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Iluminação Comercial A história da OSRAM está intimamente ligada à história da humanidade, suas relações e descobertas quanto à iluminação, pois sempre teve como meta o novo... o futuro. Isso só foi e é possível porque a OSRAM tem paixão por iluminação inteligente e busca ver o mundo em uma nova luz. Por isso, fornece esse bem, de forma responsável, para a população de mais de 159 países em todos os continentes. Em 1910, a empresa criou as lâmpadas incandescentes com filamentos de tungstênio, mas, desde então, os investimentos em pesquisa resultaram em novas tecnologias, como luzes que transportam dados e vozes a qualquer lugar no planeta, curam bebês, eliminam cicatrizes, purificam o ar e a água, além dos LED’s (diodo emissor de luz). No Brasil, a OSRAM está presente desde 1922 e sempre contribuiu para o desenvolvimento sócioeconômico do país. Em 1955, iniciou a fabricação nacional de lâmpadas no município de Osasco, na área metropolitana de São Paulo. Hoje, a OSRAM se caracteriza como a empresa mais especializada do mundo na área de iluminação. Tem uma vasta quantidade de patentes, trabalhos científicos e prêmios internacionais que garantem um portfólio com cerca de cinco mil tipos de lâmpadas. Ao mesmo tempo, sua atuação reflete um engajamento incondicional na preservação do meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas em todo o mundo. Apresentação Curso de Iluminação Comercial Para auxiliar o trabalho de Arquitetos, Designers de Interiores e demais profissionais interessados em luz, a OSRAM coloca à disposição o Curso de Iluminação Comercial. A proposta deste curso é discutir as diferentes estratégias de iluminação de um espaço e seus objetos, evitar erros freqüentes na escolha das lâmpadas e posicionar corretamente os pontos de luz, valendo-se da geometria da arquitetura. O curso leva ao treino do olhar, para que os profissionais tenham uma visão crítica do espaço, para selecionar os efeitos de luz desejados de acordo com as intenções do projeto, suas ilusões, suas atmosferas e o impacto que a arquitetura deve provocar no observador. São apresentadas as rotinas de um projeto de iluminação comercial, exemplificadas com aplicações de diferentes técnicas em lojas, vitrines, escritórios, bares e restaurantes. Para alcançarmos o objetivo de sempre iluminar melhor. INTRODUÇÃO Capítulo 1 Fundamentação do projeto 1.1 Luz é informação 1.2 Dramaticidade e performance 1.3 O projeto arquitetônico 1.4 Fundamentação do conceito 1.5 Soluções de iluminação Capítulo 2 Objetivos do projeto 2.1 As idéias do partido arquitetônico 2.2 Os elementos-chave do projeto 2.3 As ilusões que se pretende criar através da iluminação 2.4 Ambiência e atmosfera que se pretende criar 2.5 O compromisso com o meio ambiente Capítulo 3 Estratégias de composição de projeto 3.1 Identificação da procedência da luz 3.2 Iluminação do ambiente 3.3 Planta de teto refletido 3.4 Quantidade de luminárias CAPÍTULO 4 Iluminação de ambientes comerciais 4.1 Iluminação de lojas de departamento 4.2 Iluminação de lojas de produtos sofisticados 4.3 Iluminação de cafeterias e restaurantes 4.4 Iluminação de escritórios 4.5 Tendências da iluminação comercial Capítulo 5 Cases Tok&Stok Megastore Água Bar & Restaurante Escritório Comercial do IBQ Indústrias Químicas Ltda. Capítulo 6 Anexos Anexo 1 - Níveis de iluminância recomendados Anexo 2 - Recomendações para iluminâncias horizontal e vertical (resumido) Anexo 3 - Recomendações da norma NBR – 5413 ABNT Índice 10 11 12 14 15 18 19 20 22 25 26 33 38 39 41 41 42 43 44 46 49 53 56 57 58 08 De maneira geral, os serviços a serem desenvolvidos em um projeto seguem a seguinte ordem: 1. projeto arquitetônico; 2. projeto luminotécnico; 3. projeto elétrico e de instalações. I luminar adequadamente um ambiente comercial, obedecendo orientações técnicas, é fundamental a qualquer ponto-de-venda. A primeira preocupação de um proprietário deve ser fortalecer a imagem da empresa, valorizando a fachada do edifício ou dos produtos expostos em uma vitrine. As atenções também devem estar voltadas para o ambiente interno, que requer uma solução que avalie o tipo de serviço ou mercadoria comercializados e o perfil de seu público-alvo, como, por exemplo, um escritório de advocacia terá uma solução luminotécnica com um apelo diferente de uma agência de publicidade, assim como um projeto de iluminação de uma loja de roupas exigirá soluções que lidem com uma série de critérios diferentes de uma loja de jóias. Portanto, é importante avaliar o projeto como um todo antes de apresentar propostas de iluminação que se prestem a atender apenas uma parte do espaço, evitando, assim, que o resultado final fique defasado. Todo estabelecimento, independentemente de seu ramo comercial ou localização, necessita efeitos de luz capazes de criar uma identidade e, ao mesmo tempo, seduzir o consumidor. O projeto de iluminação deve definir os equipamentos e seu posicionamento anteriormente ao projeto de instalações elétricas, que finaliza o dimensionamento dos circuitos e o fechamento das cargas. Assim, o andamento da obra não é prejudicado e o cliente se abstém de revisar a instalação após sua execução. Introdução Fundamentação do projeto 09 Experiência Visual Luz é Informação Interface com a Arquitetura Interface com o Observador A luz não só viabiliza nossa visão, como também afeta nosso humor e senso de conforto, podendo tornar o ambiente agradável ou repulsivo. Os níveis de iluminância e as cores, o impacto da sombra e da penumbra, as nuances entre claro e escuro influenciam sensações momentâneas e determinam o ritmo de nossa vida. A luz é invisível, só a percebemos quando ela atinge uma superfície. Desse modo, o que vemos Fundamentação do projeto Capítulo 01 é o brilho dessas superfícies, e a maneira como elas são iluminadas, suas características como formas, texturas e dimensões são instrumentos de composição do projeto. Devemos entender a luz como recurso de informação, podendo revelar ao observador características dos elementos e objetos ou ocultá-los da cena, deixando-os na penumbra. 10 1.1 Luz é informação Elementos ou objetos iluminados são mais visíveis e entendidos como mais importantes, enquanto os menos importantes não são destacados. Dosando o brilho entre os vários elementos da arquitetura e do mobiliário, define-se a hierarquia dentro do espaço. Em um ambiente comercial, quanto maior o contraste entre o brilho dos objetos da cena (elementos da arquitetura e exposição), maior será o direcionamento do olhar para o elemento mais iluminado. Podemos afirmar, então, que o observador é atraído pelo brilho antes mesmo de reconhecer o produto iluminado. Loja Fause Haten Oscar Freire Projeto Luminotécnico: Franco & Fortes Lighting Design Neste caso, os calçados brilham mais que o fundo escuro da prateleira, criando uma impressão de sofisticação adequada ao perfil da loja. A iluminação periférica do expositor brilha no campo visual e intensifica o apelo da cena, atraindo o cliente até o expositor para contemplar os objetos destacados. Para criar a impressão de sofisticação em um projeto, maior deverá ser a diferença entre o brilho do produto e o brilho médio do ambiente. 11Fundamentação do projeto Restaurante Mr. Lam, Rio de Janeiro Projeto Luminotécnico: LD Studio A iluminação atrás do sofá faz uma referência à forma da arquitetura, valorizando-a. As esculturas são destacadas, enquanto as mesas são deixadasem segundo plano e iluminadas pela reflexão da luz nas superfícies. O ambiente tem grande contraste entre luz e sombra (dramaticidade), associado à baixa luminosidade, o que garante atmosfera acolhedora. 1.2 Dramaticidade e Performance A variação entre luz e sombra define o fator de dramaticidade do ambiente. Quanto maior esse contraste maior será o drama da cena. Desse modo, a sombra é muito importante para definir a atmosfera do local. Este fator de dramaticidade, e por sua vez a atmosfera, deve ser compatibilizado com o uso do espaço e também com as intenções do projeto, já que quanto maior o contraste entre os objetos iluminados e os não-iluminados, maior será a impressão de sofisticação do local e dos objetos em destaque. Entendemos a dramaticidade como o oposto da uniformidade, sendo esta última muito importante em locais onde se desempenham atividades e, conseqüentemente, necessita-se performance. Em um projeto comercial, há vários locais onde é importante garantir dramaticidade para definição da atmosfera: bares, restaurantes sofisticados, interior de lojas sofisticadas, vitrines e expositores. Enquanto em outros, a uniformidade é imprescindível para promover performance, evitar fadiga visual e sombras indesejadas, como: caixas, provadores de lojas, cozinhas (restaurantes) e escritórios. 12 É necessár io identif icar a quem o projeto deve ser vir, qual o per f i l do cl iente, qual o tema do projeto (uso do espaço) , quais as i lusões que se quer cr iar, qual a ambiência que será oferecida ao obser vador, em quais ambientes é necessár ia i luminação de contraste ou i luminação de per formance. 1.3 O Projeto Arquitetônico BankBoston São Paulo Projeto Luminotécnico: Esther Stiller Consultoria Ltda. Foram utilizadas luminárias diretas com aletas parabólicas para garantir uniformidade e performance em toda a extensão do ambiente de trabalho sem fazer referência à disposição do mobiliário. Para a solução escolhida, é preciso saber qual é o consumo de energia do sistema, se será de fácil manutenção, se proporcionará compatibilização da luz artificial com a luz natural. Enfim, todas as questões técnicas envolvidas, além das questões subjetivas que criarão uma resposta emocional no observador. Isso é o que torna um projeto de iluminação diferenciado e bem resolvido. 13Fundamentação do projeto Este papel revelador da luz deve ser fundamentado pelo arquiteto de iluminação. Logo abaixo, estão alguns destes efeitos: 1) Definição de forma: Planos e volumes iluminados 2) Valorização ou ocultação de textura: direção da luz 3) Criação de movimento: composição de fachos Casa noturna Carioca da Gema, Rio de Janeiro Projeto Luminotécnico: NTZ Iluminação Arquitetônica A textura da parede de tijolos foi evidenciada com luz rasante à superfície. Como os projetores utilizados possuem facho concentrado, o efeito verticalizador criou a ilusão de aumento do pé-direito do ambiente. 4) Definição de contraste: composição e abertura de fachos 5) Influência no humor: ambiência e atmosferas 6) Alteração da geometria e criação de ilusão: sistemas de iluminação 7) Definição de hierarquia: relação entre o brilho dos elementos 14 Boa Iluminação Performance Visual Co nf or to V is ua l A m b iência Forma 3D Limitação de Ofuscamento Uniformidade entre SuperfíciesDireção da Luz (texturas) Temperatura da Cor Índice de Reprodução de Cores (IRC) Iluminância 1.4 Fundamentação do conceito Independente de ser um projeto comercial ou residencial, o primeiro passo é elaborar um conjunto de idéias que darão diretrizes ao projeto de iluminação. Essas referências, todas fundamentadas com as intenções do projetista e com a arquitetura, irão organizar as soluções da iluminação e selecionar quais as melhores estratégias para atingir os objetivos propostos. Caso o projeto de iluminação não seja bem fundamentado, o profissional terá dificuldade para selecionar quais efeitos serão utilizados e corre o risco de criar confusão visual ao invés de viabilizar a clareza de informações. No decorrer do desenvolvimento de um projeto, surgirão novas idéias e alternativas de iluminação, sendo que o profissional pode ficar em dúvida quanto à aplicação de cada uma delas. Neste caso, deve-se recorrer aos objetivos do projeto para eliminar a solução conflitante. Tudo deve estar de acordo com os ideais do projeto, seu partido, e com a impressão que queremos que o observador tenha do espaço (ilusões e condicionantes de conforto). Evitar ofuscamento, através da correta escolha e posicionamento das fontes, é requisito básico para promover condições mínimas de conforto para o desenvolvimento das atividades em um espaço. Porém, a rigidez com que resolvemos este item está vinculada à tipologia do projeto, por exemplo: em um bar, o ofuscamento é um item menos importante que a escolha da temperatura de cor das lâmpadas Diagrama da boa iluminação Fonte: Fördergemeinschaft Gutes Licht 15Fundamentação do projeto (responsáveis pela definição da atmosfera), enquanto em um escritório, seria o contrário, pois a performance é um item indispensável para garantir produtividade. Podemos utilizar o diagrama ao lado para auxiliar a definição dos critérios mais relevantes em um projeto, dividindo-os da seguinte maneira: 1) Ambiência: a impressão que queremos que o observador tenha do espaço. É influenciada pela modelagem das formas tridimensionais (contraste e dramaticidade), pela direção da luz, que pode valorizar ou ocultar texturas, e pela temperatura de cor das lâmpadas, que é uma condicionante da atmosfera do ambiente; 2) Performance: a agilidade no desenvolvimento d e t a r e f a s e m u m e s p a ç o o u a f a c i l i d a d e no reconhecimento de detalhes de um objeto. A performance é influenciada pela iluminância do local e pelo controle antiofuscamento dos equipamentos, que evita fadiga visual e perda de atenção (desvio do olhar); 3) Conforto visual: associa-se à performance e ambiência em diferentes graus de importância, dependendo do projeto. É influenciado pela uniformidade entre as superfícies iluminadas (ausência de contrastes) e pelo índice de reprodução de cores, que evitará distorções nos produtos em exposição. 1.5 Soluções de iluminação Iluminação Geral ou Ambiente Esta solução tem um vínculo muito forte com a arquitetura e seus elementos (paredes, teto, nichos, volumes, etc.), pois é a luz que vai revelar os detalhes do ambiente e pode ser responsável pela criação de ilusões espaciais, como distorções de geometria. A iluminação geral fornece luz de preenchimento ao espaço proveniente de luminárias de facho aberto, sancas e outras soluções de iluminação que trabalham com luz refletida em uma superfície (teto ou parede). Supermercado Ambiente iluminado exclusivamente com luminárias de lâmpadas fluorescentes embutidas no forro. Todo o espaço é iluminado da mesma forma, com grande uniformidade. A paginação das luminárias em linha contínua cria a ilusão de que o local é mais longo e define um direcionamento além do campo visual. 16 A impressão de luminosidade em um ambiente está diretamente ligada à emissão de luz difusa, que, na maioria das vezes, está relacionada à solução de iluminação geral. Trata-se de uma luz funcional, que garante iluminância e uniformidade mínimas para o comercial, e sua intensidade fica a critério do uso do espaço e da atmosfera escolhida. Um ambiente iluminado exclusivamente com luz geral pode ficar sem apelo ou sem referências fortes relacionadas ao brilho dos elementos, porém, ela é muito importante para viabilizar performancevisual. Iluminação de Destaque Esta solução tem uma relação muito forte com os elementos em exposição: manequins, objetos à venda, quadros e esculturas. Ela resolve pontualmente os objetos a serem destacados no campo visual, porém não faz referência à arquitetura, ou seja, influencia pouco a ambiência e não cria ilusões. Na maioria das vezes, a iluminação de destaque não é capaz de resolver todo o espaço, sendo necessária a utilização de sistemas que propor- cionem luz ambiente para garantir um equilíbrio. Loja Hallhuber, Alemanha. Iluminação de destaque em vitrine. Os projetores iluminam os manequins funcionalmente sem fazer referência aos elementos da arquitetura. 17Fundamentação do projeto Iluminação Setorizada Neste caso, os equipamentos de iluminação são usados pontualmente e, na maioria das vezes, instalados no mobiliário, como: luminárias de leitura em mesas de trabalho, gôndolas iluminadas (supermercados) ou displays iluminados (lojas). Essas soluções têm o objetivo de aumentar a iluminância nesses pontos, diminuindo a demanda do sistema de luz ambiente e, conseqüentemente, baixando o consumo de energia. Além disso, criam grande atratividade ao local iluminado através de seu destaque no entorno. Iluminação Decorativa Esta solução tem um apelo mais decorativo do que revelador, pois não influencia muito na iluminação ambiente ou nos destaques. Ela tem o objetivo de criar impacto visual em um determinado elemento ou objeto, por exemplo, através de simulações de troca de cor (RGB) ou projeção de texturas (gobos). Efeito RGB dinâmico aplicado em vitrine. O painel de fundo da vitrine funciona como um atrativo, trocando de cor automaticamente, porém não influencia no destaque frontal dos manequins para não distorcer as cores das roupas. Luminária de leitura em mesa de trabalho 18 Objetivos do Projeto Capítulo 02 As idéias que definem os objetivos do projeto podem ser fundamentadas seguindo a sequência de temas que veremos abaixo: 2.1 As idéias do partido arquitetônico O conjunto de idéias que organiza e sustenta o projeto compõe o Partido Arquitetônico. Essa denominação informa onde nasce o projeto. O projeto de iluminação utiliza essas idéias para sua fundamentação, estabelecendo u m d i á l o g o c o m a a r q u i t e t u r a e c r i a n d o uma unidade. Esse laço facilitará a leitura do espaço e será responsável pela valorização da arquitetura, seus objetivos e suas ilusões. Por exemplo, em um projeto que defina simetria, a distribuição das luminárias no forro deverá fazer referência a essa sugestão da arquitetura. Já em uma situação em que a arquitetura define direcionamento, pode-se sugerir que o projeto de iluminação evidencie o caminho. O estilo da arquitetura também será referência para a fundamentação do projeto de iluminação. Além do respeito a um critério do espaço (minimalista, rebuscado, clássico, etc. ) , o des ign das luminár ias deverá atender ao conceito adotado. Megastore Tok&Stok, São Paulo Displays de cadeiras e mesas Projeto Luminotécnico: Franco & Fortes Lighting Design Enquanto os ambientes demonstrativos são iluminados com alguma liberdade, a circulação tem um tratamento diferenciado (forro rebaixado) e repetitivo, produzindo um efeito de balizamento que auxilia o cliente a ter uma referência espacial na loja, conduzindo-o aos demais espaços de exposição. 19Objetivos do Projeto 2.2 Os elementos-chave do projeto Teatro Armani, Milão - Itália Projeto: Tadao Ando Architect & Associates A iluminação contínua ao longo da parede curva insere o elemento arquitetônico na cena. Além de funcionar como a principal alternativa de iluminação do espaço, em conjunto com o nicho iluminado existente no piso junto à parede contrária, esta solução fortalece a imagem da arquitetura estabelecendo uma unidade. As luminárias embutidas no forro, respeitando o eixo da entrada, criam forte direcionamento e convidam o observador a ingressar no edifício. Neste momento é preciso identificar no projeto quais elementos arquitetônicos têm maior destaque dentro do campo visual, ou seja, quais planos, volumes ou formas são mais visíveis no espaço. Esses elementos serão responsáveis pela impressão que teremos do espaço e influenciarão o apelo visual do projeto. Por exemplo, em um escritório muito amplo e com pé-direito baixo, o teto é mais notado que as paredes e, assim, torna-se o elemento dominante na cena, podendo alterar o modo como compreendemos o espaço quando iluminado. Já em um ambiente onde há uma grande parede sem aberturas e de frente para a entrada principal, ela se torna um possível elemento de composição do projeto devido à sua importância no campo visual. O reconhecimento desses elementos depende da sensibilidade do profissional e sua valorização estabelece uma hierarquia no projeto, isto é, objetos ou elementos de maior destaque (mais iluminados) serão entendidos como de maior importância no espaço, sobrepondo-se aos outros (menos iluminados). Essa relação hierárquica entre os elementos de maior e menor brilho é responsável pelo direcionamento do olhar (atratividade) e define a facilidade com a qual o observador entende o espaço, além de influenciar o grau de 20 2.3 As ilusões que se pretende criar através da iluminação Até mesmo um produto de segunda linha pode parecer atraente e sofisticado dependendo do destaque que receber com a iluminação, ou seja, a luz pode criar ilusão. Estamos acostumados com as possíveis influências que a iluminação tem sobre os objetos, já que são mais fáceis de identificar quando estamos próximos a eles ou os manuseamos. No entanto, os efeitos da luz na geometria da arquitetura são muito mais complexos para o observador e difíceis de identificar. Esta é uma das etapas compositivas do projeto que mais envolvem a sensibilidade do profissional de iluminação e o sucesso dela depende da correta identificação dos elementos mais importantes da arquitetura, discutidos anteriormente. Na maioria das vezes, a maneira como esses elementos serão iluminados é que será responsável pelas ilusões criadas no ambiente. Para criar ilusões, o profissional deve se familiarizar com conceitos de espacialidade, partindo do princípio que cores claras ampliam o ambiente e cores escuras o reduzem. Dentro do universo da iluminação, definimos o brilho dos planos e podemos entender que planos iluminados ampliam o ambiente e planos não iluminados o reduzem. Por exemplo, em um projeto onde o plano do teto domina o campo visual do observador, ele é considerado o elemento arquitetônico mais influenciador na impressão que temos da geometria do espaço, sendo assim, será o objeto da cena que poderá mudar a impressão que temos do local, ou seja, criar ilusão. valorização e sofisticação. Caso essa hierarquia não seja bem resolvida, a cena se torna desequilibrada e os objetos menos atraentes. A compreensão do espaço também dependerá da paginação das luminárias, ou seja, o desenho da distribuição desses equipamentos no teto. Após a identificação dos elementos importantes no projeto, a sua valorização pode ser feita tanto pela luz quanto estabelecendo um eixo de distribuição de luminárias que acompanhe o seu desenho. Essa referência ao desenho do elemento mais importante cria uma unidade dentro do projeto, fortalecendo a arquitetura e facilitando a compreensão do espaço. Quando os elementos importantes fazem parte do mobiliário, o profissional deverá ter cautela se quiser criar um elo entre as luminárias e os objetos, porque, diferentemente da arquitetura, os móveis podem ser relocados facilmente, enquanto as luminárias não têm essa flexibilidade.Por exemplo, soluções de iluminação de mesas de apoio com luminárias embutidas no forro perderão a referência dentro do espaço caso os móveis mudem de local. Se houver a possibilidade de escolha, por parte do profissional, entre fazer a referência da luminária com a arquitetura ou com o mobiliário, a melhor opção será posicionar a luminária com a arquitetura e estudar uma relocação do mobiliário para o mesmo eixo. Uma alternativa para iluminar objetos de mobiliário que não estejam dentro do alinhamento proposto pela arquitetura e não podem ser relocados, será o uso de luminárias soltas do teto, como pendentes, abajures ou pedestais. 21Objetivos do Projeto Escritório da Alterbrain Puntocom Holdings Projeto Luminotécnico: Franco & Fortes Lighting Design Solução diferenciada: as luminárias diretas e indiretas iluminam o teto e criam uma impressão de aumento do pé-direito. O componente de luz direta é controlado pelas aletas, evitando ofuscamento. Escritório da Eletropaulo Projeto Luminotécnico: Franco & Fortes Lighting Design Solução usual: as luminárias diretas com aletas parabólicas iluminam o ambiente com certa uniformidade, porém deixam o teto escuro criando a ilusão de rebaixamento do pé-direito. 22 2.4 Ambiência e atmosfera que se pretende criar O profissional deve escolher a ambiência e a atmosfera mais adequadas definindo o apelo visual do espaço. A ambiência é a interação da luz com a arquitetura, ou seja, como o observador entende o ambiente, a sua espacialidade, hierarquia, sofisticação, etc. A atmosfera é a resposta emocional do observador, ou seja, se o ambiente produz um efeito de relaxamento, intimidade, estimulação, etc. Essas duas questões são memorizadas mais facilmente pelo observador do que os detalhes de iluminação do local, como: design das luminárias e soluções decorativas. Por exemplo, assim que deixamos uma loja, lembramos qual era o tipo de projetor que havia no ambiente? No geral, não. O que fica memorizado pelas pessoas é se estava quente ou frio no interior do ambiente, se era claro ou escuro, se havia algum facho de luz ofuscando, se o provador era bem iluminado, enfim, as sensações que o observador vivenciou quanto estava no local. Deve ficar claro que o usuário do espaço memoriza sua resposta emocional e seu grau de conforto e satisfação, influenciados pela atmosfera, não apenas a expressão do design. Como vimos anteriormente, a atmosfera é fortemente influenciada pela relação entre o contraste (luz pontual, destaques) e a uniformidade (luz geral difusa). Sendo assim, para defini-la é necessário entender basicamente duas condicionantes de projeto relacionadas ao uso do espaço: dramaticidade e performance. O diagrama abaixo relaciona as principais condicionantes da resposta emocional que o observador terá no local. Pode-se entender como uma atmosfera relaxante aquela que tem baixa iluminância, relação entre o brilho dos elementos, ou seja, contrastes, e lâmpadas com baixa temperatura de cor. Já em uma atmosfera estimulante, há alta iluminância, uniformidade entre o brilho dos elementos da arquitetura e do mobiliário e lâmpadas com alta temperatura de cor. Essas questões devem ser definidas na etapa de fundamentação do projeto, pois orientam Temperatura de Cor (K) Relaxante ou Estimulante Atmosfera Iluminância Contraste e Uniformidade quais soluções serão mais adequadas para atingir os objetivos tanto relacionados ao apelo da arquitetura quanto à impressão que o observador terá do espaço. No caso de uma loja, pode-se utilizar o diagrama ao lado para definir qual a relação ideal entre a quantidade de luz geral, necessária no ambiente, e a intensidade dos destaques nos produtos, de acordo com sua área de atuação e perfil do público-alvo. 23Objetivos do Projeto maneira, a solução exigirá simplificação ao invés de sofisticação. O ambiente será iluminado de uma maneira mais uniforme, evitando muitos contrastes, e os destaques serão ocasionais, não ultrapassando duas vezes a iluminância média do local. A: Iluminância média (Em) = 500 – 1.000 lux Destaques = 2x Em B: Iluminância média (Em) = 300 – 500 lux Destaques = 2x Em (quando houver) C: Iluminância média (Em) = 300 – 500 lux Destaques = 3x – 5x Em D: Iluminância média (Em) = 300 lux Destaques = 5x – 10x Em Em certo estabelecimento do tipo ‘A’, que atua em uma fatia de mercado mais ampla e oferece grande variedade de produtos a preços baixos, a atmosfera do projeto de iluminação será fundamentada para garantir que o público- alvo não se sinta intimidado ao entrar no local ou escolher os produtos em exposição. Dessa VARIEDADE DE PRODUTOS FA IX A D E P R E Ç O D E S IG N D E L O JA GRANDE E XC LU S IV O C A R O P O P U LA R B A R AT O PEQUENA ATMOSFERA DE VENDASIMPESSOAL PESSOAL Loja de Desconto Loja de Departamento Exclusiva Loja de Grife Exclusiva Loja de Bairro A C D B Diagrama de lojas Fonte: Fördergemeinschaft Gutes Licht 24 Já em uma loja do tipo ‘D’, que atua com um cliente de maior poder aquisitivo, o que vale é a sensação de exclusividade, onde a atmosfera de venda é mais pessoal e com uma carga dramática maior (mais contrastes) para garantir que os produtos sejam entendidos como sofisticados. Nesse caso, para o projeto de iluminação revelar esta impressão, a iluminação geral (que garante uniformidade) deve ser de baixa intensidade para que os destaques nos produtos sejam intensos. Outro fator determinante da atmosfera do local é a escolha da temperatura de cor das fontes, sendo mais acolhedora quanto mais amarelada for a luz (baixa temperatura de cor), e estimulante quanto mais azulada (alta temperatura de cor). Vale ressaltar a importância de evitar a utilização de fontes com diferentes temperaturas de cor em um mesmo ambiente para não haver comparações entre elas que possam comprometer a unidade do projeto. Loja Pintar – 3.000K Projeto Luminotécnico: Rafael Leão A atmosfera da loja é mais acolhedora quando são usadas fontes com baixa temperatura de cor. Loja Pintar – 4.000K Projeto Luminotécnico: Rafael Leão Simulação do mesmo local se iluminado com fontes de temperatura de cor 4.000K. Apesar dos produtos estarem destacados da mesma forma e na mesma intensidade, a atmosfera do ambiente é mais fria. 25Objetivos do Projeto Luz Natural 2.5 O compromisso com o meio ambiente Devemos entender todo o processo de geração de energia que compromete o meio ambiente e causa um impacto social. Dessa forma, os critérios de projeto relacionados ao consumo de energia dependem de uma ação de responsabilidade social do projetista para evitar desperdícios e escolher lâmpadas com menos componentes prejudiciais ao meio ambiente. Para diminuir o consumo, é possível estabelecer algumas soluções como seguem abaixo: 1) em soluções de iluminação de escritórios, o ideal é que as luminárias sejam distribuídas longitudinalmente às janelas, para estabelecer uma relação de complementação da luz natural que entra no espaço pela superfície transparente (janela) com a luz artificial; 2) divisão dos comandos de acendimento, ou seja, grupos de luminárias que acendem em conjunto, para viabilizar um acendimento parcial da iluminação quando houver luz natural no espaço. Caso haja uma linha de luminárias próxima às janelas, ela poderá permanecer desligada durante o dia, sendo utilizada em sua totalidade apenas quando não houver luz natural disponível; 3) dimmerização das luminárias com sistemas específicos de controle, como o OSRAM DALI. Esses equipamentos controlam a intensidadedas fontes de acordo com o uso do espaço e complexidade das tarefas em diferentes períodos do dia. A solução, além de baixar o consumo, aumenta a vida útil dos equipamentos e reduz os custos de manutenção. Modelo de planta de escritório Os comandos foram divididos para viabilizar o acendimento das luminárias próximas à janela separadamente das demais. Enquanto as fontes para iluminação de destaque dos quadros (grupos de 3) foram dimmerizadas para baixar o consumo. 26 Iluminação de Exposição Horizontal Estratégias de composição de projeto Capítulo 03 Abaixo, é possível identificar os principais passos para a iluminação de exposição horizontal e vertical de maior e menor dimensão. Só é possível simular a tragetória da luz através do corte ou elevação, pois em planta não se visualiza o cone de luz. Abaixo, são demonstrados os principais passos para iluminação de exposições horizontais e verticais. 3.1 Identificação da procedência da luz Corte esquemático – iluminação de balcão de atendimento Etapas para solucionar o projeto: 1) Encontrar o eixo de alinhamento; 2) Encontrar a abertura de facho mínima, ideal para destacar toda a superfície do objeto, por meio por meio do prolongamento de seus limites em direcão ao teto (origem da luz); 3) Pesquisar fontes que atendam à abertura de facho encontrada (abertura alpha). 27Estratégias de Composição de Projeto Esta técnica é a mais apropriada para iluminar exposições de dimensões similares à escala do observador, como: manequim, armários, prateleiras, araras, etc. Etapas para solucionar o projeto: 1) Identificar qual superfície do objeto o observador vê (linha vermelha) para definir de qual ponto deverá vir a luz; 2) Dividir a exposição em 3 partes e separar 1/3 superior (lado menor superior); 3) Subir uma linha em direção ao teto com um ângulo de 30º com a vertical (ponto A); 4) O ponto em que a linha prolongada toca o teto (ponto B), independente do pé direito, é o ponto de instalação da luminária. Identifica-se, neste caso, a distância que deve ser mantida do equipamento de iluminação até a parede; 5) Definir abertura de facho mínima por meio do prolongamento dos limites da exposição (superior e inferior) até o Ponto B de instalação da luminária; 6) Pesquisar quais fontes atendem à abertura de facho encontrada (abertura alpha). Corte esquemático iluminação de exposição vertical Como o nicho à esquerda tem dimensão muito pequena, seria necessária a utilização de fontes com abertura de facho bem fechado em grande quantidade. Esta condição inviabiliza a utilização de luminárias no forro. Iluminação de Exposição Vertical de Maior Dimensão 28 Esta técnica exige bom senso do projetista para avaliar se o expositor exigirá uma grande quantidade de pontos no teto e com abertura de facho muito fechado, devido à sua pequena dimensão. Nessas situações, podemos utilizar iluminação dentro do expositor, baixando a potência das fontes e criando mais uniformidade. É importante desenvolver um detalhe de instalação para que o brilho fique oculto e não cause ofuscamento direto. Etapas para solucionar o projeto: 1) Identificar qual superfície do objeto o observador vê (linha vermelha). 2) De onde deve vir a luz para iluminar essa superfície? Nesse caso, a melhor opção é fazer com que a luz venha frontalmente. 3) Quais fontes atendem às necessidades? O ideal é não ter um sistema refletor que produza um cone de luz e sim uma solução de luz de facho aberto, ou seja, difusa, que ilumine toda a extensão da exposição com a menor quantidade de contraste (sombra) possível. Iluminação de Exposição Vertical de Menor Dimensão Corte esquemático – iluminação interna do display 29Estratégias de Composição de Projeto Considerações (Superfícies Horizontais / Superfícies Verticais): 1) Quando o pé-direito é muito alto, deve- se observar a vida útil do sistema. Quando muito pequena, haverá necessidade de trocas freqüentes. O primordial é encontrar uma fonte com abertura de facho que respeite a idéia, porém com vida útil mais longa para diminuir custos com manutenção. 2) A temperatura de cor deve atender aos requisitos da atmosfera definida. 3) O profissional deverá escolher a fonte que melhor se adapte à idéia dentro do limite de investimento do cliente para viabilizar o projeto sem alterar as características. Loja Lacoste Projeto Luminotécnico: Studio Ix Fontes iluminam a parte interna dos nichos, o que garante o destaque dos produtos em exposição. A vitrine funciona como um instrumento de direcionamento do olhar e seu apelo visual é decisivo para atrair o cliente. Esse apelo é influenciado pelo brilho dos objetos. Quanto maior for a luminosidade dos objetos, maior o poder de atração da vitrine. No geral, à noite, uma vitrine com iluminância de 180 lux atrai 5% das pessoas que passam em frente; uma vitrine de 1200 lux produz uma resposta em 20%; enquanto 2000 lux atraem 25% dos observadores. Vale destacar que o aparelho visual humano funciona em uma escala logar í tmica , ou seja , aumentando o índice de iluminância da vitrine, o observador não terá uma resposta proporcional a esse aumento. Nesse caso, o profissional corre o risco de ofuscar o observador ao invés de atraí-lo. Iluminação de Vitrine 30 A iluminância na vitrine deve ser compatibilizada com o brilho do local onde está inserida. Por exemplo, uma vitrine de uma loja localizada na via pública deve ser mais iluminada do que uma semelhante localizada em um shopping. Isto porque, durante o dia, em um ambiente externo, o observador está adaptado a uma condição de luminosidade muito alta (luz solar). Já dentro de um shopping, o observador está adaptado a uma condição visual proporcionada por fontes artificiais. Etapas para solucionar o projeto: 1) Onde está o observador e qual superfície da exposição ele vê (linha vermelha)? 2) Qual superfície deve ser iluminada e de onde deve vir a luz para iluminá-la? Nessa situação, a fonte deve ser posicionada entre o manequim e o vidro, podendo ser instalada em diferentes locais, conforme indicam os pontos A, B ou C. Aplica-se a mesma estratégia de definição do ponto de instalação da luminária utilizada em expo- sições verticais de maior dimensão. Na maioria das vezes, há pouco espaço livre entre o objeto a ser iluminado e o vidro, porém é essencial posicionar a luminária o mais distante possível em relação à exposição para evitar a concentração da luz na parte superior da peça. 3) Qual a abertura de facho ideal para contemplar o objeto? Para definir a abertura de facho, é preciso estender os limites da exposição até os pontos A, B ou C estabelecidos para a origem da luz. 4) Pesquisar quais fontes atendem à abertura de facho ideal (abertura alpha). Corte esquemático iluminação de vitrine Manequim 31Estratégias de Composição de Projeto Considerações 1) Quando as fontes forem posicionadas nas laterais, o profissional deverá verificar a possibilidade de ofuscamento dos observadores quando se aproximarem da vitrine lateralmente. A situação pode ocorrer de forma fácil quando o cliente visualiza a vitrine ao andar pela calçada ou circular pelo shopping; 2) É importante compatibilizar a abertura de facho com as dimensões dos objetos da vitrine para evitar que haja desperdício de luz. A situação, muitas vezes, pode ser observada quando são usadas luminárias de facho excessivamente aberto que acabam por emitir luz no piso fora da vitrine. 3) O vidro se comporta como uma superfície especular devido ao seu grau de polimento. Isso significa que ele reflete o brilho emitido pelas fontes e pode causar ofuscamento indireto (reflexivo). Para evitar o inconveniente, as fontes não poderão iluminara vitrine pelo seu exterior, mas sim, devem ser instaladas no interior da loja. Loja Fause Haten Oscar Freire Projeto Luminotécnico: Franco & Fortes Lighting Design Neste exemplo, os manequins foram iluminados com projetores embutidos no forro, bem próximos ao limite do vidro. As aberturas de facho foram compatibilizadas com as dimensões dos objetos em exposição e também com a geometria da vitrine, iluminando todo o manequim e evitando desperdício de luz na calçada em frente à loja. 32 Li vr e Uma grande atenção deve ser dada aos locais de prova, pois, geralmente, após o cliente passar por eles é que é decidida a compra. Não há uma regra a ser apresentada. O correto, no entanto, é usar fontes com excelente reprodução de cor e manter a mesma temperatura de cor utilizada na área de exposição da loja, pois o aparelho visual do cliente assimilou aquela solução como natural e qualquer alteração neste quesito pode vir a defasar o projeto. Deve-se, também, evitar ofuscamento para garantir conforto visual. Etapas para solucionar o projeto: 1) Qual superfície do corpo o observador deve ver? Em todos os casos será a superfície frontal que será percebida e refletida no espelho. 2) De onde deve vir a luz para iluminar a superfície? Nesse caso, é necessário fazer com que a luz venha frontalmente, o menos rasante possível para evitar que as imperfeições sejam ressaltadas (pontos A, B ou C). Considerações 1) Para evitar ênfase das imperfeições, lembre- se de que quanto mais difusa for a luz, menor será a revelação de textura. 2) A pessoa dentro do provador não deve ser compreendida como manequim, já que não fica imóvel. Isso inviabiliza o uso de todas as fontes com fachos fechados, mesmo que projetem luz na frente do usuário. 3) Quais fontes atendem às necessidades? Ponto A – Escolher/selecionar luminárias difusas ou com grande abertura de facho. Observar se há um espaço livre entre o espelho e o teto pintado com cor clara para possibilitar a reflexão de luz difusa. Caso o espelho vá até o teto ou este espaço seja escuro ou ainda pequeno, alterar os pontos de instalação das luminárias para as possibilidades B ou C. Corte esquemático – provador Ponto B – arandela difusa. Ponto C – arandelas laterais difusas ou luz atrás do espelho. Nesse último exemplo, o espelho deve ser recuado da parede que deve ser pintada com cor clara e ter acabamento fosco. Iluminação de Provadores 33Estratégias de Composição de Projeto 3.2 Iluminação do Ambiente 1) Qual o elemento dominante dentro do campo visual, ou seja, o que o observador mais vê no ambiente? 2) Qual solução de iluminação contempla esse elemento? A solução de iluminação do elemento dominante influencia a ambiência do local e de- fine as ilusões. Neste caso, apresentamos duas situações de posicionamento das luminárias. Quando a fonte é posicionada mais próxima à parede, ponto A, ilumina essa superfície com uma faixa de sombra menor (A’) comparada à fonte posicionada no ponto B. Quanto maior for a faixa de sombra na parede, maior será a ilusão de rebaixamento do pé-direito do ambiente. A decisão entre os pontos A e B dependerá da escolha da melhor ilusão a ser criada pelo Loja Fause Haten Oscar Freire Projeto Luminotécnico: Franco & Fortes Lighting Design Este provador foi resolvido com uma grande luminária difusa posicionada no forro. Desse modo, as sombras são completamente eliminadas, garantindo ótima uniformidade ao ocupante. Opção 01 Uso de luminárias embutidas no forro para iluminação direta 34 Corte esquemático Sistema direto – luminárias embutidas no forro projeto de iluminação. Por exemplo, caso o profissional de iluminação considere o pé-direito excessivamente alto, a instalação das luminárias Loja Oh, Boy! Projeto Luminotécnico: Franco & Fortes Lighting Design A parede lateral esquerda foi iluminada com uma solução de luz rasante embutida em um nicho criado no forro. Essa solução valorizou a textura do revestimento e criou a ilusão de aumento do pé-direito, pois a luz ilumina a parede desde seu início. O expositor da vitrine foi resolvido com iluminação interna desvinculando-o dos limites da loja e criando forte apelo visual. no ponto B é mais viável. Caso contrário, o ponto A seria mais indicado para criar a impressão de aumento do pé-direito. 35Estratégias de Composição de Projeto Loja Oh, Boy! Projeto Luminotécnico: Franco & Fortes Lighting Design A parede tem sua textura valorizada ao fundo com os produtos em exposição iluminados frontalmente através dos embutidos orientáveis dispostos à sua frente. Um pendente no centro da loja (parcialmente na foto) funciona como elemento decorativo. Nesta opção, a solução de iluminação trabalha com a reflexão de luz do teto. Neste caso, esta superfície deve ser de acabamento claro para proporcionar um maior índice de refletância possível ao ambiente. A natureza da luz será difusa, proporcionando a minimização de sombras e, consequentemente, ausência de contrastes. Como resultado, o observador terá a impressão de aumento de pé-direito. Opção 02 - Uso de luminárias indiretas suspensas ao teto Escritório IBQ – Britanite Projeto Luminotécnico: Rafael Leão Pendentes indiretos com lâmpadas fluorescentes tubulares foram utilizados para proporcionar luz difusa em grande quantidade. Como os equipamentos não fazem referência à disposição do mobiliário há grande flexibilidade no uso do espaço. Através da iluminação do teto, foi criada a ilusão de aumento do pé-direito. 36 Nesta opção, o projetista trabalhará com uma grande quantidade de luz difusa refletida pelas superfícies do nicho no teto e parede, que será responsável por iluminar todo o ambiente. É muito importante que o acabamento dessas superfícies seja claro para refletir a maior quantidade de luz possível. Conforme apresentado na figura a seguir, a solução com sancas ilumina as paredes desde o princípio sem nenhuma faixa de sombra. Também neste caso, o observador terá a impressão de aumento de pé-direito. Considerações Gerais 1) O contraste entre a luz geral e o destaque vai definir o grau de sofisticação da loja, sendo maior quanto mais contraste houver. Corte esquemático Sistema indireto – sancas laterais 2) A intensidade da luz geral não pode ser muito alta a ponto de eliminar os contrastes dos objetos destacados. No geral, um objeto de destaque recebe de 3 a 5 vezes mais luz que a luz geral. Caso contrário, o destaque tem que ser mais intenso e pode haver excesso de consumo. 3) A iluminação ambiente é fator determinante para auxiliar a composição da atmosfera do projeto, pois tem maior influência no modo como “sentimos” o espaço quando comparada com a iluminação de destaque. Opção 03 - Uso de lâmpadas montadas sobre sancas de gesso 37Estratégias de Composição de Projeto Hetzler Store Munich Foto: Thomas Meyer Projeto Luminotécnico: Bernd König e Michael Schmidt Fundamentada em um conceito minimalista, esta solução utiliza a divisória de fundo como suporte para alojar os equipamentos de iluminação. Todo o ambiente é iluminado com luz difusa refletida pelo teto. Apesar da ausência de iluminação de destaque e de contrastes, a impressão de sofisticação é mantida devido à simplificação no uso do espaço. Óptica Visão Projeto Luminotécnico: Rafael Leão Nesta loja, o ambiente é iluminado, principalmente, através de lâmpadas fluorescentes montadas sobre uma sanca no forro. Esta solução viabilizou luz difusa de preenchimento e o desenho do forro criou um forte direcionamento. Os destaques são resolvidos com projetores orientáveis e luz dentro dos nichos. 38 3.3 Planta de teto refletidoEssa denominação é a mais adequada para definir a representação em planta das luminárias posicionadas no teto, pois projetamos esses equipamentos sobre o desenho apresentado pelo projeto arquitetônico. Há diferentes maneiras de estabelecer uma relação entre as luminárias no teto e a arquitetura, porém todas dependem da identificação dos elementos importantes dentro do ambiente. Por exemplo, em um projeto onde a parede é o elemento importante dentro do espaço, pode- se criar uma linha longitudinal de luminárias em relação a ela. Assim, o profissional criará uma relação com o elemento determinante, valorizando-o tanto com a luz projetada na sua superfície quanto com a disposição das luminárias ao longo dele. Apenas na planta é que temos a possibilidade de identificar quantas fontes serão necessárias para iluminar os objetos com uniformidade, pois já definimos as aberturas de facho mínimas nos cortes estudados. Etapas para solucionar o projeto: 1) Identif icar os elementos impor tantes da arquitetura que serão utilizados para nortear os eixos de alinhamento; 2) Representar os eixos de alinhamento definidos pelos elementos importantes da arquitetura e ambiente (linha vermelha) e também do mobiliário, como paredes, mesas, expositores, vitrines ou portas de acesso (linha azul). Algumas distâncias em relação às paredes ou objetos já foram definidas nos estudos dos cortes e poderão ser representadas em planta (linha verde); 3) Identificar os cruzamentos principais entre os diversos eixos (pontos pretos). Esses cruzamentos serão as referências de instalação das luminárias; 4) Partindo do princípio de que cada intersecção destacada é um possível ponto de instalação da luminária, o profissional deverá avaliar se a relação entre os pontos compromete a unidade do projeto (como pontos destacados em vermelho). Nesse caso, a solução é escolher uma das linhas para a instalação das luminárias que menos comprometa o resultado final da paginação; Ilustração de planta de teto refletido - loja Eixo Vitrine Eixo Vitrine Eixo Ambiente Ei xo Pr ov ad or Ei xo Pr ov ad or Ei xo Ex po si to r Ei xo Ex po si to r Ei xo M ob ili ár io Expositor Grande Expositor Grande DisplayDisplay 39Estratégias de Composição de Projeto 3.4 Quantidade de luminárias Para encontrar a quantidade ideal de fontes para iluminar toda a extensão de um determinado objeto com uniformidade, deve-se seguir o modelo ao lado: Corte esquemático Quantidade de luminárias Bonilha Stylish Furniture Projeto Luminotécnico: Rafael Leão Luminárias cilíndricas, agrupadas a cada 4, foram embutidas em painéis quadrados de madeira e suspensos à estrutura do telhado. Esta paginação respeitou o alinhamento central do ambiente e valorizou sua simetria, criando forte direcionamento desde a entrada até o fundo da loja. Considerações 1) Caso o profissional identifique uma forte simetria na arquitetura ou ainda queira representar essa simetria, deverá distribuir as luminárias respeitando o eixo central da arquitetura. 2) Quando houver compatibilizações das luminárias em eixos de referências, o profissional deverá usar o bom senso para analisar qual ponto pode ser reposicionado. Os pontos que iluminam os objetos móveis como mesas de centro, mesinhas, esculturas, etc., na maioria das vezes, podem ser relocados sem comprometer os resultados do projeto. 5) Com base em todos os conceitos descritos anteriormente (atmosfera, ambiência, ilusões, etc.), o profissional deve escolher qual o sistema de iluminação mais adequado para utilizar no ambiente, ou seja, indireto, difuso, direto, etc. Além disso, a forma das luminárias também pode ser utilizada para fortalecer a idéia do projeto. 40 1) Buscar, no corte que definiu a abertura de facho, a distância da luminária em relação à parede (distância X); 2) Medir a distância da fonte até o ponto central de facho no objeto (distância A-B) em verdadeira grandeza (distância VG); 3) Na planta, traçar as linhas relativas à distância X e à distância VG; 4) Traçar a linha do eixo central dos objetos a serem iluminados (eixo 1 e eixo 2) até cruzar com as linhas anteriores; Planta esquemática - Quantidade de luminárias Considerações 1) As luminárias serão instaladas na linha X (referente à distância X). Sendo que a linha VG serve apenas para o cálculo de quantidade de luminárias; 2) Caso falte luz em um pequeno trecho da exposição e seja necessário aumentar a aber- tura do cone, o profissional pode selecionar uma lâmpada com facho menos preciso para garantir a uniformidade; 3) O profissional deve ter bom senso para selecionar a abertura de facho que se adapte à idéia, compatibilizando-a com a quantidade 5) Inserir o cone de luz com a abertura já definida através do corte (abertura alpha ha- churada) no ponto de intersecção da linha VG (referente à distância VG) com a linha de eixo; 6) Estender os limites do cone até o objeto a ser iluminado; 7) Espelhar o mesmo cone em seus limites (ponto C e C’) para encontrar a quantidade de pontos necessários para iluminar o objeto. necessária de luminárias. Por exemplo, em situações em que forem usadas lâmpadas com abertura de facho fechado, pode-se aumentar esta abertura para diminuir a quantidade de luminárias e garantir uniformidade em toda a extensão da exposição. Desse modo, o consumo de energia pode ser reduzido. 4) Vale destacar que quanto maior a abertura de facho, menor o contraste entre a exposição e o ambiente. Distância VG Distância X Ei xo 1 Ei xo 2 Iluminação de ambientes comerciais 41 Iluminação de ambientes comerciais Capítulo 04 Nestes casos, a solução de projeto deve garantir certa uniformidade, através da iluminação geral, e os destaques são ocasionais e pontuais nos produtos de maior valor agregado. Isso acontece devido ao uso do espaço da loja, onde há muitos produtos em exposição que precisam ser iluminados. Destacá-los individualmente criaria um cenário muito rebuscado e confuso, devido à grande quantidade de contrastes, e também aumentaria a potência instalada, pois a dimensão da loja, geralmente, é grande. Por fim, a resposta está fundamentada com o objetivo do projeto que não é seduzir um público sofisticado e sim, criar estímulo visual para gerar venda e rotatividade para uma fatia de mercado mais ampla. 4.1 Iluminação de lojas de departamento As vitrines das lojas mais sofisticadas têm poucos objetos e uma iluminação com maior contraste, ou seja, agregam maior valor ao produto. No interior desse tipo de espaço, a iluminância média é menor para evidenciar os objetos expostos, pois quanto maior o contraste entre a iluminação ambiente e a de destaque, maior é o apelo da exposição. O profissional deve lembrar dos conceitos de dramaticidade e performance no momento de desenvolver o projeto para adotar uma solução adequada à fatia de mercado do lojista. 4.2 Iluminação de lojas de produtos sofisticados Estúdio Jacqueline Terpins Projeto Luminotécnico: Franco & Fortes Lighting Design Megastore Tok&Stok, São Paulo Projeto Luminotécnico: Franco & Fortes Lighting Design 42 Café do Mercado Projeto Luminotécnico: LD Studio 4.3 Iluminação de cafeterias e restaurantes O profissional deve escolher a atmosfera ideal fundamentada no grau de sofisticação do projeto e no uso do espaço. Quando se deseja uma atmosfera mais estimulante, geralmente em estabelecimentos de uso diurno, são utilizados sistemas que deixam o ambiente mais iluminado e com solução uniforme. Lâmpadas com temperatura de cor entre 3.000K e 4.000K podem ser utilizadas para equilibrar a tonalidade da luz no espaçointerno com a luz natural, pro- veniente das janelas e demais áreas transparentes. Quando a intenção é promover relaxamento, o ambiente deve ser resolvido com menos luz e os contrastes são bem-vindos. Neste caso, lâm- padas com temperaturas de cor mais baixa, entre 2.700K e 3.000K, são mais indicadas para dar impressão acolhedora ao espaço. Restaurante Mr. Lam, Rio de Janeiro Projeto Luminotécnico: LD Studio Ambientes sofisticados (uso noturno) O objetivo do projeto é criar um cenário de entretenimento e agregar sentimento ao espaço. Como a atmosfera é de relaxamento, a i luminância média é, quase sempre, muito baixa (inferior a 30 lux) e apenas os locais que exigem mais funcionalidade (balcões, mesas de apoio, escadas e halls) são mais iluminados (entre 30 lux e 100 lux). O tratamento que a luz dá aos elementos da arquitetura (formas, pla- nos, volumes, texturas, etc.) é fator decisivo para valorizar a cena. O profissional abre mão de uma solução ideal de iluminação de produto (performance) para valorizar a ambiência (temperatura de cor, forma tridimensional, direção da luz e valorização das texturas) e oferecer uma atmosfera acolhedora, o que colabora para aumentar o tempo de permanência do cliente no local. As condicionantes de conforto, propriedades antiofuscamento e índice de reprodução de cor, devem ser levadas em consideração. Iluminação de ambientes comerciais 43 Ambientes populares Lembrando da condicionante que influencia a sofisticação do ambiente, o fator de dramatici- dade, a solução de iluminação nesse espaço é muito mais uniforme e com destaques pontuais nos buffets. A atmosfera, nesse caso, pode ser mais estimulante, contando com mais luminosidade para garantir funcionalidade, e com temperatura de cor mais elevada para transmitir a impressão de agilidade ao local. Considerações O profissional deve garantir flexibilidade ao projeto de iluminação para promover o uso do espaço ao longo do tempo em que o estabele- cimento permanece aberto, ou seja, se o local for utilizado durante o dia e à noite, o projeto deve oferecer diferentes atmosferas compatíveis com a luminosidade natural. Uma estratégia de projeto que resolve bem esta questão é dividir parte das luminárias em comandos independentes, para viabilizar o acendimento parcial, ao entardecer e à noite, e pleno, durante o dia, compatibilizando a iluminação com o uso do espaço e promovendo conforto. Sem esquecer da relação entre dramaticidade e performance, o profissional deve fundamentar o projeto de acordo com o uso do espaço. Em um ambiente de trabalho, o objetivo é promover performance visual, selecionando equipamentos com dispositivos antiofuscamento e garantindo iluminância entre 300 – 750 lux, dependendo da complexidade da tarefa e do uso do espaço. Minimizar sombras (contrastes) e utilizar fontes com boa reprodução de cores 4.4 Iluminação de escritório são condicionantes para evitar fadiga visual e garantir a produtividade. Dessa maneira, resolver o projeto com sistemas que forneçam luz difusa em grande quantidade, como: luminá- rias diretas e indiretas suspensas ao teto, luminárias diretas de facho aberto controlado ou luminárias difusas, todas utilizando lâmpadas fluorescentes tubulares ou compactas, são as saídas mais usuais. O projeto de iluminação de um escritório se fundamenta, principalmente, em duas das soluções apresentadas anteriormente: 1) Iluminação ambiente: responsável pela luz funcional de todo o espaço e pela definição da ambiência; 2) Iluminação setorizada: responsável pelo incremento de luz nas áreas de trabalho, po- dendo existir ou não, dependendo da geometria da arquitetura e da disposição do mobiliário. A iluminação de destaque é ocasional, sendo utilizada em locais onde se deseja criar uma identidade ou valorizar alguma peça do mobiliário, como: salas de presidência e diretoria, salas de espera e ambientes de estar. Salas de reunião e conferência devem ser resolvidas de maneira a viabilizar luminosidade compatível para a apresentação de multimídia. Nesses casos, o uso de equipamentos de automação e controle pode ser bem-vindo, pois será possível dimmerizar as fontes a um brilho ideal para realizar apresentações sem comprometer a leitura ou escrita de documentos. O profissional pode optar por uma solução de iluminação ambiente que resolva todo o espaço, ou trabalhar com luminárias que pontuem a mesa, dependendo da impressão de sofisticação que queira dar ao local. 44 Locais de tomada de decisão, como acessos e hall de escadas ou elevadores, exigirão so- lução diferenciada para auxiliar na localização espacial do observador. IBQ – Britanite (circulação) Projeto Luminotécnico: Conforto Visual Arandelas indiretas (na parede à esquerda) foram utilizadas para auxiliar o reconhecimento à distância do hall de entrada e posicionar o observador no amplo espaço do escritório. 4.5 Tendências da iluminação comercial Atualmente, uma grande parte das compras é feita pela internet. Sendo assim, a atividade de sair às compras assumiu um caráter mais de entretenimento e menos funcional. Isso significa que os projetos de iluminação de lojas deverão ser muito mais fundamentados na escolha da atmosfera e ambiência ideais para atingir seu público-alvo do que apenas na correta distribuição e escolha dos equipamentos. Este novo conceito, agregado ao projeto de iluminação, é mais com- plexo, pois trata de aspectos subjetivos re- lacionados ao conforto e à estética. Porém, é a peça-chave para criar uma identidade de loja e garantir que o cliente se sinta à vontade em seu interior. As áreas de circulação devem ser tratadas como ambientes de transição, e sua solução de ilumi- nação fará uma referência à tipologia dos escritórios, seja em luminosidade ou paginação. Cases Capítulo 5 1 Tok&Stok | 2 Água Bar & Restaurante | 3 IBQ 46 Tok&Stok – fachada O projeto desenvolvido para a megastore da Marginal Tietê, em São Paulo, aplica conceitos estabelecidos para a padronização da cadeia de lojas em todo o Brasil, já tendo sido implantado anteriormente em 20 lojas da rede. As lojas Tok&Stok têm como característica apresentar seus produtos em ambientações montadas (situadas geralmente no piso superior), além de dispor esses produtos em gôndolas para venda (geralmente no piso inferior), chamadas de áreas de auto-atendimento. Torres de atendimento, circulações, displays de mercadorias, checkouts, livraria e café design são outras áreas que completam o conjunto. Todos os ambientes circundam um grande vazio central, que recebe iluminação direta através de sheds. O conceito desenvolvido para as ambientações adota iluminâncias relativamente baixas, preservando o caráter intimista dos ambientes. O sistema – composto por uma malha de 2,00m x 2,00m de perfilados nos dois sentidos, contendo tomadas – prevê a instalação, em qualquer ponto, de projetores para 3 tipos diferentes de lâmpadas (PAR 30 / 75W / 30°; AR 111 / 50W / 8° e fluorescentes compactas 26W / 2700K). A combinação, em projetores idênticos, de diferentes fachos de luz e posicionamentos (desenhados especialmente para as lojas da rede), permite modelar e afinar os ambientes como se queira. Abajures, pedestais e luminárias de mesa da própria linha de venda da loja complementam a iluminação. A circulação principal, com forro de gesso, é iluminada com lâmpadas AR 70 / 8°, fazendo uma marcação dramática do percurso entre as seções. As torres de atendimento e escadas são iluminadas com downlights para lâmpadas a vapor metálico, proporcionando uma iluminação intensa e homogênea. Nichos expositores de cadeiras recebem ilu- minação fluorescente pelo fundo, destacando a silhueta das cadeiras,complementada por iluminação direta frontal (halógena). TOK&STOK MEGASTORE Projeto Luminotécnico: Franco & Fortes Lighting Design São Paulo – SP 47 As áreas de auto-atendimento têm malha de perfilados similar à do piso superior, servindo como suporte para a iluminação geral, que se dá por pendentes industriais em alumínio para vapores metálicos, complementada com proje- tores para PAR 30 e AR 111 onde necessário. Algumas estantes desta área têm também ilumi- nação própria com lâmpadas fluorescentes T5 / 3000K. Os mesmos pendentes são empregados nos checkouts. O café design e a livraria, no vazio central da loja, são iluminados por pendentes industriais, fixados diretamente na estrutura do telhado. Os sheds recebem iluminação indireta, com projetores de facho assimétrico, que se mescla perfeitamente à luz natural durante o entardecer, e a reproduz à noite. Tok&Stok vista geral Tok&Stok nichos expositores de cadeiras 48 Tok&Stok ambientes decorados Tok&Stok Café Design Respeito ao partido arquitetônico Compatibilização com o uso do espaço (atmosfera e ambiência) Níveis de iluminância Controle do ofuscamento Uniformidade entre superfícies Índice de reprodução de cor e temperatura de cor Flexibilidade de controle Integração com a luz natural Aceitável Bom Excelente índiceAvaliação de Projeto X X X X X X X X 49 Durante a primeira visita à obra foram identifi- cadas algumas potencialidades do projeto: o pé-direito alto e a continuidade entre os espaços (permeabil idade visual) devido à ausência de paredes entre os ambientes. Não havia qualquer estudo de integração entre os espaços. Havia, sim, uma série de idéias desconexas que tratavam cada ambiente individualmente, sendo necessár io um conceito que criasse uma unidade entre elas, organizando-as. O projeto de iluminação assumiria, portanto, um papel fundamental nesta obra, podendo adotar um conceito único que organizasse tando a solução luminotécnica quanto o espaço em si. Responsabilidade poucas vezes enfrentada por um profissional da área, já que esta tarefa é resolvida, na maioria das vezes, pelo projeto arquitetônico. Na reunião de briefing, uma frase do cliente fundamentava o projeto: “. . .durante o dia e começo da noite, funcionará o restaurante, então gostaria de uma iluminação mais clara. Após isso, quero um clima de casa noturna com uma iluminação mais dramática...” A partir daí, nasceu o partido do projeto de iluminação, compondo com iluminação branca para o funcionamento do restaurante e iluminação colorida para se criar uma atmosfera mais despojada. Assumindo, também, um conjunto de idéias com o objetivo de criar um conceito único para resolver os vários ambientes existentes: lounge de recepção, restaurante, bar principal, pista de dança (ocasional), lounge e área vip (mezanino). Água Bar & Restaurante, salão principal ÁGUA BAR & RESTAURANTE Projeto Luminotécnico: Conforto Visual Vila Olímpia – São Paulo 50 Água Bar & Restaurante salão principal Toda a cobertura foi pintada de preto para desaparecer, e painéis quadrados de dife- rentes tamanhos foram suspensos para criar movimento e integrar os espaços estabelecendo uma solução em comum. Esses painés são a peça-chave do conceito adotado, pois tanto organizam o espaço quanto comportam os equipamentos necessários para resolver o outro objetivo do projeto: a iluminação com cores diferentes. A solução adotada foi a utilização de lâmpa- das fluorescentes nas cores vermelho e azul (tubo T5). A iluminação branca foi resol- vida com downlights de PAR 30 75W, para ser utilizada durante o funcionamento do restaurante, evitando distorções muito acentuadas nas cores dos alimentos. Na entrada, quase toda a i luminação provém de projetores embutidos no piso. Esta solução evidenciou a textura das Água Bar & Restaurante, salão principal 51 paredes e driblou um problema técnico que comprometeria a estética: a eventual fixação d e luminárias na cobertura de policarbonato. Outros elementos do projeto arquitetônico foram destacados com iluminação indireta: projetores embutidos na terra do vaso das palmeiras e projetores alojados dentro do reservatório d’água da cascata. Estas solu- ções garantiram, também, a iluminação dos painéis suspensos e seu destaque na cober- tura escura. Os nichos de exposição foram idealizados para solucionar a transição do espaço da cascata ao mezanino. Dessa maneira , seguem disposição irregular similar aos painéis suspensos e também trocam de cor: branco e laranja. No bar principal, os nichos de exposição de bebidas foram iluminados internamente, respeitando a idéia inicial do cliente, e os circuitos de comando foram divididos para a luminosidade não interferir nos ambientes ao redor e viabilizar flexibilidade de uso. Também foi empregada iluminação colorida no fundo do bar, utilizando LEDs RGB com troca automática de cor. A iluminação do lounge foi idealizada para não conflitar com as demais soluções. Pendentes indiretos foram usados criando atmosfera aconchegante e discreta. Com o mesmo objetivo, a escada foi iluminada lateralmente aproveitando a caixa criada pelos perfis metálicos estruturais. Água Bar & Restaurante — lounge 52 Água Bar & Restaurante detalhe do teto durante o dia Respeito ao partido arquitetônico Compatibilização com o uso do espaço (atmosfera e ambiência) Níveis de iluminância Controle do ofuscamento Fator de dramaticidade Índice de reprodução de cor e temperatura de cor Flexibilidade de controle índiceAvaliação de Projeto Aceitável Bom Excelente O mezanino, utilizado como área VIP e espaço para degustação de charutos, possui pé-direito baixo, o que enfatisou a parede lateral no contexto. Neste local, a solução deveria ser simplifi- cada, já que o teto seria coberto pelos painéis suspensos que detêm expressão muito forte. A sugestão foi utilizar um longo perfil retro-iluminado fixado na parede lateral, contribuindo para a linearidade do espaço e levando o observador até o bar ao fundo, que foi resolvido com pendentes difusos. Os circuitos dos painéis suspensos e dos nichos de exposição (fixados na pare- de) são controlados por uma central de dimmerização, que ligada à uma estação de co nt ro l e f a z a va r i a ç ã o automática entre as cenas. Isto garante aos painéis a compo- sição de 256 cores diferen- tes entre o vermelho e o azul. X X X X X X X 53 IBQ – iluminação do escritório antes da reforma Projeto Luminotécnico: Conforto Visual Quatro Barras – PR O projeto arquitetônico previa uma linguagem de ‘planta-livre’, criando espaços operacionais com divisórias de 2m de altura. Dessa maneira, o teto tornou-se o elemento arquitetônico mais visível e, tecnicamente, o mais determinante, já que as divisórias podem ser reorganizadas segundo a necessidade da empresa. Para garantir flexibilidade à arquitetura e uniformidade de iluminâncias ao observador, foi adotado o sistema de iluminação indireta. Duas linhas de luminárias indiretas foram utilizadas paralelamente às janelas, com circuitos independentes para viabilizar compatibilização com a luz natural, evitando o acendimento pleno durante o dia. Com a paginação em linhas contínuas, viabilizou- se a instalação de toda a infra-estrutura furando- se a laje e conduzindo a fiação através do sótão. Isso eliminou a necessidade de forro de gesso, não existente originalmente já que o edifício foi construído em meados dos anos 80, e mantendo o pé-direito alto (3,30m). Na área de circulação, foram utilizadas luminárias cilíndricas de sobrepor, garantindo identidade visual ao espaço. Essemesmo critério foi utilizado na circulação lateral à área técnica (serviços, banheiros e escada), que foi iluminada com arandelas indiretas de chapa microperfurada. As áreas de recepção e espera receberam forro de gesso para ocultar a estrutura do edifício. Isso permitiu tratamento individual de cada local sem conflitos entre si. As recepções da diretoria e presidência foram resolvidas com downlights cilíndricos e a espera (apresentada na foto sem mobiliário) com uma sanca de gesso evidenciando os extremos do edifí- cio e dialogando com jardim central (vazio). Ainda foram adotados projetores para a ilumi- nação de quadros. ESCRITÓRIO COMERCIAL DO IBQ INDÚSTRIAS QUÍMICAS LTDA. 54 IBQ – iluminação do escritório após a reforma IBQ – iluminação da recepção antes da reforma As salas da presidência e diretoria possuem solução de iluminação diferenciada, utilizando luminárias difusas em chapa microperfurada e projetores para iluminação de destaque (dimmerizáveis). As salas de gerência foram resolvidas com lumi- nárias, com uma lâmpada fluorescente de 32W, em paginação linear paralela às paredes. Foi solicitado ao fabricante uma curvatura de refletor diferenciada, com facho entre 55º a 60º, mais aberto que as similares de linha para garantir a iluminação das paredes. Todas as salas de presidência, diretoria e gerência tiveram os circuitos divididos para viabilizar o acendimento parcial quando há disponibilidade de luz natural no ambiente. A Cafeteria/Copa situada em frente ao bloco de serviços foi solucionada com uma linguagem mais decorativa, atendendo às idéias do partido arquitetônico. 55 IBQ – iluminação da recepção após a reforma Respeito ao partido arquitetônico Compatibilização com o uso do espaço (atmosfera e ambiência) Níveis de iluminância Controle do ofuscamento Uniformidade entre superfícies Índice de reprodução de cor e temperatura de cor Flexibilidade de controle Integração com a luz natural Aceitável Bom Excelente índiceAvaliação de Projeto X X X X X X X X 56 Anexos Capítulo 06 Orientação e tarefas visuais simples Locais onde não é importante garantir performance visual. Estas tarefas são desempenhadas em locais públicos, onde a leitura e inspeção visual são ocasionais. Níveis mais altos são recomendados para tarefas que exigem performance. Tarefas visuais comuns Performance visual é importante. Estas tarefas são desempenhadas em áreas comerciais, industriais e residenciais. Os níveis de iluminância recomendados diferem devido às características das tarefas visuais a serem iluminadas. Níveis mais altos são recomendados para tarefas com elementos críticos, como baixo contraste e/ou pequenas dimensões. Tarefas visuais específicas Performance visual é de grande importância. Estas tarefas são muito específicas, incluindo aquelas com elementos críticos, como baixo contraste e/ou dimensões muito pequenas. Níveis de iluminância recomendados podem ser atingidos com iluminação complementar. Níveis mais altos podem ser atingidos aproximando a fonte de luz da tarefa. G Tarefas visuais específicas 3.000 a 10.000 lux A Espaços públicos 30 lux B Orientações simples para pequenas visitas 50 lux C Espaços de trabalho onde tarefas visuais simples são desempenhadas 100 lux ANEXO 1 - Níveis de iluminância recomendados Fonte: IES Lighting Handbook D Tarefas visuais com alto contraste e grandes dimensões 300 lux E Tarefas visuais com alto contraste e pequenas dimensões, ou baixo contraste e grandes dimensões 500 lux F Tarefas visuais com baixo contraste e pequenas dimensões 1.000 lux 57Anexos Lojas Provadores E D Estoques, locais para embalagens D B Caixa D Circulação C Área de exposição de produtos E C Área de destaque de produtos F D Vitrine G E Supermercados E C Escritórios Escritório de planta livre com uso intenso de computadores D B Escritório de planta livre com uso moderado de computadores E B Escritório privado E B Áreas de leitura D Lobbies, lounges e recepções C A ANEXO 2 - Recomendações para iluminâncias horizontal e vertical (resumido) Fonte: IES Lighting Handbook Iluminância HorizontalÁrea / Tarefa Iluminância Vertical 58 Para cada um desses casos, os fatores de correção são aproximados. Se o total é -3 ou -2, aplicar uma iluminância menor. Para uma carga de -1, 0 ou +1 não há necessidade de se aplicar ne- nhuma correção. Um total de +2 e +3 significa que as condições são ainda piores, então mais luz é necessária. A maioria dos países possui sua própria interpretação das recomendações do CIE - Commission Internationale de l’Eclairage. No Brasil, consulte a norma NBR – 5413, da ABNT. Em ambientes onde são realizadas tarefas distintas, como em escritórios onde se façam desenhos técnicos, não é necessário que se siga a recomendação máxima de iluminância em todo o escritório. Em vez disso, o ambiente pode ser dividido em diferentes áreas, com ênfase aos locais onde se exige mais luz. Sugere-se a criação de um sistema de iluminação onde as pessoas possam ajustar os níveis de iluminação de acordo com as suas necessidades. Estas recomendações são derivadas de testes de visibilidade. Elas são aplicáveis para pessoas de meia idade, com refletâncias médias no campo visual e para a execução de tarefas comuns. No caso de condições diferentes destas, os níveis de iluminância deverão ser ajustados. A tabela a seguir mostra o fator de correção para casos onde as recomendações normais de níveis de iluminância não são aplicáveis: ANEXO 3 - Recomendações da norma NBR – 5413 ABNT Fonte: CIE - Commission Internationale de l’Eclairage e Norma ABNT NBR – 5413 Idade Inferior a 40 anos Entre 40 e 55 anos Superior a 55 anos Acuidade visual Sem importância Importante Muito importante Refletância do entorno Superior a 70% Entre 30% e 70% Inferior a 30% FATOR DE CORREÇÃO -1 0 +1 CARACTERÍSTICAS DA TAREFA E DO OBSERVADOR 59 LIVROS Associação Brasileira de Arquitetos de Iluminação. Manual de orientação profissional, ASBAI, São Paulo, 2006 Designing With Light: Retail Spaces: Lighting Solutions for Shops, Malls and Markets (Designing With Light) Janet Turner. Rotovision; 1998 Detailing Light: Integrated Lighting Solutions for Residential and Contract Design Jean Gorman. Whitney Library of Design, New York, 1995 IESNA Lighting Handbook Reference & Application - 9th Edition. IESNA – Illuminating Engineering Society of North America, 2000 Light Years -The Zumtobel Story 2000-1950 Otto Riewoldt, Irma Boom, Hans Hollein. Birkhauser; 2000 Lighting by Design Christopher Cuttle. Architectural Press; 2003 PERIÓDICOS: De Maio Comunicação e Editora. Lume Arquitetura Editora Lumière. L+D iluminação + design + arquitetura IESNA. LD+A: Lighting Design + Application The Lighting Know-how series, prepared by Weller & Michal Architects Inc. with WV Engineering Associates PA. WEBSITES: http://www.licht.de http://www.lightingacademy.org http://www.nlb.org/ http://www.lighting.com http://www.iesna.org http://www.lrc.rpi.edu Bibliografia 60 Escritórios de Arquitetura Alterbrain Puntocom: Athié Wohnrath BankBoston: Skidmore, Owings & Merril Eletropaulo: Athié Wohnrath Estúdio Jacqueline Terpins: Felipe Crescenti Fausen Haten: Toninho Noronha Hetzler Store Munich: Bernd König e Michael Schmidt Lacoste: Paula Mattar Oh, boy!: Arthur Casas e Maraí Valente Restaurante Mr. Lam: MAC Arquitetura Teatro Armani, Milão: Tadao Ando Architect & Associates Tok&Stok: Felippe Crescenti Arquitetos de Iluminação Espaço Luz, Rosane Haron e Altimar Cypriano Esther Stiller Consultoria Ltda. Franco & Fortes Lighting Design Lighting Design Studio NTZ Iluminação Arquitetônica Conforto Visual,
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