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8a apostila obrigacoes extincao sem pagamento confusao transacao e compromisso arbitral

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DIREITO CIVIL II – OBRIGAÇÕES
(Apontamentos das obras de Silvio de Salvo Venosa e Pablo Stolze)
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES SEM PAGAMENTO (arts. 360/388, C Civil)
CONFUSÃO (arts. 381/384, C Civil)
Conceito ( Há confusão quando uma mesma pessoa assume a posição de credor/devedor. (art. 381 C Civil);
“As características de credor e devedor se fundem, se confundem na mesma pessoa, acarretando a impossibilidade lógica de sobrevivência da obrigação (art. 381).” (Silvio de Salvo Venosa)
REQUISITOS:
numa só pessoa se reunidas as qualidades de credor e devedor;
deve ocorrer essa reunião de qualidades em relação a uma mesma obrigação;
necessidade de que não exista separação de patrimônios.
FONTES DA CONFUSÃO: (Silvio de Salvo Venosa)
a confusão pode originar-se de uma transmissão universal de patrimônio, por causa mortis e ato inter vivos;
o fenômeno derivando de um título singular.
ESPÉCIES: (art. 382 C Civil)
Total ( quando se verifica a confusão respeito de toda a dívida.
Parcial ( quando se verifica a confusão a respeito de parte da dívida.
OBS.: (Silvio de Salvo Venosa)
no fato causa mortis o herdeiro como credor de uma parte de dívida divisível do de cujus;
na dívida indivisível, a aplicação dos princípios da indivisibilidade das obrigações, sem impossibilitar a confusão parcial;
enquanto não houver partilha da herança, com a separação dos patrimônios de credores e devedores, não se opera a confusão;
a confusão meramente transitória nos títulos ao portador;
a confusão na solidariedade disposta no art. 383 do C Civil.
EFEITOS:
o efeito primordial extintivo da obrigação (art. 381 C Civil);
existindo confusão na pessoa do credor e do fiador ou avalista, extingue-se a fiança ou aval, que é acessória, mas não a obrigação principal. (art. 383 C Civil);
o restabelecimento da obrigação, uma vez cessada a confusão (art. 384 C Civil);
REMISSÃO DAS DÍVIDAS (arts. 385/388, C Civil)
Origem histórica: (Silvio de Salvo Venosa) No antigo Direito Romano, a remissão requeria o ato solene e formal per aes et libram. A declaração do credor de ter recebido a dívida e de nada mais reclamar - acceptilatio. O credor prometia nada reclamar do devedor no tocante à dívida - pacto de non petendo.
Conceito. “Ocorre a remissão de uma dívida quando o credor libera o devedor, no todo ou em parte, sem receber pagamento.” (Silvio de Salvo Venosa)
Natureza jurídica ( de meio extintivo de obrigações.
CARACTERÍSTICAS/DESTAQUES:
existe a aquiescência do devedor, ainda que presumida ou tácita; 
OBS.: Situações de remissão tácita, em que há uma presunção de perdão da dívida, devolução do título (arts. 386 e 387 C Civil).
a remissão expressa de forma contratual ou não, quando firmada por escrito, público ou particular, declarando o credor que não deseja receber a dívida;
a remissão será sempre um ato sinalagmático (bilateral/recíproco); 
ato de disposição de direitos, requerendo plena capacidade de renúncia, de alienação, como também legitimação para dispor de referido crédito (art. 386 C Civil);
a remissão não admite condição;
existindo co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente (remido), reservando ao credor a solidariedade contra os outros no restante da dívida, deduzida a parte remitida. (art. 388 C Civil)
ATENÇÃO: A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. (art. 385 C Civil)
ESPÉCIES:
Total ( quando se verifica a remissão de toda a dívida.
Parcial ( quando se verifica a remissão de parte da dívida.
EFEITOS:
o efeito principal da remissão está enunciado no art. 385 C Civil, terceiros não podem ser prejudicados com a remissão;
o fato de o credor abrir mão de seu crédito equivale a um pagamento;
o art. 388 C Civil dispõe acerca da remissão feita a um dos devedores, quando existem outros co-devedores. Extingue a dívida na parte a ele correspondente (remido), reservando ao credor a solidariedade contra os outros no restante da dívida, deduzida a parte remitida. 
aplicação do princípio da remissão parcial na obrigação indivisível (art. 262 C Civil);
a remissão de dívida praticada pelo devedor já insolvente, ou por ela reduzido à insolvência, poderá ser anulada como fraude contra credores (art. 158 C Civil);
o art. 386 C Civil se refere à “devolução voluntária do título da obrigação”.
TRANSAÇÃO (arts. 840/850 C Civil)
Conceito ( é o ato jurídico pelo qual as partes, fazendo concessões recíprocas, extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas. (art. 840 do C Civil) É um meio de concessões recíprocas.
As partes optam pela transação para evitar os riscos da demanda, e visam liquidar pleitos em que se encontram envolvidas e evitar a morosidade das lides.
OBS.: Os dispositivos acerca da transação está entre os contratos em espécie (arts. 840 a 850 C Civil) Há necessidade de formação de juízos de conciliação para a diminuição dos feitos judiciais e ajustes das dissensões sociais.
Natureza Jurídica ( trata-se de um dos modos de extinção das obrigações.
“é um ato jurídico bilateral, sendo um contrato, muito embora também diga que não é propriamente um contrato.” (Clóvis Beviláqua)
“é a solução contratual da lide. É “o equivalente contratual da sentença”, (Carnelucci) 
“Transação é negócio jurídico formal. Deve obedecer à forma prescrita, em atenção à natureza da obrigação” (Caio Mário da Silveira)
OBS.: A transação só se anula por vício de vontade e não se anula por erro de direito. (art. 849 C. Civil).
ELEMENTOS DE TRANSAÇÃO:
Acordo entre as partes: tem natureza contratual, o acordo entre as partes, nesse negócio bilateral, é conditio sine qua non da transação.
A vontade de pôr fim em relações contrapostas: é a forma de extinção de vontades contrapostas. (art. 840 C Civil) É indispensável a existência de dúvida na relação jurídica, pois as partes jamais fariam acordo se tivessem absoluta certeza de seus direitos. Visa a extinção de obrigações litigiosas ou duvidosas.
OBS.: Se houver sentença transitada em julgado, é nula a transação quando qualquer uma das partes não tenha ciência a respeito desse fato (art. 850 C Civil), porque, após o trânsito em julgado, não há mais res litigiosa.
Concessões recíprocas/mútuas: para haver transação, as partes precisam abrir mão de seus direitos ou de parte deles. A parte sacrifica seu direito em prol de paz.
OBS.: não pode haver desistência unilateral da transação, ainda que não homologada (RT 413/193).
NATUREZA CONTRATUAL DA TRANSAÇÃO. Características: (Silvio de Salvo Venosa)
a transação no C Civil é de natureza contratual;
a pena convencional na transação, reforça a idéia desta com natureza contratual (art. 847);
de natureza bilateral, indivisível (art. 848);
interpretação restritiva (art. 843);
contrato consensual e oneroso;
pela transação se declaram ou se reconhecem direitos (art. 843).
MODALIDADES/FORMAS: (art. 842 C Civil)
Judicial: celebrada em juízo;
Extrajudicial: celebrada fora dele, a transação extrajudicial por meio de escritura pública ou documento particular;
OBS.: A transação judicial pode ser feita por termo nos autos, por meio de escritura pública ou, ainda, por instrumento particular. (art. 842 C Civil). A transação extrajudicial deve ser feita por escritura pública, (art. 842 C Civil) ou, ainda, por escritura particular, quando não for exigida escritura pública. Para Washington de Barros Monteiro não é necessária a forma sacramental nas hipóteses de escrito particular, podendo constar de simples recibo. Não há necessidade de se tomar por termo nos autos a transação apresentada pelas partes, em escrito particular (RT 541/181). Seus efeitos no processo só se produzem após a juntada aos autos (RT 528/152).
OBJETO DA TRANSAÇÃO: (art. 841 C Civil) A transação só existe em direitos patrimoniais de caráter privado. Os bens fora do comércio e os bens de caráter privado, direitos indisponíveis, os relativos ao estado e à capacidade das pessoas,os direitos puros de família, os direitos personalíssimos não podem ser objeto de transação, estando eliminados do objeto da transação.
Direitos personalíssimos: tanto os direitos personalíssimos quanto as coisas inalienáveis não podem ser negociados. Ainda, todos os bens e direitos de família. 
Ordem pública: todas as questões que envolvem ordem pública não são transacionadas. A transação concernente a obrigações resultantes de delito não exclue a ação penal da Justiça Pública, mesmo se as partes fizerem acordo na esfera cível, excluindo as hipóteses da Lei nº 9.099/1995, na qual a transação penal põe termo à própria ação penal. 
OBS.: Os direitos que não admitem transação admitem confissão e reconhecimento.
CAPACIDADE PARA TRANSIGIR (PODER DE TRANSIGIR): requer plena capacidade; não podem transigir os incapazes, que para fazê-lo, necessitam da complementação de vontade do representante e autorização judicial, sendo que no processo, é imprescindível a presença do Ministério Público, como curador de incapazes;
o tutor, em relação aos negócios do tutelado (art. 1.748 C Civil);
o curador em relação ao pupilo curatelado (art. 1.774 C Civil);
síndico na falência;
o Ministério Público, em razão de seu munus, não pode transigir;
o representante convencional, o mandatário, deve ter poderes específicos de transigir.
EFEITOS DA TRANSAÇÃO
Eficácia inter partes: só pode vincular as partes que voluntariamente se obrigam, motivo pelo qual a transação não aproveita e nem prejudica os intervenientes e os interessados (art. 844).
A transação é contrato extintivo: desaparecendo a obrigação litigiosa, desaparecem os acessórios, inclusive a fiança. Na compensação principal, restará desobrigado o fiador (§1º do art. 844 C Civil). Para sobreviver à fiança, é indispensável a anuência expressa do fiador. O mesmo acontece em relação aos devedores solidários, pois a transação feita por qualquer um deles em relação ao credor extingue com relação aos demais (§3º do art. 844 C Civil), sendo que, para manter obrigados os demais devedores, é indispensável uma nova relação jurídica. Efeitos da indivisibilidade na transação (art. 848 C Civil).
Efeitos declaratórios da transação: a transação não transmite direitos, apenas os reconhece e os declara (art. 843 C Civil). O legislador presume iures ad iure, presunção absoluta de que os direitos reconhecidos na transação já estão incorporados no patrimônio de cada uma das partes; portanto, não são passíveis de aquisição. Essa é uma ficção do direito, pois na realidade as partes estão abrindo mão de parcelas de seus direitos na transação. O efeito da transação é declaratório, não constitutivo.
Caráter contratual do instituto: permite ser inserida a pena convencional, a cláusula penal (art. 847 C Civil). Aplicação do princípio da exceção do contrato não cumprido do art. 476 C Civil e da regra geral da relatividade das convenções no contrato do art. 844 C Civil.
Coisa julgada na transação: faz coisa julgada. A evicção (art. 845 C Civil).
NULIDADES DA TRANSAÇÃO:
o conhecimento de sentença judicial (art. 850);
a segunda parte do art. 850 (antigo, 1.036) diz que é nula a transação “quando por título ulteriormente descoberto, se verificar que nenhum deles (as partes) tinha direito sobre o objeto da transação”;
a regra geral é de não haver nulidade parcial na transação.
OBS.:	A transação sobre o mesmo fato delituoso, no cível, não obsta e em nada altera a ação penal pública (art. 846 C Civil).
ANULABILIDADES DA TRANSAÇÃO:
o art. 849 dispõe acerca da possibilidade de rescisão da transação por dolo, violência ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa; 
é anulável a transação pelos vícios sociais: a fraude contra credores e a simulação, da mesma forma ocorre para a lesão nos contratos; 
é inadmissível ignorância ou erro de direito a respeito da matéria objeto do fundo de transação (art. 849).
COMPROMISSO ARBITRAL (arts. 851/853 C Civil)
(Lei n° 9.307/1996 – Lei da Arbitragem)
A Lei nº 9.307/2006 o juízo arbitral foi inserido no meio negocial. O Código Civil no art. 851 admite o “compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre pessoas que podem contratar”.
“Aponta-se uma semelhança entre o compromisso e a transação, por serem ambos resultantes de uma declaração convergente de vontades, e perseguirem o objetivo genérico de pôr fim a uma controvérsia. Separa-os, entretanto, diferença essencial: pela transação as partes previnem ou terminam um litígio; pelo compromisso subtraem-no a pronunciamento da Justiça Comum, submetendo-o a uma “jurisdictio” excepcional, particular, e de eleição dos próprios interessados, que é o juízo arbitral.” (Caio Mário da Silveira)
Cláusula compromissória ( é uma convenção de arbitragem prévia, pela qual as partes decidem que se sobrevier um conflito relativo ao negócio jurídico que acabou de ser celebrado, deverá ser resolvido pelo árbitro. Cláusula compromissória é indeterminada;
Mediação: é a fase prévia à arbitragem denominada mediação. A mediação integra o iter da arbitragem, atendendo ao desiderato de conciliação.
Compromisso arbitral ( pressupõe um conflito já existente. Já há um conflito e as partes decidem que tal conflito deverá ser resolvido por árbitro. Pode ser precedido por uma cláusula compromissória que irá definir as regras.
A finalidade específica do compromisso é a solução da pendência, sem qualquer outra natureza constitutiva ou geradora de direitos. O compromisso arbitral impõe às partes a obrigação de submeter eventuais conflitos ao juízo arbitral, afastada a solução judicial. É possível que exista compromisso arbitral sem cláusula compromissória.
Se a questão a ser dirimida ainda não estiver ajuizada, celebra-se como qualquer outro contrato, com observância das exigências obrigatórias da Lei de Arbitragem.
O árbitro escolhido pelas partes é juiz de fato e de direito.
A sentença arbitral é título executivo judicial. O árbitro não pode executar as decisões. Será sempre feita pelo juiz estatal.
OBS.: A sentença arbitral é o único título executivo judicial formado fora do judiciário, uma vez que tal sentença é formada por um árbitro.
A sentença arbitral não depende de homologação do judiciário para ser título executivo judicial. O Judiciário pode invalidar a sentença, há um controle externo. Passados os 90 dias a sentença arbitral é definitiva.

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