita a utilização de extensões e benjamins, que podem colocar em risco a instalação elétrica e os usuários. Exemplo de cálculo: Para um cômodo com as dimensões do exemplo anterior, o perímetro será 18,4m e teremos os seguintes resultados, dependendo do tipo de ambiente: Perímetro Dividindo a cada 5m ou fração Tomadas 18,4m 5m 1 5m 1 5m 1 3,4m 1 Total 18,4m 4 Perímetro Dividindo a cada 3,5m ou fração Tomadas 18,4m 3,5m 1 3,5m 1 3,5m 1 3,5m 1 3,5m 1 0,9m 1 Total 18,4m 6 Determinação da Potência das Tomadas de Uso Geral (TUG’s) 9.5.2.2.2 Potências atribuíveis aos pontos de tomada A potência a ser atribuída a cada ponto de tomada é função dos equipamentos que ele poderá vir a alimentar e não deve ser inferior aos seguintes valores mínimos: 6 a) em banheiros, cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos, no mínimo 600 VA por ponto de tomada, até três pontos, e 100 VA por ponto para os excedentes, considerando-se cada um desses ambientes separadamente. Quando o total de tomadas no conjunto desses ambientes for superior a seis pontos, admite-se que o critério de atribuição de potências seja de no mínimo 600 VA por ponto de tomada, até dois pontos, e 100 VA por ponto para os excedentes, sempre considerando cada um dos ambientes separadamente; b) nos demais cômodos ou dependências, no mínimo 100 VA por ponto de tomada. 9.5.2.3 Aquecimento elétrico de água A conexão do aquecedor elétrico de água ao ponto de utilização deve ser direta, sem uso de tomada de corrente. Nota: Para banheiros, prever no mínimo uma tomada junto ao lavatório com uma distância mínima de 60cm do limite do boxe (ver subseção 9.1 da NBR 5410), independente da área Exemplo 1: Para a sala do exemplo 2 do item iluminação, com largura de 2,3m e comprimento de 3,6m, perímetro será: P = 2 x (L + C) = 2 x (2,3 + 3,6) = 11,8m. Portanto, o perímetro a ser considerado é de 11,8 m. Tratando-se de uma sala, a NBR 5410 determina que para cada 5m lineares do perímetro deve ser atribuído um ponto de tomada. Portanto: 11,8 ÷ 5 = 2,36. Como as frações devem ser consideradas, serão instalados 3 pontos com 100VA cada. Obviamente, como já mencionado, esse é o valor mínimo, o que não impede um aumento na quantidade de pontos a critério do projetista. Exemplo 2: Para a cozinha do exemplo 3 do item iluminação, com largura de 3,5m e comprimento de 4,0m, perímetro será: P = 2 x (L + C) = 2 x (3,5 + 4,0) = 15,0m, que é o perímetro a ser considerado. Tratando-se de uma cozinha, a NBR 5410 determina que para cada 3,5m lineares do perímetro deve ser atribuído um ponto de tomada. Portanto: 15,0 ÷ 3,5 = 4,29. Como as frações devem ser consideradas, serão instalados 3 pontos com 600VA cada, e mais 2 pontos com 100VA cada: P = (3 x 600) + (2 x 100) = 1.800 + 200 = 2.000VA, sendo esse o valor mínimo a ser atribuído. 7 Exemplo 3: Considere um quarto com perímetro 18,4m: Perímetro Dividindo a cada 5m ou fração Tomadas Potência da TUG 18,4m 5m 1 100VA 5m 1 100VA 5m 1 100VA 3,4m 1 100VA Total 18,4m 4 400VA Exemplo 4: Considere uma cozinha com perímetro 18,4m: Perímetro Dividindo a cada 3,5m ou fração Tomadas Potência da TUG 18,4m 3,5m 1 600VA 3,5m 1 600VA 3,5m 1 600VA 3,5m 1 100VA 3,5m 1 100VA 0,9m 1 100VA Total 18,4m 6 2100VA 2.2.3 Tomadas para cargas especiais ou de usos especiais (TUEs) Essas tomadas, também chamadas de Tomadas de Uso Específico (TUE’s), destinam-se à ligação de equipamentos fixos e estacionários como: chuveiros, torneiras elétricas, lavadoras e secadoras de roupas, fornos elétricos e microondas, aparelho de ar condicionado, etc. Para edifícios de uso coletivo, as TUEs destinam-se aos elevadores e bombas (recalque de água, drenagem, combate a incêndio, etc) A quantidade de TUE's é determinada pelo número de aparelhos com corrente superior a 10A (equipamentos elétricos com potências acima de 1.000W). Para estabelecer a potência de uma TUE em qualquer cômodo ou dependência, atribuir a potência nominal do equipamento a ser alimentado. Como a localização desses aparelhos já deve ser de conhecimento prévio, as tomadas devem ser colocadas numa distância máxima de 1,5m desses equipamentos. 8 Outro cuidado deve ser tomado quanto à possibilidade de troca de um equipamento por outro similar de maior potência. È o caso de chuveiros, torneiras e aquecedores, para os quais é sempre de bom senso reservar uma potêncialigeiramente superior. Aparelho Potência [W] Torneira elétrica 3.000 - 5000 Chuveiro elétrico 5.600 - 6.500 Máquina de lavar louça 600 - 2.000 Máquina de lavar roupa 1.000 - 2.500 Secadora de roupas 2500 - 5000 Forno de microondas 1200 - 1500 Ferro de passar roupa 400 - 1.600 Torredeira 500 - 1.200 Secador de cabelos 500 - 1.600 Potências Mínimas de Aparelhos Eletrodomésticos
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