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11/04/2016 1 Microbiologia do ar Vera Lúcia dos Santos Composição da atmosfera 79% de nitrogênio, 21% de oxigênio, 0,034% de dióxido de carbono e outros gases (neônio, argônio e hélio). partículas de pó e água (sob forma de vapor líquido ou cristais de gelo) Atmosfera é dividida em regiões definidas por temperatura Max e Min. Condições físicas e químicas da troposfera Temperatura diminui com o aumento da altura (-43 a -83 ° C no topo). Pressão atmosférica diminui com o aumento da altura e, assim, [O2] pode ser baixa para a respiração aeróbia. Recursos (concentrações de CO2, substratos orgânicos, nutrientes, água) são escassos para suportar o crescimento. A radiação UV pode ser letal As condições físico-químicas da atmosfera não favorecem crescimento de sobrevivência dos microrganismos T e m p e ra tu ra , p re s s ã o a tm o s fé ri c a , C o n c e n tr a ç ã o d e o x ig ê n io l iv re Nuvens suporta crescimento : concentração de água, luz e CO2, e nutrientes do núcleo de condensação Áreas industriais apresentam altas concentrações de compostos orgânicos: heterotróficos Movimento através do ar representa uma importante via para a dispersão de micro-organismos: microrganismos do solo e da água entram e ficam na atmosfera até encontrar outro ecossistema favorável Várias agentes de doenças virais, bacterianas e fúngicas estão espalhadas pela atmosfera; focos de doenças provenientes desses micro-organismos muitas vezes seguem ventos dominantes. Alguns micro-organismos têm evoluído adaptações que favorecem a sua sobrevivência e dispersão pela atmosfera. A atmosfera como habitat e meio para a dispersão de microrganismos Esporos ou estruturas de repouso podem entrar na atmosfera na forma seca ou em aerossóis e percorrer grandes distâncias. 1012 esporos/corpo de frutificação/ano: garantir dispersão e sobrevivência paredes espessas (dessecação), pigmentados (UV), tamanho pequeno, baixa densidade (suspensão por longo tempo), formas aerodinamicas O fato de que muitos micro-organismos parecem ser ubíquos na natureza é em grande parte devido à eficácia do transporte aéreo. Adaptações para sobrevivência e dispersão pela atmosfera Dispersão dos esporos Liberação passiva: esporos secos e micélios aéreos, liberados a partir dos corpos de frutificação por correntes de convecção, impacto de gotas d’água (chuva) Movimento maior = alta velocidade do vento e menor a umidade 11/04/2016 2 o Passiva - Basidiomicetos o Via impacto (ninho de pássaro) o Ferrugens (passiva com o vento) Dispersão dos esporos Dispersão Ativos: Grupo de esporos de Pilobolus é ejetado quando um vacúolo na base do esporângio se torna túrgido (aumento da pressão osmótica)- jato de água – distância de 1 a 2m Dispersão Ativos: Sphaerobolus- basidiósporos são liberados quando uma camada interna túrgida de hifas vegetativas vira ao avesso, propelindo a massa de esporos esféricos a diversos metros de distância. Microbiologia do ar flora microbiana do ar: transitória e variável; o número e o tipos de agentes contaminantes do ar são determinados pelas várias fontes de contaminação existentes no ambiente; podem ser encontrados em suspensão, em material particulado e gotas de água; transporte: através de ventos, massas de ar e turbulências da atmosfera; Bioaerossóis superfície da Terra representa a principal fonte dos micro-organismos. Microorganismos do Ar Externo (Atmosfera) algas, protozoários, leveduras, bolores e bactérias; fungos predominantes: Cladosporium, Alternaria, Penicillium, Aspergillus, Pullularia e Agaricus; Esporos de fungos filamentosos constituem a maior parte da microflora aérea; Bactérias: bacilos Gram-positivos esporulados (Bacillus) e não-esporulados (Kurthia), bacilos Gram negativos (Alcaligenes) e cocos Gram-positivos (Micrococus e Sarcina); Leveduras e actinomicetos têm sido detectados em alguns locais, mas em baixa porcentagem. Intensidade da contaminação microbiana é influenciada por mecanismos de dispersão a partir da superfície da Terra, a hora do dia, a estação do ano, situações de ordem climática. 11/04/2016 3 Microorganismos do Ar Externo (Atmosfera) instalações industriais, agrícolas e municipais que produzem aerossóis microbianos: Irrigação de lavouras com efluentes de esgoto, mediante o uso de burrifadores; Filtros gotejadores de estação de tratamento de esgotos; Matadouros e instalações de distribuição; Escavação de solos contaminados Demolição de edifícios Incineradores mal operados e estações de tratamento de composto orgânico e lodo de esgoto. Liberação instantânea e contínua Dispersão de micro-organismos/ ambientes internos Qualquer dispositivo capaz de produzir gotículas e aerossóis: Sistemas de ventilação mecânica Nebulizadores e vaporizadores Chuveiros, banheiras de hidromassagem Superfícies molhadas ou úmidas colonizadas (paredes molhadas e outras estruturas em edifícios) Aspiração ou andar em carpetes e tapetes Os seres humanos e outros animais: tosse e espirros Bioaerossóis Mistura de partículas sólidas ou líquidas no ar contendo partículas inteiras ou partes de materiais biológicos. Materiais biológicos incluem patógenos humanos, subprodutos ou partes tóxicas ou alérgicas de micro- organismos, parte de ácaros da poeira ou fezes, pêlos de animais, saliva seca e produtos de resíduos animais Faixa: 0,02-100 m ( 2-10, faixa de tamanho de maior preocupação). Composição das partículas varia com a origem e as condições ambientais: -Partículas podem conter quantidades variadas de água, algumas são partículas coloidais do solo, vegetação, Vírus, bactérias e fungos (esporos e hifas) em aerossóis, devido ao tamanho pequeno. Microorganismos do Ar Interno Micro-organismos: expelidos em gotículas do nariz e da boca durante o espirro, tosse, ou até mesmo pelo ato de falar. dimensões das gotículas: faixa micrométrica: podem permanecer em suspensão durante um tempo, Partículas com tamanho menor que 1µm não sedimenta. faixa milimétrica: depositam rapidamente, como poeiras, em diversas superfícies Etapas da transmissão emissão; transporte de aerossol; interação partícula-ar; e inalação e deposição de partículas no trato respiratório. Conhecimentos da fisiologia do sistema respiratório humano, da bioquímica do trato respiratório, da microbiologia, da dinâmica de aerossóis, do escoamento em ambientes condicionados, entre outros. 11/04/2016 4 Transporte de partículas do ar Transporte ou dispersão: energia cinética provida pelo movimento do ar é transferido para partículas, resultando em movimento de um ponto a outro. Micro-organismos: submicroescala e microescala Mesoescala e macroescala: viroses, esporos, endosporos Ex:Coliformes em aerossóis: ETE cerca de 1,2 Km Transporte de bioaerossóis Tempo Distância submicroescala < 10 min < 100m Microescala 10-60 min 100m-1 Km Mesoescala dias 1-100 Km Macroescala dias > 100 Km GRAVITACIONAL DIFUSÃO MOLECULAR Etapas da transmissão Deposição Gravitacional: lei de Stokes: velocidade de uma partícula depende de seu tamanho, densidade, gravidade e da viscosidade do ar Difusão molecular: as correntes de ar natural e turbilhões com sentido descendente, devido à gravidade Impactação: Perda de energia cinética devido ao impacto, resultando em movimento ou depósito Microorganismos do Ar Interno (ambiente fechado) fatores determinantesdo grau de contaminação do ar: taxas de ventilação, número de pessoas que ocupam o ambiente, natureza e grau de atividade exercida por esses indivíduos. O risco de bactérias em banheiros Microorganismos fecais são ejetados dos sanitários e mictórios para a atmosfera durante a descarga, e depositados nas superfícies do banheiro • Uma ventilação inadequada aumenta o acúmulo de bactérias • Patógenos microbianos podem ser transmitidos através de banheiros compartilhados. O risco de bactérias em banheiros Micro-organismos por metro cúbico: arrumação de camas num hospital 100.000 atividade matutina normal 60.000 cantina militar lotada 12.500 refeitório de 74 m2 3.000 escritório 3.000 loja 500 ar fresco ao redor de cidade 300 Doenças humanas veiculadas pelo ar 11/04/2016 5 Concentração de micro-organismos no ar em ETE tanque de aeração bactéria (ufc/ml) coliformes totais 450.000 estreptococos fecais 4.500 micobacteria 59.000 Pseudomonas 1.500 vírus (ufp/ml) colifagos 690 enterovírus 0,5 Fatores que contribuem para a taxa de inativação do micro-organismo no ar Umidade relativa Temperatura Radiação (associação com partículas, pigmentação, reparo de DNA) Técnicas de análise microbiológica do ar O método de sedimentação é a coleta passiva de contaminação viável no ar por deposição em uma placa. Os métodos de impactação e filtragem - técnicas de amostragem ativa e exigem a coleta de um volume de ar conhecido. Equipamentos de impacto líquido Equipamentos de impacto sólidos Técnica da sedimentação em placa técnica muito utilizada, porém não se pode avaliar o volume de ar que foi efetivamente analisado; somente os micro-organismos presentes no ar que possuem certas dimensões poderão ser retidos com o uso de várias placas; obtém-se uma estimativa aproximada da contaminação aérea e dos tipos de micro-organismos presentes numa determinada área. Aparelhos de impacto sólido – Coletores do tipo crivo essa técnica permite medir o volume de ar amostrado e não é indicada para amostras de ar muito contaminadas. os microrganismos são colhidos diretamente na superfície sólida de um meio a base de agar ou de membranas filtrantes; inclusão da amostra desenvolvimento de colônias de micro-organismos. AR MEIO DE CULTURA PLACA DE PETRI No do Estágio Tamanho do poro (m) Velocidade: (m/sec) Estágio 1 >11 1,079 Estágio 2 7,0 – 11,0 1,795 Estágio 3 4,7 – 7,0 2,969 Estágio 4 3,3 – 4,7 5,276 Estágio 5 2,1 – 1,1 18,873 Estágio 6 0,65 – 1,1 23,287 AMOSTRADOR DE ANDERSEN 11/04/2016 6 Faringe 3 o Estágio - Partículas de 3,3 a 4,7 µm Traquéia 1 o Estágio - Partículas > 7µm 2 o Estágio - Partículas de 4,7 a 7 µm 4 o Estágio - Partículas de 2,1 a 3,3 µm 5 o Estágio - Partículas de 1,1 a 2,1 µm 6 o Estágio - Partículas de 0,65 a 1,1 µm Brônquios Bronquíolos terminais Alvéolos Sistema respiratório AMOSTRADOR DE ANDERSEN Aparelhos de impacto sólido – Amostrador automático de ar (SAS) sistema portátil ar é aspirado num amostrador, a uma velocidade e tempo pré- fixados, através de um sistema móvel, que contém em seu interior uma placa de Petri (com meio de cultura especifico); a placa é retirada do aparelho, incubada-contagem. Spore Traps (armadilha de esporos) Amostra de 10-20 litros / minuto Partículas depositadas sobre a lâmina de vidro revestida ou fita adesiva Vantagens: não- seletiva, análise direta após a coleta Desvantagens: não avalia a viabilidade 11/04/2016 7 Técnica da membrana filtrante Coletor de impacto líquido (frasco Impinger ao frasco borbulhador) - Aparelhos de impacto liquido: Partículas contaminadas são coletada em meio liquido, onde os micro-organismos são retidos; - alíquotas do líquidos são cultivadas, a fim de se determinar o conteúdo microbiano. - tipo de coletor é o frasco Impinger (semelhante à técnica de membranas filtrantes). Impingers Controle de microorganismos do ar Medidas de controle de micro-organismos no ar dependem muito da finalidade a que se destinam; ambientes fechados: simples circulação do ar microbiologia industrial, processos aeróbicos: mecanismos de esterilização ou de desinfecção e filtração do ar/reatores. Controle de microorganismos do ar Ambiente hospitalar: desinfecção e limpeza prevenir a dispersão Controle da circulação do ar/ventilação e filtração inativação por agentes físicos: calor, irradiação inativação por agentes químicos (vaporização/nebulização: acido hipocloroso, óxido de etileno) 11/04/2016 8 Filtração camada porosa, que permitem a filtração de grandes quantidades de ar; sistema de fluxo laminar eficaz na remoção de partículas tão pequenas como 0,3 μm Fibrosos - material cujas fibras são orientadas aleatoriamente, criando poro: Fibra de vidro Membrana- Ésteres de celulose, PVC, PTFE, nylon, gelatina Discos ou membranas- furos ou poros Prata, óxido de alumínio, policarbonato (mais usados para coleta do ar) Legislação Portaria No 3.523, de 28 /08/1998 Ministério da Saúde Aprovar Regulamento Técnico contendo medidas básicas referentes aos procedimentos de verificação visual do estado de limpeza, remoção de sujidade por métodos físicos e manutenção do estado de integridade e eficiência de todos os componentes dos sistemas de climatização, para garantir a Qualidade do Ar de Interiores e prevenção de riscos a saúde dos ocupantes de ambientes climatizados. Legislação Portaria No 3.523, de 28 /08/1998 Ministério da Saúde Determinar que serão objeto de Regulamento Técnico a ser elaborado por este Ministério, medidas específicas referentes a padrões de qualidade de ar em ambientes climatizados, no que diz respeito a definição de parâmetros físicos de composição química do ar de interiores, a identificação dos poluentes de natureza física, química e biológica, suas tolerâncias e métodos de controle, bem como pré-requisitos de projetos de instalação e de execução de sistemas de climatização. Orientação técnica sobre padrões referenciais de qualidade do ar interior em ambientes climatizados artificialmente de uso público e coletivo - RESOLUÇÃO -RE NO 9, DE 16 DE JANEIRO DE 2003 - ANVISA Padrões Referenciais 1. O valor máximo recomendável - VMR, para contaminação microbiológica deve ser 750 ufc/m3 de fungos, para a relação I/E: 1,5, onde I é a quantidade de fungos no ambiente interior e E é a quantidade de fungos no ambiente exterior. 1.1. Quando VMR for ultrapassado ou a relação I/E for >1,5, é necessário fazer um diagnóstico de fontes para uma intervençaõ corretiva. 1.2. É inaceitável a presença de fungos patogênicos e toxigênicos Sistemas de ar condicionado em relação ao tipo de tratamento do ar Ar condicionado comum, sem filtros de alta eficiência ou controle de trocas de ar; Sistema central com plenum (do inglês conventional plenum mixing), com filtros HEPA10, 16 a 20 trocas de ar/hora, com pressão positiva de entrada de ar, regulagem detemperatura e umidade. contagem de bactérias geralmente se encontra entre 50 e 150 UFC/m3, podendo ser maior dependendo do número de pessoas e a atividade realizada no ambiente . Ar ultra limpo ou fluxo laminar, que re-circula volumes excessivos de ar estéril através de filtros HEPA, promovendo 400 a 500 trocas de ar/hora. Contagem de bactérias geralmente menor do que 10 UFC/m3 Consulta Pública 109 de 11 dedezembro de 2003 – ambientes de saúde Classifica os ambientes hospitalares em 4 níveis de risco e os padrões de referência para contaminação micorbiológica. \ nível 0 corresponde à “área onde o risco não excede aquele encontrado emambientes de uso público e coletivo”. Uma UTN, a área coletiva de uma UTI e salas de cirurgia se enquadrariam no nível 2. de internação de imunodeprimidos e salas de cirurgia especializada (ortopedia, neurologia, cardiologia, transplante) se enquadrariam no nível 3. Nenhum ambiente é aceita a presença de microorganismos potencialmente agressores com transmissão comprovada por via ambiental, exceto por locais onde estãoisolados pacientes que sofrem infecção por estes organismos
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