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(STJ – 6ª. Turma – Relator Ministro Vicente Leal – HC 7.914 – j. 29.10.98 – DJU 14.12.98 – p. 304). “Exigência de unidade de desígnio ou dolo total. Para a caracterização do crime continuado torna-se necessário que os atos criminosos isolados apresentem-se enlaçados, os subseqüentes ligados aos antecedentes (art. 71 do CP: ‘devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro’), ou porque fazem parte do mesmo projeto criminoso, ou porque resultam de ensejo, ainda que fortuito, proporcionado ou facilitado pela execução desse projeto (aproveitamento da mesma oportunidade). Hipótese em que sentença condenatória considerou existente circunstância fática que invoca a unidade de desígnio. Recurso especial conhecido, mas improvido” (STJ – REsp 61.962 – Relator Ministro Francisco de Assis Toledo – RT 719/530). NOTA: Chama a atenção o julgado acima em negrito, na medida em Chama a atenção o julgado acima em negrito, na medida em Chama a atenção o julgado acima em negrito, na medida em Chama a atenção o julgado acima em negrito, na medida em que seu Ministro Relator, o já falecido Francisco de Assis que seu Ministro Relator, o já falecido Francisco de Assis que seu Ministro Relator, o já falecido Francisco de Assis que seu Ministro Relator, o já falecido Francisco de Assis Toledo, foi o presidente da Comissão de Reforma da Parte Geral Toledo, foi o presidente da Comissão de Reforma da Parte Geral Toledo, foi o presidente da Comissão de Reforma da Parte Geral Toledo, foi o presidente da Comissão de Reforma da Parte Geral Eduardo Queiroz de Mello 46 do Código Penal em 1984, onde, pelo que disposto no art. 71, no do Código Penal em 1984, onde, pelo que disposto no art. 71, no do Código Penal em 1984, onde, pelo que disposto no art. 71, no do Código Penal em 1984, onde, pelo que disposto no art. 71, no tocante ao tocante ao tocante ao tocante ao crime continuado, é adotada a chamada Teoria Objetiva crime continuado, é adotada a chamada Teoria Objetiva crime continuado, é adotada a chamada Teoria Objetiva crime continuado, é adotada a chamada Teoria Objetiva Pura.Pura.Pura.Pura. “Na interpretação do art. 71 do CP, para conferir se os crimes ‘subseqüentes devem ser havidos como continuação do primeiro’, é necessário que se examinem circunstâncias objetivas e subjetivas, de modo a se concluir que os delitos são continuados, ou porque resultam de uma unidade de desígnios, fazendo parte de um único projeto criminoso, ou por representar para o delinqüente uma mesma oportunidade, ainda que fortuita, para a prática de mais de um crime, em que a execução do primeiro acabe facilitando, ou dando ensejo à execução dos subseqüentes, sendo certo que tal entendimento corresponde à teoria mista, que reconhece ser insuficiente a só presença de elementos objetivos” (Tribunal de Alçada Criminal de SP – Rev. – Relator Juiz Osni de Souza – j. 14.05.98 – RJTACrim 40/394). “Inobstante a adoção pelo Código Penal Brasileiro da teoria objetiva pura com relação a continuidade delitiva, é imprescindível a análise da unidade de resolução criminosa do agente, sendo, portanto, indispensável o caráter de desdobramento entre as ações delitivas que as insira em uma mesma cadeia de prática criminosa, onde a conexão espacial, temporal e modus operandi sejam tão-somente sintomas do contexto de uma vontade única, esta sim a essência do crime continuado” (Tribunal de Alçada Criminal de SP – Ap. – Rel. Juiz Canellas de Godoy – j. 23.09.97 – RJTACrim 36/87). A CONTINUIDADE DELITIVA ENTRE ESTUPRO E ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR – A FAVOR E CONTRA “Aquele que com um só desígnio e no mesmo contexto fático, após constranger a vítima à conjunção carnal, pratica com a mesma coito anal incide nas regras do crime continuado, afastando a hipótese de concurso material, visto que o estupro e o atentado violento ao pudor são crimes da mesma espécie e ofendem o mesmo bem jurídico, a liberdade sexual” (Tribunal de Justiça de SP – Ap. – Relator Desembargador Geraldo Xavier – j. 24.04.97 – RT 743/629). “Tanto o estupro como o atentado violento ao pudor são crimes contra a liberdade sexual praticados mediante violência ou grave ameaça, visando o Eduardo Queiroz de Mello 47 constrangimento à prática de um ato sexual, sendo a conjunção carnal espécie do gênero ato libidinoso. Assim, em face da semelhança de elementos objetivos entre os tipos penais capitulados nos arts. 213 e 214 do CP se foram praticados nas mesmas condições de tempo, lugar e modo de execução, é admissível o reconhecimento do crime continuado” (Tribunal de Justiça de SP – Ap. – Relator Desembargador Gomes de Amorim – j. 23.04.98 – RT 754/609). “A jurisprudência desta Corte está sedimentada no sentido de que estupro e atentado violento ao pudor configuram concurso material e não crime continuado. O Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 2º da Lei nº 8.072/90, assegurando aos condenados por crimes hediondos a progressão do regime prisional. Habeas corpus indeferido; ordem concedida, de ofício, para assegurar a progressão do regime de cumprimento da pena” (Habeas Corpus nº 89770/SP, 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, Relator Ministro Eros Grau – j. 10.10.2006, unânime, DJ 06.11.2006). A CONTINUIDADE DELITIVA ENTRE FURTO E ROUBO A FAVOR E CONTRA “Furto e roubo são espécies de um gênero, posto que é comum o bem jurídico, por eles tutelado, bem jurídico esse, que abarca um conjunto de espécies diferenciadas, que nele se identificam. É sabido que, dentre os requisitos essenciais para o reconhecimento de continuidade delitiva, está o de que os crimes havidos em regime de crime único devem pertencer à mesma espécie, isto é, que se assemelhem pelos seus elementos objetivos e subjetivos, caso do delito de furto e do de roubo, posto que têm o mesmo conteúdo, carecendo de significação os elementos meramente acidentais” (Tribunal de Alçada Criminal de SP – Rev. – Relator Juiz Alberto Silva Franco – JUTACRIM 71/18). “Se a área de significado do conceito de ‘mesmo’ não se restringe à idéia de identidade, e abrange ainda a de semelhança ou parecença, força é convir que, dentre todas as espécies diversificadas do gênero ‘patrimônio’ as quais se assemelham são exatamente o furto e o roubo. O núcleo do tipo, isto é, o verbo que expressa a ação física que o agente deve empreender é igual (subtrair) e o objeto material da ação física é também idêntico (coisa alheia móvel). O dado de subjetividade não diverge: a ação Eduardo Queiroz de Mello 48 física está teleologicamente destinada ao despojamento para si ou para outrem de coisa que participa do patrimônio alheio. O próprio elemento que afasta a identidade entre as duas condutas criminosas e permite conceituá-las como duas espécies autônomas, ou seja, o modo de execução da ação física, não se traduz, contudo, num traço exclusivo de uma delas. A violência tanto existe no roubo, quanto pode ocorrer no furto, como p. ex., no furto com rompimento de obstáculo à subtração da coisa. O caráter pessoal ou real dessa violência obsta que as figuras de furto e de roubo sejam idênticas, mas não nega a semelhança ou parecença que as vincula e que autoriza indicá-los como crimes da ‘mesma espécie’. E se o instituto do crime continuado é reconhecido, através de remansosa jurisprudência, em relação aos delitos de roubo, embora tais condutas atinjam bens personalíssimos e se igual instituto é aplicado, sem contestação no tocante aos delitos de furto, nenhuma razoável explicação existe para que seja repelido entre o roubo e o furto já que nenhuma maior significação, sob o enfoque do crime continuado, subsiste em relação ao caráter pessoal ou real