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03 Práticas comerciais oferta

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Práticas comerciais: a oferta
Profª Inajara Piedade 
Curso: Técnico em Administração
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Diferença da oferta no Direito Civil e no Direito do Consumidor
Para o Direito Civil, a oferta corresponde à proposta.
Conforme art. 427 do CC "A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso". 
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Não sendo relação de consumo a proposta só obriga quando for individualizada, clara e firme.
Só tem validade se a coisa a ser vendida e o preço forem precisos e o destinatário determinado. 
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O Direito do Consumidor amplia esta visão, de forma a atender à massificação do consumo. 
Pelo CDC qualquer técnica usada para chamar o consumidor e levá-lo aos produtos e serviços é considerada oferta e, esta, necessariamente vincula o fornecedor ofertante. 
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A oferta no CDC
A oferta abrange informações, promoções de vendas, publicidade, etc., que são veiculadas por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados. 
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A oferta no CDC
Assim preceitua o CDC sobre a oferta: Art. 30, CDC. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
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A oferta no CDC
Através de leitura deste dispositivo depreende-se que: 1) Informação e publicidade são coisas diversas, pois o legislador inseriu OU entre ambas as palavras. 2) A informação ou a publicidade deve ser "suficientemente precisa". Esta precisão deve ser suficiente para vincular o fornecedor à oferta. Não é necessário que esta precisão seja absoluta, basta que tenha um mínimo de concisão. 
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3) Não existe limitação para a veiculação da informação ou publicidade. Estas podem ser transmitidas "por qualquer forma ou meio de comunicação". Isso quer dizer, rádio, televisão, telemarketing, jornal, etc..
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4) A oferta suficientemente precisa "obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar". Trata-se do princípio da vinculação, ou seja, se o fornecedor oferta, fica a esta vinculado, não podendo esquivar-se. 
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5) A informação ou publicidade "integra o contrato que vier a ser celebrado". Isso significa que todos os elementos que integram a oferta devem obrigatoriamente integrar o contrato a ser celebrado. 
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Ementa: CONSUMIDOR. OFERTA DE ANEL DE FORMATURA RELATIVO À CONCLUSÃO DO CURSO SUPERIOR EM ENFERMAGEM. ENTREGA DE ANEL DIVERSO, COM SIMBOLOGIA RELATIVA AO CURSO TÉCNICO. DESCUMPRIMENTO POR PARTE DO FORNECEDOR AOS TERMOS EM QUE REALIZADA A OFERTA. TUTELA DO DIREITO DE INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR, DEVER ESSE DO QUAL A REQUERIDA NÃO SE DESINCUMBIU. DIREITO DA AUTORA EM EXIGIR O CUMPRIMENTO NO TERMOS EM QUE LHE FOI OFERTADO. INTELIGÊNCIA DO INCISO I DO ARTIGO 35 DO CÓDIGO DE DEFESA DO COSUMIDOR. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PROPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO DESPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71002625994, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Vivian Cristina Angonese Spengler, Julgado em 24/02/2011) 
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O dever de informar
O CDC estipula como um dos direito básicos do consumidor o direito à informação. 
Informação esta que deve ser "adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem". ( art. 6º, III do CDC). 
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O dever de informar
Assim, o fornecedor tem o dever de prestar, já na oferta e apresentação informações corretas e completas dos produtos e serviços. 
Esta é uma forma de informação pré-contratual.
É através de sua prestação que o consumidor irá decidir sobre a contratação ou não com o fornecedor. Por isso as informações devem ser corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa. 
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As informações
Portanto, as informações devem ser: 
verdadeiras, 
Inteligíveis,
de fácil entendimento, 
objetivas, 
de fácil percepção e, 
obviamente em língua portuguesa. 
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As informações
Quanto à informação em língua portuguesa cumpre asseverar que com o mundo globalizado em que vivemos, algumas palavras estrangeiras são inseridas em nosso dia-a-dia e podem ser usadas se informarem de forma inequívoca sobre o produto ou serviço. 
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Dados sobre os produtos e serviços
Nas informações da oferta devem vir constando as características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados do produto ou serviço; bem como os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. 
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Dados sobre os produtos e serviços
Características do produto ou serviço - trazem o tamanho, cor, consistência, forma, etc..
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Dados sobre os produtos e serviços
Qualidades do produto ou serviço - trazem como o produto ou serviço devem ser usado ou consumido para que alcance o fim a que se destina.
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Dados sobre os produtos e serviços
Preço do produto ou serviço - aqui cumpre mostrar que: a) o preço é sempre à vista, o que varia é a forma de pagamento; b) o preço sempre deve estar visível, à mostra do consumidor. Segue jurisprudência a respeito: 
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Dados sobre os produtos e serviços
 Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA - ETIQUETAÇÃO DE PREÇOS - EXIGÊNCIA - CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Necessária é a etiquetação de todos os produtos, mesmo se adotado mecanismo de código de barras. (TJMG - 3ª Câmara Cível - Apelação Cível Nº 1.0000.00.320894-9/000- Rel. LAMBERTO SANT ANNA, data do julgamento: 02/10/03). 
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Dados sobre os produtos e serviços
Garantia do produto ou serviço - a exigência da garantia só existe se a mesma for contratual, aquela concedida ao consumidor por liberalidade do fornecedor. 
	Isso se dá ao fato de ser a garantia legal obrigatória. 
 
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Dados sobre os produtos e serviços
	Prazos de validade do produto ou serviço - trazem o tempo em que os produtos ou serviços devem ser usados ou consumidos.
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Dados sobre os produtos e serviços
Origem - demonstram de "onde vêm os produtos ou serviços“.
Riscos que o produto ou serviço apresentam à saúde e segurança dos consumidores - este dado advém principalmente de dois direitos básicos do consumidor: o direito à proteção da vida, saúde e segurança e o direito à informação constantes no CDC.
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Rol enumerativo do art. 31 do CDC
Como já visto, o fornecedor tem o dever de informar na oferta e apresentação certos dados do produto ou serviço. Apresenta, portanto, um rol no art. 31 para que o fornecedor cumpra com seu dever. Contudo, após listar o rol de dados que obrigatoriamente devem constar na oferta e apresentação, insere no dispositivo a expressão "entre outros". Tal expressão tem o condão de fazer com que o fornecedor informe outros dados que considere importantes relativamente ao seu produto ou serviço. 
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Fornecimento de peças de reposição
A Lei 8.078/90 preceitua que os fabricantes e importadores devem assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto. Cessada a fabricação ou importação do produto, a oferta deve ser mantida por período razoável de tempo, na forma da lei. 
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Oferta por telefone ou reembolso postal
Conforme o art. 33 do CDC, se a oferta ou venda for efetuada por telefone ou reembolso postal, na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial, devem constar o fabricante e o endereço. Este dispositivo demonstra mais uma vez a intenção do CDC em proteger o consumidor, pois identificado
o fabricante, bem como onde encontrá-lo, fica mais fácil para o consumidor contatá-lo quando necessitar. 
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Responsabilidade solidária
 O fornecedor é solidariamente responsável pelos atos praticados por seus prepostos ou representantes autônomos. Veja julgado a respeito: 
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Ementa: Compra e venda - equipamento odontológico - aquisição de representante autônomo - loja multimarcas - indenização ajuizada contra o revendedor e o fabricante - responsabilidade solidária, na espécie - aplicação do código de defesa do consumidor - teoria da aparência legitimidade ad causam também do fabricante - indenizatória procedente, inclusive no que diz respeito à lesão moral - recurso parcialmente provido para reduzir o valor indenizatório referente ao dano moral. (TJSP - 28ª Câmara de Direito Privado - Apelação Cível Nº 1113949004 - Rel. Amaral Vieira, data do julgamento: 15/04/2008) 
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Responsabilidade solidária
Vale destacar que alguns representantes autônomos oferecem aos consumidores documentos se isentando da responsabilidade civil. Contudo, tais cláusulas contratuais não possuem qualquer validade, prevalecendo a responsabilidade solidária. 
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Recusa do cumprimento à oferta
Se o fornecedor recusar cumprimento à oferta, o consumidor poderá a sua livre escolha e alternativamente: a) exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta; b) aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; c) rescindir o contrato com a restituição da quantia antecipada atualizada e perdas e danos.
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Recusa do cumprimento à oferta
Antes de adentrarmos na análise das alternativas colocadas à disposição do consumidor pelo art. 35 da lei consumerista, importa registrar, mais uma vez, que devido ao princípio da vinculação, tudo que constar na oferta do fornecedor, deve ser cumprido por ele na fase contratual. 
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As três escolhas do consumidor
O consumidor possui três alternativas para o exercício de seu direito, dispostas nos incisos do art. 35: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. 
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As três escolhas do consumidor
Cumprimento forçado da oferta Frente à negativa do fornecedor em cumprir com o ofertado, tem o consumidor a alternativa de recorrer ao Poder Judiciário exigindo o cumprimento forçado da obrigação constante na oferta. O cumprimento forçado da obrigação remete ao art. 84 do CDC: "Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento." 
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As três escolhas do consumidor
Aceitação de outro produto ou serviço Neste caso, o fornecedor se recusa a cumprir a oferta e oferece ao consumidor outro produto ou serviço e este, aceita. Rescisão do contrato A última alternativa para a hipótese do fornecedor se negar a cumprir a oferta, é a rescisão do contrato. Neste caso, o consumidor tem direito de receber de volta a quantia que eventualmente já foi paga com a atualização monetária desta, mais perdas e danos. Dentro destas perdas e danos incluem-se os danos materiais e morais que por ventura advierem. Mas, se os danos morais não forem comprovados, não são devidos. 
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As três escolhas do consumidor
Segue uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro negando a reparação por danos morais para o presente caso estudado: 
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As três escolhas do consumidor
Ementa: Apelação Cível. Ação de rescisão contratual e indenização. Aquisição de móveis de quarto. Inadimplemento absoluto em razão da ausência dos produtos ofertados em estoque.Procedência parcial do pedido, afastados os danos morais.Rescisão contratual motivada pela ré, que não entregou os móveis, fato que, por si só, não gera o dever de indenizar.Ré-apelada que não oferta qualquer obstáculo à devolução do preço pago.Impossibilidade do cumprimento do contrato que gera mero aborrecimento à consumidora a afastar a indenização por danos morais, eis que inexistentes.Autora-apelante que poderia ter desfeito a compra junto ao estabelecimento da apelada, buscando adquirir os mesmos produtos em outro fornecedor, evitando os percalços relatados.Correta a sentença que se mantém.Desprovimento do recurso. (TJRJ - 10ª Câmara Cível - Apelação Cível Nº 200800110315 - Rel. Gilberto Dutra Moreira, data do julgamento: 19/03/2008)

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