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CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 1 www.pontodosconcursos.com.br Aula 8 – Sistema Tributário Nacional: previsão constitucional; atribuição e competência tributária, princípios constitucionais tributários, limitações ao poder de tributar. Sumário • 1. Conceito de competência tributária: 1.1 Competência legislativa e classificação; 1.2 Classificação da competência tributária; 1.3 Características – 2. Bitributação x Bis in idem. 3. Princípios constitucionais tributários: 3.1 Princípios vinculados especialmente à segurança jurídica: 3.1.1 Princípio da legalidade: 3.1.1.1 Princípio da tipicidade; 3.1.1.2 Mitigações, exceções ou atenuações a legalidade; 3.1.1.3 Jurisprudência do STF; 3.1.2 Princípio da irretroatividade; 3.1.3 Princípio da não-surpresa tributária: 3.1.3.1 Anterioridade genérica ou anual; 3.1.3.2 Anterioridade nonagesimal; 3.1.3.3 Medida provisória; 3.1.3.4 Anualidade tributária; 3.1.3.5 Jurisprudência do STF; 3.1.4 Princípio da transparência fiscal; 3.2 Princípios vinculados especialmente à justiça tributária: 3.2.1 Princípio da igualdade: 3.2.1.1 Privilégios odiosos; 3.2.1.2 Princípio do non olet; 3.2.1.3 Jurisprudência do STF; 3.2.2 Princípio da capacidade contributiva: 3.2.2.1 Princípio da personalização dos impostos; 3.2.2.2 Mínimo vital; 3.2.2.3 Aplicação as espécies tributárias; 3.2.2.4 Jurisprudência do STF; 3.2.3 Princípio do não- confisco: 3.2.3.1 Perspectiva dinâmica e perspectiva estática; 3.2.3.2 Imposto proibitivo; 3.2.3.3 Jurisprudência do STF; 3.3 Princípios vinculados especialmente a forma federativa de Estado: 3.3.1 Princípio da liberdade de tráfego; 3.3.2 Princípio da uniformidade geográfica: 3.3.2.1 A vedação da tributação diferenciada da rendas das obrigações de dívida pública e da remuneração dos agentes públicos; 3.3.2.2 A vedação das isenções heterônomas; 3.3.3 Princípio da não-discriminação em razão da procedência ou destino; 3.3.4 Princípio da territorialidade; 3.4 Princípios característicos a determinados tributos: 3.4.1 Princípio da generalidade e da universalidade; 3.4.2 Princípio da progressividade; 3.4.3 Princípio da seletividade; 3.4.4 Princípio da não-cumulatividade. 1. CONCEITO DE COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA A competência tributária é o poder conferido à União, aos Estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municípios de instituir tributos por meio do processo legislativo discriminado nas normas constitucionais. Sendo assim, decorre do princípio federativo que somente as pessoas que detêm poder de legislar possuem competência tributária ou, em outros termos, “poder de tributar”. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 2 www.pontodosconcursos.com.br Portanto, as pessoas dotadas de poder de legislar a respeito da criação ou instituição dos tributos são os entes federativos ou as pessoas políticas, isto é, a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. Neste sentido, devemos entender que a CF/88 não institui os tributos, mas sim outorga a competência tributária para os entes federativos criarem os tributos e descreve de que forma esta competência pode ser exigida. No concurso da FUNDAÇÃO UNIVERSA para Advogado/CEB/2010 foi considerado falso: “Os impostos são criados pela Constituição Federal, tendo os entes tributantes competência para estabelecer as hipóteses de incidência”. 1.1 COMPETÊNCIA LEGISLATIVA E CLASSIFICAÇÃO A competência legislativa é o gênero do qual se origina a competência tributária, que é uma espécie de competência legislativa para a criação de tributos. Decerto, tanto a competência legislativa como a competência tributária estão previstas no texto constitucional. Assim sendo, competência legislativa classifica-se como exclusiva, privativa, concorrente, suplementar, local e residual. A competência legislativa exclusiva ocorre quando atribuída a apenas um ente da federação, com a exclusão de todos os demais (art. 21). Como exemplo, é competência legislativa exclusiva do Congresso Nacional de resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional, conforme o art. 49, I, da CF/88. Lembre que o Poder Legislativo federal é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A competência legislativa privativa acontece quando enumerada como própria de uma entidade (União, no caso brasileiro), com possibilidade, ao contrário da competência exclusiva, de delegação ou suplementariedade, conforme previsto no art. 22 da CF/88. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 3 www.pontodosconcursos.com.br Deste modo, a União é competente privativamente para legislar sobre desapropriação (art. 22, II), podendo a lei complementar autorizar os Estados e o Distrito federal a legislar sobre questões específicas relacionadas a este tema. A competência legislativa concorrente é aquela que pode ser exercida por mais de uma pessoa política. A Constituição Federal estabelece, por exemplo, que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre direito tributário (art. 24, I). Neste caso, é fundamental deixar claro que no âmbito da legislação concorrente no sistema jurídico brasileiro, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. Assim, a competência da União para legislar sobre normas gerais de direito tributário não exclui a competência suplementar dos Estados e do Distrito Federal, eis que inexistindo lei federal (União) sobre normas gerais de direito tributário, os Estados e o Distrito Federal exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. E a superveniência de lei federal sobre normas gerais de direito tributário suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário, de acordo com o que está estabelecido nos §§1° a 4°, do art. 24, da CF/88. Com efeito, a competência legislativa suplementar significa exatamente a competência de poder de fixar normas que desdobrem o conteúdo de normas gerais da União (art. 24, §2°, da CF) ou que preencham a ausência ou omissão destas normas gerais (art. 24, §3°, da CF). Do mesmo modo, não se esqueça que a CF/88 também estabelece a competência dos Municípios para suplementar a legislação federal e a estadual no que couber e para instituir e arrecadar os tributos de sua competência, segundo os incisos II e III do art. 30. No concurso do CESPE para Analista/EMBASA/2010 foi considerado com incorreto: “Tanto a União como os estados, o Distrito Federal e os municípios podem legislar concorrentemente sobre direito tributário. Cada uma das esferas da administração tem competência legislativa plena no âmbito de sua jurisdição”. Ou seja, apenas na hipótese de inexistência de lei federal sobre normas gerais, os CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 4 www.pontodosconcursos.com.br Estados e o Distrito Federal exercerão competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. Já a competência legislativa local é dos Municípios e do Distrito Federal, uma vez que a CF/88 disciplina que compete aos Municípios legislar sobre assuntos de interesse local. E o Distrito Federal possui competência legislativa municipal e estadual. Como exemplo, é competência local do Município fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial (Súmula 645 do STF). Por fim, a competência legislativa residual é pertencente aos Estados e ao Distrito Federal, pois a CF/88 determina que são reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas pela Constituição (art. 25, §1°). Ou seja, todas as competências que não são da União ou dos Municípios podem ser exercidas pelos Estados-membros. Importante: Sobre o tema, é necessáriorealçarmos algumas decisões relevantes do STF a respeito de temas ligados ao direito tributário: 1. “Mostra-se constitucional a disciplina do IPVA mediante norma local. Deixando a União de editar normas gerais, exerce a unidade da federação a competência legislativa plena” (AI 167.777- AgR); 2. “À falta de Lei Complementar da União que regulamente o adequado tratamento tributário do ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas, (CF, art. 146, III, c), o regramento da matéria pelo legislador constituinte estadual não excede os lindes da competência tributária concorrente que lhe é atribuída pela Lei Maior” (ADI 429-MC); 3. “Custas dos serviços forenses: matéria de competência concorrente da União e dos Estados (CF 24, IV), donde restringir-se o âmbito da legislação federal ao estabelecimento de normas gerais, cuja omissão não inibe os Estados, enquanto perdure, de exercer competência plena a respeito” (ADI 1.926-MC); 4. “Lei estadual que determina que os municípios deverão aplicar, diretamente, nas áreas indígenas localizadas em seus respectivos territórios, parcela (50%) do ICMS a eles distribuída — Transgressão à cláusula constitucional da não-afetação da receita oriunda de impostos (CF, art. 167, IV) e ao postulado da autonomia municipal (CF, art. 30, III) Inviabilidade de o estado-membro impor, ao município, a destinação de recursos e rendas que a este pertencem por direito próprio — Ingerência estadual indevida em tema de exclusivo interesse do município” (ADI 2.355); 5. “A Constituição Estadual não pode estabelecer limite para o aumento de tributos municipais” (Súmula 69 do STF). 1.2 CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 5 www.pontodosconcursos.com.br A competência tributária classifica-se como exclusiva, residual, extraordinária, comum e cumulativa. No concurso do CESPE para o TCE/AC/2009 foi considerado como incorreto: “Na CF, a competência para instituir impostos foi repartida, obedecendo a técnica da simultaneidade ou cumulatividade”. A competência tributária exclusiva se refere a competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para instituir os tributos que a Constituição prevê especificamente apenas para cada ente federativo, a saber: Competência exclusiva ou privativa da União (i) Impostos: a) imposto sobre importação de produtos estrangeiros (II) – art. 153, I; b) imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE) – art. 153, II; c) imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR) – art. 153, III; d) imposto sobre produtos industrializados (IPI) – art. 153, IV; e) imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF) – art. 153, V; f) imposto sobre propriedade territorial rural (ITR) – art. 153, VI; g) imposto sobre grandes fortunas (IGF) – art. 153, VII. (ii) Empréstimos Compulsórios (art. 148): a) empréstimo por calamidade ou guerra externa (art. 148, I); b) empréstimo por investimento público urgente e de relevância nacional (art. 148, II); (iii) Contribuições especiais ou parafiscais: a) contribuições de seguridade social (art. 195, art. 239; ADCT, art. 74, 75, 84 e 90); b) contribuições sociais (art. 212, § 5º e art. 240); c) contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas, também denominadas de corporativas (art. 149); d) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE) – art. 149 e art. 177, § 4º. Competência exclusiva ou privativa dos Estados e do Distrito Federal (i) Impostos (CF, art. 155): a) impostos sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) – art. 155, I; b) impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) – art. 155, II; c) imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA) – art. 155, III. Competência exclusiva ou privativa dos Municípios e do Distrito Federal CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 6 www.pontodosconcursos.com.br (i) Impostos (CF, art. 156): a) imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU) art. 156, I; b) impostos sobre transmissão inter vivos, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI) – art. 156, II; c) imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS), não compreendidos no ICMS, definidos em lei complementar – art. 156, III; (ii) Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP ou CIP) - art. 149-A. A competência tributária residual se refere à competência da União para instituir, mediante lei complementar (legislador ordinário), impostos não previstos na sua competência, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição (art. 154, I). Nos concursos do CESPE para Advogado/BRB/2010 e para Juiz Federal/TRF2/2010 foram consideradas incorretas, respectivamente, as seguintes assertivas: “Para que a União tenha competência para instituir impostos residuais por lei ordinária federal, é suficiente que estes obedeçam ao requisito de não cumulatividade”; “A União detém competência tributária residual e no seu exercício poderá editar lei em que a nova exação seja não cumulativa, desde que não tenha fato gerador ou base de cálculo próprios dos demais tributos discriminados na CF”. Não é demais lembrarmos que o legislador ordinário é aquele que formula leis abaixo da Constituição (legislador constituinte), ou seja, hierarquicamente inferiores à Constituição. Assim sendo, realçamos que o imposto residual da União deve ter o seu fato gerador, base de cálculo, contribuinte e também a alíquota prevista em lei complementar. Nesse rumo, ressaltamos que o princípio da anterioridade deve ser observado no uso da competência tributária residual. Por outro lado, o STF (ADIN 939/DF) já firmou posicionamento no sentido de que a “técnica da competência residual é para o legislador ordinário e não para o constituinte derivado e a não cumulatividade e o não bis in idem não precisam ser observados quando da criação de um novo imposto através de emenda constitucional”. Em síntese, o STF entende que as restrições estabelecidas no art. 154, I, da CF, não podem ser opostas a emenda a constituição, CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 7 www.pontodosconcursos.com.br mas sim ao legislador ordinário na criação do imposto por meio da lei complementar. Por sua vez, registramos que doutrina minoritária entende que os Estados-membros também possuem competência tributária residual, com fundamento na sua competência legislativa residual prevista no art. 25, §1°, da CF, afirmando que é competência tributária residual dos Estados-membros instituírem taxas e contribuições de melhoria. Ou seja, as taxas e contribuições de melhoria que não sejam de competência político-administrativa da União ou dos Municípios podem ser criadas pelos Estados-membros. A competência tributária extraordinária é a competência da União para instituir na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação (art. 154, II). No concurso da FGV para o ICMS/RJ/2009 foi considerado como correta: “A União poderá instituir, mediante lei ordinária, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, na iminência ou no caso de guerra externa, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação”. A competênciatributária comum ou concorrente é a competência de todos os entes políticos para instituição de taxas, contribuições de melhoria e contribuição previdenciária dos seus servidores, dentro da esfera de competência político-administrativa de cada um. Competência comum da União, Estados-membros, DF e Municípios Taxas: a) taxas de polícia; b) taxas de serviço. Contribuições de Melhoria Contribuição previdenciária. Por fim, a competência tributária cumulativa é a competência da União para instituir, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais (art. 147, da CF/88). No concurso do CESPE para Procurador Federal/2010 foi considerada correta a seguinte assertiva: “Se, na região Norte do país, for criado território federal, mediante lei complementar, competirá à União a instituição do ICMS nesse território”. Ressaltamos que competem à CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 8 www.pontodosconcursos.com.br União, em Território Federal, os impostos estaduais (ICMS, ITCMD e IPVA) e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais (ISS, IPTU e ITBI). Podemos afirmar também que o Distrito Federal exerce competência tributária cumulativa, pois possui competência tributária estadual e municipal. Ademais, destacamos que a pessoa política que detém a competência tributária para instituir o tributo também é competente para aumentá-lo, diminuí-lo ou mesmo conceder isenções, observados os limites constitucionais e legais. 1.3 CARACTERÍSTICAS A doutrina atribui algumas características à competência tributária, a saber: (i) Privatividade, que se manifesta na competência exclusiva de cada ente federativo para instituir os tributos de sua competência e, por conseguinte, veda os demais de virem a criá-los. (ii) Indelegabilidade, entendida como a impossibilidade do ente federativo delegar a terceiros a sua competência para instituir o tributo. No concurso do CESPE para o TCE/AC/2009 foi considerada errada: “A competência tributária é delegável, desde que a delegação seja feita entre entidades políticas (União, estados e municípios)”. Destacamos que não desobedece à característica da indelegabilidade o ato legal de determinado ente federativo que confere a outra pessoa jurídica de direito público às funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária. Tais atribuições, segundo o art. 7°, do CTN, compreendem as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir, sendo que estas atribuições podem ser revogadas, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. Neste sentido, também não constitui delegação de competência tributária o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos (§3°, CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 9 www.pontodosconcursos.com.br do art. 7°, do CTN). Aqui é o que acontece diuturnamente com as instituições financeiras que arrecadam o tributo. Arrecadar significa receber, descontar ou reter o pagamento do tributo, isto é, as instituições financeiras não podem fiscalizar ou cobrar o pagamento do tributo, o que é competência apenas de entidades de direito público, dotadas de poder de império, tais como a Receita Federal do Brasil (fiscalizar) e a Procuradoria da Fazenda Nacional (cobrar o tributo por meio da execução fiscal). Por este fundamento, já decidiu o STJ (Resp 28.675/PR), por exemplo, que a arrecadação de tributos não transforma gerente de banco comercial em autoridade pública. Por outro lado, devemos distinguir competência tributária e capacidade tributária ativa, que significa a possibilidade de determinada pessoa figurar como sujeito ativo ou no pólo ativo (credor) da relação jurídico-tributária, sendo a pessoa competente para exigir o cumprimento da obrigação tributária. Assim, o próprio art. 7° dispõe sobre esta possibilidade de delegação da capacidade tributária ativa, quando dispõe que as atribuições de fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária pode ser conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra. No concurso do CESPE para Juiz Federal/TRF2/2010 foi considerada correta: “A competência para instituir tributo é distinta da competência para efetuar sua fiscalização e cobrança; pode, por isso, ser delegada a condição de sujeito ativo da obrigação tributária e, consequentemente, a competência para lançar, fiscalizar e exigir o pagamento do tributo”. Por outro lado, de forma mais técnica, existem autores que afirmam que a atribuição da capacidade tributária para outra pessoa política dá-se por outorga, que seria o nome mais adequado para dizer que deve ser sempre por lei. Mas os concursos públicos, na grande maioria das vezes, falam em delegação da capacidade tributária ativa por lei e não em outorga. O exemplo clássico e não mais válido de delegação da capacidade tributária ativa é o das contribuições previdenciárias que eram cobradas pelo INSS (autarquia federal). A competência tributária é da União, mas a capacidade tributária ativa era do INSS. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 10 www.pontodosconcursos.com.br Outro exemplo é o da possibilidade do ITR de competência tributária da União ser fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem (art. 153, §4°, III, da CF/88). Do mesmo modo, estabelece-se que a lei federal pode cometer aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios o encargo de arrecadar os impostos de competência da União cujo produto lhes seja distribuído no todo ou em parte (art. 84 do CTN). Por exemplo, a retenção de imposto de renda (IR) na fonte do servidor público estadual desloca a capacidade tributária ativa para o Estado, que, no caso, é sujeito ativo do IR, conforme súmula 447 do STJ. No concurso do CESPE/Juiz Federal/TRF5/2008 foi considerada correta: “A indelegabilidade restringe-se à competência tributária, e não abrange as funções fiscais de fiscalização e arrecadação, podendo este último encargo ou função ser cometido a pessoa jurídica de direito privado, sem que isso constitua ato de delegação”. (iii) Incaducabilidade ou imprescritibilidade ou, ainda, não sujeita a decadência, a significar que o não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído, de acordo com o art. 8º do CTN, ou seja, a pessoa política pode exercer competência tributária estabelecida no texto constitucional a qualquer tempo. (iv) Inalterabilidade, no sentido de que o próprio ente federativo competente para instituir determinados tributos pelo texto constitucional não pode ampliar por meio de norma ordinária (infraconstitucional) a sua competência tributária. Por exemplo, o Distrito Federal não pode ampliar a sua competência tributária por meio de lei distrital. A Constituição Federal estabelece as competências tributárias de forma rígida. Entretanto, destacamos que esta característica não impede a alteração da competência tributária por meio de reforma constitucional, desde que tal modificação pelo poder constituinte derivada não seja tendente a abolir a autonomia financeira do ente federado, o que acarretaria violação a forma federativa de Estado (art. 60, §4°, I, da CF/88). CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 11 www.pontodosconcursos.com.br De tal modo, não violou a forma federativa de Estado brasileira a Emenda Constitucionaln. 3/1993, que extinguiu a competência dos Estados e do Distrito Federal para instituir o Adicional ao Imposto sobre a Renda (AIR) e a competência dos Municípios e do Distrito Federal para criar o Imposto sobre Vendas a Varejo de Combustíveis Líquidos e Gasosos (IVVC), uma vez que a perda da arrecadação decorrente da extinção desses impostos não foi tendente a abolir a autonomia financeira dos respectivos entes federativos. (v) Irrenunciabilidade, conforme a qual não pode o ente federativo renunciar ou abrir mão da competência tributária, em virtude do postulado da indisponibilidade do interesse público. No concurso da FCC para Defensor Público/PA/2010 foi considerada correta: “A competência tributária é indelegável, inalienável, imprescritível, irrenunciável e inalterável”. O examinador utilizou o termo inalienável (pouco usado na doutrina) que significa que o ente federativo não pode dispor ou abdicar do direito. (vi) Facultatividade, pois a competência tributária é uma faculdade que pode ou não ser utilizada pela pessoa política, criando ou não o tributo, ou ainda, criando-o somente em parte. Todavia, registramos que, depois de instituído o tributo, não há mais facultatividade para a administração, uma vez que a atividade de cobrança é vinculada, conforme bem previsto no art. 142 do CTN. Salientamos, ainda, que a Lei Complementar 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF) estabelece que constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação (art.11). Todavia, ressaltamos que a facultatividade continua sendo considerada como característica da competência tributária pela grande maioria dos doutrinadores. Competência Tributária Privativa Indelegável Imprescritível Inalterável Irrenunciável Facultativa CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 12 www.pontodosconcursos.com.br No concurso da FGV para o ICMS/RJ/2009 foi considerada correta: “De acordo com os ditames da Lei de Responsabilidade Fiscal, constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação”. Por sua vez, no concurso do CESPE para Procurador do Estado de Alagoas/2009 foi perguntado na prova discursiva: “Discorra acerca da competência tributária, abordando, necessariamente, a sua definição, bem como a identificação e a definição das suas características, estabelecidas na Constituição Federal e no Código Tributário Nacional, detalhando cada uma delas”. (máximo de 30 linhas) 2. BITRIBUTAÇÃO X BIS IN IDEM A bitributação acontece quando dois ou mais entes federativos (União, Estados-membros, DF e Municípios) tributam sobre o mesmo fato gerador ou sobre a mesma base de cálculo. Na bitributação, em regra, há invasão inconstitucional de competência, pois um ente federativo está desobedecendo à competência fixada para outro ente federativo. Exemplo de bitributação não permitido é o seguinte: determinado Estado-membro instituiu um adicional de IPTU, mediante lei estadual, sobre o valor venal do imóvel urbano. Isto é, o Estado-membro invadiu a competência do Município com a criação de novo imposto incidente sobre base de cálculo de tributo do Município (IPTU). Contudo, existem possíveis hipóteses de bitributações permitidas pelo texto constitucional. Por exemplo, são os casos do imposto extraordinário de guerra (IEG) e do empréstimo compulsório. Nestes dois tributos de competência da União, o legislador federal pode se utilizar de fatos geradores de tributos estaduais ou municipais. O bis in idem ocorre quando um mesmo ente federativo tributa um único fato por mais de uma vez. Portanto, o bis in idem significa a criação de um tributo com a mesma natureza jurídica de outro tributo já existente. Ou seja, determina lei do mesmo ente federativo institui um tributo com a mesma hipótese de incidência ou base de cálculo de outro tributo de sua própria competência. Vamos aos exemplos permitidos pela Constituição: CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 13 www.pontodosconcursos.com.br • A tributação do lucro pela União com o imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ) e a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL); • Contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e a contribuição para o financiamento da seguridade social (COFINS), inclusive o PIS-importação e a COFINS-importação criados pela Lei 10.895/04; • Imposto de importação (II) e imposto sobre produtos industrializados incidente sobre produtos industrializados (IPI) de procedência estrangeira, conforme art. 46, I, do CTN (REsp Nº 846.667/RJ); Todavia, registramos que a doutrina minoritária utiliza o termo bitributação como gênero, isto é, englobando a bitributação e o bis in idem, sem realmente diferenciar os institutos. Por exemplo, recentemente (RE 363.852, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 03/02/10), o STF adotou a doutrina minoritária e firmou posicionamento pela inconstitucionalidade da contribuição social sobre a ‘receita bruta proveniente da comercialização da produção rural’ de empregadores, pessoas naturais, fornecedores de bovinos para abate, alegando literalmente, entre outros aspectos, a “bitributação” com a COFINS. 3. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS A norma jurídica é o gênero do qual se diversificam, como espécies, as regras e os princípios jurídicos. Dentre os últimos estão compreendidos os princípios constitucionais tributários dispostos explicitamente ou implicitamente no texto constitucional, principalmente na seção denominada de limitações do poder de tributar (arts. 150 a 152). 3.1 PRINCÍPIOS VINCULADOS ESPECIALMENTE À SEGURANÇA JURÍDICA A segurança jurídica exige, na maior medida do possível, a compreensibilidade, previsibilidade e conhecimento antecipado das normas vigentes pelo sujeito passivo da relação tributária. Decerto, decorre do Estado de Direito previsto constitucionalmente no art. 1° da CF/88 e, na seara tributária, é consagrada, especialmente, pelos princípios da legalidade (art. 150, I), irretroatividade (art. 150, III, “a”), não-surpresa (art. 150, III, “b” e “c”) e transparência fiscal (art. 150, §§5° e 6°). CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 14 www.pontodosconcursos.com.br 3.1.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE O texto constitucional estabelece explicitamente no art. 150, I, que os tributos devem ser criados ou aumentados por lei prévia, buscando excluir o arbítrio do poder estatal. É a denominada legalidade tributária, que obriga o surgimento da obrigação tributária por lei formal (obrigação ex lege). Em regra, os tributos são instituídos por lei ordinária. Todavia, existem tributos que, se forem criados, devem ser por meio de lei complementar. Lei complementar Imposto sobre grandes fortunas; Empréstimos compulsórios Impostos residuais da União Contribuições sociais novas ou residuais 3.1.1.1 PRINCÍPIO DA TIPICIDADE Significa que não basta o tributo ser criado ou aumento por lei formal, devendo também ocorrer a adequação da conduta do sujeito passivo à norma tributária. É a subsunção do fato real à norma abstrata. A tipicidade ordena que o legislador estabeleça em lei todos os aspectos da regra matriz de incidência tributária. Assim sendo, em função da obediência a tipicidade, os aspectos material (situação geradora da incidência), espacial (local de incidência), temporal (momento de incidência), pessoal (sujeito ativo e passivo) e quantitativo (base de cálculo e alíquota) devem está previstos em lei. No concurso da ESAF para Analista/SUSEP/2010 foi adotadocomo correta a seguinte assertiva: “A lei deve esgotar, como preceito geral e abstrato, os dados necessários à identificação do fato gerador da obrigação tributária e à quantificação do tributo, sem que restem à autoridade poderes para, discricionariamente, se ‘A’ irá ou não pagar tributo, em face de determinada situação”. A tipicidade é complementar ao princípio da legalidade, Segundo parte da doutrina, a tipicidade está expressa igualmente no art. 150, I, da CF/88. Assim, afirma-se que a legalidade tributária faz referência ao veículo da norma (lei formal) e a tipicidade ao conteúdo da lei, que é a própria norma tributária em todos os seus aspectos. Neste sentido, o art. 97 do CTN concretiza a tipicidade tributária. De acordo com a interpretação deste dispositivo à luz do CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 15 www.pontodosconcursos.com.br texto constitucional, apenas lei pode estabelecer: • A instituição de tributos, ou a sua extinção; • A majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto no texto constitucional; • A definição do fato gerador da obrigação tributária principal e do seu sujeito passivo; • A fixação da base de cálculo do tributo e de sua alíquota, ressalvado o disposto no texto constitucional; • A cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; • As hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades, ressalvado o disposto no texto constitucional. De mais a mais, ressaltamos o entendimento do STF no sentido de que a coisa julgada em matéria fiscal fica delimitada à relação jurídico-material em que debatida, não podendo, portanto, ser invocada em exercícios posteriores, de acordo com a Súmula 239 (AI 189.787-AgR, DJ de 4-4-1997). 3.1.1.2 MITIGAÇÕES, EXCEÇÕES OU ATENUAÇÕES A LEGALIDADE Por sua vez, esclarece-se que existem tributos que poderão ter suas alíquotas majoradas ou reduzidas por ato do Poder Executivo federal, por meio de decreto, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, a saber: imposto de importação (II); imposto de exportação (IE); imposto sobre produtos industrializados (IPI); impostos sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF). É o que dispõe o art. 153, §1º, da CF. Quanto a Contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE) sobre combustíveis (art. 177, §4°, I alínea “b”, da CF) e o ICMS – Combustíveis e Lubrificantes (art. 155, §4°, IV, da CF), as alíquotas poderão somente ser reduzidas e restabelecidas, nos termos da lei, ou seja, o Poder Executivo reduz a alíquota e, uma vez reduzida, pode restabelecê-la, tendo, como teto, a alíquota, prevista anteriormente em lei. No caso do ICMS – Combustíveis e Lubrificantes, a exceção se refere à incidência monofásica do imposto, e as alíquotas são definidas nacionalmente por convênios dos Executivos CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 16 www.pontodosconcursos.com.br Estaduais, ou seja, por ato de deliberação do Poder Executivo dos Estados e do Distrito Federal, nos termos da Lei Complementar 24/75. Nos concursos do CESPE para Consultor/ES/2010, Juiz Federal/TRF1/2010 e Procurador/PB/2008 foram consideradas erradas, respectivamente, as seguintes assertivas: “Em respeito ao princípio da legalidade, não é permitido ao chefe do Poder Executivo elevar a alíquota do imposto de importação, mesmo dentro de limites autorizados por lei”; “Inexistindo legislação específica impondo condições e limites, é lícito ao Poder Executivo alterar as alíquotas da contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE)”; “Nos termos e limites fixados em lei complementar federal, o Poder Executivo estadual, mediante decreto, pode reduzir, com o objetivo de regular a demanda, as alíquotas de ICMS de determinados produtos, dada a natureza extrafiscal desse tributo”. É errada a última assertiva, pois não pode ser mediante decreto. Outra ressalva se refere aos benefícios fiscais do ICMS (isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão) por meio de convênio interestadual do CONFAZ (art. 150, §6°, da CF). O fundamento da mitigação a legalidade tributária está no fato de que esses tributos têm caráter extrafiscal, ou seja, são tributos reguladores da política econômica, monetária e fiscal do País. Como exemplo, o Presidente da República quer intervir no comércio exterior, incentivando as exportações e, por conseguinte, diminui a alíquota do imposto de exportação (II) ou quer desestimular a produção de determinado produto industrial e aumenta a alíquota do IPI. Por sua vez, segundo compreende parte da doutrina, é chamado de atenuação ou exceção à legalidade tributária a possibilidade de instituição ou majoração de tributo por medida provisória. Nesse rumo, a partir da Emenda Constitucional (EC) n.° 32/01, é expressa na CF a possibilidade das medidas provisórias atuarem como veículos introdutores de normas tributárias (art. 62, §2°), sendo proibido na hipótese da CF exigir lei complementar. Poder Executivo Federal (alterar a alíquota) II IE IPI CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 17 www.pontodosconcursos.com.br IOF CIDE – Combustíveis Poder Executivo estadual e distrital (alíquotas definidas nacionalmente por convênio) ICMS – Combustíveis e Lubrificantes Poder Executivo estadual e distrital (benefícios fiscais definidos nacionalmente por convênio) ICMS No concurso da ESAF para APO/União/2010 foi considerado correto o seguinte enunciado: “(...) a própria Constituição estabelece que ato do Poder Executivo pode elevar alíquotas de determinados tributos, como, por exemplo, imposto sobre produtos industrializados, contribuição de intervenção no domínio econômico sobre combustíveis e imposto sobre importações”. 3.1.1.3 JURISPRUDÊNCIA DO STF De início, ressaltamos que a definição de vencimento das obrigações tributárias (data para pagamento) e a instituição de obrigações tributárias acessórias não estão no campo reservado à lei, podendo ser alvo de Decreto do Poder Executivo. Por sua vez, destacamos que não é competência exclusiva do Presidente da República a possibilidade de alteração das alíquotas dos tributos federais estabelecidas no texto constitucional. Segundo o STF, o enunciado “Poder Executivo” disposto no art. 153, §1°, da CF/88, não significa competência privativa ou exclusiva do Presidente da República, mas sim que tal competência pode ser exercida por órgão que integre a estrutura do Poder Executivo. Por exemplo, a Câmara de Comércio Exterior (CAMEX). O CESPE no concurso da Defensoria Pública/União/2010 considerou correto o seguinte enunciado: “A competência para a fixação das alíquotas do imposto de exportação de produtos nacionais ou nacionalizados não é exclusiva do presidente da República; pode ser exercida por órgão que integre a estrutura do Poder Executivo”. Assim, ressaltamos os seguintes precedentes: • Não implica ofensa a legalidade tributária o fato de a lei deixar para o regulamento a complementação dos conceitos de CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 18 www.pontodosconcursos.com.br ‘atividade preponderante’ e ‘grau de risco leve, médio e grave’ (RE 567.544-AgR); • Regulamento que antecipa o dia de recolhimento do tributo e determina a incidência de correção monetária a partir de então não fere a legalidade, pois não se encontra sob o princípio da legalidade estrita e da anterioridade a fixação do vencimento da obrigação tributária (RE 195.218, RE 182.971); O concurso do CESPE para Juiz Federal/TRF1/2010 adotoucomo incorreto: “Ofende o princípio da legalidade decreto que antecipa data de recolhimento de tributo”. Por outro lado, o CESPE no concurso para Procurador/PE/2009 adotou como correto: “A simples atualização monetária não se confunde com majoração de tributo”. • Somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das taxas. Assim, fere a legalidade a instituição dos emolumentos cartorários por Tribunal de Justiça, bem como as normas por meio das quais a autarquia institua uma taxa, sem lei que a autorizasse (ADI 1.709, ADI 1.823-MC). 3.1.2 PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE Preceitua que a lei deve abranger apenas situações geradoras da obrigação tributária (aspecto material) posteriores à sua edição, não devendo abranger fatos pretéritos. Por exemplo, se a alíquota do IPVA é aumentada ou diminuída, não pode alcançar fatos geradores ocorridos antes do início da sua vigência. Destacamos que irretroatividade em matéria tributária não é absoluta, podendo, por exemplo, as leis interpretativas e as multas menos severas retroagirem para atingirem situações passadas. 3.1.3 PRINCÍPIO DA NÃO-SURPRESA TRIBUTÁRIA Consagrado no art. 150, III, “b” e “c”, da CF, pela anterioridade, busca proteger o sujeito passivo de uma tributação Importante: “Ao IR calculado sobre os rendimentos do ano- base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração” (Súmula 584 do STF). Assim, não fere o princípio da irretroatividade lei editada no final do ano-base, que atingiu a renda apurada durante todo o ano, pois o fato gerador do IR somente se completa e se caracteriza, ao final do respectivo período, ou seja, no dia 31 de dezembro (RE 197.790-6, RE 194.612, RE n. 104.259); CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 19 www.pontodosconcursos.com.br inesperada. Decerto, é um plus a irretroatividade, pois não satisfaz a segurança jurídica apenas que a situação tributável seja prévia, devendo também existir um tempo razoável para que o sujeito passivo possa planejar as suas atividades econômicas, o que fortalece a confiança e a certeza no Estado de Direito. 3.1.3.1 ANTERIORIDADE GENÉRICA OU ANUAL É a proibição do poder estatal fiscal cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que tenha instituído ou majorado o tributo. A interpretação mais adequada do princípio da anterioridade genérica é que a norma jurídica criadora ou majoradora do tributo apenas irá incidir sobre os fatos jurídicos ocorridos no exercício financeiro subseqüente ao de sua publicação. No Brasil, conforme dispõe a legislação infraconstitucional brasileira (art. 34 da Lei n. 4.320/64), o exercício financeiro é o período de 1º de janeiro a 31 de dezembro, coincidindo perfeitamente com o ano civil. Neste sentido, a interpretação dominante na doutrina a respeito da anterioridade é que lei criadora ou majoradora do tributo entra em vigor no dia da sua publicação, mas só tem eficácia após a observância do prazo constitucional. Por exemplo, se uma lei majorar o imposto sobre propriedade territorial rural (ITR) em 30 de abril de 2009, só poderá produzir efeitos jurídicos a partir de 1° de janeiro de 2010. Ou seja, a lei entra em vigor no dia 30 de abril de 2009, mas só tem eficácia jurídica a partir de 1° de janeiro de 2010. Deve-se salientar, entretanto, que, por motivos de política econômica ou de urgência, o princípio da anterioridade anual, segundo a Constituição Federal, não se aplica apenas ao empréstimo compulsório para atender despesas de calamidade pública ou despesas decorrentes de guerra externa (art. 148, I), ao imposto de importação de produtos estrangeiros (II – art. 153, I), ao imposto de exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE – art. 153, II), ao imposto sobre produtos industrializados (IPI – art. 153, IV), ao imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF – art. 153, V), ao imposto extraordinário por motivo de guerra externa (IEG – CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 20 www.pontodosconcursos.com.br art. 154, II), e as contribuições para a seguridade social (art. 195, §6°). Do mesmo modo, existem mais duas importantes normas que atenuam a aplicação da regra da anterioridade anual, que são as seguintes: (i) o imposto sobre circulação de mercadorias incidente em etapa única sobre combustíveis e lubrificantes (ICMS – Combustíveis) que pode ter suas alíquotas reduzidas e restabelecidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal; e a (ii) alíquota da contribuição de intervenção no domínio econômico relativas à importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível (CIDE – Combustíveis) que poderá ser reduzida e restabelecida por ato de competência do Poder Executivo Federal. Com efeito, nestes dois últimos casos criados pela EC n.° 33/2001, deve-se afirmar que a interpretação mais consentânea com as normas jurídicas constitucionais e com a jurisprudência do STF é que o Poder Executivo poderá reduzir e restabelecer a alíquota do ICMS – Combustíveis e da CIDE – Combustíveis, mas não poderá ultrapassar o teto da alíquota prevista anteriormente a redução e que não se deve observar o princípio da anterioridade. Anota-se também que o princípio da anterioridade é garantia individual do contribuinte e, portanto, cláusula pétrea, não podendo ser alterado nem pelo poder constituinte derivado. Assim sendo, a anterioridade tributária é limitação material ao poder constituinte derivado (ADIn n. 939-7). 3.1.3.2 ANTERIORIDADE NONAGESIMAL Por sua vez, o poder constituinte derivado através da EC n. 42/2003 revigorou a certeza e a segurança no direito tributário, garantindo-se ainda mais o sujeito passivo da relação tributária contra uma tributação inesperada ou surpresa, vedando a cobrança de alguns tributos antes de decorridos 90 dias da data em que tiver sido publicada a lei que os tenha instituído ou aumentado (art. 150, inciso III, alínea “c”), consoante já era igualmente fixado pelo poder constituinte originário para as contribuições da seguridade social (art. 195, §6°, da CF/88). Exemplificando, publica-se uma lei aumentando a alíquota do imposto sobre propriedade territorial rural (ITR) no dia 31 de dezembro de 2008, esta lei, de acordo com o art. 150, inciso III, alínea “c”, da CF/88, só tem eficácia jurídica em 1° de abril de 2009. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 21 www.pontodosconcursos.com.br A “nova” regra denominada de princípio da anterioridade nonagesimal ou especial (noventena) também é excepcionada para o II, IE, IR, IOF, IEG e o empréstimo compulsório por motivo de guerra externa ou de calamidade pública, bem como no que diz respeito à fixação da base de cálculo do imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) e do imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU). A FGV no concurso para Fiscal de Rendas/RJ/2008 cobrou a seguinte questão: “As duas facetas do princípio da não-surpresa– Constituição Federal/88, art. 150, III, “b” e “c” – aplicam-se ao: (a) imposto de renda; (b) IPI; (c) empréstimo compulsório; (d) ICMS; (e) imposto extraordinário de guerra”. As duas facetas do princípio da não- surpresa são a anterioridade genérica e a anterioridade nonagesimal. Assim, a resposta considerada correta foi a letra “d”. Contudo, ressaltamos que na hipótese de restabelecimento de alíquotas do ICMS incidente sobre Combustíveis não se aplica a anterioridade genérica ou anual. Observamos, portanto, algumas importantes singularidades decorrentes da EC 42/2003, que são: o IPI não é exceção à noventena, mas é à anterioridade comum; o IR não é exceçãoà anterioridade comum, mas é à noventena; o restabelecimento (nunca o aumento propriamente dito) de alíquotas do ICMS – Combustíveis e da CIDE – Combustíveis não é exceção à noventena, mas é à anterioridade comum; o IPVA e o IPTU se submetem à anterioridade comum, mas a definição das suas bases de cálculo não está sujeita à noventena. O CESPE no concurso para Ministério Público/ES/2010 considerou como correta a seguinte afirmativa: “Lei estadual, que determine a majoração das alíquotas e da base de cálculo do imposto sobre a propriedade de veículos automotores, publicada no dia 31 de dezembro, com cláusula de vigência imediata, produzirá efeitos no dia 1.º de janeiro do ano seguinte, apenas em relação à majoração da base de cálculo do imposto”. O quadro das exceções ao princípio da anterioridade e à noventena é o se que segue. Importante: se é exceção é porque não deve observar o princípio. E todos os demais tributos devem observar as duas anterioridades, porque a regra é a observância ao princípio. Anterioridade anual Noventena CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 22 www.pontodosconcursos.com.br II II IE IE IPI IR IOF IOF IEG IEG Empréstimo compulsório por motivo de guerra externa ou de calamidade pública Empréstimo compulsório por motivo de guerra externa ou de calamidade pública Restabelecimento de alíquotas do ICMS – Combustíveis e da CIDE – Combustíveis Base de cálculo do IPTU Contribuições para a seguridade social Base de cálculo do IPVA A FGV no concurso para FRE/AP/2010 adotou como correta: “A anterioridade nonagesimal foi estendida à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a fim de vedar-lhes a cobrança de tributos antes de decorridos noventa dias da data em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, comportando, dentre suas exceções, o imposto sobre a renda”. 3.1.3.3 MEDIDA PROVISÓRIA O art. 62, §2°, da CF, dispõe que medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte (anterioridade genérica) se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada, exceto nos casos do imposto de importação (II), imposto de exportação (IE), imposto sobre produtos industrializados (IPI), imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF) e o imposto extraordinário de guerra (IEG). No concurso da FGV para Juiz de Direito/MS/2008 foi considerado correto: “Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, como regra, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada”. Por sua vez, no mesmo concurso, foi adotado como incorreto o seguinte item: “Medida provisória não poderá instituir ou majorar o imposto de importação, exportação, IPI e IOF por serem tributos extrafiscais”. Decerto, salvo as exceções anteriores, a medida provisória (MP) também deve atender também a anterioridade nonagesimal ou noventena, contada da publicação da medida provisória se esta CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 23 www.pontodosconcursos.com.br for convertida em lei sem alterações substanciais realizadas pelo Poder Legislativo. Ao contrário, se a medida provisória for significativamente modificada, a noventena é contada da data da conversão da MP em lei. Acrescentamos que a medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, salvo II, IE, IPI, IOF, IEG, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. Importante: o STF tem jurisprudência para a hipótese das contribuições da seguridade social, afirmando que, publicada a medida provisória até o dia 31 de dezembro, é possível a cobrança da contribuição nova ou majorada a partir de 01 de janeiro do exercício financeiro seguinte, desde que obedecida a noventena prevista no art. 195, § 6º, da CF. Ou seja, não se aplica as restrições do art. 62, §2°, da CF, às contribuições da seguridade social. 3.1.3.4 ANUALIDADE TRIBUTÁRIA O princípio da anualidade tributária estabelece que para criação ou majoração de tributo é necessário a prévia autorização em lei orçamentária. Tal princípio não é mais vigente no ordenamento jurídico atual, segundo doutrina amplamente majoritária. A FGV no concurso para o SEFAZ/RJ/2010 cobrou a seguinte questão: “As alternativas a seguir apresentam princípios tributários consagrados no texto constitucional, à exceção de uma. Assinale-a. (a) Princípio do não-confisco; (b) Princípio da liberdade de tráfego; (c) Princípio da anualidade; (d) Princípio da anterioridade; (e) Princípio da capacidade contributiva”. A resposta é a letra “c”. 3.1.3.5 JURISPRUDÊNCIA DO STF O STF já consolidou sua jurisprudência no sentido de que não é necessária a observância da anterioridade na hipótese de prorrogação de alíquota majorada já vigente. Em caso decidido recentemente (RE 584110), por exemplo, o STF entendeu que determinada lei paulista, que manteve, para o ano seguinte, a majoração de alíquota do ICMS de 17% para 18%, já vigente em anos anteriores, não necessita cumprir a anterioridade nonagesimal (art. 150, III, “c”, da CF/88). CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 24 www.pontodosconcursos.com.br Isto é, o STF interpretou mais uma vez restritivamente o princípio da anterioridade, compreendendo que em caso de mera prorrogação de alíquota e não de instituição ou majoração de tributo, não há surpresa ou insegurança jurídica para o sujeito passivo da relação tributária. Outras decisões importantes são as seguintes: • Não há incidência do princípio da anterioridade tributária na redução ou a extinção de desconto para pagamento de tributo sob determinadas condições previstas em lei, como o pagamento antecipado em parcela única, pois não ocorre aumento do valor do tributo (ADI 4.016-MC); • Revogada a isenção incondicionada, o tributo torna-se imediatamente exigível, porque não há que se observar a anterioridade, dado que o tributo já é existente (RE 204.062); O CESPE no concurso do TCE/AC/2009 considerou errado: “A revogação de isenção tem sido equiparada pelo STF à instituição ou majoração de tributo, razão pela qual só poderá produzir efeitos no exercício financeiro seguinte, em respeito à regra da anterioridade tributária”. • Em caso de taxas, devem observar-se as limitações constitucionais ao poder de tributar, dentre essas, a anterioridade nonagesimal para que a lei tributária se torne eficaz (ADI 3.694); • A simples atualização monetária não se confunde com majoração do tributo. Logo, a modificação dos fatores de indexação, com base em legislação superveniente, não constitui desrespeito a situações jurídicas consolidadas, nem transgressão ao postulado da não-surpresa, instrumentalmente garantido pela cláusula da anterioridade tributária (RE 200.844- AgR, AI 626.759-AgR); • Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade (súmula 669 do STF). 3.1.4 PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA FISCAL O princípio da transparência fiscal é implícito no texto constitucional. No direito tributário, busca garantir a adequada e clara informação ao sujeito passivo da carga tributária que lhe é imposta. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 25 www.pontodosconcursos.com.br Neste sentido, destacam-se dois dispositivos constitucionais, a saber: a lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços (150, § 5º);qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão (benefícios fiscais) só poderá ser concedido mediante lei específica, sem prejuízo dos convênios interestaduais do CONFAZ (art. 150, § 6º). 3.2 PRINCÍPIOS VINCULADOS ESPECIALMENTE À JUSTIÇA TRIBUTÁRIA A justiça é idéia elementar do Direito. No campo da tributação, segundo doutrina abalizada, “é basicamente distributiva, característica do regime publicístico, consistindo em tratar desigualmente aos desiguais na medida em que se desigualam; mas, às vezes, é comutativa, própria das relações de troca, como ocorre com as taxas e as contribuições”. A justiça tributária é consagrada, notadamente, pelos princípios constitucionais da igualdade (art. 150, II), da capacidade contributiva (art. 145, §1°) e do não-confisco (art. 150, IV). 3.2.1 PRINCÍPIO DA IGUALDADE A isonomia ou igualdade, no âmbito tributário, veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, o que proíbe qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos (art. 150, II). Importante: Victor Uckmar distingue dois sentidos da igualdade tributária: (a) igualdade no sentido jurídico, que exige igual regime fiscal a contribuintes que estejam em idênticas situações; (b) igualdade no sentido econômico, que significa dever de contribuir em igual medida, com a graduação dos impostos de acordo com a capacidade contributiva dos indivíduos. 3.2.1.1 PRIVILÉGIOS ODIOSOS A isonomia não proíbe qualquer tipo de discriminação, mas sim as discriminações irrazoáveis, chamadas pela doutrina de privilégios odiosos, tais como as decorrentes de opção sexual, origem, sexo, CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 26 www.pontodosconcursos.com.br raça, crença religiosa, convicção filosófica ou política. Em outras palavras, discriminações razoáveis são juridicamente consentidas, desde que pertinentes aos interesses constitucionalmente protegidos, sobretudo, os direitos e garantias individuais. Decerto, deve existir correlação lógica e pertinência constitucional entre o tratamento tributário diferenciado (v.g., benefício fiscal) e o elemento de discriminação tributária. Nesse rumo, o art. 150, II, da CF, afirma expressamente que os contribuintes em situação equivalente terão tratamento igual, evitando perseguições e favoritismos. Um fácil exemplo de privilégio odioso seria a isenção tributária de IPVA para os automóveis de todos aqueles que ocupam o cargo de Senador Federal, o que tornaria tais indivíduos privilegiados de forma ilegítima em relação a todos os demais contribuintes. 3.2.1.2 PRINCÍPIO DO NON OLET O dinheiro não tem cheiro, como já afirmava historicamente o Imperador Vespasiano na Roma Antiga. Deste modo, todos aqueles que realizam a situação geradora da obrigação tributária, em princípio, deverão pagar o tributo, independentemente da legalidade do ato que gera o fato presuntivo de riqueza tributável. Ressaltamos, assim, que é legitima a cobrança de imposto de renda (IR) incidente sobre produtos financeiros resultantes de atividades criminosas (STF, HC n° 77.530-RS). É a consideração objetiva da manifestação da riqueza para fins de incidência tributária, de acordo com a isonomia e o art. 118, I, do CTN. Por exemplo, também é lícita a cobrança de tributos resultantes de atividades de bicheiro, doleiros, “mensaleiros” (caixa dois) etc. 3.2.1.3 JURISPRUDÊNCIA DO STF A jurisprudência relevante e atual do STF no que concerne ao princípio da igualdade é a seguinte: • Desrespeita a isonomia tributária a isenção de IPTU, em razão da qualidade de servidor público (AI 157.871-AgR), e a isenção dos membros do Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos (ADI 3.260); CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 27 www.pontodosconcursos.com.br • Não é possível ao Poder Judiciário estender isenção a contribuintes não contemplados pela lei, a título de isonomia (RE 159.026, RE 344.331); • Não é possível o STF efetivar a extensão do tratamento tributário diferenciado concedido às instituições financeiras, às cooperativas e às revendedoras de carros usados, a título do PIS/PASEP e da COFINS, o que implicaria converter-se o STF em legislador positivo (RE 402.748-AgR); • Não ofende o princípio da isonomia lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de energia elétrica do município, ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do serviço de iluminação pública (RE 573.675); • Não há ofensa a isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do Simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado (ADI 1.643); • A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, não fere o princípio da isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional (§ 9º do art. 195; AC 1.109-MC); • Não há violação ao princípio da isonomia o diploma legal que estabelece valores específicos para cada faixa de contribuintes, sendo estes fixados segundo a capacidade contributiva de cada profissional (ADI 453); • A instituição de incentivos fiscais a empresas que contratam empregados com mais de quarenta anos, utiliza-se do caráter extrafiscal dos tributos, sem violar o princípio da isonomia (ADI 1.276). 3.2.2 PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA Disposta no art. 145, §1°, da CF, a capacidade contributiva é instrumento de solidificação da igualdade tributária, que opera como limite e graduação da obrigação de pagar o tributo e deve ser vista sob duas perspectivas. Em primeiro lugar, o aspecto objetivo ou absoluto, que leva em conta as manifestações reais de riqueza do fato tributável, isto é, o legislador deve eleger as situações ou atividades que revelem a capacidade econômica do sujeito passivo (“signos presuntivos de riqueza”). Por exemplo, ser proprietário de um veículo, auferir renda, CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 28 www.pontodosconcursos.com.br importar um produto estrangeiro. Com feito, a capacidade contributiva absoluta é fundamento para instituição do imposto e, por conseguinte, serve de orientação para o legislador na escolha das hipóteses de incidência. Em segundo lugar, o aspecto subjetivo ou relativo, que tem em conta as particularidades de cada sujeito passivo (capacidade contributiva in concreto) e tem aplicação direta com o princípio da personalização dos impostos. Assim, a capacidade contributiva relativa serve de limite à incidência tributária e critério para progressividade do imposto. Decerto, apesar de a doutrina consagrar como sinônimos os termos capacidade contributiva e capacidade econômica, a primeira significa a capacidade de pagar impostos (ability to pay), pressupondo a capacidade econômica (renda, patrimônio e consumo), mas também as características pessoais, tal como a redução da base de cálculo do imposto de renda com as deduções com despesas de saúde, educação e dependentes. Em outras palavras, a capacidade contributiva é aptidão para suportar e pagar o tributo (conceito mais amplo) e a capacidade econômica é a mera potencialidade de aquisição de riquezas (conceito mais restrito). Tal distinção é relevante do ponto de vista de justiça fiscal, na medida em que otimizar a pura capacidadeeconômica do sujeito passivo é não tomar em conta a tributação isonômica e justa, que deve buscar mensurar adequadamente a riqueza real dos indivíduos. Ou seja, a tributação justa deve privilegiar a riqueza efetiva e real do sujeito passivo e não só a riqueza presumida, tal como o simples ganho de capital. Importante: A doutrina entende que são modos de concretização do princípio da capacidade contributiva a: (i) imunidades tributárias; (ii) isenção; (iii) seletividade e (iv) progressividade. 3.2.2.1 A PERSONALIZAÇÃO DOS IMPOSTOS É um subprincípio da capacidade contributiva, explicitamente previsto no art. 145, §1°, da CF, que dispõe que, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal. Assim, sempre que possível, deve-se analisar as características pessoais do sujeito passivo, o que acontece, por exemplo, na quantificação do IR que tem como parâmetros de dedução do seu valor os gastos com educação, saúde, dependentes, dentre outros. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 29 www.pontodosconcursos.com.br 3.2.2.2 MÍNIMO VITAL O mínimo existencial, também denominado de mínimo indispensável ou mínimo vital, é corolário da capacidade contributiva, sendo o direito à não tributação do rendimento necessário a dignidade da pessoa humana, tendo como parâmetro o salário mínimo previsto constitucionalmente (art. 7°, IV). Isto é, o mínimo vital é um limite mínimo para a tributação estatal, o que significa a eliminação da tributação sobre a renda necessária para sobrevivência do indivíduo e de sua família. Por exemplo, a isenção no imposto de renda (IR) no que diz respeito ao limite mínimo de renda ou proventos adquiridos ou a isenção de custas judiciais para os reconhecidamente pobres. 3.2.2.3 APLICAÇÃO AS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS Nesse rumo, apesar da literalidade do art. 145, §1°, da CF, que dispõe sobre a aplicação da capacidade contributiva apenas aos impostos, a jurisprudência do STF firmou orientação no sentido da aplicação às taxas, especialmente quando fato gerador é o exercício do poder de polícia como fato gerador (RE 216.259-AgR, RE 177.835). No que diz respeito a contribuição social do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei (art. 195, I, “a”, “b” e “c”), a CF também deixou caminho aberto para aplicação da capacidade contributiva, pois tais contribuições poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Por sua vez, realçamos o entendimento da ESAF em 2009 de que a capacidade contributiva não se aplica as multas tributárias, em face da ausência explícita de previsão constitucional. 3.2.2.4 JURISPRUDÊNCIA DO STF Ressaltamos como atuais as seguintes decisões do STF: • “A exigibilidade do ISS, uma vez ocorrido o fato gerador — que é a prestação do serviço —, não está condicionada ao adimplemento da obrigação de pagar-lhe o preço, assumida pelo tomador dele: a conformidade da legislação tributária com CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 30 www.pontodosconcursos.com.br os princípios constitucionais da isonomia e da capacidade contributiva não pode depender do prazo de pagamento concedido pelo contribuinte a sua clientela.” (AI 228.337-AgR); • O fato de um dos elementos utilizados na fixação da base de cálculo do IPTU – a metragem da área construída do imóvel – ser tomado com parâmetro na determinação da alíquota da taxa de coleta de lixo é uma forma de realização da isonomia tributária e do princípio da capacidade contributiva (RE 232.393, RE 336.782-AgR); • A CF não autoriza a progressividade das alíquotas no ITBI, realizando-se o princípio da capacidade contributiva proporcionalmente ao preço da venda do imóvel (RE 234.105). 3.2.3 PRINCÍPIO DO NÃO-CONFISCO Tem como base fundamental o direito constitucional de propriedade (art. 5º, XXII) e dispositivo explícito do sistema tributário nacional (art. 150, IV), sendo um limite máximo para a tributação. Isto é, enquanto o mínimo vital é um limite mínimo para incidência tributária, o não-confisco é um limite máximo. A Constituição não define o que seja confisco, competindo, em última instância, ao Poder Judiciário estabelecer os contornos deste conceito jurídico indeterminado, utilizando-se da proporcionalidade e da razoabilidade. Neste sentido, conforme doutrina amplamente majoritária, compreendemos que o princípio da vedação do tributo com efeito de confisco pode alcançar qualquer espécie tributária e deve ser interpretado de forma sistemática com outros princípios constitucionais. Isto é, o caráter confiscatório ou não do tributo deve ser analisado em conjunto, sobretudo, com os princípios do direito a propriedade, dignidade da pessoa humana, liberdade de trabalho, ofício ou profissão, igualdade, capacidade contributiva e progressividade. Importante: Segundo doutrina majoritária, são três as vertentes do princípio da proporcionalidade, a saber: a necessidade, a adequação e a proporcionalidade em sentido estrito. Verifica-se o meio menos gravoso e mais eficaz para a efetivação dos direitos fundamentais (necessidade ou exigibilidade), o meio mais apto para atingir os fins perseguidos pelo interesse público (adequação) e se pondera o grau de restrição da norma constitucional e o grau de realização do fim perseguido, ou seja, devem-se sopesar os prejuízos CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 31 www.pontodosconcursos.com.br causados pelos meios em relação aos proveitos alcançados com o fim (proporcionalidade em sentido estrito). Conforme parte da doutrina, no princípio da proporcionalidade, também há o objetivo da proibição da insuficiência ou proibição por defeito, que defende a adoção de medidas suficientes pelo Estado no sentido de garantir os diretos fundamentais, por exemplo, o direito de propriedade. Já a razoabilidade tratada às vezes como sinônimo da proporcionalidade, segundo o STF (ADIn 2.551-MC), impõe uma limitação material ao Poder Legislativo e proíbe as exigências irrazoáveis do poder de tributar que não pode cometer excessos e inviabilizar direitos de caráter fundamental. 3.2.3.1 IMPOSTO PROIBITIVO, IMPOSTO EXCESSIVO E IMPOSTO CONFISCATÓRIO A vedação ao imposto proibitivo, princípio implícito derivado do não-confisco tributário, objetiva impedir a onerosidade excessiva ou exacerbada do imposto que obste o aproveitamento da atividade econômico do sujeito passivo. O imposto proibitivo fere de morte o princípio constitucional da livre iniciativa (art. 1°, IV) e as garantias constitucionais do desenvolvimento nacional (art. 3°, II) e do livre exercício profissional (art. 5°, XIII). Ademais, a doutrina de Sampaio Dória distingue imposto proibitivo, imposto excessivo e imposto confiscatório: • Imposto proibitivo asfixia, destrói e impossibilita a atividade tributada; • Imposto excessivo desencoraja ou dificulta a atividade tributada; • Imposto confiscatório absorve parcela substancial da propriedade ou a totalidade da renda do indivíduo ou da empresa. 3.2.3.2 JURISPRUDÊNCIA DO STF As decisões relevantes do STF são as seguintes: • “A multa moratória de 20% ou 30% do valor do imposto devido, não se mostra abusiva ou desarrazoada, inexistindo ofensa aos princípios da capacidade contributiva e da vedação ao confisco” (RE 239.964, AI 755.741-AgR, RE 220.284); • Não existe caráter confiscatório de multa de 100% imposta ao CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 32 www.pontodosconcursos.com.br contribuinte, por meio de lançamento de ofício, que decorre do fato de haver-se ele omitido na declaração e recolhimentotempestivo da contribuição (RE 241.087-AgR); • Fere o princípio constitucional da não-confiscatoriedade diploma legislativo que institui multa fiscal de 300% (ADI 1.075-MC, AI 482.281-AgR); • Não configura confisco decisão que, a partir de normas estritamente legais, aplicáveis a espécie, resultou na perda de bem móvel importado (AI 173.689-AgR); • Taxa: correspondência entre o valor exigido e o custo da atividade estatal. Se o valor da taxa ultrapassar o custo do serviço prestado ou posto à disposição do contribuinte, dando causa a uma situação de onerosidade excessiva, que descaracterize essa relação de equivalência, configurar-se-á hipótese de ofensa ao princípio do não-confisco (ADI 2.551-MC-QO); • A instituição de alíquotas progressivas para a contribuição previdenciária dos servidores públicos ofende o princípio da vedação de utilização de qualquer tributo com efeito confiscatório (AI 701.192-AgR); • A identificação do efeito confiscatório deve ser feita em função da totalidade da carga tributária, mediante verificação da capacidade do contribuinte para suportar e sofrer a incidência de todos os tributos que ele deverá pagar, dentro de determinado período, à mesma pessoa política que os houver instituído. Assim, resulta configurado o caráter confiscatório de determinado tributo, sempre que o efeito cumulativo – resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela mesma entidade estatal – afetar, substancialmente, de maneira irrazoável, o patrimônio e/ou os rendimentos do contribuinte. (ADC 8- MC; ADI 2.551-MC-QO); • O regime de substituição tributária ‘para frente’ não ofende ao princípio do não-confisco (AI 207.377 AgR); • “Imposto de Importação. Aumento de alíquota de 4% para 14%. A caracterização do efeito confiscatório pressupõe a análise de dados concretos e de peculiaridades de cada operação ou situação, tomando-se em conta custos, carga tributária global, margens de lucro e condições pontuais do mercado e de conjuntura social e econômica (...). O isolado aumento da alíquota do tributo é insuficiente para comprovar a absorção total ou demasiada do produto econômico da atividade privada, de modo a torná-la inviável ou excessivamente onerosa” (RE 448.432-AgR, DJE de 28-5- 2010); CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 33 www.pontodosconcursos.com.br • “A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e sua consequência jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte”, em oposição a proibição de tributos com efeito de confisco (ADI 551, DJ de 14-2-2003). 3.3 PRINCÍPIOS VINCULADOS ESPECIALMENTE À FORMA FEDERATIVA DE ESTADO O federalismo é a forma de organização do estado brasileiro, tendo como características fundamentais a: (i) descentralização político-administrativa fixada pela Constituição, por meio do processo de repartição das competências legislativas e tributárias; (ii) autonomia dos Estados federados, de acordo com a Constituição; (iii) participação das vontades parciais na vontade geral, que é a participação dos Estados federados nas decisões da União (Senado Federal); (iv) auto-organização dos Estados-membros por meio de Constituições próprias; (v) existência órgãos próprios dos Estados- membros para o exercício das funções legislativa, executiva e jurisdicional. Nesse rumo, na seara tributária, há princípios constitucionais com o objetivo de preservar o pacto federativo, tais como o da liberdade de tráfego (art. 150, V), da uniformidade geográfica (art. 151, I), da não-discriminação em razão da procedência ou destino (art. 152) e da territorialidade das leis. 3.3.1 PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO Expresso no art. 150, V, da CF/88, proíbe à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, salvo a cobrança de pedágios pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. Decerto, o princípio em análise confirma a proteção constitucional da liberdade de locomoção, devendo-se entender que o fato gerador de qualquer tributo deve ser distinto de transposição de Municípios e de transposição de Estados. Caso contrário, prejudicar- se-ia o tráfego de pessoas e bens no território nacional. Ademais, ressaltamos que o ICMS cobrado nos Postos Fiscais de fronteira é cobrado em virtude da “circulação de mercadorias” (um dos fatos geradores do ICMS) e não pelas transposições territoriais supramencionadas. CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 34 www.pontodosconcursos.com.br A FGV cobrou no concurso para FRE/AP/2010 a interessante questão: “Sobre a limitação à liberdade de tráfego de pessoas e mercadorias prevista no artigo 150, inciso V, da Constituição Federal, assinale a afirmativa incorreta. (a) Não se admite limitação ao tráfego de pessoas ou mercadorias mediante a instituição de tributos interestaduais ou intermunicipais; (b) Não se trata de regra de imunidade; (c) Impede o agravamento do ônus tributário meramente em virtude de se tratar de uma operação interestadual ou intermunicipal; (d) Não impede a cobrança de pedágio nas vias conservadas pelo Poder Público; (e) Trata-se de regra de imunidade aplicável às operações estaduais ou intermunicipais, de tal forma que estas não poderão sofrer a incidência de qualquer tributo”. Segundo a doutrina amplamente majoritária, o dispositivo citado não é classificado como imunidade tributária, mas, sim, como o princípio da liberdade de tráfego. Portanto, a alternativa correta é a letra “e”. 3.3.2 PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA O princípio da uniformidade geográfica está estabelecido no art. 151, I, da CF/88, afirmando que é vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País. O CESPE no concurso para Advogado/CEF/2010 cobrou o seguinte enunciado: “A União pode instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional”. É errada, conforme gabarito definitivo da banca, pois, em regra, é proibido. Portanto, o princípio da uniformidade geográfica prega que é vedado a União instituir ou majorar tributos de forma desigual em todo o território nacional. Assim, por exemplo, o tributo de competência da União deve conter a mesma alíquota em todo o Brasil. Entretanto, existe uma atenuação a este princípio no caso de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País. Por exemplo, a União deve conceder a Zona Franca de Manaus benefícios fiscais até 2023, conforme o art. 92 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). CURSO ON-LINE – PROFESSOR: EDVALDO NILO 35 www.pontodosconcursos.com.br 3.3.2.1 A VEDAÇÃO DA TRIBUTAÇÃO DIFERENCIADA DA RENDAS DAS OBRIGAÇÕES DE DÍVIDA PÚBLICA E DA REMUNERAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS É o impedimento constitucional da União de tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes (art. 151, II). 3.3.2.2 A VEDAÇÃO DAS ISENÇÕES HETERÔNOMAS O texto constitucional proíbe a União de instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (art. 151, III). No entanto, segundo interpretação consolidada no STF e STJ, o âmbito de aplicação
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