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PLANO DE ENSINO
CURSO: Direito
PERÍODO: 1º Semestre 2016/1
TURNO: Diurno
DISCIPLINA: Interpretação e Produção de Textos
CARGA HORÁRIA SEMANAL: 1,5 horas/aula
CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 30 horas/aula
I – EMENTA
Leitura, interpretação e conhecimento. Temas da atualidade. Diferentes linguagens. Estilos e gêneros discursivos. Qualidade do texto. Produção de texto.
II – OBJETIVOS GERAIS
Ampliar o universo cultural e expressivo do aluno; trabalhar e analisar textos orais e escritos sobre assuntos da atualidade; produzir na linguagem oral e escrita textos diversos;
III – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Valorizar a leitura como fonte de conhecimento e prazer.
Aprimorar as habilidades de percepção das linguagens envolvidas na leitura.
Ler e analisar diversos estilos e gêneros discursivos com senso crítico.
Identificar as idéias centrais do texto.
Ampliar seu vocabulário ativo.
Expressar-se com coerência, concisão e clareza, visando à eficácia da comunicação.
IV – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Conscientização da importância da leitura como fonte de conhecimento e participação na sociedade.
As diferentes linguagens: verbal, não verbal; formal e informal.
Noções de texto: unidade de sentido.
Textos orais e escritos.
Estilos e gêneros discursivos: jornalístico, científico, técnico, literário, publicitário entre outros.
Interpretação de textos diversos e de assuntos da atualidade.
Qualidades do texto: coerência, coesão, clareza, concisão e correção gramatical.
Complemento gramatical.
Produção de textos diversos.
V – ESTRATÉGIA DE TRABALHO
A disciplina será desenvolvida com aulas expositivas e interativas, seminários, leitura e análise de textos, oficina de leitura e produção de textos.
VI – AVALIAÇÃO
A avaliação será realizada por intermédio de provas regimentais, trabalhos acadêmicos, participação em aulas e seminários.
VII – BIBLIOGRAFIA
Bibliografia Básica:
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Prática de texto para estudantes universitários. 14ª ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
FÁVERO, Leonor. Coesão e coerência textuais. 11ª ed. São Paulo: Ática, 2006. 
FIORIN, José Luiz; PLATÃO, Francisco. Para entender o texto: leitura e redação. 16ª ed. São Paulo: Ática, 2000. 
Bibliografia Complementar:
BLIKSTEIN, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. 22ª ed. São Paulo: Ática, 2006.
EMEDIATO, Wander. A fórmula do texto: redação, argumentação e leitura. 3ª ed. São Paulo: Geração Editorial, 2007.
FERRARA, Lucrecia. Leitura sem palavras. São Paulo: Ática, 2007.
GRION, Laurinda. Dicas para uma boa redação: como obter mais objetividade e clareza em seus Textos. São Paulo: Edicta, 2004.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; TRAVAGLIA, Luiz. C. A coerência textual. 16ª ed. São Paulo: Contexto, 2004.
LUFT, Celso Pedro. Moderna gramática brasileira. São Paulo: Globo, 2003.
PERISSÉ, Gabriel. Ler, pensar e escrever. 4ª ed. São Paulo: Arte e Ciência, 1998.
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CONCEPÇÃO DE LEITURA
Frequentemente ouvimos falar sobre a importância da leitura na nossa vida, sobre a necessidade de se cultivar o gosto de leitura entre crianças e jovens, sobre o papel da escolha ou formação de leitores competentes, com o que concordamos prontamente. Mas, nessa discussão, destacam-se algumas questões como: O que é ler? Para que ler? Como ler? As perguntas poderão ser respondidas de diferentes modos, que revelarão uma concepção de leitura decorrente da concepção de sujeito, de língua, de texto e de sentido que se adote.
Foco no autor: a leitura é entendida como a atividade de captação das ideias do autor, sem se levar em conta as experiência e os conhecimentos do leitor, a interação autor-leitor com propósitos constituídos sócio-cognitivo-interacionalmente. O foco de atenção é, pois, o autor e suas intenções, e o sentido está centrado no autor, bastando tão somente ao leitor captar essas intenções.
Foco no texto: o texto é visto como simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código utilizado. Consequentemente, a leitura é uma atividade que exige do leitor o foco no texto, uma vez que “tudo está dito no dito”. Cabe ao leitor o reconhecimento do sentido das palavras e estruturas do texto. Nas duas concepções, o leitor é caracterizado por realizar uma atividade de reconhecimento, de reprodução.
Foco na interação autor-leitor-texto: o sentido de um texto é construído na interação texto-sujeitos e não algo que pré-exista a essa interação. A leitura é uma atividade na qual se leva em conta as experiências e os conhecimentos do leitor e exige dele bem mais do que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado por um receptor passivo.
LEITURA E PRODUÇÃO DE SENTIDO
Na atividade de leitores, estabelecemos relações entre nossos conhecimentos anteriormente constituídos e as novas informações contidas no texto; fazemos inferências, comparações, formulamos perguntas relacionadas com o seu conteúdo. Mais ainda, processamos, criticamos, contrastamos e avaliamos as informações que nos são apresentadas, produzindo sentido para o que lemos. Em outras palavras, agimos estrategicamente, o que nos permite dirigir e auto-regular nosso próprio processo de leitura. Falamos, então, em um sentido para o texto, não em o sentido.
Lute – Hoje em Dia – MG 02/08/2011
Salvador – Estado de Minas – MG 02/08/2011
Bello – A Tribuna de Minas – MG - 10/02/11
Ivan – A Charge on Line – 12/02/2012
NOÇÕES DE TEXTO E DISCURSO
A palavra texto é bastante familiar no âmbito escolar e fora dele, embora, de modo geral, não o reconheçamos em diversas de suas ocorrências. Certamente já ouvimos: “Que texto interessante! Seu texto está confuso! Faça um texto sobre “suas férias”... 
No entanto, no que diz respeito especialmente à leitura, muitas vezes os alunos leem fragmentos do texto e buscam entender partes isoladas que, sem relação com as demais — com o todo —, levam o leitor, provavelmente, a chegar a conclusões precipitadas e até mesmo erradas sobre o sentido do texto. 
Os estudos mais avançados na área da Linguística Textual, a partir da década de 60, detiveram-se em explicar as características próprias da linguagem escrita concretizada em forma de texto e não em forma de um mero amontoado de palavras e frases. 
Para a Linguística Textual, a linguagem é o principal meio de comunicação social do ser humano e, portanto, seu produto concreto — o texto — também se reveste dessa importante característica, já que é por intermédio dele que um emissor transmite algo a um receptor, obedecendo a um sistema de signos/regras codificado. O texto constitui-se, assim, na unidade linguística comunicativa básica. 
Segundo Fávero e Koch (1998, p. 25), 
o termo texto pode ser tomado em duas acepções: em sentido lado,designa toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano (quer se trate de um poema, quer de uma música, uma pintura, um filme, uma escultura etc.), isto é, qualquer tipo de comunicação realizado através de um sistema de signos. Em se tratando da linguagem verbal, temos o discurso, atividade comunicativa de um falante, numa situação de comunicação dada, englobando o conjunto de enunciados produzidos pelo locutor (ou por este e seu interlocutor, no caso do diálogo) e o evento de sua enunciação.
No sentido estrito, texto trata-se de “uma passagem falada ou escrita que forme um todo comunicativo, independente de sua extensão.”(IDEM, IBID.)
Um texto não é um aglomerado de frases; o significado de suas partes resulta das correlações que elas mantêm entre si. Uma leitura não pode basear-se em fragmentos isolados do texto. Observe a sequência: 
	Marilene ainda não chegou. Comprei três melancias. O escritório de Sérgio encerrou o expediente por hoje. A densa floresta era assustadora.Ela colocou mais sal no feijão. O vaso partiu-se em pedacinhos.
Essa sequência apresenta um amontoado aleatório de frases, já que suas partes não se articulam entre si, não formam um todo coerente. Portanto, tal sequência não constitui um texto. 
Agora, observe a tira:
Inicialmente notamos que os personagens “curtem” o sol num momento de lazer. No segundo quadro da tira, ao lermos “mas, infelizmente...”, acreditamos que o personagem vai interromper o agradável momento por conta de alguma obrigação que deva cumprir. No terceiro quadro, porém, somos obrigados a reinterpretar o significado anteriormente atribuído e verificar que ambos estão, mesmo, dispostos a aproveitar o sol sem qualquer pressa. Como vemos, o sentido global de um texto depende das correlações entre suas partes.
O texto tem coerência de sentido e o sentido de qualquer passagem de um texto é dado pelo contexto (unidade maior em que uma unidade menor está inserida). Exemplo: a frase serve de contexto para a palavra, o texto para a frase, etc. Se não levarmos em conta as relações entre as partes do texto, corremos o risco de atribuir a ele um sentido oposto àquele que efetivamente tem. 
Todo texto tem um caráter histórico, não no sentido de narrar fatos históricos, mas no de revelar as concepções e a cultura de um grupo social numa determinada época. 
1896 - Essa raríssima propaganda colorida de 1896 parece ter sido feita em tecido, curiosamente com o logo em vermelho. "Cura a dor de cabeça e alivia a exaustão" - aos 10 anos do produto.
Contexto
Para se compreender um texto, é necessário saber em qual momento ele foi produzido e que situação externa esse texto se refere direta ou indiretamente a isso chamamos contexto. Falar sobre o sentido de um texto, fora das circunstâncias possíveis de suas ocorrências, ou seja, fora do contexto e da situação, equivale a abandonar o terreno da experiência e da comprovação, para construir uma hipótese carente de demonstração.
Vamos observar o seguinte enunciado:
1. “Que belo dia!”
Sem se levar em conta o contexto, não se pode explicar o sentido desta frase. Poderia se imaginar que ela poderia se referir a um dia agradável, que a rotina flui sem imprevistos, ou poderia ter sido dita por alguém que ganhou na loteria. Não se sabe a que contexto se refere, se a um dia de sol após um período chuvoso ou se é um dia de chuva após meses de sol escaldante. Como não foi apresentada a situação em que esse enunciado foi proferido, há várias possibilidades de sentido nesta frase.
Observe agora a seguinte situação: Marcos acordou atrasado para o trabalho, tomou um ônibus lotado que quebrou durante o trajeto. Ele tomou um táxi para não se atrasar tanto, mas teve de descer a três quarteirões do edifício onde trabalhava, pois, como chovia muito, uma árvore caída na pista impedia a passagem de veículos. Chegou ao trabalho atrasado em uma hora e meia. Ofegante e nervoso, ele brada:
2. “Que belo dia!”
Nessa circunstância, essa mesma ocorrência equivale a: 
“Que dia horrível!”
Enquanto no primeiro enunciado existe a multiplicidade de sentido, o segundo não está passível a outras interpretações, visto que o contexto, a situação na qual o enunciado foi proferido delimita o sentido da enunciação (a frase em seu uso concreto da comunicação).
Contexto imediato e Contexto situacional
O contexto situacional é formado por informações que estão fora do texto, sejam elas históricas, geográficas, sociológicas, literárias. Ele é essencial para uma leitura mais eficaz, aproximando o interlocutor/leitor do sentido que o locutor/escritor quis imprimir ao texto.
Já o contexto imediato refere-se a informações pré-textuais, como: nome do autor, data, local onde foi publicado o texto.
AS DIFERENTES LINGUAGENS: VERBAL, NÃO VERBAL; FORMAL E INFORMAL
Para dar início a algumas reflexões a respeito do tema a ser estudado, leia o texto que segue. 
Comunicação 
É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. 
Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o seu nome? 
“Posso ajudá-lo, cavalheiro?” 
“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...” 
“Um... como é mesmo o nome?” 
“Sim?” 
“Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssima.”
“Sim senhor.”
“O senhor vai dar risada quando souber.”
“Sim senhor.”
“Olha, é pontuda, certo?”
“O quê, cavalheiro?” 
“Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?”
“Infelizmente, cavalheiro...”
“Ora, você sabe do que estou falando.”
“Estou me esforçando, mas...” 
“Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?” 
“Se o senhor diz, cavalheiro...” 
“Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero.” 
“Sim senhor. Pontudo numa ponta.” 
“Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?” 
“Bom, eu preciso saber mais sobre o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem sabe o senhor desenha para nós?” 
“Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação em desenho.” 
“Sinto muito.” 
“Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um débil mental. Não sei desenhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está pensando.” 
“Eu não estou pensando nada, cavalheiro.”
“Chame o gerente.” 
“Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que chegaremos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito do quê?”
“É de, sei lá. De metal.”
“Muito bem. De metal. Ela se move?” 
“Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas minhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim.”
“Tem mais de uma peça? Já vem montado?” 
“É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço.”
“Francamente.” 
“Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e clique, encaixa.”
“Ah, tem clique. É elétrico.” 
“Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar.”
“Já sei!”
“Ótimo!” “O senhor quer uma antena externa de televisão.” 
“Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo...” “Tentemos por outro lado. Para o que serve?” 
“Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa..” 
“Certo. Esse instrumento que o senhor procura funciona mais ou menos como um gigantesco alfinete de segurança e...”
“Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!” 
“Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!” 
“É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?” (Luís Fernando Veríssimo. Para gostar de ler. v.7. São Paulo: Ática, 1982.) 
A linguagem nasce da necessidade humana de comunicação; nela e com ela, o homem interage com o mundo. Para tratarmos das diferentes linguagens de que dispomos, verbais e não verbais, precisamos, inicialmente, pensar que elas existem para que possamos estabelecer comunicação. Mas o que é, em si, comunicar? 
Se desdobrarmos a palavra comunicação, teremos: 
	Comunicação: “comum” + “ação”, ou melhor, “ação em comum”. 
De modo geral, todos os significados encontrados para a palavra comunicação revelam a idéia de relação. Observe:Comunicação: deriva do latim communicare, cujo significado seria “tornar comum”, “partilhar”, “repartir”, trocar opiniões”, “estar em relação com”. Podemos assim afirmar que, historicamente, comunicação implica participação, interação entre dois ou mais elementos, um emitindo informações, outro recebendo e reagindo. Para que a comunicação exista, então, é preciso que haja mais de um polo: sem o “outro” não há partilha de sentimentos e ideias ou de comandos e respostas. 
O que é a Linguagem?
Linguagem é a capacidade humana de articular conhecimentos e compartilhá-los socialmente. Assim, todo e qualquer processo humano capaz de expressar e compartilhar significação constitui linguagens: tirar fotos, pintar quadros, produzir textos e músicas, escrever jornal, dançar, etc. As linguagens fazem parte das diversas formas de expressão representadas pelas artes visuais, pela música, pela expressão corporal e pela escrita. A linguagem, portanto, nomeia, fixa e concebe objetos, utiliza conceitos e tem por função permitir a comunicação. Nós encontramos a língua pronta quando nascemos e aprendemos a utilizá-la com as pessoas mais velhas. É a partir dessa aprendizagem que passamos a reproduzi-la. 
Muitas das expressões artísticas atuais têm origem conhecida: a fotografia surgiu no século XIX; o teatro ocidental surgiu na Grécia e na Idade Média. Já a escrita surgiu há milhares de anos. 
Chamamos de linguagem a todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação. Certamente, você já observou que o ser humano utiliza as mais diferentes linguagens: a da música, a da dança, a da pintura, a dos surdos-mudos, a dos sinais de trânsito, a da língua que você fala, entre outras. 
Como vemos, a linguagem é produto de práticas sociais de uma determinada cultura que a representa e a modifica, numa atividade predominantemente social. Considerando o sistema de sinais utilizados na comunicação humana, costumamos dividir a linguagem em verbal e não verbal. Assim, temos: 
a. Linguagem verbal: aquela que utiliza as palavras para estabelecer comunicação. A língua que você utiliza, por exemplo, é linguagem verbal, assim como a literatura. 
b. Linguagem não verbal: aquela que utiliza outros sinais que não as palavras para estabelecer comunicação. Os sinais utilizados pelos surdos-mudos, por exemplo, constituem um tipo de linguagem não verbal. 
Para viver em sociedade, o ser humano - possuidor de capacidade criativa e cumulativa - cria um arsenal de códigos, que se entrecruzam e atendem às suas necessidades de sobrevivência, de intercâmbio com o outro, de satisfação afetiva, de aprimoramento intelectual. 
A comunicação dá-se, assim, por intermédio de algum tipo de linguagem que se altera de acordo com o uso que as pessoas fazem dela. Verbais ou não verbais, criamos sinais que têm significado especial para o grupo humano do qual fazemos parte. 
	A linguagem é múltipla e, a partir da combinação de seus variados códigos, promove a interação entre os seres humanos, permitindo a expressão do que pensa e do que sente. 
Nossa língua apresenta uma imensa possibilidade de variantes linguísticas, tanto na linguagem formal (padrão) quanto na linguagem informal (coloquial). Elas não são, assim, homogêneas. Especialmente no que se refere ao coloquial, as variações não se esgotam. Alguns fatores determinam essa variedade. São eles: 
• diferenças regionais: há características fonéticas próprias de cada região, um sotaque próprio que dá traços distintivos ao falante nativo. Por exemplo, a fala espontânea de um caipira difere da fala de um gaúcho em pronúncia e vocabulário; 
• nível social do falante e sua relação com a escrita: um operário, de modo geral, não fala da mesma maneira que um médico, por exemplo; 
• diferenças individuais. 
É importante salientar que cada variedade tem um conjunto de situações específicas para seu uso e, de modo geral, não pode ser substituída por outra sem provocar, ao menos, estranheza durante a comunicação. O texto de Luis Fernando Veríssimo ilustra uma dessas situações inusitadas: 
Aí, Galera
Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não?
- Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
- Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
- Como é?
- Aí, galera.
- Quais são as instruções do técnico?
- Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contra-golpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
- Ahn?
- É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
- Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
- Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
- Pode.
- Uma saudação para a minha progenitora.
- Como é?
- Alô, mamãe!
- Estou vendo que você é um, um...
- Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação? 
- Estereoquê?
- Um chato.
- Isso. 									(Correio Braziliense, 13/05/1998)
Podemos concluir daí que cada variedade tem seus domínios próprios e que não existe a variedade “certa” ou “errada”. Para cada situação comunicativa, existe a variante “mais” ou “menos” adequada. É certo, no entanto, que é atribuída à variante padrão um valor social e histórico maior do que à coloquial. Cabe, assim, ao indivíduo – competente linguisticamente - optar por uma ou outra variante em função da situação comunicativa da qual participa no momento. 
ATIVIDADES SOBRE COESÃO E COERÊNCIA
1. Corrija os erros de coesão que ocorrem nas frases que seguem.
a) Conheci Maria Elvira,onde me amarrei.
b) Ele sempre foi bom, porém honesto.
c) Os alunos não entenderam todos os assuntos. Assuntos estes que foram aprofundados.
d) Todos querem uma vaga na USP, mesmo sabendo que a USP faz exames de seleção rigorosos.
e) Os artistas sempre foram marginais. Eles têm, às vezes, momentos de glória, mas eles sobrevivem por teimosia. Apesar de tudo – da fama e da decadência -, os artistas são uma espécie de espelho da sociedade.
f) Eles fugiam da polícia. A polícia foi mais rápida e prendeu eles.
g) Ele era escritor sério e ela era professora honesta e o poder cegou eles.
h) Há um grande número de pessoas que não entendem e não se interessam por política.
i) Lembrou-se que havia um bilhete. Bilhete este que desapareceu entre os velhos papéis da escrivaninha.
j) Fritz Muller preferia bacalhoada e Severina preferia feijoada. Ele, Fritz Muller, não sabia pedir e ela, Severina, não sabia obedecer.
2.  Reescreva as orações usando elementos de coesão para elaborar um texto com elas:
a) Os homens não ficam deslumbrados na frente de uma vitrine.
b) Eles não compram por impulso. Não têm paciência para a burocracia do crediário.
c) O público feminino sente uma atração irresistível pelas ofertas e liquidações do mercado consumidor.
d) As propagandas normalmente são direcionadas às mulheres.
e) As mulheres têm papel importante na decisão de compra de um homem.
f)  Eles dizem que as mulheres têm bom gosto, conhecem marcas e sabem se um produto é bom, caro ou barato.
3.  Dê coerência às frases abaixo:
a) Eu estava com muito sono porque eu deitei bem cedo.
b) Fazia muito frio, portanto mesmo assim fomos à praia.
c) Faça a prova com atenção, assim você não tirará boa nota.
4. Quando o treinador Leão foi escolhido para dirigir a seleção brasileira de futebol, o jornal Correio Popular publicou um texto commuitas imprecisões, do qual conta a seguinte passagem:
Durante a sua carreira de goleiro, iniciada no Comercial de Ribeirão Preto, sua terra natal, Leão, de 51 anos, sempre impôs seu estilo ao mesmo tempo arredio e disciplinado. Por outro lado, costumava ficar horas aprimorando seus defeitos após os treinos. Ao chegar à seleção brasileira em 1970, quando fez parte do grupo que conquistou o tricampeonato mundial, Leão não dava um passo em falso. Cada atitude e cada declaração eram pensados com um racionalismo típico de sua família, já que seus outros dois irmãos, Edmílson, 53 anos, e Édson, 58, são médicos. (Correio Popular, Campinas, 20 out. 2000.)
a) O que aconteceria com Leão se ele, efetivamente, ficasse “aprimorando seus defeitos”? Reescreva o trecho de maneira que seja eliminado o equívoco.
b) A expressão “por outro lado”, no início do segundo período, contribui para tornar o trecho incoerente. Por quê?
 
 5. A ambiguidade (duplo sentido das expressões) é um vício que impede o bom entendimento dos textos. Elimine a ambiguidade das frases a seguir:
a) Maria deixou a sala completamente suja.
b) O advogado viu o réu saindo do tribunal.
6. A ambiguidade pode ser um recurso da linguagem, sendo assim, não constituirá erro. Explique o efeito que a ambiguidade causou no texto abaixo:
7. Observe que nos trechos abaixo, a ordem que foi dada às palavras, nos enunciados, provoca efeitos semânticos (de significado) “estranhos”.
Fazendo sucesso com a sua nova clínica, a psicóloga Iracema Leite Ferreira Duarte, localizada na Rua Campo Grande, 159.
Embarcou para São Paulo Maria Helena Arruda, onde ficará hospedada no luxuoso hotel Maksoud Plaza.
8. Reescreva os trechos fazendo a devida coesão. Utilize artigos, pronomes ou advérbios. Não se esqueça de que a elipse (omissão de um termo) também é um mecanismo de coesão.
a) A gravata do uniforme de Pedro está velha e surrada. A minha gravata está novinha em folha.
b) Ontem fui conhecer o novo apartamento do Tiago. Tiago comprou o apartamento com o dinheiro recebido do jornal.
c) Perto da estação havia um pequeno restaurante. No restaurante costumavam reunir-se os trabalhadores da ferrovia.
d) No quintal, as crianças brincavam. O prédio vizinho estava em construção. Os carros passavam buzinando. As brincadeiras, o barulho da construção e das buzinas tiravam-me a concentração no trabalho que eu estava fazendo.
e) Os convidados chegaram atrasados. Os convidados tinham errado o caminho e custaram a encontrar alguém que orientasse o caminho aos convidados.
f) Os candidatos foram convocados por edital. Os candidatos deverão apresentar-se, munidos de documentos, até o dia 24.
EXERCÍCIOS DE REVISÃO GRAMATICAL
1. Pontue as sentenças abaixo adequadamente.
a) Os carros modernos são feitos com chapas bastante flexíveis que num efeito sanfona amortecem os choques nos acidentes.
b) Mas hoje um juiz às vezes evita dar uma condenação pela desproporcionalidade entre o crime e a pena.
c) “A linguagem é um mecanismo indispensável à vida humana da vida que como a nossa é plasmada orientada enriquecida e tornada possível graças ao acúmulo de experiências passadas dos membros da própria espécie”.
d) É setembro e os ipês floresceram o que é normal o que não é norma, é a pompa com que desta vez se vestiram de amarelo um amarelo escandaloso doído de se ver.
e) O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com que os tomemos como de conhecimento geral.
f) O governo conseguiu uma vitória importante na área dos acidentes de trabalho o Programa Nacional de Redução dos Acidentes Fatais de Trabalho reduziu em 34,27% o número de mortes entre 1999 e 2001. 
g)” É através da dinâmica institucional que se fabrica quase sempre o delinqüente juvenil. A instituição ao invés de recuperar perverte em vez de reintegrar e ressocializar exclui e marginaliza ao invés de proteger estigmatiza”. 
h) Quando se trata de trabalho científico duas coisas devem ser consideradas uma é a contribuição teórica que o trabalho oferece a outra é o valor prático que possa ter. 
2. Rasure a regência verbal incorreta. 
Exemplo:  O caçador visou [o / ao] alvo.
a) [Esqueci / Esqueci-me] todo o dinheiro em casa.
b) [Esqueci-me / Esqueci] de todo o dinheiro em casa.
c) Não [esquecerei / me esquecerei] de você, Cláudia.
d) Eles moram [à / na] Rua Dias Ferreira.
e) O cargo está vago, mas não [lhe aspiro / aspiro a ele].
f) Todos em casa assistem [telenovelas / a telenovelas].
g) Trata-se de um direito que assiste [o / ao] presidente.
h) Ópera é gratuita, mas ninguém quis [assisti-la / assistir a ela].
i) A empregada aspirou [o pó / ao pó] do tapete.
j) Você já pagou [o / ao] dentista e [o / ao] médico.
k) O pai ainda não perdoou [a / à] filha.
l) Domingo não saí [na / à] rua, só [no / ao] terraço.
m) O Estado paga muito mal [os / aos] professores.
o) Você [se lembra / lembra] de mim.
p) Aos domingos meu pai vai [ao / no] maracanã.
q) Nunca namorei [com essa / essa] garota.
r) Só namoro [com gente / gente] fina.
s) Prefiro ser prejudicado [do que / a] prejudicar os outros.
t) Prefiro a companhia de Paulo [que a / a] de Joaquim.
u) Prefiro crítica sincera [do que / a] elogios exagerados.
TEXTOS PARA ANÁLISE
Concessão de pensão por morte deve observar lei vigente à época do óbito
Fonte: STJ - Superior Tribunal de Justiça
A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não acolheu pedido de viúvo que pretendia receber pensão em decorrência do falecimento de sua esposa, ocorrido em 1989. O colegiado entendeu que, ocorrido o óbito na vigência do Decreto 89.312/84, o benefício será devido ao marido somente se ele for inválido. egundo o relator do recurso, ministro Herman Benjamin, a concessão de pensão por morte, devida a dependentes de segurado do INSS falecido, deve observar os requisitos da lei vigente à época do óbito, não se aplicando legislação posterior, ainda que mais benéfica.
No caso, o cônjuge da falecida impetrou mandado de segurança para conseguir o benefício de pensão por morte. Alegou que, à época do falecimento de sua esposa, “não ficou na posse dos documentos dela, e era jovem e produtivo, não formulando requerimento administrativo no INSS para ser beneficiado com a pensão por morte”.
Sustentou ainda que, anos depois, “obteve novas informações” e formulou o requerimento do benefício. O INSS, entretanto, negou o pedido com o argumento de que, no tempo do óbito, o cônjuge do sexo masculino não era contemplado como dependente para fins de concessão da pensão por morte.
Igualdade
A primeira instância acolheu o pedido, sob o entendimento de que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 201, assegurou a pensão por morte indistintamente ao segurado homem ou mulher, não restando dúvidas quanto à autoaplicabilidade do citado artigo.
O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) reformou a sentença. Segundo o tribunal, a norma de regência da pensão por morte observa a data do óbito, momento em que devem estar presentes todas as condições necessárias para o dependente adquirir o direito à prestação. No caso, aplica-se o disposto no Decreto 89.312, que diz que o benefício só pode ser assegurado a marido inválido. Inconformado, o viúvo recorreu ao STJ.
http://www.direitonet.com.br/noticias/exibir/16957/Concessao-de-pensao-por-morte-deve-observar-lei-vigente-a-epoca-do-obito
O crime além da razão
Fonte: STJ - Superior Tribunal de Justiça. 06maio 2013
À primeira vista, quem comete crime, sabendo do risco de ser preso, só pode ser louco. Mas há pessoas que não têm mesmo noção do que fazem, nem das consequências que podem sofrer por suas ações. São tratadas no Código Penal como inimputáveis, e o STJ soma ampla jurisprudência sobre elas. 
Inimputável é aquele que não pode ser responsável pelo crime que praticou. Embora tenha cometido o ilícito, é isento de pena. SegundoMaximiliano Roberto Ernesto Füher, em trabalho denominado Tratado da Inimputabilidade no Direito Penal, o conceito de loucura para a medicina não corresponde ao conceito de loucura para o direito penal. 
Para a medicina, o "louco" é portador de um sofrimento mental. Para o direito, é o sujeito que não consegue delimitar as fronteiras que a sociedade obriga. Os médicos teriam uma tendência natural de supervalorizar a influência das causas psicopatológicas, enquanto o juiz não aceita a irresponsabilidade penal em todos os casos nos quais foi apontada enfermidade mental. 
O artigo 149 do Código de Processo Penal (CPP) determina que, em caso de dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz deve instaurar, de ofício ou mediante requerimento de familiares ou do Ministério Público, incidente de insanidade mental. O STJ entende que o magistrado não precisa ficar preso ao laudo oferecido, mas, ao renegá-lo, precisa fundamentar sua decisão (HC 52.577). 
Dúvidas de sanidade
Segundo a psiquiatria forense, citada na obra Código Penal Comentado, organizado por Celso Delmanto e outros, as pessoas que cometem crimes podem ser divididas em cinco grupos: os criminosos impetuosos, os criminosos ocasionais, os criminosos habituais, os fronteiriços criminosos e os loucos criminosos. Nos dois últimos grupos é onde se situariam os quadros de doença mental, capazes de justificar a inimputabilidade ou a semi-imputabilidade. 
O STJ entende que não caracteriza cerceamento de defesa o indeferimento de exame de sanidade mental se não há dúvida sobre a integridade da saúde do paciente, não bastando simples requerimento da parte para que o procedimento seja instaurado. 
Em um caso julgado, o juízo responsável pela aplicação da pena observou que o réu vivia um quadro depressivo, considerado “natural em pessoas submetidas ao cárcere”. A defesa ingressou com pedido no STJ para que fosse realizado o exame de sanidade mental, mas o Tribunal considerou que este não é obrigatório, especialmente diante de tentativas protelatórias (HC 95.616). 
A jurisprudência aponta que são insuficientes para a instauração do exame a mera alegação de distúrbios psíquicos, informes de parentes sobre uma possível insanidade, internação anterior por embriaguez e notícia de doença desacompanhada de provas, entre outras circunstâncias (HC 107.102). 
Critério biopsicológico
O psiquiatra forense Eduardo Souza de Sá Oliveira, médico do Superior Tribunal de Justiça (STJ), explica que, penalmente, para ser enquadrada como inimputável, a pessoa dever ser incapaz de entender o ilícito do fato e não conseguir, no momento, agir de outra forma, senão no sentido do crime. É preciso os dois elementos para justificar a inimputabilidade, o que, para a perícia, é um quebra-cabeça a ser montado. 
“O fato de o indivíduo ter uma doença mental, como a esquizofrenia, por exemplo, não garante a inimputabilidade”, explica o médico. “É preciso correlacionar o ato criminoso à doença.” O desafio da perícia, segundo ele, é primeiro fazer o diagnóstico, depois estabelecer uma relação de causa e efeito. Na sua opinião, o laudo médico é suporte essencial para o juiz proferir sua decisão. 
A doutrina penal aponta três critérios que fixam a responsabilidade penal: o biológico, o psicológico e o biopsicológico. Na análise de inimputabilidade por doença mental, segundo decisão do STJ, prevalece o último. 
Assim como explicou Eduardo Oliveira, não basta que o réu padeça de alguma enfermidade somente (critério biológico), é preciso ainda que exista prova de que o transtorno realmente afetou a capacidade de compreensão do caráter ilícito do fato (critério psicológico) (HC 55.320 e HC 33.401). 
Pelo critério biológico, considera-se que a responsabilidade estará sempre diminuída caso o indivíduo tenha prejuízo na saúde mental, não importando o nexo causal. O psicológico, por sua vez, não pergunta se o paciente tem uma doença, apenas quer saber se, no momento do ilícito, o indivíduo se encontrava com a capacidade de entendimento e autodeterminação reduzida. E o critério biopsicológico é uma somatória dos dois critérios. 
Laudos divergentes
Eduardo Oliveira acredita que a comunicação dos médicos com os magistrados ainda não é adequada, o que compromete a qualidade da medida adotada. Para ele, existem pessoas tendentes ao crime, que são aqueles que não incutiram os valores morais, que não obedecem às regras e aos limites impostos socialmente. Mas as doenças, de modo geral, são tratáveis. 
O STJ considera que laudos juntados ao processo, relativos a outros processos criminais, não servem para atestar a saúde mental do acusado. E o simples fato de terem sido elaborados dois laudos antagônicos relativos ao mesmo réu não conduz à necessidade de um terceiro. 
Em um caso julgado, os exames psicológicos foram realizados no momento de outros fatos delituosos e apresentaram conclusões conflitantes. O STJ decidiu que seria dispensável novo exame de insanidade mental, se o magistrado que teve contado pessoal com o acusado dispensou a realização de incidente (HC 72.800). 
Em outro caso analisado, um primeiro laudo atestou a inimputabilidade do réu, e um segundo explicitou a imputabilidade. A defesa ingressou no STJ para que fosse feito terceiro exame, com o argumento de que havia vício no que decretou a sanidade. 
O entendimento que prevaleceu foi o de que “a particularidade de o réu ter sido, em momento anterior, absolvido em virtude de sua inimputabilidade não conduz necessariamente ao afastamento da condenação” (HC 88.645). 
Fora de controle
A Classificação Internacional das Doenças (CID), da Organização Mundial da Saúde (OMS), reúne quase uma centena de doenças e transtornos mentais. O Código Penal, entretanto, divide os distúrbios psíquicos em quatro categorias: a doença mental, perturbação da saúde mental, desenvolvimento mental retardado e desenvolvimento mental incompleto. 
A psiquiatra forense Maria Regina Rocha Matos, em consideração sobre o tema, adverte que, na prática, é quase impossível sintetizar as doenças da mente numa lista nominal, e o próprio código não o faz. A Justiça deve decidir caso a caso o destino de cada paciente. 
A inimputabilidade do doente mental está prevista no artigo 26 do Código Penal, que determina a absolvição do condenado quando da constatação da doença, o que, segundo o STJ, deve ser feito de forma sumária, com aplicação da medida de segurança (HC 42.314). Essa deve ser fixada por sentença por prazo indeterminado, devendo perdurar até a constatação da cessação da periculosidade por perícia. 
Eduardo Oliveira afirma que, às vezes, a medida de segurança determinada em juízo pode ser pior que a pena. Se o réu é condenado criminalmente, pode ser preso por, no máximo, 30 anos, além de poder conseguir a progressão de regime e redução da pena. O doente mental precisa de um laudo de cessação de periculosidade, que nem sempre o estado está aparelhado para fornecer. 
Nos últimos anos, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vem promovendo mutirões para avaliar o cumprimento de normas relativas à execução de medidas de segurança, aplicadas a pessoas portadoras de doença mental. Em 2012, em três estados brasileiros (Bahia, Rio de Janeiro e Pará), foram encontrados 260 internos vivendo em hospitais de custódia, sem amparo adequado e em segregação permanente, por terem perdido o vínculo familiar ou por não haver uma rede de assistência para acompanhá-los. 
O doente mental, em razão de delito, pode cumprir medida de segurança ou ser submetido a tratamento ambulatorial. A medida de segurança prevista no Código Penal é diferente da prevista na Lei de Execução Penal (LEP). A primeira, de acordo com o ministro do STJ Gilson Dipp, é aplicada ao inimputável no processo de conhecimento e tem prazo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada a cessação da periculosidade. Não pode ser aplicada de forma simultânea à pena privativa de liberdade. 
A medida de segurança prevista pela LEP, por sua vez, é aplicadaquando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, oportunidade na qual a pena é substituída pela medida de segurança, que deve persistir pelo período de cumprimento da pena imposta na sentença penal condenatória. Conforme o STJ, a medida de segurança substitutiva pode ter no máximo a mesma duração da pena privativa de liberdade determinada (HC 55.044). O tratamento ambulatorial é previsto para aqueles que cometem delitos puníveis com detenção. 
Perigo à vista
Eduardo Oliveira informa que nem todas as doenças mentais são irreversíveis. E o paciente, quando tratado, pode não agir necessariamente no sentido do crime. “O problema é que, para tratar o indivíduo, é preciso ter remédio, médico, psicólogo, estabelecimento adequado e, principalmente, suporte social e familiar”, diz ele – o que nem sempre é possível. A sociedade e a família, geralmente, se afastam do doente criminoso, dificultando sua recuperação. 
Para o STJ, se a doença ocorrer durante a execução da pena privativa de liberdade, a medida de segurança faz o papel de internação provisória e se computa o tempo. O artigo 152 do Código de Processo Penal (CPP) dispõe que o processo deve ser suspenso quando a doença sobrevém à infração. 
O Tribunal suspendeu o júri de um portador de doença mental em razão de doença superveniente ao crime, e de acordo com o relator, ministro Nilson Naves, “de nada valerá uma pena ou medida que não se adeque à realidade mental do paciente” (HC 41.808). 
Segundo o STJ, a medida de segurança não é castigo e é balizada por critérios terapêuticos. Não se confunde com medida socioeducativa. Em caso em que um menor foi internado na Febem de São Paulo, o STJ considerou que a medida apropriada ao adolescente infrator e portador de distúrbio mental não é socioeducativa, mas “protetiva” (HC 45.564). 
O juiz de execução penal Ademar Vasconcelos, em programa na TV Justiça apresentado no dia 19 de janeiro deste ano, apontou que o caso do menor infrator é grave porque a lei não exige o diagnóstico quando do cumprimento do processo socioeducativo, o que compromete sua recuperação e a dos que estão a sua volta. “Sem medo de errar, 30% dos infratores adolescentes têm transtornos não diagnosticados”, disse ele. 
A jurisprudência é no sentido de que a manutenção de inimputável em prisão comum é constrangimento ilegal, mesmo quando da falta de vaga em hospital psiquiátrico. Em caso específico, no entanto, a Sexta Turma permitiu que um acusado de cometer crime ficasse em prisão comum, até que surgisse a vaga em estabelecimento apropriado. O indivíduo era acusado de cometer atos libidinosos com criança de cinco anos. 
Para a Sexta Turma, na ausência de vaga, o juízo da execução teria a faculdade de substituir a internação por tratamento ambulatorial (RHC 22.604), medida geralmente aplicada para quem comete infração sujeita a reclusão. 
s procedimentos relativos à execução de medidas de segurança, assim como as diretrizes que devem ser adotadas em relação aos pacientes judiciários, estão previstos na Resolução 113 e na Recomendação 35 do CNJ. 
Predestinado ao crime 
O Código Penal prevê situações de semi-imputabilidade para aquele que, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto, não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. O parágrafo único do artigo 26 prevê redução da pena de um a dois terços para os infratores. 
O STJ considera que a diminuição da pena prevista nesse parágrafo é obrigatória (REsp 10.476). Um réu foi condenado a 19 anos e seis meses de reclusão pelo crime de homicídio, e o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) havia decidido que era faculdade do juiz a diminuição da pena. O STJ fixou a tese de que a redução da pena é obrigatória e não uma mera faculdade do juiz. 
Ao contrário do que acontece com o inimputável, que obrigatoriamente deve ser absolvido, conforme a jurisprudência, o semi-imputável pratica uma conduta típica e ilícita (HC 135.604). Eduardo Oliveira criticou o fato de não haver no país integração entre o hospital de custódia e o sistema público de saúde, que favoreça melhor amparo para o paciente e suporte para o magistrado. 
“O paciente recebe alta médica no hospital de custódia e não se sabe o que usou, como foi o tratamento, chegando ao sistema público no zero novamente”, afirmou ele. E um bom diagnóstico, para os doentes mentais, é essencial, sob o risco de se colocar um doente mental em presídio comum ou um semi-imputável em manicômio judiciário.  
http://www.direitonet.com.br/noticias/exibir/14619/O-crime-alem-da-razao
http://humortadela.bol.uol.com.br/charges/46571
Disponível em: http://100censura.com/charge-educacao-publica/. Acesso: 10 ago. 2015.
Disponível em: http: //essaseoutras.xpg.uol.com.br/charges-engracadas-de-educacao-ensino-critica-alunos-e-professores/.Acesso: 10 ago. 2015.
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Disponível em: http://clubedamafalda.blogspot.com.br/2006_05_01_archive.html#.Vcj3pPlVhqH. Acesso: 10 ago. 2015.
Disponível em: http://blogdozelvis.blogspot.com.br/2011/05/tirinhas-do-angeli.html. Acesso: 10 ago. 2015.
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