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Aula 04 Direito Comercial para Concurso SEFAZ

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CURSO ONLINE– DIREITO COMERCIAL EM EXERCÍCIOS – ICMS RJ
Professor Wangney Ilco 
Aula 04 
1
AULA 04 - Teoria geral dos títulos de crédito. Constituição e exigibilidade do
crédito cambiário. Classificação dos títulos de crédito. Títulos em espécie. 
Protesto. 
Olá, pessoal! Tudo bem? 
Bem, precisaremos fazer uma pequena correção no programa das aulas
apresentado em nossa aula demonstrativa. A parte relativa aos Contratos
Mercantis foi relacionada para esta aula e para a próxima. O correto é
tratarmos dessa parte apenas em nossa próxima aula, Ok? Então, nossa aula
de hoje é sobre os Títulos de Crédito. 
Só mais uma coisa: espero que esteja rendendo muito este nosso curso. Saiba
que no final, será recompensador para todos nós; isso é certo. Claro, que muito
mais para o aluno, que está estudando forte e deixando de lado família,
amigos, lazer. 
E para melhorar ainda mais os estudos, vou tentar manter a sistemática de
fazer sempre uma introdução acerca do assunto no início da aula e em cada
comentário das questões apresentadas. Esta foi uma sugestão de um colega em
nosso fórum. 
Vamos lá! 
Carpe Diem 
“O dicionário é o único local onde o sucesso
vem antes do trabalho. Trabalho árduo é o
preço a pagar para se ter sucesso. Você pode
conseguir tudo desde que esteja disposto a
pagar o preço." 
Vince Lombardi 
 
 
 
 
 
 
CURSO ONLINE– DIREITO COMERCIAL EM EXERCÍCIOS – ICMS RJ
Professor Wangney Ilco 
Aula 04 
2
AULA 04 - Teoria geral dos títulos de crédito. Constituição e exigibilidade do
crédito cambiário. Classificação dos títulos de crédito. Títulos em espécie. 
Protesto. 
Vamos fazer algumas considerações antes de iniciarmos os comentários das
questões. 
O crédito, em si, possui dois elementos que são essenciais: a confiança de
uma pessoa em outra e a certeza do cumprimento da obrigação na data
estipulada. Esta afirmação foi adotada por nossa banca em uma de suas
questões, concluindo que os títulos de crédito têm como função precípua a
incorporação de um direito, que facilita sua circulação. 
Desta forma, título de crédito é um documento formal criado para facilitar a
circulação de capitais e riqueza em uma determinada economia, sendo regido
pelo DIREITO CAMBIAL OU CAMBIÁRIO. Ele possui força executiva e representa
uma dívida líquida e certa. 
Nos termos do art. 887, o Código Civil de 2002 adotou a seguinte definição para
título de crédito: 
Art. 887 do CC. O título de crédito, documento
necessário ao exercício do direito literal e
autônomo nele contido, somente produz efeito
quando preencha os requisitos da lei. 
Esta disposição do CC teve como base os ensinamentos do jurista italiano
Cesare Vivante que definia o título de crédito como sendo “o documento
necessário para o exercício de um direito literal e autônomo, nele mencionado.” 
Os princípios que norteiam o direito cambial e os títulos de crédito são
consequência da definição acima. 
 
 
 
 
 
 
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Aula 04 
3
PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 
 - O crédito está incorporado no papel (cártula); 
- Há uma materialização do crédito; 
- Apresentação do título é necessária; 
 - A cártula do título tem função legitimatória do crédito; 
- Princípio da incorporação – não existe o direito de
crédito sem o documento; 
- Pagamento, protesto e execução – presume-se a
apresentação do titulo original. 
- Vale o que está escrito no título de crédito;
 - Direito literal nele apresentado; 
 - Os atos cambiários devem ser lançados no título. 
- É a mais importante característica; 
 - Assegura a livre circulação de um título de crédito; 
 - Cada obrigação constante do título é autônoma; 
 - Cada obrigação deve ser analisada em separado; 
 - Eventual invalidade de uma obrigação não prejudica
as demais; 
 - Protege o direito próprio do possuidor de boa-fé; 
 - Subprincípios: abstração e inoponibilidade das
exceções pessoais ao terceiro de boa-fé; 
CARTULARIDADE
LITERALIDADE
AUTONOMIA
 
 
 
 
 
 
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Aula 04 
4
ABSTRAÇÃO Î Quando o título é posto em circulação, ele desprende-se da
relação jurídica que lhe deu causa. Por óbvio, este subprincípio somente ocorre
quando o título entra em circulação. Desta forma, o vício contido em uma
obrigação não se propaga às demais quando o título circula. 
INOPONIBILIDADE DE EXCEÇÕES PESSOAIS CONTRA TERCEIROS DE 
BOA-FÉ Î É o aspecto processual do princípio da autonomia dos títulos de
crédito. Na relação original entre o emitente e o beneficiário do título, qualquer
tipo de exceção é alegável. Porém, quando o título é colocado em circulação,
não serão oponíveis contra o terceiro de boa-fé as exceções fundadas nas
relações pessoais do devedor com os portadores anteriores do título, desde que
o portador ao adquirir o título tenha procedido conscientemente em detrimento
do devedor; ou seja, tenha agido de má-fé. O art. 916 do CC dispõe sobre o
tema: 
Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os portadores
precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o
título, tiver agido de má-fé. 
 
Bem, só uma pequena consideração sobre a legislação aplicável aos títulos de
crédito. Os principais títulos de crédito são: a letra de câmbio, a nota
promissória, o cheque e a duplicata. Então, cada um desses títulos possui a sua
lei reguladora. Vejamos: 
• Letra de Câmbio e Nota Promissória - Lei Uniforme de Genebra
(LUG), incorporada ao ordenamento jurídico pelo Decreto 57.663/66. Em
caso de lacuna ou se não for aplicada alguma norma da LUG por reserva
expressa, utilizamos o Decreto 2.044/1908. 
• Cheque - Lei 7.357/85 (Lei do Cheque - LC) e de forma subsidiária a
LUG. 
• Duplicata - Lei 5.474/68 (Lei da Duplicata – LD) e no que couber pela
LUG. 
Porém, o Código Civil preconiza normas gerais sobre os títulos de crédito nos
arts. 887 a 926. 
Vamos às questões! 
 
 
 
 
 
 
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( ) 1. (ICMS RJ 2008.1) Uma letra de câmbio pode ser endossada a
favor do sacado ou aceitante (endosso de retorno), que podem
novamente endossar a letra. 
A letra de câmbio é o título de crédito considerado como referência para o
estudo dos atos cambiários. Desta forma, o saque ou emissão da letra de
câmbio tem os seguintes participantes: 
• Sacador: é o emitente da letra de câmbio. Ao fazê-lo, dirige uma
ordem de pagamento a seu devedor (sacado) em benefício próprio ou
de terceiro. O sacador ocupa uma dupla posição no título, sendo credor 
do sacado e, ao mesmo tempo, o devedor do tomador. Se o sacado não
aceitar a ordem de pagamento, o sacador continua devedor do tomador.
Com o aceite, o sacador torna-se obrigado subsidiário e com direito de
regresso em relação ao aceitante (caso este não pague). O sacador
garante a aceitação e o pagamento da letra de câmbio, podendo se
exonerar da garantia da aceitação, porém toda e qualquer cláusula pela
qual ele se exonere da garantia do pagamento considera-se como não
escrita (art. 9º, da LUG). 
• Sacado: é aquele a quem é dirigida a ordem de pagamento. É
sempre devedor do sacador (emitente da letra de câmbio). Se o sacado
aceitar a ordem de pagamento a ele dirigida, torna-se aceitante. Como
tal, é o principal responsável pelo pagamento do título. 
• Tomador: é beneficiário do crédito contido na letra de câmbio. É
necessariamente credor do sacador, salvo se este (o sacador) tiver
designado a si próprio como tomador. Não é credor do sacado (que ainda
não se comprometeu formalmente), mas será do aceitante.credor do sacado credor do sacador 
 
 Se aceitar a LC torna-se aceitante e 
 obrigado principal 
Sacado
Sacador
(emitente)
Tomador
 LETRA DE CÂMBIO=> ORDEM DE PAGAMENTO 
 
 
 
 
 
 
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Assim, o saque de uma letra de câmbio pode ser: 
1) À ordem do próprio sacador, ou seja, o sacador ocupa a posição de
sacador e tomador ao mesmo tempo; 
2) Sacada sobre o próprio sacador, ou seja, o sacador ocupa a posição de
sacador e sacado; 
3) Sacada por ordem e conta de terceiros. 
Após o saque ou emissão da letra (ordem de pagamento), esta deve ser levada
até o sacado para que este dê o aceite. O ACEITE é uma declaração unilateral
e facultativa pela qual o sacado assume a obrigação de pagar a soma indicada
no título nos prazos ali especificados, tornando-se, assim, responsável direto
(obrigado principal) pela execução da obrigação incondicional de pagamento. 
O que ocorre, na prática, é uma assinatura do sacado na frente (anverso)
da letra. Através da assinatura, o sacado torna-se aceitante e assume
incondicionalmente o pagamento da obrigação. O sacado não poderá
impor condições para o aceite. Qualquer condição ou alteração corresponde à
recusa (art. 26, in fine, LUG). No entanto, o sacado pode limitá-lo a uma parte
da importância sacada, já que o aceite não é requisito essencial (é obrigação
facultativa) para a letra de câmbio; pode o ACEITE PARCIAL. 
 Já o ENDOSSO é a declaração formal, facultativa, literal e integral (transfere o
crédito e título) lançada no verso (normalmente) ou anverso do título, pela qual
se transfere a propriedade do título e, por conseguinte, todos os direitos
nele incorporados, assumindo o endossante a responsabilidade pelo aceite
e pelo pagamento. O endosso no anverso e em branco equivale ao aval. 
Sendo que o endossante é aquele que passa o título e garante tanto o aceite
como o pagamento, exceto quando da cláusula “sem garantia”. 
O endossatário é quem assume as funções do tomador. 
No mais, o endosse deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja
subordinado considera-se como não escrita. O endosso parcial é nulo. 
Bem, retornado à questão: Uma letra de câmbio pode ser endossada a favor do
sacado ou aceitante (endosso de retorno), que podem novamente endossar a
letra. Esta assertiva está nos termos do art. 11, aliena 3ª da LUG, e está
correta. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 11 alínea c da LUG. O endosso pode ser feito mesmo a favor do sacado,
aceitando ou não, do sacador, ou de qualquer outro coobrigado. Estas pessoas
podem endossar novamente a letra. 
Gabarito: Correta 
( ) 2. (ICMS RJ 2008.1) O aval, instituto típico do direito cambiário, é
uma garantia subjetiva e acessória prestada em título de crédito, que
confere ao avalista a qualidade de devedor solidário. 
O aval é uma declaração unilateral, facultativa e formal dos títulos de crédito
que serve como uma garantia pessoal ao pagamento de uma obrigação
cambial. Por meio do aval, um terceiro (avalista) se obriga ao pagamento de
um título de crédito, nas mesmas condições que o devedor (avalizado) do título.
Logo, o avalista torna-se solidário ao seu avalizado pelo pagamento de sua
obrigação. Veja abaixo o art. 47 da Lei Uniforme de Genebra (LUG), Dec. 
57.663/1966. 
Art. 47 da LUG. Os sacadores, aceitantes, endossantes ou avalistas de uma letra
são todos solidariamente responsáveis para com o portador. 
O aval possui duas características principais: a equivalência e a autonomia. 
A equivalência do aval significa que o avalista é devedor do título de crédito nos
mesmos termos que o avalizado, isto é, ele “é responsável da mesma maneira
que a pessoa por ele afiançada.” (art. 32, LUG). Já a característica da
autonomia significa que o ato de avalizar é autônomo em relação à obrigação
avalizada, ou seja, a existência do aval, bem como sua validade e eficácia, não
estão condicionadas à da obrigação avalizada. Assim, o avalista não poderá
valer-se das exceções pessoais ou direitos que beneficiam o avalizado. Porém,
se por qualquer razão o credor do título não puder exercer o seu direito contra
o avalizado, isto não descaracteriza a obrigação do avalista. 
Alongando-nos um pouco mais, por obrigação acessória podemos considerar a
fiança, porquanto ela está ligada a uma obrigação principal, sendo preciso 
 
 
 
 
 
 
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formalizar a obrigação por escrito, ao passo que no aval necessita-se apenas da
assinatura do avalista no título. Contudo, pode-se considerar que o aval possua
um certo formalismo. 
Bem, com isso observemos que o erro da questão é considerar o aval como
uma obrigação acessória. Isto porque o aval é obrigação autônoma, mas
equivalente à do avalizado. Além disso, o aval possui característica objetiva e
não subjetiva. Mais a frente retornaremos ao tema. 
Para concluir este comentário, tudo o que foi dito acima pode ser resumido da
seguinte forma: 
 
Gabarito: Incorreta 
( ) 3. (ICMS RJ 2008.1) O endosso se aplica apenas para representar a
transferência da titularidade do crédito. 
Como vimos, pelo endosso se transfere a propriedade do título e, por
conseguinte, todos os direitos nele incorporados, assumindo o endossante a
responsabilidade pelo aceite e pelo pagamento. 
Assim, a alternativa está incorreta porque, além de representar a transferência
da titularidade do título, o endossante garante a aceitação e o pagamento do
mesmo, salvo cláusula em contrário (art. 15, LUG). 
AVAL 
Unilateral Facultativo 
Autônomo 
Equivalente 
Formal 
 
 
 
 
 
 
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Art. 15 da LUG. O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da
aceitação como do pagamento da letra. 
Aqui devemos ter cuidado com este artigo da LUG, pois o CC possui um
dispositivo que vai de encontro a esse artigo. Veja a próxima alternativa. 
Gabarito: Incorreta 
( ) 4. (ICMS RJ 2008.1) De acordo com as disposições do Código Civil,
o endossante de título à ordem não responde pelo cumprimento da
prestação constante do título, salvo se este contiver cláusula expressa
em contrário. 
Quanto ao MODO DE CIRCULAÇÃO, os títulos podem ser: 
o AO PORTADOR (art. 904, CC): neste modo de circulação, o nome da
pessoa beneficiada (credor) não é revelado. O título tem inserida a
cláusula “ao portador” ou mantém em branco o nome do beneficiário. A
transferência de um título ao portador se processa com extrema facilidade
pela mera tradição, ou seja, pela entrega simples da cártula (quem o
detém presume-se ser o proprietário). Ressaltando que “é nulo o título
emitido ao portador sem autorização de lei especial.”, conforme o art. 907
do CC. Assim, por exemplo, o cheque até determinado valor (R$ 100,00)
pode ser ao portador (art. 69 da Lei 9.069/95). 
o NOMINATIVOS (arts. 921/926, CC): são emitidos em favor de
pessoas cujo nome conste no registro do emitente, que não está
obrigado a reconhecer como proprietário do título quem não conste no
registro. A transferência de título nominativo é mediante termo no
registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente. O
endosso, também, só tem eficácia perante o emitente, uma vez feita a
competente averbação em seu registro (proteção contra a perda do
título). Se o emitente pagar o título endossado em branco e for cobrado
por aquele que conste no registro terá que pagar novamente. 
o NOMINATIVOÀ ORDEM (arts. 910/920, CC): são emitidos em favor
de pessoa determinável, transferindo-se pelo simples endosso, sem
qualquer outra formalidade, como registro nos livros do emitente. Ex:
letra de câmbio (art. 11 da LUG). 
o NOMINATIVO NÃO À ORDEM: os títulos de crédito com a cláusula de 
“não à ordem” circulam mediante a tradição acompanhada de cessão civil 
 
 
 
 
 
 
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de crédito. Eles trazem o nome do beneficiário, porém não permitem que
este o transfira por meio de endosso. 
Bem, já sabendo a definição de um título à ordem, retornemos à questão: De
acordo com as disposições do Código Civil, o endossante de título à ordem não
responde pelo cumprimento da prestação constante do título, salvo se este
contiver cláusula expressa em contrário.
Esta assertiva está correta, nos termos do art. 914 do CC. 
Art. 914 do CC. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do
endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante
do título. 
Isso quer dizer que pela disposição do CC a regra é a não
responsabilidade do endossante pelo pagamento da prestação
constante no título. Para que o endossante garanta a obrigação constante no
título, deve vir expresso essa garantia. 
 
 
 
 
 
 
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Bem, mas devemos ter a atenção que este dispositivo do Código Civil vai de
encontro com uma das características do título de crédito, que é a facilidade de
circulação, conforme tratamos na questão anterior. Os arts. 11 e 15 da LUG
menciona esta característica: 
Art. 11 alínea 1ª da LUG. Toda letra de câmbio, mesmo que não envolva
expressamente a cláusula à ordem, é transmissível por via de endosso. 
Art. 15 da LUG. O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da
aceitação como do pagamento da letra. 
Desta forma, o que predomina na legislação cambiária é a regra de que o
endossante é garantidor da aceitação e do pagamento do título. 
Portanto, devemos perceber no enunciado da questão se ele está se referindo
ao CC ou à legislação cambial. Atenção nestas disposições, para nos
confundirmos. Mais uma vez: fique atendo sobre a legislação tratada no
enunciado, se o CC ou a LUG. 
Gabarito: Correta 
( ) 5. (PROCURADOR TCM RJ 2008) O Código Civil não admite o aval
parcial. 
Questão um pouco polêmica, mas sem muitas dificuldades. 
Bem, o Código Civil NÃO ADMITE o aval parcial. Porém, a LUG ADMITE o aval
parcial. E agora? Como devemos proceder? Vejamos os dispositivos dos dois
diplomas legais acerca do aval parcial. 
Art. 987 §único do CC. É vedado o aval parcial. 
Art. 30 da LUG. O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte
garantido por aval. 
 
 
 
 
 
 
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Desta forma, a forma correta pela qual devemos proceder é ter muita atenção
ao enunciado para identificar sobre qual diploma ele está se referindo. Devemos
ter cuidado para não trocar os diplomas. Atenção ao enunciado! 
Segue um esquema para entendermos melhor o assunto. 
 
 SIM NÃO 
Portanto, a afirmativa está correta, já que ela versa sobre o CC, que não admite
o aval parcial. 
Gabarito: Correta 
6. (ICMS RJ 2010) Com relação aos atos cambiais, analise as
afirmativas a seguir. 
I. O aval garante o pagamento do título de crédito e não pode ser
parcial. 
II. O endosso possibilita o protesto do título de crédito. 
III. O aceite é ato a ser praticado pelo sacado. 
Assinale: 
(A) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. 
(B) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. 
(C) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. 
(D) se somente a afirmativa I estiver correta. 
AVAL
PARCIAL
LUG CODIGO
CIVIL
 
 
 
 
 
 
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(E) se todas as afirmativas estiverem corretas. 
I – O aval garante o pagamento do título de crédito e não pode ser parcial. Esta
afirmativa foi tema de inúmeros recursos e deveria ter sido anulada. Porém, a
banca manteve o gabarito e a afirmativa como correta. Vejamos o que ocorreu. 
Bem, a primeira parte da afirmativa está correta, sem problema algum, já que
o aval garante o pagamento do título de crédito. Porém, a parte final é que
gerou dúvidas e recursos. Na questão anterior, vimos que há diferenças acerca
da possibilidade do aval parcial quanto à legislação aplicável. E nesta
afirmativa, a douta banca não mencionou a legislação como referência. E aí fica
difícil. 
Como o próprio CC afirma em seu art. 903, “Salvo disposição diversa em lei
especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.”. O
problema é que daqueles títulos de créditos considerados como os principais,
somente a Lei das Duplicatas silencia sobre a possibilidade ou não do aval
parcial, porém remete o tema à legislação das Letras de Câmbio (LUG). Veja: 
Pois bem, de outra forma, há entendimentos na doutrina baseando-se no
enunciado nº 52 aprovado na I Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça
Federal (CJF), o qual dispõe que “por força da regra do art. 903 do Código Civil,
as disposições relativas aos títulos de crédito não se aplicam aos já existentes.” 
o LETRA DE CÂMBIO: Art. 30 da Lei Uniforme de Genebra. O pagamento de
uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval. (PERMITE 
AVAL PARCIAL); 
o NOTA PROMISSÓRIA: Art. 77 terceira alínea da Lei Uniforme de 
Genebra. São também aplicáveis às notas promissórias as disposições
relativas ao aval (artigos 30 a 32);... (PERMITE AVAL PARCIAL); 
o CHEQUE: Lei 7.357/85. Art. 29 O pagamento do cheque pode ser
garantido, no todo ou em parte, por aval prestado por terceiro, exceto o
sacado, ou mesmo por signatário do título. (PERMITE AVAL PARCIAL); 
o DUPLICATA: Lei 5.474/68 Art. 25. Aplicam-se à duplicata e à triplicata,
no que couber, os dispositivos da legislação sôbre emissão, circulação e
pagamento das Letras de Câmbio. (Silencia sobre o aval parcial, porém
remete o tema à LUG. PERMITE O AVAL PARCIAL). 
 
 
 
 
 
 
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Isto que dizer que, o Código Civil aplica-se aos títulos de créditos atípicos, sem
legislação especial. 
Portanto, considerando os comentários acima, a questão fica prejudica. Mas
como foi dito, a banca considerou a questão como correta. Ou seja, para a
nossa prova realizada pela FGV, devemos considerar que no silêncio de
qualquer diploma legal, bem como acerca de qualquer título de crédito
típico (letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata), aplica-se
as disposições do Código Civil sobre o aval parcial. Assim, de acordo com
a banca, a afirmativa está correta. Para finalizar este comentário, veja a
justificativa da banca para a alternativa: 
“A afirmação I está correta porque o aval, que serve para garantir o
pagamento do título de crédito (artigo 14 do Decreto n.° 2.044, de
31 de dezembro de 1908; artigo 30 da Lei Uniforme Relativa às
Letras de Câmbio e Notas Promissórias), não pode ser parcial, nos
termos do parágrafo único do artigo 897 do Código Civil.” 
II – O endosso possibilita o protesto do título de crédito. Incorreta. Como
vimos, o endosso transfere a propriedade do título e todos os direitos nele
incorporados, sendo a declaração formal, facultativa, literal e integral lançada
no verso (normalmente) ou anverso do título. Não há disposição legal sobre
essa relação entre endosso e protesto. 
III – O aceite é ato a ser praticado pelo sacado. Correta. O sacadoao praticar
aceite, torna-se aceitante (art. 21 da LUG). 
Art. 21 da LUG. A letra pode ser apresentada, até o vencimento, ao aceite do
sacado, no seu domicílio, pelo portador ou até por um simples detentor. 
Gabarito: letra B 
( ) 7. (PROCURADOR TCM RJ 2008) O endosso parcial é considerado
como não-escrito. 
Maldade da banca. Atenção aos trocadilhos! 
Conforme o art. 912 §único do CC, o endosso parcial é considerado NULO. 
 
 
 
 
 
 
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Lembrando que o endosso deve ser simples, puro e incondicional. Qualquer
cláusula condicional em relação ao endosse é considerada como não escrita. 
Portanto, a banca quis confundir o candidato. O art. 12, alínea 2ª da LUG, trata
também do tema. 
 
Art. 912 Parágrafo único do CC. É nulo o endosso parcial.
Art. 12 alínea 2ª da LUG. O endosso parcial é nulo. 
Gabarito: Incorreta 
( ) 8. (PROCURADOR TCM RJ 2008) O endosso impróprio transfere o
exercício dos direitos inerentes à cambial. 
Primeiramente, vejamos as espécies de endosso. 
1) Endosso-mandato ou procuração (art.18 da LUG): é realizado para
fins de cobrança e contém a menção “valor a cobrar”, “para cobrança” e
“por procuração”. É um endosso dito impróprio, pois não transfere a
propriedade do título ao endossatário, apenas o constitui como
mandatário do endossante para fins de cobrança, só legitimando a posse
do procurador. Desta forma, o endossatário só poderá endossar o título
na qualidade de procurador. O mandato resultante do endosse-porcuração
não se extingue por morte ou sobrevinda de incapacidade legal do
mandante (no art. 18, alínea 3ª da LUG tá “mandatário” conflitando com
o art. 917, §2º, CC – “com a morte ou a superveniente incapacidade do
endossante, não perde eficácia o endosso-mandato”). 
2) Endosso pignoratício ou caução (art. 19 – LUG): é aquele em que o
título de crédito serve como garantia ao cumprimento de obrigações
assumidas pelo endossante e contém a menção “valor em garantia”,
“valor em penhor”. O endosso-caução também não transfere a
propriedade do título, apenas constitui um ônus sobre o título de crédito.
Também chamado de endosso-penhor porque o título de crédito é um
bem móvel, sendo o direito real de garantia aplicável ao penhor. É
também uma espécie de endosso impróprio. Portanto, o endossatário
(credor pignoratício) só tem a posse do título, não a propriedade; é
mero credor. Se a obrigação objeto da garantia for cumprida, fica o
endossatário obrigado a reendossar o título ao endossante. 
 
 
 
 
 
 
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3) Endosso póstumo ou tardio (art. 20 LUG) – neste tipo, o endosso
após a data de vencimento produz os mesmos efeitos que o endosso
comum, desde que o título seja endossado antes de ter sido protestado
ou dentro do prazo permitido para protesto. Se o endosso tiver sido feito
depois do protesto, terá efeito de mera cessão de crédito (torna-se mero
quirógrafo). É espécie de endosso próprio; 
4) Endosso fiduciário – não tem previsão legal expressa. É aquele que
tem como causa um contrato de alienação fiduciária em garantia
de bem móvel. O credor do contrato recebe do devedor, através de
endosso, a propriedade da letra de câmbio, compromentendo-se a
reendossá-la após o pagamento da última prestação do financiamento.
Neste caso o endosso é completo, ou seja, é transladício de domínio
(próprio). 
Assim, o endosso próprio é aquele em que há a transferência da propriedade da
propriedade do título. Já o endosso impróprio não transfere a propriedade do
título. 
Ressalta-se, também, que pelo princípio da cartularidade o crédito está
incorporado (materializa-se) em um papel, não existindo título verbal. A
apresentação do documento é necessária para o exercício do direito de crédito.
Desta forma, os títulos têm função legítimatória, onde o portador,
normalmente, está legitimado a exercer os direitos nele contidos. Logo,
a transferência da posse do documento, normalmente, acompanha a
transferência da titularidade do crédito. Porém, pode ocorrer a posse do título
sem o correspondente direito creditício. Fabio Ulhoa Coelho conceitua: 
“O “endosso impróprio” destina-se a legitimar a posse de certa pessoa sobre um
título de crédito, sem lhe transferir o direito creditício. Admite duas modalidades:
o endosso-mandato e o endosso-caução.” 
Em seguida o autor conclui: 
“O endossatário, no endosso impróprio, pode exercer todos os direitos
emergentes da letra de câmbio, exceto o de transferir a titularidade do
crédito, que remanesce nas mãos do endossante-mandante ou caucionário.” 
 
 
 
 
 
 
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Portanto, concluímos que o endosso impróprio transfere o exercício dos direitos
inerentes à cambial. 
Gabarito: Correta 
( ) 9. (JUIZ SUBSTITUTO TJ PA 2007) O aval posterior ao vencimento
do título de crédito não produz efeitos. 
Questão que trata do aval dado posteriormente. Neste caso, o art. 900 do CC
disciplina a matéria. 
Portanto, a assertiva está incorreta, pois o aval posterior ao vencimento produz
os mesmos efeitos do anteriormente dado. 
Gabarito: Incorreta 
10. (ICMS RJ 2009) A respeito da fiança e aval, é correto afirmar que: 
(A) tanto o fiador como o avalista podem opor ao credor as exceções
extintivas da obrigação que competem ao devedor principal. 
(B) tanto o avalista quanto o fiador não podem pleitear o benefício de
ordem. 
Art. 900 do CC. O aval posterior ao vencimento produz os
mesmos efeitos do anteriormente dado.
 
 
 
 
 
 
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(C) a fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica na
ineficácia total da garantia. 
(D) o aval é instituto jurídico com finalidade de garantir a satisfação de
obrigações contraídas por contrato. 
(E) a fiança é instituto jurídico com finalidade de garantir a satisfação
de obrigação assumida pelo devedor mediante emissão de um título
cambiário. 
Embora instrumentos semelhantes que visem a garantir o cumprimento das
obrigações, o aval e a fiança não se confundem. Vamos elencar algumas
diferenças entre eles: 
Só mais uma observação: No caso de uma relação
conjugal, nenhum dos cônjuges pode sem autorização do
outro prestar fiança ou aval, exceto no caso de
separação absoluta (art. 1.647, III, CC). Vamos analisar 
o O aval é uma obrigação autônoma própria do direito cambiário,
enquanto que a fiança é uma obrigação acessória, que depende de
uma obrigação principal. 
o Se a obrigação do avalizado não puder ser exigida pelo credor, não
significa que o avalista não poderá ser demandado. Na fiança, se a
obrigação é inexigível, a causa da inexigibilidade macula igualmente
a fiança, que, sendo acessória, tem a sorte da principal. 
o No aval há a inoponibilidade, pelo avalista, das exceções que
aproveitariam o avalizado, sendo certo que o fiador, em geral, pode
alegar contra o credor, as exceções do afiançado (art. 837, CC). 
o No aval a solidariedade entre avalista e avalizado é presumida,
enquanto que na fiança a solidariedade entre fiador e afiançado
deve ser escrita, expressa (contrato). 
o Na fiança pode existir o benefício de ordem; no aval não há
benefício de ordem. 
 
 
 
 
 
 
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as alternativas! 
A) tanto o fiador como o avalista podem opor ao credor as exceções extintivas
da obrigação que competem ao devedor principal. Como vimos, o fiador pode
opor as exceções pessoais extintivas da obrigação que aproveitam o fiador(art.
837, CC). Porém, o avalista não poder alegar o mesmo, já que o aval é uma
obrigação autônoma e o avalista não pode opor exceções pessoais a terceiros
de boa-fé. Incorreta. 
Art. 837. O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais, e as
extintivas da obrigação que competem ao devedor principal, se não provierem
simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso do mútuo feito a pessoa
menor. 
B) tanto o avalista quanto o fiador não podem pleitear o benefício de ordem. No
aval, o avalista não pode exigir o benefício de ordem, isto é, mesmo que seu
avalizado tenha bens suficientes para honrar o título de crédito, se ele, o
avalista, for acionado, deve cumprir com sua obrigação e depois entrar em
regresso contra o avalizado. Já na fiança, o fiador pode opor o benefício de
ordem, nos termos do art. 827, CC. Incorreta. 
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a
contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. 
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo,
deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados,
quantos bastem para solver o débito. 
C) a fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica na ineficácia
total da garantia. Correta. Este é o teor da súmula 332 do STJ. Vejamos o que
dispõe a referida súmula. 
Súmula 332 do STJ. A fiança prestada sem autorização
de um dos cônjuges implica a ineficácia total da
garantia. 
 
 
 
 
 
 
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D) o aval é instituto jurídico com finalidade de garantir a satisfação de
obrigações contraídas por contrato. e E) a fiança é instituto jurídico com
finalidade de garantir a satisfação de obrigação assumida pelo devedor
mediante emissão de um título cambiário. Incorretas. Há uma inversão de
características. O aval é característico dos títulos de crédito, garantindo a
satisfação dessas obrigações cambiárias, e não contratuais. Ao passo que, a
fiança tem natureza contratual. 
Gabarito: letra C 
11. (JUIZ SUBSTITUTO MT 2008) O aval pode ser entendido como o ato
pelo qual determinada pessoa passa a responder por obrigação cambial
nas mesmas condições que a pessoa por ele avalizada. Observa-se,
portanto, certa semelhança em seu funcionamento, quando comparado
com a fiança. 
A esse respeito, assinale a afirmativa incorreta. 
(A) A validade do aval e da fiança depende de vênia conjugal. 
(B) O aval possui natureza de ato unilateral de vontade. 
(C) A fiança é uma garantia subjetiva enquanto que o aval é uma
garantia objetiva. 
(D) O aval é uma garantia autônoma, enquanto a fiança uma garantia
acessória. 
(E) O avalista responde solidariamente pela obrigação assumida, salvo
cláusula expressa em contrário. 
A) A validade do aval e da fiança depende de vênia conjugal. Por vênia conjugal
entendemos como sendo o ato ou efeito de consentir, ou permitir, de um
cônjuge em relação ao outro. 
 
 
 
 
 
 
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Bem, esta alternativa trata da regra geral do art. 1.647, III do CC, mas sem
mencionar a exceção. 
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: (...) 
III - prestar fiança ou aval; (...) 
Por este dispositivo, nenhum dos cônjuges pode prestar aval e fiança sem
anuência do outro cônjuge. O que é permitido no caso de regime de separação
absoluta de bens. Por isso, a alternativa está incompleta. Porém, devemor
verificar se há alternativa mais incorreta que esta. 
B) O aval possui natureza de ato unilateral de vontade. Correta. O aval é isso
mesmo: um ato unilateral. Por ele, o avalista garante o pagamento da
obrigação originária de um terceiro devedor, o avalizado. Então, o avalista
assume uma obrigação para com o credor, que não assume compromisso
algum em relação ao avalista. Podemos dizer que a fiança é um contrato
unilateral, pois o fiador garante contratualmente a satisfação ao credor de uma
obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra. 
C) A fiança é uma garantia subjetiva enquanto que o aval é uma garantia
objetiva. O aval é uma garantia objetiva do pagamento, pois o avalista se
obriga perante os demais intervenientes cambiários ao prometer que ele próprio
efetuará o pagamento; ele não promete que o avalizado honrará sua dívida. O
avalista atua como se fosse o sacador, endossante ou aceitante. 
A fiança é uma garantia subjetiva do pagamento, pois o fiador
responsabiliza-se pelo afiançado ao assumir uma obrigação com o credor, ao
dar-lhe maiores garantias e possibilidades de receber a sua dívida. Assim, o
contrato de fiança é intuito personae entre fiador e credor, pois para ser
concretizado é imprescindível a confiança entre eles. Assim, a obrigação do
fiador é acessória e subsidiária. Correta. 
D) O aval é uma garantia autônoma, enquanto a fiança uma garantia acessória.
Correta. O aval é obrigação autônoma, enquanto que a fiança caracteriza uma
obrigação acessória. Já comentamos sobre a autonomia do aval, bem como da
fiança ter natureza de contrato acessório, que depende de um principal.
Correta. 
 
 
 
 
 
 
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E) O avalista responde solidariamente pela obrigação assumida, salvo cláusula
expressa em contrário. O erro desta alternativa está em seu final, pois o
avalista responde solidariamente com o avalizado, porém não há ressalva
alguma em relação à solidariedade do avalista pela obrigação assumida, ou
seja, é regra sem exceção no direito cambiário, mesmo que as partes
convencionem o contrário. Logo, esta alternativa está realmente incorreta, e é a
nossa resposta. 
Gabarito: letra E 
12. (Fiscal da Receita Estado do Amapá 2010) A respeito do instituto do
aval, é correto afirmar que: 
(A) é o instituto jurídico que possibilita a garantia pessoal nos
contratos empresariais. 
(B) o avalista que paga o valor determinado no título tem direito de
regresso contra o devedor principal. 
(C) o avalista pode garantir apenas parte da obrigação estabelecida no
título de crédito. 
(D) a responsabilidade do avalista é subsidiária em relação ao devedor
principal. 
(E) é dado em instrumento contratual apartado do título de crédito a
que se refere. 
A) Alternativa incorreta, pois é a fiança que possui a característica de garantir o
cumprimento dos contratos mercantis ou empresariais. Assim, a garantia
representada pela fiança é dada por contrato escrito, enquanto a do aval é por
simples assinatura do avalista no título de crédito. 
B) Correta. O avalista pagando o título fica com os mesmos direitos do
avalizado. Desta forma, ele pode agir regressivamente contra o avalizado, bem
como contra os coobrigados, da mesma forma que o avalizado poderia agir se
tivesse feito o pagamento. Vejamos o que diz a LUG. 
 
 
 
 
 
 
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Art. 32 alínea 3ª da LUG. Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos
direitos emergentes da letra contra a pessoa a favor de quem foi dado o aval e
contra os obrigados para com esta em virtude da letra. 
Vale mencionar que a obrigação do avalista, em regra, se mantém mesmo no
caso de a obrigação que ele garantiu ser nula por qualquer razão. Esta regra
estará afastada no caso de nulidade por vício formal. 
C) Alternativa sobre o aval parcial. E mais uma vez, a banca não menciona a
legislação aplicável: o Código Civil ou lei especial. 
Bem, devemos tratar esta alternativa, como já vimos, pela ótica do Código
Civil,já que nenhuma lei especial foi mencionada no enunciado. E me parece
que esta posição vai se tornando uma “jurisprudência da FGV”. Portanto, a
alternativa está incorreta, já que o CC veda o aval parcial e não há referência a
nenhuma lei especial. 
No entanto, para efeito de prova, temos que ter em mente que não devemos
“brigar com o examinador”. Como a letra B está perfeita e não gera dúvidas,
devemos marcá-la e considerar esta, letra C, incorreta. 
Mais uma vez: sobre o aval parcial, quando não for mencionada nenhuma
legislação, nem qualquer título de crédito específico, devemos considerar que o
CC é o diploma aplicável. 
D) Incorreta, pois a responsabilidade do avalista é solidária, respondendo da
mesma maneira que a pessoa por ele afiançada (art. 32 da LUG). 
Art. 32 da LUG. O dador do aval é responsável da mesma maneira que a pessoa
por ele afiançada. 
E) Incorreta, pois não tem o valor o aval dado em folha separada, em
obediência ao princípio da cartularidade. 
O aval deve ser dado no título ou em folha anexa caso não haja espaço para a
assinatura do avalista (prolongamento). 
Art. 31. O aval é escrito na própria letra ou numa folha anexa. 
 
 
 
 
 
 
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Exprime-se pelas palavras "bom para aval" ou por qualquer fórmula equivalente;
e assinado pelo dador do aval. 
O aval considera-se como resultante da simples assinatura do dador aposta na
face anterior da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador. 
O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação, entender-se-
á pelo sacador. 
Gabarito: letra B 
( ) 13. (ICMS RJ 2008.1) A nota promissória pode ser emitida ao
portador. 
Muitas das características vistas até o momento sobre os títulos de crédito em
geral e a letra de câmbio aplicam-se à nota promissória, por expressão
disposição legal (art. 77 da LUG). 
A nota promissória é uma promessa direta e escrita de pagamento em
dinheiro, à vista ou a prazo, feita por uma pessoa (emitente ou subscritor) em
benefício de outra (tomador ou beneficiário). 
Desta forma, a nota promissória tem como um de seus requisitos de validade o
nome do seu beneficiário ou tomador expresso no título (art. 75, LUG), isto é, a
nota promissória é um título que é emitido à ordem. Logo, a assertiva
está incorreta. 
No entanto, a nota promissória em momento posterior poderá ser endossada
em branco e se tornará um título ao portador. 
 
NOTA PROMISSÓRIA => PROMESSA DE PAGAMENTO
NÃO PODE SER EMITIDA AO PORTADOR 
 
 
 
 
 
 
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 devedor e obrigado principal credor 
 Promete o pagamento da dívida ao 
Como requisitos essenciais da nota promissória, temos: 
Gabarito: Incorreta 
( ) 14. (JUIZ SUBSTITUTO TJ PA 2009) A nota promissória,
relativamente ao endosso, segue as mesmas disposições da letra de
câmbio. 
A LUG em seu artigo 77 determina que seja aplicado à nota promissória
diversos dispositivos da letra de câmbio, como por exemplo, o endosso, o
pagamento, o vencimento, dentre outros. 
Com relação a este assunto, vou me alongar um pouco mais, pois julgo
importante sabermos os aspectos da letra de câmbio que não se aplicam à nota
promissória. 
Basicamente, são quatro os ajustes que precisamos saber sobre a aplicação do
regime da letra de câmbio à nota promissória: 
EMITENTE
ou 
SUBSCRITOR
BENEFICIÁRIO
ou 
TOMADOR
o A denominação “nota promissória” inserta no próprio texto do título; 
o A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 
o A época do pagamento; 
o A indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; 
o O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 
o A indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada;
o A assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor).
 
 
 
 
 
 
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1. Inaplicabilidade das regras incompatíveis com a natureza de promessa de
pagamento da nota – em geral, nesta hipótese estão os aspectos relativos
ao aceite da nota promissória, já que ela não admite aceite, sendo
emitida pelo próprio devedor. Por exemplo, temos aqui neste ajuste as
normas sobre cláusula “não aceitável”, prazos de apresentação ao
sacado, forma do aceite e outros. 
2. Equiparação do subscritor da nota ao aceitante da letra – o subscritor da
nota é quem emite o título, é o principal devedor; equiparado ao
aceitante da nota promissória. 
3. O subscritor da nota é o avalizado, no aval em branco – se o avalista não
identifica o seu avalizado, considera-se que foi ao subscritor da nota que
se pretendeu beneficiar. 
4. A nota promissória a certo termo de vista vence depois de decorrido o
prazo nela mencionado, a partir do visto – este aspecto causa
controvérsia, pois se não é admitido o aceite na nota, como pode ela ser
apresentada ao visto do subscritor, em caso de nota emitida a certo
termo de vista? Porém, o art. 78 da LUG apresenta esta modalidade de
nota promissória. Nesta hipótese, o credor deverá apresentar o título ao
visto do emitente no prazo de um ano do saque (art. 23 da LUG), sendo a
data deste visto o termo inicial do prazo de vencimento. A recusa do
subscritor a dar o seu visto é comprovada por um protesto. 
Portanto, esta afirmativa está correta, já que a nota promissória segue os
mesmos dispositivos que a letra de câmbio por força do art. 77 da LUG. 
Gabarito: Correta 
( ) 15. (ICMS RJ 2008.1) O endosso de uma nota promissória deve ser
puro e simples; qualquer condição a que ele seja subordinado é
considerada como nula. 
Incorreta, em razão da palavra “nula”. Já fizemos uma questão desse tipo
anteriormente, lembra? Comentei sobre o trocadilho feito por nossa banca.
Devemos ter cuidado com “trocadilhos” em nossa prova. 
O correto seria o uso de “não escrita”, conforme o art. 12 c/c art. 77 da LUG.
Assim, “considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o 
 
 
 
 
 
 
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subordine o endossante.” (art. 912, CC). 
Art. 12 da LUG. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele
seja subordinado considera-se como não escrita. 
Gabarito: Incorreta 
16. (ICMS RJ 2008.2) O Sr. RJB firmou contrato de abertura de crédito
com determinado banco comercial no valor de R$ 10.000,00 (dez mil
reais). Por exigência do banco, foi emitida uma nota promissória em
branco, vinculada à avença, sendo que, nesse título de crédito, apôs
sua assinatura o Sr. Antônio, na condição de avalista. Dez meses
depois, o banco ingressa com uma execução com base naquela nota
promissória no valor de R$ 28.472,00, decorrente da abertura da linha
de crédito, ocorrida em favor do avalizado, que não possuía capacidade
econômica para pagar aquele débito. 
A respeito da possibilidade de o avalista arguir a iliquidez da dívida,
assinale a afirmativa correta. 
(A) O credor pode completar o título cambiariforme em qualquer
circunstância após as assinaturas do emitente e do avalista, o que lhe
confere autonomia e literalidade, sendo exigível, mesmo quando não
acompanhada do contrato de abertura de crédito. 
(B) A nota promissória possui autonomia e literalidade, sendo exigível
em qualquer circunstância, podendo ser completada pelo credor antes
de iniciar a cobrança, o que confere liquidez ao título. 
(C) A nota promissória goza de autonomia e literalidade, sendo exigível
apenas quando completada pelo credor deboa-fé antes de iniciar a
cobrança. 
(D) Caracteriza-se a nota promissória pela autonomia e literalidade;
fundada a ação na nota promissória mencionada no enunciado, não se
admite a discussão da causa debendi. 
 
 
 
 
 
 
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(E) A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não
goza de autonomia, em razão do título que a originou, sendo neste caso
admissível a discussão da causa debendi. 
Para a nossa prova, reitero a leitura das súmulas do STF e STJ, pois já ficou
comprovada a utilização por nossa banca de súmulas em sua prova. Esta
questão é um bom exemplo disso. 
Vamos primeiro analisar o enunciado e entender o que o examinador quer. 
O enunciado apresenta uma relação entre um banco e uma pessoa física, onde
foi realizado um contrato de abertura de crédito em favor da pessoa física.
Como garantia, o banco exigiu uma nota promissória em branco vinculada
ao contrato de abertura de crédito. Lembremos que na nota promissória, o
emitente é o devedor, que se obriga perante o beneficiário/tomador, que é o
titular (credor) do crédito; neste caso, emitente é o Sr. RJB e o beneficiário é o
banco. Ainda como exigência, o Sr. Antônio foi avalista do Sr. RJB, garantindo a
obrigação constante da nota promissória. Porém, o Sr. RJB não pagou seu
débito com o banco, e este ingressou com uma ação de execução com base na
nota promissória. 
Agora, lembremos de uma característica importante dos títulos de crédito: sua
liquidez. Assim, os títulos de crédito representam dívida líquida e certa. Pelo
enunciado, temos que a nota promissória foi emitida em branco, certo? Este é
um ponto que examinador quer que saibamos. 
Outro ponto é com relação ao princípio da autonomia, pelo qual cada
obrigação (assinatura) é autônoma em relação às demais e deve ser analisada
em separado, isto é, eventual invalidade de uma obrigação não prejudica as
demais, conforme o art. 7° da LUG. 
Art. 7° da LUG. Se a letra contém assinaturas de pessoas incapazes de se obrigarem por
letras, assinaturas falsas, assinaturas de pessoas fictícias, ou assinaturas que por qualquer
outra razão não poderiam obrigar as pessoas que assinaram a letra, ou em nome das quais
ela foi assinada, as obrigações dos outros signatários nem por isso deixam de ser válidas. 
Repare que estou comentando detalhadamente, como forma de entendermos o
que o examinador pede; o que passa pela cabeça dele. Desta forma, nesta
questão ele levanta dois pontos sobre aquela nota promissória: a sua liquidez e 
 
 
 
 
 
 
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autonomia. 
Como regra, a nota promissória deve representar uma dívida líquida e certa.
Além disso, ela é considerada um título de crédito não-causal, ou seja, ela não
surge de nenhum outro documento, pois sua causa debendi não está definida
em lei, logo não se indaga a sua origem. Um exemplo de título de crédito causal
é a duplicata mercantil, que é emitida na hipótese delimitada por lei para
documentar a compra e venda mercantil ou um contrato de prestação de
serviço. 
Pois bem, o examinador exigiu o conhecimento de duas súmulas do STJ, que
juntas, afastam a autonomia e a iliquidez da nota promissória vinculada
ao contrato de abertura de crédito, possibilitando a ação executória do
banco. Veja as súmulas: 
Repare na lógica disso tudo. No momento do contrato de abertura de crédito
sabe-se o valor exato do débito da pessoa para com o banco, em razão do valor
do crédito solicitado. Posteriormente, em virtude de diversas causas e
possibilidades, a pessoa pode vir a faltar com sua obrigação. No momento da
assinatura do contrato e da nota promissória, não era possível determinar o
valor exato do débito da pessoa para com o banco em momento futuro, por isso
a emissão da nota promissória em branco e dessas súmulas do STJ que
garantem a exigibilidade do crédito através de ação de execução. 
SÚMULA 258 STJ: A nota promissória vinculada a
contrato de abertura de crédito não goza de autonomia
em razão da iliquidez do título que a originou. 
SÚMULA 300 STJ: O instrumento de confissão de
dívida, ainda que originário de contrato de abertura
de crédito, constitui título executivo extrajudicial. 
 
 
 
 
 
 
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30
Quem não conhecesse o teor dessas duas súmulas do STJ, mas conhecesse
esta abaixo do STF ficaria com certa dúvida com relação às demais alternativas.
Lembrando que à nota promissória, cabe a grande maioria das disposições que
regem a letra de câmbio. 
Súmula 387 do STF: A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser
completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. 
 
No entanto, perceba que no caso específico desta questão, a nota promissória
“não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.”. 
Só pra reforçar, caberia a discussão da causa debendi (causa da dívida), já que
neste caso a nota promissória surgiu a partir do contrato de abertura de
crédito. Portanto, a única alternativa que atende o enunciado é a letra E. 
Gabarito: letra E 
17. (ICMS RJ 2008.1) Banco Fique Feliz S/A firmou com Transportes
Seguros Ltda. contrato de abertura de crédito em conta corrente, no
valor de R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais), devidamente
subscrito por duas testemunhas, com garantia de nota promissória
devidamente avalizada. Com base nessas informações, assinale a
afirmativa correta. 
(A) O contrato de cheque especial tem higidez para instruir ação de
execução ajuizada pelo banco, para a cobrança de sua pretensão. 
(B) O instrumento de confissão de dívida originado de contrato de
abertura de crédito em conta corrente não constitui título executivo
extrajudicial. 
(C) Descabe a habilitação do crédito do banco em eventual decretação
de falência do devedor de contrato de cheque especial, pela falta de
executoriedade do título, requisito essencial à habilitação. 
(D) A nota promissória vinculada ao contrato de cheque especial não
autoriza a execução em face do emitente e seu avalista, em decorrência
da iliquidez do contrato que a originou. 
 
 
 
 
 
 
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(E) O instrumento de confissão de dívida originado de contrato de
abertura de crédito em conta corrente somente é considerado título
executivo extrajudicial se acompanhado de nota promissória vinculada
ao contrato. 
Mais uma questão acerca das súmulas 300 e 258 do STJ para reforçar o
aprendizado. Assim, a alternativa correta é a letra D. 
Gabarito: letra D 
( ) 18. (ICMS RJ 2008.1) No cheque, o endosso-mandato não se
extingue por morte ou incapacidade superveniente do
endossantemandante. 
O cheque é uma ordem de pagamento à vista, escrita e em dinheiro, feita
pelo emitente ou pelo sacador (com provisão de fundos) contra uma instituição
financeira (sacado) com a qual mantém relação contratual (contrato de conta
corrente ou de abertura de crédito), em benefício de terceiro (tomador ou
beneficiário). 
o Emitente ou sacador: aquele que emite o cheque. É o devedor do
beneficiário e obrigado principal. 
o Sacado: é o banco. Não tem responsabilidade cambiária; sua
obrigação é contratual ou extracambiária. 
o Tomador ou beneficiário: é portador do título e titular do direito 
SÚMULA 258 STJ: A nota promissória vinculada a contrato de
abertura de crédito não goza de autonomia em razão da
iliquidez do título que a originou. 
SÚMULA 300 STJ: O instrumento de confissão de dívida,
ainda que originário de contrato de abertura de crédito,
constitui título executivo extrajudicial.CURSO ONLINE– DIREITO COMERCIAL EM EXERCÍCIOS – ICMS RJ
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32
nele mencionado. É o único que pode endossar o título. 
Retornemos à questão. 
Esta afirmativa está correta, pois assim dispõe o art. 37 da Lei do Cheque (LC) 
– Lei 7.357/85. 
Art. 37 da LC. A morte do emitente ou sua incapacidade superveniente à emissão
não invalidam os efeitos do cheque. 
O art. 917, §2° do CC, pode ser aplicado neste caso. 
Art. 917, §2° do CC. Com a morte ou a superveniente incapacidade do
endossante, não perde eficácia o endosso-mandato. 
Gabarito: Incorreta 
( ) 19. (ICMS RJ 2008.1) Prescreve em seis meses, contados da data
da apresentação do cheque ao sacado, a ação de execução assegurada
ao portador da cambial. 
O portador do cheque possui o prazo 30 ou 60 dias para apresentar o cheque
ao banco sacado contados da data de emissão. Este prazo é de 30 dias se o
cheque tiver de ser pago na mesma praça em que ele foi emitido e de 60 dias
se em outra praça. 
Pode ocorrer que o cheque seja apresentado de forma tardia (após 30 ou 60
dias). Neste caso, o banco sacado deve descontar o cheque até a prescrição do
cheque, que é de 6 meses do término do prazo de apresentação. Se não houver
saldo suficiente para cobrir o cheque, o portador terá direito à ação executiva
contra o emitente, sem necessidade de protesto. Porém, se não protestado, o
portador perderá o direito de regresso contra os coobrigados (endossantes e
avalistas). O prazo para o protesto do cheque é igual ao prazo para
apresentação. Vejamos os dispositivo da Lei do Cheque sobre este tema. 
Art. 47 da LC. Pode o portador promover a execução do cheque: 
I - contra o emitente e seu avalista; 
 
 
 
 
 
 
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33
ATENÇÃO
II - contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em
tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por
declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de
apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de
compensação. 
§ 1º Qualquer das declarações previstas neste artigo dispensa o protesto e
produz os efeitos deste. 
§ 2º Os signatários respondem pelos danos causados por declarações inexatas. 
§ 3º O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar
a recusa de pagamento pela forma indicada neste artigo, perde o direito de
execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de
apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável. 
§ 4º A execução independe do protesto e das declarações previstas neste artigo,
se a apresentação ou o pagamento do cheque são obstados pelo fato de o sacado
ter sido submetido a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência. 
Quanto à afirmativa tratada nesta questão, 
devemos ter bastante atenção. Inicialmente esta 
assertiva foi considerada INCORRETA pela banca, 
porém ela foi tema de recursos e a banca resolveu acatar as ponderações dos
candidatos, pois considerou que: 
“há aspectos controvertidos na doutrina que podem ter levado os
candidatos a interpretação errônea”. 
Contudo, ainda: 
“observa que o art. 35, sic, da Lei 7.357/85 é claro ao dispor:
“Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de
apresentação a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador.” 
O artigo em questão é o art. 59 da Lei do Cheque. 
Ressalto o teor do artigo 59: “contados da expiração do prazo de
apresentação”. 
Art. 59 da LC. Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo
de apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador. 
 
 
 
 
 
 
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No entanto, devemos concordar com a banca sobre a controvérsia com relação
ao prazo de prescrição da ação de execução do cheque. Para o Prof. Rubens
Requião, por exemplo, 
“se o cheque não foi apresentado no prazo previsto, de trinta dias, por exemplo, a
prescrição começa a correr após o decurso desse prazo; se for apresentado e não pago,
por qualquer motivo, inclusive por falta de provisão de fundos, a prescrição começa a
contar a partir do dia da primeira apresentação.”. 
Observemos o que o Prof. Fabio Ulhoa Coelho menciona sobre o tema: 
”É, em princípio, irrelevante a data em que o cheque foi apresentado ao banco sacado, e
a de sua devolução. O termo inicial do prazo de prescrição será considerado o fim do
prazo de apresentação, inclusive se a apresentação e devolução ocorrerem fora desse
prazo.” 
Pois bem, esta afirmativa estaria INCORRETA nos termos do gabarito
preliminar, porém foi ANULADA considerando a controvérsia acima. No
entendimento de muitos professores, inclusive no meu entendimento, esta
afirmativa está correta nos termos da lei, portanto, apesar da justificativa
pouco objetiva da banca, foi bem anulada. 
É importante relermos os comentários. 
Gabarito preliminar: Incorreta (ANULADA) 
20. (Auditor da Receita do Estado do Amapá 2010) Com relação às
regras relativas ao cheque, assinale a afirmativa incorreta. 
(A) Caracteriza dano moral a apresentação de cheque pré-datado. 
(B) A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. 
(C) Prescreve em 6 meses, contados da expiração do prazo de
apresentação, a ação de execução do cheque. 
 
 
 
 
 
 
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(D) Após o prazo de 6 meses decai o direito do portador de receber a
quantia aposta no cheque. 
(E) Prescreve em 2 anos a ação de enriquecimento contra o emitente
que se locupletou, injustamente, com o não pagamento do cheque. 
A) Caracteriza dano moral a apresentação de cheque pré-datado. Conforme
vimos, o CHEQUE É UMA ORDEM DE PAGAMENTO À VISTA. Porém, é comum a
emissão de cheque para ser pago em data futura; o chamado cheque pré-
datado ou pós-datado. Devemos lembrar, todavia, que o cheque sempre será
uma ordem de pagamento à vista. 
Art. 32 da LC. O cheque é pagável à vista. Considera-se não-estrita qualquer
menção em contrário. 
Parágrafo único - O cheque apresentado para pagamento antes do dia
indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação. 
Desta forma, um cheque pré-datado poderá ser apresentado para desconto
antes da data estipulada. Neste caso, ele poderá ser descontado ou devolvido
conforme haja ou não fundos no banco. Lembrando, que o banco não possui
responsabilidade cambiária alguma nesta situação. 
No entanto, e este é o teor da questão, isso significa o não cumprimento do que
foi acordado entre o emitente e o beneficiário do cheque. Assim, caberia
indenização por dano moral. 
Assim preconiza a súmula 370 do STJ. 
 
Desta forma, a assertiva está literal ao contido na súmula acima. Correta. 
Súmula 370 do STJ: Caracteriza dano moral a
apresentação antecipada do cheque pré-datado. 
 
 
 
 
 
 
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B) A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. Já esta
alternativa segue a disposição literal da súmula 388 do STJ. Correta. 
C) Prescreve em 6 meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a
ação de execução do cheque. Observemos que a banca retorna ao tema da
prescrição do cheque, embora a controvérsia alegada na questão anterior. 
Aqui, embora seja praticamente a mesma questão da anterior, a banca
considerou correta esta afirmativa. E está mesmo. Esperamos que ela
mantenha esta mesma posição nos próximos certames. 
Logo, está correta nos termos do art. 59 da Lei do Cheque (lei 7.357/85). 
Art. 59 da LC.Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do
prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador. 
Parágrafo único - A ação de regresso de um obrigado ao pagamento
do cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia
em que o obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado. 
D) Após o prazo de 6 meses decai o direito do portador de receber a quantia
aposta no cheque. Incorreta, pois não há esta previsão legal de decadência. 
E) Prescreve em 2 anos a ação de enriquecimento contra o emitente que se
locupletou, injustamente, com o não pagamento do cheque. Correta nos termos
do art. 61 da Lei do Cheque. 
Art. 61 da LC. A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados,
que se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, prescreve
em 2 (dois) anos, contados do dia em que se consumar a prescrição prevista no
art. 59 e seu parágrafo desta Lei. 
Súmula 388: A simples devolução indevida de
cheque caracteriza dano moral. 
 
 
 
 
 
 
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Ou seja, após 6 meses do fim do prazo de apresentação, começa a correr o
prazo de 2 anos para a ação de locupletamento contra o emitente do cheque e
seus coobrigados. 
Gabarito: letra D 
( ) 21. (ICMS RJ 2008.1) É cabível ação de execução em face do
emitente do cheque, ainda que não apresentado ao sacado no prazo
legal, desde que não consumada a prescrição da ação cambial. 
Alternativa que trata da apresentação e ação executiva do cheque. De acordo
com o art. 33 da LC, o portador tem um prazo para apresentar o cheque ao
banco sacado. Este prazo é de 30 dias, contados da data da emissão (saque),
se o cheque tiver de ser pago na no mesmo lugar em que foi emitido e de 60
dias, quando emitido em outro lugar do país ou no exterior. 
Em caso de apresentação tardia (após 30/60 dias), o banco deve pagar a
qualquer tempo, até a prescrição (6 meses do término do prazo de
apresentação), conforme a Súmula 600 do STF. 
Logo, a assertiva está correta nos termos da súmula acima. 
Gabarito: Correta 
( ) 22. (ICMS RJ 2008.1) A inobservância de um dos requisitos
elencados na Lei 5.474/68 (Lei de Duplicatas) enseja a perda de
executoriedade do título, em razão de vício de forma. 
Primeiramente, conceituaremos duplicata como ensina o Prof. Rubens
Requião: 
Súmula 600 do STF. Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas,
ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não
prescrita a ação cambiária 
 
 
 
 
 
 
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“é um título de crédito formal, circulante por meio de endosso, constituindo um saque
fundado sobre crédito proveniente de contrato de compra e venda mercantil ou de
prestação de serviços, assimilado aos títulos cambiários por força de lei.” 
A duplicata é um a ordem de pagamento à vista ou a prazo certo. É um título
de crédito causal de emissão facultativa, sacado pelo vendedor ou prestador de
serviços. Seu objetivo é documentar, para efeitos cambiários, o crédito
resultante de uma compra e venda mercantil ou de uma prestação de serviços e
que pode circular por endosso. 
Os requisitos essenciais de uma duplicata (art. 2° da lei 5.474/68 – Lei das
Duplicatas - LD): 
A afirmativa está correta. Esses são os requisitos essenciais sem os quais o
título não valerá como duplicata, em razão de vício de forma. 
Gabarito: Correta 
o A denominação “duplicata”; 
o A data de emissão e o número de ordem; 
o O número da fatura; 
o A data do vencimento ou a declaração de ser à 
vista; 
o O nome e o domicílio do vendedor e do 
comprador; 
o A importância a pagar; 
o O local para pagamento; 
o A cláusula à ordem; 
o A declaração do reconhecimento de sua 
exatidão e da obrigação de pagá-la, dada pelo
aceitante, o comprador; 
o Assinatura do emitente.
 
 
 
 
 
 
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23. (ICMS RJ 2008.2) Determinada companhia produtora de vinhos
vendeu cinqüenta caixas de vinho tinto e cinqüenta de vinho branco. O
comerciante recebeu os vinhos, tendo lançado o aceite na duplicata,
mas, ao conferir a mercadoria recebida, percebeu que metade dos
vinhos brancos estava com o rótulo trocado. Antes da restituição da
duplicata, o sacado cancelou o aceite. Nessa hipótese, seria possível o
cancelamento do aceite antes da restituição da duplicata? 
Assinale a alternativa que responda corretamente à pergunta acima. 
(A) Uma vez lançado o aceite na duplicata, não é dado ao comprador
revogá-lo ou cancelá-lo, ainda quando o título estiver nas mãos do
sacado. 
(B) Mesmo após ter sido lançado no título, permite-se ao sacado, antes
da restituição da duplicata, cancelar o aceite. 
(C) Mesmo após ter sido lançado, permite-se ao sacado, a qualquer
tempo, cancelar o aceite lançado na duplicata, nos termos do art. 29 da
Lei Uniforme de Genebra. 
(D) Mesmo após ter sido lançado no título, permite-se ao sacado, antes
da restituição do título e com a devolução de parte da mercadoria
correspondente, retificar o aceite e limitá-lo ao valor da mercadoria
sem defeito. 
(E) Se o sacado, antes da restituição da duplicata, simplesmente riscar
o aceite que tiver dado, tal aceite será considerado como recusado. 
Esta questão foi causa de diversos recursos e discussões. Porém, o gabarito foi
mantido. Antes de sua análise é necessário fazermos uma pequena introdução
acerca das duplicatas. 
As figuras intervenientes principais da duplicata são as seguintes: 
o Emitente ou sacador: é o vendedor/prestador de serviço, aquele
que emite o título. É o credor originário
(beneficiário=tomador) da ordem de pagamento; 
o Sacado: é o comprador/pessoa que recebeu os serviços. É
devedor do emitente e recebe a ordem de pagamento,
obrigando-se, pelo aceite, a cumpri-la; 
 
 
 
 
 
 
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 vendedor/prestador serviço 
 ordem de pagamento 
 
 comprador 
O aceite é obrigatório na duplicata, isto é, o sacado se obriga ao pagamento
da duplicata, ainda que não a assine. Assim, sua vinculação não depende de
sua vontade. Esta é a diferença essencial entre a letra de câmbio e a duplicata,
já que na letra de câmbio, o aceite é facultativo, ou seja, o sacado não se
encontra obrigado a documentar sua dívida pela letra de câmbio. 
Esta é a regra na duplicata. Porém temos as hipóteses de exceção ao aceite
(art. 8°, lei 5.474/68), quando se permite a recusa: 
I. Avaria ou não-recebimento das mercadorias, quando não expedidas
ou não-entregues por sua conta e risco; 
II. Vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das
mercadorias, devidamente comprovados; 
III. Divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 
São modalidades de aceite: 
o Ordinário: quando a assinatura do devedor encontra-se no campo 
próprio do documento. 
o Por presunção: decorre do recebimento das mercadorias pelo
comprador quando inexiste recusa formal. Forma mais
corriqueira de vincular o sacado ao pagamento da duplicata, pois
está caracterizado o negócio mesmo que o comprador tenha
retido ou inutilizado a duplicata, ou a tenha restituído sem 
DUPLICATA MERCANTIL => ORDEM DE PAGAMENTO
Emitente
ou
Sacador 
Sacado 
 
 
 
 
 
 
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assinatura. 
o Por comunicação: é a modalidade menos comum, quando ocorre
a retenção da duplicata pelo comprador. O sacado envia
comunicação necessariamente em papel.Voltemos à questão. A LUG prevê o cancelamento do aceite, só que na letra de
câmbio; mas por determinação do art. 25 da Lei das Duplicatas, PODERIA ser
aplicado também às duplicatas. 
Art. 29 da LUG. Se o sacado antes da restituição da letra, riscar o aceite que tiver dado,
tal aceite é considerado como recusado. Salvo prova em contrário, a anulação do aceite
considera-se feita antes da restituição da letra. 
Art. 25 da LDup. Aplicam-se à duplicata e à triplicata, no que couber, os dispositivos da
legislação sobre emissão, circulação e pagamento das Letras de Câmbio. 
Porém, na duplicata o aceite é obrigatório, podendo ser
ordinário, presumido ou por comunicação. E nas hipóteses do art. 8° da Lei das
Duplicatas (LD), pode-se recusar o aceite na duplicata. No caso desta
questão, o comprador aceitou a duplicata, só que antes de sua devolução,
optou por cancelar o aceite anteriormente dado (risco, inutilização,...). 
DUPLICATA MERCANTIL => ORDEM DE PAGAMENTO 
ACEITE É OBRIGATÓRIO
ORDINÁRIO
POR COMUNICAÇÃO
POR PRESUNÇÃO
 
 
 
 
 
 
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Portanto, este aceite seria considerado como presumido, já que não foi
ordinariamente dado o aceite ou não foi feita a sua comunicação, e não houve
uma recusa formal do aceite. Logo, a aplicação do art. 29 da LUG não cabe
nesta questão. 
Relembremos a questão: Determinada companhia produtora de vinhos vendeu
cinqüenta caixas de vinho tinto e cinqüenta de vinho branco. O comerciante
recebeu os vinhos, tendo lançado o aceite na duplicata, mas, ao conferir a
mercadoria recebida, percebeu que metade dos vinhos brancos estava com o
rótulo trocado. Antes da restituição da duplicata, o sacado cancelou o aceite.
Nessa hipótese, seria possível o cancelamento do aceite antes da restituição da
duplicata?
Portanto, fica nítido que o examinador quis confundir o candidato ao utilizar o
dispositivo da letra de câmbio sobre o cancelamento do aceite. 
Assim, concluímos que dado o aceite numa duplicata, não cabe o seu
cancelamento ou revogação. A alternativa correta é a letra A. 
Gabarito: letra A 
24. (ICMS RJ 2009) Assinale a afirmativa incorreta. 
(A) Duplicata é título de crédito causal que encontra origem em
contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços. 
(B) Se o credor não realizar o protesto por falta de aceite ou por não
devolução do título, ainda assim poderá realizar o protesto por falta de
pagamento. 
(C) Nos contratos de compra e venda mercantil, o devedor poderá
deixar de aceitar a duplicata: por avaria ou não-recebimento das
mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por sua conta e
risco; por vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade
das mercadorias, devidamente comprovados; e por divergência nos
prazos ou nos preços ajustados. 
(D) Nos contratos de prestação de serviços, o devedor poderá deixar de
aceitar a duplicata: quando não houver correspondência com os
serviços efetivamente contratados; por vícios ou defeitos na qualidade
dos serviços prestados, devidamente comprovados; e por divergência
de prazos ou nos preços ajustados. 
 
 
 
 
 
 
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(E) A duplicata não se configura como título executivo extrajudicial. 
A) Duplicata é título de crédito causal que encontra origem em contrato de
compra e venda mercantil ou de prestação de serviços. Os títulos de créditos
podem ser classificados quanto à causa do débito em: causais ou não-causais. 
O título de crédito causal é aquele em que sua lei reguladora se refere à
determinada operação ou ato que lhe deu origem. A duplicata é o exemplo mais
conhecido de título causal, pois ela se origina da fatura. 
O título de crédito não-causal é aquele que não ser origina de qualquer
outro documento. Sua causa debendi (causa da dívida) não está definida em lei.
Como exemplo, temos a letra de câmbio, o cheque e a nota promissória. 
Portanto, a duplicata é um título de crédito causal cuja origem é um contrato de
compra e venda mercantil ou de prestação de serviços, de acordo com o
contido nos arts. 1° e 20 da lei 5.474/68. Correta. 
Art. 1°. Em todo contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas
no território brasileiro, com prazo não inferior a 30 (trinta) dias, contado da data
da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura
para apresentação ao comprador. 
Art. 20. As empresas, individuais ou coletivas, fundações ou sociedades civis, que
se dediquem à prestação de serviços, poderão, também, na forma desta Lei,
emitir fatura e duplicata. 
B) Se o credor não realizar o protesto por falta de aceite ou por não devolução
do título, ainda assim poderá realizar o protesto por falta de pagamento.
Observe que esta alternativa não menciona o tipo de título de crédito. O
examinador, nas demais alternativas, menciona a duplicata mercantil. Logo, o
candidato deve “deduzir” que esta alternativa também trata da duplicata. 
Bem, há três modalidades de protesto da duplicata: por falta de pagamento,
por falta de aceite e por falta de devolução. 
O protesto deve ser tirado no lugar de pagamento constante na duplicata,
mediante sua apresentação ou por simples indicação do portador, em caso de
não devolução. 
 
 
 
 
 
 
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O prazo para o protesto da duplicata é de 30 dias contados da data de seu
vencimento. Se não for feito o protesto, neste prazo e de forma regular, o
portador da duplicata perderá o direito de regresso contra os endossantes e
respectivos avalistas. 
Esta alternativa está correta, nos termos do art. 13, §2° da Lei 5.474/68. 
Art. 13 §2°. O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de
aceite ou de devolução, não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento. 
Porém, poderíamos utilizar também o art. 21 da Lei 9.492/97. Esta lei regula a
sistemática do protesto. Estudaremos melhor o protesto mais adiante. 
Art. 21 da lei 9.492. O protesto será tirado por falta de pagamento, de aceite ou
de devolução. 
C) Nos contratos de compra e venda mercantil, o devedor poderá deixar de
aceitar a duplicata: por avaria ou não-recebimento das mercadorias, quando
não expedidas ou não entregues por sua conta e risco; por vícios, defeitos e
diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente
comprovados; e por divergência nos prazos ou nos preços ajustados. Correta.
Este é o teor do art. 8° da LD que já vimos anteriormente. Para fixação, segue
novamente as hipóteses de exceção ao aceite na duplicata em decorrência de
contrato de compra e venda mercantil: 
I. avaria ou não-recebimento das mercadorias, quando não expedidas
ou não-entregues por sua conta e risco; 
II. vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das
mercadorias, devidamente comprovados; 
III. divergência nos prazos ou nos preços ajustados. 
 
 
 
 
 
 
 
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D) Nos contratos de prestação de serviços, o devedor poderá deixar de aceitar
a duplicata: quando não houver correspondência com os serviços efetivamente
contratados; por vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados,
devidamente comprovados; e por divergência de prazos ou nos preços
ajustados. Correta. Essas são as hipóteses de recusa ao aceite na duplicata
decorrente de contrato de prestação de serviços, nos termos do art. 21 da
LD : 
I. não-correspondência com os serviços efetivamente contratados; 
II. vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados, devidamente
comprovados;

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