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Aula 03 Curso: Direito Penal p/ TRF 3ª Região (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Professor: Renan Araujo Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 48 AULA 03: CONCURSO DE PESSOAS E CONCURSO DE CRIMES SUMÁRIO PÁGINA Apresentação da aula e sumário 01 I ± Concurso de Pessoas 02 II ± Concurso de Crimes 17 Lista das Questões 30 Questões comentadas 36 Gabarito 49 Olá, meus amigos concurseiros! Devorando os papiros? Hoje é dia de estudarmos dois institutos que costumam ser bastante cobrados em provas de concursos públicos: Concurso de pessoas e concurso de crimes. Bons estudos! Prof. Renan Araujo Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 48 I ± CONCURSO DE PESSOAS O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colaboração de dois ou mais agentes para a prática de um delito ou contravenção penal. O concurso de pessoas é regulado pelos arts. 29 a 31 do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 48 Cinco são os requisitos para que seja caracterizado o concurso de pessoas: x Pluralidade de agentes culpáveis ± Para que possamos falar em concurso de pessoas, é necessário que ambos os agentes sejam imputáveis. Assim, se um maior de 18 anos (penalmente imputável) determina a um menor de 18 anos (inimputável) que realize um homicídio, não há concurso de pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do crime foi o mandante, que se valeu de um inimputável para praticar o crime. Não há concurso, pois um dos agentes não era imputável. Essa regra só se aplica aos crimes unissubjetivos (aqueles em que basta um agente para sua caracterização). Nos crimes plurissubjetivos (aqueles em que necessariamente deve haver mais de um agente, como no crime de quadrilha ou bando, por exemplo ± art. 288 do CP), se um dos colaboradores é inimputável (ou não é culpável por qualquer razão), mesmo assim permanece o crime. Nos crimes eventualmente plurissubjetivos (crime de furto, por exemplo, que eventualmente pode ser um crime qualificado pelo concurso de pessoas, embora seja, em regra, unissubjetivo) também não é necessário que todos os agentes sejam imputáveis, bastando que apenas um o seja. Nessas duas últimas hipóteses, no entanto, não há propriamente concurso de pessoas, mas o que a Doutrina chama de concurso impróprio, ou concurso aparente de pessoas. x Relevância da colaboração ± A participação do agente deve ser relevante para a produção do resultado, de forma que a colaboração que em nada contribui para o resultado é um indiferente penal. Além disso, a colaboração deve ser prévia ou concomitante à execução, ou seja, anterior à consumação do delito. Se a colaboração for posterior à consumação do delito, como o fato já ocorreu, não há concurso de pessoas, Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 48 podendo haver, no entanto, outro crime (favorecimento real, receptação, etc). Porém, se a colaboração for posterior à consumação, mas combinada previamente, há concurso de pessoas. Ex: Imagine que Poliana decide matar seus pais, e combina com seu namorado para que ele esteja às 20h em ponto na porta de sua casa para lhe ajudar na fuga. Assim, a conduta do namorado (auxiliar na fuga) é posterior à consumação, mas fora combinada anteriormente, havendo, portanto, concurso de pessoas. Diversa seria a hipótese, no entanto, se o namorado tivesse ido à casa da namorada sem saber que deveria lhe ajudar na fuga. Lá chegando, a namorada conta o ocorrido e ele, a partir daí, concorda em auxiliá-la na fuga. Nessa hipótese, o namorado comete o crime de favorecimento pessoal (nos termos do art. 348 do CP). Cuidado com isso! x Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) ± Também é conhecido como concurso de vontades. Assim, para que haja concurso de pessoas, é necessário que a colaboração dos agentes deva ter sido ajustada entre eles, de modo que a colaboração meramente causal, sem que tenha havido combinação entre os agentes, não caracteriza o concurso de pessoas. Trata-se do princípio da convergência. Caso haja colaboração dos agentes para a conduta criminosa, mas sem vínculo subjetivo entre eles, estaremos diante da autoria colateral, e não da coautoria. x Unidade de crime (ou contravenção) para todos os agentes ± Nos termos do art. 29 do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Daí podemos perceber que se 20 pessoas colaboram para a prática de um delito (homicídio, por exemplo), todas elas respondem pelo homicídio, Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 48 independentemente da conduta que tenham praticado (um apenas conseguiu a arma, o outro dirigiu o veículo da fuga, outro atraiu a vítima, etc.). Trata-se da teoria unitária ou monista, adotada como regra pelo Código Penal. No entanto, existem exceções à teoria monista, ou seja, existem casos em que o Código Penal adota a teoria pluralista, estabelecendo que a colaboração de cada um dos agentes acarretará no enquadramento de cada um em crime específico. Por exemplo: Quando um particular oferece propina a um funcionário público, que aceita, o particular comete o crime de corrupção ativa (art. 333) e o funcionário público comete o crime de corrupção passiva (art. 317 do CP); x Existência de fato punível ± Trata-se do princípio da exterioridade. Assim, é necessário que o fato praticado pelos agentesseja punível, o que de um modo geral exige pelo menos que este fato represente uma tentativa de crime, ou crime tentado. Para a caracterização do crime tentado, é necessário que seja dado início à execução do crime. Se o fato ficar meramente no plano abstrato, no plano da cogitação, não há fato punível, nos termos do art. 14, II do CP. O art. 31 do CP determina, ainda, de modo específico para a hipótese de concurso de pessoas, que a colaboração só é punível se o crime for, ao menos, tentado: Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). I.a) Modalidades de concurso de pessoas A) Coautoria Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 48 Para entendermos o fenômeno da coautoria, devemos, primeiramente, estudar o que seria a autoria do delito. Várias teorias, ao longo do tempo, procuraram definir quem seria o autor do crime. A teoria subjetiva ou unitária não diferenciava autor e partícipe, considerando que todos aqueles que concorriam para o crime eram autores do delito. Já a teoria extensiva, apesar de entender, também, que todos os colaboradores eram autores do crime, estabelecia penas diversas conforme o grau de culpa de cada um deles. Por fim, a teoria objetiva ou dualista faz clara distinção entre autor e partícipe. Foi a teoria adotada pelo CP. Agora que já sabemos que o CP diferencia autor e partícipe, precisamos saber qual é o critério para se diferenciar um do outro. Três teorias surgiram. A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor é quem realiza a conduta prevista no núcleo do tipo, sendo partícipes todos os outros que colaboraram para isso, mas não realizaram a conduta descrita no núcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de homicídio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a FRQGXWD� GH� ³PDWDU´� DOJXpP�� 7RGRV� RV� RXWURV� FRODERUDGRUHV� VHULDP� partícipes. O grande problema desta teoria é considerar o autor intelectual (mandante) como partícipe, e não como autor. Mais que isso: Essa teoria não explica o fenômeno da autoria mediata (quando alguém se vale de um inimputável para cometer um crime). A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor é quem colabora com participação de maior importância para o crime, e partícipe é quem colabora com participação de menor importância, independentemente de quem pratica o núcleo do tipo (verbo que descreve a conduta criminosa ± matar, subtrair, etc). Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 48 A terceira e última teoria, a teoria do domínio final do fato, criada pelo pai do finalismo, Hans Welzel, entende que autor é todo aquele que possui o domínio da conduta criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta prevista no núcleo do tipo) ou não. Para esta teoria, o autor seria aquele que decide o trâmite do crime, sua prática ou não, etc. Essa teoria explica, satisfatoriamente, o caso do mandante, por H[HPSOR�� TXH� PHVPR� VHP� SUDWLFDU� R� Q~FOHR� GR� WLSR� �³PDWDU� DOJXpP´��� possui o domínio do fato, pois tem o poder de decidir sobre o rumo da prática delituosa. Para esta teoria, o partícipe existe, e é aquele que contribui para a prática do delito, embora não tenha poder de direção sobre a conduta delituosa. O partícipe só controla a própria vontade, mas a não a conduta criminosa em si, pois esta não lhe pertence. O erro desta última teoria é não se aplicar aos crimes culposos, pois neste não há domínio final do fato, pois o fato final (resultado) não é buscado pelos agentes, que pretendiam outro resultado. A teoria adotada pelo CP é a teoria objetivo-formal, considerando autor aquele que realiza a conduta descrita no núcleo do tipo. Entretanto, deve ser usada a teoria do domínio do fato para os crimes em que há autoria mediata, autoria intelectual, etc., de forma a complementar a teoria adotada. Desta maneira, após entendermos quem seria considerado autor do delito para o CP, podemos definir a coautoria como a espécie de concurso de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Assim, no crime de roubo, se duas ou mais pessoas entram num banco, portando armas, e anunciam um assalto, todas elas praticaram a conduta descrita no núcleo do tipo do art. 157, § 2°, I e II do CP (subtrair para si ou para outrem, mediante violência ou grave ameaça...). Logo, todas são coautoras do delito. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 48 Porém, no mesmo exemplo, o motorista que fica do lado de fora (o ³SLORWR� GH� IXJD´�� p� FRQVLGHUDGR� SDUWtFLSH�� SRLV� HPERUD� FRQFRUUD� SDUD� D� prática do delito, não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal. A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que é aquela na qual a conduta dos agentes são diversas e se somam, de forma a produzir o resultado. Assim, se Ricardo segura a vítima para que Poliana a espanque, ambos são coautores do crime de lesão corporal, mediante coautoria funcional. Porém, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que é a hipótese em que ambos os coautores realizam a mesma conduta. Assim, no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem a vítima, ambos seriam coautores mediante coautoria material. No quadro abaixo vou mostrar para vocês algumas hipótese polêmicas de aplicação do instituto da coautoria: ¾ Admite-se a coautoria nos crimes próprios, desde que ambos os agentes possuam a qualidade exigida pela lei, ou que, aqueles que não a possuem, ao menos tenham ciência de que o outro agente age nessa qualidade; ¾ Não se admite a coautoria nos crimes de mão-própria, pois são considerados de conduta infungível, só podendo ser praticados pelo sujeito especificamente descrito pela lei; ¾ A Doutrina se divide quanto à possibilidade de coautoria em crimes omissivos, mas boa parte entende ser possível; ¾ Na autoria mediata não há concurso de pessoas entre autor mediato autor imediato, respondendo apenas o autor mediato, que se valeu de alguém sem culpabilidade para a execução do delito; Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 48 ¾ Entretanto, é possível coautoria e também participação na autoria mediata, desde que haja colaboração entre os agentes mediatos. NUNCA HAVERÁ CONCURSO DE PESSOAS ENTRE AUTOR MEDIATO E AUTOR IMEDIATO; ¾ CUIDADO! Na coação física irresistível, não há autoria mediata, mas autoria direta, pois o agente que realiza a ação não possui conduta, já que não há vontade. Nesse caso, aquele que pratica a coação física irresistível é autor direto, não mediato; ¾ Admite-se a autoria mediata nos crimes próprios, mas não nos crimes de mãoprópria (há alguns doutrinadores que entendem ser possível). B) Participação Conforme estudamos, no Brasil adotou-se a teoria objetivo- formal, distinguindo-se autor e partícipe. Assim, podemos definir a participação como a modalidade de concurso de pessoas na qual o agente colabora para a prática delituosa, mas não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal. A participação pode ser: x Moral ± É aquela na qual o agente não ajuda materialmente na prática do crime, mas instiga ou induz alguém a praticar o crime. A instigação ocorre quando o partícipe age no psicológico do autor do crime, reforçando a idéia criminosa, que já existe na mente deste. O induzimento, por sua vez, ocorre quando o partícipe faz surgir a vontade criminosa na mente do autor, que não tinha pensado no delito; x Material ± A participação material é aquela na qual o partícipe presta auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a prática do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 48 Este auxílio não pode ser prestado após a consumação, salvo se o auxílio foi previamente ajustado. Como o partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo penal, como puni-lo? Como a conduta do partícipe é considerada acessória em relação à conduta do autor (que é principal), o partícipe é punido em razão da teoria da acessoriedade. Porém, três teorias da acessoriedade existem: x Teoria da acessoriedade mínima ± Entende que a conduta principal deva ser um fato típico, não importando se é ou não um fato ilícito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e João combinam de matar Paulo. Na data combinada para a execução, Marcio guia o carro até o local e fica esperando do lado de fora. João se dirige até Paulo e, após uma discussão, Paulo começa a agredir João, que na verdade mata Paulo em legítima defesa. João matou Paulo em legítima defesa e não em razão do ajuste com Marcio (não tendo praticado fato ilícito, mas apenas típico), mas por esta teoria, mesmo assim Marcio responderia como partícipe do crime. Veja que João, de fato, matou Paulo. Contudo, o fato não é ilícito, pois João agiu em legítima defesa. Porém, para esta teoria, ainda que a conduta de João seja considerada apenas típica, mas não ilícita, Marcio deveria ser punido; x Teoria da acessoriedade limitada ± Exige que o fato praticado (conduta principal) seja pelo menos uma conduta típica e ilícita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do partícipe Marcio não é punível, pois a conduta principal, apesar de típica, não é ilícita. Veja que, para esta corrente Doutrinária, se o fato praticado pelo autor NÃO FOR ILÍCITO (Ainda que seja um fato típico), em razão de legítima defesa, etc., o partícipe não deve ser punido; Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 48 x Teoria da acessoriedade máxima ± Para esta teoria, o partícipe só será punido se o fato for típico, ilícito e praticado por agente culpável. Essa teoria faz exigência irrazoável, pois a culpabilidade é uma questão pessoal do agente, não guardando relação com o fato. Assim, imagine que Carlos, maior de idade, seja partícipe de um roubo praticado por Lucas, menor de idade. Para esta corrente, Carlos não poderia responder pelo roubo praticado (na qualidade de partícipe), pois Lucas (o autor principal) é inimputável (não tem culpabilidade), sendo o fato apenas típico e ilícito, sem o complemento da culpabilidade. x Teoria da hiperacessoriedade ± Exige que, além de o fato ser típico e ilícito e o agente culpável, o autor tenha sido efetivamente punido para que o partícipe responda pelo crime. É ainda mais irrazoável que a última. Imagine que José seja partícipe de um roubo praticado por Marcelo. No decorrer do processo, Marcelo vem a falecer (o que gera a extinção da punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta corrente, como houve extinção da punibilidade em relação a Marcelo (o autor do delito), o partícipe (José) não poderá mais ser punido. O Nosso CP não adotou expressamente nenhuma das quatro teorias, mas com certeza não adotou a teoria da acessoriedade mínima nem a teoria da hiperacessoriedade (as extremas). A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao nosso sistema é a teoria da acessoriedade limitada, exigindo que o fato seja somente típico e ilícito para que o partícipe responda pelo crime. No entanto, a acessoriedade máxima é a que mais se coaduna com Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 48 o instituto da autoria mediata, razão pela qual deve ser citada quando a questão se referir à autoria mediata. Questões interessantes acerca da participação: ¾ A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a participação é de menor importância (art. 29, § 1° do CP). Isto não se aplica às hipóteses de coautoria, mas apenas à participação; ¾ A Doutrina admite a participação nos crimes omissivos por omissão, quando o partícipe devia e podia evitar o resultado (art. 13, § 2° do CP); ¾ A participação inócua não se pune. Assim, se A empresta uma faca a B, de forma a auxiliá-lo a matar C, e B mata C usando seu revólver, a participação de A foi absolutamente inócua, pois em nada auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a matar C, e B realiza a conduta porque já estava determinado a isso, a instigação promovida por A não teve qualquer eficácia, pois B já mataria C de qualquer forma; ¾ Participação em cadeia é possível: Assim, se A empresta uma arma a B, para que este a empreste a C, a fim de que este último mate D, tanto A quanto B são partícipes do crime, por prestarem auxílio material em cadeia; ¾ A participação em ação alheia ocorre quando o partícipe, sem qualquer liame subjetivo com o autor, contribui de maneira culposa para a prática do delito. Assim, o funcionário público que não tranca a porta da repartição ao final do expediente, e esta vem a ser furtada por um particular na madrugada, responde por peculato culposo (art. 312, § 2° do CP), enquanto o particular responde por furto. Não há concurso de pessoas pois falta o liame subjetivo Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 48 entre ambos (coerência de vontades). I.c) Circunstâncias incomunicáveis O art. 30 do CP estabelece que: Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Antes de estudarmos a comunicabilidade ou não das circunstâncias, devemos diferenciar a mera circunstância da circunstância elementar do crime. A circunstância elementar é aquela que se refere a algo indispensável para a caracterização do crime. Assim, a circunstância ³DOJXpP´� QR� FULPH� GH� KRPLFtGLR�� p� XPD�HOHPHQWDU�� SRLV� VH� R� IDWR� IRU� praticado contra um animal, não haverá homicídio. Por sua vez, a mera circunstância não é indispensável à caracterização do crime, pois apenas agregam um fato que, se presente, DXPHQWD�RX�GLPLQXL�D�SHQD��$VVLP��R�³PRWLYR�WRUSH´�p�XPD�FLUFXQVWkQFLD� não-elementar, ou mera circunstância, pois caso o fato seja praticado sem essa circunstância, continua a existir homicídio, no entanto, sem a qualificadora. A) Espécies de elementares e de circunstâncias Podem ser subjetivas (de caráter pessoal), quando relativas à pessoa do agente. É o caso da condição de funcionário público, que é pessoal, pois se refere ao agente. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 48 Podem ser, ainda, objetivas (ou de caráter real), quando se referem ao fato criminoso em si, seu modus operandi, etc. Assim, o emprego de violência, no crime de roubo (art. 157 do CP) é uma elementar objetiva. As condições pessoais não se confundem com as circunstâncias ou elementares de caráter pessoal. As primeiras são fatores pessoais do agente, que independem da prática da infração penal. Assim, o fato de o agente ser menor de 21 anos é uma condição pessoal, e não uma circunstância de caráter pessoal, tampouco uma elementar. Com base nesses três institutos (elementares, circunstâncias e condições pessoais), podemos extrair três regras do CP: 9 As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam ± Se A contrata B, para que este mate C, em razão deste último ter estuprado sua filha, A comete o crime de homicídio privilegiado, em razão do relevante valor moral (art. 121, § 1° do CP). Entretanto, B comete o crime de KRPLFtGLR� VLPSOHV� �DUW�� ������ SRLV� D� FLUFXQVWkQFLD� ³UHOevante YDORU�PRUDO´�p�SHVVRDO��QmR�VH�HVWHQGHQGR�DR�FRDXWRU� 9 As circunstâncias de caráter real, ou objetivas, se comunicam ± Porém, é necessário que a circunstância tenha entrado na esfera de conhecimento dos demais agentes. Imagine que A contra B para matar C. B informa a A que usará de emboscada (portanto, homicídio qualificado, nos termos do art. 121, § 2° do CP), e A concorda com isto. 1HVVH�FDVR��D�FLUFXQVWkQFLD�REMHWLYD�³HPERVFDGD´��UHODWLYD�DR� meio utilizado), se comunica, pois embora A não tenha usado de emboscada, concordou com esta prática por B. Diversamente, se B praticasse o crime mediante emboscada sem nada comunicar ao mandante, A, esta circunstância não se comunicaria, por não ter entrado na esfera de conhecimento de A; Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 48 9 As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas ou subjetivas ± No entanto, mais uma vez se exige que estas elementares tenham entrado no âmbito de conhecimento dos demais agentes. Imaginem que Júlio, servidor público, convida Marcelo a entrar na repartição onde trabalham, valendo-se da condição de Júlio, para subtrair alguns computadores. Caso Marcelo conheça a condição de funcionário público de Júlio, ambos respondem pelo crime de peculato-furto (art. 312, § 1° do CP). Caso Marcelo desconheça essa circunstância elementar, responde ele apenas pelo crime de furto, pois a ausência dessa circunstância faz desaparecer o crime de peculato-furto, mas a conduta ainda é punível como furto comum. Não confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria, deve haver vínculo subjetivo ligando as condutas de ambos os autores. Na autoria colateral, ambos praticam o núcleo do tipo, mas um não age em acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B, desafetos de C, sem que um saiba da existência do outro, escondem-se atrás de árvores esperando a passagem de C, a fim de matá-lo. Quando C passa, ambos atiram, e C vem a óbito. Nesse caso, não houve coautoria, mas autoria colateral. Entretanto, aí vai mais uma informação: Imaginem que o laudo identifique que apenas uma bala atingiu C, direto na cabeça, levando-o a óbito. Nesse caso, o laudo não conseguiu apontar de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso, como não se pode definir quem efetuou o disparo fatal, ambos respondem pelo crime de homicídio TENTADO, pois não se pode atribuir a nenhum deles o homicídio consumado, já que o laudo é inconclusivo quanto a isto. Este é Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 48 o fenômeno da autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem agindo em conluio, com vínculo subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de pessoas, ambos responderiam por crime de homicídio CONSUMADO, pois nesse caso seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que levou C a óbito. I.d) Cooperação dolosamente distinta A cooperação dolosamente distinta, também chamada de ³SDUWLFLSDomR�HP�FULPH�PHQRV�JUDYH´��RFRrre quando ambos os agentes decidem praticar determinado crime, mas durante a execução, um deles decide praticar outro crime, mais grave. Nesse caso, aplica-se o art. 29, § 2° do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Vou dar um exemplo: Imaginem que Camila e Herval combinam de realizar um furto a uma casa que imaginam estar vazia. Camila espera no carro enquanto Herval adentra à residência. Entretanto, ao chegar à residência, Herval se depara com dois seguranças, e troca tiros com Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 48 ambos, levando-os a óbito (sinistro esse cara). Após, entra na casa e subtrai diversos bens. Volta ao carro e ambos fogem. Camila não quis participar de um latrocínio (que foi o que efetivamente ocorreu), mas apenas de um furto. Assim, segundo a primeira parte do § 2° do art. 29 do CP, responderá somente pelo furto. Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o latrocínio era provável (se soubesse, por exemplo, que Herval estava armado e que havia a possibilidade de ter seguranças na casa), a pena do crime de furto (não a do latrocínio!!) será aumentada até a metade. $�OHL�GL]�³DWp�D�PHWDGH´�� ORJR��R�DXPHQWR�SRGH�QmR�FKHJDU�D�HVVH� patamar. O aumento de pena irá variar conforme o grau de previsibilidade do crime mais grave para o qual Camila não se predispôs mas era previsível. II ± CONCURSO DE CRIMES Assim como é plenamente possível que duas ou mais pessoas se unam para praticar determinado delito, é plenamente possível que de uma mesma conduta (ou de uma série de condutas interligadas) surjam vários crimes. O concurso de crimes pode ser de três espécies: concurso formal,concurso material e crime continuado. A exata caracterização de cada um dos institutos é bastante importante, pois isso influenciará na adoção do sistema de aplicação da pena. Três também são os sistemas de aplicação da pena: x Sistema do cúmulo material ± Aqui, ao agente é aplicada a pena correspondente ao somatório das penas relativas a cada um dos crimes cometidos isoladamente. Foi adotado no que Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 48 tange ao concurso material (art. 69 do CP), no concurso formal impróprio ou imperfeito (art. 70, caput, 2° parte) e no concurso de penas de multa (art. 72 do CP); x Sistema da exasperação ± Aplica-se ao agente somente a pena da infração penal mais grave, acrescida de determinado percentual. Foi acolhido no que se refere ao concurso formal próprio ou perfeito (art. 70, caput, primeira parte, do CP) e ao crime continuado (art. 71 do CP); x Sistema da absorção ± Aplica-se somente a pena da infração penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem que haja qualquer aumento. Foi adotado (jurisprudencialmente) em relação aos crimes falimentares. II.a) Concurso material (ou real) de crimes Está regulado pelo art. 69 do CP: Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam- se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 48 entre si e sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Nesse fenômeno, o agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais resultados. Pode ser homogêneo, quando todos os crimes praticados são idênticos, ou heterogêneo, quando os crimes são diferentes. Esse cúmulo de penas deve ser aplicado pelo Juiz na hora da sentença, se os processos tiverem sido reunidos por conexão, ou pelo Juiz da execução, caso tenham sido aplicadas as penas em processos diversos (nos termos do art. 66, III, a da LEP). Se for imposta pena de reclusão a um dos crimes e de detenção a outro, executa-se primeiramente a de reclusão, nos termos do art. 69, caput, segunda parte, do CP. Só será possível a aplicação de penas restritivas de direitos a um dos crimes se em relação aos outros foi aplicada pena também restritiva de direitos ou, em caso de ter sido aplicada pena privativa de liberdade, esta foi suspensa (é o chamado sursis), nos termos do art. 69, § 1° do CP. As penas restritivas de direitos podem ser cumpridas simultaneamente, desde que compatíveis. Assim, a pena de limitação de final de semana não pode ser cumprida simultaneamente com outra restritiva de direitos idêntica (limitação de final de semana), pois nesse caso o agente estaria cumprindo apenas uma das penas (e pagando as duas o malandro!). Entretanto, é plenamente possível o cumprimento simultâneo de pena restritiva de direitos consistente em prestação de serviços à comunidade e outra consistente em prestação pecuniária ($$), pois isso não importa em prejuízo a ninguém (nem ao Estado nem ao infrator). Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 48 Só é possível a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95) se o somatório das penas mínimas previstas para todos os crimes for inferior a um ano. Assim, se o acusado praticou dois crimes em concurso material, sendo a pena mínima de ambos estipulada em 03 meses de detenção, é possível a suspensão condicional do processo. II.b) Concurso formal de crimes No concurso formal, ou ideal, o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nos termos do art. 70 do CP: Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Primeiramente, deve ser esclarecido a vocês que deve haver unidade de conduta e pluralidade de resultados. No entanto, a unidade de conduta não significa unidade de atos, pois existem condutas que podem ser fracionadas em diversos atos, como no caso de alguém que mata outra pessoa com diversas pauladas na cabeça. Embora neste caso haja diversos atos, há unidade de conduta. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 48 O concurso formal será homogêneo se todos os crimes cometidos mediante a conduta única forem idênticos, e será heterogêneo se os crimes praticados forem diversos. O concurso formal pode ser, ainda, perfeito ou imperfeito: x Concurso formal perfeito (próprio) ± Aqui o agente pratica uma única conduta e acaba por produzir dois resultados, embora não pretendesse realizar ambos, ou seja, não há desígnios autônomos (intenção de, com uma única conduta, praticar dolosamente mais de um crime). Esse tipo de concurso só pode ocorrer, portanto, entre crimes culposos, ou entre um crime doloso e um ou vários crimes culposos. Exemplo: Imaginem que Camila, dirigindo seu Bugatti pelas ruas de São Paulo, em altíssima velocidade, atropela, sem querer, um pedestre, que vem a óbito, e causa lesões graves em outro pedestre. Nesse caso, Camila responde pelos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa em concurso formal, aplicando-se a ela a pena do homicídio culposo (mais grave) acrescida de 1/6 até a metade; x Concurso formal imperfeito (impróprio) ± Aqui o agente se vale de uma única conduta para, dolosamente, produzir mais de um crime. Imaginem que, no exemplo anterior, Camila desejasse matar o pedestre, antigo desafeto, bem como lesionar o outro pedestre (sua ex-sogra). Assim, com sua única conduta, Camila objetivou praticar ambos os crimes, respondendo por ambos em concurso formal imperfeito, e lhe será aplica a pena de ambos cumulativamente (sistema do cúmulomaterial), pois esse concurso formal é formal apenas no nome, já que deriva de intenções (desígnios) autônomas, nos termos do art. 70, segunda parte, do CP. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 48 A) Aplicação da pena no concurso formal Via de regra, no concurso formal o sistema utilizado é o da exasperação, utilizando-se como base a pena do crime mais grave, aumentada (exasperada) de 1/6 até a metade (art. 70, primeira parte, do CP). O quantum do aumento (entre 1/6 e metade da pena usada como base) será definido mediante a análise da quantidade de crimes praticados. Se praticados poucos crimes, aplica-se o aumento mínimo; se praticados diversos crimes mediante a única conduta, aplica-se o aumento em seu montante máximo. Trata-se, portanto, de uma fórmula de aplicação da pena que visa a beneficiar o réu, em razão do menor desvalor de sua conduta. Entretanto, se estivermos diante de concurso formal imperfeito (impróprio), aplica-se a regra estabelecida pelo art. 70, segunda parte, do CP, ou seja, o sistema do cúmulo material, pois o agente se valeu de uma única conduta para praticar diversos crimes de maneira dolosa, agindo com intenções autônomas (desígnios autônomos). Há, ainda, a figura que se denominou de concurso material benéfico, que ocorre quando o sistema da exasperação se mostra prejudicial ao réu em relação ao sistema da cumulação. Explico: Imaginem que o agente tenha cometido homicídio doloso simples (pena de 06 a 20 anos) e tenha, culposamente, mediante a mesma conduta, lesionado levemente uma terceira pessoa, cometendo o crime de lesões corporais culposas em concurso formal com o homicídio (art. 129, § 6° do CP, pena de 02 meses a um ano de detenção). Nesse exemplo acima, o sistema da exasperação é muito prejudicial ao réu. Imaginem que o infrator tenha sido condenado pelo crime de homicídio a 10 anos de reclusão (crime mais grave). Nesse caso, pelo sistema da exasperação, por ter havido concurso formal, essa pena deve ser aumentada de 1/6 até a metade. Logo, a pena dele variará de 11 Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 48 anos e 08 meses a 15 anos de reclusão (pena base + 1/6 e pena base + metade). Pelo sistema do cúmulo material, como a pena de lesões culposas é bem pequena, a pena do agente variaria de 10 anos e dois meses a 11 anos de reclusão. Nesse caso, percebam, o sistema da exasperação é prejudicial ao réu. Assim, a lei estabelece que, nesse caso, ELE NÃO SE APLICA, aplicando-se o sistema do cúmulo material, pois o sistema da exasperação foi criado para beneficiar o réu e não pode ser aplicado quando resultar em prejuízo a ele. Nos termos do § único do art. 70 do CP: Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II.c) Crime continuado Também conhecido como continuidade delitiva, é a espécie de concurso de crimes na qual o agente pratica diversas condutas, praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condições, fazem entender que todos fazem parte de uma única cadeia delitiva. Nos termos do art. 71 do CP: Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 48 Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Duas teorias buscam explicar este instituto: x Teoria da ficção jurídica ± Para esta teoria, a continuidade delitiva é uma ficção, pois, na verdade, existem diversos crimes, tendo a Lei considerado os diversos atos como apenas um crime, para fins de aplicação da pena. Esta teoria foi desenvolvida por Francesco Carrara; x Teoria da realidade, ou da unidade real ± Para esta teoria, o crime continuado é, por sua própria natureza, um único delito, não havendo que se falar em ficção jurídica. O nosso CP adotou a teoria da ficção jurídica, pois a consideração dos diversos delitos como um único crime se dá apenas para fins de aplicação da pena, tanto que, no que tange à prescrição, eles são considerados crimes autônomos, nos termos do art. 119 do CP: Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) A) Requisitos para a configuração do crime continuado Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 48 A Doutrina entende serem três os requisitos do crime continuado: a) pluralidade de condutas; b) pluralidade de crimes da mesma espécie; e c) condições semelhantes de tempo, lugar, modo de execução e outras semelhanças. Há divergência doutrinária quanto à necessidade de haver ou não unidade de desígnio. A pluralidade de conduta decorre da redação do art. 71, que fala HP�³PHGLDQWH�PDLV�GH�XPD�DomR�RX�RPLVVmR´�� A pluralidade de crimes causa polêmica. O que seriam crimes da mesma espécie? A Doutrina e a Jurisprudência não são pacíficas. Parte minoritária entende que crimes da mesma espécie são aqueles que tutelam o mesmo bem jurídico. Assim, para essa corrente, furto, estelionato, apropriação indébita, etc, seriam todos crimes da mesma HVSpFLH��SRLV�VHULDP�WRGRV�³FULPHV�FRQWUD�R�SDWULP{QLR´� No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de que crimes da mesma espécie são aqueles tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada, consumados ou tentados. Assim, seriam crimes da mesma espécie roubo e roubo qualificado. Entretanto, essa corrente entende que, além de serem tratados no mesmo dispositivo legal, devem tutelar o mesmo bem jurídico. Assim, roubo simples (art. 157) e latrocínio (art. 157, § 3° do CP) não seriam crimes da mesma espécie, pois o latrocínio tutela, ainda, o direito à vida, e não somente o patrimônio. Por fim, a semelhança entre os delitos deve obedecer à conexão de quatro gêneros: temporal, espacial, modal e ocasional. A conexão temporal exigeque os crimes tenham sido cometidos na mesma época. Mesma época não implica mesmo momento. A jurisprudência tem entendido que os crimes não podem ter sido cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. No entanto, no que se refere aos crimes contra a ordem tributária, o STF já entendeu que Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 48 pode haver continuidade delitiva desde que os delitos tenham sido cometidos em lapso temporal não superior a 03 anos. A conexão espacial indica que, para que seja considerada continuidade delitiva, os crimes devem ser cometidos no mesmo local. A Jurisprudência entende que a conexão espacial só estará presente se os crimes forem cometidos na mesma cidade, ou, no máximo, na mesma região metropolitana. A conexão modal se verifica quando o agente pratica o crime sempre da mesma maneira, seja pelo modo de execução, pela utilização de comparsas, etc. A conexão ocasional não possui previsão expressa na Lei, mas parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os primeiros crimes tenham proporcionado uma ocasião que gerou a prática dos crimes subseqüentes. Com relação à unidade de desígnios, ou seja, a necessidade de que todos os crimes praticados na verdade tenham sido partes de um único projeto criminoso, a Doutrina é dividida, mas a maioria da Doutrina, bem como a Jurisprudência, entendem ser necessária essa unidade de desígnios, de forma que a mera reunião dos demais requisitos não configura a continuidade delitiva se os crimes foram praticados de maneira isolada, sem nenhum vínculo entre eles. Isso significa que a maioria da Doutrina e a Jurisprudência adotam a teoria objetivo-subjetiva, desprezando a teoria objetiva pura, que não prevê a necessidade de unidade de desígnios. B) Aplicação da pena no crime continuado Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 48 Existem três espécies de crime continuado: simples, qualificado e específico. Entretanto, em todos os casos se aplica o sistema da exasperação. No crime continuado simples, as penas dos delitos parcelares são as mesmas. Exemplo: 10 furtos simples praticados em continuidade delitiva. Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3 (varia conforme a quantidade de delitos). No crime continuado qualificado, as penas dos delitos praticados são diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave deles, aumentada de 1/6 a 2/3. Por fim, o crime continuado específico está previsto no § único do art. 71 do CP: Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Assim, nos crimes dolosos cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, sendo as vítimas diferentes, poderá o Juiz aplicar a pena de um deles (ou a mais grave, se diversas), aumentada até o triplo. Vejam que se adotou o mesmo sistema da exasperação, entretanto, o § único previu um quantum maior a ser acrescido à pena-base. A lei não estabelece a quantidade mínima nesse caso, mas a Jurisprudência, inclusive o STF, entende que o mínimo aqui também é de 1/6. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 48 $TXL�WDPEpP�VH�DSOLFD�D�UHJUD�GR�³FRQFXUVR�PDWHULDO�EHQpILFR´��RX� seja, se o sistema da exasperação se mostrar mais gravoso, deverá ser aplicado o sistema do cúmulo material. C) Crime continuado e conflito de leis penais no tempo Se durante a execução do crime continuado sobrevir lei nova, mais gravosa ao réu, esta última é aplicada, pois o crime continuado se considera praticado quando cessa a continuidade delitiva. Assim, sendo o tempo do crime o momento em que cessa a continuidade, a lei nova chegou a vigorar antes de sua consumação, aplicando-se a este, por ser a lei vigente ao tempo do crime. Este entendimento está, inclusive, sumulado pelo STF: SÚMULA Nº 711 A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA. D) Prescrição Nos crimes continuados, por haver mera ficção jurídica de crime único, apenas para fins de aplicação da pena, a prescrição é calculada em relação a cada crime isoladamente. Entretanto, para o cálculo da prescrição, leva-se em conta a pena mínima estabelecida para a pena-base, desprezando-se o acréscimo que seria aplicado. Assim, se há dois furtos simples praticados em continuidade delitiva (penas mínimas de um ano), tendo a sentença aplicado a pena mínima, por exemplo, acrescida de determinado Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 48 percentual, a prescrição é calculada tendo por base a pena mínima aplicada, e não a pena mínima de um ano acrescida do percentual de exasperação. Isso é o que consta do verbete n° 497 da súmula do STF: SÚMULA Nº 497 QUANDO SE TRATAR DE CRIME CONTINUADO, A PRESCRIÇÃO REGULA-SE PELA PENA IMPOSTA NA SENTENÇA, NÃO SE COMPUTANDO O ACRÉSCIMO DECORRENTE DA CONTINUAÇÃO. II.d) Multa e o concurso de crimes Assim prevê o art. 72 do CP: Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Assim, o art. 72 do CP prevê a aplicação do sistema do cúmulo material no que tange às penas de multa. Essa aplicação é inquestionável no concurso material e no concurso formal. No entanto, no que se refere ao crime continuado, há forte divergência. A primeira corrente (amplamente majoritária na Doutrina) entende que esta regra também se aplica ao crime continuado, por não ter a Lei feito qualquer distinção. A segunda corrente (majoritária na Jurisprudência, inclusive no STJ), entende que, nesse caso, não se aplica a regra do art. 72, por ter a lei entendido que se trata de crime único, mediante ficção jurídica. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 48 Por hoje chega! Terminamos mais uma etapa da nossa caminhada rumo à aprovação. Até a próxima! Prof. Renan Araujo LISTA DAS QUESTÕES 01 - (CESPE - 2007 - TJ-PI - JUIZ) No concurso de pessoas, há quatro teorias que explicam o tratamento da acessoriedade na participação.De acordo com a teoria da hiperacessoriedade, para se punir a conduta do partícipe, é preciso que o fato principal seja: I típico. II antijurídico. II culpável. IV punível. A quantidade de itens certos é igual a A) 0. B) 1. C) 2. D) 3. E) 4. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 48 02 - (CESPE - 2009 - PC-RN - AGENTE DE POLÍCIA) Acerca do concurso de pessoas, assinale a opção correta. A) Considere que Lia e Lena estivessem discutindo dentro do carro quando, acidentalmente, Lia atropelou um pedestre que atravessava na faixa de segurança. Nessa situação hipotética, Lia e Lena deverão responder pela prática de homicídio culposo. B) O crime de falso testemunho admite coautoria e participação. C) Considere que Mévio e Leo tenham resolvido furtar uma casa supostamente abandonada. Nesse furto, considere que Leo tenha ficado vigiando a entrada, enquanto Mévio entrou para subtrair os bens; dentro da residência, Mévio descobriu que a mesma estava habitada e acabou agredindo o morador; após levarem os objetos para um local seguro, Mévio narrou o fato para Leo. Considerando essa situação hipotética, Mévio deverá responder pelo crime de roubo e Leo, por furto. D) No crime de induzimento ou instigação ao suicídio, o agente que instiga age como partícipe e o suicida é, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo. E) As circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam entre os coautores e partícipes do crime. 03 - (CESPE - 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIÁRIO - DIREITO - ÁREA JUDICIÁRIA - ESPECÍFICOS) Considere que os indivíduos João e José ² ambos com animus necani, mas um desconhecendo a conduta do outro ² atirem contra Francisco, e que a perícia, na análise dos atos, identifique que José seja o responsável pela morte de Francisco. Nessa situação hipotética, José responderá por homicídio consumado e João, por tentativa de homicídio. Certo ou Errado? Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 48 04 - (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) O concurso de pessoas, no sistema penal brasileiro, adotou a teoria monística, com temperamentos, uma vez que estabelece certos graus de participação, em obediência ao princípio da individualização da pena. Certo ou Errado? 05 - (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ÁREA DE DIREITO) A teoria do domínio do fato é aplicável para a delimitação de coautoria e participação, sendo coautor aquele que presta contribuição independente e essencial à prática do delito, mas não obrigatoriamente à sua execução. Certo ou Errado? 06 - (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PÚBLICO) Em caso de concurso formal de crimes, a pena privativa de liberdade não pode exceder a que seria cabível pela regra do concurso material. Certo ou Errado? 07 - (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO) No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um deles, isoladamente. Certo ou Errado? 08 - (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR) Em matéria de concurso de pessoas, é correto afirmar que A) coautores são aqueles que, atuando de forma idêntica, executam o comportamento que a lei define como crime. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 48 B) partícipe é aquele que, também praticando a conduta que a lei define como crime, contribui, de qualquer modo, para a sua realização. C) é possível a coautoria nos crimes de mão própria. D) é admissível a coautoria nos crimes próprios, desde que o terceiro conheça a especial condição do autor. E) é inadmissível a participação nos crimes omissivos próprios. 09 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL) Maria, enfermeira, por ordem do médico João, ministrou veneno ao paciente, supondo tratar-se de um medicamento, ocasionando-lhe a morte. Nesse caso, A) não há concurso de agentes, mas apenas um autor mediato, pela realização indireta do fato típico. B) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria co-autora. C) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria partícipe. D) há concurso de agentes, figurando tanto João como Maria na condição de autores. E) há concurso de agentes, figurando Maria como autora e João como co- autor. 10 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA ADMINISTRATIVO) José instigou Pedro, agindo sobre a vontade deste, de forma a fazer nascer neste a idéia da prática do crime. João prestou auxílio a Pedro, emprestando-lhe uma arma para que pudesse executar o delito. José e João são considerados, tecnicamente, A) co-autores. B) autores. D) partícipe e co-autor, respectivamente. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 48 E) co-autor e partícipe, respectivamente. 11 - (FCC - 2008 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Nos chamados crimes monossubjetivos, A) o concurso de pessoas é eventual. B) o concurso de pessoas só ocorre no caso de autoria mediata. C) o concurso de pessoas é necessário. D) não há concurso de pessoas. E) há concurso de pessoas apenas na forma de participação. 12 - (FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 - PRIMEIRA FASE (OUT/2011) As regras do concurso formal perfeito (em que se adota o sistema da exasperação da pena) foram adotadas pelo Código Penal com o objetivo de beneficiar o agente que, mediante uma só conduta, praticou dois ou mais crimes. No entanto, quando o sistema da exasperação for prejudicial ao acusado, deverá prevalecer o sistema do cúmulo material (em que a soma das penas será mais vantajosa do que o aumento de uma delas com determinado percentual, ainda que no patamar mínimo). A essa hipótese, a doutrina deu o nome de A) concurso material benéfico. B) concurso formal imperfeito. C) concurso formal heterogêneo. D) exasperação sui generis. 13 - (FGV - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 - PRIMEIRA FASE (SET/2010) Com relação ao concurso de delitos, é correto afirrmar que: Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 48 A) no concurso de crimes as penas de multa são aplicadas distintamente, mas de forma reduzida. B) o concurso material ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes com dependência fática e jurídica entre estes. C) o concurso formal perfeito, também conhecido como próprio, ocorre quando o agente, por meio de uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes idênticos, caso em que as penas serão somadas. D) o Código Penal Brasileiro adotou o sistema de aplicação de pena do cúmulomaterial para os concursos material e formal imperfeito, e da exasperação para o concurso formal perfeito e crime continuado. 14 - (CESPE ± 2009 ± PF ± AGENTE) Julgue o item a seguir com base no direito penal. Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absorção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva, este absorve aquele. 15 - (CESPE ± 2011 ± TRE/ES - ANALISTA JUDICIÁRIO) Julgue o item que se segue, à luz dos dispositivos do Código Penal (CP). Erro de pessoa é o mesmo que erro na execução ou aberratio ictus. QUESTÕES COMENTADAS Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 48 01 - (CESPE - 2007 - TJ-PI - JUIZ) No concurso de pessoas, há quatro teorias que explicam o tratamento da acessoriedade na participação. De acordo com a teoria da hiperacessoriedade, para se punir a conduta do partícipe, é preciso que o fato principal seja I típico. II antijurídico. II culpável. IV punível. A quantidade de itens certos é igual a A) 0. B) 1. C) 2. D) 3. E) 4. COMENTÁRIOS: Conforme estudamos, a teoria da hiperacessoriedade é a mais radical de todas as quatro, exigindo para a punibilidade do partícipe, que a conduta principal deva ser típica, ilícita, culpável e punível. Assim, a alternativa correta é a letra E. 02 - (CESPE - 2009 - PC-RN - AGENTE DE POLÍCIA) Acerca do concurso de pessoas, assinale a opção correta. A) Considere que Lia e Lena estivessem discutindo dentro do carro quando, acidentalmente, Lia atropelou um pedestre que atravessava na faixa de segurança. Nessa situação hipotética, Lia e Lena deverão responder pela prática de homicídio culposo. ERRADA: Nesse caso não há concurso de agentes, pois não há participação culposa em crime culposo; Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 48 B) O crime de falso testemunho admite coautoria e participação. ERRADA: A grande maioria da Doutrina entende não haver possibilidade de concurso de agentes nesse caso, por se tratar de crime de mão- própria. No entanto, parte da Doutrina entende que pode haver coautoria quando há coação moral resistível de um terceiro sobre aquele que comete o crime. C) Considere que Mévio e Leo tenham resolvido furtar uma casa supostamente abandonada. Nesse furto, considere que Leo tenha ficado vigiando a entrada, enquanto Mévio entrou para subtrair os bens; dentro da residência, Mévio descobriu que a mesma estava habitada e acabou agredindo o morador; após levarem os objetos para um local seguro, Mévio narrou o fato para Leo. Considerando essa situação hipotética, Mévio deverá responder pelo crime de roubo e Leo, por furto. CORRETA: Aqui, trata-se da hipótese de cooperação dolosamente distinta. Leo não pretendeu praticar um roubo, e sim um furto, devendo responder apenas por este, e não pelo roubo, que foi praticado apenas por Mévio. Entretanto, nos termos do art. 29, § 2° do CP, se o crime de roubo era previsível, a pena de Leo pode ser aumentada até a metade, mas ele sempre responderá pelo crime de furto apenas. D) No crime de induzimento ou instigação ao suicídio, o agente que instiga age como partícipe e o suicida é, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo. ERRADA: No crime de instigação ao suicídio, quem instiga é autor do crime (pratica o núcleo do tipo), e não mero partícipe do delito. Assim, a alternativa está errada. E) As circunstâncias e as condições de caráter pessoal se comunicam entre os coautores e partícipes do crime. ERRADA: As circunstâncias e condições de caráter pessoal não se comunicam, nos termos do art. 30 do CP, salvo se forem elementares do delito. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 48 03 - (CESPE - 2011 - TJ-ES - ANALISTA JUDICIÁRIO - DIREITO - ÁREA JUDICIÁRIA - ESPECÍFICOS) Considere que os indivíduos João e José ² ambos com animus necandi, mas um desconhecendo a conduta do outro ² atirem contra Francisco, e que a perícia, na análise dos atos, identifique que José seja o responsável pela morte de Francisco. Nessa situação hipotética, José responderá por homicídio consumado e João, por tentativa de homicídio. Certo ou Errado? CORRETA: Como ambos não agiram com vínculo subjetivo, não há coautoria, mas autoria colateral, afastando-se, desta forma, o concurso de pessoas, respondendo cada um apenas pela sua conduta. Assim, a afirmativa está correta. 04 - (CESPE - 2011 - PC-ES - ESCRIVÃO DE POLÍCIA - ESPECÍFICOS) O concurso de pessoas, no sistema penal brasileiro, adotou a teoria monística, com temperamentos, uma vez que estabelece certos graus de participação, em obediência ao princípio da individualização da pena. Certo ou Errado? CORRETA: Conforme estudamos, o nosso CP adotou a teoria monista no concurso de pessoas, de forma que todos aqueles que cooperam para a prática do delito, por ele respondem, nos termos do art. 29 do CP. No entanto, o CP determina que a pena de cada um dos agentes deve ser calculada na medida de sua culpabilidade, o que demonstra a adoção de uma teoria monista mitigada, ou temperada. 05 - (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - ÁREA DE DIREITO) Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 48 A teoria do domínio do fato é aplicável para a delimitação de coautoria e participação, sendo coautor aquele que presta contribuição independente e essencial à prática do delito, mas não obrigatoriamente à sua execução. Certo ou Errado? CORRETA: A teoria do domínio do fato é uma teoria adotada pelo nosso sistema jurídico como complementação à teoria objetivo-formal, adotada como regra, pois a teoria objetivo-formal não explica satisfatoriamente a hipótese de autoria mediata. Assim, pela teoria do domínio do fato, autor é todo aquele que pratica conduta essencial ao delito, e possui o poder de definir o seu destino, sua ocorrência ou não. 06 - (CESPE - 2010 - DPU - DEFENSOR PÚBLICO) Em caso de concurso formal de crimes, a pena privativa de liberdade não pode exceder a que seria cabível pela regra do concurso material. Certo ou Errado? CORRETA: Esta é a previsão do art. 70, § único do CP, pois no concurso formal se adota, em regra, o sistema da exasperação na aplicação da pena, como forma de beneficiar o réu em razão do menor desvalor de sua conduta. No entanto, se esse sistema se mostrar mais gravoso ao infrator, deverá ser aplicado o sistema do cúmulo material. Trata-se do FKDPDGR�³F~PXOR�PDWHULDO�EHQpILFR´� 07 - (CESPE - 2009- AGU - ADVOGADO) No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um deles, isoladamente. Certo ou Errado? CORRETA: Esta é a previsão literal do art. 119 do CP: Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, isoladamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Lembrando que pela súmula n° 497 do STF, a prescrição nos Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 48 crimes continuados é calculada com base na pena aplicada, sem o quantum de exasperação aplicado. 08 - (FCC - 2011 - TCE-SP - PROCURADOR) Em matéria de concurso de pessoas, é correto afirmar que A) coautores são aqueles que, atuando de forma idêntica, executam o comportamento que a lei define como crime. ERRADA: Embora seja coautor todo aquele que pratica o comportamento definido como crime, não é necessário que a conduta seja idêntica, pois pode haver hipótese de coautoria funcional, na qual os agentes praticam condutas diversas, que se complementam. B) partícipe é aquele que, também praticando a conduta que a lei define como crime, contribui, de qualquer modo, para a sua realização. ERRADA: O partícipe não pratica a conduta descrita no núcleo do tipo; C) é possível a coautoria nos crimes de mão própria. ERRADA: Nos crimes de mão própria não se admite coautoria, em razão de o crime dever ser praticado especificamente por determinada pessoas; D) é admissível a coautoria nos crimes próprios, desde que o terceiro conheça a especial condição do autor. CORRETA: Nos crimes próprios é plenamente possível a coautoria, desde que o outro agente tenha pleno conhecimento da condição do outro coautor. E) é inadmissível a participação nos crimes omissivos próprios. ERRADA: Nos crimes omissivos próprios se admite a participação moral, quando, por exemplo, alguém induz outra pessoa a se omitir. 09 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA - PROCESSUAL) Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 48 Maria, enfermeira, por ordem do médico João, ministrou veneno ao paciente, supondo tratar-se de um medicamento, ocasionando-lhe a morte. Nesse caso, A) não há concurso de agentes, mas apenas um autor mediato, pela realização indireta do fato típico. B) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria co- autora. C) há concurso de agentes, sendo João autor principal e Maria partícipe. D) há concurso de agentes, figurando tanto João como Maria na condição de autores. E) há concurso de agentes, figurando Maria como autora e João como co-autor. COMENTÁRIOS: Nesse caso, há autoria mediata, pois o Médico João se valeu de uma pessoa sem culpabilidade (obediência hierárquica) para praticar um delito. Assim, não há que se falar em concurso de agentes, de forma que a alternativa correta é a letra A. 10 - (FCC - 2007 - MPU - ANALISTA ADMINISTRATIVO) José instigou Pedro, agindo sobre a vontade deste, de forma a fazer nascer neste a idéia da prática do crime. João prestou auxílio a Pedro, emprestando-lhe uma arma para que pudesse executar o delito. José e João são considerados, tecnicamente, A) co-autores. B) autores. C) Partícipes. D) partícipe e co-autor, respectivamente. E) co-autor e partícipe, respectivamente. Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 48 COMENTÁRIOS: Nesse caso, ambos apenas auxiliaram (moralmente e materialmente) o autor a praticar o delito, motivo pelo qual são considerados partícipes do crime. Assim, a alternativa correta é a letra C. 11 - (FCC - 2008 - MPE-CE - PROMOTOR DE JUSTIÇA) Nos chamados crimes monossubjetivos, A) o concurso de pessoas é eventual. B) o concurso de pessoas só ocorre no caso de autoria mediata. C) o concurso de pessoas é necessário. D) não há concurso de pessoas. E) há concurso de pessoas apenas na forma de participação. COMENTÁRIOS: Nos crimes monossubjetivos, em regra o delito é praticado por um único agente, não sendo necessária a pluralidade de agentes. Portanto, nestes crimes (que são a regra), o concurso de agentes é meramente eventual. Assim, a alternativa correta é a letra A. 12 - (FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 - PRIMEIRA FASE (OUT/2011) As regras do concurso formal perfeito (em que se adota o sistema da exasperação da pena) foram adotadas pelo Código Penal com o objetivo de beneficiar o agente que, mediante uma só conduta, praticou dois ou mais crimes. No entanto, quando o sistema da exasperação for prejudicial ao acusado, deverá prevalecer o sistema do cúmulo material (em que a soma das penas será mais vantajosa do que o aumento de uma delas com determinado percentual, ainda que no patamar mínimo). Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 48 A essa hipótese, a doutrina deu o nome de A) concurso material benéfico. B) concurso formal imperfeito. C) concurso formal heterogêneo. D) exasperação sui generis. COMENTÁRIOS: Quando a conduta, por si só, seja hipótese de concurso formal, mas o cálculo de aplicação da pena pelo sistema da exasperação (art. 70 do CP) se demonstrar mais prejudicial que o cálculo de aplicação pelo sistema do cúmulo material (art. 69 do CP), o art. 70, § único do CP, determina que aplica-se o sistema do cúmulo material. Vejamos: Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) A esse sistema foi dado o nome de cúmulo material benéfico (concurso material benéfico). Portanto, a alternativa CORRETA É A LETRA A. 13 - (FGV - 2010 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 - PRIMEIRA FASE (SET/2010) Com relação ao concurso de delitos, é correto afirrmar que: Direito Penal ʹ TRF 3º REGIÃO (2013) ʹ PÓS-EDITAL TÉCNICO JUDICIÁRIO ʹ ÁREA ADMINISTRATIVA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo ʹ Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 48 A) no concurso de crimes as penas de multa são aplicadas distintamente, mas de forma reduzida. B) o concurso material ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes com dependência fática e jurídica entre estes. C) o concurso formal
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