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Princípio da relatividade dos efeitos do contrato

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Funda-se tal princípio na ideia de que os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua 
vontade, vinculando-os ao seu conteúdo sem afetar terceiros nem seu patrimônio. Mostra-se ele coerente com o modelo clássico 
de contrato, que objetivava exclusivamente a satisfação das necessidades individuais e que, portanto, só produzia efeitos entre 
aqueles que o haviam celebrado, mediante acordo de vontades. Em razão desse perfil, não se poderia conceber que o ajuste 
estendesse os seus efeitos a terceiros, vinculando-os à convenção. Essa a situação delineada no art. 928 do Código Civil de 1916, 
segundo o qual a obrigação operava somente entre as partes e seus sucessores, a título universal ou singular. Só a obrigação 
personalíssima não vinculava os sucessores. Eram previstas, no entanto, algumas exceções expressamente consignadas na lei, 
permitindo estipulações em favor de terceiros, reguladas nos arts. 436 a 438, comuns nos seguros de vida e nas separações judiciais 
consensuais, bem como nas convenções coletivas de trabalho, por exemplo, em que os acordos feitos pelos sindicatos beneficiam
toda uma categoria. Essa visão, no entanto, foi abalada pelo Código Civil de 2002, que não concebe mais o contrato apenas como 
instrumento de satisfação de interesses pessoais dos contraentes, mas lhe reconhece uma função social. Tal fato tem como 
consequência, por exemplo, possibilitar que terceiros que não são propriamente partes do contrato possam nele influir, em razão 
de serem por ele atingidos de maneira direta ou indireta. Nessa conformidade, a nova concepção da função social do contrato 
representa, se não ruptura, pelo menos abrandamento do princípio da relatividade dos efeitos do contrato, tendo em vista que 
este tem seu espectro público ressaltado, em detrimento do exclusivamente privado das partes contratantes.
Princípio da relatividade dos efeitos do contrato
sábado, 30 de abril de 2016 22:18
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