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FUNDAMENTAÇÃO FILOSÓFICA DA Gestalt Terapia

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FUNDAMENTAÇÃO FILOSÓFICA DA G.T.
Quando vamos fazendo, “sem pensar”, inexoravelmente estamos agindo sob alguma base de pensamento, que é reconhecida, estudada e aprofundada pela filosofia, exatamente para que seus aspectos - os aspectos desta linha de ação - fiquem bem claros e acessíveis a nossa compreensão.
A filosofia se propõe a nos ajudar a identificar e compreender melhor e mais profundamente as várias possibilidades de pensar sobre as coisas e, inclusive, pensar sobre como fazer as coisas numa época e num lugar, sempre haverá uma forma de se pensar as coisas que será a forma vigente, a forma dominante - o espírito da época (Moniz, 1984). Isso acontece pela questão anteriormente falada, em relação ao paradigma. Ou seja, quando não temos clareza sobre o paradigma no qual estamos inseridos, o empregaremos sem ter consciência disso, o que imputa dizer que estamos arcando com as soluções mas também com os problemas dessa linha de pensamento, sem sequer notarmos isso...
A filosofia é o campo de conhecimento que se debruça sobre o pensar e, nesta tarefa, produz o desmascaramento desse pensar, disso que é tido como óbvio, normal ou natural. A cultura local, seus hábitos e histórias - o espírito do lugar - se conjugam para influenciar este pensar.
A filosofia nos ajuda a compreender melhor os vários afazeres e identificar o que está implícito em cada um deles, reconhecendo suas bases, limites, facilidades e dificuldades. Na área do conhecimento deve, o psicólogo ater-se à teoria do conhecimento (como se conhece), a fim de definir como quer praticar sua psicologia.
Linhas de pensamentos diferentes redundam em ações diferentes. Para diferentes formas de se fazer alguma coisa, podemos depreender diferentes bases filosóficas que pensaram sobre como fazer esta coisa. Na medida em que temos o conhecimento deste pensar, teremos muito mais condições de aprofundar nossos questionamentos sobre o fazer.
A FENOMENOLOGIA DA G.T.
Propõe ao pesquisador voltar-se para as coisas em si mesmas, para a realidade que se mostra, ao invés de buscar teorias que afaste a consciência da verdade.
Husserl percebeu que antes de perceber" a verdade" ou perceber" qualquer coisa", ele percebeu que percebe e que, ao assim fazê-lo, concluiu que o ato mais originário, mais prioritário na apreensão da verdade é o ato de "perceber o percebido": eu "percebo" algo que é percebido e só é possível para mim perceber algo simultaneamente ao fato de haver algo para que eu possa perceber. Assim, temos aqui uma estrutura elementar que não é passível de qualquer subdivisão, que é a estrutura formada pelo ato de perceber e o conteúdo percebido. Ou seja, a todo "pensar", haverá simultaneamente um "pensado"; a todo" imaginar", haverá um "imaginado"; a todo lembrar, haverá um lembrado e assim por diante. Ou s_ja, a consciência sempre será a "consciência de", uma consciência que visa algo, que intenciona algo (consciência intencional).
O "eu" percebedor só existe em função recíproca com o "algo percebível". Mas, sendo este “algo percebível" uma função determinada pela consciência que percebe, logo teremos diferentes formas de perceber a realidade transcendendo assim a dicotomia "mundo externo" versus "mundo interno". Já que o enfoque são os processos da consciência, não é mais questão se discutir se existe ou não um mundo" lá fora" ou um mundo" aqui dentro" . Do que adianta discutirmos sobre o que está ou não" lá" ou "aqui" já que, seja lá o que existir, eu só poderei apreendê-lo a partir dos processos da minha consciência?
O objetivo da psicoterapia passa a ser o de perceber o processo de percepção e sua intensionalidade. Ao voltar-se para estes processos da consciência, Husserl faz uma passagem deste mundo" natural" - este que nós chamamos de realidade, esse mundo com a "existência assegurada" - para um mundo posto em observação ou, conforme Husserl denominou, posto entre parênteses. Esta passagem foi denominada por Husserl de redução fenomenológica ou epoché.
Estamos partindo para entender o mundo sem contudo termos a existência deste assegurada. Ou seja, percebo algo, seja lá o que for: mundo, sonho, fantasia, etc. Ao percebê-lo, tenho inferências sobre tais percepções. Pensando sobre tais inferências, atinjo a essência ou verdade de minha percepção. Esta é a redução fenomenológica: parto do que percebo, ou da região psicológica, onde residem minhas capacidades de percepção do mundo; faço uma redução fenomenológica para outra região - região das essências ou significados: onde reside a definição daquilo que percebo- e, por fim, atinjo a região transcendental, onde penso sobre a própria percepção.
ASPECTOS RELEVANTES À G.T.
1. Se a estrutura perceber/percebido não é passível De subdivisões, isto implica dizer que não há como separar “observador” e “objeto observado” , conforme a ciência ortodoxa preconiza. Ou seja, aquilo que observo - o observado - forma uma unidade comigo, o observador.
2. Partindo desta unidade entre o perceber e o percebido, concluímos então que, quando nos detemos ao descrever o observado, na verdade estamos descrevendo a nossa relação com o observado; ou seja, descrevemos uma parte de nós mesmos, uma vez que o que observo é uno com a minha consciência observante... O que descrevo, diz um pouco de mim. O "como" descrevo, meu tom de voz, meu ritmo em expor; também o que escolho descrever, e do que abro mão, todas essas metaobservações sobre a relação observador/observado são extremamente ricas em desvelar o ser que descreve.
3. O tempo verbal possível para esta conjugação só se resume ao presente. Ou seja, só podemos "pensar pensamentos", ou "lembrar lembranças", "imaginar imaginações", no presente. Mesmo quando falamos de algo que fizemos (passado) ou algo que tencionamos fazer (futuro), temos que" falar do que se falou" ou "tencionar o que será tencionado" . Esta estrutura "perceber o percebido" é irremediavelmente presente, acontecendo no agora.
4. Em consonância com a questão temporal - só existe "perceber o percebido" no presente - temos a decorrência da questão espacial: só existe o "perceber o percebido" acontecendo no aqui.
5. Quando constatamos que percebemos o percebido, aquilo que é conteúdo do percebido, seja lá o que for (desde um estímulo pontual como um alfinete que espeta a pele, até o significado de uma existência), só pode ser entendido em uma relação una comigo que percebo. Ou seja, o sentido não está nem "em mim" e nem está" no mundo" , mas está exatamente nesta relação eu/mundo.
6. quando descrevo, o mundo lá fora não é tido como algo em comum com outras consciências, já que cada um descreverá de acordo com a relação eu/mundo ou observador/observado. O sentido das coisas não está nas coisas em si, mas no que sobressai em cada relação observador/observado. Assim, a lua que inspira poesia em um, poderá inspirar medo em outro. Assim precisamos saber como cada um vê o mundo.
7. O sentido que brota na relação eu/mundo se dá na implicação do eu no mundo, e não em apenas uma parte do "eu" , em uma parte do mundo. Eu por inteiro influencio e sou influenciado pelo contexto como um todo. Isso se contrapõe ao modelo reducionista dos experimentos ou testes científicos, que limita todas as possibilidades reais, para transformá-las em algumas possibilidades" controladas". Só que - de fato - as possibilidades reais não desaparecem, apenas não são naquele momento ou naquele experimento consideradas.

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