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A NECESSIDADE DE REFORMAR O ENSINO DE PORTUGUÊS: COMBATENDO PRECONCEITOS

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CURSO DE LETRAS
LINGUÍSTICA I
DÉBORA FELIPPE RAMOS
LETICIA DA SILVA ZARBIETTI COÊLHO
LILIANA AURELIO BRITO
LORENA SIQUEIRA DE OLIVEIRA
MYLLA CHRISTIE RIBEIRO DE SALES E SILVA
NAYARA FARIA SILVA
A NECESSIDADE DE REFORMAR O ENSINO DO PORTUGÊS:
COMBATENDO PRECONCEITOS
CARANGOLA – MG
2016
DÉBORA FELIPPE RAMOS
LETICIA DA SILVA ZARBIETTI COÊLHO
LILIANA AURELIO BRITO
LORENA SIQUEIRA DE OLIVEIRA
MYLLA CHRISTIE RIBEIRO DE SALES E SILVA
NAYARA FARIA SILVA
A NECESSIDADE DE REFORMAR O ENSINO DE PORTUGÊS:
COMBATENDO PRECONCEITOS
	Trabalho apresentado a Dr. Anna Carolina Ferreira Carrara Rodrigues, professora de linguística I, como critério parcial de aprovação das integrantes do 1º semestre do curso.
CARANGOLA – MG
2016
“Ensina-se o básico, mas típico e espera-se que o conhecimento e as habilidades se alastrem”
Luiz Carlos Travaglia
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
O enfoque deste trabalho é fazer uma análise à luz de Marcos Bagno e Neusa Salim Miranda, abordando os temas discutidos nos livros Preconceito Linguístico e Uma Reflexão Metalinguística no Ensino Fundamental e trazer pensamentos das autoras deste trabalho a partir dos ideais dos autores dos livros e dos momentos de aprendizados referentes à vivência acadêmica de cada uma.
É possível também destacar diferenças e igualdades importantes entre os mesmos títulos, como a problematização da forma como a gramática é aplicada em sala de aula e a repercussão que isso causa na sociedade. Pode-se salientar ainda que um grande diferencial, então, seria a metodologia empregada por Neusa Salim para começarmos a mudança no ensino da língua portuguesa.
Marcos Bagno aborda em seu livro os preconceitos linguísticos que encontramos em nossa sociedade. Tais preconceitos foram construídos ao longo da história devido ao fato de se confundir gramática com a língua, fazendo com que nos ensinem desde cedo que existem maneiras certas e erradas de se comunicar, sendo correta somente aquela em que se observa a maneira culta de se dizer, seguindo todas as regras gramaticais, excluindo assim, tudo o que não for considerado normativamente correto.
Neusa Salim também discorre sobre tais mitos ao dizer que nos cabe estar preparados para enfrentar um rol de mitos, medos e preconceitos que continuam de modo subliminar ou não, ocupando o centro de nossas práticas nos diferentes níveis de ensino (2006. p. 11).
A autora dá bastante ênfase ao dizer que dentre tais mitos, o que se destaca se refere justamente ao fato de que continuamos confundindo o ensino da gramática com o ensino da língua, o que cria os preconceitos linguísticos abordados por Bagno, devido ao fato que a gramática tradicional excluiu toda a diversidade linguística existente em nosso país.
OS MITOS
Mitos 1 e 5
Em seu mito nº 1, Bagno (1999) aborda questões muito interessantes que nos fazem refletir sobre o “mito da língua única” e a questão social por trás de se excluir toda a diversidade linguística em prol de uma minoria que possui status por dominarem o padrão culto da língua, e que cobram isso de todos mesmo sabendo das falhas encontradas no sistema educacional.
Nosso país possui dimensões continentais e nele se encontram diversas culturas que se formaram ao longo da história, pois antes de ser descoberto, aqui já habitavam os índios, depois vieram os portugueses, imigrantes, africanos, e cada um deles possui sua cultura e língua própria. 
Desta forma, apesar de termos como língua oficial o Português, também temos uma variedade linguística enorme, já que a língua está em constante reforma, se adequando à realidade em que vivemos, nossas culturas e as necessidades comunicativas de determinada época, não devendo ser “engessada” ao considerar correto somente o uso da língua padrão.
	Outro ponto interessante abordado por Bagno é que não há como exigir que se fale apenas o português considerado “padrão”, tendo em vista o enorme número de pessoas que não dispõem de uma educação que lhes ensinem a dominar tal forma. Neste sentido, Bagno nos diz:
 “Afinal, se formos acreditar no mito da língua única, existem milhões de pessoas neste país que não têm acesso a essa língua, que é a norma literária, culta, empregada pelos escritores e jornalistas, pelas instituições oficiais, pelos órgãos do poder — são os sem-língua.” (BAGNO, 2007. p. 15)
Ao serem considerados “sem-língua”, estes indivíduos acabam excluídos e ridicularizados ao manifestarem a língua real utilizada pelos mesmos, criando-se assim o preconceito sobre o modo que se comunicam.
Bagno nos mostra outro aspecto negativo de se cobrar uma língua “padrão”, pois esta língua não é a falada por grande parte dos brasileiros e por não dominarem tal forma, não conseguem sequer interpretar textos voltados para eles mesmos, como no caso da Constituição Federal de 88 – CF/88, que dispõe sobre os direitos e deveres utilizando uma forma bastante rebuscada de escrita, privilegiando novamente aqueles que dominam a forma padrão da língua ali contida.
Neste sentido, Neusa nos atenta sobre a necessidade de que todos deverão ter acesso à língua padrão, de forma que tais indivíduos não fiquem excluídos de informações veiculadas através da linguagem “culta”, diminuindo a diferença social entre aqueles que dominam a língua padrão daqueles que não a dominam, quando assim manifesta-se sobre o assunto:
“O acesso à língua padrão faculta a todos o direito de acesso aos bens simbólicos, ao patrimônio cultural, científico, tecnológico de um povo, através dessa variedade que os veicula. A negação de acesso à língua padrão, por outro lado, pode significar o aprofundamento da diferença social entre os indivíduos e mesmo uma usurpação de direitos.” (MIRANDA, 2006. p. 25)
Desta forma, Neusa também reconhece que ainda existe uma questão de status para aqueles que dominam a chamada “língua padrão”, já que são poucos os que dominam tal forma, propondo então que o ensino da língua nas escolas seja reformado, ensinando assim, aquilo que realmente utilizaremos em nossa realidade, fazendo com que o chamado “português padrão”, seja também adequado para as novas necessidades comunicativas.
 Neste sentido, Bagno entende que:
“O reconhecimento da existência de muitas normas lingüísticas diferentes é fundamental para que o ensino em nossas escolas seja conseqüente com o fato comprovado de que a norma linguística ensinada em sala de aula é, em muitas situações, uma verdadeira “língua estrangeira” para o aluno que chega à escola proveniente de ambientes sociais onde a norma lingüística empregada no quotidiano é uma variedade de português não-padrão.” (BAGNO, 2007. p. 17-18)
O que ocorre muitas vezes é que aqueles termos, frases, vocabulários, regras não fazem o menor sentido para o aluno, pois ele não vê nada daquilo que foi ensinado em seu dia-a-dia, sendo assim um ensino distante da realidade fática em que vive, conforme entende Miranda ao dizer que:
“Mais ainda: muitas vezes, distanciados da dinamicidade, da agilidade com que a ciência refaz, amplia, critica seus achados, acabamos por repassar aos nossos alunos conceitos ultrapassados, cristalizados em versões perigosamente simplificadoras. A curiosidade, o desejo de descoberta, o novo que brota do velho e renova o conhecimento – tudo isso desaparece quando nos postamos diante daquilo que nomeamos como conhecimento.” (MIRANDA, 2006. p. 20)
Assim, é extremamente necessário que o ensino seja reformulado, e, felizmente, essa realidade linguística marcada pela diversidade já é reconhecida pelas instituições oficiais encarregadas de planejar a educação no Brasil. (BAGNO. 2007. p. 18)
Ainda nesse sentido e diante da grande variação linguística no Brasil, formou-se outro mito referente ao fato de que no Maranhão se fala a língua de maneira mais correta por utilizarem, por exemplo, o pronome “tu”, forma também utilizada em Portugal, reforçando assim outro mito deque o Português de Portugal é o correto. Ocorre que lá também encontramos construções sintáticas consideradas incorretas, demonstrando assim, que não existe Estado ou região que fale melhor, mas sim a existência de uma variedade enorme em nossa língua, conforme Bagno demonstra no trecho abaixo:
“É preciso abandonar essa ânsia de tentar atribuir a um único local ou a uma única comunidade de falantes o “melhor” ou o “pior” português e passar a respeitar igualmente todas as variedades da língua, que constituem um tesouro precioso de nossa cultura. Todas elas têm o seu valor, são veículos plenos e perfeitos de comunicação e de relação entre as pessoas que as falam.” (BAGNO, 2007. p. 50).
	
Desta forma, resta claro que um país da dimensão do Brasil terá inúmeras formas e especificidades na linguagem, não sendo correto utilizarmos normas gramaticais tradicionais para dizer o que é correto ou não, pois conforme os autores estudados, não devemos confundir o ensino da língua com o ensino da gramática, o que gera uma grande desigualdade social, privilegiando aqueles que dominam a língua “culta” mesmo sendo esta de conhecimento da minoria da população, sendo necessário adequarmos o ensino em nossas escolas para aquilo que de fato encontraremos em nosso dia-a-dia. Assim, o aluno poderá compreender de fato o que é ensinado sem que faça uso de decorebas e formulas que serão esquecidas ao longo de sua vida escolar.
Mitos 2 e 3
 “Brasileiro não sabe o português /só em Portugal se fala bem o português”. Para o autor, tal afirmação demonstra uma dependência do português falado no Brasil quanto á Portugal. Não que a língua brasileira seja errada, pelo contrario. Porem a cada ano que se passa a gramática no Brasil vai se afastando da de Portugal, modificando-se. Nesse caso o português dos brasileiros acaba diferenciando-se do português de Portugal, podendo concluir, então, que não existe uma língua certa em comparação a essas duas.
Já, no mito 3 - “português é muito difícil” – Bagno mostra como existe preconceito lingüístico dentro da própria gramática, pois se formos observar, já somos nativos do português. Pela ciência todo falante nativo de uma língua já sabe dominá-la; mas mesmo que uma pessoa escreva o verbo ler de forma transitiva indireta, no momento de se expressar irá passar para a forma transitiva direta “ainda não li o livro”, esse mito ressalta o preconceito, em questão de o português ser falado de uma forma diferente do português e suas normas cultas.
 	O artigo da Neuza Salim Miranda podemos, de certa forma, correlacioná-lo com os mitos 2 e 3 , ambos trata-se da questão sobre a gramática e seu emprego na vida de um cidadão e falam da forma de como o Brasileiro enxerga o português, segundo o artigo de Neuza Salim A reflexão meta lingüística no ensino fundamental”dentre os mitos, medos e preconceitos a pratica da língua portuguesa um deles tem uma força especial: o ensino da gramática” como podemos ver ambos mostram o medo em relação a gramática, a dificuldade em sua relação .
Mitos 4 e 8
Como dito anteriormente, para Bagno, na língua não tem certo nem errado, mas sim adequado. Ele também apresenta dados de pesquisa que comprovam que as pessoas letradas, com um nível de estudo alto, também têm algumas inadequações em relação à gramática. O autor justifica a existência do quarto mito, o que diz que “as pessoas sem instrução falam tudo errado”, através da manutenção de crenças decorrentes da triangulação entre escola/gramática/dicionário, e do desconhecimento quase que total da variação na língua oral, decorrente da diversidade cultural e geográfica. 
Alguns preconceituosos afirmam que pessoas que acabam trocando o l por r são pessoas com atraso mental, como a palavra “placa” têm gente que pronuncia “praca” e segundo o autor essa troca do l pelo r recebe o nome técnico de Rotacismo. O que na verdade, Bagno acha ridícula a maneira como essas diferenças são tratadas, pois não se trata da língua simplesmente, mas sim de quem fala e de onde fala.
	“O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social”. O autor fez uma crítica irônica dizendo que se este mito fosse verdadeiro, os professores ocupariam o topo da pirâmide social, econômico e política do país. De acordo com ele é preciso garantir a todos brasileiros o reconhecimento da variação linguística, porque o mero domínio da norma culta não é uma formação mágica que vai resolver todos os problemas de uma pessoa carente, de um dia para outro.
Bagno mencionou que falar da língua é falar de política e que se não for analisado desta forma, estaremos contribuindo para a manutenção do círculo vicioso do preconceito linguístico e do “irmão-gêmeo” dele o “círculo vicioso da injustiça social”.
Mitos 6 e 7
	Bagno cita que nenhuma língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares. Cada região tem a sua cultura na sua fala, mas ele afirma que é preciso ensinar a escrever de acordo com a ortografia oficial. A língua escrita é totalmente artificial exige treinamento, memorização, exercício, e obedecer às regras estabelecidas; o aprendizado da língua falada sempre precede o aprendizado da língua escrita. Ao estudar a gramática, ela passa a ser um instrumento de poder de controle, a partir disso surgiu essa concepção de que os falantes e escritores da língua é que precisam da gramática, como se ela fosse uma espécie de fonte mística invisível da qual emana a língua “bonita”, “correta” e “pura”. A língua passou a ser subordinada e dependente da gramática. 
Já a Neusa faz uma concepção ampla e articulada de ensino e aprendizagem de língua, buscando intencionalmente propor um modo de atuar na sala de aula que ultrapassa o fazer mais tradicional e mais divulgado. Definindo a gramática e o saber lingüístico dos falantes, um saber construído no jogo efetivo da linguagem, no convívio, nas diferentes práticas sociais, que implica o domínio de conhecimentos de naturezas distintas, mas fortemente interligados. Com uma reflexão que contemplasse as diversas dimensões que reconhecemos na língua, que acionasse toda a gama de conhecimentos envolvidos nos jogos lingüísticos reais, considerando que o objetivo da escola é levar os alunos ao domínio das práticas sociais de linguagem. Assim acabando com o preconceito lingüístico.
Parte II, III e IV
Em seu segundo capítulo, Bagno diz ter três elementos que compõem o circulo vicioso: a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos. Temos a gramática tradicional, que serve de base para a construção dos livros didáticos e os métodos tradicionais que são baseados nesses livros para ensinar as estruturas e normas da língua portuguesa.
Para Marcos Bagno, “As práticas de ensino variam muito de região para região, de escola para escola, e até de professor para professor.” (BAGNO, 2007, p.73). Os professores têm como objetivo principal transmitir um conhecimento sólido e crítico para os alunos, e o modo em que eles passam esse conhecimento adiante é o modo em que os alunos irão aprender. O que Bagno tenta nos mostrar é que, o preconceito está ligado à confusão criada ao longo da história entre a língua e a gramática. 
O brasileiro tem a crença de que ”a escola pública é um fracasso”. De acordo com Neusa Salim Miranda, a escola que temos é um ícone de nossa história e herança de nossos acertos e desacertos por isso não se pode esperar dessas escolas um milagre e diz também que “A escola que temos, na maioria dos casos, tem buscado acertar. Sabe que não está acima da crítica e que pode e deve fazer muito mais;” (SALIM, 2006, p.6). Outra crença que os brasileiros alimentam é de que “só se escreve bem quem fala corretamente” ou que “o português é difícil” e até mesmo que “o brasileiro não sabe falar”, para Neusa, isso é:
“um discurso que, em vez de conduzir a uma avaliação crítica transformadora, tem seguiado, com muita frequência, pelo anedotário e levado à descrença, à desesperança, ao desprezo mesmo pelos profissionais da educação.” (SALIM, 2006, p.6)
Uma pessoa com determinadosotaque, acredita que a maneira em que ela fala está correta e essa pessoa vai querer impor isso à outra pessoa. O fato é que, não existe uma maneira correta de falar, temos uma variedade muito grande de línguas em nosso país e não há como unificar essa linguagem, somente a maneira que a escrevemos, fora isso, todos irão continuar falando do mesmo jeito. Devemos descartar também crença de que o que é “correto” é somente aquilo que está escrito nos livros de gramática ou em um dicionário quando na verdade um dicionário para ser feito precisa de uma língua já existente. A gramática tradicional tem como foco o modo em que vamos escrever, portanto, não é a gramática que define a nossa fala.
E além dos três elementos do círculo vicioso, existe um quarto elemento chamado de comandos paragramaticais que, de acordo com Bagno, são as mídias. Essas mídias que deveriam nos servir de apoio, tirar dúvidas na hora de falar e escrever só nos mostra que “brasileiro não sabe português” e que “português é muito difícil” quando na verdade deveria nos dizer o contrário. Essas mídias deveriam desconstruir esse preconceito e não para praticá-los.
Bagno diz existir uma crise na língua portuguesa. Muitos professores já não recorrem somente a norma culta na hora de ensinar. Porém, muita gente ainda acredita que a norma culta deve constituir os métodos de ensino nas salas de aula. A respeito disso, Bagno identifica três tipos de problemas, a quantidade injustificável de analfabetos, o fato de a maioria das pessoas plenamente alfabetizadas não cultivarem, nem desenvolverem suas habilidades linguísticas no nível da norma culta e o dilema relativo a essa norma.
“Basta ouvir os locutores de rádio, os apresentadores de telejornal e os professores universitários — três profissões que exigem educação de nível superior e, portanto, domínio da norma culta.” (BAGNO, 2007, p.109). Apesar da exigência desse domínio da norma culta, os profissionais exercem seu trabalho de acordo com o público que devem atingir e essa norma culta não corresponde a língua falada por esse público, se essa norma culta fosse realmente usada na hora das apresentações, causaria um certo estranhamento e desinteresse do público. Ou seja, esses ideais já não são usados por muitos profissionais e todos conseguem passar a informação desejada, por tanto, é preciso separar o ideal do real. É o que diz Neusa:
“cabe àgramática colocar ao alcance do cidadão as normas reguladoras dessa variedade linguística,que devem ser tomadas a partir de parâmetros reais de uso, tais como a modalidade oral ouescrita, a formalidade ou informalidade da situação de interação, a natureza dosuporte, entre outros fatores.” (SALIM, 2006, p.22)
Precisamos mudar de atitude em relação a esses preconceitos, assumir uma nova postura, e estar sempre a par dos avanços da linguagem. Desenvolver um senso crítico e questionar sempre, sem esquecer que “as gramáticas têm seu berço a partir da natureza prática do saber metalinguístico. Começando como um instrumento de acesso ao texto escrito” (SALIM, 2006, p.21) e aceitar que temos uma grande variedade linguística, e todas as formas de falar quando transmitem entendimento por outros são consideradas válidas.
Ao final de sua obra, Marcos também discorre a favor dos linguístas, relatando os benefícios de suas pesquisas e a contribuição social que estes representam enquanto outros gramáticos insistem em criticar e difamar estes mesmos profissionais linguístas.
Pelas mesmas razões que levaram à transformação da Gramática Tradicional num instrumento de dominação e exclusão social é que a atividade dos lingüistas brasileiros vem sofrendo ataques grosseiros por parte de auto-intitulados “filósofos” que representam, na verdade, a reação mais conservadora (e muitas vezes com acentos claramente fascistas) contra qualquer tentativa de democratização do saber e da sociedade. (BAGNO, 2007, p.153)
À luz de Neusa, podemos ressaltar a importância dos estudos lingüísticos juntamente com a gramática, com a finalidade de complementação para que ensinemos aos nossos alunos que existe o jeito “formal” de escrita, mas que existem variedades também, que hoje em dia com tantas mídias que facilitam o acesso a informação, tornaram-se completamente aceitáveis e compreensíveis:
Nessa tarefa, outro parâmetro fundamental para a gramática de uma língua é a sua variedade considerada como “padrão”. Dadas as estreitas e inegáveis relações entre língua e poder, entre língua e Estado, entre língua e status, entre língua e direito cidadão, cabe à gramática colocar ao alcance do cidadão as normas reguladoras dessa variedade lingüística, que devem ser tomadas a partir de parâmetros reais de uso, tais como a modalidade oral ou escrita, a formalidade ou informalidade da situação de interação, a natureza do suporte, entre outros fatores. (SALIM, 2006, p. 25)
CONCLUSÃO
Bagno, do mesmo modo que questiona as aplicações da gramática, traz uma luz aos saberes linguísticos que vem trabalhando a cerca de estudos inovadores sobre a nossa língua, nas vertentes de fala e escrita. Cabe também destacar que Marcos prega que é necessária uma mudança de dentro para fora, ou seja, precisa começar em nós, acadêmicos, pesquisadores, professores, gestores, supervisores, enfim toda a equipe docente que trabalha a favor da língua, para que passemos essa transformação, essa inovação em nossa visão, para as futuras gerações, alunos, pais de alunos alcançando todas as pessoas que formam a parte ‘discente’ para que consigamos renovar os ideais que assombram a nossa sociedade, segundo Bagno:
“Desse modo, achar que a língua está em ‘crise’ e que para superar essa ‘crise’ é necessário sustentar a doutrina gramatical sem submetê-la a uma crítica serena e bem-fundada é, a meu ver, uma atitude que só pode ter duas explicações: a ignorância científica (a pessoa nunca ouviu falar de lingüística) ou a desonestidade intelectual (tendo entrado em contato com a ciência lingüística, finge que não a conhece) — pior ainda é quando essa atitude se sustenta num indisfarçado e indisfarçável preconceito social.” (BAGNO, 2007, p.151)
	
Neusa Salim completa:
Para que possamos encontrar um novo caminho para nossa prática, precisamos, pois, desconstruir alguns mitos e medos erigidos pela nossa visão do que seja o conhecimento lingüístico, o que vem levando tantos e tantos brasileiros a dizerem acerca de sua língua mãe coisas como “Eu não gosto de Português”, “Eu não sei Português”. (SALIM, 2006, p. 21)
Muito eufórico, Bagno, traz uma intensa consideração sobre os problemas que estamos a muito tempo enfrentando na educação atual, reflete sobre os lingüistas e a importância do seu trabalho não só para a educação quanto para a sociedade como um todo, já Neusa Salim Miranda nos dá a luz de como trabalhar usando a gramática a nosso favor, sugestões, diretrizes, metodologias que permitem fazer acontecer uma mudança na realidade caótica do ensino de nossa própria língua.
Acreditamos que o problema é um pouco mais profundo do que bem sabemos e que não será fácil, como futuros educadores da língua portuguesa, abordar estas questões de forma útil e progressiva que dê resultados significativos aos nossos alunos, mas com toda certeza essa mudança pregada por Marcos e seguida por Neusa trará o início de período de transformações que nós faremos parte, por isso quanto mais preparados estivermos maiores serão nossas chances de vencermos os preconceitos lingüísticos e melhorarmos o letramento de nosso país.
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: oque é, como se faz. 49ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2007, 185 p.
MIRANDA, Neusa Salim, Parte 1 – Uma Reflexão sobre o saber Metalinguístico no Ensino Fundamental. In:_____. A Reflexão Metalinguística do Ensino Fundamental. 1ª Ed. Belo Horizonte: Ceale/FaE/UFMG, 2006. Parte 1, p. 1-29.

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