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Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 53 AULA 13: CONTROLE CAMBIAL E PAGAMENTOS INTERNACIONAIS SUMÁRIO PÁGINA 1-Palavras Iniciais 1 - 2 2-Controle Cambial 3 - 23 3-Pagamentos Internacionais 23 - 43 4-Lista de Questões e Gabarito 44 - 53 Olá, amigos, tudo bem? Não me canso de dizer: é uma enorme satisfação estar aqui com vocês! Antes de qualquer coisa, quero agradecer muitíssimo a todos os amigos que vêm acompanhando o nosso curso! Na boa, gente, eu não poderia estar mais feliz! Tenho recebido um feedback muito positivo dos alunos em relação a esse material! E, logicamente, estou sempre aberto a críticas! Outro dia, inclusive, eu estava lendo um livro de Direito Constitucional e adorei o que o autor (Uadi Lammêgo Bulos) disse. Ele falava mais ou menos assim: “Os livros são inacabados. Só o tempo corrige-lhes as imperfeições”. Com certeza, o nosso curso também está em constante aperfeiçoamento. Obrigado a todos pelas sugestões, elogios e críticas! Vocês me fazem ver que estou no caminho certo! Valeu, pessoal! Nosso curso ainda não é um livro, mas até a aula passada já tinham sido 972 páginas escritas (parei pra contar agora! rsrs) Nem eu acredito... Vai ser difícil ser mais completo que isso! rs Abraço especial aos companheiros da nossa querida Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) que acompanham esse curso. É um orgulho escrever pra vocês! É muito milico querendo sair do EB! Deixando a conversa de lado, vamos ao que interessa! Na aula anterior, nós estudamos os regimes aduaneiros especiais e, assim, terminamos de entender como funciona o controle aduaneiro sobre o comércio exterior. Hoje, estudaremos o controle cambial e os pagamentos internacionais! Esse assunto não cai na prova! Ele DESPENCA! rsrs... Preparados? Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 53 Então, vamos em frente que atrás vem gente! Ou melhor, atrás de mim não vem ninguém! rsrs Um abraço a todos, Ricardo Vale ricardovale@estrategiaconcursos.com.br http://twitter.com/#!/RicardoVale01 http://www.facebook.com/rvale01 “O segredo do sucesso é a constância no objetivo!” ____________________x___________________ Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 53 1-CONTROLE CAMBIAL: 1.1-Funcionamento do mercado de câmbio: Uma das peculiaridades mais marcantes do comércio internacional é que, em virtude de compradores e vendedores estarem localizados em países diferentes, as operações de compra e venda envolvem variadas moedas. Imaginemos, por exemplo, um exportador brasileiro que venda seus produtos a um comprador nos EUA. É natural, nessa situação, que o exportador brasileiro queira receber o pagamento em reais e, por sua vez, o importador nos EUA tenha dólares para fazer o pagamento. Aí é que surge a pergunta: como viabilizar esse pagamento internacional? Simples. O pagamento internacional será viabilizado por meio de uma operação cambial. O importador americano irá comprar reais, com os quais irá pagar o exportador brasileiro. Percebe-se que, nesse caso, será celebrado um contrato de câmbio, assim considerado o documento que formaliza a compra e venda de moeda estrangeira. A partir desse exemplo, podemos perceber que o mercado cambial surge da necessidade dos agentes em comprar e vender moedas estrangeiras. Destaque-se, todavia, que não são apenas as operações de comércio exterior que geram a necessidade de compra e venda de divisas. Com efeito, podemos identificar em um mercado cambial dois grupos bem distintos de agentes: o grupo vendedor (composto por aqueles que ofertam divisas) e o grupo comprador (composto por aqueles que demandam divisas). Quem faz parte do grupo vendedor? E quem faz parte do grupo comprador de divisas? No grupo vendedor, podemos listar os exportadores de mercadorias e serviços, os tomadores de empréstimos no exterior, os investidores, os turistas e até mesmo os especuladores. No grupo comprador, listamos os importadores de mercadorias e serviços, os devedores de empréstimos, investidores, turistas e também os especuladores. 1 É fácil chegarmos à conclusão de quem integra a lista de vendedores e a lista de compradores de divisas. O exportador é vendedor de divisas porque ele recebe o pagamento em moeda estrangeira e, portanto, quer vendê-la em troca de moeda nacional. O importador é comprador de divisas 1 RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2009. pp. 106- 107 Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 53 porque ele precisa de moeda estrangeira para fazer o pagamento ao exportador. Os turistas, investidores e especuladores estão nos dois grupos, já que, dependendo do momento, eles poderão demandar ou ofertar divisas. Vejamos o caso dos turistas! Se você for realizar uma viagem aos EUA, irá precisar de dólares, não é mesmo? Você, então, na condição de turista, demandará divisas. Na volta ao Brasil, supondo que você não gastou todos os dólares que havia levado aos EUA, irá se encaixar no grupo dos vendedores de divisas. Mas não fazem parte do mercado cambial apenas os vendedores e compradores de divisas. Também atuam nesse mercado outras entidades, como, por exemplo, os bancos comerciais, sociedades corretoras de câmbio e bancos múltiplos. O controle sobre o mercado cambial, por sua vez, está nas mãos do Banco Central, que é quem possui competência para autorizar as entidades financeiras a realizar operações de câmbio. 1.2-Tipos de taxas de câmbio: Considerando que as diferentes moedas são transacionadas no mercado cambial, nada mais natural que elas tenham um preço. Afinal, vendedores e compradores querem saber! Quanto custo um dólar? E quanto vale um euro? O preço de uma moeda em termos de outra moeda é justamente o que conhecemos por taxa de câmbio. A taxa de câmbio pode ser expressa na cotação do certo ou na cotação do incerto. Mas como assim? Se o valor de uma unidade de moeda estrangeira for determinada em termos de moeda nacional, estaremos utilizando a cotação do incerto. É comum dizer-se por aí que US$ 1,00= R$ 1,70. Perceba que o valor de uma unidade de moeda estrangeira (US$1,00) foi expresso em termos de moeda nacional. No Brasil, utilizamos a cotação do incerto! Aqueles mais brincalhões podem até dizer: “É, nesse país nada é certo mesmo! É tudo incerto!” Por outro lado, se o valor de uma unidade de moeda nacional é determinado em termos de moeda estrangeira, estaremos utilizando a cotação do certo. Um exemplo seria se disséssemos que R$ 1,00= US$0,51. Perceba que o valor de uma unidade de moeda nacional (R$1,00) foi expresso em termos de moeda estrangeira. A taxa de câmbio é uma variável essencial para a determinação das trocas internacionais, influenciando diretamente nos preços das Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 53 mercadorias negociadas no mercado internacional. Se a taxa de câmbiode um país estiver desvalorizada, suas exportações tornar-se-ão mais competitivas, ao passo que se a taxa de câmbio estiver valorizada, as mercadorias importadas estarão mais baratas.2 Muita gente não entende o porquê de as exportações se tornarem mais competitivas com a desvalorização da taxa de câmbio... Vamos resolver esse problema! Imagine que uma televisão produzida por uma empresa brasileira custe R$ 2000,00! Hoje, a taxa de câmbio é de US$1,00=R$1,80. Calculemos quantos dólares serão necessários para comprar a televisão: US$1,00 ___________ R$ 1,80 x ____________ R$2.000,00 1,80 x = 2000 x 1,00 x=2.000/1,8 x=US$1.111,11 E se o real se desvalorizar, com a taxa de câmbio passando a ser US$1,00=R$1,90? Aí teremos: US$1,00 ___________ R$ 1,90 x ____________ R$2.000,00 1,90 x = 2000 x 1,00 x=2.000/1,9 x=US$1.052,00 Percebam, caros amigos, que a televisão brasileira custará menos, em termos de dólar, após a desvalorização do real. O produto brasileiro tornou-se, portanto, mais competitivo no mercado internacional com a desvalorização da taxa de câmbio. A desvalorização cambial é, portanto, um mecanismo que permite a correção de déficits na Balança Comercial. Historicamente, percebe-se que vários países já recorreram às desvalorizações cambiais competitivas. Foi justamente esse um dos motivos da criação da FMI. Atualmente, percebe-se que a China tem mantido sua moeda artificialmente desvalorizada, o que é um 2 Toda essa argumentação é feita levando-se em consideração a cotação do incerto. Por essa cotação, considera-se que a taxa de câmbio se desvaloriza quando há uma elevação da taxa de câmbio. Exemplo: se hoje a cotação é US$1,00=R$1,80 e amanhã a cotação é US$1,00=R$1,90, dizemos que houve uma elevação da taxa de câmbio e, ao mesmo tempo, uma desvalorização cambial. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 53 dos fatores que tornam os produtos chineses altamente competitivos no mercado internacional. As taxas de câmbio podem receber diversas classificações, as quais são importantes para o nosso estudo: a) Quanto ao grau de variação, as taxas de câmbio podem ser classificadas em: taxas fixas, taxas estáveis, taxas flexíveis e taxas flutuantes. Destaque-se que as taxas flexíveis e taxas flutuantes são consideradas taxas variáveis. Taxas Fixas são aquelas que não sofrem qualquer variação em virtude de determinação governamental ou em razão de intervenção do governo no mercado, por meio da compra e venda de divisas. 3 Mas como é mesmo que o governo intervém no mercado comprando e vendendo divisas? É o seguinte! Imagine que ocorra uma elevação da taxa cambial. Hoje, US$1,00=R$1,80; amanhã, US$1,00=R$1,90. Se houve uma elevação da taxa de câmbio (pela cotação do incerto, isso significa uma desvalorização da moeda nacional), o governo, para reduzir a taxa de câmbio, vende moeda estrangeira (dólares). Com mais dólares no mercado, o dólar se desvaloriza e a moeda nacional, por conseqüência, se valoriza. Em um mercado de taxas fixas, sempre que o governo perceba que há uma tendência de redução ou elevação da taxa de câmbio, ele intervém comprando ou vendendo divisas, conforme o caso. Taxas estáveis são aquelas que variam apenas dentro de pequenos intervalos. A intervenção do governo no mercado somente ocorre quando se percebe que a taxa cambial irá extrapolar o limite máximo ou mínimo. Taxas flexíveis são as que são reajustadas periodicamente pelo governo, dentro de pequenos intervalos de tempo. Trata-se do sistema conhecido como crawling peg. 4 Taxas flutuantes são as que flutuam livremente com base na lei da oferta e da procura, sendo determinadas pelo próprio mercado. Atualmente, no Brasil, a taxa cambial é flutuante, havendo a possibilidade, todavia, de intervenção do Banco Central sempre que houver um movimento desordenado da taxa de câmbio (flutuações exageradas). Trata-se do sistema conhecido como flutuação suja (dirty floating) 3 RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2009. pp. 132-133 4 RATTI, Bruno. Op. Cit. pp. 132-133 Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 53 b) Quanto aos agentes negociadores, as taxas de câmbio podem ser classificadas em taxa primária ou taxa interbancária. A taxa primária é a praticada nas operações entre um banco e seus clientes (pessoas físicas ou jurídicas). A taxa interbancária é aquela utilizada nas operações cambiais entre dois bancos. Também é conhecida como taxa secundária. c) Quanto à natureza da operação realizada com o Banco Central, as taxas de câmbio poderão ser classificadas em taxa de repasse e taxa de cobertura. Taxa de repasse é a taxa aplicável à compra de moeda estrangeira pelo Banco Central. Taxa de cobertura é a taxa aplicável à venda de moeda estrangeira pelo Banco Central. d) Quanto à determinação das taxas cambiais, estas se dividem em taxas livres e taxas oficiais. Taxas Livres são aquelas determinadas pelo próprio mercado, com base nas leis da oferta e da procura. Admite-se a intervenção governamental para evitar oscilações excessivas. Taxas Oficiais são as determinadas pelo governo, por intermédio de suas autoridades monetárias. e) Quanto ao prazo de liquidação do contrato de câmbio, as taxas poderão ser taxas prontas ou taxas futuras. Em um contrato de câmbio, há dois momentos relevantes: a contratação e a liquidação. A contratação é o momento em que o câmbio é fechado, isto é, o momento em que é celebrado (firmado) o contrato de câmbio. É no momento da contratação que é definida a taxa de câmbio aplicável ao contrato. A liquidação, por sua vez, é o momento em que as moedas são entregues. A taxa de câmbio é definida no momento da contratação do câmbio. Vamos imaginar que uma empresa brasileira esteja realizando uma importação de mercadorias dos EUA! A empresa brasileira terá que fazer o pagamento em dólares. Logo, ela procura um banco aqui no Brasil e celebra Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 53 um contrato de câmbio, comprando os dólares. No momento em que for celebrado o contrato de câmbio, diz-se que ocorreu a contratação. A liquidação ocorrerá no momento em que a empresa brasileira efetivamente receber os dólares. Até aqui tudo bem? Segundo o momento da contratação e da liquidação, há dois tipos de operações cambiais: operações prontas e operações futuras. Operações prontas são aquelas em que a moeda é entregue em no máximo 2 dias úteis da data da contratação do câmbio. Em outras palavras, é quando a liquidação é efetivada em prazo inferior a 2 dias úteis da contratação. Nesse tipo de operação, utiliza-se a taxa de câmbio pronta. Operações futuras são aquelas em que a moeda é entregue após 2 dias úteis contados a partir da data da contratação. Em outras palavras, é quando a liquidação é efetivada em prazo superior a 2 dias úteis da contratação. Nesse tipo de operação, utiliza-se a taxa de câmbio futura. De acordo com o Regulamento sobre Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI), na exportação, o prazo máximo entre a contratação e a liquidaçãoé de 750 dias. Além disso, deve ser observado o seguinte na celebração de contratos de câmbio na exportação5: - quando a contratação for prévia, o prazo máximo entre a contratação e o embarque da mercadoria ou prestação do serviço será de 360 dias. - o prazo máximo para liquidação do contrato de câmbio é o último dia útil do 12º mês subseqüente ao do embarque da mercadoria ou da prestação do serviço. Já em relação à importação, com a edição da Circular BACEN nº 3454/2009, deixou de existir um prazo máximo entre a contratação e a liquidação do contrato de câmbio. f) Existem também as chamadas taxas cruzadas (cross rates). Essas taxas são as que resultam de comparação entre as cotações de duas moedas em uma terceira moeda. Ex: - R$1,00 = US$0,57 - 1,00 € = US$ 1,32 Logo: - R$1,00=0,57/1,32 R$1,00= 0,43 € 5 RMCCI, Título 1, Capítulo 11, Seção 2, parágrafo 1º. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 53 - € 1,00 = 1,32/0,57 € 1,00 = R$ 2,31 1.3- O mercado cambial brasileiro: No Brasil, a execução da política cambial compete ao BACEN, que atua em conformidade com as diretrizes definidas pelo Conselho Monetário Nacional. Nesse sentido, compete ao Banco Central regulamentar o mercado cambial, bem como autorizar instituições financeiras a realizar operações cambiais. A regulamentação do mercado cambial brasileiro está prevista no Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI). Segundo o referido normativo, o mercado cambial engloba as seguintes operações6: - compra e venda de moeda estrangeira e operações com ouro-instrumento cambial, realizadas com instituições autorizadas pelo Banco Central do Brasil a operar no mercado de câmbio. - operações em moeda nacional entre residentes no País e residentes no exterior; - recebimentos, pagamentos e transferências do e para o exterior mediante a utilização de cartões de uso internacional, bem como as operações referentes às transferências financeiras postais internacionais, inclusive vales postais e reembolsos postais internacionais. Como se vê, o mercado de câmbio não está restrito às operações de compra e venda de moeda estrangeira formalizadas por contratos de câmbio. É possível que sejam realizadas operações, no mercado cambial, sem formalização de contrato de câmbio. É o caso das operações realizadas em moeda nacional e, ainda, das operações realizadas por meio de cartões de uso internacional e transferências postais internacionais. Vamos estudar em detalhes as situações em que não é necessária a celebração de contrato de câmbio. A primeira hipótese é a possibilidade de que o exportador de mercadorias e serviços mantenha, no exterior, a integralidade dos recursos relativos ao recebimento de suas exportações.7 Nessa situação, o exportador brasileiro vende bens a um comprador estrangeiro e mantém os recursos em moeda estrangeira no exterior. Destaque-se que o exportador 6 RMCCI, Título 1, Capítulo 1, parágrafo 2º. 7 RMCCI, Título 1, Capítulo 11, Seção 1, parágrafo 2º. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 53 poderá decidir manter, no exterior, apenas parcela dos recursos relativos ao recebimento de suas exportações. A segunda hipótese é a autorização do RMCCI para que as pessoas físicas e jurídicas paguem suas obrigações no exterior em moeda nacional.8 Nessa situação, o importador paga, em moeda nacional, uma compra por ele realizada. Para isso, é necessário que o exportador estrangeiro tenha uma conta aberta e movimentada no Brasil em seu nome. A terceira hipótese é a possibilidade de que o importador brasileiro pague suas compras com os recursos em moeda estrangeira que ele mantém no exterior.9 Você se lembra de que o exportador brasileiro pode manter no exterior a integralidade ou parte dos recursos relativos ao recebimento de suas exportações? Tais recursos podem ser utilizados para pagar obrigações que ele possua no exterior, ou seja, pagar por importações que venha a realizar. A quarta hipótese é a autorização do RMCCI para que as exportações brasileiras sejam pagas com moeda nacional ao dispor que “o recebimento da receita de exportação pode ocorrer em qualquer moeda, inclusive em reais, independentemente da moeda constante do registro de exportação no SISCOMEX.” 10 Ora, se a exportação brasileira for paga em reais, não haverá necessidade de contrato de câmbio. Pelas regras atualmente em vigor, as pessoas físicas e jurídicas estão autorizadas a comprar e vender moeda estrangeira ou realizar transferências internacionais em reais, de qualquer natureza, sem limitação de valor. As únicas exigências é que sejam observadas a legalidade da transação, a fundamentação econômica e as responsabilidades definidas na respectiva documentação. As operações de compra e venda de moeda estrangeira devem ser realizadas com instituições autorizadas pelo BACEN. A autorização para a prática de operações cambiais pode ser concedida a diversos tipos de instituições. São elas: bancos múltiplos, bancos comerciais, caixas econômicas, bancos de investimento, bancos de desenvolvimento, bancos de câmbio, agências de fomento, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários e sociedades corretoras de câmbio. No contrato de câmbio, não são suscetíveis de alteração o comprador, o vendedor, o valor em moeda estrangeira, o valor em moeda nacional, o código da moeda estrangeira e a taxa de câmbio. As outras cláusulas podem ser objeto de regulamentação, nos termos do RMCCI. 8 RMCCI, Título 1, Capítulo 1, parágrafo 10, alínea b. 9 RMCCI, Título 1, Capítulo 1, parágrafo 10, alínea c. 10 RMCCI, Título 1, Capítulo 11, Seção 1, parágrafo 10. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 53 No Brasil, existe o chamado câmbio simplificado, que poderá ser contratado tanto na importação quanto na exportação. Para os bancos autorizados a operar no mercado de câmbio, não há limite de valor para a condução de uma operação ao amparo da sistemática de câmbio simplificado. Para as demais instituições financeiras, o limite de valor é de US$ 50.000,00.11 No caso de câmbio simplificado, seja na importação ou exportação, é obrigatória a liquidação pronta. No caso específico do câmbio simplificado de exportação, a liquidação deverá ser no mesmo dia da contratação. 1.4- Tipos de mercado de câmbio: Em que pese o mercado cambial brasileiro ser atualmente unificado, há algumas classificações para os mercados cambiais: a) Mercado de câmbio sacado: compreende as operações cambiais cuja liquidação é realizada mediante movimentação de contas bancárias. b) Mercado de câmbio manual: compreende as operações cambiais em que a liquidação ocorre mediante a entrega de dinheiro em espécie ou por meio de traveller checks. Esse é o mercado usualmente denominado por “câmbio turismo”. As operações de compra e venda de moeda estrangeira cujo valor não ultrapasse R$ 10.000,00 poderão ser liquidadas mediante a entrega de dinheiro em espécie.No Brasil, as operações no mercado de câmbio manual devem ser objeto de liquidação pronta. Destaque-se que, nesses casos, a liquidação deverá ser no mesmo dia da contratação. c) Mercado paralelo de câmbio: compreende as operações cambiais realizações por pessoas físicas ou jurídicas que não possuam autorização do Banco Central para operar no mercado de câmbio. d) Mercado de câmbio primário: compreende as operações cambiais realizadas pelos bancos com suas clientes não-bancários. e) Mercado de câmbio interbancário: compreende as operações cambiais realizadas entre bancos ou entre os bancos e o Banco Central. f) Mercado de câmbio à vista: é o mercado em que são realizadas as operações prontas, isto é, aquelas em que a liquidação do contrato de câmbio ocorre em até 2 dias úteis da data da contratação. 11 RMCCI, Título 1, Capítulo 11, Seção 9, parágrafo 1º e RMCCI, Título 1, Capítulo 12, Seção 4, parágrafo 2º. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 53 g) Mercado de câmbio futuro ou mercado de câmbio a termo: é o mercado em que são realizadas as operações futuras, isto é, aquelas em que a liquidação do contrato de câmbio ocorre após 2 dias úteis da data da contratação. Destaque-se que a taxa cambial é definida no momento da contratação do câmbio e não necessariamente coincide com a taxa cambial atual. É natural que exista um prêmio (taxa futura maior do que a taxa pronta) ou um desconto (taxa futura inferior à taxa pronta) 1.5- Operações Cambiais: 1.5.1- Arbitragem: A arbitragem cambial é uma operação que consiste em remeter moedas de uma praça para outra com o objetivo de auferir lucros em virtude da diferença temporária das taxas cambiais.12 Imagine, por exemplo, que em um determinado momento, o euro esteja com as seguintes cotações: - No Brasil: 1,00 € = US$ 1,32 - Nos EUA: 1,00 € = US$ 1,34 Em razão dessa diferença temporária na cotação do euro em praças diferentes, seria interessante comprar euro Brasil (onde ele está mais desvalorizado) e vendê-lo nos EUA (onde ele está mais valorizado). Vamos fazer algumas contas! Se eu comprar 10.000,00 € no Brasil, irei pagar um total de US$ 13.200,00. Aí eu vendo esses 10.000,00 € nos EUA por US$ 13.400,00! Saí lucrando US$ 200,00 nessa operação. Acabei de fazer uma arbitragem cambial. Há dois tipos de arbitragem cambial: arbitragem direta e arbitragem indireta. A arbitragem direta é também conhecida como arbitragem de dois pontos ou arbitragem sobre duas praças. Nesse tipo de arbitragem, temos duas praças localizadas em países diferentes arbitrando suas respectivas moedas nacionais. 13 Vejamos o exemplo: Nos EUA, US$1,00=0,75 €. 12 RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2009. pp. 161- 165. 13 RATTI, Bruno. Op Cit. pp. 161-165. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 53 Na Alemanha, 1,00 €= US$1,35 Nessa situação, quanto vale o dólar em cada uma das praças? Nos EUA, US$1,00=0,75 €. Na Alemanha, US$1,00=0,74 € Vale a pena, nesse caso, comprar dólares na Alemanha e vendê-los nos EUA. Concordam? Trata-se de uma arbitragem direta (estão envolvidas duas praças e as respectivas moedas nacionais) A arbitragem indireta, por sua vez, é conhecida como arbitragem de três pontos ou arbitragem sobre três praças. Esse tipo de arbitragem se caracteriza por duas praças localizadas em países diferentes que estão arbitrando uma terceira moeda. Vejamos o exemplo: No Brasil, US$1,00=R$1,80 Na Inglaterra, 1,00 €= US$1,32 (lembre-se de que a moeda na Inglaterra é a libra e não o euro!) Façamos agora uma regra de três para descobrir uma cotação-base para o euro no Brasil: US$1,00 – R$1,80 US$1,32 – x reais x= 1,80 x 1,32 x= R$2,37 Com esse cálculo, percebemos que se a cotação do euro no Brasil for inferior a R$2,37, valerá a pena comprar euros no Brasil e vendê-los na Inglaterra. Caso a cotação do euro no Brasil seja superior a R$2,37, valerá a pena comprar euros na Inglaterra e vendê-los no Brasil. Percebe-se, nesse caso, que trata-se de arbitragem indireta. Estão envolvidas duas praças (Brasil e Inglaterra) arbitrando uma terceira moeda (o euro). 1.5.2- Swap: O swap é uma operação cambial que se caracteriza pela celebração simultânea de dois contratos de câmbio: o primeiro, uma compra ou Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 53 venda de câmbio pronto; o segundo, uma venda ou compra de câmbio futuro. Nas palavras de Bruno Ratti, o swap consiste na compra ou venda de câmbio pronto contra a simultânea venda ou compra de câmbio futuro.14 O objetivo central de uma operação de swap é promover o hedge cambial, isto é, com o objetivo de se proteger de variações da taxa de câmbio. Vamos imaginar uma situação hipotética! Você é dono de uma empresa brasileira exportadora e recebeu uma encomenda de uma empresa localizada nos EUA. O valor da compra foi de US$500.000,00, que serão pagos apenas após o recebimento das mercadorias pela empresa norte-americana. Você, então, pensa o seguinte: “Hoje, a taxa de câmbio é US$1,00=R$2,00! Mas daqui a 30 dias, que é quando eu vou ter entregado a mercadoria aos americanos, o real deverá valorizar. Pode ser que a taxa de câmbio passe a ser de US$1,00=R$1,90! Se acontecer isso, vou perder dinheiro! Ao invés de ganhar R$1.000.000,00 (US$500.000,00 x 2), vou ganhar apenas R$ 950.000,00 (US$500.000,00 x 1,90)! Tenho que fazer alguma coisa!” Tem mesmo! Nessa situação, você, como empresário, deverá providenciar a realização de uma operação de swap. Então, vai a um banco e celebra dois contratos de câmbio: - No primeiro contrato, fica acordado que você irá comprar US$500.000,00 para entrega pronta a uma taxa de US$1,00=R$2,00. - No segundo contrato, fica acordado que você irá vender US$500.000,00 para entrega futura (daqui a 30 dias, por exemplo) a uma taxa de US$1,00= R$1,99. Com essa operação, você consegue se proteger das eventuais flutuações da taxa de câmbio. É claro que isso não ocorreu a custo zero. Perceba que, no segundo contrato, ao vender o dólar a uma taxa cambial de US$1,00=R$1,99, você sai perdendo R$5.000,00 (US$500.000,00 x 0,001). Bruno Ratti explica que os custos de uma operação de swap são os seguintes: i) diferença entre as taxas pronta e futura da moeda negociada; ii) juros porventura pagos a uma outra parte para obtenção dos recursos utilizados na operação e; iii) o custo de oportunidade da aplicação dos recursos em uma operação de swap. 15 14 RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2009. pp. 170- 173 15 RATTI, Bruno. Comércio Internacional e Câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 2009. pp. 170- 173 Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 53 Há, fundamentalmente, três tipos de swap: swap e depósito, swap e investimento e swap de exportação. - Swap e depósito: Imagine que um banco brasileiro esteja precisando de dólares e um banco americano possalhe fornecer. Nessa situação, podem ser celebrados dois contratos de câmbio: no primeiro, o banco brasileiro, pagando em reais, compra os dólares do banco americano, para entrega pronta (até dois dias úteis); no segundo, o banco brasileiro vende os dólares ao banco americano, para entrega futura. Por meio dessa operação, o banco brasileiro terá acesso imediato aos dólares de que necessita. Supondo que o banco americano não esteja precisando dos reais relativos ao primeiro contrato de câmbio, ele pode decidir manter esse dinheiro depositado no banco brasileiro, a fim de que renda juros. Trata-se do swap e depósito. - Swap e investimento: Imagine que uma empresa brasileira queira manter nos EUA uma quantia em dólares a fim de aplicá-la em uma operação financeira. Para isso, ela pode fazer um swap! A empresa celebra um contrato de câmbio por meio do qual compra dólares e vende reais, para entrega pronta. Ao mesmo tempo, celebra um contrato futuro para venda dos dólares. Os dólares adquiridos por meio do contrato de câmbio pronto são utilizados para se fazer um investimento em uma aplicação financeira. - Swap de Exportação: Suponha que uma empresa brasileira queira adquirir insumos de uma firma dos EUA no valor de US$ 100.000,00, os quais irão ser utilizados no processo produtivo de um bem a ser exportado. Ela, então, faz uma operação de swap com um banco. São celebrados dois contratos de câmbio: o primeiro, para entrega pronta, referente à compra dos US$100.000,00; o segundo, para entrega futura, referente à venda dos US$100.000,00. A liquidação do segundo contrato irá ocorrer após a empresa brasileira ter recebido os recursos relativos à exportação. Percebe-se que essa modalidade de swap funciona como um mecanismo para financiamento de exportações Embora o mais comum em uma operação de swap seja a existência de um contrato de câmbio pronto e um contrato de câmbio futuro, também é possível que, em uma operação dessa natureza, existam dois contratos de câmbio futuro. Deve-se ressaltar que, nesse caso, deverá haver um intervalo entre as datas de entrega previstas em cada um dos contratos de câmbio. Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 53 1-(ACE-2008)- Considerando-se que uma empresa, após ter realizado uma operação de exportação no valor de US$ 3 milhões, a serem recebidos em 90 dias, tenha, com base na expectativa de tal recebimento e com o propósito de obter liquidez imediata, contraído empréstimo, junto a um banco japonês, de valor equivalente em yens e a ser liquidado na mesma data do recebimento da exportação realizada, é correto afirmar que essa empresa deve realizar uma operação de arbitragem de câmbio, para garantir o equilíbrio da transação realizada e resguardar-se do risco de oscilações cambiais. Comentários: Para resguardar-se do risco de oscilações cambiais, isto é, promover o hedge cambial, a empresa deverá realizar uma operação de swap. A arbitragem é a operação caracterizada pela remessa de divisas de uma praça para outra com o objetivo de auferir lucro em razão da diferença das taxas cambiais. Questão errada. 2-(TRF-2005)- A desvalorização cambial de um país contribui para o aumento de suas importações. Comentários: A desvalorização cambial contribui para o aumento das exportações. Questão errada. 3-(TRF-2005)- No Brasil, é facultativa a intervenção bancária para a operação de compra e venda de divisas estrangeiras. Comentários: Em regra, a intervenção bancária é obrigatória nas operações de compra e venda de divisas estrangeiras. Há, entretanto, algumas exceções, como, por exemplo, as operações realizadas por meio de cartões de uso internacional e transferências postais internacionais. Questão errada. 4-(Analista dos Correios-2011)- No Brasil, os registros de exportação devem ser obrigatoriamente vinculados a contratos de câmbio. Comentários: Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 53 Existem exportações que não estão vinculadas a contratos de câmbio. São as situações em que não há expectativa de recebimento ou em que os recursos obtidos com a exportação são mantidos integralmente no exterior. Questão errada. 5-(Analista dos Correios-2011)- Uma operação de câmbio para pagamento de importação, com liquidação pronta, é liquidada em D+3. Comentários: Uma operação pronta é aquela cuja liquidação ocorre em no máximo 2 dias úteis contados a partir da data da contratação do câmbio. Questão errada. 6-(TRF-2005)- No que atine à estrutura do mercado cambial, os exportadores se incluem no grupo comprador de divisas, ao passo em que os importadores fazem parte do grupo vendedor de divisas. Comentários: Os exportadores se incluem no grupo vendedor de divisas, enquanto os importadores fazem parte do grupo comprador de divisas. Questão errada. 7-(TRF-2005)- O swap cambial consiste na diferença entre o valor de compra da moeda estrangeira e seu valor de venda, e representa o ganho do banco. Comentários: O swap é uma operação cambial que consiste na celebração de dois contratos de câmbio: o primeiro, uma compra ou venda de câmbio pronto; o segundo, uma venda ou compra de câmbio futuro. Questão errada. 8-(TRF-2005)- A arbitragem de câmbio refere-se à transferência de moedas de uma praça para outra, com vistas à obtenção de vantagens relativas à diferença temporária de preços. Comentários: Esse é o exato conceito de arbitragem. Essa operação cambial diz respeito à remessa de moedas de uma praça para outra com vistas à obtenção de vantagens relativas à diferença temporária das taxas cambiais. Ressalte-se que quando a questão faz menção a “preços”, ela está se referindo ao “preço da moeda”, que nada mais é do que a taxa de câmbio. Questão correta. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 53 9-(AFRF-2003)- A remessa de moedas de uma praça para outra com o objetivo de auferir vantagem advinda de diferenças temporárias no valor das taxas cambiais configura uma operação de SWAP. Comentários: A assertiva descreve a operação cambial denominada arbitragem. Questão errada. 10-(Analista dos Correios-2011)- A taxa de câmbio comercial brasileira é determinada pelo Banco Central do Brasil. Comentários: No Brasil, vigora o sistema conhecido como “flutuação suja” (dirty floating). A taxa de câmbio é livremente determinada pelo mercado (e não pelo BACEN!), havendo a intervenção do BACEN apenas para evitar oscilações exageradas. Questão errada. 11-(Analista dos Correios-2011)- O Banco do Brasil é o único banco brasileiro autorizado a realizar operações de câmbio. Comentários: Acho que o examinador estava de brincadeira nessa questão. O Banco do Brasil não é o único banco autorizado a realizar operações de câmbio. Questão errada. 12-(AFRF-2003)- A remessa de moedas de uma praça para outra com o objetivo de auferir vantagem advinda de diferenças temporárias no valor das taxas cambiais configura uma arbitragem cambial. Comentários: Pessoal, as bancas examinadoras adoram cobrar o conceito de arbitragem cambial! Não se esqueçam dele! Questão correta. 13-(AFRF-2002.2)- A operação cambial que possibilita aos investidoresprotegerem-se, por tempo indeterminado, de eventuais perdas ocasionadas por variações do câmbio, e também empregada para obter recursos em moeda estrangeira a serem usados para financiar exportações, realizar aplicações ou investimentos, envolvendo a compra ou venda de câmbio pronto contra a compra ou venda simultânea de câmbio futuro denomina-se SWAP. Comentários: Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 53 O swap é uma operação destinada a promover o hedge cambial (evitar perdas ocasionadas por variações da taxa de câmbio), servindo também como meio de financiamento de exportações (swap de exportação). Consiste na celebração simultânea de dois contratos de câmbio: um pronto e outro futuro; um de compra e outro de venda. Questão correta. 14-(ACE-2002)- A remessa de moedas de uma praça a outra feita com o propósito de auferir lucro com as diferenças de preços entre elas denomina-se arbitragem cambial. Comentários: Mais uma questão cobrando o conceito de arbitragem. Questão correta. 15- (AFRF-2002.2)- As operações de SWAP são definidas como compra a venda simultânea de câmbio, feitas na mesma moeda e por igual valor, com finalidade de se regularizarem operações cambiais decorrentes de importações, exportações, transações financeiras e conversão em investimento de créditos não remetidos. Comentários: Esse não é conceito de swap. Questão errada. 16-(AFTN-1998)- A taxa de repasse é aquela pela qual o Banco Central do Brasil adquire a moeda estrangeira dos bancos comerciais. Comentários: Taxa de repasse é a taxa por meio do qual a moeda estrangeira é vendida ao Banco Central, isto é, a taxa pela qual o Banco Central adquire a moeda estrangeira dos bancos comerciais. Questão correta. 17-(AFTN-1998)- As taxas cruzadas são as taxas teóricas resultantes da comparação das respectivas cotações de duas moedas. Comentários: As taxas cruzadas são, conforme afirma a questão, as taxas que resultam da comparação das cotações de duas moedas. Questão correta. 18-(AFTN-1998)- A taxa estável é um tipo de taxa fixa que prevê uma certa variação dentro de determinados limites. Comentários: Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 53 A taxa estável é, de fato, uma taxa fixa. Entretanto, há possibilidade de variação dentro de certos limites. Questão correta. 19-(AFTN-1998)- Mercado de câmbio a termo é o mercado onde são realizadas operações cambiais futuras, ou seja, a contratação, pelo câmbio atual, para entrega em uma data futura. Comentários: Mercado de câmbio a termo é aquele em que são realizadas operações futuras, isto é, operações em que a liquidação do câmbio ocorre após 2 dias úteis da contratação. No entanto, a taxa cambial não coincide, necessariamente, com a taxa cambial atual (praticada no momento). Questão errada. 20-(AFTN-1998)- O Mercado paralelo de câmbio compreende todas as operações conduzidas por meio de pessoas físicas ou jurídicas não autorizadas a lidar com câmbio. Comentários: O mercado paralelo abrange as operações cambiais realizadas com intermediação de pessoas físicas ou jurídicas não autorizadas. Questão correta. 21-(AFTN-1998)- Mercado de câmbio primário é o mercado onde são realizadas operações entre os bancos e seus clientes não-bancários. Comentários: O mercado de câmbio primário compreende as operações entre bancos e clientes não-bancários. O mercado interbancário, por sua vez, abrange as operações cambiais entre bancos. Questão correta. 22-(AFTN-1998)- Mercado de câmbio à vista é o mercado onde são realizadas operações cambiais “Prontas”, ou seja, para entrega em até dois dias úteis. Comentários: As operações prontas, realizadas no mercado de câmbio à vista, são aquelas em que a liquidação do contrato de câmbio (entrega das moedas) ocorre em até dois dias úteis. Questão correta. 23-(AFTN-1998)- O Mercado de câmbio manual é aquele onde o comércio de dinheiro é em espécie, quando pelo menos uma das moedas transacionadas for de país estrangeiro. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 53 Comentários: De fato, o mercado de câmbio manual é aquele em que são negociadas moedas em espécie ou traveller checks. Questão correta. 24-(AFTN-1998)- As taxas livres são aquelas provenientes das condições de oferta e procura de divisas em um mercado de câmbio livre, não havendo, portanto, a intervenção do Estado nas taxas. Comentários: As taxas livres são as determinadas pelas leis do mercado. Entretanto, há possibilidade de intervenção governamental no caso de oscilações exageradas. Questão errada. 25-(AFTN-1998)- Crawling Pegs é um sistema onde as paridades variam periodicamente em pequenos intervalos de tempo. Comentários: Crawling Pegs é um sistema de taxas flexíveis, que são aquelas que variam periodicamente em pequenos intervalos de tempo. Questão correta. 26-(ACE-1997)- A remessa de moeda de uma praça a outra feita com o propósito de obter vantagens de diferenças de preços é uma operação de hedging. Comentários: A assertiva descreve a operação denominada arbitragem cambial. Questão errada. 27-(ACE-1997)- Em operações futuras, a taxa cambial é fixada no momento da contratação do câmbio. Comentários: A taxa cambial é definida no momento da contratação do câmbio, seja nas operações prontas ou nas operações futuras. Questão correta. 28-(CODESP-2011)- A taxa média do dia apurada no mercado interbancário, conhecida por Ptax e divulgada pelo Banco Central do Brasil, é a taxa que os bancos obrigatoriamente devem utilizar nas operações cambiais com os seus clientes. Comentários: Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 53 A taxa de câmbio é livremente pactuada entre os agentes autorizados a operar no mercado de câmbio ou entre estes e seus clientes. No Brasil, a taxa de câmbio é flutuante. Questão errada. 29-(CODESP-2011)- No Brasil, é adotado o regime de câmbio fixo, pois o Banco Central do Brasil compra e vende moeda no mercado cambial para manter a taxa de câmbio invariável. Comentários: No Brasil, o regime cambial adotado é o de “flutuação suja”. Questão errada. 30-(CODESP-2011) - No Brasil, os bancos autorizados a operarem no mercado cambial e quando solicitados por seus clientes são obrigados a vender moeda em espécie. Comentários: Nem sempre é possível a venda de moeda em espécie. Apenas as operações de compra e venda de moeda estrangeira cujo valor não ultrapasse R$ 10.000,00 poderão ser liquidadas mediante a entrega de dinheiro em espécie. Questão errada. 31-(CODESP-2011) - As operações de câmbio podem ser contratadas para liquidação pronta ou futura e, em qualquer das situações, pode ser solicitado pela instituição financeira um prêmio ou bonificação da operação. Comentários: Apenas nas operações futuras é que a instituição financeira poderá solicitar um prêmio ou bonificação em relação às taxas de câmbio. Questão errada. 32-(CODESP-2011-adaptada)- A operação de câmbio (compra ou venda) pronta é a operação a ser liquidada em até dois dias úteis da datade contratação. Comentários: As operações de câmbio prontas são aquelas que são liquidadas em até dois dias úteis da data da contratação. Questão correta. 33-(CODESP-2011)- Nos contratos de câmbio não são susceptíveis de alteração, o comprador, o vendedor, o valor em moeda estrangeira e o prazo para liquidação do contrato de câmbio. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 53 Comentários: O prazo para liquidação do contrato de câmbio pode ser alterado. Não são suscetíveis de alteração o comprador, o vendedor, o valor em moeda estrangeira, o valor em moeda nacional, o código da moeda estrangeira e a taxa de câmbio. Questão errada. 34-(CODESP-2011) – O exportador de mercadorias ou de serviços pode manter no exterior, no máximo, 30% dos recursos relativos ao recebimento de suas exportações. Comentários: O exportador de bens ou serviços pode manter no exterior a integralidade dos recursos relativos ao recebimento de suas exportações. Questão errada. 35-(CODESP-2011)- As operações ao amparo da sistemática de câmbio simplificado de exportação, contratadas para liquidação pronta, devem ser liquidadas no mesmo dia da contratação. Comentários: De acordo com o RMCCI, as operações ao amparo da sistemática de câmbio simplificado de exportação devem ser liquidadas no mesmo dia da contratação. Questão correta. 36-(CODESP-2011) - O prazo máximo entre a contratação e a liquidação de um contrato de câmbio de exportação é de 360 dias. Comentários: Na exportação, o prazo máximo entre a contratação e a liquidação do contrato de câmbio é de 750 dias. Questão errada. 2- PAGAMENTOS INTERNACIONAIS: 2.1-Introdução: Em uma operação de comércio exterior, exportador e importador buscam, a todo momento, minimizar riscos e custos. Nesse sentido, uma importante escolha das empresas é a forma de pagamento a ser pactuada. Há algumas que envolvem grande risco para o importador; outras trazem grandes riscos para o exportador. Existem, ainda, aquelas que, para serem utilizadas, envolvem custos bem elevados. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 53 Há quatro modalidades de pagamentos internacionais: i) pagamento antecipado ou remessa antecipada; ii) cobrança documentária ou cobrança; iii) remessa sem saque e; iv) carta de crédito ou crédito documentário. É importante entendermos o funcionamento de cada uma delas! Perceberemos, ao estudar as modalidades de pagamento internacional, o quanto é importante a intervenção bancária para o funcionamento do comércio internacional. Para que os bancos possam atuar com segurança nessas operações, eles se utilizam de um sistema de comunicação eletrônica denominado SWIFT, que se caracteriza pela velocidade, confidencialidade e autenticidade. A SWIFT é uma sociedade criada em 1973 com o objetivo de realizar telecomunicações financeiras interbancárias internacionais. Ela presta serviços de comunicações, um dos quais é a ordem de pagamento via SWIFT. Diversas outras mensagens também podem ser enviadas: empréstimos, depósitos, créditos documentários, etc. 2.2- Pagamento Antecipado: O pagamento antecipado (ou remessa antecipada) é a modalidade que implica em maiores riscos para o importador. Ele consiste em efetuar o pagamento total ou parcial referente à operação antes do embarque da mercadoria no exterior. Somente após receber o pagamento, o exportador embarca a mercadoria e envia a documentação relativa à operação. Ora, se o pagamento é feito pelo importador antes do embarque da mercadoria, ele está se arriscando, uma vez que não sabe se o exportador irá mesmo lhe enviar a mercadoria. No Brasil, considera-se pagamento antecipado de importação aquele efetuado com antecipação de até 180 dias à data prevista para: i) embarque, no caso de mercadorias importadas diretamente do exterior em caráter definitivo; ii) embarque, no caso de mercadorias importadas ao amparo do drawback, ou quando destinadas à admissão na Zona Franca de Manaus, em Área de Livre Comércio ou em Entreposto Industrial; iii) nacionalização, no caso de mercadorias admitidas em outros regimes aduaneiros especiais. Assim, para o caso de mercadorias importadas a título definitivo, o marco temporal que define se o pagamento é antecipado ou não é a data do embarque. Considera-se como data de embarque a data de emissão do conhecimento de carga (conhecimento de embarque). Se a mercadoria está sendo importada a título definitivo e o pagamento foi efetuado antes do embarque, trata-se de pagamento antecipado. Essa regra também vale para as mercadorias admitidas na ZFM, em ALC, em entreposto industrial (RECOF) e, ainda, para as importadas ao amparo do drawback. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 53 Já em relação às mercadorias admitidas em regimes aduaneiros especiais (à exceção do drawback e RECOF), o marco temporal que define se o pagamento será antecipado ou não é a data da nacionalização, que ocorre com o desembaraço aduaneiro. Assim, para as mercadorias admitidas em regimes aduaneiros especiais (à exceção do drawback e RECOF) considera-se antecipado o pagamento realizado antes do desembaraço aduaneiro. Especificamente para máquinas e equipamentos com longo ciclo de produção ou de fabricação sob encomenda, o prazo de antecipação deve ser compatível com o ciclo de produção ou de comercialização do bem. Há que se observar, todavia, que nesses casos, o prazo máximo de antecipação poderá ser 1.080 dias. Por sua vez, os recursos a título de recebimento antecipado em uma exportação brasileira deverão, dentro de 360 dias, implicar no embarque da mercadoria para o exterior ou serem convertidos em investimento direto de capital ou empréstimo em moeda. Esquematizando: PAGAMENTO ANTECIPADO Maiores riscos para o importador Realizado antes do embarque da mercadoria no exterior LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Pagamento antecipado na importação Recebimento antecipado na exportação Até 180 dias Até 360 dias Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 53 2.3- Remessa sem saque: A remessa sem saque é uma modalidade de pagamento por meio da qual os documentos relativos à operação são encaminhados pelo exportador diretamente ao importador, sem qualquer intermediação bancária. O envio desses documentos é feito por meio dos correios. Após ter ocorrido a negociação e as partes terem chegado a um acordo, o exportador embarca a mercadoria e a envia ao importador. Paralelamente, o exportador remete ao importador a documentação relativa à importação por meio dos correios. De posse da documentação, o importador poderá providenciar o desembaraço aduaneiro. O risco da operação está no fato de que o exportador, ao enviar a documentação diretamente ao importador, fica sem qualquer título de crédito para exigir o pagamento. A remessa sem saque é, portanto, a modalidade de pagamento que implica maiores riscos para o exportador. No entanto, ela permite celeridade nos trâmites da documentação e reduçãode despesas bancárias. Uma data importante, que define se o pagamento será à vista ou a prazo é a data do desembaraço aduaneiro. O pagamento realizado antes do desembaraço aduaneiro, é considerado pagamento à vista. Já o pagamento realizado após o desembaraço aduaneiro, será considerado pagamento a prazo. Essa regra também vale para a cobrança documentária, modalidade de pagamento que estudaremos em seguida. 2.4- Cobrança documentária: A intervenção bancária, no que diz respeito aos pagamentos internacionais, não fica limitada às atividades de contratação e liquidação do câmbio. A cobrança documentária é uma modalidade de pagamento internacional em que há grande intervenção bancária. Ao contrário da remessa sem saque e do pagamento antecipado, nessa modalidade de pagamento os bancos intervenientes manuseiam os documentos relativos à operação de comércio exterior. Mas como funciona? Bem, após as partes terem negociado e chegado a um acordo, o exportador embarca as mercadorias no exterior e entrega os documentos referentes à operação a um banco em sua praça. Esse banco, por sua vez, remete os documentos a um banco na praça do importador. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 53 Paralelamente, a mercadoria é exportada e chega ao país do importador. No entanto, o importador não tem como realizar o desembaraço aduaneiro junto à Alfândega sem os documentos referentes à operação. E como ele terá acesso a esses documentos? Isso mesmo! O banco na praça do importador entregará os documentos ao importador somente após o pagamento (caso seja uma cobrança à vista) ou aceite da cambial (caso seja uma cobrança à prazo). O banco na praça do importador recebe o pagamento e, em seguida, emite uma ordem de pagamento ao banco na praça do exportador. Após isso, é realizado o pagamento ao exportador. 2.5- Carta de Crédito ou Crédito Documentário: O crédito documentário (carta de crédito) é a modalidade de pagamento que implica em menores riscos tanto para o exportador quanto para o importador, sendo considerada, portanto, a mais segura. Em contrapartida, por envolver grande intervenção bancária, é também a modalidade de pagamento internacional que possui custos mais elevados. A carta de crédito é um documento independente (autônomo) do contrato de compra e venda internacional. Logo, se o contrato estiver sendo questionado judicialmente, a carta de crédito irá subsistir, isto é, continuará a ter validade. Ainda que Mas como funciona uma carta de crédito? Não é difícil... O importador procura um banco e solicita que este emita uma carta de crédito tendo como beneficiário o exportador. O valor será recebido pelo exportador caso este cumpra todos os requisitos previstos na carta de crédito. Os costumes e práticas uniformes relativas a créditos documentários foram consolidados pela Câmara de Comércio Internacional (CCI) em uma norma denominada UCP 600. Considerando-se que a CCI não é uma organização internacional, mas sim uma organização privada, ela não tem competência para estabelecer normas vinculantes e obrigatórias. Dessa forma, a UCP 600 é de utilização facultativa, aplicando-se somente às cartas de crédito que a ela fizerem menção expressa. Ressalte-se, entretanto, que quando a UCP 600 for mencionada em uma carta de crédito, a observância de seus dispositivos será obrigatória. As cartas de crédito reguladas pela UCP 600 são compromissos irrevogáveis. Segundo o que estabelece a UCP 600, os atores em uma carta de crédito são os seguintes: i) requerente; ii) Banco Emitente; iii) Banco Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 53 Avisador; iv) Banco Designado; v) Banco Confirmador e; vi) Banco Reembolsador. Vamos visualizar uma operação de comércio exterior! Um exportador estrangeiro entra em negociação com um importador brasileiro e os dois celebram um contrato de compra e venda. Paralelamente, o importador brasileiro (requerente) solicita a um banco (Banco Emitente) que este emita uma carta de crédito em nome do exportador (beneficiário). O Banco Emitente entrega, então, a carta de crédito a um outro banco, o qual será responsável por avisar o crédito, isto é entregar a carta de crédito ao exportador (beneficiário). O banco responsável por avisar o crédito é denominado Banco Avisador. A partir daí, o exportador deverá cumprir as obrigações previstas na carta de crédito. Somente após cumpri-las é que o exportador receberá o valor da carta de crédito. Caberá a um banco (Banco Designado) analisar o cumprimento dessas obrigações pelo exportador. Cabe ressaltar que a verificação bancária se limita ao aspecto documental, ou seja, o Banco Designado não inspeciona as mercadorias. Caso o Banco Designado constate que o exportador cumpriu todas as obrigações previstas na carta de crédito, ele irá efetuar o pagamento do valor a ela referente. O pagamento ao beneficiário é feito contra a apresentação de documentos (e não contra bens e serviços!). Assim, é possível afirmar que os bancos não inspecionam (conferem) mercadorias, mas apenas documentos. O Banco Emitente poderá fazer o pagamento diretamente ao beneficiário da carta de crédito, sem necessidade de um Banco Designado. O Banco Designado, de posse dos documentos relativos à operação, os envia ao Banco Emitente, que os repassa, por sua vez, ao importador. De posse dos documentos, o importador poderá realizar o desembaraço aduaneiro. O importador fará o pagamento da operação ao Banco Emitente que, por sua vez, irá pagar ao Banco Designado, que foi quem efetuou o pagamento diretamente ao exportador. Há, ainda, a possibilidade de existirem dois outros atores em uma carta de crédito regulada pela UCP 600: o Banco Confirmador e o Banco Reembolsador. O Banco Confirmador é como se fosse uma garantia a mais para a carta de crédito. Como vimos, o Banco Emitente é quem emite a carta de crédito em nome do exportador. Adicionalmente, um outro banco (o Banco Confirmador) poderá agregar sua assinatura nesta carta de crédito, o que Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 53 significa que ele também se compromete a efetuar o pagamento dos valores nela previsto. Assim, caso o Banco Emitente não honre seu compromisso, o Banco Confirmador o fará. A presença do Banco Confirmador em um crédito documentário é um fator que aumenta a garantia e a segurança da operação. Diz-se, nesse caso, que trata-se de uma carta de crédito confirmada. O Banco Reembolsador, por sua vez, é quem paga o Banco Designado em nome do Banco Emitente. Como vimos anteriormente, o Banco Designado é quem paga o valor da carta de crédito ao exportador, não é mesmo? Em seguida, ele recebe esse dinheiro do Banco Emitente. Pois bem, pode acontecer que, por motivos de ordem financeira, o Banco Emitente não queira dispor dos recursos que mantém junto ao Banco Designado. Nesse caso, o Banco Emitente irá solicitar ao Banco Reembolsador que repasse recursos ao Banco Designado. Pronto! É assim que funciona uma carta de crédito regulada pela UCP! Complexo, não é mesmo? São muitas as partes envolvidas! Mas isso pode ser mais simples... As figuras do Banco Confirmador e do Banco Reembolsador não são muito comuns, sendo plenamente dispensáveis.A carta de crédito já é a modalidade de pagamento mais segura, o que nos permite inferir que não há necessidade de um banco somente para fazer a confirmação (Banco Confirmador). Quando é solicita uma confirmação da carta de crédito, isso significa que não há muita confiança na palavra do Banco Emitente! Quanto ao Banco Reembolsador, ele não é figura muito comum porque o Banco Emitente costuma fazer ele mesmo o repasse de recursos ao Banco Designado. Simplificando ainda mais o funcionamento da carta de crédito, os papéis do Banco Designado e do Banco Avisador podem ser desempenhados por um único banco. Você há de concordar comigo que não há necessidade de um banco somente para avisar ao exportador que ele tem uma carta de crédito emitida em seu nome! Assim, o mesmo banco que avisa o crédito poderá verificar o cumprimento das obrigações previstas na carta de crédito e, se for o caso, efetuar o pagamento ao exportador. Além disso, é possível que o Banco Emitente faça o pagamento diretamente ao beneficiário da carta de crédito, sem necessidade de um Banco Designado. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 53 Na prova, muita gente confunde o crédito documentário (carta de crédito) com a cobrança documentária. Macete! 1)- Na carta de crédito, o cliente do banco é o importador. É ele que pede o banco para emitir uma carta de crédito em nome do exportador. 2)- Na cobrança documentária, o cliente do banco é o exportador. É ele que pede o banco para “cobrar” o pagamento do importador. Pode ocorrer de, em uma operação de comércio exterior, o exportador necessitar de recursos (numerário) para produzir o bem a ser exportado. Nesse caso, ele irá pedir um adiantamento total ou parcial do valor da exportação. Quando o exportador necessitar da antecipação de recursos, ele solicitará a inclusão de uma cláusula especial na carta de crédito: a Red Clause. A Red Clause é uma cláusula colocada em uma carta de crédito que permite o pagamento antecipado parcial ou total da operação. Em outras palavras, a Red Clause permite o adiantamento de valores ao exportador, antes mesmo do embarque da mercadoria no exterior. Em virtude da utilização dessa cláusula não ser muito comum em uma carta de crédito, utiliza-se a cor vermelha para identificá-la. 2.6- Créditos Back-to-Back: Muitas pessoas confundem os créditos back-to-back com as cartas de crédito. Enquanto a carta de crédito é modalidade de pagamento internacional, o crédito back-to-back é uma forma de financiamento. Na verdade, os créditos back-to-back são operações baseadas em duas cartas de crédito. Vamos exemplificar para que você entenda melhor seu funcionamento! Imaginem que um importador brasileiro foi a um banco e pediu que ele emitisse uma carta de crédito em favor de um exportador relativa a uma compra de mercadorias a ser realizada. Esse exportador, no entanto, irá adquirir essa mercadoria de um produtor local de seu país. Para efetuar esse pagamento, ele procura um banco na sua praça e solicita a emissão de uma carta de crédito em favor do produtor local. Como garantia da operação, ele utiliza a primeira carta de crédito emitida a seu favor. Está ocorrendo, como se pode verificar, uma operação triangular em que há uma compra e uma venda por parte do exportador estrangeiro. Esta operação, conhecida como crédito back-to-back, baseia-se em duas cartas de crédito. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 53 Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova! 37-(Analista dos Correios – 2011)- Na modalidade denominada carta de crédito, cabe ao banco emitente pagar diretamente ao beneficiário ou indicar um banco designado para proceder ao pagamento. Comentários: Na carta de crédito, o Banco Emitente efetua o pagamento diretamente ao beneficiário ou atribui essa tarefa a outro banco (o Banco Designado). Questão correta. 38-(Analista dos Correios – 2011)- A modalidade de pagamento que oferece maior garantia ao exportador é a remessa sem saque. Comentários: A modalidade de pagamento que implica em maiores riscos para o exportador é a remessa sem saque. Questão errada. 39-(Analista dos Correios – 2011)- Considere que determinado bem importado em consignação, estando, pois, sob o regime de entreposto aduaneiro, tenha sido adquirido e pago sob a forma de remessa antecipada. Nesse caso, estando já o bem em território nacional, considera-se antecipado o pagamento se este for realizado antes do desembaraço aduaneiro. Comentários: O pagamento será considerado antecipado, no caso de bens admitidos em regimes aduaneiros especiais (entreposto aduaneiro, por exemplo!), quando ocorrer antes do desembaraço aduaneiro. No caso de bens importados a título definitivo, considera-se antecipado o pagamento realizado antes da data do embarque. Questão correta. 40-(Analista dos Correios-2011)- A modalidade de pagamento denominada cobrança ocorre quando o exportador envia documentação relativa à exportação diretamente ao importador, sem intermediação bancária, para que este proceda ao pagamento pertinente. Comentários: Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 53 A modalidade de pagamento em que o exportador envia os documentos relativos à exportação diretamente ao importador, sem intermediação bancária, é a remessa sem saque. Questão errada. 41-(Analista dos Correios-2011)- Na remessa sem saque, o pagamento é considerado à vista se realizado até o desembaraço aduaneiro da mercadoria e a prazo, se efetuado após o mesmo. Comentários: De fato, o pagamento realizado até o desembaraço aduaneiro é considerado pagamento à vista. Já o pagamento realizado após o desembaraço aduaneiro, é considerado pagamento à prazo. Questão correta. 42-(AFRF-2005 - adaptada)- A remessa antecipada é forma de pagamento mediante a qual o importador remete previamente o valor parcial ou total da transação, após o que o exportador providencia a exportação da mercadoria e o envio da respectiva documentação. Comentários: O pagamento antecipado se caracteriza como aquele em que o importador remete, previamente ao embarque, o valor total ou parcial referente à importação. Só então o exportador envia a mercadoria e a documentação referente à operação. Questão correta. 43-(AFRF-2005 - adaptada)- O crédito documentário é forma de pagamento em que, após a expedição da mercadoria, o exportador entrega a um banco de sua preferência os documentos de embarque, juntamente com um saque contra o importador. O banco, a seu turno, remete os documentos, acompanhados de um carta-cobrança, a seu correspondente na praça do importador, para cobrar do sacado. Efetuado o pagamento, o banco libera a documentação ao importador, para que ele possa retirar a mercadoria na alfândega. Comentários: O enunciado da questão descreve a modalidade de pagamento denominada “cobrança documentária”, também conhecida simplesmente por “cobrança”. O crédito documentário (carta de crédito) fica caracterizado quando o importador solicita a um banco que emita um crédito em favor do exportador. Perceba, caro amigo, que o cliente do banco, na carta de crédito, é o importador. Questão errada. 44-(AFRF-2005 - adaptada)- A remessa sem saqueé modalidade de pagamento não empregada com muita frequência no comércio internacional, por colocar o importador na dependência do exportador, Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 53 implicando, assim, riscos para o primeiro, à medida que, enquanto não receber a mercadoria, não poderá ter certeza do cumprimento regular da obrigação por parte do exportador. Comentários: A modalidade de pagamento que implica em maiores riscos para o importador, colocando-o na dependência do exportador, é o pagamento antecipado. A remessa sem saque é a modalidade que resulta em maiores riscos para o exportador. Questão errada. 45-(AFRF-2005 - adaptada)- O crédito documentário é forma de pagamento utilizada em contratos internacionais segundo a qual um banco, por instruções de um cliente seu, compromete-se a efetuar um pagamento a um terceiro, contra a entrega de documentos estipulados, desde que os termos e condições sejam cumpridos. Comentários: A assertiva descreve perfeitamente o funcionamento de uma carta de crédito (crédito documentário). O importador solicita que um banco emita uma carta de crédito em nome do exportador, a qual será convertida em dinheiro se o exportador cumprir os termos e condições nela estipuladas. Questão correta. 46-(AFRF-2005 - adaptada)- A cobrança à vista é modalidade de pagamento que envolve maior risco para o exportador, razão pela qual é pouco empregada no comércio internacional (salvo nas importações realizadas por filiais ou subsidiárias de firmas no exterior). Comentários: A modalidade de pagamento que envolve maiores riscos para o exportador é a remessa sem saque. Questão errada. 47-(AFRFB – 2005 - adaptada)- A cobrança à vista é forma de pagamento segundo a qual o importador recebe diretamente do exportador os documentos de embarque, promove o desembaraço da mercadoria na aduana e, posteriormente, providencia a remessa da quantia respectiva para o exterior. Comentários: A modalidade de pagamento por meio da qual o importador recebe diretamente do exportador os documentos de embarque é a remessa sem saque. Questão errada. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 53 48-(TRF-2005) - Após enviar a mercadoria ao seu destinatário, o exportador entrega a um banco de sua preferência os documentos relativos a essa operação para que então o estabelecimento bancário, a partir de um correspondente seu na praça do importador, possa cobrar o pagamento da transação e liberar os documentos que serão necessários ao desembaraço aduaneiro do bem. Esta modalidade de pagamento, comum nas operações internacionais de compra e venda de mercadorias, é denominada crédito documentário. Comentários: A modalidade de pagamento descrita na questão é a cobrança documentária (e não o crédito documentário!). Nessa modalidade, o banco irá atuar como um “cobrador”. Questão errada. 49-(AFRF-2003)- O crédito documentário, consistindo numa modalidade de pagamento tendo subjacente um contrato comercial internacional entre vendedor e comprador de mercadorias não subsiste se o referido contrato estiver sendo questionado judicialmente. Comentários: O crédito documentário é autônomo em relação ao contrato de compra e venda. Dessa forma, ele subsiste ainda que o contrato esteja sendo questionado judicialmente. Questão errada. 50-(AFRF-2003)- O crédito documentário, consistindo numa modalidade de pagamento tendo subjacente um contrato comercial internacional entre vendedor e comprador de mercadorias rege-se nas práticas comerciais pelas normas da Publicação 600 da Câmara de Comércio Internacional (UPC 600 da CCI), que são claras em definir as responsabilidades das Partes de um Crédito Documentário pela não observância das cláusulas que dispõem acerca das mercadorias transacionadas. Comentários: O crédito documentário somente é regido pela UCP 600 se essa condição estiver nele expressa. Questão errada. 51-(AFRF-2003)- O crédito documentário, consistindo numa modalidade de pagamento tendo subjacente um contrato comercial internacional entre vendedor e comprador de mercadorias é autônomo em relação ao contrato comercial subjacente cujo pagamento ao beneficiário deverá ser honrado contra documentos idôneos e Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 53 formalmente consistentes com as estipulações da carta de crédito, e não contra bens ou serviços. Comentários: De fato, o crédito documentário é autônomo em relação ao contrato de compra e venda. O pagamento ao beneficiário é feito contra a apresentação de documentos (e não contra bens e serviços!). Questão correta. 52-(AFRF-2003)- O crédito documentário, consistindo numa modalidade de pagamento tendo subjacente um contrato comercial internacional entre vendedor e comprador de mercadorias prescinde do exame minucioso da documentação nele mencionada e de suas condições, não consistindo tal procedimento em essencial à liquidação do crédito. Comentários: É sim necessário o exame documental para que o crédito possa ser liquidado. Afinal, o pagamento do crédito é feito contra a apresentação de documentos. Questão errada. 53-(AFRF-2003)- O crédito documentário, consistindo numa modalidade de pagamento tendo subjacente um contrato comercial internacional entre vendedor e comprador de mercadorias tem eficácia e validade materializada no contrato comercial do qual deriva, e, neste sentido, este prevalece sobre a formalidade documental. Comentários: A validade do crédito documentário está materializada nele mesmo, uma vez que ele tem autonomia em relação ao contrato de compra e venda. Questão errada. 54-(AFRF-2003 - adaptada)- Analise a situação a seguir: i) exportador e importador são intrínseca e reciprocamente conhecidos e tradicionais nos respectivos ramos (flores e frutas in natura); ii) é razoável que busquem em todo o processo de suas transações comerciais minimizar custos e riscos e maximizar eficiência, rapidez e garantias; iii) o importador necessita disponibilizar as mercadorias para consumo o mais rápido possível; iv) por sua vez, o exportador necessita do numerário com urgência e, se o importador optar por pagamento a prazo, o exportador terá que descontar as cambiais junto a um banco com deságio, o que acarreta custos adicionais; e v) as mercadorias foram embarcadas e consignadas ao banco do importador. Comércio Internacional p/ ACE Teoria e Questões Prof. Ricardo Vale – Aula 13 Prof. Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 53 Considerando as circunstâncias acima descritas, entre as modalidades de pagamento utilizadas no comércio internacional, a que melhor conjuga os interesses de ambas as partes (comprador e vendedor) é o crédito documentário. Comentários: Vamos analisar essa questão com calma! Primeira informação importante: importador e exportador querem minimizar riscos. A remessa antecipada (pagamento antecipado) envolve muitos riscos para o importador; a remessa sem saque envolve muitos riscos para o exportador. Logo, estas duas modalidades não poderão ser utilizadas. Segunda informação importante: importador e exportador querem minimizar custos. O crédito documentário (carta
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