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DESENVOLVIMENTO INFANTIL Prof. Auxiliar: Marina Zanella Delatorre Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia O que é infância? • Período de vida que vai do nascimento à adolescência, extremamente dinâmico e rico, no qual o desenvolvimento se faz, concomitantemente, em todos os domínios. (Novo Aurélio) Fases da Infância • Primeira infância: 0 a 3 anos • Segunda infância: idade pré-escolar (3 a 6 anos) • Terceira infância: idade escolar (6 a 12 anos) PRIMEIRA INFÂNCIA 0 – 3 Anos Desenvolvimento Físico • Escala Apgar (0-10): 1 e 5 minutos após o parto, são avaliados: aparência (cor), frequência cardíaca, expressão facial, tônus muscular e respiração • 7 a 10: boa ou excelente condição • 4 a 7: tratamento de salvamento imediato • 0 a 3: problemas neurológicos O Apgar pode ser afetado pela medicação recebida pela mãe, condições neurológicas, cardiorrespiratórias ou prematuridade. Caso o tratamento seja bem sucedido e o escore aumente, danos a longo prazo são improváveis. Desenvolvimento Físico • Reflexos: reações físicas involuntárias desencadeadas por um estímulo específico • Reflexos adaptativos: auxiliam o bebê a sobreviver (sugar, engolir) • Reflexos primitivos: controlados por partes primitivas do cérebro, a maioria desaparece dos 6 meses a 1 ano • Alguns reflexos permanecem na vida adulta. Ex.: piscar, bocejar, tremer, reflexo pupilar. Atividade reflexa no primeiro ano Reflexo de Moro Reflexo de Babinski SucçãoMarcha Reflexa Sucção Preensão palmar e plantar Desenvolvimento Físico • Engatinhar • Influência no desenvolvimento cognitivo: nova visão de mundo • Primórdios da autonomia: senso de domínio, autoconfiança e autoestima • Referencial social: reconhecer situações seguras ou perigosas Desenvolvimento Cognitivo • Piaget: desenvolvimento como adaptação ao meio físico • Assimilação: classificar novos eventos em esquemas existentes • Acomodação: modificação dos esquemas existentes para incorporar novos objetos ou estímulos Desenvolvimento Cognitivo • Estágio Sensório-Motor (Piaget) • Os bebês aprendem sobre si mesmos e sobre o ambiente por meio do desenvolvimento sensorial e motor • Aumento progressivo do interesse pelo ambiente, repetição de ações com resultados interessantes, orientação a metas, curiosidade e experimentação, tentativa e erro • Essas aquisições dependem da maturação neurológica, fatores hereditários e fatores ambientais Desenvolvimento Cognitivo • Estágio Sensório-Motor (Piaget) • Controle progressivo sobre reflexos inatos • Repetição de sensações corporais agradáveis, primeiramente obtidas por acaso • Manipulação de objetos, interesse em aprender suas propriedades • Início do comportamento intencional (± 8 a 12 meses): generalização a partir de experiências passadas, para resolver problemas • Noção de permanência de objeto (final do período) Desenvolvimento da Linguagem • Percepção dos sons da fala: aos 6 meses começa a relacionar o som aos significados e dos 6 aos 12 meses discrimina os sons básicos da língua e começa a conhecer suas regras • Dos 6 aos 10 meses balbucia sílabas e dos 9 aos 12 meses utiliza gestos para se comunicar • Dos 10 aos 18 meses, diz palavras isoladas; aprende muitas palavras novas dos 16 aos 24 meses, expandido rapidamente o vocabulário • Salto na compreensão dos 20 aos 22 meses Desenvolvimento Emocional • Funções das emoções para o ser humano: – Comunicar aos outros uma condição interna e provocar uma resposta – Orientar e regular o comportamento (medo, surpresa) – Promover a exploração do ambiente (interesse, excitação) Desenvolvimento Emocional • Choro – uma das principais formas de comunicação do bebê • Resposta ao choro: atender prontamente toda vez que o bebê chora faz com que ele se torne mimado? Desenvolvimento Emocional • Teoria do Desenvolvimento Psicossexual - Freud – Fase oral (até ± 18 meses) • Principal fonte de prazer e exploração do mundo pelo bebê envolve a boca – atividades como sugar e alimentar-se – Fase anal (18 meses até 3 anos) • Prazer ligado à função excretora e ao controle dos esfíncteres • Rigidez, controle • Abandono das fraldas é um marco importante Desenvolvimento Emocional • Estilos de Apego – Bowlby – Vínculo emocional recíproco e duradouro entre um bebê e um cuidador, ambos contribuindo para a qualidade do relacionamento • Apego seguro • Apego evitativo • Apego ambivalente • Apego desorganizado Desenvolvimento Emocional • Confiança básica versus desconfiança básica (± até 18 meses) – Erik Erikson – Sentimento do quão confiáveis são as pessoas e os objetos em seu ambiente (permite formar relacionamentos íntimos) – Desconfiança: mundo hostil e imprevisível (proteção) • Autonomia versus vergonha e dúvida (± 18 meses aos 3 anos) – Mudança do controle externo para o autocontrole – fase do “não” – Abandono das fraldas e aquisição da linguagem: autonomia e autocontrole – Vergonha e dúvida: reconhecer o que ainda não está pronta para fazer e obedecer regras SEGUNDA INFÂNCIA 3 – 6 Anos Desenvolvimento Físico • Avanço nas habilidades motoras gerais, que envolvem grandes músculos (correr, pular, escalar) e melhor coordenação entre o que a criança quer e o que sabe fazer • Melhor desempenho em brincadeiras não estruturadas do que em esportes organizados • Habilidades motoras refinadas: maior responsabilidade com cuidados pessoais – abotoar roupas, vestir-se, comer com talheres, utilizar o banheiro – desenhar figuras, circulos, letras grosseiras Desenvolvimento Cognitivo • Estágio Pré-Operacional - Piaget • Função simbólica: capacidade de usar símbolos ou representações mentais (palavras, números, imagens) para atribuição de significados – Brincadeiras de faz de conta – Desenvolvimento da linguagem → sistema comum de símbolos • Compreensão de identidades: ideia de que as pessoas e coisas são as mesmas, ainda que mudem de forma, tamanho ou aparência – Emergência do autoconceito Desenvolvimento Cognitivo • Números: aos 3 e 4 anos, conseguem comparar quantidades e, aos 5, conseguem contar até 20 • Centração: atenção a um aspecto de uma situação, negligenciando os demais • Irreversibidade – Ex.: conservação de líquidos • Egocentrismo: a criança pensa que todos pensam, percebem e sentem da mesma maneira que elas – Teoria da Mente: final do período Desenvolvimento Cognitivo • Compreensão de causa e efeito – Noção básica principalmente para objetos físicos e familiares – Crença de que todas as relações de causalidade são igualmente previsíveis • Fantasia e realidade – Começa a distinguir por volta dos 3 anos • Linguagem – Formação de palavras e frases cada vez mais sofisticadas – Sequências narrativas – Maior competência na fala social/ pragmática – Fala privada: experiência social, autorregulação Desenvolvimento Emocional • São capazes de falar sobre os próprios sentimentos, reconhecer os dos outros e compreendem sua relação com experiências e desejos • Autoconceito: a imagem que temos de nós mesmos em termos descritivos e avaliativos − Determina como nos sentimos e orienta nossas ações − Nessa fase, a criança se descreve e avalia em termos concretos e observáveis, como características e habilidades • Importância do brincar – Função social, descarga de energia, representação simbólica • Agressividade instrumental: centrada no objetivo – Desenvolvimento gradual do autocontrole e expressão verbal Desenvolvimento Emocional • Fase Fálica (3 a 6 anos) – Freud• Complexo de Édipo: • A criança se torna apegada ao genitor do sexo oposto e tem impulsos agressivos pelo genitor do mesmo sexo • Reconhecimento da diferença entre os órgãos genitais de meninos e meninas • Ao final da fase, a ansiedade se resolve pela identificação da criança com o genitor do mesmo sexo • Surgimento do superego Desenvolvimento Emocional • Iniciativa versus culpa – Erikson – Crescente sentido de propósito: a criança planeja e realiza atividades as quais quer fazer – Culpa, desaprovação social – Desejo de fazer X desejo de aprovação social – Aprender a regular esses impulsos opostos, na habilidade de imaginar e perseguir metas sem ser indevidamente inibida pela culpa ou medo de punição Estilos Parentais • Autoritário: valorização do controle e da obediência sem questionamento, uso de castigos. Pais tendem a ser menos afetuosos. • Indulgente/Permissivo: valorizam a auto expressão e a autor regulação, fazem poucas exigências e permitem que as crianças monitorem o máximo possível suas próprias atividades. São bastante afetuosos e pouco exigentes • Negligente/Ausente: concentram-se mais nas próprias necessidades do que nas da criança. Pouca responsabilização pela criança, apenas a satisfação das suas necessidades básicas é mantida. • Autorizante: respeitam a individualidade, mas também enfatizam valores sociais. Orientam as crianças, mas respeitam suas opiniões e personalidades. São afetuosos, mas exigem bom comportamento. TERCEIRA INFÂNCIA 6 – 12 Anos Desenvolvimento Físico • Avanço nas habilidades motoras como força, capacidade de preensão, arremesso • Brincadeiras mais agressivas e competitivas, como lutas ou perseguição • Participação em esportes e brincadeiras organizadas e com regras (ex. amarelinha, esportes) Desenvolvimento Cognitivo • Estágio Operacional Concreto – Piaget • Aperfeiçoamento da noção de causa e efeito • Raciocínio indutivo: – Observações específicas → conclusão sobre uma classe geral • Raciocínio dedutivo: – Premissa geral → conclusão sobre membro(s) de uma classe • Conservação: princípios da identidade, reversibilidade • Pensamento descentrado • Capacidade de somar, diminuir, resolver problemas matemáticos em histórias Desenvolvimento Cognitivo • Desenvolvimento da Linguagem • Aprendizado da relação entre contexto e significado, comparações, metáforas • Maior desenvolvimento da linguagem pragmática – Diferenças na comunicação com adultos ou pares, reconhecimento da autoridade • Aperfeiçoamento da leitura e escrita – Reconhecimento rápido e automático → concentração no significado, busca de conexões – Inversão do processo: transformar a fala em palavra escrita Desenvolvimento Emocional • Fase da Latência – Freud – Época mais calma – Foco na aprendizagem, como a atividade escolar, ou outras habilidades necessárias no contexto social da criança Desenvolvimento Emocional • Produtividade versus Inferioridade - Erikson – As crianças têm capacidade para o trabalho produtivo – Comparação com outras crianças – caso se sintam incapazes, tendem a retornar para a família – Apoio social, valorização: importante para a autoestima • Melhor controle da expressão emocional e das emoções negativas • Relação com os pais – Transição da co-regulação do comportamento: pais e filhos, cada vez mais, dividem o poder SEGUNDA INFÂNCIA TERCEIRA INFÂNCIA Brincadeiras não estruturadas Brincadeiras organizadas, esportes, competitividade Pensamento egocêntrico, centrado em si mesmo Pensamento descentrado Noção básica de causa e efeito Aperfeiçoamento da causa e efeito, raciocínio Palavras e frases mais sofisticadas, sequências narrativas Comparações, metáforas, leitura e escrita Sentido de propósito, planejamento de atividades Produtividade Maior dependência dos pais Menor dependência dos pais Desenvolvimento e Ambiente • Forte tendência autocorretiva: em um ambiente favorável, os bebês/crianças seguem padrões de desenvolvimento normais, a menos que tenham sofrido algum dano grave • Pais que passam mais tempo com filhos, mais conversas, ambiente lúdico → melhor desempenho escolar e de linguagem • Mecanismos de proteção para o desenvolvimento: • Incentivo à exploração • Instrução em habilidades cognitivas e sociais • Comemoração e reforço de novas realizações • Orientação na prática e expansão de habilidades • Proteção contra punição inadequada, provocação ou desaprovação por erros ou consequências imprevistas da exploração • Estimulação da linguagem e comunicação simbólica • Solução: intervenção precoce! Referências PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento cognitivo nos três primeiros anos. In PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2006. PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento psicossocial nos três primeiros anos. In PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2006. PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento físico e cognitivo na segunda infância. In PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2006. PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento psicossocial na segunda infância. In PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2006. PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento físico e cognitivo na terceira infância. In PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2006. PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento psicossocial na terceira infância. In PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2006.
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