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INFECÇÕES DO TRATO GASTROINTESTINAL

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INFECÇÕES DO TRATO GASTROINTESTINAL
Introdução
A maioria dessas doenças resulta da ingestão de alimento ou água contaminados com micro-organismos patogênicos ou suas toxinas. Esses patógenos geralmente penetram no alimento ou suprimento de água após serem disseminados nas fezes de pessoas ou animais infectados com eles. Assim, as doenças microbianas do sistema digestório são tipicamente transmitidas por um ciclo fecal-oral. Esse ciclo é interrompido por práticas efetivas de saneamento e manuseio de alimentos. Métodos modernos de tratamento de efluentes e desinfecção da água são essenciais. Há ainda um aumento consciente da necessidade de desenvolvimento de novos testes que possam detectar rapidamente e de maneira confiável os patógenos nos alimentos (uma mercadoria perecível).
As doenças do sistema digestório são essencialmente de dois tipos: infecções e intoxicações.
Uma infecção ocorre quando um patógeno penetra no trato GI e se multiplica. Os micro-organismos podem penetrar na mucosa intestinal e crescer ali ou podem passar para outros órgãos sistêmicos. Infecções do trato GI são caracterizadas por um atraso no aparecimento dos distúrbios gastrintestinais enquanto o patógeno aumenta em número ou afeta o tecido invadido. Em geral também há a ocorrência de febre, uma das respostas do corpo a um organismo infeccioso. 
Alguns patógenos causam doença pela formação de toxinas que afetam o trato GI. Uma intoxicação é causada pela ingestão da toxina pré-formada. A maioria das intoxicações, como aquelas causadas por Staphylococcus aureus, é caracterizada pelo aparecimento súbito (em geral em apenas algumas horas) de sintomas de distúrbios GI. A febre é um dos sintomas menos frequentes. Ambas, infecções e intoxicações, frequentemente causam diarreia, que a maioria de nós já vivenciou. 
Uma diarreia intensa com sangue ou muco é denominada disenteria. Ambos os tipos de doenças do sistema digestório também são frequentemente acompanhados por cólicas abdominais, náuseas e vômitos. A diarreia e o vômito são mecanismos de defesa criados para livrar o corpo de materiais prejudiciais.
Conceitos 
Diarreia secretora e aquosa: liberação de fezes líquidas, sem sangue e pus (não há invasão do tecido), caracterizada por evacuações frequentes. Há muita perda de eletrólitos e água. Ocorre principalmente por doenças no ID.
Ex.: Vibrio cholerae, ETEC
Diarreia aquosa sanguinolenta: fezes abundantes e líquidas sanguinolentas ou tingidas com sangue e pus. Há invasão de tecidos (ID), ocorre geralmente no ID (íleo e colon). Perda aumentada de água. 
Ex.: Salmonella, Campylobacter jejuni, Yersinia enterocolitica
Disenteria: distúrbios inflamatórios associados a sangue, e pus e acompanhada por dor, febre e cólicas abdominais. Há invasão de tecidos (IG). Normalmente resulta de danos no IG.
Ex.: Shigella
Enterocolite ou colite hemorrária: fezes abundantes, semelhantes à sangue, liquidas, sem a presença de leucócitos. Não há invasão de tecidos. Geralmente ocorre por inflamação do ID e IG com cólicas, diarreia, vômitos, febre e mal estar. 
Ex.: EHEC
Gastroenterite: síndrome caracterizada por sintomas no estômago e intestino. Há perda de apetite, náuseas, vômitos, diarreia de leve a intensa, cólica e desconforto abdominal. 
Mecanismos de defesa do hospedeiro
Infecções no TGI devem passar por: 
A saliva contém não somente uma enzima (amilase salivar) que digere o amido, mas também várias substâncias que inibem o crescimento microbiano, entre elas a lisozima, a ureia e o ácido úrico. O pH da saliva (6,55 a 6,85) também inibe alguns micróbios. A saliva contém um anticorpo (imunoglobulina A) que impede a fixação de micróbios, de modo que eles não possam penetrar o estômago. O suco gástrico é produzido pelas glândulas do estômago. Ele é uma mistura de ácido hidroclorídrico, enzimas e muco. A acidez bastante elevada do suco gástrico (pH 1,2 a 3,0) é suficiente para destruir as bactérias e muitas toxinas bacterianas, exceto as de Clostridium botulinum e Staphylococcus aureus. Entretanto, muitos patógenos entéricos são protegidos por partículas de alimento e podem entrar nos intestinos via trato gastrintestinal. Em contraste, a bactéria Helicobacter pylori neutraliza o ácido estomacal, permitindo desse modo que a bactéria cresça no estômago. Seu crescimento inibe uma resposta imune, o que resulta em gastrite e úlcera.
Peristalse, defecação e vômito também expelem micróbios. A peristalse é uma série de contrações coordenadas que impulsionam o alimento ao longo do trato gastrintestinal. A peristalse da massa fecal o intestino grosso para o reto resulta em defecação. Em resposta a toxinas microbianas, os músculos do trato gastrintestinal contraem vigorosamente, resultando em vômito e/ou diarreia, que também podem livrar o corpo de micróbios.
As células M têm a função de translocar antígenos e micro-organismos para o outro lado do epitélio, onde irão entrar em contato com tecidos linfoides (placas de Peyer) para iniciar uma resposta imune.
Doenças diarreicas por infecções bacterianas ou virais
FEZES CONTAMINADAS 
 	 ALIMENTOS, LIQUIDOS CONTAMINADOS OU MÃOS
 INGESTÃO DE MGS OU TOXINAS
 
 INTESTINO
 MULTIPLICAÇÃO E PRODUÇÃO DE TOXINAS INVASÃO MGS OU ABSORÇÃO DE TOXINAS
 DIARREIA					 DISSEMINAÇÃO
ELIMINAÇÃO DOS PATÓGENOS SINTOMAS DE INFECÇÃO SINTÊMICAS
 NAS FEZES
Danos causados resultantes por infecções no TGI
Ação local ou disseminada das toxinas,
Perfurações do epitélio pós-cirurgia ou traumas, 
Inflamação local em resposta à invasão da mucosa,
 Invasão profunda da mucosa.
BACTÉRIAS NO TGI
Escherichia coli (E. coli)
Um dos micro-organismos mais prolíficos no trato intestinal dos seres humanos é a E. coli. Todas as linhagens patogênicas possuem fímbrias especializadas que permitem que elas se liguem a certas células do epitélio intestinal. Elas também produzem toxinas que causam distúrbios gastrintestinais, denominados coletivamente gastrenterite por E. coli. Nem todas são virulentas, algumas fazem parte da microbiota normal do intestino, mas acabam se tornando virulentas por receberem material genético de outras cepas virulentas (plasmideos, fagos e ilhas de patogenicidade). 
As E. coli são classificadas na família das enterobactérias, são bacilos gram negativos, anaeróbicas facultativas, oxidase negativas, reduzem nitrato (NO3) à nitrito (NO2). LPS consiste do polissacarídeo externo O, polissacarídeo comum (central), e o lipídeo A (endotoxina). 
Essas bactérias apresentam um importante fator de virulência, denominado, sistema de secreção tipo III que consiste num sistema efetor comum para entregar seus fatores de virulência nas células eucarióticas alvo. Pode ser visualizado como uma seringa, formada por 20 proteínas, que facilita a entrega dos fatores de virulência bacterianos quando a bactéria entra em contato com a célula hospedeira. Sem esse sistema a bactéria perde sua patogenicidade. 
 
EPEC
A E. coli enteropatogênica (EPEC) representa uma importante causa da diarreia em lactentes, particularmente nos países em desenvolvimento. A infecção começa com a ligação às células do epitélio do ID, com subsequente destruição das microvilosidades (atividade A/E – adesão e destruição). Dois importantes fatores são necessários na patogenicidade desse microrganismo: 
Pilus formador de feixe codificado por um plasmídeo, denominado fator de aderência de EPEC,
Ilha de patogenicidade denominada de locus cromossômico da destruição do enterócito, em que está localizado o gene cromossomial que codifica a proteína intimina responsável pela firme aderência ao enterócito. Após a aderência, ocorre à perda das microvilosidades (apagamento), formação de filamentos de actina ou estruturas semelhantes a taças (pedestal), e, em certas ocasiões, penetraçãoda EPEC nas células mucosas. 
A proteína Tir (receptor de translocação da intimina) é inserida na membrana da célula epitelial e atua como um repector para a intimina. 
A perda das microvilosidades leva a diarreia e diminuição do peristaltismo. 
A infecção por EPEC, em crianças, resulta em diarreia aquosa grave, geralmente autolimitada, mas que pode prolongar ou se cronificar.
ETEC
Causam diarreia secretória que persiste de 3 a 4 dias que é acompanhada de cólica abdominal, náusea, vômito. Ocorre geralmente em crianças e em adultos é conhecida como “diarreia dos viajantes” (bactérias geralmente encontradas em alimentos guardados em estufas como nos postos de gasolina). Não ocorre transmissão de pessoa a pessoa, e é adquirida por meio da ingestão de água e alimentos contaminados com fezes.
Principais fatores de virulência: 
Enterotoxinas AB – toxinas termolábeis (LT), esta aumenta a atividade de AC que aumenta a síntese de AMPc; toxinas termoestáveis (ST) – parte catalítica ativa a guanililciclase e aumenta GMPc. AMPc e GMPc aumentam a abertura de canais de Cl- que começam a sair. O efluxo do íon leva também ao efluxo de água o que causa diarreia aquosa. A toxina ST também causa um aumento da inflamação local. Essas enterotoxinas são carreadas por plasmideos. 
Fímbrias – permitem a adesão a célula e colonização do tecido
EHEC
A doença causada por EHEC ocorre com mais frequência nos meses quentes e em crianças com menos de 5 anos de idade. A maioria das infecções é atribuída ao consumo de carne moída malcozida ou outros produtos derivados da carne, leite não pasteurizado, água. Dose infectante é baixa. 
A doença pode variar e uma diarreia branda até uma colite hemorrágica, com dores abdominais e diarreia com sangue. 
Principais fatores de virulência: 
Atividade A/E (adesão e destruição) – sistema de pedestal.
Toxina Shiga – essa toxina foi adquirida por fagos. A toxina Shiga apresenta uma subunidade A e B e tem capacidade de destruir o epitélio o que causa danos teciduais e leva a hemorragia. 
EIEC
As bactérias são capazes de invadir e destruir o epitélio do colon, causando uma doença causada inicialmente por diarreia aquosa, uma minoria dos casos progride para disenteria. 
Principais fatores de virulência: 
Invasinas – permitem a invasão do epitélio e camadas adjacentes. Causa inflamação por movimentar-se lateralmente pelas células vizinhas. 
Realiza transcitose pelas células M – mimetizam receptores das células imunes e atingem a camada basal e infectam células vizinhas. Essas bactérias proliferam-se muito nas células do hospedeiro e isso leva a indução da morte celular (autofagia). 
Macrófagos não conseguem fagocitar essas bactérias, pois as confundem com células do sistema imune, caso consigam, as bactéria conseguem lisar os vacúolos fagocíticos e se multiplicarem no citoplasma da células. 
EAEC
As cepas de EAEC estão envolvidas nos casos de diarreia aquosa persistente com desidratação em lactentes. É a segunda causa de diarreia dos viajantes. 
Principais fatores de virulência: 
Proteinas fimbriais – aumentam a aderência entre bactéria e tecido e bactéria e bactéria. 
Toxina PET – toxina codificada por plasmídeo. É uma serinoprotease que degrada o citoesqueleto e causa a morte celular. Toxina que induz a secreção de fluidos e causa a descamação do epitélio.
Toxina termoestável enteroagregativa (EAST) – causa a secreção de fluidos, produz IL- β pela ativação da MAP quinase.
DAEC - E. coli de aderência difusa
Causa diarreia aquosa em crianças de 18 meses a 5 anos. Está associada a vômitos, desidratação e febre baixa.
Principais fatores de virulência:
Adesinas fimbriais – aumentam o influxo de Ca2+ na célula, o íon então se liga a calmudulina quinase dependente de calmudulina que atua no citoesqueleto causando uma desorganização das microvilosidades (mudança da morfologia). Alem disso disparam produção de IL- β fazendo com que PMN cheguem ao local iniciando a inflamação. 
Shigella sp
As Shigelas são bacilos gram-negativos delgados, anaeróbicos facultativos, imóveis, fermentadores, oxidases negativos. É classificada em quatro espécies com base no antígeno O sendo o grupo A a espécie mais virulenta. 
As infecções causadas por Shigela são quase sempre limitadas ao trato gastrintestinal; a ocorrência de invasão para a corrente sanguínea é muito rara. As Shigelas são altamente contagiosas; a dose infectante é da baixa. Transmissão oral fecal, e ocorre geralmente em crianças menores de 10 anos e em adultos é geralmente limitada. Sintomas são diarreia associada a vômito e desidratação, disenteria com diarreia sanguinolenta, perda de proteínas e dores abdominais (grupo A), ulcerações, inflamações e destruição do epitélio das mucosas intestinais. 
Principais fatores de virulência: 
Invasão das células epiteliais da mucosa (p. ex., células M) por fagocitose induzida, escape do vacúolo fagocítico, multiplicação e disseminação no citoplasma das células epiteliais, bem como passagem para as células adjacentes. A formação de microabscessos na parede do intestino grosso e no íleo terminal acarreta necrose da mucosa, ulceração superficial, sangramento e formação de "pseudomembrana" na área ulcerada. Essa pseudomembrana consiste em fibrina, leucócitos, restos celulares, mucosa necrótica e bactérias. À medida que o processo cede, o tecido de granulação preenche as úlceras, e forma-se o tecido cicatricial.
Sistema de secreção tipo III – secreta proteínas Ipa dentro das células epiteliais e macrófagos. Essas proteínas induzem ondulações na membrana das células alvos levando ao engolfamento da bactéria. 
Fatores de virulência são ativados por sais biliares e na temperatura de 37ºC (temperatura corpórea).
Invasinas – invadem a célula. 
Produzem toxina Shiga – uma exotoxina que inibe a tradução proteica. Isso leva a morte da célula causando uma descamação do epitélio e levando a ulcerações.
Salmonella spp
São bastonetes gram-negativos, anaeróbicos facultativos e não formadores de esporos, móveis com flagelos petréquios fermentadores de glicose. Seu habitat normal o trato intestinal dos seres humanos e de muitos animais. Todas as salmonelas são consideradas patogênicas em algum grau, causando salmonelose, ou gastrenterite por Salmonella. Patogenicamente, as salmonelas são divididas em salmonela tifoide (S. Typhi) e salmonela não tifoide, que causa uma salmonelose branda.
A Salmonella pode colonizar praticamente todos os animais, porem a S. Typhi e S. Paratyphi são encontradas apenas no homem. 
As salmonelas são frequentemente patogênicas para os seres humanos ou animais quando adquiridas por via oral. São transmitidas a partir de animais e produtos de origem animal para os seres humanos, nos quais provocam enterite, infecção sistêmica e febre entérica. 
S. typhi, S. choleraesuis, S. paratyphi A e S. paratyphi B são primariamente infecciosas para os seres humanos, e a infecção por esses microrganismos implicava na aquisição a partir de fonte humana. 
Entre os fatores do hospedeiro que contribuem para a resistência à infecção por Salmonella destacam-se a acidez gástrica, microbiota intestinal normal e imunidade intestinal local. 
Principais fatores de virulência:
Adesão às células M - Elas se replicam rapidamente dentro dos macrófagos.
Sistema de secreção tipo III
Produz toxinas – inibem a ação do Sistema Imune, fazem evasão da fagocitose.
Variação antigênica – mudanças nos epítopos antigênicos para poder sobreviver (macrófagos não reconhecem)
Presença de LPS – adesão as células da mucosa. 
Enterite por Salmonella
Trata-se da manifestação mais comum de infecção por S. enteritidis e Typhimurim. No decorrer de 8 a 48 horas após a ingestão de salmonelas, ocorrem náuseas, cefaleia, vômitos e diarreia profusa, com poucos leucócitos nas fezes. Há invasão das células epiteliais do ID, multiplicação. Isso leva a uma resposta inflamatória. Há aumento dos níveis de AMPc que estimula a secreção de Cl- juntamente com H2O levando a diarreia.
É comum a ocorrênciade febre baixa, porém o episódio geralmente desaparece em 2 a 3 dias. Há lesões inflamatórias nos intestinos delgado e grosso. Bacteriemia é rara (2 a 4%), exceto em indivíduos imunodeficientes. 
Febre tifoide por Salmonella Typhi
Essas bactérias infectam macrófagos e fica alojada na medula óssea e no fígado. Em baixo numero essas bactérias saem desses órgãos e vão para o intestino e são liberadas nas fezes.
Yersinia spp
São bactérias bacilos gram negativos, anaeróbicas facultativas, imóveis. 
Sua habilidade de crescer em baixas temperaturas aumenta seu número em sangue armazenado sob-refrigeração até que suas endotoxinas possam resultar em choque para o receptor do sangue. (Bacteremia associada a transfusões sanguíneas)
Apresentam distribuição ampla. Crianças são mais suscetíveis e a infecção ocorre por ingestão de alimentos contaminados. 
Esses patógenos causam gastrenterite por Yersinia, ou yersiniose. Os sintomas são diarreia intensa, febre, cefaleia e dor abdominal. Pode persistir por mais de duas semanas. A dor frequentemente é intensa o suficiente para causar um diagnóstico errôneo de apendicite.
Y. pestis, Y. enterocolitica Y. pseudotuberculosis são bactérias intestinais, sendo o primeiro causador da peste (doença sistêmica fatal).
Principais fatores de virulência: 
Sistema de secreção tipo III 
Adesão e invasão das células M – adesinas, invasinas e proteínas antifagocíticas
LPS
Inativação do sistema complemento
Sideróforos – absorção de ferro
Outras Enterobacteriaceae
São enterobacterias cuja prevenção de doenças se dá pelo cozimento e fervura, saneamento básico, diminuição da pobreza, educação sanitária, vacinas. 
Campylobacter
Campylobacter são bactérias bacilos gram-negativos, microaerófilas, curvadas em espiral, que emergiram como a principal causa de doenças transmitidas por alimentos nos Estados Unidos. Elas se adaptam bem ao abiente intestinal de hospedeiros animais, especialmente de aves. A cultura de Campylobacter requer condições de baixo teor de oxigênio e alto teor de dióxido de carbono desenvolvido em sistemas especiais. Sua temperatura de crescimento ótimo de cerca de 42°C é próxima da de seus hospedeiros animais, mas a bactéria não se multiplica em alimentos. Quase todos os frangos à venda em varejos estão contaminados com Campylobacter. Além disso, cerca 60% do gado excreta o organismo nas fezes e no leite, mas a carne vermelha à venda tem menos probabilidade de estar contaminada.
A dose infectiva é menor que um milhão de bactérias. Clinicamente, ela é caracterizada por febre, cólica abdominal e diarreia ou disenteria. Normalmente, a recuperação ocorre dentro de uma semana.
Principais fatores de virulência: 
OMPs – presentes na membrana externa. Adesinas e invasinas, flagelos e citotoxinas. Tentam destruir células imunes. 
Infectam células imunes que liberam citocinas inflamatórias que causam diarreia. A inflamação altera a permeabilidade do tecido intestinal causando perda de liquido (diarreia) que pode ser acompanhada por sangue. 
Helicobacter pylori
São bactérias bacilos Gram negativos espiraladas, microaerófilas. O homem é o hospedeiro primário, há possível transmissão fecal-oral. Infecção muitas vezes assintomática. Adere e coloniza a mucosa gástrica o que leva a uma inflamação intensa podendo causar úlceras e gastrite. A cronicidade da doença pode desencadear adenocarcinoma e carcinoma.
A mucosa do estômago contém células que secretam suco gástrico contendo enzimas proteolíticas e ácido clorídrico, que ativa essas enzimas. Outras células especializadas produzem uma camada de muco que protege o próprio estômago da digestão. Se essa defesa é rompida, uma inflamação do estômago (gastrite) ocorre. Essa inflamação pode então progredir para uma área ulcerada. Por meio de uma interessante adaptação, o H. pylori pode crescer no ambiente altamente ácido do estômago, que é letal para a maioria dos micro-organismos. H. pylori produz grandes quantidades de uma urease especialmente eficiente, uma enzima que converte a ureia no composto alcalino amônia, resultando em um pH localmente elevado na área de crescimento.
Principais fatores de virulência: 
Ureases
Flagelos – penetração da mucosa gástrica
Adesinas – adesão na célula do hospedeiro
Mucinase e Fosfolipases – degradação do muco gástrico 
Catalase e Superoxido-dismutase – neutralizam metabolitos de oxigênio 
Toxina A Vacuolizante – VacA – proteína que após ser endocitada pelas células epiteliais, as danificam pela produção de vacúolos .
Sistema de secreção tipo IV – seringa que injeta a proteína CagA no interior da célula hospedeira e causa inflamação tecidual.
Vibrio cholerae
São bactérias bacilos Gram negativos, curvos, anaeróbicos, moveis por flagelo polar.
A epidemiologia da cólera corresponde estritamente ao reconhecimento da transmissão do V. cholerae pela água e ao desenvolvimento de sistemas sanitários de abastecimento de água.
Os bacilos da cólera crescem no intestino delgado e produzem uma exotoxina, a toxina colérica, que induz as células do hospedeiro a secretarem água e eletrólitos, especialmente potássio. O resultado são fezes aquosas contendo massas de muco intestinal e células epiteliais – chamadas de “fezes de água de arroz”, devido à sua aparência. Em torno de 12 a 20 litros de líquido podem ser perdidos em um dia, e a perda súbita desses líquidos e eletrólitos causa choque, colapso e, frequentemente, morte. Devido à perda de líquido, o sangue torna-se tão viscoso que os órgãos vitais são incapazes de funcionar adequadamente. Vômitos violentos podem ocorrer. Os micróbios não são invasivos, e a febre geralmente não está presente.
O V. cholerae fixa-se às microvilosidades da borda em escova das células epiteliais, onde se multiplica e libera a toxina da cólera, bem como talvez mucinases e endotoxina.
A acidez gástrica proporciona certa proteção contra os vibriões da cólera. O surto de cólera é seguido de imunidade contra a reinfecção.
Principais fatores de virulência: 
Flagelos – ajuda a passar pela camada de muco, são responsáveis pela adesão nas microvilosidades impedindo a eliminação das bactérias pelos movimentos peristálticos.
Proteases – 
Pilus TCP (pilus corregulado com a toxina) – permite adesão à parede da mucosa intestinal
Hemaglutininas e OMPs
Toxina colérica – enterotoxina que é responsável por causar a cólera 
Bacillus cereus
São bacilos gram-positivos formadores de esporos que vivem no solo, são aeróbios, saprofíticos que prevalecem no solo, na água, no ar e na vegetação. Costuma contaminar o arroz
Os endósporos são resistentes ao cozimento.
O B. cereus pode desenvolver-se em alimentos e causar intoxicação alimentar pela produção, tanto de enterotoxina termolabel (diarreia), quanto de toxina emética (vômitos). 
Clostridium perfringens
São bastonetes gram-positivos grandes, anaeróbicos e imóveis, com esporos raramente associados.
Algumas cepas do C. perfringens produzem poderosa enterotoxina, particularmente quando crescem em pratos feitos à base de carne. Quando são ingeridas mais de 108 células vegetativas, que esporulam no intestino, ocorre a formação da enterotoxina, uma proteína que parece um componente não essencial do revestimento do esporo, distinta de outras toxinas de clostrídeos e que provoca diarreia intensa em 7 a 30 horas. A ação da enterotoxina do C. perfringens envolve hipersecreção acentuada no jejuno e no íleo, com perda de líquidos e eletrólitos na diarreia. Sintomas observados com menor frequência consistem em náuseas, vômitos e febre.
Principais fatores de virulência: 
Toxina α - 
Toxina β – responsável pela estase intestinal, perda de mucosa com lesões necrotizantes e progressão de enterite necrotizante.
Toxina ε – pró toxina ativada pela tripsina que aumenta a permeabilidade vascular da parede gastrointestinal
Enzimas hidrolíticas
CEPAS TIPO A – responsáveis por intoxicação alimentar. Produzem enterotoxinas no IG que causam danos ao epitélio e diarreia. 
CEPAS TIPO C – causam enterocolitenecrotizante aguda. Apresentam Toxina β.
Clostridium botulinum
São bastonetes gram-positivos grandes, anaeróbicos e imóveis, fastigiosos e formadores de esporos.
Os tipos do C. botulinum distinguem-se pelo tipo antigênico de toxina que produzem. Os esporos dos microrganismos são altamente resistentes ao calor, suportando temperaturas de lOOºC por várias horas. 
A resistência ao calor diminui em pH ácido ou em altas concentrações de sal.
A maioria dos casos é representado por intoxicação em decorrência da ingestão de alimentos, nos quais o C. botulinum cresceu e produziu toxina. Os alimentos mais comumente envolvidos são os condimentados, defumados, embalados a vácuo ou alcalinos enlatados, ingeridos sem cozimento e nos quais os esporos do C. botulinum germinam; em condições anaeróbias, as formas vegetativas crescem e produzem toxina.
No botulismo infantil, o mel é o veículo mais frequente de infecção. A patogênese difere da via pela qual o adulto adquire a infecção. A criança ingere esporos de C. botulinum e os esporos germinam dentro do trato intestinal. 
O botulismo de ferida se desenvolve a partir da produção de toxinas por C. botulinum em feridas contaminadas.
As células vegetativas produzem toxina quando se multiplicam; a neurotoxina é então absorvida pela corrente sanguínea.
A toxina atua ao bloquear a liberação da acetilcolina nas sinapses e nas junções neuromusculares. Em consequência, ocorre paralisia e ausência de tônus muscular. Isso leva a uma insuficiência respiratória o que leva a morte.
Staphylococcus aureus
São bactérias esféricas gram-positivas, geralmente dispostas em cachos irregulares semelhantes a cachos de uvas. Crescem rápido em muitos tipos de meio de cultura e são metabolicamente ativos, fermentando carboidratos e produzindo pigmentos que variam do branco ao amarelo intenso. 
Catalase e coagulase positivos. 
O tipo mais comum de intoxicação alimentar é causado por uma enterotoxina estafilocócica termoestável.
Infecção se dá pela ingestão de enterotoxinas (super-antígenos) sendo 3 tipos mais comuns A, B e D
Toxina A – associada a intoxicação alimentar
Toxina D – segunda causa mais comum a intoxicação alimentar
Toxina B - enterotoxina B resulta em vômitos e diarreia. É provável que o efeito emético da enterotoxina resulte da estimulação do sistema nervoso central (centro dos vômitos) após a toxina atuar sobre receptores neurais no intestino.
.
VIRUS NO TGI
Os principais vírus que causam doenças no TGI são: rotavirus e norovirus. Esses vírus são ingeridos e passam pelo estomago e tem replicação entérica. Quando são liberados causam danos às células, lesando o epitélio e causando perda de água e eletrólitos. 
Rotavirus
Virus de classe III da família Reoviridae, apresntam capsídeo duplo. Os rotavírus constituem uma importante causa de doença diarreica em lactentes humanos. Infecções em seres humanos e animais adultos também são comuns. Entre os rotavírus, destacam-se os agentes da diarreia infantil humana.
Os rotavírus infectam as células das microvilosidades do intestino delgado (as mucosas, gástrica e colônica são poupadas). 
Os vírus multiplicam-se no citoplasma dos enterócitos e lesam os mecanismos de transporte. Uma das proteínas codificadas pelo rotavírus, a NSP4, é uma enterotoxina viral que induz a secreção ao deflagrar uma via de transdução de sinais. As células lesadas podem descamar no lúmen intestinal, liberando grandes quantidades de vírus que aparecem nas fezes (até 1012 partículas por grama de f ezes). Em geral, a excreção viral dura de 2 a 12 dias em pacientes sadios quanto aos demais aspectos, mas pode ser prolongada naqueles com desnutrição.
 A diarreia provocada por rotavírus pode ser devida ao comprometimento da absorção de sódio e glicose, visto que as células lesadas nas microvilosidades são substituídas por células imaturas das criptas que não 
têm capacidade absortiva. Pode ser necessário um período de 3 a 8 semanas para restauração da função normal.
Norovirus
Virus de classe IV da família Caliciviridae. São agentes importantes de gastrenterite viral em seres humanos. Os norovírus (vírus Norwalk) são a causa mais importante da gastrenterite viral em adultos e em pacientes de todas as idades.
A gastrenterite causada pelo vírus Norwalk tem um período de incubação de 24 a 48 horas. O início é rápido, e o curso clínico breve, durando 12 a 60 horas. Os sintomas incluem diarreia, náuseas, vômitos, febre baixa, cólicas abdominais, cefaleia e mal-estar.
Os norovírus são a causa mais comum da gastrenterite não bacteriana.Está associado a maior frequência de surtos epidêmicos de gastrenterites ligadas a água, alimentos ou frutos do mar contaminados. Todos os grupos etários podem ser acometidos.
MARIA CECÍLIA S VALIM

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