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A CRÍTICA DE MARX Á ECONOMIA CLÁSSICA

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A CRÍTICA DE MARX Á ECONOMIA CLÁSSICA 
Karl Marx, como economista, foi diretamente influenciado por Adam Smith e David Ricardo, além de apreciador dos escritos de Thompson e Hodgskin, embora também os criticasse. A principal crítica de Marx sobre esses economistas estava na ausência de uma análise histórica nas teorias de tais autores e na falta de se considerar a produção como uma atividade social, que vai ser organizado por ele através dos “modos de produção” pelos quais a humanidade passou/passa: escravista, feudal, capitalista, etc. 
Os economistas modernos, segundo Marx, eram incapazes de fazer diferença entre características universais da produção (comuns a todos os modos de produção) e características específicas do capitalismo. Isso levava a duas distorções principais:
Crença de que o capital estava presente em todos os processos de produção: foram os equívocos de todos os economistas anteriores a Ricardo (exceto Hodgskin);
Crença de que toda atividade econômica era simplesmente uma série de trocas: todos os economistas posteriores a Ricardo (principalmente Senior e Bastiat) acreditavam nesta distorção.
A produção exige um instrumento de produção, assim como não há “produção sem trabalho passado acumulado” e o capital é um dos instrumentos da produção (também é trabalho passado materializado). Assim, Marx define capital como “relação eterna e geral da natureza”. Apenas no modo de produção capitalista os instrumentos de produção e o trabalho acumulado eram a fonte de renda e de poder da classe dominante.
Outra crítica de Marx aos economistas era sobre a propriedade ser considerada por eles sagrada e por ter sido erroneamente considerada como uma forma existente de propriedade privada capitalista. Além disso, criticou a separação total feita por Mill entre produção e distribuição, pois, para Marx, havia inúmeras formas de propriedade e cada modo de produção apresentava uma em particular e essas formas de propriedade é que determinavam a distribuição. Logo, propriedade e distribuição não eram independentes.
“Toda forma de produção cria suas próprias relações legais (tipos de propriedade), sua própria forma de governo, etc. Tudo o que os economistas burgueses sabem dizer é que a produção pode ser melhor levada a cabo através do policiamento moderno […] Esquecem-se, porém, de que esse princípio (do manda quem pode) também é uma relação legal, e que o direito do mais forte também vigora em suas ‘repúblicas constitucionais’, só que de outra forma.” (MARX)
Os economistas burgueses, quando aceitavam os direitos de propriedade capitalistas como universais, eternos e sagrados, e viam o capital como sendo comum a toda produção, deixavam de lado as instituições que, para Marx, eram específicas do capitalismo. Desse modo, a explicação de tais economistas estava baseada nas relações de troca, argumentando que eram harmoniosas, promoviam igualdade e liberdade entre os indivíduos “trocadores”.
Marx, entretanto, dizia que essa harmonia resultante das relações de troca era apenas um fato, mas não a causa primeira que levava os indivíduos a permutarem mercadorias. O real motivo eram as diferenças entre as necessidades dos indivíduos e sua produção, ou seja, interesses particulares sem preocupação com o bem-comum. Isso tudo, por fim, estaria embasado nas relações monetárias e na democracia burguesa, as quais camuflam a real desigualdade do sistema através de relações econômicas.

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