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MÉTODOS QUALITATIVOS DE PESQUISA: UMA TENTATIVA DE DESMISTIFICAR A SUA COMPREENSÃO Profa. Dra. Silvia Cristina Mangini Bocchi Profa. Dra. Carmen Maria Casquel Monti Juliani Profa. Dra. Wilza Carla Spiri DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM – FACULDADE DE MEDICINA - UNESP BOTUCATU 2008 “Manual de estudos para alunos de pós-graduação, pretende ser um guia orientador em alguns dos métodos de pesquisa qualitativa” As autoras Métodos Qualitativos de Pesquisa 1/32 SUMÁRIO/MENU 1- INTRODUÇÃO .....................................................................................................02 2 - ABORDAGENS 2.1 Pesquisa-ação ........................................................................................04 2.2 Fenomenologia .......................................................................................07 2.3 Etnografia ...............................................................................................10 2.4 Grounded Theory ...................................................................................13 2.5 Materialismo Histórico Dialético ...........................................................15 3 – AMOSTRA INTENCIONAL NA PESQUISA QUALITATIVA 3.1 – Como conseguir os sujeitos participantes da pesquisa? ....................20 3.2 – Quando eu sei que houve a saturação? .................................................20 3.3 – Quando eu integro as categorias e encontro temas? ...........................21 3.4 – Como integrar dados provindos de várias técnicas de coleta? ...........21 4 – ESTRATÉGIAS PARA COLETA DE DADOS 4.1 - Observação participante ..........................................................................22 4.2 – Notas de campo ........................................................................................22 4.3 – Entrevista ..................................................................................................22 4.3.1 – Entrevista não estruturada interativa ..........................................22 4.3.2 – Entrevista semi-estruturada .........................................................22 4.4- Grupo focal .................................................................................................23 5 – ANÁLISE DE CONTEÚDO ................................................................................26 6 – RIGOR NA QUALIDADE DA INVESTIGAÇÃO .................................................29 7 – ETAPAS QUE UM PROJETO DE PESQUISA DEVERÁ ABORDAR ...............30 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................31 Métodos Qualitativos de Pesquisa 1 – INTRODUÇÃO Este texto foi escrito com a finalidade de desmistificar a pesquisa qualitativa, como um caminho de se construir um corpo de conhecimento na área, bem como, as suas principais abordagens. Contudo, nessa aproximação, não temos a intenção de nos aprofundarmos em uma ou outra abordagem, tampouco esgotar o assunto, mas apresentarmos algumas possibilidades para que os alunos possam escolher uma modalidade de acordo apropriada à pergunta elaborada em seus projetos de pesquisa. Assim, pretendemos oferecer uma visão geral das possibilidades e opções metodológicas para o desenvolvimento da pesquisa. Existem, atualmente, duas linhas complementares de pesquisa, os métodos quantitativos e os qualitativos, possibilitando ao pesquisador uma escolha daquele que dê melhores respostas ao seu problema (FIELD, MORSE, 1985). TURATO (2005) explicita estas diferenças em um quadro sintético: 2/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa Não devemos alimentar discussões quando os participantes justificam a escolha do método quantitativo ou qualitativo, fundamentada em preferências pessoais, bem como, apontando as deficiências entre um e outro (FIELD, MORSE, 1985). As origens desses tipos de atitudes, consideradas como inadequadas entre pesquisadores não estão inteiramente claras e, portanto se acredita existir relações com as percepções de pesquisadores quantitativos, que por não entenderem a perspectiva epistemológica desta abordagem, acabam acusando o pesquisador qualitativo como burlador de regras da metodologia científica. A outra causa pode estar relacionada às próprias frustrações de pesquisadores qualitativos, que ao tentarem conseguir aprovações de seus projetos em comitês que utilizam critérios quantitativos para avaliações, acabam se revoltando com tais atitudes e, portanto direcionando suas críticas (FIELD, MORSE, 1985). Se nós nos perdermos nessas discussões, poderemos nos enfraquecer enquanto profissionais responsáveis pela construção do conhecimento. Não devemos nos esquecer que na área da Saúde o propósito da pesquisa quantitativa e qualitativa é o mesmo: construir o conhecimento, por meio de métodos que se complementam. [Voltar ao menu] 3/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa 2 – ABORDAGENS: COMO ESCOLHER A QUE MELHOR ATENDA AO NOSSO QUESTIONAMENTO? É importante ter em mente que o ideal é que o problema e a questão a ser investigada é que deve nortear a escolha do método científico a ser utilizado. Também os dados do contexto estudado devem ser considerados. Apenas para citar um exemplo, em situações onde existem deficiências dos sistemas de informação, muitas vezes os dados não se apresentam confiáveis para contemplar estudos quantitativos, fazendo-se necessário delinear um estudo qualitativo. Visto isso, é preciso fazer uma aproximação dos métodos para saber qual a melhor escolha para aquilo que se pretende estudar, pesquisar. Assim, esse manual de orientação permitirá uma aproximação de algumas modalidades de pesquisa qualitativa, no entanto, após esse primeiro reconhecimento, recomendamos um aprofundamento naquela escolhida. 2. 1 – Pesquisa-Ação A pesquisa-ação, tradicionalmente utilizada na área da educação, pode ser uma interessante modalidade de escolha para projetos que, além do caráter de pesquisa, envolvem também intervenção em uma determinada realidade, com abertura a construção coletiva dos diversos atores envolvidos no contexto e podem variar em graus distintos de participação, dada a fatores relacionados ao contexto, ao tempo de execução do projeto, ao número de sujeitos/instituições envolvidos. De acordo com Loureiro (2007) na pesquisa-ação a transformação prática da realidade é o problema central, de modo que, as incertezas e certezas, o conflito e o consenso, a organização e o caótico, dentre outros, não são erros, defeitos ou exercício lógico-abstrato, mas a própria existência em movimento. Reis (2007) aponta a denominação de pesquisa-ação-participativa por considerá-la mais adequada à produção de conhecimentos no campo das ciências humanas e sociais que dá ênfase à ação e a participação. A mesma autora apoiada nas idéias de Brandão, neste tipo de pesquisa existe a superação dos “pesquisados” como “objeto” de estudo, mas o entendimento é que “pesquisadores” e “pesquisados” são sujeitos, aliados e parceiros, no processo de produção de conhecimentos sobre a realidade social. Demo (apud Reis, 2007) reconhece a pesquisa-ação como uma modalidade de pesquisa que coloca que coloca a ciência a serviço da emancipação social, com 4/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa duplo desafio, o de pesquisar e participar, o de investigar e educar, de modo a articular a teoria e a prática. Participação, transformação e ação educativa são, portanto, componentes da pesquisa=ação. Assim, responde à necessidade de superar um modelo de ciência fundamentado na separação entre o saber científico e o saber popular, entre a teoria e a prática, entreo conhecer e o agir, entre a neutralidade e a intencionalidade, Essas reflexões, embora voltadas ao contexto da educação ambiental, podem ser extrapoladas e aplicadas ao contexto do trabalho, do trabalho em saúde e, na saúde do trabalhador, permite aproximações da realidade de forma crítica e consciente que favoreça a transformação da realidade. É importante que se reconheça a pesquisa-ação como um dos inúmeros tipos de investigação-ação, que é um termo genérico para qualquer processo que siga um ciclo no qual se aprimora a prática pela oscilação sistemática entre agir no campo da prática e investigar a respeito dela. Planeja-se, implementa-se, descreve-se e avalia- se uma mudança para a melhora de sua prática, aprendendo mais, no correr do processo, tanto a respeito da prática quanto da própria investigação. (Tripp, 2005). Fonte: Tripp, 2005. O mesmo autor classifica a pesquisa-ação em 5 modalidades: 5/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa 1 - Pesquisa-ação técnica A pesquisa-ação técnica constitui uma abordagem pontual na qual o pesquisador toma uma prática existente de algum outro lugar e a implementa em sua própria esfera de prática para realizar uma melhora. 2 - Pesquisa-ação prática Nesse caso, as duas características distintivas são: primeiro, é mais como a prática de um ofício - o artífice pode receber uma ordem, mas o modo como alcança o resultado desejado fica mais por sua conta de sua experiência e de suas idéias -; e segundo, porque as decisões que ele toma sobre o quê, como e quando fazer, são informadas pelas concepções profissionais que tem sobre o que será melhor para seu grupo. 3 - Pesquisa-ação política A terceira pergunta (c) refere-se à mudança da cultura institucional e/ou de suas limitações. Quando se começa tentar mudar ou analisar as limitações dessa cultura sobre a ação, é preciso engajar- se na política, porque isso significa trabalhar com ou contra outros para mudar "o sistema". Só se pode fazer isso pelo exercício do poder e, assim, tal ação torna-se política. 4. Pesquisa-ação socialmente crítica A pesquisa-ação socialmente crítica passa a existir quando se acredita que o modo de ver e agir "dominante" do sistema, dado como certo relativamente a tais coisas, é realmente injusto de várias maneiras e precisa ser mudado. 5. Pesquisa-ação emancipatória Assim também a pesquisa-ação emancipatória é uma modalidade política que opera numa escala mais ampla e constitui assim, necessariamente, um esforço participativo e colaborativo, o que é socialmente crítico pela própria natureza. Não é preciso dizer que a pesquisa-ação emancipatória ocorre muito raramente. Apresentamos a seguir um modelo de relatório de pesquisa-ação segundo Tripp (2005): O relatório da pesquisa-ação O que se segue é um esquema de um típico relatório de estudo de caso de pesquisa-ação, o qual pode ser utilizado para qualquer projeto e também é adequado para dissertações. 1 - Introdução: intenções do pesquisador e benefícios previstos 2 - Reconhecimento (investigação de trabalho de campo e revisão da literatura) 2.1 - da situação 6/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa 2.2 - dos participantes (o próprio e outros) 2.3 - das práticas profissionais atuais 2.4 - da intencionalidade e do foco temático inicial 3 - Cada ciclo 3.1 - Planejamento: da preocupação temática (ou ciclo anterior) ao primeiro passo de ação 3.2 - Implementação: relato discursivo sobre quem fez o quê, quando, onde, como e por quê. 3.3 - Relatório de pesquisa sobre os resultados da melhora planejada: 3.3a - resumo e base racional do(s) método(s) de produção de dados 3.3b - apresentação e análise dos dados 3.3c - discussão dos resultados: explicações e implicações 3.4 - Avaliação 3.4a - da mudança na prática: o que funcionou ou não funcionou e por quê 3.4b - da pesquisa: em que medida foi útil e adequada 4 - Conclusão: 4.1 - Sumário de quais foram as melhorias práticas alcançadas, suas implicações e recomendações para a prática profissional do próprio pesquisador e de outros 4.2 - Sumário do que foi aprendido a respeito do processo de pesquisa-ação, suas implicações e recomendações para fazer o mesmo tipo de trabalho no futuro. 2. 2 - Fenomenologia Etimologicamente fenomenologia é o estudo ou ciência do fenômeno, sendo que por fenômeno, em seu sentido mais genérico, entende-se tudo o que aparece, que se manifesta ou se revela por si mesmo. Os tipos de questões respondidos pela fenomenologia são aqueles designados a extrair a essência das experiências. Querem compreender as percepções dos sujeitos e, sobretudo, ressaltam o significado que os fenômenos têm para as pessoas. Essência é “aquilo que constitui a natureza das coisas; substância. A existência. Idéia principal. Significação especial; espírito. O que constitui o cerne de um ser; natureza” (FERREIRA, 1995). Referem-se portanto, ao sentido ideal ou verdadeiro de alguma coisa, dando um entendimento comum ao fenômeno sob investigação. (MOREIRA, 2002) A fenomenologia busca compreender o ser humano, utilizando-se de formulações de problemas como: 7/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa - Quais são as causas, segundo a percepção dos alunos repetentes, dos pais e dos professores, do fracasso escolar e o significado que este tem para a vida dos estudantes que fracassam, segundo estes mesmos, os pais e os educadores das escolas de primeiro grau da cidade de Porto Alegre –RS? - Qual a percepção de jovens gestantes sobre as conversas em famílias sobre a sexualidade e a gravidez na adolescência? - Como é estar morrendo? - O que significa ser hipertenso? A fenomenologia tem como objetivo precípuo a investigação direta e a descrição de fenômenos que são experienciados conscientemente, sem teorias para sua explicação causal, e tão livre quanto possível de pressupostos e de preconceitos. A fenomenologia não é somente um método, mas um referencial filosófico. As suas origens são atribuídas a Edmund Husserl. Os filósofos existencialistas, Heidegger, Schutz, Sartre, Merleau-Ponty, Ricoueur, dentre outros, têm conferido a fundamentação teórica∗ para o método fenomenológico, quando o projeto de pesquisa visa coletar informações sobre a experiência de vida, situação experienciada pelos sujeitos como por exemplo, os comportamentos humanos e os significados. Exercício 1 Leia os resumos abaixo, tentando encontrar em cada um deles, as principais características de um estudo fenomenológico. A - BERNICÁ C R S, GOMES W B. Relatos de mães sobre transformações familiares em três gerações. Estudo de Psicologia. v. 3, n. 2, p. 177-205, 1998. Examinou-se um conjunto de descrições e entendimentos de mudanças em idéias e comportamentos familiares através de três gerações. As informantes foram doze ∗ Fundamentação teórica, também, denominada como referencial teórico ou até revisão da literatura significa o conjunto de conhecimentos que irão nortear o pesquisador durante a análise e interpretação dos dados. Pode ser uma teoria ou uma revisão bibliográfica bem executada. 8/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa mães provenientes de quatro diferentes famílias, seguindo a linearidade geracional de avó, mãe e neta. Todas elas residiam na região de Passo Fundo - RS. Utilizando- se uma análise qualitativa baseada na teoria fenomenológica, interpretaram-se as continuidades e descontinuidades de comportamentos e idéias em duas perspectivas: 1) redimensionamento no poder do pai e da mãe e na coesão familiar; e 2) transformação da identidade coletiva em identidade individual, com a ampliaçãodo espaço para a realização pessoal. Continuidades mostraram-se associadas a princípios ideais como a ética familiar. Em contraste, descontinuidades aconteceram de acordo com pressões contextuais nos aspectos práticos da vida familiar. Palavras-chave: Padrões-transgeracionais, relações-intergeracionais, fenomenologia. B - DIAS A C G, GOMES W B. Conversas, em família, sobre sexualidade e gravidez na adolescência: percepção das jovens gestantes. Psicol. Reflex. Crit., v. 13, n. 1, 2000. Apresenta-se uma análise fenomenológica da ambigüidade na tomada de decisão em comportamento sexual de meninas adolescentes que vieram a engravidar. A análise foi contextualizada nas relações informativas e comunicativas entre filhas e pais sobre temas de sexualidade e cuidados contraceptivos. As considerações analíticas foram baseadas em entrevistas com onze adolescentes gestantes e uma jovem mãe, todos de nível sócio-econômico médio baixo, com idade entre 12 e 19 anos. A informação sobre prevenção foi percebida, pelas jovens, como parcial e incompleta e a comunicação mostrou-se prejudicada por falta de confiança no interlocutor preferencial (no caso, a mãe). A rede de apoio, constituída por tias e amigas, mostrou-se falha em apresentar esclarecimentos ou reduzir incertezas. Além de despreparados, os interlocutores apresentaram dificuldades associadas à falta de informação e a não aceitação da sexualidade adolescente. A interpretação destacou três aspectos relacionados com a gravidez na adolescência: 1) reafirmou a liberdade e iniciativa da mulher em relação à sua sexualidade; 2) confirmou a ausência da discussão franca e informada sobre sexualidade; e, 3) mostrou a substituição do mito do amor romântico pela expectativa clara do sexo prazeroso. Palavras-chave: Gravidez; adolescência; fenomenologia; comunicação; sexualidade. 9/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa C - HILL E, GAUER G, GOMES W B. Uma análise semiótico-fenomenológica das mensagens auto-reflexivas de filhos adultos de alcoolistas. Psicol. Reflex. Crit. V. 11, n. 1, 1998. O propósito deste estudo é interpretar as mensagens auto-reflexivas de filhos adultos de alcoolistas (FAA) por meio de uma análise semiótico-fenomenológica. O ser humano tem múltiplas percepções a respeito da miríade de fenômenos que ocorrem em relacionamentos consigo mesmo e com os outros. Confere-se a validade de tais percepções deslocando-se de um nível de percepção para outro, podendo então contemplar a percepção anterior. Em outras palavras, é preciso sair da floresta para poder observar as árvores. Continuando a metáfora, o FAA encontra dificuldade em sair da floresta. Para este estudo foram entrevistados seis FAAs. O procedimento de análise dos dados inicia com (1) a leitura da descrição das reações dos participantes da pesquisa a um excerto da biografia de um outro FAA, seguindo- se (2) a descoberta das mensagens auto-reflexivas dos participantes e (3) a interpretação de perspectivas diretas, metaperspectivas e meta-metaperspectivas das mensagens auto-reflexivas. Os resultados da análise corroboram o trabalho de psicólogos clínicos que têm identificado o mundo-vivido do FAA como um sistema fechado. De um ponto de vista pragmático, os resultados sugerem que as mensagens auto-reflexivas podem ser a chave que fecha e abre o sistema interacional defeituoso do FAA. Palavras-chave: Alcoolismo; relações familiares, comunicação; fenomenologia. 2.3 – Etnografia A escolha deste referencial metodológico de análise deve ser feita por aqueles projetos de pesquisas que o problema demanda a descrição de valores, crenças e as práticas de grupo cultural. A etnografia descreve um grupo cultural ou um fenômeno associado com tal grupo, portanto, considerado um tipo de estudo qualitativo descritivo que utiliza abordagens teóricas etnográficas. As questões formuladas que demandam esse tipo de abordagem são colocadas da seguinte maneira: - Quais são as crenças de saúde da comunidade ribeirinha ao Rio Parnaíba? 10/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa - Como é a experiência de se enfrentar a maternidade adolescente em um contexto cultural que interferem nas relações de maternagem? Exercício 2 Leia os resumos abaixo, identificando as características principais que nos levariam a classificá-los como provenientes de pesquisas qualitativas e do tipo etnográfica. A - FONSÊCA, A L B; BASTOS, A C de S. Maternidade adolescente em contexto cultural: um estudo com mães adolescentes de duas comunidades (uma urbana e uma semi-rural) na Bahia. Rev. bras. crescimento desenvolv. Hum. V. 11, n. 1, p. 86-98, 2001. Descrevem-se como famílias de duas comunidades da Bahia enfrentam a maternidade adolescente e como o seu contexto cultural interfere nas relações de maternagem. Foram entrevistadas 20 mães adolescentes do Vale das Pedrinhas (área urbana) e 20 da Areia Branca (área semi-rural), em seus domicílios. Os resultados demonstram que o suporte familiar é imprescindível à condição da maternidade adolescente. Indicam também que as adolescentes da área urbana (VP) diluem mais este papel com os demais membros da família, pois todas continuavam vivendo no núcleo familiar de origem, sendo sua mãe a principal responsável pela criança. As mães adolescentes da área semi-rural constituíram, em sua maioria, o próprio núcleo familiar, sendo responsáveis elas mesmas pelo cuidado e educação do seu filho. Observa-se uma naturalização da maternidade precoce nas duas áreas, embora com maior ênfase na área semi-rural. A família é o principal ponto de referência dos indivíduos, principalmente nas comunidades de baixa renda. B - SILVA, F S da; AZEVEDO, M R C Crianças do sertão: modos de vida. Um estudo etnográfico das famílias de Santa Cruz do Banabuiú, Ceará. Rev. bras. crescimento desenvolv. Hum. n. 11, v. 1, p. 17-34, 2001. Este estudo etnográfico parte integrante da primeira etapa do projeto "Lugar de Criança", objetivou conhecer o modo de vida, organização familiar, as práticas culturais de cuidado das crianças na faixa etária de zero a sete anos e suas famílias, 11/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa ambos residentes no semi-árido. Inicialmente foram visitadas 81 famílias pertencentes à zona urbana e rural do distrito de Santa Cruz do Banabuiú, Município de Pedra Branca. Em um segundo momento, 24 destas famílias foram revisitadas, entrevistadas e observadas, utilizando a metodologia de observação participante e diário de campo centrados no âmbito familiar. As entrevistas foram realizadas com as mães e as observações da família seguiram um roteiro semi-estruturado. Percebeu-se a relação entre as práticas familiares e o ambiente de seca revelados no cuidado com a alimentação e higiene, a arquitetura das casas e nas falas da religiosidade popular. Frente à escassez de água, à baixa produção agrícola, aos empregos altamente rotativos e às questões de saúde, as famílias criam suas próprias estratégias de convivência com o ambiente, cabendo à criança ajudar a família. C - LOPES, S. M. B. Cultura, linguagem e fonoaudiologia: uma escuta do discurso familiar no contexto da saúde pública. São Paulo, 2001. 134 p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Saúde Pública - Departamento de Prática de Saúde Pública - Universidade de São Paulo. Busca compreender o contexto cultural que envolve as práticas das mães residentes na comunidade pesqueira de Zimbros em Bombinhas, Santa Catarina e constrói a partir do diálogo entre Fonoaudiologia, Saúde Pública e as Ciências Sociais. O caminho metodológico contou com contribuições da Etnografia, utilizando-se na pesquisa a observaçãoparticipante realizada na sala de espera da Unidade de Saúde do bairro. A partir da análise dos textos dos diários de campo, observa a importância de construir-se uma escuta em relação à população e explorar mais o espaço da Unidade de Saúde como um espaço comunicativo para que a população possa ressignificar as suas práticas. As práticas das mães refletem a maneira como a comunidade entende as questões de linguagem. Neste local, há um silêncio em relação às questões de linguagem que estão atreladas ao desejo da criança de falar, a espera do tempo certo para falar, sendo mais evidentes para as mães as questões atreladas ao uso de chupeta, à amamentação e; ou alimentação. A função das mães circula entre atender os desejos do filho ou repassar normas de conduta. Portanto, a Fonoaudiologia deve aprofundar as questões relacionadas à linguagem e cultura; 12/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa construir formas alternativas de abordar a população, buscando situações dialógicas e que possam auxiliar outros profissionais a valorizarem as falas das mães. 2.4 – Grounded theory A Grounded Theory, que muitas traduções para o Português a denominam como Teoria Fundamentada em Dados, e que por entendermos que toda teoria é fundamentada em dados, recomendamos que a mantenha na língua original. Ela pode ser considerada como uma forma de analisar dados etnográficos. Ao contrário da fenomenologia, a Grounded Theory assume a existência de processos, quando se tenta compreender as experiências de seres humanos, nas mais diversas situações. Podemos dizer de maneira bem sintética que, a Grounded Theory é um conjunto de procedimentos e técnicas de coletar e analisar dados de maneira processual, onde eles são, inicialmente, fragmentados e codificados de acordo com os incidentes e fatos, para possibilitar, posteriormente, a categorização e atribuição de conceitos. Assim, as categorias são ordenadas, de maneira a identificar a categoria central, que por sua vez, precisa ser testada para verificar se a mesma representa as experiências dos sujeitos. A Grounded Theory tem suas raízes interacionistas e, portanto as pesquisas nessa abordagem têm adotado, também, o Interacionismo Simbólico como referencial teórico, o que gostaríamos de salientar que não é imprescindível. O criador do Interacionismo simbólico foi Blumer, a partir das compilações de aulas dadas pelo seu mestre Mead e a Grounded Theory por Glaser, Straus (1967). As questões de projetos de pesquisas que demandam uma abordagem Grounded são geralmente deste tipo: - Como é o processo, conceitos e vivências experienciadas por mulheres ao retornar ao trabalho após a licença gestante? - Como têm sido as experiências, na perspectiva dos familiares cuidadores, vivenciando o processo interacional com entes após o AVC? Exercício 3 Leia os próximos resumos, tentando encontrar as características principais de uma pesquisa do tipo Grounded Theory: 13/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa A - MARCON S S. Vivência de mulheres sobre o desmame (tardio) da criança. Rev. gauch. Enfermagem. V.17, n. 1, p. 43-50, 1996. Vivências experienciadas pelas mulheres durante o desmame tido como "natural" não são encontradas na literatura. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é apresentar os processos, conceitos e vivências experienciadas por mulheres durante o processo de desmame tardio de seus filhos. Trata-se de um estudo qualitativo que adotou como linha metodológica a Grounded Theory (Glaser & Strauss, 1967) e como método de coleta de dados a Observação Participante (Leininger, 1985). Os dados foram coletados junto a 60 mulheres, através de duas técnicas: entrevistas abertas e observação não estruturada. O desmame tardio ocorre diante da ausência de problema físico, fisiológico ou social e engloba a vivência de cinco subprocessos: "Acreditando em uma idade limite", "Desacreditando do poder de sustentação do leite materno", "Sendo influenciada", "Desmamando com tranqüilidade" e "Tendo dificuldades para concretizar o desmame". B - MARCON, S. S. Vivenciando a gravidez. Florianópolis, 1989. 383 p. Universidade Federal de Santa Catarina O objetivo deste estudo foi explorar e compreender o período de uma gravidez a partir da perspectiva de mulheres em estado de gravidez. Para tanto, adotei a metodologia da "Grounded Theory" (Teoria Fundamentada nos Dados), que segundo GLASER & STRAUSS (1967: 43), consiste na descoberta e no desenvolvimento de uma teoria a partir de informações obtidas e analisadas sistemática e comparativamente. Para a coleta dos dados foi utilizado o método de observação - participante (LEININGER, 1985:52). Eles foram coletados junto a quatro grupos amostrais, totalizando 85 mulheres em estado de gravidez no período de janeiro a dezembro de 1987. Para a análise dos dados adotei o método de comparação constante. Os resultados do estudo estão expostos na teoria substantiva desenvolvida "Vivenciando a gravidez": é um processo dinâmico que ocorre na vida da mulher dentro de um contexto espaço-temporal. A vivência deste processo pode ou não ser planejada, além de ser influenciada por um conjunto de fatos relacionados ao contexto no qual a mulher se encontra inserida. Esta vivência se dá em quatro etapas seqüenciais e inter-relacionadas que foram denominadas 14/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa de: Precedendo o Início, o Início, o Meio e o Fim da Gravidez e é composta por cinco processos: "Vivendo um relacionamento sexual", "Descobrindo-se grávida", "Estando grávida", "Sentindo-se grávida" e "Esperando nascer". Cada um destes processos é vivido de forma particularizada, embora existam conceitos que são comuns a todos. De qualquer modo, independente da forma como a mulher experiencia estes processos, a vivência de cada um deles só ocorre após a vivência do anterior, caracterizando a existência da teoria. C - OLIVEIRA, I. de. Vivenciando com o filho uma passagem difícil e reveladora. São Paulo, 1998. Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem - Universidade de São Paulo. O presente estudo foi realizado com mães acompanhantes em um hospital escola. Os objetivos foram: compreender as interações vivenciadas, identificar os significados que o familiar acompanhante atribui a experiência de vivenciar a hospitalização provoca na vida do familiar e construir um modelo teórico representativo da experiência. Utilizou-se como Referencial Teórico o Interacionismo Simbólico e Referencial Metodológico a "Grounded Theory". Dos resultados emergiram o fenômeno Indo a busca de solução, que representa as tentativas da mãe resolver o problema da criança antes da sua hospitalização e Atravessando uma situação difícil, que caracteriza a fase em que a mãe vivencia a hospitalização junto do filho internado. A partir desses fenômenos, identificou-se a categoria central Vivenciando com o filho uma passagem difícil e reveladora. 2.5 – Materialismo histórico dialético O materialismo histórico é a ciência filosófica do marxismo que estuda as leis sociológicas que caracterizam a vida da sociedade, de sua evolução histórica e da prática social dos homens, no desenvolvimento da humanidade. O materialismo histórico significou uma mudança fundamental na interpretação dos fenômenos sociais que, até o nascimento do marxismo, se apoiava em concepções idealistas de sociedade humana. Marx e Engels colocaram pela primeira vez , em sua obra A ideologia alemã (1845-46), as bases do materialismo histórico. Nela criticam os jovens Hegelianos e Feuerbach, que acham ainda que a história era resultado das ideologias e da presença dos “heróis”, ao invés debuscar nas formações sócio- 15/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa econômicas e nas relações de produção os fundamentos verdadeiros das sociedades. O materialismo histórico ressalta a força das idéias, capaz de introduzir mudanças nas bases econômicas que as originou (TRIVIÑOS, 1987). Segundo o autor, as definições da dialética materialista dos clássicos do marxismo ressaltam os aspectos que se referem às formas do movimento universais e as conexões que se observam entre elas. Engels a define como a ciência “ das leis gerais do movimento e desenvolvimento da natureza, da sociedade humana e do pensamento.” E Lênin a define como “a doutrina do desenvolvimento na sua forma mais completa, mais profunda e mais isenta da unilateralidade, a doutrina da relatividade do conhecimento humano, que nos dá um reflexo da matéria em eterno desenvolvimento. Engels, define a dialética como “a ciência da interconexão universal”. Lênin destaca também este traço e outros da dialética ao expressar que ela se apresenta na compreensão do desenvolvimento como a ciência que vê na realidade do mundo dos fenômenos “ a interdependência e a mais íntima e indissolúvel conexão entre todos os aspectos de cada fenômeno (a história desvendando sempre novos aspectos), uma interconexão da qual resulta um processo de movimento único e universal, com leis imanentes Estes conceitos de conexão, interdependência e interação são essenciais no processo dialético de compreensão do mundo (TRIVIÑOS, 1987). O pesquisador que segue uma linha teórica baseada no materialismo dialético deve ter presente em seu estudo uma concepção dialética da realidade natural e social e do pensamento, a materialidade dos fenômenos e que se estes são possíveis de conhecer. Os projetos de pesquisas que enunciam o problema, de forma a dirigir à compreensão da historicidade do fenômeno, geralmente, utilizam-se do referencial metodológico denominado Materialismo Histórico Dialético (TRIVIÑOS, 1987). Exercício 4 Leia os resumos abaixo, tentando encontrar as características principais de uma pesquisa com uma abordagem qualitativa e no Materialismo Histórico Dialético. A - MADEIRA, L. M. Reinternaçäo infantil: descortinando os determinantes sociais do fenômeno. São Paulo, 1996. 175. Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem - Universidade de São Paulo - Escola de Enfermagem. 16/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa As hospitalizações constituem procedimentos traumáticos para a criança, além de representarem alto custo social para a família e para a sociedade. Nas instituições hospitalares é significativo o número de internações/reinternações de crianças, sendo necessário questionar suas determinações, uma vez consideradas as condições de vida e saúde de grande parte da população brasileira. Buscando elucidar os determinantes sociais das reinternações infantis procedeu-se ao presente estudo, referenciado pelo materialismo histórico e dialético, com os seguintes objetivos: identificar determinantes de reinternações de crianças, relacionados às suas condições de vida; identificar estrangulamentos nos serviços de saúde que estejam contribuindo para as reinternações; conhecer as representações de familiares sobre o processo saúde-doença da criança que se reinterna e evidenciar as contradições existentes entre a realidade vivida e a representação de familiares sobre o fenômeno da reinternação infantil. O estudo teve como cenários o Centro Geral de Pediatria (CGP), instituição pública estadual, localizada no Distrito Sanitário Centro-Sul de Belo Horizonte; os Distritos Sanitários Leste, Centro-Sul e Nordeste e os domicílios das famílias entrevistadas. Os dados foram coletados de documentos, registros e informações de profissionais do CGP, da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte (SMSA/BH) e dos Distritos Sanitários de origem das crianças e de 11 entrevistadas, mães e avós, responsáveis pelas crianças reinternadas, durante visitas no hospital e no domicílio. B - GUIMARÃES, J., MEDEIROS, S. M. de Contribuição ao ensino de saúde mental sob o signo da desinstitucionalização. Ciênc. saúde coletiva, v.6, n.1. p. 97-104, 1991 O presente trabalho teve como objetivo relatar uma experiência de ensino da disciplina Enfermagem Psiquiátrica na Faculdade de Enfermagem da Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FAEN-URRN), desenvolvida desde meados da década de 1980 até meados da década de 1990, sob a ótica da desinstitucionalização e dos direitos de cidadania do doente mental, ancorados na discussão sobre saúde e sociedade, utilizando-se o método de discussão teórica, compilação de textos e confronto da teoria/prática em atuação de campo. Dos resultados obtidos, constatou-se que a base teórico-metodológica do materialismo histórico e dialético como fio condutor do processo de captação do ensino- 17/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa aprendizagem possibilitou melhor compreensão da totalidade, além de incentivar posteriormente uma revisão crítica do curso de enfermagem da FAEN-URRN e da atuação do enfermeiro em saúde mental. Palavras-chave Ensino, Saúde mental, Desinstitucionalização C - PERNA, P. O. O controle social na ponta do SUS: o caso de Pontal do Sul- Município de Pontal do Paraná – PR. Curitiba, 2000. 130 p. Setor de Ciências da Saúde - Universidade Federal do Paraná. A participação da sociedade na formulação e acompanhamento na implementação de políticas públicas em saúde é um dos princípios nucleares na estruturação do Sistema Único de Saúde brasileiro, conforme a Carta Constitucional de 1988. Trata- se do controle social exercido no campo da saúde. Esta participação, no entanto, não se dá por decretos legislativos. É preciso que certas condições sejam viabilizadas para que ela efetivamente possa acontecer. O presente trabalho teve como objetivo conhecer algumas dessas condições entre a população de usuários da localidade de Pontal do Sul, no Município de Pontal do Paraná. Neste sentido, a investigação priorizou conhecer as representações da população local sobre o fenômeno da saúde - pois este é, em última análise, o objeto do controle social - bem como identificar qual é o conhecimento que a população tem sobre a existência do Conselho Municipal de Saúde e das Conferências Municipais de Saúde, que são as duas formas principais previstas em lei para o exercício do controle social. Para isso, primeiramente, procedeu-se a uma identificação de todos os grupos organizados existentes na referida localidade e, em seguida, foram realizadas entrevistas com pessoas de atuação central naqueles mesmos grupos. A perspectiva teórica que orientou o trabalho foi a do materialismo histórico e dialético e a pesquisa de abordagem qualitativa foi a metodologia adotada. Ao final o estudo revela como a população local manifestou certo grau de consciência sobre a determinação de seus problemas de saúde, o que sugere que sua atuação no controle social pode contribuir na formulação de políticas públicas que melhor atendam às suas necessidades locais. Apontou, ainda, para lacunas importantes na relação entre população e poder público municipal, no sentido da falta de informações consistentes sobre a existência e finalidade do Conselho e 18/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa Conferências Municipais de Saúde, além da falta de outras práticas educativas relacionadas à participação cidadã em saúde. Concluindo: Podemos perceber que as perguntas de projetos de pesquisas que põem em relevo as percepções dos sujeitos e, sobretudo, salientam o significado que os fenômenos têm para as pessoas são de natureza fenomenológica, enquantoaqueles que demandam descrever um cenário ou uma comunidade, tentando compreender seus valores, crenças e práticas de grupo, são etnográficos. Quando o problema indica a necessidade de entender as experiências na forma de processo interacional, devemos escolher a perspectiva Grounded Theory, ao passo que em problema que se dirige à compreensão da historicidade do Fenômeno, o Materialismo Histórico Dialético é a mais indicada. Exercício 5 Elabore quatro questões de pesquisa que poderiam se implementados em seu campo de trabalho, sendo uma de natureza fenomenológica e as outras três nas perspectivas: etnográfica, Grounded Theory e Materialismo Histórico Dialético. [Voltar ao menu] 19/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa 3 – AMOSTRA INTENCIONAL NA PESQUISA QUALITATIVA 3.1 – Como conseguir os sujeitos participantes da pesquisa? A finalidade na amostra qualitativa é compreender o fenômeno de interesse, enquanto na quantitativa, a mesma visa generalizar os resultados à população, da qual foi extraída (MAYAN, 2001). Segundo a autora, as investigações qualitativas dependem de amostras selecionadas propositalmente. O pesquisador escolhe indivíduos e contextos por meio das seguintes perguntas: - Quem pode me dar as melhores informações, referentes à pergunta de meu projeto de pesquisa? (Definindo os sujeitos da pesquisa) - Em quais contextos eu conseguirei colher as melhores informações relativas à pergunta de meu projeto? (Definindo o local da coleta de dados) Resumindo este tópico: O pesquisador precisa definir em seu projeto de pesquisa os sujeitos com os quais irá trabalhar, bem como o local da coleta de dados. Exercício 6 Selecione um problema elaborado no exercício 5 e defina quem serão os sujeitos, bem como o local onde você fará a coleta de dados. 3.2 – Quando eu sei que houve a saturação? Na verdade, a minha dúvida é quando eu devo parar a coleta de dados? A resposta é: Quando todas as categorias estiverem saturadas por dados. Isto ocorre quando nenhum dado relevante emerge, quando todos os caminhos foram seguidos e quando a estória ou teoria está completa. A saturação é obtida quando as categorias se apresentarem densas (em variação e processo) e quando as relações entre elas estiverem bem estabelecidas e validadas (MAYAN, 2001). Para determinar uma amostra suficiente que nos conduza a saturação das categorias depende de vários fatores, como (MAYAN, 2001). - Qualidade dos dados (transcrições legíveis; gravações clara, dentre outros) - Liberdade quanto ao âmbito do estudo (ampla x reduzida) - Natureza da informação (Clara; informação pode ser obtida facilmente) - Quantidade de informação útil obtida de cada sujeito participante (articulada, pertence à experiência; tempo disponível para oferecer a informação) 20/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa Segundo a autora as categorias devem ser julgadas por dois critérios, homogeneidade interna e externa. Homogeneidade externa refere-se às categorias individuais, ou seja, deve responder às seguintes perguntas: - Os dados refletem a categoria e se ajustam à mesma? A categoria faz sentido? Quando as categorias se apresentam a ponto de formarem processos? - Todas as partes dos dados estiverem inclusas - As categorias fazem sentido e representam os dados por completo - Os nomes das categorias devem respeitar as mesmas palavras dos dados. Por exemplo: se um sujeito está falando de seu cansaço, eu nunca devo nomear a categoria como: sentindo-se fatigado, mas como sentindo-se cansado. - As categorias devem fazer sentido aos outros. O pesquisador deve pedir aos colegas a opinião, visando avaliar se a maneira que elas estão sendo construídas e a razão de suas criações estão claras. - As categorias devem ter validade interna; fazer sentido à pessoa ou às pessoas que forneceram a informação. O pesquisador deve compreender os dados pensando nas categorias. As categorias representam cada peça dos dados? 3.3 – Quando eu integro as categorias e encontro temas? Para integrar as categorias, o pesquisador deve responder às questões: - Como as categorias estão relacionadas? - As categorias permitem ligações quando se recorre aos dados? - Quais as conclusões podem ser desenhadas? A intenção neste ponto de análise dos dados é descobrir as relações entre as categorias e encontrar alinhamentos ou temas comuns que permeiam os dados. 3.4 – Como integrar dados provindos de várias técnicas de coleta? Os dados provindos da entrevista, bem como aqueles oriundos das notas de campos, bem como dados quantitativos e qualitativos precisam ser colocados juntos para serem analisado. O pesquisador deve olhar para os dados visando encontrar contradições entre eles. Se duas peças dos dados fornecem dados contraditórios, então ela deve ser investigada MAYAN (2001). [Voltar ao menu] 21/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa 4 – ESTRATÉGIAS PARA COLETA DE DADOS 4.1 - Observação participante A observação participante foi desenvolvida como uma estratégia de coleta de dados pelos antropologistas ao estudarem culturas estrangeiras no século XX. Ela é empregada, atualmente, como uma estratégia essencial em estudos etnográficos. Na observação participante, o pesquisador se insere ao grupo investigado, por períodos de tempos e passa a vivenciar a experiência no local do grupo estudado. Isso permite ao pesquisador, compreender a organização do grupo, bem como suas relações, comportamentos, valores e crenças MAYAN (2001). 4.2 – Notas de campo Enquanto o pesquisador está no campo de coleta de dados, o mesmo deve ter seu senso de observação acurado e se não der para fazer as anotações no local onde se está fazendo a coleta, recomenda-se fazê-los tão logo puder, por meio da escrita ou por gravação de: reflexões, sentimentos, idéias, momentos de confusão, interpretações, bem como tudo que julgar importante do que observou no campo de coleta de dados. Procure fazer esse tipo de procedimento em lugar reservado e nunca na presença dos sujeitos. Procure sempre respeitar a individualidade e a privacidade dos sujeitos, sem expô-los a situações de constrangimentos MAYAN (2001). 4.3 – Entrevista 4.3.1 – Entrevista não estruturada interativa O pesquisador parte de uma questão orientadora do tipo: - Como tem sido a sua experiência vivenciando o papel de cuidador de uma pessoa de sua família? Ressalto para a importância de se realizar algumas entrevistas como um pré- teste, para avaliar se a questão está clara, no sentido de se obter os dados pretendidos e até mesmo como um treino ao entrevistador. Pois se a entrevista não for bem conduzida, não há riqueza de dados. 4.3.2 – Entrevista semi-estruturada A entrevista é conduzida a partir de um conjunto de perguntas abertas e numa ordem específica. 22/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa 4.4- Grupo focal O grupo focal é uma técnica de coleta de dados, recomendada para pesquisa de campo, já que, em pouco tempo e baixo custo permite uma diversificação e um aprofundamento dos conteúdos relacionados ao tema de interesse (CHIESA, CIAMPONE, 1999). A utilização do Grupo Focal na área da saúde é recente. O principal objeto do Grupo Focal consiste na interação entre os participantes e o pesquisador e a coleta de dados, a partir da discussão com foco, em tópicos específicos e diretivos. Envolve algum tipo de atividade coletiva como, por exemplo: assistir um vídeo, examinar uma mensagem de educação para a saúde ou simplesmente debater um tema ou questões (BARBOUR, KITZINGER, 1999). É diferente de entrevista em grupo porque para o grupo focal a interaçãoé imprescindível e o pesquisador precisa encorajar que os participantes falem uns com os outros. Pode envolver diferentes composições de grupo (incluindo estranhos e amigos, leigos e profissionais) e grupos com tarefas diversas (BARBOUR, KITZINGER, 1999). O grupo focal é ideal para explorar as experiências das pessoas, opiniões, desejos e preocupações. O método é particularmente útil para permitir aos participantes criarem suas próprias questões, estruturas e conceitos e ocuparem-se com suas próprias prioridades em seus próprios termos e vocabulários. Pode ser combinado com outros métodos qualitativos e também com métodos quantitativos. A combinação com a estratégia metodológica qualitativa caracteriza-se por buscar respostas acerca do que as pessoas pensam e quais são seus sentimentos. A combinação com métodos quantitativos pode ser utilizada para auxiliar na construção de questionários em “surveys” possibilitando o entendimento de temas chaves e refinando frases para questões específicas (BARBOUR, KITZINGER, 1999). A organização e sistematização de uma investigação através do grupo focal têm seus alicerces em Debus (1997), Dall’agnol e Trench (1999), que são unânimes quanto aos aspectos operacionais desde a escolha de seus participantes, do 23/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa moderador (também chamado facilitador), do local dos encontros, da elaboração do guia de temas, quesitos fundamentais para o bom andamento das reuniões. Participantes - a definição dos membros que farão parte do Grupo Focal é considerada tarefa relevante uma vez que implica na capacidade de contribuição com os objetivos da pesquisa. A amostra é intencional e os critérios (sexo, idade, escolaridade, diferenças culturais, estado civil e outros) podem variar, devendo, todavia, ter pelo menos um traço comum importante para o estudo proposto. A decisão de participar de um Grupo Focal deve ser individual e livre de qualquer coação, explicitação do projeto e dos cuidados éticos incluídos no processo e informados aos selecionados. O número de participantes deve variar de 6 (seis) a 12 (doze) pessoas. Número de sessões grupais – pelo menos duas sessões para cada variável considerada importante para o tema pesquisado, ou até que a informação obtida deixe de ser nova. Não existe, portanto, um padrão para o número de sessões de Grupo Focal, dependendo, sobretudo dos objetivos traçados pelo pesquisador. Local e tempo de duração das sessões grupais - o local e ambientação para os encontros, preferencialmente, deve ser neutro, isto é, fora do ambiente de trabalho e/ou convívio dos participantes e de fácil acesso. Livre de ruídos, com isolamento acústico, possibilitando a captação das falas, sem “muitas” interferências. A organização do espaço físico deve objetivar a participação e interação do grupo, de maneira que todos estejam dentro do campo de visão entre si e com o moderador, isso fomentará a interação e o sentimento de fazer parte do grupo. O tempo de duração das sessões deve ser de uma a duas horas para que o cansaço dos participantes e as condições desconfortáveis não venham a interferir nos objetivos da discussão em prejuízo dos resultados. Guia de Temas - O guia de temas deve incluir uma lista de temas e questões abrangentes, que favoreçam a discussão, servindo de roteiro para o moderador, facilitando a condução do trabalho grupal ao encontro dos objetivos da pesquisa. 24/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa Moderador (facilitador) e observador – o papel do moderador deve ser significativo e relevante para o funcionamento dos grupos e implica preparo e instrumentalização em todas as fases do processo. O moderador experiente, segundo Debus (1997) adapta–se ao estilo dos participantes, aos objetivos e necessidades do grupo. Alguns comportamentos não devem ser exercidos pelo moderador, como por exemplo: atuação como professor, como juiz ou como chefe. Não deve expressar acordo ou desacordo com pontos de vista expressos pelos componentes do grupo e não pode “por palavras na boca dos participantes”. Segundo Dall’agnol, Trench (1996) o moderador “é um facilitador do debate”. Deve ter experiência no manejo com atividades grupais, cultivar a empatia, aptidão para escutar, entusiasmo para conduzir o grupo às discussões e controle do grupo focal. O observador deve cultivar a atenção, auxiliar o moderador na condução do grupo, tomar nota das principais impressões verbais e não verbais, estar atento à aparelhagem audiovisual. Deve ter facilidade para síntese e análise e capacidade para intervenção. Ao final de cada sessão (ou nos dias seguintes) deve ser realizada avaliação acerca das discussões, sentimentos e sensações promovidas naquele encontro, sendo elaborado um quadro geral das idéias preponderantes. Juntos, coordenador e observador, traçam estratégias para as próximas reuniões do Grupo Focal. A análise dos dados coletados no grupo focal será de acordo com o referencial teórico metodológico escolhido (ASCHIDAMINI, SAUPE, 2004). [Voltar ao menu] 25/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa 5 – ANÁLISE DE CONTEÚDO Vale ressaltar que existem várias técnicas de se analisar os dados, além da análise de conteúdo, como: análise de discurso, Grounded Theory, análise do discurso do sujeito coletivo, história oral. Outro ponto a se destacar é que a fenomenologia possui um método próprio de análise dos dados. Aqui, abordaremos somente os fundamentos da análise de conteúdo. A análise de conteúdo é conceituada por BARDIN (1977), como "um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens". Buscando atingir os significados manifestos e latentes no material qualitativo, têm sido desenvolvidas como técnicas de análise de conteúdo a análise de expressão, a análise de relações, a análise temática e a análise da enunciação (MINAYO, 1992). No entanto, para BARDIN (1977), não existe nada pronto para aqueles que pretendem utilizar a análise de conteúdo como método em suas investigações. O que existem são algumas regras básicas, que permitem ao investigador adequá-las ao domínio e objetivos pretendidos, reinventando a cada momento uma maneira de analisar. Para BARDIN (1977), a análise de conteúdo basicamente desdobra-se em três fases, a saber: 1 - pré-análise; 2 - exploração do material; 3 - tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. 1- pré-análise: nesta fase, o pesquisador faz uma leitura flutuante, atividade onde se estabelece o primeiro contato com os documentos a serem analisados, deixando-se tomar contato exaustivo com o material. Além da leitura flutuante, o investigador faz a escolha dos documentos, ou seja, procede a demarcação do universo de documentos sobre os quais proceder-se-á a análise, portanto constituindo o corpus, "conjunto de documentos tidos em conta para serem submetidos aos procedimentos analíticos" (BARDIN, 1977). Ainda nesta fase, pode-se formular hipóteses e objetivos, não sendo obrigatório o estabelecimento de hipóteses como guia. Já os objetivos poderão ser aqueles que norteiam a 26/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa investigação ou ser estabelecidos a partir desta fase. Seguindo os procedimentos da pré-análise, o autor recomenda que se determine, também, a operação de recorte do texto em unidades comparáveis de categorização para análise temática e de modalidade de codificaçãopara o registro dos dados. Como último procedimento da pré-análise, recomenda-se a preparação do material no sentido de reuni-lo, no caso, de entrevistas gravadas. Estas deverão ser transcritas na íntegra, facilitando, desta maneira, a manipulação para a análise. 2 - exploração do material: ocorre logo após a pré-análise e consiste numa fase longa de dedicação, de operações de codificação, enumeração, classificação e agregação, em função de regras previamente formuladas. Nesta fase o material é codificado, ou seja, submetido a um "processo pelo qual os dados brutos são transformados sistematicamente e agregados em unidades, as quais permitem uma descrição exata das características pertinentes do conteúdo" (BARDIN, 1977). Para organização da codificação são necessárias três escolhas: - o recorte (escolha das unidades); - a enumeração (escolha das regras de contagem); e - a classificação e a agregação (escolha das categorias). Para realizar o recorte do material, torna-se necessária à leitura do mesmo e a demarcação dos "núcleos de sentido", ou seja, das unidades de significação. Estas unidades podem ser chamadas de unidades de registro que nada mais são do que um segmento de conteúdo a ser considerado como unidade de base, visando à categorização e à contagem freqüencial. No caso de uma análise temática, o tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado. Logo, fazer uma análise temática, consiste em descobrir os temas que são as unidades de registro neste tipo de técnica de análise, que corresponde a uma regra para o recorte. Após o recorte, procede-se à contagem das unidades de significação, conforme as regras estabelecidas pelo codificador que, posteriormente, passará a classificá-las e a agregá-las em categorias. 3 - tratamento dos resultados obtidos, a inferência e a interpretação: no caso de análise de conteúdo qualitativo, os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos e válidos. Os resultados são submetidos a operações estatísticas simples (percentagens), ou mais complexas (análise fatorial), permitindo estabelecer quadros, diagramas, figuras e modelos referente aos 27/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa resultados. De posse destes dados significativos, o investigador poderá, então, propor inferências e interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas (BARDIN, 1977). Porém há variantes na abordagem que no tratamento dos resultados trabalha com significados em lugar de interferências estatísticas. Essas variantes, de certa forma, reúnem, numa mesma tarefa interpretativa, os temas como unidades de fala, propostos, numa mesma tarefa interpretativa, os temas como unidades de fala, propostos (MINAYO, 1992). [Voltar ao menu] 28/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa 6 – RIGOR NA QUALIDADE DA INVESTIGAÇÃO Na pesquisa qualitativa se deve assegurar a validade interna, porque a confiabilidade ainda não parece ser adequada à pesquisa qualitativa. Assim, validade interna significa que as conclusões da pesquisa precisam ser corroboradas pelos dados. A validade interna é julgada a partir da precisão com que as descrições dos eventos representam os dados (MAYAN, 2001). [Voltar ao menu] 29/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa 7 – ETAPAS QUE UM PROJETO DE PESQUISA DEVERÁ ABORDAR 1. INTRODUÇÃO (justificativa, problema, objetivo) 2. MÉTODO 2.1. Tipo de pesquisa (Optando pela pesquisa qualitativa, se for o caso) 2.2. Os sujeitos (A amostra) 2.3. O local onde será desenvolvido o trabalho 2.4. Os procedimentos de coleta e de análise (Instrumento de coleta de dados, o Consentimento Livre e Esclarecido para participação em estudo clínico, como se procederá a coleta de dados, ...) 2.5. A análise dos dados * Observação: No caso da pesquisa qualitativa, é recomendado o tempo verbal na primeira pessoa do singular 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 4. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DO PROJETO [Voltar ao menu] 30/32 Métodos Qualitativos de Pesquisa 31/32 8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASCHIDAMINI, I.M.; SAUPE, R. Grupo focal – estratégia metodológica qualitativa: um ensaio teórico. 2004. BARBOUR, R. S.; KITZINGER, J. Developing focus group research: politics, theory and practice. SAGE, London, 1999. 225p. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, Personal, 1977 CHIESA, A. M.; CIAMPONE, M. H. T. Princípios gerais para a abordagem de variáveis qualitativas e o emprego da metodologia de grupos focais. A classificação internacional das práticas de enfermagem em saúde coletiva – CIPESC. Brasília: ABEN, 1999, p. 306-324. DALL’AGNOL, C. M.; TRENCH, M.H. Grupos focais como estratégia metodológica em pesquisa na enfermagem. Rev.Gaúcha Enf., Porto Alegre, v.20, n.1, p. 5-25, 1999. DEBUS M. Manual para excelência em la investigacion mediante grupos focales. Washington: Academy for Educational Development, 1997. FIELD, P. A., MORSE, J. M. Nursing research: the application of qualitative approaches. Rockville, Aspen Publication, 1985. MAYAN, M. J. An introduction to qualitative methods: a training module for students and professionals. Edmonton, Universidade of Alberta, 2001. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo-Rio de Janeiro, HUCITEC-ABRASCO, 1992. MORSE, J. M., SWANSON, J. M., KUZEL, A. J. The nature of qualitative evidence. London, Sage Publications, 2001. TOZONI-REIS, M. F. C. (org). A pesquisa-ação-participativa em educação ambiental: reflexões teóricas. São Paulo: Annablume; FAPESP, Botucatu, Fundibio, 2007. TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educ. Pesqui., set./dez. 2005, vol.31, no.3, p.443-466. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo, Atlas, 1987. [Voltar ao menu] FICHA CATALOGRÁFICA Bocchi, Silvia Cristina Mangini. Métodos qualitativos de pesquisa: uma tentativa de desmistificar a sua compreensão: manual de estudos para alunos de pós-graduação, pretende ser um guia orientador em alguns dos métodos de pesquisa qualitativa / Silvia Cristina Mangini Bocchi, Carmen Maria Casquel Monti Juliani, Wilza Carla Spiri. – Botucatu : FMB- UNESP, 2008. 32p. : il , 21cm x29,7cm 1. Investigação científica 2. Pesquisa 3. Saúde 4. Ensino superior 5. Metodologia científica I. Juliani, Carmen Maria Casquel II. Spiri, Wilza Carla CDD 378.007 Ficha Catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação Divisão Técnica de Biblioteca e Documentação - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP Bibliotecária responsável: Selma Maria de Jesus Editoração eletrônica: Denise de Cássia Moreira Zornoff e Renato Antunes Ribeiro NEAD.TIS – Núcleo de Educação a Distância e Tecnologias da Informação em Saúde da FMB SUMÁRIO/MENU
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