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A Situação Atual dos Parques da Região Administrativa VI - Planaltina - DF

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Centro Universitário de Brasília 
Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento - ICPD 
 
 
 
 
 
HÉLIO PEREIRA FEITOSA 
 
 
SITUAÇÃO ATUAL DOS PARQUES DA REGIÃO ADMINISTRATIVA 
VI – PLANALTINA – DISTRITO FEDERAL 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2011 
 
 
 
HÉLIO PEREIRA FEITOSA 
 
 
 
 
SITUAÇÃO ATUAL DOS PARQUES DA REGIÃO ADMINISTRATIVA 
VI – PLANALTINA – DISTRITO FEDERAL 
 
 
 
Proposta de trabalho apresentada ao Centro 
Universitário de Brasília (UniCEUB/ICPD) 
como pré-requisito para obtenção de 
Certificado de Conclusão de Curso de Pós-
graduação Lato Sensu em Análise Ambiental 
e Desenvolvimento Sustentável. 
Orientador: Profº Dr. Gilson Ciarallo. 
 
 
 
 
 
Brasília 
2011 
 
 
HÉLIO PEREIRA FEITOSA 
 
 
 
SITUAÇÃO ATUAL DOS PARQUES DA REGIÃO ADMINISTRATIVA VI – 
PLANALTINA – DISTRITO FEDERAL 
 
 
 
Proposta de trabalho apresentada ao Centro 
Universitário de Brasília (UniCEUB/ICPD) 
como pré-requisito para obtenção de 
Certificado de Conclusão de Curso de Pós-
graduação Lato Sensu em Análise Ambiental 
e Desenvolvimento Sustentável. 
 
Orientador: Profº Dr. Gilson Ciarallo. 
 
 
 
 
 
Brasília, 18 de maio de 2012. 
 
 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
Luciana de Paiva Luquez 
Professora 
 
 
 
 
João Batista Drummond Câmara 
Professor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais que sonharam e 
compartilharam suas vidas, e juntos 
delineamos uma história de dedicação e 
conquista, pela luta árdua e incansável, 
porém, humilde e honesta para que 
tivéssemos condições de estudar e por 
meio dos conhecimentos superarmos os 
obstáculos da vida, pelas vezes que nos 
momentos de angústia, de insegurança, 
de choro, estavam presentes dando-me 
força para enfrentar as dificuldades, 
entendiam as limitações, mas também as 
possibilidades. Em resposta ao amor que 
dedicaram ofereço esta simples conquista 
que espero ser apenas uma das várias 
que virão: a vocês, minha eterna gratidão! 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
A Deus por nos ter concedido o dom da vida, a perseverança para 
superar os desânimos, os tropeços, fraquezas e quedas e, acima de tudo, o 
profundo amor que dedica fazendo-me persistente e forte na superação dos 
obstáculos do cotidiano da vida. 
 Ao meu professor - orientador Gilson Ciarallo por todos os esforços, a 
dedicação, paciência, incentivo, colaboração e, o mais importante, a credibilidade 
depositada em minha capacidade de produzir esse trabalho sendo, portanto 
fundamental a sua realização. 
 Àqueles que quando deveriam ser simplesmente professores, foram 
mestres, transmitindo seus conhecimentos e experiências; que quando deveriam ser 
mestres foram amigos e em sua amizade me compreenderam e incentivaram a 
seguir o caminho, expresso os meus maiores agradecimentos e o profundo respeito, 
que sempre será pouco diante do muito que foi oferecido. 
 A vocês que nos mostraram que a docência é espinhosa mais também 
muito gratificante, pois por meio dela, somos capazes de transformar uma realidade 
individual ou de um povo, fazendo com que estes lutem por seus direitos, sejam 
cidadãos críticos e participativos à vida comunitária, pois um povo instruído não se 
curva diante de argumentos fúteis, nem de promessas vãs, por tudo isto agradeço 
imensamente a todos que me proferiram palavras de cunho técnico-científico, de 
experiência de vida, simples sinceras e significativas: Dizendo acredite você é 
capaz. 
 Sem vocês o brilho desta vitória não seria tão intenso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O impacto direto e imediato no meio 
consiste na mudança paisagística, 
substituindo o cenário expressivo da 
cobertura vegetal pelo casario e ruas, 
com a aglutinação de um contingente 
populacional. 
 
Chistofoletti (1997:133) 
 
 
RESUMO 
 
 
O processo de urbanização remete a uma reflexão sobre as conseqüências 
associadas à transformação da paisagem. A fim de que essa temática fosse tratada, 
este trabalho foi conduzido de forma a estabelecer um recorte atual do estado de 
conservação dos parques da RA VI – Planaltina verificando-se a situação atual da 
cobertura vegetal, a proteção aos recursos hídricos, o potencial para conservação, 
desenvolvimento de atividades de lazer e educativas, o planejamento do uso, a 
administração e fiscalização, a demarcação do polígono, a existência de ocupação 
humana e o uso atual das áreas. Com essas verificações objetivou-se fazer o 
registro da ocorrência de plantas e animais exóticos, averiguar a existência de Áreas 
de Proteção Permanente, conferir a ocorrência de processos erosivos antropizados, 
observar o uso das áreas dos parques como local para depósito de resíduos, 
confirmar a acessibilidade, coletar dados e informações junto ao poder público e 
executar documentação fotográfica. Para atingir os objetivos foi escolhido o método 
Caminhamento, flexibilizado às particularidades de cada parque, consistindo em três 
linhas paralelas eqüidistantes partindo de pontos escolhidos de forma aleatória e 
percorridos a pé visualizando-se o ambiente circundante para ao final produzir-se 
um relato do que se pode observar. Desses levantamentos percebeu-se que a 
maioria dos parques estão com processos de degradação instalados e sofrem com 
diversos problemas, carecendo de ações governamentais para a implantação 
efetiva, planejamento do uso, fiscalização e administração dos parques. 
 
 
 
Palavras-chave: Urbanização, Parques, Conservação, Cenário.
 
 
ABSTRACT 
 
 
The urbanization process leads to a reflection on the consequences associated with 
the transformation of the landscape. In order for this subject to be treated, this study 
was carried out to establish a current cutout of the state of the conservation of the 
parks in RA VI – Planaltina, checking the current status of vegetation, the protection 
of water sources, the potential for conservation, the development of leisure and 
educational activities, use planning, administration and supervision, the demarcation 
of the polygon, the existence of human settlements and the ongoing use of the area. 
These checks were made to document the occurrence of exotic plants and animals, 
investigate the existence of Permanent Protection Areas, check for the occurrence of 
anthropized erosion processes, and observe the use of the parks area as a site for 
waste disposal, confirm its accessibility, collect data and information along with public 
authorities and perform photographic documentation. Achieving these objectives was 
carried out through the method known as Topographic Profiling, flexible to the 
particulars of each park, consisting of three parallel lines equidistant from randomly 
chosen points and covered on foot by viewing the surrounding environment in order 
to produce an account of what can be observed. From these surveys, it was noted 
that most parks are in the process of installed degradation and suffer from various 
problems, lacking government action for effectively implementation, supervision, use 
planning and administration of the parks. 
 
 
 
Key words: Urbanization, Parks, Conservation and Scenario. 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO _______________________________________________ 09 
Objetivos ____________________________________________________ 12 
O Método ___________________________________________________ 12 
Procedimentos Metodológicos _________________________________ 13 
1 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL ________________________ 16 
 Base Teórica ________________________________________________16 
2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO _____________________ 22 
2.1 Características Fisiográficas ________________________________ 22 
2.2 Características Socioeconômicas ____________________________ 26 
3 ANÁLISE DE DADOS ________________________________________ 28 
3.1 Parque da RA – VI _________________________________________ 28 
3.1.1 Parque Ecológico do DER __________________________________ 28 
3.1.2 Parque Ecológico dos Pequizeiros ____________________________ 31 
3.1.3 Parque Ecológico e Vivencial da Lagoa Joaquim Medeiros _________ 41 
3.1.4 Parque Ecológico e Vivencial cachoeira do Pipiripau ______________ 42 
3.1.5 Parque Ecológico e Vivencial do Retirinho ______________________ 45 
3.1.6 Parque Recreativo Sucupira _________________________________ 49 
3.1.7 Parque Ecológico e vivencial Estância _________________________ 51 
3.1.8 Parque de Uso Múltiplo Vale do amanhecer ____________________ 53 
3.1.9 Parque Ambiental Colégio Agrícola de Brasília __________________ 55 
CONSIDERAÇÕES FINAIS _____________________________________ 60 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________ 64 
 
 
 
9 
INTRODUÇÃO 
 
 
O Distrito Federal (DF), conforme Ross (2008, p. 179) está localizado no 
Domínio Morfoclimático do Cerrado, com predominância de formas de relevo 
aplainadas vegetadas por Cerrado, com suas diferentes fitofisionomias, regido pelo 
clima Tropical de altitude, com características sazonais, composto por duas 
estações, sendo uma úmida e chuvosa e outra quente e seca. 
Conforme o Mapa de Macrozoneamento constante no Plano de 
Ordenamento Territorial (GDF/IPDF, 1998), o Distrito Federal possui um território de 
5.783 km², sendo que 90% originariamente coberto por Cerrado e atualmente cerca 
de 42% destinados à unidades de conservação federais e distritais. 
O processo de urbanização, da forma como vem ocorrendo no DF, tem 
promovido a criação de cidades áridas, implantadas sobre regiões previamente 
desflorestadas, sem reserva de áreas para praças ou outros espaços verdes e com 
a vegetação nativa remanescente degradada e em processo de extinção. 
A malha urbana se expande ou é expandida sem a preocupação de se evitar 
problemas decorrentes da ausência de planejamento, ou seja, pela falta de 
preocupação com medidas que evitem problemas relacionados à inexistência de 
áreas de lazer e de um arranjo que permita uma dinâmica atmosférica favorável a 
saúde humana, entre outras. 
O DF é alvo de intenso processo de especulação imobiliária devido ao alto 
valor dos imóveis e a escassez de áreas, o que faz com que as áreas verdes 
remanescentes sejam cobiçadas como prováveis áreas de expansão urbana, 
sofrendo a pressão imposta pela cidade. 
A criação e a implantação dos parques visam minimizar esses problemas, 
possibilitando combinar a conservação dos ecossistemas naturais com a 
disponibilização dessas áreas para a população e permitindo a conservação da 
vegetação nativa em pequenos espaços próximos aos núcleos urbanos não 
propícios à criação de outros tipos de unidades. 
No Distrito Federal, existem setenta e três parques, distribuídos por todas as 
Regiões Administrativas (RAs), criados com diferentes denominações, entretanto, a 
Lei Complementar nº 265/99 prevê duas categorias de parques: os ecológicos e os 
de uso múltiplo. 
10 
Como muitos parques situam-se em locais historicamente utilizados para 
atividades de lazer ou depósito de vários tipos de resíduos, há a presença de 
plantas e animais exóticos e a ocorrência de degradação em diferentes estágios, 
carecendo de manejo por causar dano às espécies nativas. 
Sabendo que espécies exóticas invasoras são aquelas que não são típicas 
de um ecossistema e sua presença pode ameaçar a sobrevivência da vegetação 
nativa - podendo até mesmo causar a extinção das espécies locais, justifica-se a 
necessidade de ações que garantam a prevalência de espécies nativas no interior 
dos parques. 
Há ainda a questão da demarcação dos polígonos, visto que, os decretos de 
criação de vários parques não contemplam requisitos mínimos necessários a 
implantação, evidenciando a falta de estudo prévio básico e de projeto para as 
unidades. Tal situação culmina em uma série de outros problemas que vão desde a 
degradação da paisagem cênica da cidade à desvalorização de imóveis próximos. 
Embora todos os parques possuam cobertura vegetal nativa ou áreas 
contínuas de espécies exóticas, de modo geral, a criação não foi precedida de 
estudos prévios com diagnóstico preliminar da área e tão pouco se pautou em 
diretrizes de zoneamento que apontassem para a adequabilidade das áreas à 
finalidade pretendida. Diante do exposto infere-se que a motivação tem sido a busca 
da manutenção das últimas áreas livres de construções não absorvidas pela malha 
urbana. 
Frente a tal situação, parques que existem somente em instrumento legal ou 
normativo, há a necessidade de que se faça um diagnóstico ou levantamento da 
situação das áreas, da adequabilidade para implantação, do enquadramento em 
uma das categorias e da determinação do polígono. 
Na Região Administrativa VI (RA VI) Planaltina, há seis parques criados por 
decretos, entretanto não foram implantados e apresentam diversos problemas como 
proliferação de plantas e animais exóticos, degradação, depósito de entulho entre 
outros. 
Essa situação de ausência de governaça sobre os parque suscitou 
questionamentos, para os quais se buscou resposta com a busca de dados e 
imagens. Os questionamentos levantados foram: 
 Situação atual da cobertura vegetal, da proteção aos recursos hídricos; 
11 
 Potencial para conservação, para o desenvolvimento de atividades 
educativas e de lazer; 
 Planejamento do uso, administração e fiscalização; 
 Demarcação de polígono; 
 Existência de ocupação humana; 
 Uso atual da área. 
Apesar de ser uma das RAs mais distantes de Brasília, Planaltina não foge a 
realidade das demais áreas do Distrito Federal e os parques criados e não 
implantados são passíveis de degradação e invasão entre outras ações que podem 
dificultar ou inviabilizar o papel dessas áreas. 
Conforme o disposto na Lei Complementar nº 265/99, cada parque deve ter 
plano de manejo que discipline, com base no zoneamento, o uso e a ocupação da 
unidade. O zoneamento deve conter, pelo menos, três zonas: de conservação, de 
recuperação e de atividades múltiplas. 
Ainda que os fragmentos sejam insuficientes para a conservação de 
ecossistemas, a manutenção de indivíduos pode ser válida para que se cumpram 
outras funções inerentes aos parques. 
O interesse do autor por esse tema surgiu do fato de ser residente da RA em 
estudo e vivenciar a depredação das áreas que deveriam estar compondo parques e 
na situação atual são vistos apenas como terrenos baldios que degradam a 
paisagem da cidade. 
Pelo exposto e considerando que os únicos levantamentos encontrados 
acerca da situação dos parques criados e administrados no âmbito do Distrito 
Federal de que se tem conhecimento foram feitos no ano de 2000 pela Câmara 
Legislativa do DF e, posteriormente, pelo Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos 
Hídricos do Distrito Federal – Brasília Ambiental (IBRAM) pode-se constatar a 
necessidade de se produzir dados atualizados sobre o tema, justificando-se a 
execução desse trabalho para que se tenha uma visão atual e real dos parques da 
RA em questão. 
Pelo exposto, esse trabalho foi executado para que se produzisse um 
levantamento atualizado e mais completo que os citados. 
12 
Objetivos 
 
Geral 
 
O presente trabalho tem como objetivo apresentar um recorte atual do 
cenário dos parques criadose administrados no âmbito do Distrito Federal, 
localizados na RA VI (Planaltina). 
 
Específicos 
 
 Fazer registro da ocorrência de plantas e animais exóticos executando 
documentação fotográfica da situação atual das áreas destinadas aos 
parques; 
 Verificar a existência de Áreas de Proteção Permanente (APP) e a 
ocorrência de processos erosivos agravados pela ação humana nas 
áreas destinadas aos parques; 
 Verificar a acessibilidade partindo-se das áreas centrais dos bairros mais 
próximos e observar a utilização das áreas destinadas aos parques, 
como local de depósito de resíduos; 
 Coletar dados, referentes aos parques, junto ao poder público. 
 
 
O Método 
 
Foi escolhido o método “Caminhamento” proposto por Filgueiras et al. (1994) 
para levantamentos florísticos qualitativos, por se tratar de um método de aplicação 
rápida e pouco dispendioso, além de preencher os requisitos mínimos de precisão 
científica e confiabilidade. 
Segundo Filgueiras et al. (1994) esse método obteve excelentes resultados 
ao ser testado em diversos trabalhos de campo no Brasil e nos Estados Unidos e 
consiste no reconhecimento dos tipos de vegetação presentes na área a ser 
amostrada, na elaboração de lista das espécies encontradas e na análise dos 
resultados. 
13 
Para a proposta desse trabalho utilizou-se uma adaptação do 
Caminhamento. Essa adaptação consistiu na diminuição e adequação das linhas de 
caminhamento para atender às especificidades de cada parque (tamanho, forma, 
localização e restrição de acesso), seguindo o exposto pelo autor que discorre 
“quando se deseja apenas uma idéia preliminar da composição florística, adota-se 
um número reduzido de linhas” (FILGUEIRAS et al., 1994, p. 40) e na não utilização 
da etapa de determinação de fitofisionomias, devido ao fato de se objetivar o 
levantamento de informações gerais sobre determinados aspectos dos parques. 
Elegeu-se a configuração com três linhas paralelas eqüidistantes partindo de 
pontos, escolhidos de forma aleatória, da borda para o interior e no interior do 
parque, conforme a possibilidade de se transitar haja vista a existência de cursos de 
drenagem, áreas alagadas, cercas, sulcos entre outros obstáculos. Destaca-se que 
para aplicação do método a cada parque foram necessárias outras adaptações para 
que se pudessem considerar as especificidades de cada área. 
Para a identificação das espécies vegetais exóticas utilizou-se como 
bibliografia de referência artigos como Africanas no Brasil: Gramíneas Introduzidas 
da África de Tarciso de Souza Filgueiras, 100 Árvores do Cerrado: guia de campo e 
+100 Árvores do Cerrado – Matas de galeria: guia de campo de Manuel Cláudio 
Silva Júnior. 
 
 
Procedimentos Metodológicos 
 
Para o desenvolvimento do trabalho coletou-se informações referentes a 
projetos relacionados aos parques junto a Administração Regional de Planaltina e a 
órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) como o IBRAM e a Secretaria de Meio 
Ambiente e Recursos Hídricos. De posse dessas informações fez-se a discução 
acerca da atuação do poder público na implantação dos espaços propostos. 
Foram utilizadas imagens disponíveis no Google maps e Google Earth 
(27/09/2011) para planejamento das visitas às áreas destinadas aos parques, 
identificando-se prováveis Áreas de Proteção Permanente (APP) e diferentes 
fitofisionomias, e para o traçado dos transectos que foram percorridos para a coleta 
de dados. 
De posse das informações e materiais citados, os locais indicados para 
receber os parques foram, previamente, visitados para conhecimento das áreas e 
14 
determinação de adequações ao método necessárias ao trabalho de campo, 
constituindo-se um roteiro para a visita. Essas adequações estão detalhadas no 
tópico de cada parque. 
Para a execução das atividades de campo foi constituída uma equipe 
formada por três pessoas: o autor, um servidor do IBRAM estudante do curso de 
Tecnologia em Agrofloresta, Carlos Augusto Guedes e um estudante de Agronomia, 
Cleiton Alves de Oliveira. 
Na segunda visita, foram confrontados os dados dos roteiros previamente 
preparados com a realidade encontrada, coletadas as informações referentes à 
ocorrência de plantas e animais exóticos, feito o levantamento dos processos 
erosivos, observação de depósito de resíduos, a verificação da existência de APP e 
executada a documentação fotográfica das áreas. 
Os levantamentos foram realizados abrangendo áreas inalteradas, matas 
ciliares e locais expostos à ação antrópica, como bordas, estradas, trilhas e 
arredores de edificações, observando-se, a campo, o estado geral das diferentes 
áreas amostradas (topos de morro, encostas, áreas inundáveis etc). 
Em outro momento se procedeu a verificação da acessibilidade às áreas dos 
parques, fazendo-se o levantamento das vias e da existência de transporte público 
que serve ao deslocamento de várias partes da cidade aos parques. 
Após a fase de verificação e coleta de dados, se produziu o texto com o 
levantamento acerca das áreas destinadas a parques na RA VI, estruturado com 
textos e imagens. 
Para tanto, esse trabalho está estruturado em três capítulos mais a 
Introdução e as Considerações, e quatro títulos ou subseções: no primeiro capítulo 
“Referencial Teórico-conceitual”, no título “Base Teórica” são expostas discuções de 
diversos autores relacionadas ao tema, tratando desde as razões que impelem o ser 
humano a ocupar e modificar o espaço, passando pela necessidade de moradia e 
chegando a regulamentação do uso e da forma de ocupação para garantir boas 
condições de habitabilidade. 
O segundo capítulo “Caracterização da Área de Estudo” é dividido em três 
subseções. Em “Localização” são consideradas a situação geopolítica da área de 
estudo, as principais vias de acesso, as distâncias das capitais de outros estados 
que tem relações mais significativas com a área de estudo, o posicionamento a partir 
15 
do sistema de coordenadas geográficas e dados sobre o tamanho e a 
representatividade do território. 
A segunda subseção desse capítulo ”Características Fisiográficas” 
apresenta, em suma, os aspectos físicos da área de estudo, como os morfológicos, 
climáticos, hidrológicos e biogeográficos. Já o terceiro título “Características 
Socioeconômicas” trata da composição populacional, da dinâmica econômica e da 
forma de urbanização da área de interesse. 
No terceiro capítulo ”Análise dos Dados” são elencados os parques que 
compuseram esse estudo, com a exposição das informações coletadas e 
considerações breves acerca de dados específicos de cada um. 
As “Considerações” trazem a exposição do que se pode constatar da 
situação atual dos parques da RA VI no que concerne a pontos como estado geral 
de conservação, ocorrência de plantas e animais exóticos, gestão das áreas etc, 
além de recomendações sucintas. 
16 
1 REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL 
 
 
 Base Teórica 
 
Há de se iniciar essa discução tratando-se de dois conceitos recorrentes em 
qualquer trabalho que verse sobre questões relacionadas ao meio ambiente, 
conservação e preservação, comumente usados de forma equivocada como 
sinônimos. 
No desenvolvimento desse trabalho adotou-se como conceito de 
conservação o disposto na Lei 9.985, de 18 de julho de 2.000, que criou o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e que dispõe em seu artigo 2º: 
conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, 
compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a 
restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir 
o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo 
seu potencialde satisfazer as necessidades e aspirações das gerações 
futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. 
 
Já ao tratarmos de preservação ambiental admitiremos, da leitura de 
Diegues (2000, p. 8), o entendimento de que seu conceito o difere de conservação 
principalmente nos campos prático e ideológico, já que preservação pressupõe a 
proteção de áreas naturais sem ocupação ou qualquer outra interferência humana 
levando a criação de “santuários”. 
Devemos considerar, também, que a expansão da malha urbana é um 
processo que proporciona transformações não apenas econômicas e sociais, mas, 
sobretudo, físicas causando graves problemas de ordem ecológica, com 
degradações significativas e mais perceptíveis que produzem consideráveis 
alterações da natureza devido às interferências antrópicas, provocando 
desequilíbrios ambientais, conforme Santos (1996, p.42-43) “o meio urbano é cada 
vez mais um meio artificial” (...), resultando em “um quadro de vida onde as 
condições ambientais são ultrajadas, com agravo à saúde física e mental das 
populações”. 
Dentre os problemas urbanos, estão os problemas ambientais que não são 
exclusivos das grandes metrópoles, ocorrendo em cidades de diferentes portes em 
variadas escalas. Isso, dado ao fato de que segundo Pimentel e Santos (2006, p.9), 
o meio humanizado aflora uma gama de condições desfavoráveis à 
qualidade de vida e, a falta de manejo ambiental ou de soluções 
alternativas, desencadeia sérias conseqüências ao meio natural, exigindo 
17 
ações reparadoras no âmbito do poder público a fim de reduzir os impactos 
provocados pelo homem que no afã de ampliar seus lucros financeiros 
agridem e degradam a natureza. 
 
Partindo desse ponto infere-se que o meio urbano se torna insalubre à 
medida que é antropizado e se afasta das características do meio natural, o que se 
percebe com a alteração da paisagem natural que, nas cidades, é substituída de 
forma abrupta pela paisagem urbana, visto que, “a cidade constitui ecossistema 
antrópico, onde o grau de artificialidade atinge seu nível mais elevado [...] chegando 
a praticamente desvincular o ser humano de seu relacionamento com a natureza” 
(FORATTINI, 1991, p. 77), o que confere ao ambiente urbano a característica de 
afastamento e ausência de contato com o meio natural. 
Com esse desvencilhamento da natureza, a cidade passa a representar a 
origem da poluição e de outros problemas que afetam a qualidade de vida do 
homem moderno, pois “para alguns, a qualidade de vida seria a somatória de fatores 
decorrentes da interação entre sociedade e ambiente, atingindo a vida no que 
concerne às suas necessidades biológicas e psíquicas” (COIMBRA, 1985 apud 
FORATTINI, 1991, p.77) e esse meio modificado provoca a alteração da porção 
cultural e social do homem a ponto de prejudicar a sua porção “natural”, ou seja, o 
animal. 
Já o campo passou a ser valorizado, por ser considerado o oposto à cidade, 
sendo um local com ar puro e tranquilidade onde o ser humano, enquanto parte da 
natureza, tem contato com um meio menos modificado. Por esse motivo há o 
surgimento de espaços diferenciados no interior do meio urbano onde a cobertura 
vegetal é mantida, os parques urbanos, que são “espaços públicos com dimensões 
significativas e predominância de elementos naturais, principalmente cobertura 
vegetal, destinados à recreação”. (GRANZ apud SILVA, 2006, p. 45). 
Com essa perspectiva de que os parques urbanos se constituiriam em 
“refúgios” encravados no meio intraurbano, como lugares que proporcionariam 
liberdade e bem-estar às pessoas que vivem em espaços limitados e artificializados, 
os habitantes citadinos buscam essas partes da cidade onde podem ter contato com 
o solo, as plantas e com os animais. 
Assim, considerando a cidade como um “conjunto de usos justapostos entre 
si, sendo que a cidade seria um mosaico de usos” (CORRÊA, 1995 p. 7), os parques 
18 
seriam um dos usos do espaço urbano, viabilizados ou inviabilizados pelas 
necessidades dos atores citadinos nesse movimento de volta à natureza. 
Nessa discução acerca da questão do ambiente urbano é favorecida a 
reflexão referente às conseqüências da remoção da cobertura natural e substituição 
por áreas construídas, com atividades socioeconômicas urbanas distribuídas no 
espaço de forma caótica, conscientes de que, todavia, nem todos os problemas 
possam ser evitados, há a possibilidade de que sejam minimizados, o que se 
consegue com planejamento, como exposto por Clarck (1991, p. 228): 
O planejamento urbano evoluiu consideravelmente através do tempo 
respondendo às mudanças de natureza dos problemas urbanos. (...) a 
atenção esteve primeiramente voltada para a superpopulação e saúde, e os 
controles foram direcionados para a construção e uso do solo na crença de 
que as melhorias do meio ambiente físico poderiam aliviar os principais 
problemas sociais das cidades. (...) o controle do uso do solo e a disposição 
da forma dos povoamentos são por si mesmo insuficientes. (...) envolve 
estratégias relacionadas com emprego, moradia, transporte e prestação de 
serviços. 
Considerando para tanto o planejamento urbano ou o plano diretor como 
o “conjunto das ações de ordenação espacial das atividades urbana que, não 
podendo ser realizadas ou sequer orientadas pelo mercado, tinham de ser 
assumidas pelo Estado, tanto na sua concepção quanto na sua implementação” 
(DEAK apud SILVA, 2006, p. 129). 
Dessa forma, como “morar é uma das necessidades básicas dos 
indivíduos, não podendo-se viver sem morar, pois não é possível viver sem 
ocupar espaço” (RODRIGUES, 2001, p. 11) é inevitável o impacto da urbanização 
sobre as áreas vegetadas no interior e na periferia imediata das cidades, sendo a 
criação de parques uma alternativa para incorporar áreas verdes às cidades 
garantindo-se, com esses espaços “vazios”, não só um acréscimo a qualidade de 
vida, mas também impactos positivos no aspecto econômico dos imóveis, como o 
exposto por Maricato (1998, p. 12) 
[...] a localização da moradia tem um preço diferenciado na cidade. Um 
mesmo imóvel pode custar preços completamente diferentes dependendo 
de sua localização, isto é, dependendo principalmente das oportunidades de 
acesso aos equipamentos coletivos e aos serviços de infra-estrutura 
urbanos. 
 
Entretanto, essa situação somente se consolida se os parques, criados 
por dispositivos legais, têm suas etapas subseqüentes implementadas, constituindo-
se em equipamentos públicos e não em terrenos ociosos, que contribuam para a 
especulação imobiliária. 
19 
O que se soma ao argumento de que a criação e implementação de áreas 
destinadas à proteção ao meio ambiente é uma importante estratégia utilizada na 
busca pela sustentabilidade ambiental com vistas à qualidade de vida é a legislação 
existente que trata de forma suficiente a questão da criação de áreas destinadas a 
conservação e preservação do meio ambiente. O Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação (SNUC) define Unidade de Conservação (UC), em sentido amplo, 
como: 
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas 
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído 
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob 
regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas 
de proteção. 
 
Conforme o disposto no SNUC, há dois grupos de UC no Brasil: as 
Unidades de Proteção Integral (UPI), que tem por objetivo “preservar a natureza, 
sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos 
casos previstos nesta Lei”, e as Unidades de Uso sustentável (UUS), que objetivam 
“compatibilizar a conservação da natureza com o usosustentável de parcela dos 
seus recursos naturais”. 
O grupo que nos interessa no momento, por guardar maior simetria com a 
realidade dos parques do DF, é o de UPI, que embora composto por sete categorias 
não contempla diretamente as UCs específicas do DF, que foram criadas seguindo 
orientações da lei orgânica do DF, que dispõe sobre diretrizes de política ambiental 
e de recursos hídricos, destaca-s o artigo 295 que prescreve: 
As unidades de conservação, os parques, as praças, o conjunto urbanístico 
de Brasília, objeto de tombamento e Patrimônio Cultural da Humanidade, 
bem como os demais bens imóveis de valor cultural, são espaços territoriais 
especialmente protegidos e sua utilização far-se-á na forma da lei. 
 
E também pela Política Ambiental do Distrito Federal (Lei nº 41, de 13 de 
setembro de 1989), que em seu artigo 6º, inciso VI dispõem que o DF deve: 
identificar, criar e administrar unidades de conservação e outras áreas 
protegidas para a proteção de mananciais, ecossistemas naturais, flora e 
fauna, recursos genéticos e outros bens e interesses ecológicos, 
estabelecendo normas a serem observadas nestas áreas. 
 
Dessa forma, além das categorias de UCs criadas por legislação federal, o 
DF conta ainda com as Áreas de Proteção de Mananciais, criadas pela Lei 
Complementar 17, de 28 de janeiro de 1997 e acolhidas pela lei que a sucedeu, a 
Lei Complementar 803, de 25 de abril de 2009, especialmente em seu artigo 25 e 
20 
com os Parques criados pela Lei Complementar 265, de 14 de julho de 1999, que 
prevê duas categorias de parques: os ecológicos e os de uso múltiplo. 
Os parques ecológicos devem abranger, pelo menos, trinta por cento da 
área com cobertura vegetal nativa e têm como objetivos: 
 Conservar amostras dos ecossistemas naturais; 
 Proteger paisagens naturais de beleza cênica notável, bem como 
atributos excepcionais de natureza geológica, geomorfológica, 
espeleológica e histórica; 
 Proteger e recuperar recursos hídricos, edáficos e genéticos; 
 Recuperar áreas degradadas e promover sua revegetação com 
espécies nativas; 
 Incentivar o desenvolvimento de atividades de pesquisa, estudos e 
monitoramento ambiental; 
 Estimular o desenvolvimento da educação ambiental e das atividades 
de lazer em contato harmônico com a natureza. 
Já os parques de uso múltiplo devem situar-se dentro dos núcleos urbanos 
ou contíguos a eles, em áreas de fácil acesso, predominantemente cobertas por 
vegetação, seja ela nativa ou exótica e visam a: 
 Conservar áreas verdes de grande beleza cênica; 
 Recuperar áreas degradadas e promover a sua revegetação; 
 Estimular a educação ambiental e as atividades de lazer em contato 
harmônico com a natureza. 
Outra função de áreas verdes como os parques, que devemos destacar, na 
contribuição para o equilíbrio ambiental é a manutenção do conforto térmico. Na 
cidade, a capacidade de absorver calor é maior, por causa da utilização do concreto 
e do vidro na construção dos prédios e casas, pavimentação das ruas, arruamento 
em forma de tabuleiro de xadrez, que permite que os ventos passem quase sem 
remover o calor, e a forma das construções, geralmente cubos muito próximos uns 
dos outros e com alturas superiores a três metros que funcionam como “armadilhas 
de calor” prendendo os raios solar na superfície, liberando-os lentamente para a 
atmosfera, provocando o aquecimento dessa área urbana. 
Já no campo, por causa das árvores e pelo alto albedo (capacidade de 
refletir a luz do Sol), a temperatura é menor, com mais capacidade de refletir a luz 
solar. As duas situações são ilustradas na imagem seguinte. 
21 
Figura 1 – Diferença da reflexão da luz solar em ambiente urbano e rural 
Fonte: Jardim (2001, p. 195) 
 
Admiti-se aqui as áreas verdes como fator amenizador dos efeitos da 
urbanização sobre o clima local que, através da grande concentração de 
edificações, impermeabilização do solo com materiais escuros e a carência de áreas 
verdes, constitui um espaço físico com grande capacidade de transformar em calor à 
radiação solar recebida. 
 Sendo então a existência de áreas verdes, como parques e praças, fator 
capaz de propiciar equilíbrio ambiental e térmico entre áreas construídas e 
ambientes naturais alterados, pois se intercalando áreas construídas com áreas 
verdes, criam-se zonas de convecção que removem o calor, como se pode visualizar 
na ilustração abaixo. 
Figura 2 – Zonas de Convecção 
Fonte: Jardim (2001, p. 195) 
 
CIDADE CAMPO 
22 
2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 
 
 
2.1 Localização 
 
O Distrito Federal está situado na região Centro-Oeste e as principais vias 
de acesso são a BR - 020, BR - 040 e BR - 070, além de diversas rodovias locais. 
Distante 102 km de Goiânia, 716 km de Belo Horizonte e 1.015 km de São Paulo. 
Sendo parte da região central do país, localizado entre as coordenadas 
15º30’ e 16º03’ latitude sul e 47º25’ e 48º12’ de longitude oeste, o Distrito Federal 
com uma área de aproximadamente 5.783 Km², representando 0,06% do território 
nacional, limita-se com os estados de Goiás e Minas Gerais. Além da capital do 
país, Brasília – RA I (figura 03), fazem parte desta unidade federativa mais vinte e 
nove Regiões Administrativas. 
Planaltina é a Região Administrativa VI, distante 38 km de Brasília está 
situada na porção nordeste do DF fazendo divisa com os municípios de Formosa - 
GO, Planaltina - GO e Unaí – MG, tendo como principal via de acesso a BR 020. 
Possui 1.534,70 km² de área, o que corresponde a 26,51% do território do DF (figura 
04). 
 
2.2 Características Fisiográficas 
 
De acordo com a Agência Goiana de Desenvolvimento Industrial e Mineral, o 
DF está situado no Planalto Central Brasileiro, mais especificamente no Planalto 
Central Goiano e conforme Castro (2004, p. 11) o relevo predominante no DF é 
composto por grandes superfícies aplainadas e suavemente onduladas, chamadas 
de chapadas, vez ou outra intercaladas por escarpas, além da ocorrência de colinas 
arredondadas. “A altitude média situa-se em torno de 1.100m, e o ponto culminante, 
com 1.336m, fica a noroeste, no local denominado Rodeador, na Chapada da 
Contagem”. 
23 
 
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25 
Conforme o GDF/CODEPLAN na Síntese de Informações Socioeconômicas 
(2008), valendo-se da classificação de Köppen1, o clima do DF pode ser classificado 
como do tipo “tropical de savanas” e “temperado chuvoso de inverno seco”, 
caracterizado pela sazonalidade com uma estação chuvosa e quente e outra fria e 
seca, com precipitação média entre 1.200 mm a 1.700 mm e umidade relativa que 
atinge valores inferiores a 20% no pico da estação seca. 
Drenando aproximadamente 95% do território, as principais bacias 
hidrográficas do DF são a de São Bartolomeu, Preto, Descoberto e Maranhão, que 
fluem para três importantes bacias do Brasil, Paraná, Araguaia/Tocantins e São 
Francisco, entretanto a rede hidrográfica não oferece condições de navegabilidade 
por não haver grandes rios e sim várias nascentes e córregos 
A totalidade do território do DF tem como cobertura vegetal o Cerrado, 
representado por todas as suas fitofisionomias, que “se caracteriza, de um lado, pela 
diversidade, e de outro lado pela beleza cênica e vulnerabilidade, necessitando, 
assim, de adequado plano de ocupação urbana e rural e respectivo manejo” 
(CASTRO, 2004 p. 11). 
Quanto à fauna, por estar localizado em uma área central do Cerrado, o DF 
possui fauna típica que pode ser dividida, conforme o habitat, em espécies 
umbrófilas, heliófilas e ubíquas. 
Planaltina se insere nesse contexto, sendo drenada pelas Bacias do Rio 
Preto, Maranhão e São Bartolomeu, tendo como cobertura vegetal o cerrado e 
comum relevo plano com feições onduladas. 
O espaço urbano do DF é configurado pela polinucleação com pólos de 
urbanização distribuídos pelo território. Apesar de ter havido um planejamento para 
a cidade de Brasília e para as áreas adjacentes próximas, o chamado Plano Piloto, 
não se pensou em como o território absorveria o contingente populacional atraído 
desde a construção da cidade. 
Por essa situação criou-se ou foram surgindo núcleos dispersos de 
urbanização, que deveriam favorecer a construção de um espaço urbano equilibrado 
e bem estruturado, entretanto, o que se viu foi um processo de segregação com a 
distribuição desigual de infraestrutura e de serviços. 
 
1
 Classificação de Köppen é uma divisão do clima criada pelo geógrafo, climatólogo, meteorólogo e botânico 
alemão, Wladimir Köppen, em 1900 que se baseia na pluviosidade e na temperatura. 
26 
Dessa forma não houve a preocupação em se manter, fora do Plano Piloto e 
de poucas RAs projetadas, áreas destinadas à permanência da vegetação nativa, o 
que se reflete na proporção entre os urbano/rural/natural, conforme Castro (2004, p. 
58) argumenta: 
[...] a dinâmica de formação da paisagem no Distrito Federal está 
intimamente relacionada aos intensivos processos de adensamento da 
malha urbana e do crescimento da ocupação agrícola que, em conjunto, 
podem ser considerados os principais componentes das transformações 
territoriais e da redução da área ocupada pela vegetação original do 
cerrado. 
 
Embora tenha origem rural e secular, Planaltina apresenta de forma visível 
esse desequilíbrio em sua sede urbana, a qual possui duas realidades: na parte 
antiga, anterior a criação de Brasília, há áreas verdes, praças e arborização nas 
ruas. Na parte contemporânea à criação da Capital o adensamento é maior e não há 
espaço para o “verde” entre as construções. 
 
2.3 Características Socioeconômicas 
 
A população do DF é composta por pessoas nativas e por oriundas de todos 
os estados brasileiros, principalmente do Nordeste e do Sudeste, atraídas em 
número expressivo na época da construção de Brasília na década de 1960. 
Segundo o IBGE, Censo 2010, a população do DF é de 2.570.160 
habitantes, ou seja, uma densidade populacional de cerca de 444,07 habitantes por 
km². Essa população está distribuída em trinta regiões administrativas, sendo que a 
maior parte reside no ambiente urbano. 
Conforme o GDF/CODEPLAN na Síntese de Informações Socioeconômicas 
(2008), cerca de um terço da população tem no máximo sete anos de estudo, 
entretanto, um terço da população está estudando, sendo que, 15% possuem nível 
superior completo e 5% tem menos de um ano de estudo. 
Quanto à renda média domiciliar bruta, era da ordem de 9,0 salários 
mínimos, em 2004, de acordo com SIS. 
O DF reflete em sua configuração socioeconômica a forma de ocupação do 
território e de produção do seu espaço, com o escopo de preservar o projeto do 
“Plano Piloto”, o assentamento da população de baixa renda foi direcionado à áreas 
periféricas, promovendo o surgimento das Regiões Administrativas. 
27 
Como a criação da maior parte das RAs não foi precedida de planejamento, 
houve uma diversificação considerável nas porções do território do DF, tanto no que 
se refere a aspectos socioeconômicos como de espaço físico. Dessa forma, 
segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação do GDF, 
pode-se classificar, de acordo com as Características socioeconômicas, as RAs em 
três grandes grupos2: 
 Grupo 01 (renda mais alta) – Brasília, Sudoeste/Octogonal, Lago Norte 
e Lago Sul, com participação de 16% da População Economicamente 
Ativa (PEA); 
 Grupo 02 (renda intermediária) – Gama, Taguatinga, Guará, 
Sobradinho, Planaltina, Cruzeiro, Candangolândia, representando 44% 
da PEA; 
 Grupo 03 (renda mais baixa) – Ceilândia, Brazlândia, Samambaia, 
Paranoá, Santa Maria, São Sebastião, Riacho Fundo e Recanto das 
Emas, representando 40% da PEA. 
Planaltina – RA VI – é a cidade mais antiga do DF, fundada em 1859, foi 
integrada ao DF em 1960. Desde então vem recebendo contingentes populacionais 
oriundos da retirada de invasões e de programas de assentamento do GDF, fazendo 
com que atualmente conte com cerca de 234 mil habitantes. 
 
 
 
2
 A época da classificação foram consideradas apenas as RAs efetivamente implantadas. 
28 
3 ANÁLISE DOS DADOS 
 
3.1 PARQUES DA RA VI 
 
A Região Administrativa possui 09 (nove) parques, todos inseridos na Bacia 
do São Bartolomeu, que compreendem uma área de 41,66 km2, ou seja, 2,71% da 
área da RA, bem como 0,72% da área do Distrito Federal. Na figura 05 pode-se 
visualizar a distribuição dos parques, dos quais 05 (cinco) estão inseridos na zona 
urbana e 04 (quatro) na zona rural. 
 
Figura 05 – Localização Geral dos Parques da Região Administrativa VI 
Fonte: Google Earth (27/09/2011), adaptado por Hélio Pereira Feitosa. 
 
3.1.1 Parque Ecológico do DER 
 
Criado pela Lei nº 2.312, de 11 de fevereiro de 1999 o Parque Ecológico do 
DER possui uma área de 196,386 hectares, com um perímetro de 8.011,82 metros, 
estando localizado na Fazenda Grotão, limitando-se com o 1º Distrito Rodoviário do 
Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF), com uma 
área de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e 
com o núcleo rural Bica do DER. 
29 
Devido à extensão do parque fez-se um levantamento amostral escolhendo-se, de forma aleatória, cinco pontos de onde partiram três linhas, paralelas e 
eqüidistantes entre si, rumando para o norte e para o interior da área em um 
transecto de aproximadamente um quilômetro. Foram também percorridas, de carro 
e a pé, as estradas, trilhas e provável perímetro. 
A área do parque se caracteriza pelo predomínio de vegetação da 
fitofisionomia de Cerrado stricto sensu, com relevo plano a plano inclinado, não 
possuir corpos hídricos, áreas úmidas ou cursos de drenagem. 
Embora esteja entre uma área urbana consolidada de alta densidade e uma 
área de transição entre a urbana e a rural, com densidade menor que a área 
anterior, sendo cortado por duas vias de ligação entre as áreas citadas, o parque 
apresenta um aspecto de pouca degradação, como se pode visualizar na foto 01. 
Foto 01 – Área Interna do Parque do DER 
Fonte: Carlos Augusto Araújo Guedes 
 
Constatou-se, com as incursões pelo interior do parque, que há três tipos 
predominantes de degradação ao meio: o depósito de lixo e entulho nas margens 
das vias, queimadas e extração de “cascalho”. 
Observa-se que mesmo com o aviso de que a área trata-se de um parque 
ecológico, é depositado lixo e entulho ao longo das margens das vias que cortam o 
parque e ligam áreas residenciais, como, por exemplo, o demonstrado na foto 02. 
Embora essa prática ocorra ao longo das margens das vias, constatamos que a área 
de depósito não ultrapassa 20 (vinte) metros de largura, ou seja, de distância da 
borda da estrada. 
30 
Foto 02 – Depósito de Lixo e Entulho 
Fonte: Carlos Augusto Araújo Guedes 
 
 Destaque-se que depósitos de lixo e entulho, como o ilustrado, ocorrem 
somente em vias pelas quais transitam carros, não sendo observada tal agressão 
em trilhas utilizadas por pedestres e ciclistas e nas partes mais afastadas das 
residências. 
A queima de lixo e a proximidade de residências potencializa o risco de 
ocorrência de queimadas provocadas por ação antrópica. Podemos constatar, pela 
ausência de serrapilheira3 e árvores com casca queimada, que houve ação do fogo 
em algumas partes do parque que mantêm relação com áreas de circulação, de 
depósito de detritos e próximas a residências, mas que não atingiram extensões 
significativas ao considerarmos o tamanho do parque. 
A extração de “cascalho” (foto 03), que parece ter cessado, foi constatada 
em um local, no interior da área, no qual não foi possível precisar se pertence ao 
parque ou a área de pesquisa da Embrapa, devido à ausência de delimitação. 
A ocorrência de plantas exóticas não deve ser considerada preocupante, 
pois, resumi-se a presença de brachiaria nas bordas do parque e junto aos locais 
onde é depositado lixo e entulho. Também não foram avistados animais domésticos 
nas partes visitadas. 
Pelo estado de conservação, pela extensão, pela topografia plana e pela 
localização, pode-se considerar que o parque tem um potencial considerável para 
cumprir os objetivos de sua criação, servindo como reserva de remanescente de 
Cerrado e como área para prática de atividades de lazer e de educação ambiental, 
carecendo, todavia, de ações para sua implementação, visto que, mesmo havendo 
 
3
 Material precipitado ao solo pela biota, o que inclui principalmente restos vegetais e resíduos animais. 
31 
placa indicativa da existência do parque, não há demarcação, infraestrutura ou 
fiscalização. 
Foto 03 – Área de Extração de Cascalho 
Fonte: Carlos Augusto Araújo Guedes 
 
3.1.2 Parque Ecológico dos Pequizeiros 
 
Criado pela Lei nº 2.279, de 07 de janeiro de 1999 o Parque Ecológico dos 
Pequizeiros possui uma área de 783,16 hectares, com um perímetro de 14.770,00 
metros, estando localizado na área da reserva legal do Núcleo Rural Santos 
Dumont, compreendido entre o Córrego Quinze, o canal de irrigação e os lotes 22 e 
23 do referido núcleo rural. 
Devido a considerável extensão e a configuração fisiográfica e morfológica, 
optou-se pelo levantamento amostral da área do parque escolhendo-se pontos 
aleatórios a partir dos quais foram iniciadas as linhas de transecto utilizando-se a 
configuração de 03 (três) linhas paralelas distantes entre si 50 (cinqüenta) metros. 
Como esse parque possui três estradas (ver figura 06) que o cortam 
longitudinalmente levando a pontos importantes como a cachoeira do córrego 
Quinze, à outra entrada e ao divisor de águas entre as nascentes dos córregos 
Grota da Vereda e Larguinha, os pontos iniciais dos transectos foram dispostos ao 
longo delas adentrando no mínimo 500 metros em ângulo perpendicular a estrada. 
De forma suplementar, o grupo percorreu a pé algumas trilhas. 
 
 
32 
Figura 06 – Estradas e morros do parque Pequizeiros. 
Fonte: Google Maps, adaptado por Hélio Pereira Feitosa 
 
O parque caracteriza-se pela existência de morros que ocupam a maior 
parte de sua área (como se pode observar na figura 06 destacado em verde), por 
pelo menos três nascentes importantes, por ser drenado principalmente pelo córrego 
Quinze e por contar com vegetação variada, podendo-se considerar a existência de 
várias fitofisionomias como o Cerradão, Cerrado stricto sensu, Campo Sujo e 
Cerrado Rupestre. 
Pela sua origem (reserva legal) e extensão a área encontra-se pouco 
degradada, relativamente preservada e é bastante representativa ao considerar-se 
que esta situada no território do Distrito Federal (que é diminuto se comparado a 
maioria dos estados brasileiros) e possuir certa variedade de ambientes. 
Começamos o levantamento de campo da situação desse parque pela 
estrada central que liga a entrada voltada para a DF 130 à outra entrada. Essa 
estrada pode ser dividida em três partes considerando-se sua declividade: a primeira 
parte, que se inicia na entrada principal, a segunda onde se nota um aclive mais 
acentuado e a terceira no topo do morro. 
A primeira parte caracteriza-se por um aclive suave, solo avermelhado de 
textura franco-arenosa com o predomínio de Cerrado stricto sensu, conforme a foto 
04. 
33 
 
Foto 04 – Vista da primeira parte da estrada central 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
 
Nessa primeira parte, mais próxima da área urbana e sob influência direta 
das chácaras vizinhas, destacam-se a presença de animais domésticos, que 
segundo o servidor do IBRAM caçam animais nativos, e a de gramíneas exóticas, 
como as observadas na foto 05. 
 
Foto 05 – Invasão por gramínea exótica em área de Cerrado stricto sensu 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
 
Na foto 05 temos a Brachiaria brizantena, que provavelmente foi introduzida 
na área do Parque a partir das chácaras vizinhas e pelo trânsito de animais, carros, 
máquinas e pessoas dentro da área de conservação. 
A segunda parte caracteriza-se por uma declividade acentuada, por solo 
areno-argiloso amarelado e por vegetação tendendo para o Campo sujo (foto 06). 
34 
 
Foto 06 – Segunda parte da estrada principal 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
 
Nessa parte constatou-se um melhor estado geral de conservação da 
vegetação que se infere ser devido à distância dos limites do parque tendo sofrido 
menor influência externa, exceto pela passagem de pessoas. 
Por falta de atenção às características da área ou por desconhecimento, 
uma estrada foi aberta sem a preocupação de se construir obstáculos ao 
escoamento superficial da água de origem pluvial que desce dos topos dos morros, 
o que vem ocasionando a aceleração de processos erosivos, como se observa na 
foto 07. 
 
Foto 07 – Consequência de escoamento superficial em estrada do Pequizeiros. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
Esse escoamento promove duas situações importantes para o parque, a 
primeira é o carreamentode sedimentos para os canais de drenagem e como 
conseqüência para o leito dos córregos auxiliando o processo de assoreamento. A 
outra situação e a extração de solo, por parte dos chacareiros, para recuperar as 
condições de tráfego dessa estrada. 
35 
Essa extração de solo é feita dentro do parque, na porção final dessa parte 
da estrada, próxima a borda do topo do morro. O local utilizado como caixa de 
empréstimo foi registrado na foto 08. 
 
Foto 08 – Caixa de empréstimo na área do Parque 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
 
Pela localização desse ponto e pela textura do solo, tendendo para areno-
siltoza, os impactos não são apenas locais, pois se tem a potencialização da 
erodibilidade dessa face do morro com o conseqüente carreamento de sedimentos 
para os cursos de drenagem além da perda de vegetação. 
O último terço da estrada compreende o topo do morro, com predomínio de 
solo franco-siltoso avermelhado e vegetação característica de Cerrado strito sensu. 
Nessa parte foi verificado que em alguns pontos a vegetação foi suprimida e o solo 
deixado exposto (como por exemplo o mostrado na foto 09), que foi deixado resto de 
material utilizado no cercamento e que na borda há a ocorrência expressiva de uma 
gramínea exótica, a brachiaria. 
Foto 09 – Ponto de solo exposto no topo do morro. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
 
36 
A segunda parte visitada foi a margeada pela estrada que liga a entrada do 
parque à divisa com o parque da Cachoeira do Pipiripau (parte superior direita da 
figura 06). Essa parte do parque pode ser dividida, de forma empírica, em dois 
seguimentos: o primeiro, da entrada do parque até uma área de afloramento do 
lençol freático que é cortada pela estrada e o segundo que compreende a porção 
entre essa área até o final da estrada. 
O primeiro segmento se caracteriza pelo predomínio de vegetação com 
características de “Cerradão” (foto 10) e por topografia de “encosta de morro”. 
Apesar da proximidade com a estrada, às margens do Parque, não foram avistadas 
espécies vegetais exóticas em número de indivíduos que possa se destacar na 
paisagem, dessa forma, pode-se dizer que o estado de preservação da vegetação é 
condizente com uma unidade de conservação. 
 
Foto 10 – Área com características de Cerradão. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
 
O segundo segmento dessa parte destaca-se pelas áreas úmidas, 
representadas por nascentes com água corrente, por vegetação de transição com 
indivíduos de Cerradão e de Cerrado stricto sensu, por topografia plana inclinada e 
por limitar-se com uma mata ciliar. 
A última etapa do trabalho de campo no Parque se deu com o levantamento 
das condições gerais do ambiente a partir da estrada que liga a entrada principal a 
cachoeira do córrego do Quinze (linha vermelha na parte inferior da figura 06). Essa 
etapa foi dividida em duas partes: a primeira parte que se inicia na entrada principal 
e termina no início do aclive do morro, e a segunda que se estende do fim da 
primeira parte à cachoeira. 
37 
A primeira parte dessa etapa caracteriza-se pelo predomínio de vegetação 
típica de Cerrado stricto sensu e de áreas úmidas, por solo de textura variando e 
franco a franco-arenoso e por topografia plana. 
Destaca-se nessa parte a degradação imposta, às áreas úmidas, pelo 
trânsito de veículos e pessoas que buscam acessar a cachoeira existente no interior 
do parque. Como se pode visualizar na foto 11, nem mesmo a informação das 
implicações penais a quem degrada o meio ambiente impede que a área seja 
degradada, inclusive com a introdução de espécies vegetais exóticas como a 
brachiaria, na porção esquerda da foto 11. 
Foto 11 – Área úmida degradada. 
Fonte: Carlos Augusto Araújo Guedes. 
 
A segunda parte compreende a área composta por morros com vegetação 
variando entre Cerrado stricto sensu, Campo sujo e Cerradão com a textura do solo 
variando de siltoso a argiloso, sendo que nessa parte do Parque está localizada uma 
cachoeira. 
Essa cachoeira (foto 12) é o principal atrativo para os atuais freqüentadores 
do parque, sendo o acesso feito pela estrada mostrada na foto 11 e por trilhas 
percorridas a pé ou com motocicletas. 
38 
Foto 12 – Cachoeira do córrego do Quinze. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
 
A existência desse atrativo fez com que essa parte do parque fosse a mais 
conhecida e freqüentada, e como não há fiscalização eficiente nem respeito as 
regras de utilização de áreas de conservação, resultou em alguns problemas como o 
lixo deixado, a “desova” de veículos roubados e a intensificação de processos 
erosivos pela prática não autorizada de motocross, tendo sido essa última situação 
registrada na foto 13. 
Foto 13 – Afundamento de trilha. 
Fonte: Carlos Augusto Araújo Guedes. 
 
O trabalho de campo realizado nesse parque permitiu ainda a constatação de 
outros problemas como o ingresso de pessoas para coletar frutos como Pequi e 
Ararticum, podendo promover a inserção e disseminação de espécies vegetais 
exóticas no interior do parque, a presença de animais domésticos como cães e 
gatos que caçam e abatem animais da fauna local, além de poder transmitir-lhes 
doenças. Apesar do cercamento a falta de demarcação do polígono e de infra-
estrutura necessária para a proteção do parque. 
39 
O Parque Ecológico dos Pequizeiros possui um aspecto que o diferencia dos 
demais, é usado como base do IBRAM, contando com seis servidores sendo três 
administrativos e três Agentes de Unidade de Conservação de Parques e um carro, 
contudo, não possui gestor. Os servidores do IBRAM partem desse parque para 
fiscalizar os outros parques da RA – VI. 
Outra peculiaridade é o impasse criado com os produtores rurais vizinhos, já 
que o parque foi formado da área que compreendia a reserva legal do núcleo rural 
Santos Dumont deixando-os em desconformidade com a legislação ambiental. 
Apesar dos problemas, o Pequizeiros é o parque melhor estruturado, com 
implantação efetiva e dentre os parque da RA – VI o que está em melhores 
condições gerais de conservação, tanto que é objeto de estudo do curso de 
Engenharia Florestal da Universidade de Brasília, que está presente realizando o 
levantamento das fitofisionomias existentes. 
Se bem gerido, se poderá aproveitar potencial considerável para estudos 
sobre o Cerrado, para conservação, para o desenvolvimento de projetos de 
educação ambiental e para lazer da população, visto que, está a 1,5 quilômetros da 
DF 130 o que o torna acessível a população, ainda que não conte com transporte 
público que leve a área. 
 
3.1.3 Parque Ecológico e Vivencial da Lagoa Joaquim de Medeiros 
 
Criado pela Lei nº 2.247, de 31 de dezembro de 1998, o Parque Ecológico e 
Vivencial da Lagoa Joaquim Medeiros possui uma área de 42,8863 hectares, com 
um perímetro de 3.612,08 metros, estando localizado às margens da rodovia DF – 
230, na área compreendida pela lagoa de mesmo nome. 
A área do parque se caracteriza por terreno plano levemente inclinado com 
duas depressões relativas próximas, que formam dois corpos d’água distintos 
separados por uma faixa de terra de aproximadamente quinhentos metros. Os 
remanescentes de vegetação nativa são inexpressíveis (apenas alguns indivíduos) e 
o grau de antropisação é visivelmente alto. 
Devido às particularidades desse parque, como sua área se restringir aos 
espaços ocupados pelas lagoas e por estar circundada por chácaras, não houve 
possibilidade de se estabelecer linhas de transecto como proposto no método 
adotado. 
40 
Pelo exposto o levantamento das condições gerais do parque foi efetuado 
percorrendo-se, juntos, a parte da margem da lagoa Joaquim Medeiros acessível 
pela DF – 230, avistando-seo restante da margem. Da mesma forma procedeu-se 
com a lagoa Carás, a partir de uma estrada, no interior do núcleo rural Bica do DER, 
que margeia essa lagoa e a separa da Joaquim Medeiros. 
Esses dois espelhos d’água, localizados no núcleo rural Bica do DER são a 
lagoa maior (foto 14) que dá nome ao parque, Joaquim Medeiros, e a menor 
denominada de Lagoa dos Carás (foto 15). 
Foto 14 – Lagoa Joaquim Medeiros 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa 
 
Essas lagoas servem principalmente para a dessedentação de gado bovino 
e, como enunciado anteriormente, não possuem mata ciliar nativa estando 
circundadas por algumas árvores frutíferas e pastagem, composta 
predominantemente por Brachiaria brizantha. 
Foto 15 – Lagoa dos Carás 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa 
 
Como pode ser observado nas duas fotos anteriores, uma espécie de 
gramínea, Hemarthria yqüífero (capim-mimoso-de-talo, hemártria), está invadindo a 
41 
área do lago, o que certamente aumenta a demanda bioquímica por oxigênio 
dificultando a vida de espécies psículas. Nota-se, ainda, que nas margens outra 
gramínea predomina, a Brachiaria, que à medida que a lâmina d’água recua,vai se 
estabelecendo no antigo fundo da lagoa. 
Foi constatado, também, que a área das lagoas apresenta processos 
erosivos em suas margens e assoreamento, notado na figura 07, e pela presença de 
vegetação afastada da margem. 
Figura 07 – Hachurado em vermelho, áreas de assoreamento de lagoas. 
Fonte: adaptado do Google Maps por Hélio Pereira Feitosa 
 
Conforme observação empírica, a recarga desses corpos hídricos se dá por 
águas pluviais e pelo afloramento do qüífero superficial. Em detrimento de tratar-se 
apenas de corpos d’água superficiais de pequena profundidade são sujeitos às 
práticas de prospecção para irrigação e dessedentação de animais, o que parece 
culminar no rebaixamento da lâmina de água, que no dia da visita (18 de setembro 
de 2010) não passava de 60 (sessenta) centímetros. 
Desse modo, embora haja placas advertindo sobre a proibição à natação e à 
pesca, não se pode afirmar que estão sendo adotadas medidas de proteção aos 
recursos hídricos nesse parque. 
Como é proibido nadar e pescar, e a única forma de acesso às lagoas é pela 
rodovia citada anteriormente e por uma estrada de terra vicinal, já que no restante 
42 
do perímetro é ocupado por propriedades particulares, o potencial para 
desenvolvimento de atividades de lazer é limitado. 
Devido aos usos que se faz e o estado de degradação do parque, infere-se 
que não há ação de administração e planejamento do parque bem como ausência 
de participação da sociedade civil, já que não houve a implantação e instalação de 
infraestrutura. 
 
3.1.4 Parque Ecológico e Vivencial Cachoeira do Pipiripau 
 
Criado pela Lei nº 1.299, de 16 de dezembro de 1996, o Parque Ecológico e 
Vivencial Cachoeira do Pipiripau possui uma área de 88,2100 hectares, com um 
perímetro de 5.584,47 metros, estando localizado às margens do ribeirão Pipiripau, 
nas proximidades da confluência da Rodovia DF- 230 com o córrego Cachoeirinha. 
A área que se presume ser compreendida pelo Parque tem como principais 
características a existência de Veredas, sua topografia de vertentes e cobertura 
vegetal predominante de Mata ciliar e Veredas. 
A localização do Parque é favorável a conservaçãonão só pela existência de 
confluências da rede de drenagem em seu interior, mas também por ser vizinho ao 
Parque Ecológico dos Pequizeiros, sendo separados em um ponto apenas por uma 
estrada e pelo canal de irrigação do núcleo rural Santos Dumont (conforme foto 16). 
É notório que tal proximidade favorece a troca de material genético entre os 
Parques. 
Foto 16 – Divisa dos parques, à direita Pequizeiro e a esquerda Cachoeira do Pipiripau. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
 
Apesar de as confluências dos córregos Capão Grande/Cachoeirinha, 
Cachoeirinha/Larguinha e Cachoeirinha/Rio Pipiripau estarem no interior do Parque, 
43 
nenhuma nascente importante foi abrangida pelo provável polígono constituindo-se 
em uma área de conservação, essencialmente, de Veredas, Mata Ciliar e parte dos 
cursos de drenagem. 
Como o Parque não tem polígono definido e a área que se presume formar a 
unidade, pelas referências citadas na lei de criação, está ocupada por diversas 
chácaras, o Método de Caminhamento, utilizado para a execução do levantamento 
do estado geral do Parque, teve que sofrer consideráveis modificações. 
Diante da impossibilidade de acessar o interior da área, por falta de 
consentimento dos chacareiros, o transecto para o trabalho de campo se constituiu 
com o percorrimento do perímetro das chácaras pela DF – 230 e pela estrada 
vicinal, que acompanha o canal de irrigação, do núcleo rural Santos Dumont. 
Nesse transecto foram escolhidos de forma aleatória 08 (oito) pontos (03 
(três) na parte da estrada vicinal do núcleo rural Santos Dumont paralela a DF – 230, 
03 (três) na DF – 230 e 03 (três) na parte da estrada vicinal do núcleo rural Santos 
Dumont perpendicular a DF – 230). A partir desses pontos o grupo efetuava a visada 
do interior da área e debatia sobre as características percebidas. 
Uma característica de destaque é o grande número de Buritis, o que suscita 
que o nome do Parque deveria ser Parque dos Buritis ou das Veredas e não 
Cachoeira do Pipiripau, que é o nome do lugar onde está a confluência do córrego 
Cachoeirinha com o rio Pipiripau e que é explorado de forma degradatória. 
Do levantamento feito a partir do trabalho de campo pode-se perceber que a 
maior parte da vegetação foi suprimida reduzindo-a a Mata ciliar e a Veredas, sendo 
que essa última já sofre com desflorestamento e aterramento. 
Outra constatação de destaque é a considerável antropização imprimida à 
confluência do córrego Cachoeirinha com o Rio Pipiripau, na qual toda a vegetação 
nativa foi suprimida tendo às margens dos cursos d’água recebido obra de 
engenharia, assim como as áreas adjacentes que contam com campos de futebol, 
chalés, quiosques e um bar. Além dessas intervenções em área de proteção 
permanente, o local foi cercado e é cobrado entre R$ 5,00 (cinco reais) e R$ 20,00 
(vinte reais) a entrada. Na foto 17 pode-se visualizar o grau de modificação sofrido 
pelo ambiente nessa parte do Parque. 
44 
Foto 17 – Mata Ciliar suprimida e margem com obra de engenharia. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
 
Quanto à ocorrência de espécies exóticas, foi constatada a presença de 
animais domésticos como cães, aves e bovinos, e especificamente a flora é visível a 
existência de mangueiras, bananeiras, eucaliptos, bambu amarelo (Bambusa 
vulgaris), cana e Sansão-do-campo (Mimosa caesalpineaefolia), além da ocupação 
massiva por gramíneas, com destaque para a Brachiaria e para o Andropogon. 
Há também vizinhos com considerável potencial para degradar o parque, 
como uma chácara com adensamento de residências, uma granja de aves e uma 
chácara, entre o Parque e o Pequizeiros, que está construindo uma cerca com 
telhas de zinco (foto 18), que se sabe ser intransponível para alguns animais, além 
de alterar a dinâmica dos ventos no local. 
Foto 18 – Cerca de telhas de zinco em chácara entre o Pequizeiros e Cachoeira do Pipiripau. 
Fonte: Carlos Augusto Araújo Guedes. 
 
Como mencionado em levantamentos anteriores, como o projeto Adote um 
Parque, o Parque possui considerável potencial de “balneabilidade” por sua área 
abranger 4 (quatro) confluências de cursos d’água, compostas pelos córregos 
45 
Cachoeirinha, Capão Grande e Larguinha e pelo rio Pipiripau, que possuem água 
cristalina e por estar às margens da DF 230. 
Quanto ao estado de degradação, é notoriamente alto, assim como o grau 
de antropizaçãoinviabilizando a classificação como parque ecológico. 
 
3.1.5 Parque Ecológico e Vivencial do Retirinho 
 
Criado pela Lei nº 2.355, de 26 de abril de 1999, o Parque Ecológico e 
Vivencial do Retirinho possui uma área de 663,6459 hectares, com um perímetro de 
22.529 metros, estando localizado na fazenda Mestre D’Armas, à margem direita do 
córrego Atoleiro. 
O Parque limita-se com a BR – 020, com os setores residenciais Norte/A, 
Leste 2, 3 e 4 e Arapoanga, com o núcleo rural Córrego do Atoleiro e com a DF – 
345 e possui diversas estradas e trilhas que dão acesso ao interior da área. 
A área do Parque caracteriza-se pelo predomínio de vegetação 
característica da fitofisionomia de Cerrado stricto sensu, solo bem drenado de 
topografia plana a plana inclinada contando com uma considerável variação de 
altitude e com ocorrência de pequenas colinas, conta ainda com uma rede de 
drenagem composta pelo Córrego do Atoleiro e por outros cursos menores, como o 
Retirinho. 
A viabilização da aplicação do método do caminhamento, com o intuito de se 
fazer o levantamento do estado geral de conservação dessa Unidade, foi obtida com 
o percorrimento de carro das estradas existentes, familiarizando-se com o espaço e 
efetuando-se a escolha dos possíveis pontos de inserção dos transectos. 
Para a execução do levantamento, a campo, do estado geral do Parque 
foram alocados 15 (quinze) pontos distribuídos pelas estradas que partem dos 
Setores Residenciais Norte/A e Buritis III e do Núcleo Rural Córrego do Atoleiro. 
De cada ponto partiram 03 (três) linhas paralelas e distantes entre si 50 
(cinqüenta) metros com extensão mínima de 500 (quinhentos) metros. 
De forma complementar foram visitados o Córrego do Atoleiro na divisa 
entre os setores residenciais Arapoanga e Buritis IV, o córrego Retirinho e uma 
antiga área de depósito de lixo. 
Devido a sua localização, extensão, distribuição e a existência de várias 
estradas e trilhas o Parque é de fácil acesso servindo de ligação para vários pontos 
46 
da cidade. Tal situação criou dificuldades para a preservação e a conservação da 
área, conferindo um estado de degradação generalizado. 
Como registrado na foto 19 há inúmeros depósitos irregulares de entulho e 
lixo em toda a extensão do Parque, ora de forma pontual, ora de forma linear e 
embora o acúmulo desses resíduos seja mais evidente, pela concentração, nas 
bordas da área e nas margens das estradas, no interior também é recorrente a 
existência desses depósitos irregulares. 
Foto 19 – Depósito irregular de entulho e antropização de área do Parque Retirinho. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
 
Por esses depósitos de resíduos, pelo trânsito de pessoas e animais 
exóticos e por limitar-se com chácaras e fazendas, pode-se observar a ocorrência de 
espécies vegetais exóticas. O Parque sofre com a infestação por gramíneas 
africanas, com destaque para as variedades de brachiaria, tal situação é 
exemplificada na foto 20. 
Foto 20 – Ocupação massiva por gramíneas africanas. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa. 
 
Outra situação observada é o parcelamento irregular do solo com ocupação 
para uso urbano na divisa do Parque com os setores habitacionais Buritis III e IV. 
47 
Algumas famílias construíram barracos constituindo um prolongamento da área 
urbana. Devido à temeridade de que os invasores se tornassem hostis, não 
registramos em foto a ocupação. 
Ao percorrer o interior do Parque foi constatada a existência de áreas 
pontuais desflorestadas que foram ocupadas por uma única espécie de gramínea 
(Brachiaria SP.), fato que sucinta a dúvida se houve a intenção de formar pastagem. 
Na foto 21 temos um exemplo desse fato. 
Foto 21 – Área pontual de desflorestamento colonizada por gramínea exótica. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa 
 
Em outro ponto desflorestado, o solo está exposto com a presença de 
vegetação secundária esparsa e por gramíneas exóticas. Pelas características da 
área inferi-se que o desflorestamento ocorreu para a extração de solo, pois, embora 
pareça não haver mais essa atividade, o parco desenvolvimento de vegetação 
secundária indica que houve a remoça de grande parte do banco de sementes 
presente nas camadas superficiais do solo. Na foto 22 visualiza-se a situação da 
área e as características narradas. 
Foto 22 – Área pontual desflorestada com solo exposto. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa 
48 
Da imagem 08 pode-se inferir que há no Parque uma área de extração de 
solo, entretanto não foi possível fazer a constatação in loco por não dispormos de 
veículo adequado, visto que a estrada que dá acesso ao local parece não ser mais 
utilizada e não oferece condições para o trânsito de carro de passeio. 
Imagem 08 – Possível área de extração de solo. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa 
 
Quanto à observação da ocorrência de animais exóticos, nos deparamos 
com uma “boiada” transitando pelo Parque, em contraposiçãoo, na parte próxima à 
Estação Ecológica de Águas Emendadas (ESECAE), encontramos um grupo de 
aproximadamente 10 (dez) primatas de pequeno porte, que julgou-se ser Micos-
estrela (Callithrix penicillata). 
Apesar dos problemas existentes no Parque, constitui-se como uma unidade 
de considerável potencial para a manutenção do Cerrado pela extensão de sua 
área, por estar próximo à ESECAE, havendo a possibilidade de ser utilizado como 
“extensão” dessa Estação Ecológica, e por ser de fácil acesso, como local para a 
prática de caminhada e de lições de Educação Ambiental, além de poder receber um 
mirante em um dos pontos desflorestados que dá vista à cidade, como observado na 
foto 23. 
49 
Imagem 23 – Vista de parte do Parque e da cidade a partir de área desflorestada. 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa 
 
3.1.6 Parque Recreativo Sucupira 
 
Criado pela Lei nº 1.318, de 23 de dezembro de 1996, o Parque Recreativo 
Sucupira possui uma área de 124,4390 hectares, com um perímetro de 5.557,19 
metros, estando localizado no perímetro urbano da Região Administrativa de 
Planaltina, entre o Setor Norte, a Vila Nossa Senhora de Fátima e a região oeste do 
prolongamento da Avenida Gomes Rabelo. 
Trata-se de uma área contigua a Área de Proteção Permanente do Córrego 
Fumal, estendendo-se da BR 020 ao Setor Residencial Norte. Caracteriza-se por um 
relevo plano inclinado cuja vegetação predominante apresenta indivíduos que 
poderiam caracterizar o Cerrado stricto sensu. 
Na visita a esse parque pode-se utilizar o método proposto (Caminhamento) 
sem significativas adaptações, tendo-se estabelecido três linhas equidistantes cem 
metros. Para tanto, aproveitou-se uma estrada existente, que corta o parque 
longitudinalmente, como linha de transecto para alocar as demais por ser lindeira à 
ocupações irregulares localizadas na área de mata ciliar do córrego do Fumal. 
Dessa forma, percorreu-se o parque da BR – 020 ao Setor Residencial Norte 
Devido sua localização, é de fácil acesso e serve de caminho para pedestres 
e ciclistas que vão dos setores adjacentes ao parque para outros setores que 
margeiam a BR 020. 
Também devido a sua localização, como se pode observar nas fotos 24 e 
25, a vegetação sofre degradação com queimadas freqüentes e com o depósito 
irregular de entulho e outros detritos. 
50 
 
Foto 24 – Vegetação do Parque Sucupira após queimada 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa 
 
Foto 25 – Depósito Irregular de Entulho no Parque Sucupira 
Fonte: Hélio Pereira Feitosa 
 
Destaque-se que durante a visita ao parque não foi avistado nenhum 
exemplar de fauna e constatou-se a ocorrência de plantas exóticas nas chácaras, 
como frutíferas, gramíneas e eucalipto e próximo a BR 020 (agaves, gramíneas e 
mangueiras). 
Outro problema e a questão

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