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O princípio da legalidade na Constituição Federal análise comparada dos princípios da reserva legal, legalidade ampla e legalidade estrita Artigo jurídico DireitoNet

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O princípio da legalidade na 
Constituição Federal: análise comparada 
dos princípios da reserva legal, 
legalidade ampla e legalidade estrita 
 
01/abr/2012 
O princípio da legalidade é corolário da própria noção de Estado Democrático de 
Direito, afinal, se somos um Estado regido por leis, que assegura a participação 
democrática, obviamente deveria mesmo ser assegurado aos indivíduos o direito de 
expressar sua vontade com liberdade, longe de empecilhos. 
Por Luciana Freitas Pereira 
De acordo com o art. 5º, inciso II, da Constituição Federal, “ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. O que se extrai do 
dispositivo é um comando geral e abstrato, do qual concluímos que somente a lei poderá 
criar direitos, deveres e vedações, ficando os indivíduos vinculados aos comandos 
legais, disciplinadores de suas atividades. 
Em outras palavras, podemos dizer que o princípio da legalidade é uma verdadeira 
garantia constitucional. Através deste princípio, procura-se proteger os indivíduos 
contra os arbítrios cometidos pelo Estado e até mesmo contra os arbítrios cometidos por 
outros particulares. Assim, os indivíduos têm ampla liberdade para fazerem o que 
quiserem, desde que não seja um ato, um comportamento ou uma atividade proibida por 
lei. 
Como aponta o professor Pedro Lenza, no âmbito das relações particulares, pode-se 
fazer tudo o que a lei não proíbe, vigorando o princípio da autonomia de vontade[1]. O 
particular tem então, autonomia para tomar as suas decisões da forma como melhor lhe 
convier, ficando apenas restrito às proibições expressamente indicadas pela lei. 
O princípio da legalidade é corolário da própria noção de Estado Democrático de 
Direito, afinal, se somos um Estado regido por leis, que assegura a participação 
democrática, obviamente deveria mesmo ser assegurado aos indivíduos o direito de 
expressar a sua vontade com liberdade, longe de empecilhos. Por isso o princípio da 
legalidade é verdadeiramente uma garantia dada pela Constituição Federal a todo e 
qualquer particular. 
No entanto, faz-se necessário traçar algumas distinções entre o princípio da legalidade e 
o princípio da reserva legal. Este último seria uma “espécie” do princípio da legalidade, 
devendo ser visto como uma tentativa da própria lei de controlar a edição de 
determinadas matérias, a fim de serem editadas exclusivamente por leis. 
Sabendo que “lei” é a forma encontrada pelo Estado para, dentre outros objetivos, expor 
o próprio Direito, regulando situações, criando obrigações ou concedendo vantagens. As 
espécies normativas que o Estado cria, tem caráter geral e abstrato e possui na sua 
essência, dois importantes sentidos: sentido formal e sentido amplo. 
A lei em sentido formal seria todo e qualquer ato legislativo emanado dos órgãos 
legislativos. Seriam os atos normativos advindos do próprio Poder Legislativo. Lei em 
sentido amplo seria toda e qualquer manifestação escrita de atos normativos, ainda que 
não oriundos do Poder Legislativo, como as medidas provisórias editadas pelo 
Presidente da República, chefe do Poder Executivo Federal. 
Nesse sentido, a reserva legal significa que determinadas matérias de ordem 
constitucional, serão regulamentadas por leis em sentido formal. Assim, somente o 
Poder Legislativo, através de leis em sentido estrito (leis ordinárias e complementares), 
poderá tratar da regulamentação das matérias indicadas pelo texto constitucional, como 
“reservadas” à lei infraconstitucional. 
Encontramos o princípio da reserva legal em diversos dispositivos da Constituição 
Federal, como no art. 5º, inciso XVIII que estabelece que “a criação de associações e, 
na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a 
interferência estatal em seu funcionamento”. Ou ainda, como no art. 37, inciso XIX, 
que determina que “somente por lei específica poderá ser criada autarquia e 
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de 
fundação (...). 
Portanto, o princípio da reserva legal deve sempre ser entendido como uma decorrência 
do princípio da legalidade. Sempre que a Constituição Federal determinar que a “lei” 
discipline alguma matéria específica, estará configurado o princípio da reserva legal, 
cabendo ao Poder Legislativo, a adoção das medidas cabíveis, a fim de regulamentar as 
matérias que a ele foram reservadas. 
O princípio da legalidade também deve ser observado sob a ótica do Direito 
Administrativo. Consoante art. 37, caput do texto constitucional “a Administração 
Pública Direta e Indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados e Distrito 
Federal e dos Municípios, obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência (...)”. 
Enquanto o particular tem liberdade para fazer “quase” tudo o que ele quiser, a 
Administração Pública, ao contrário, somente pode fazer o que for expressamente 
autorizada pela lei. Desta forma, toda e qualquer atividade da Administração deve estar 
estritamente vinculada à lei, não cabendo aos agentes públicos realizarem atos ou 
atividades sem previsão legal. 
Essa obrigatoriedade está intimamente ligada ao princípio da indisponibilidade do 
interesse público: o administrador não pode agir como ele quiser dentro da 
Administração. Por este princípio, os bens, serviços e interesses da coletividade devem 
ser resguardados pelo administrador. Dentro da Administração não há que se falar em 
“vontade do administrador”, a única vontade que deve prevalecer é a “vontade da lei”, 
não podendo o administrador dispor dos interesses coletivos como se estivesse dispondo 
dos seus próprios interesses particulares. 
O trato com a coisa pública exige respeito por parte de toda a Administração, em 
quaisquer dos níveis da Federação. Os agentes públicos de forma geral não têm a 
liberdade que o princípio da legalidade conferiu aos particulares, devendo a sua 
conduta, além de estar pautada na lei, ser respeitadora dos diversos princípios que 
regem as atividades administrativas. 
Concluímos então, que o princípio da legalidade tem um campo de aplicação 
diversificado a depender do seu destinatário. Ora confere liberdade ao particular, onde 
este poderá fazer tudo o que a lei não proibir, ora confere limitação à atuação 
administrativa, visto que a Administração Pública está sujeita durante a toda a sua 
atuação funcional aos ditames da lei. Traduzimos essa liberdade x limitação da seguinte 
forma: Para os particulares, vigora a legalidade “ampla”. Para a Administração, vigora a 
legalidade “estrita”. 
Em relação ao princípio da reserva legal, apenas concluímos que a reserva de lei não 
deixa de ser uma forma de controle ou até mesmo de partilha de competência 
legislativa. O texto constitucional ao reservar matérias específicas ao trato da lei, teve a 
intenção de restringir a disciplina de assuntos peculiares, porém importantes, para que 
não fossem regulamentados através de qualquer espécie normativa. 
BIBLIOGRAFIA: 
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9 ed. São Paulo: Método, 2006. 
SILVA. José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. 6 ed. São Paulo: 
Malheiros Editores, 2009. 
VICENTE, Paulo. ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descomplicado. 
15 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. 
[1] LENZA. Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 9ª Ed. São Paulo: Método. 
2006.

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