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2 Terra Cap Ibracon

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Instituto Brasileiro do Concreto 
 
Livro Materiais de Construção Civil 
 
1
 
CAPITULO 45 
TERRA CRUA PARA EDIFICAÇÕES 
 
Normando Perazzo Barbosa (1) Khosrow Ghavami (2) 
 
(1) Professor Titular, Doutor, Departamento de Tecnologia da Construção Civil 
Centro de Tecnologia, Universidade de Federal da Paraíba 
Cidade Universitária, 58059-900 João Pessoa – PB 
email: nperazzo@lsr.ct.ufpb.br 
 
 (2) Professor Titular, PhD, Departamento de Engenharia Civil 
PUC-Rio, Rua Marques de São Vicente, 225 
Gávea, 22453-900-Rio de Janeiro - RJ 
email: ghavami@dec.puc-rio.br 
 
 
1 Introdução 
A terra crua, ou seja, no seu estado natural, sem ter sido queimada, já é utilizada, 
desde muito tempo na construção de estradas e barragens. Aqui, o enfoque é dado para 
o uso da terra como material de construção de edificações. 
Construir é uma atividade relativamente recente na história da humanidade. De 
fato, o homem já era capaz de fazer jóias, pinturas, artefatos de caça e pesca, quando há 
cerca de 10 mil anos, com o advento da agricultura, sentiu necessidade de construir suas 
moradas para aguardar as colheitas. Evidentemente, os primeiros materiais de construção 
utilizados foram aqueles ofertados pela natureza, como pedra, palha, galhos e troncos de 
árvores, pele de animais e, sem dúvida, a terra. Com o advento dos materiais 
industrializados, a terra foi sendo esquecida como material de construção, mas, mesmo 
assim, ela ainda hoje abriga parcela significativa da humanidade. Em países asiáticos, 
africanos e do oriente médio, existem ainda cidades construídas quase que inteiramente 
com esse material. Na Figura 1, vêem-se os exemplos oriundos da civilização persa, em 
que a terra misturada a palhas ou a fibras vegetais era material de construção básico. 
 No continente americano, a terra como material de construção foi usada pelos 
incas, maias e mesmo pelos índios norte-americanos. Na Figura 2, vêem-se edificações 
de terra feitas na região de Trujilo, no Peru, país onde, ainda hoje, quase metade das 
moradias é feita de terra. É interessante notar que os índios brasileiros não construíam 
casas de terra, preferindo utilizar madeira e palhas. Assim, no Brasil, a construção com 
terra foi introduzida pelos portugueses. Muitas construções coloniais de qualidade, 
espalhadas por todo o país, foram feitas com a terra crua. Minas Gerais (Figura 3) é ainda 
um exemplo vivo do bom uso que se pode fazer desse material. 
A tradição milenar da terra é agora revivida quando problemas ambientais 
ameaçam o futuro do Planeta. Tome-se como exemplo a fabricação de tijolos e telhas 
cerâmicas. Grande parte das indústrias utiliza como combustível a vegetação local, 
levando ao agravamento do problema do desmatamento. Em certos casos, como em 
algumas zonas do Nordeste Brasileiro, tal problema está a contribuir para o fenômeno da 
desertificação. Somem-se a isso a emissão de gás carbônico causado pela queirma da 
lenha e a enorme quantidade de resíduos gerada por conta de peças cerâmicas que se 
quebram durante o processo de fabricação. Tais resíduos são lançados aleatoriamente na 
natureza, que tem dificuldade a reincorporá-los. 
Instituto Brasileiro do Concreto 
 
Livro Materiais de Construção Civil 
 
2
 
 
Figura 1 – Cidades construídas em terra crua no Iran: Bam (antes do terremoto de 2003, à 
esquerda) e Yazd (à direita). 
 
 
Figura 2 – Construções pré-colombianas de terra no Peru (Chan Chan). 
 
 Figura 3 – Construções coloniais de terra crua em Minas Gerais. 
 A simples utilização, quando possível, da terra crua, em suas diversas formas, nas 
construções seria benéfica para o futuro da humanidade. Esse material milenar, a terra, 
apresenta vantagens, dentre as quais se pode citar: 
Instituto Brasileiro do Concreto 
 
Livro Materiais de Construção Civil 
 
3
- disponibilidade; 
- propriedades térmicas superiores; 
- absorção e liberação de umidade mantendo ambiente saudável; 
- geração mínima de poluição e baixo consumo energético no seu manuseio; 
- fácil re-incorporação na natureza; 
- facilidade de gerar tecnologias apropriadas. 
 
De fato, a terra é um dos materiais mais abundantes na natureza. Termicamente, 
tem umaum desempenho superior aos tijolos cerâmicos. Um estudo de Garzon (2002) 
mostra que a carga térmica que atravessa uma parede de 20 cm rebocada em ambos os 
lados, num certo intervalo de tempo, é três vezes menor num muro de tijolos crus de solo-
cimento que num de tijolos cerâmicos furados. 
Do ponto de vista do controle de umidade relativa do ar nas edificações, 
experimentos de Minke (2005) mostram que, em um ambiente com 30 m2 de paredes e 3 
m de altura, quando a umidade subitamente passa de 50% para 80%, se forem de tijolos 
de terra crua, as paredes absorvem 9 litros de água em 48 h, ao passo que uma parede 
idêntica de tijolos cerâmicos só seria capaz de absorver 0,9 litros no mesmo período. Se 
ocorrer o contrário, a umidade relativa diminui, as paredes de terra liberam de volta a 
umidade ao ambiente. Por isso, as casas de terra na Europa são tidas como benéficas 
para a saúde. 
 Sendo um material natural, seu manuseio se faz com geração mínima de poluição. 
O consumo energético envolvido é sempre muito menor que o de materiais de construção 
convencionais. Mesmo quando a terra é associada a materiais industrializados, estes 
entram em pequenas proporções; assim, a re-incorporação na natureza é relativamente 
fácil. 
Quanto à eficiência energética, a fabricação de cimento, cal, cerâmica, aço, 
alumínio exige altas temperaturas, ao passo que a terra crua não recebe tratamentos 
térmicos. Se à terra são incorporados materiais como cal ou cimento Portland, pelo fato 
citado de estes entrarem em baixas taxas, globalmente o consumo energético é 
muitíssimo menor que o dos materiais de construção convencionais. 
Finalmente, uma outra vantagem da terra como material de construção é a 
facilidade de gerar tecnologias apropriadas. Pode-se dizer que tecnologia apropriada é 
aquela fácil de se transmitir e de ser absorvida por população com pouca instrução, 
envolvendo equipamentos simples e procedimentos pouco sofisticados. Assim, enquanto 
a fabricação de tijolos cerâmicos exige equipamentos caros e um processo centralizado, 
além de mão-de-obra especializada tanto para fabricá-los quanto para aplicá-los, a 
produção de blocos de terra prensada pode ser feita facilmente com uma prensa manual 
transportável de um local a outro por pessoas que recebam um simples treinamento, 
como se vê na Figura 4 (Barbosa e Mattone, 2002). 
 O apelo ecológico tem feito renascer a arquitetura de terra que, nos dias de hoje, 
está sendo procurada não só pelas pessoas desfavorecidas, mas mesmo pelas camadas 
mais privilegiadas da sociedade atual. Na Figura 5, vê-se um exemplo de moderna 
aplicação da terra, numa casa de luxo, no sul dos Estados Unidos, e numa Igreja cujas 
paredes são de terra, no sul da França. 
 
Instituto Brasileiro do Concreto 
 
Livro Materiais de Construção Civil 
 
4
 
Figura 4 – Fabricação e construção com tijolos prensados de terra crua: exemplo de tecnologia 
apropriada. 
 
 
Figura 5 – Construções modernas de terra: casa de luxo no Novo México, Estados Unidos, e 
Igreja no sul da França. 
 
1.1 Tecnologiasde construção com terra 
 Existem mais de vinte tecnologias de construção com terra, além de suas variantes 
locais (Houben e Guillaud, 1989). No entanto, simplificadamente, elas podem ser 
divididas de três grupos, conforme a maneira de se elevarem as paredes: 
- alvenaria; 
- monolítica; 
- mista. 
 
 Na alvenaria, utilizam-se elementos individuais (blocos ou tijolos) que são unidos 
entre si através de um outro elemento, a argamassa. No Brasil, nessas técnicas, têm-se 
os tijolos de adobe e os blocos de terra comprimidos (Figura 6a). 
 Na técnica monolítica, as paredes são feitas monoliticamente com a terra 
compactada entre duas formas (Figura 6b). Essa técnica é conhecida como taipa de pilão. 
 Finalmente, na técnica mista, a terra serve de enchimento a uma estrutura, 
geralmente de madeira, e não tem função estrutural (Figura 6c). No Brasil, tem-se a taipa 
de mão, ou simplesmente taipa. 
Muitas outras variações dentro desses três grupos existem, sobretudo na Ásia e 
mesmo na África. Em Houben e Guillaud (1989), encontram-se descrições de outros tipos 
de tecnologia além das já citadas. 
 Aqui será dado destaque às alvenarias de tijolos de terra, pela facilidade de 
fabricação e utilização. Em todos os casos, é necessário se conhecerem as propriedades 
da terra, de forma a se fazer uma boa aplicação dela. 
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Livro Materiais de Construção Civil 
 
5
 
 - a - - b - - c - 
Figura 6 – Modos de uso da terra: a) alvenaria de blocos de terra comprimida; b) paredes 
monolíticas, c) técnica mista. 
 
2 Propriedades da terra 
 Pode-se dizer que terra é a porção granular que reveste parte da crosta terrestre, 
originária da decomposição das rochas, por conta das ações da natureza, como variações 
de temperatura, movimentos de geleiras, chuvas, rios, marés, ventos, terremotos, vulcões 
e a própria vida. 
 Neste item, abordam-se alguns aspectos do material terra em geral, sempre se 
tendo em conta que, aqui, o objetivo é o emprego da terra na construção de edificações. 
 
2.1 Composição química 
 Na crosta terrestre, os elementos químicos mais abundantes são o oxigênio (46,7% 
em massa), silício, (27,7%), alumínio (8,1%) e ferro (5%), seguindo-se cálcio, sódio, 
potássio, magnésio, titânio, hidrogênio, etc. Esses elementos, normalmente, apresentam-
se na forma de óxidos, que é a forma mais estável na natureza. Então, os principais 
componentes químicos encontrados na terra são sílica (SiO2), alumina (Al2O3) e hematita 
(Fe2O3), havendo, ainda, a presença dos outros óxidos dos elementos acima citados. A 
percentagem desses compostos é bem variável de um local a outro. Em geral, a sílica é 
majoritária; porém, nos solos lateríticos (solos avermelhados encontrados principalmente 
nas regiões tropicais da Terra), o teor de alumina pode se aproximar do de sílica. A 
coloração para o vermelho é devida ao teor de ferro mais elevado que nas terras comuns. 
 
2.2 Composição granulométrica 
 No domínio da Contrução com Terra, como também na Mecânica dos Solos, é 
importante o conhecimento das dimensões das partículas que compõem a terra, pois seu 
comportamento mecânico delas depende. Por isso, segundo o diâmetro médio das 
partículas, elas são classificadas em: 
- pedregulho – partículas de dimensões entre 4,8 e 50 mm; 
- areia – partículas de dimensões entre 50 µm e 4,8 mm; 
- silte – partículas finas entre 5 µm e 50 µm; 
- argila – partículas finíssimas só visíveis ao microscópio, com dimensões inferiores a 5 
µm. 
 Os limites acima apresentados não são absolutos. Na literatura, encontram-se 
variações para eles. 
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6
 Em geral, os três primeiros componentes acima apresentados são quimicamente 
inertes, ou seja, não reativos, quando postos em presença de cal ou cimento. 
 O pedregulho e a areia constituem o esqueleto sólido do material terra. A fração 
arenosa apresenta grande capacidade de mobilizar atrito interno, desde que haja contato 
entre os grãos. No estado compactado, é praticamente incompressível. Nos tijolos de 
terra crua e nas paredes monolíticas, a presença da areia é indispensável para lhes dar a 
estrutura resistente aos esforços mecânicos. 
 O silte consegue absorver água em seus poros, permitindo tanto uma diminuição 
do atrito interno dos grãos, quanto seu rearranjo, preenchendo os vazios quando o solo 
sofre uma pressão de compactação. 
 A argila, sendo o último estágio de fracionamento da terra, é formada de partículas 
de forma lamelar, com uma superfície específica muito superior à dos demais 
componentes do solo. É quimicamente ativa, reagindo com a cal e com componentes do 
cimento. Em qualquer tecnologia de construção com terra, esta é manipulada sempre com 
a presença de água. A existência de argila é necessária para dar a requerida coesão à 
terra úmida. Ela se comporta, pois, como um ligante. 
 Os componentes do solo de maior dimensão, pedregulho e areia (grossa, média e 
fina) podem ser obtidos por peneiramento, ensaio normalizado no Brasil pela NBR 7181 
(ABNT, 1984). A percentagem de silte e de argila são determinadas, comumente, pelo 
ensaio de sedimentação, cujo procedimento é indicado também na citada norma. 
Como as argilas são fundamentais para a construção com terra, algumas 
considerações a mais serão feitas a respeito delas. 
 
2.3 Argilas 
 As argilas são minúsculas partículas de forma lamelar, compostas principalmente 
de alumino-silicatos hidratados formados durante o processo de lixiviação (perda de 
constituintes pela ação da água que os dissolve e transporta) das partículas mais grossas 
dos minerais rochosos originais. 
 Um cristal de argila é composto por um grupo de lamelas separadas por uma 
distância dita distância interfoliar (Figura 7). Entre as lamelas podem existir íons de 
elementos alcalinos ou alcalino-terrosos. Segundo o tipo de argila, a ligação entre as 
lamelas pode variar de forte a fraca e permitir ou não a penetração de água entre elas. 
 
 
 Figura 7 - Partícula de argila 
 Três são os tipos principais de argilas encontradas na natureza: 
- caulinita; 
- ilita; 
- montmorilonita. 
 
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7
 Caulinita – as lamelas de argila são compostas de uma camada de tetraedros de 
sílica (Si O2) ligada a outra camada de octaedros de alumina (Al2 O3), constituindo-se 
numa estrutura tipo 1-1, como se vê na Figura 8. Só nas bordas das camadas é que há 
cargas negativas, de pequena capacidade de fixação de íons. A distância interplanar 
basal (distância entre os planos inferiores das lamelas indicada na Figura 8) é fixa e da 
ordem de 7 Angstrons (7x10-10 m ou 0,7 nm), e a ligação entre as lamelas é forte, 
impedindo, praticamente, adsorção de água. O resultado disso é a caulinita ser, 
praticamente, estável em contato com a água, não apresentando expansão significativa 
em contato com ela. 
 
 
Figura 8 – Estrutura da argila caulinita, adaptado de Houben e Guillaud (1989). 
 
 Ilita – as lamelas são formadas uma camada octaédrica de alumina envolvida por 
duas camadas tetraédricas de sílica, constituindo uma estrutura tipo 2-1 (Figura 9). Íons 
de magnésio ou de ferro podem substituir, em parte, o alumínio na camada central, assim 
como íons de alumínio podem substituir o silíciona camada silicosa. As cargas negativas 
das bordas das camadas são equilibradas por íons de potássio que unem as lamelas com 
uma intensidade que mantém fixa a distância interplanar da ordem de 0,9 nm a 1,0 nm; 
porém, essa força de ligação é inferior à que ocorre na caulinita. Conseqüentemente, a 
ilita não é estável em contato com a água, sendo um pouco expansiva. 
 
 
Figura 9 – Estrutura da argila ilita, adaptado de Houben e Guillaud (1989). 
 
 Montmorilonita – apresenta, como a ilita, estrutura tipo 2-1 (Figura 10), mas, dentro 
da camada octaédrica central, os íons de alumínio podem ser permutados por íons de 
outros elementos químicos, como magnésio, ferro, manganês, níquel. As lamelas são 
fracamente ligadas eletricamente, e os íons que ligam a estrutura da argila não são mais 
de potássio, porém cátions de sódio, de cálcio e moléculas de água. A distância 
interplanar basal é variável, podendo ser da ordem de 1,4 nm a 2,0 nm. 
Conseqüentemente, a água penetra com facilidade entre as lamelas. Por conta disso, diz 
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8
–se que a montmorilonita não é estável em presença de água. De fato, ela apresenta 
notável expansão quando em contato com água. 
 
 Por conta dessa propriedade de expansibilidade, solos com muita montmorilonita 
não são convenientes para as construções com terra crua. 
 Assim, antes de se começar um empreendimento de construção com terra, é 
conveniente se proceder a ensaios de caracterização do material, inclusive com a 
determinação dos tipos de argila presentes. Por meio de difratometria de raios X, pode-se 
identificar as diferentes argilas. 
. 
 
Figura 10 – Estrutura da argila montmorilonita, adaptado de Houben e Guillaud (1989). 
 
2.4 A água no solo 
 A quantidade de água presente na terra, quando de seu uso em qualquer das 
tecnologias construtivas nas quais ela seja empregada, influi de maneira considerável na 
qualidade do produto final. 
 Normalmente, a terra é composta pelas três fases: sólida (os grãos em si), líquida 
(água) e gasosa (bolhas de ar e de vapor d’água). Os grãos que constituem o esqueleto 
sólido do solo representam sempre uma fase independente. Porém, dependendo da 
quantidade relativa de água e ar dentro dos poros do solo, as fases líquida e gasosa 
podem constituir uma fase única (Figura 11) (Olivier, 1994). 
 No caso mostrado à esquerda da Figura 11, a terra está com baixa umidade. A 
fase gasosa é diferenciada da fase líquida, havendo dificuldade de os grãos deslizarem 
uns sobre os outros e de com ela se moldarem os elementos construtivos (tijolos, 
paredes). Já à direita da Figura 11, tem-se o caso em que a mobilidade dos grãos é 
facilitada pela água que contém, em geral, pequenas bolhas de ar no seu interior, 
constituindo-se numa fase fluida única. Torna-se claro o fundamental papel 
desempenhado pela água na construção com terra. 
 
 
Figura 11 – Fases existentes na terra, adaptado de Olivier (1994). 
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Livro Materiais de Construção Civil 
 
9
2.4.1 Tipos de água no solo 
 A água contida no solo pode ser classificada em: 
a) água de constituição – a que faz parte da estrutura molecular da partícula sólida; 
b) água adsorvida – aquela contida na película de água que envolve e adere fortemente à 
partícula sólida; 
c) água livre – a que enche os vazios grandes entre os grãos, sendo seu estudo regido 
pelas leis da Hidráulica; 
d) água higroscópica – aquela que se encontra no solo seco ao ar, correspondendo à 
umidade de equilíbrio do solo com a atmosfera; 
e) água capilar – a que fica nos interstícios capilares muito finos deixados pelas partículas 
sólidas entre si, atingindo uma altura além da superfície livre da água. 
 As águas livres, higroscópica e capilar são as que podem ser totalmente 
evaporadas a temperaturas pouco superiores a 100oC. Elas serão consideradas daqui por 
diante. 
 
2.4.2 Densidade seca 
 Um parâmetro utilizado quando se faz uso da terra como material de construção, 
como em estradas, barragens, paredes compactadas ou tijolos prensados de terra crua, é 
a densidade seca do solo, γd. Este corresponde ao peso da fração sólida dividida pelo 
volume total em questão, ou seja, é a densidade tendo sido eliminada a água (livre, 
higroscópica e capilar). Essa densidade seca é também chamada de peso específico 
aparente do solo seco. Se P é o peso de um tijolo ou de uma quantidade de solo, com a 
umidade w (peso de água dividida pelo peso da parte sólida) e V o volume: 
 
γd )1( wV
P
+
= (Equação 1) 
2.4.3 Umidade ótima 
 O conceito de umidade ótima se aplica quando se trabalha com a terra 
compactada, como é o caso dos tijolos prensados e a taipa de pilão. 
 As bolhas de ar que existem na terra podem ser expulsas se ela sofrer uma 
compressão que empurre as partículas entre si, diminuindo os vazios. Então, aplicando-se 
uma certa energia de compactação, pode-se variar a densidade seca do material. Para 
uma mesma energia aplicada à terra, promovendo sua redução de volume, a densidade 
seca resultante depende da quantidade de água presente. Existe um valor, dito umidade 
ótima, com a qual se obtém a máxima densidade seca. Na mecânica dos solos, utiliza-se 
o ensaio conhecido como de compactação ou ensaio Proctor. Nesse teste, deixa-se cair 
um peso padronizado sobre a amostra de solo contida em um cilindro que nele é posta 
em camadas. Cada camada recebe 25 golpes. Fazendo-se variar a umidade, obtém-se a 
curva de compactação que tem o aspecto indicado na Figura 12. O pico do gráfico 
corresponde à chamada umidade ótima. A partir do valor ótimo, o aumento da quantidade 
de água vai afastar os grãos entre si, fazendo decrescer a densidade seca (ver Equação 
1), resultando no ramo descendente da curva. Para um mesmo material, quanto maior a 
densidade seca, maior é sua resistência. 
 A densidade seca é, pois, sensível à energia de compactação e à umidade. Já a 
umidade ótima vai variar ligeiramente com a energia de compactação. Em princípio, maior 
energia, maior a densidade seca. 
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Livro Materiais de Construção Civil 
 
10
 
Figura 12 - Curva de compactação, densidade seca máxima e umidade ótima. 
 
2.4.5 Efeito da água na consistência da terra 
Imagine-se certa quantidade de terra que contenha alguma quantidade de finos 
(silte e argila) no estado seco, à qual se vai, pouco a pouco, misturando água. A terra 
passa, então, resumidamente, pelos estados indicados na Figura 13: com umidade muito 
baixa, a mistura solo-água permanece no estado sólido, e os grãos se separam ao ser 
manuseado o material. Continuando-se a adicionar água, à medida que a umidade cresce 
e o material vai-se aglutinando, chega-se a um ponto em que as partículas do solo se 
agregam entre si, e ele pode ser moldado e conservar sua forma, sem se desmanchar. A 
partir daí, a terra passa a apresentar um comportamento plástico, ou seja, capaz de 
mudar de forma sem mudar de volume. É a argila presente a responsável por esse 
comportamento. A umidade que faz isso acontecer, ou seja, a que separa o estado sólido 
do estado plástico é chamada de limite de plasticidade (LP) do solo (expressa em 
porcentagem relativa ao peso do solo seco). Aumentando-se a quantidade de água, 
durante certo intervalo, conhecidocomo índice de plasticidade (IP), a terra continua 
apresentando um comportamento plástico, até um valor de umidade em que perde a 
capacidade de se aglomerar, passando a ter o comportamento de um fluido. A partir daí, 
passa praticamente ao estado líquido, e a umidade de separação dos dois estados é 
chamada limite de liquidez (LL). Assim, o índice de plasticidade é dado por 
 
IP = LL – LP Equação 2 
 
 Os limites de plasticidade e de liquidez do solo recebem o nome de limites de 
Atterberg. A determinação desses valores é feita através de ensaios normalizados no 
Brasil pelas NBR 7180 (ABNT, 1984) e NBR 6453 (ABNT, 1984). Por meio desses 
parâmetros, já se pode ter uma primeira noção sobre a adequação ou não da terra para 
uso na construção. Por exemplo, se o limite de liquidez supera 55%, o solo tem excessiva 
quantidade de argila e não é apropriado. Se o IP é maior que 45%, o solo também não é 
bom, ainda por ser muito argiloso. O mesmo pode-se dizer se ele não apresenta nenhuma 
plasticidade, ou seja, solo não plástico, agora pela falta de finos para lhe dar coesão. Se o 
índice de plasticidade é próximo de 7, em princípio, trata-se de uma terra boa para 
construção com terra. 
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Figura 13 - Estados por que passa a terra com a umidade crescente. 
 
2.4.4 Retração da terra 
 Em algumas tecnologias de emprego da terra como material de construção, como é 
o caso dos adobes ou a taipa de mão, usa-se o material com umidade muito maior que 
aquela ótima. A terra deve estar no estado plástico. Posteriormente, a água tende a 
evaporar, o que faz as partículas de solo se aproximarem umas das outras, provocando 
redução de volume. Quando há impedimentos para o deslocamento do solo, como no 
caso das técnicas mistas (estrutura de madeira com a terra servindo de preenchimento), 
pode ocorrer intensa fissuração do material. Na Figura 14, vêem-se moldes prismáticos 
que foram preenchidos com uma terra no estado plástico. Após a secagem, nota-se 
claramente a redução no comprimento dos prismas provocada pela evaporação da água. 
A fração argilosa mantém o material coeso. Quanto maior o teor de argila, em princípio, 
maior a retração. O tipo de argila também influi. Uma argila caulinítica apresenta menor 
retração que uma ilita. A montmorilonita leva a uma retração muito maior que as demais, 
em virtude da ligação interfoliar fraca, o que permite o acúmulo e a posterior saída de 
água das superfícies interfoliares. 
 É preciso saber controlar a retração para um bom uso da terra. Uma maneira 
prática é através do uso de estabilizantes. 
 
Figura 14 – Retração da terra moldada na forma de prismas 
 2.5 Estabilização da terra 
 Estabilizar uma terra consiste em modificar as propriedades do sistema terra-água-
ar para obter qualidades permanentes compatíveis com uma aplicação particular. No caso 
da construção com terra, em certos casos, mas nem sempre, a estabilização pode ser 
necessária para melhorar a: 
 
 LP LL w 
 ===========|===========|=========> 
 sólido plástico líquido 
 
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12
- resistência mecânica; 
- desmpenho quanto à ação da água, incluindo estabilidade volumétrica; 
- trabalhabilidade; 
- ductilidade. 
 
 Vários meios existem para a estabilização da terra, podendo-se citar: 
- ação mecânica capaz de densificar a terra a tal ponto que ficam bloqueados os poros e 
canais capilares – é o caso de se comprimir a terra confinada em um molde, fazendo-se 
uso de possantes e caros equipamentos; 
- eliminação ao máximo a absorção e adsorsão de água por parte dos grãos de solo por 
utilização de produtos químicos água-repelentes – em geral, são produtos caros; 
- envolvimento dos grãos de terra por uma fina camada de material impermeabilizante, 
capaz de fechar poros e canais capilares – é o caso de emulsões betuminosas; 
- formação de ligações químicas estáveis entre os cristais de argila – é o caso de certos 
estabilizantes químicos, que, fazendo o papel de ligante ou de catalisador, utilizam as 
cargas positivas e negativas das lamelas de argila para uni-las entre si, ou de 
estabilizante capaz de reagir diretamente com a argila presente no solo, formando 
material insolúvel e inerte. Este último caso é o que se chama reação pozolânica, obtida 
notadamente com a cal. É, no entanto, um processo muito lento; 
- criação de um esqueleto sólido inerte que se opõe ao movimento dos grãos – é o caso 
dos ligantes, como o cimento, que promovem uma consolidação por cimentação 
resultante do preenchimento dos vazios por uma matriz inerte capaz de unir os grãos; 
- criação de uma armadura multidirecional capaz de reduzir os movimentos dos grãos de 
solo entre si – é o caso da adição de fibras que, embora não aumentem significativamente 
a resistência mecânica nem melhore o comportamento à ação da água, conduzem a 
notável melhoria de ductilidade. 
 
2.5.1 Estabilização com cimento 
 O cimento, hoje, é um produto disponível em quase todas as partes do mundo. A 
estabilização com cimento é uma das mais simples de serem efetuadas. Em geral, ela dá 
maior estabilidade dimensional, resistência com relação à água e resistência mecânica. 
Muitas vezes, menos de 6%, em massa, de cimento na terra já produz efeitos bem 
satisfatórios. Mas tal efeito depende também de outros fatores, como a forma de 
utilização da terra (no estado plástico ou compactada) e o tipo de argila presente. Por 
exemplo, numa terra argilosa, taxas de cimento de 3% a 5% podem mesmo fazer 
decrescer a resistência em relação ao material natural. Já terras com 65% a 70% de areia 
podem ter sua resistência aumentada até com 2% de cimento. Se a argila presente for 
montmorilonita, somente taxas de mais de 8% podem contribuir para a resistência. Teores 
menores fazem baixar, às vezes muito, a resistência em relação ao material natural. 
 O mecanismo de estabilização do cimento na terra consiste em: 
- reação com água criando cristais estáveis no tempo e resistentes à própria água, os 
quais criam ligações entre os grãos de areia, formando um esqueleto sólido mais 
resistente; 
- reação da cal liberada durante a hidratação dos silicatos do cimento com a argila. 
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13
 Como já citado, deve-se ter em conta que o tipo de argila presente no solo tem 
influência no resultado da ação do cimento. A caulinita e a ilita reagem bem. Já a argila 
montmorilonita, que tem uma ligação interfoliar fraca, fixa toda a cal disponível e torna 
impossível a formação dos produtos hidratados do cimento. Um solo com alto teor de 
montmorilonita pode ter sua resistência praticamente sem aumento, ou mesmo 
decrescente com o tempo, quando tratada com cimento. Também a presença de matéria 
orgânica perturba as reações químicas de hidratação do cimento. Taxas de matéria 
orgânica no solo superiores a 1% já são um risco para a estabilização com esse material. 
 A incorporação de cimento na terra pode baixar ligeiramente a densidade seca 
máxima para uma mesma energia de compactação, em relação ao material no estado 
natural,pois há um ligeiro aumento da demanda de água. 
 
 
2.5.2 Estabilização com cal 
 A estabilização com a cal hidratada (hidróxido de cálcio, Ca(OH)2) é mais 
complexa, pois três reações podem acontecer: carbonatação, cristalização e floculação. 
 A carbonatação consiste na reação do hidróxido de cálcio com o gás carbônico 
atmosférico (Ca(OH)2 + CO2 => CaCO3 + H2O) – fenômeno que começa tão logo a cal 
está em contato com o ar. As ligações resultantes são fracas, pois a cristalização é 
geralmente incompleta. Na medida do possível, deve-se evitar que ocorra essa reação, 
tentando-se impedir a entrada do gás carbônico tanto na cal antes de ser usada, quanto 
durante a cura dos tijolos estabilizados com cal. 
 A cristalização consiste no ataque da argila pela cal, particularmente dos íons Si++ 
que se encontram no interior das lamelas de argila. Essa reação é muito lenta e cria 
ligações muito sólidas, rearranjando o interior das lamelas por meio da criação de 
ligações entre grãos muito mais estáveis e semelhante aos cristais formados pelo 
cimento. Quanto mais frágil a ligação interfoliar, maior a facilidade da penetração da cal, o 
que explica o bom resultado da estabilização da montmorilonita com esse material. 
 A floculação consiste na aglomeração das partículas muito finas da terra. O 
hidróxido de cálcio, sendo altamente alcalino, modifica o pH do solo e provoca floculação 
das argilas em razão das reações de troca de cátions. Essa reação é muito rápida (se dá 
em alguns minutos), e um material muito argiloso tem modificados os limites de Atterberg, 
tornando-se mais fácil de ser manuseado. 
 De uma maneira geral, maiores cuidados são necessários com a estabilização com 
cal que com cimento. Além do ambiente úmido necessário para a hidratação dos ligantes, 
no caso da cal, convém impedir a penetração do gás carbônico. É também necessário 
que a cal seja de boa qualidade, o que nem sempre acontece com os produtos 
disponíveis no mercado. 
 A cal é mais apropriada para estabilização de solos argilosos que arenosos. Em 
geral, ela promove estabilidade dimensional e resistência à ação da água; porém, é 
pequeno seu efeito na resistência mecânica. 
 
2.5.3 Estabilização com fibras 
 A estabilização com fibras vegetais tem sido muito empregada ao longo da história 
da humanidade. A própria Bíblia faz referência aos tijolos de adobe com palhas de trigo 
secas ao sol, muito empregadas na Mesopotânia e Egito Antigo. Mesmo hoje, nas 
modernas produções industriais de adobe, no Novo México, Estados Unidos, usam-se 
palha e emulsões betuminosas na estabilização dos blocos. 
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14
 As fibras são bem úteis quando se usa a terra no estado plástico, como é o caso 
dos tijolos de adobe ou das técnicas mistas. 
 O papel principal desempenhado pelas fibras na terra é: 
- impedir a fissuração durante a secagem, distribuindo as tensões devidas à retração da 
terra em toda a massa do material; 
- acelerar a secagem, drenando a água para o exterior pelos canais das fibras; 
- melhorar o comportamento do material após fissuração, dando-lhe ductilidade e 
capacidade de absorver energia; 
- melhorar resistência à tração e conter a propagação de fissuras. 
 No Nordeste brasileiro, existem em abundância fibras de sisal e de coco. Cortadas 
em tamanhos de 2 cm a 5 cm, podem ser usadas em taxas de 0,5% a 2% em massa. 
Alguns trabalhos já foram feitos com essas fibras na Universidade Federal da Paraíba 
(Souza, 1993 e mostram não só suas características físicas e mecânicas, como também 
seu enorme potencial. Cumpre lembrar, no entanto, que, para dar-se estabilidade à ação 
da água ao conjunto terra-fibra, é necessário o uso de outro estabilizante, como, por 
exemplo, o cimento, a cal, ou emulsões betuminosas. 
 
3 Adobes 
 Os adobes são blocos ou tijolos feitos com a terra no estado plástico, comumente 
secos ao sol. Os adobes são conhecidos desde os primórdios da humanidade e ainda 
muito empregados na África e em alguns países latino-americanos, representando a 
tradição, e mesmo nos Estados Unidos, onde já existe produção industrial, representando 
a modernidade (Figura 15). 
 
 
Figura 15 - Fabricação de adobe no antigo Egito, tradição , (Faty,1982), e no Estado do Novo 
México, EUA, modernidade (Dethier,1982). 
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15
 No Brasil, muito se empregou o adobe, nas construções de casas, igrejas e prédios 
públicos. Porém, com o surgimento das olarias mecanizadas, os tijolos crus foram caindo 
em desuso. Assim, as tecnologias de fabricação e de construção com adobes foram se 
perdendo. Apesar disso, ainda hoje, em alguns países sul-americanos, como Peru e 
Equador, em centro-américa e no continente africano, os adobes continuam sendo muito 
usados, principalmente por serem o material construtivo de menor custo (Figura 16). Já 
nos países desenvolvidos e entre a classe mais favorecida dos países em 
desenvolvimento, seu emprego vem crescendo por conta do apelo ecológico dos dias 
atuais. Na Figura 16, pode-se ver o exemplo de casas de luxo feitas com os tijolos crus. 
 
 
 Figura 16 – Fabricação e construção de adobes. 
 
Figura 17 - Casas modernas construídas com tijolos crus, revestidos, em El Salvador. 
 
3.1 A terra adequada para a fabricação de adobes 
A terra adequada para a fabricação de adobes deve conter pelo menos 15% de 
argila. 
 Adaptando-se para a classificação da ABNT os limites propostos pelo Centro 
Internacional da Construção com Terra (CRATerre), tem-se que a composição do solo 
deve se enquadrar aproximadamente dentro dos valores: 
- pedregulho: 0 a 10 % ; 
- areia: 45% a 75%; 
- silte 10% a 45%; 
 
 
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16
- argila: 15% a 35%. 
 O solo que poderia ser considerado ideal deveria conter de 20% a 25% de argila, 
de 15% a 20 % de silte, cerca de 60 % de areia e 0 % de pedregulho. 
 Quanto ao limite de liquidez, Huben e Guillaud (1989) dizem que é desejável que 
esteja entre 30% e 50%. No entanto, Souza (1993) trabalhou com solo de LL = 23,5% 
com excelentes resultados. 
Solos com grande quantidade de argila apresentam retração considerável, mas 
muitos deles podem ser corrigidos com areia. Assim, é comum fazerem-se misturas 
volumétricas, usando-se, por exemplo, duas partes de solo, uma de areia. O uso de fibras 
ou mesmo palha é desejável para conter a retração. 
Também se usa o teste da retração para se verificar se o solo é conveniente para 
se fazerem os adobes. Preenchido um molde prismático de 5 cm x 5 cm x 30 cm (Figura 
18) com o solo na umidade adequada indicada no item seguinte, verifica-se, após 
secagem, o que ocorre. Mais de 2 cm de retração indica solo inconveniente. Se 
aparecerem fissuras, também. Convém, então, corrigi-lo com areia. 
 
Figura 18 – Teste para verificação da adequação da terra para a fabricação de adobes 
 
3.3 Quantidade de água necessária e mistura 
Teoricamente, a densidade seca do adobe deve ser a maior possível, para lhe dar 
a maior resistência. A quantidade de água de moldagem diminui a densidade seca 
(Equação 1), afetando a resistência do adobe seco. A umidade ótima do ensaio de 
compactação não se aplica ao caso, pois deixaria o solo muito seco, e é necessário que a 
terra apresente trabalhabilidade convenientepara moldagem do tijolo. 
A experiência indica que a trabalhabilidade adequada para a fabricação de adobes 
é atingida quando a umidade da terra está próxima do limite de liquidez, porém abaixo 
dele. 
 Para se obterem blocos de adobe de qualidade, quantidade de água é o fator 
mais importante. Mistura mais seca apresenta dificuldade de manuseio e pode não 
preencher completamente os moldes das fôrmas. Mistura muito úmida pode fazer o tijolo 
se deformar quando o molde é retirado. 
 Uma maneira prática de se determinar com certa aproximação a quantidade de 
água necessária pode ser vista na Figura 19. Vai-se adicionado água à terra e, à medida 
que ela vai se tornando manuseável, faz-se uma bola com cerca de 8 cm de diâmetro. 
Lançando-a de uma altura de aproximadamente 1,5 m, verifica-se o diâmetro e a altura 
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17
quando ela se choca com o chão: se a altura for inferior a um terço do diâmetro, significa 
que há muita água na terra; se ela for aproximadamente igual a um teço do diâmetro, a 
quantidade de água está próxima da ideal; se a altura for superior a um terço do diâmetro, 
a água é insuficiente para um bom adobe. 
 Na prática corrente, os ainda existentes fabricantes de adobe são capazes de 
utilizar a quantidade de água correta por intuição. 
 
 
 umidade alta umidade boa umidade baixa 
 altura 1/3 diâmetro 
Figura 19 - Maneira prática de se determinar a consistência ideal da terra 
para a fabricação de adobes. 
 
 A homogeneização da mistura terra-água pode ser uma operação que requer 
esforço. A terra e a água são medidas em volume nas quantidades que permitam às 
pessoas envolvidas procederem à mistura. Esta, às vezes, é feita com os pés, como se vê 
na Figura 20. Também se pode misturar a terra e a água em betoneiras, mas é muito 
melhor usarem-se misturadores de eixo vertical, preferencialmente aqueles com palhetas 
do tipo que se vêem na Figura 20 à direita. 
 
 
 
Figura 20 – Homogeneização da mistura terra-água. 
3.4 Fôrmas dos blocos de adobe 
Diversas variações nas formas e dimensões das fôrmas podem ser encontradas. 
Há fôrmas para apenas um tijolo, dois, três e mesmo cinco de uma ao mesmo tempo. 
Pode-se também fazer formas que permitam a fabricação de meio bloco (Figura 21). 
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18
 
Figura 21 – Fôrmas para a fabricação de adobes. 
 
 A espessura não deve ser grande, até 10 cm ou um pouco mais. Valores maiores 
podem conduzir a uma homogeneização deficiente na moldagem. A largura recomendada 
é da ordem de 20 cm na Europa, que tem clima severo, porém 15 cm já conduzem a uma 
boa parede no Brasil, que, além do clima muito menos variável, não apresenta o perigo 
dos sismos. Na Região sul, os 20 cm são mais adequados. O comprimento dos adobes 
pode ir até 40 cm. Blocos maiores levam a maior produtividade quando da construção dos 
muros. É preferível usar o comprimento igual a duas vezes a largura. Blocos de 15 cm x 
30 cm a 20 cm x 40 cm por 8 cm a 10 cm de espessura são práticos, embora, nesta 
última dimensão, os tijolos sejam bem pesados. Também podem ser feitos adobes 
quadrados, como mostra Figura 22 à direita. 
Pensando-se em modulação com base na dimensão de 10 cm, as formas podem 
ter o comprimento diminuído de 1 cm e se adotar para elas uma altura de 9 cm. 
 A moldagem do adobe tradicional é inteiramente manual (Figura 22). É preciso um 
pouco de habilidade do fabricante. A forma deve ser previamente molhada para facilitar 
desmoldagem. 
 Os tijolos devem ser postos a secar sobre superfície plana e com fina camada de 
areia que permita seu deslocamento devido à retração quando da secagem. 
 
Figura 22 – Moldagem dos blocos de adobe e adobes quadrados. 
 
3.5 Argamassas de assentamento 
 O Peru foi um dos primeiros países que oficializaram uma norma técnica sobre 
construção com adobes. Trata-se da E080 Norma técnica de Edificación Adobe 
(Reglamento Nacional de Construciones, 2000) na qual se classificam as argamassas 
para esse tipo de tijolo da forma: 
 -Tipo 1 consiste em argamassa a base de cimento e areia ou, preferencialmente, cimento 
cal e areia nas proporções volumétricas de 1:2:5 a 1:2:10, devendo a resistência à 
compressão, medida conforme indicado no item 3.6, ser de no mínimo 3 MPa. Essa 
argamassa é usada quando se têm adobes de resistência mais elevada (acima de 2 
MPa). -Tipo 2: argamassa com base na própria terra podendo-se usar ou não pequenas 
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19
quantidades de estabilizantes. Para controlar a fissuração pode-se utilizar palha ou fibras 
secas de até 5 cm de comprimento em proporção não menor que um volume de palha 
para três de terra. Recomenda-se deixar este tipo de argamassa preparada com dois dias 
de antecedência, coberta por lonas, panos molhados ou quaisquer outros dispositivos que 
impeçam a saída da umidade, para se ter uma melhor homogeneização. 
 
3.6 Controle de resistência dos adobes e da argamassa e efeito dos estabilizantes 
3.6.1 Controle de resistência dos adobes 
 Não existem ainda, no Brasil, normas que tratem dos adobes. Uma primeira 
tentativa foi feita por Barbosa, Ghavami e Gonçalves (2005). É questão de tempo que, no 
país, a exemplo do Peru, tenham-se normas técnicas referentes a esse material de 
constução. 
O principal parâmetro de controle da qualidade dos blocos de adobe é a resistência 
à compressão. Comparada com a de outros materiais de construção industrializados, 
normalmente ela não é alta, sendo da ordem de 0,6 Mpa a 2,0 MPa. No entanto, essas 
resistências relativamente baixas são compatíveis com construções bem projetadas. 
A resistência à compressão pode ser medida cortando-se ao meio o tijolo e unindo-
se as duas metades pela argamassa a ser utilizada na construção, como se vê na Figura 
23. Um capeamento com pasta de cimento deve ser aplicado nas duas superfícies que 
ficam em contato com os dispositivos da máquina de ensaio para regularizá-las. 
A resistência do tijolo é dada pela carga máxima, lida no equipamento, dividida pela 
área da seção transversal do meio bloco. 
 
Figura 23 Ensaio de compressão em bloco de adobe 
Em Barbosa, Ghavami e Gonçalves (2005), para fins de projeto, sugere-se que a 
resistência característica à compressão dos adobes seja obtida a partir do ensaio de uma 
série de seis adobes dada pela Equação 2: 
fak = fa1 + fa2 - fa3 Equação 3 
sendo fa1, fa2 e fa3, respectivamente, o menor, o segundo menor e o terceiro menor valor 
da série de seis tijolos ensaiados.. 
 O valor mínimo aceitável para a resistência característica é de 0,7 MPa. 
 
3.6.2 Controle de resistência das argamassas 
A Norma Peruana de adobes está servindo de base ou mesmo sendo diretamente 
traduzida para ser utilizada em muitos outros países latino-americanos. É adequado, pois, 
adotar-se no Brasil o mesmo método utilizado naquela norma para medir-se a resistência 
à compressãodas argamassas na construção com terra. 
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20
Assim, a resistência à compressão das argamassas de terra pode ser feita 
moldando-se corpos-de-prova cúbicos de 10 cm de aresta, sendo o material compactado 
ligeiramente dentro dos moldes com uma espátula. 
O número mínimo de corpos-de-prova deve ser seis, e a secagem se faz à sombra, 
por um período mínimo de 15 dias. O molde deve ser concebido de maneira a se poder 
retirar o cubo de terra sem danificá-lo. 
Medida a área da face do cubo, A, antes do ensaio, se F é o valor da carga máxima 
medida no dispositivo de ensaio, a resistência de cada um deles será: 
 
 farg = Fmax/A Equação 4 
 
 Pode-se considerar a resistência característica como sendo dada pela Equação 5: 
 
 fargk = farg1 + farg2 - farg3 Equação 5 
 
sendo farg1, farg2 e farg3, respectivamente, o menor, o segundo menor e o terceiro menor 
valor da série de 6 cubos ensaiados. 
 A resistência característica da argamassa, fargk, não deve ser menor que a do 
adobe, fak. 
 O critério de definição de lotes para se medirem as resistências dos adobes e das 
argamassas deve ser apresentado em futura norma sobre o assunto. 
. 
 
3.6.3 Efeito de estabilizantes nos adobes 
Embora dê aos adobes resistência à ação da água, a incorporação de estabilizante 
como cal e cimento em taxas pequenas tem pouco efeito na resistência à compressão. 
Esta passa a ser melhorada a partir dos 6% ou mais de estabilizante, em massa, 
dependendo do solo. Em alguns tipos de terra, por exemplo, a adição de 4% de cal ou de 
cimento pode mesmo fazer baixar a resistência à compressão em relação ao material 
natural. Há solos que respondem melhor ao cimento (quando há maior percentagem de 
areia), enquanto outros se dão melhor com a cal (solos mais finos),razão pela qual, nos 
casos em que se pretende estabilizar os adobes, o mais prudente é se fazerem testes 
prévios com o estabilizante a ser usado. Mais importante para a resistência do adobe é a 
qualidade da terra que o estabilizante. 
 Emulsão asfáltica, em taxas de cerca de 2%, também protege contra a ação de 
água, com pequena e benéfica influência na resistência à compressão. 
 Fibras vegetais, como de sisal e de coco, promovem mudança radical no 
comportamento dos adobes. Eles deixam de ser um material frágil para ter um 
comportamento dúctil. Taxas em peso de até 2% funcionam bem. Na Figura 24, vê-se, 
claramente, o efeito benéfico das fibras. Enquanto no solo natural, ao ser atingido o pico 
de tensão, esta cai imediatamente, quando há fibras presentes, a partir de valores 
superiores a 1% em massa, não acontece um decréscimo brusco de carga. As fibras 
passam a receber tensões, dificultando a separação das partículas da terra, e o material 
apresenta um comportamento como se tivesse um patamar de escoamento. 
 Embora em laboratório teores de 3% ou mesmo 4% de fibras apresentem bom 
comportamento, na prática não é recomendável superar os 2% por conta da dificuldade 
de dispersão das fibras na terra. A trabalhabilidade do material fica muito prejudicada, o 
que conduz a um adobe de má qualidade. 
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21
 
Figura 24 – Efeito das fibras no comportamento de tijolos de terra crua (Souza, 1993; Ghavami, 
Toledo Filho e Barbosa, 1999). 
Se em vez de fibras forem usadas palhas, estas devem ser cortadas em 
comprimentos de, no máximo, 5 cm e incorporadas na terra numa proporção de 
aproximadamente três volumes de palha para um volume de terra. 
 Os adobes também podem receber revestimentos. Caso se deseje usá-los, o uso 
de estabilizantes é aconselhável. No Iran, usa-se muito o revestimento com a própria terra 
com palhas, dando um aspecto bem natural às construções. No Brasil, em geral, 
preferem-se superfícies lisas. Assim, é recomendável usar-se argamassa à base de cal. A 
estabilização com cal permite que a parede respire. Dependendo da terra, os traços 
volumétricos cal:terra adequados podem variar desde 1:3 a 1:8. Nas paredes que podem 
ser molhadas por conta do vento durante as chuvas, o uso de um pouco de cimento 
também é recomendado. Traços volumétricos cimento:cal: terra da ordem de 1:2:8 podem 
ser adequados. No entanto, como a variação da terra é muito grande, é preferível que 
sejam feitas experimentações com alguns traços antes da aplicação definitiva. 
. 
 
3.6 Ensaios em paredes de adobes 
 Ensaios estáticos em paredes de adobes mostram um comportamento 
surpreendente. Embora as tensões médias no material sejam relativamente pequenas, a 
carga suportada por elas é considerável. 
 Na Quadro 1, têm-se resultados de ensaios de quatro paredes de adobes (uma das 
quais é vista na Figura 26) com uma relação altura/espessura de 18,5 (Gonçalves, 2005). 
Mesmo assim, todas elas resistiram a mais de 95 kN/m, que é uma carga pelo menos 
cinco vezes maior à de uma parede central que dá apoio a duas lajes de concreto armado 
de 4 m de vão. 
Na Figura 26, tem-se o comportamento típico obtido no ensaio em que a carga foi 
aplicada em dois ciclos antes de levada à ruptura. As curvas de extensômetros simétricos 
não coincidentes indicam excentricidades difíceis a elimina nesse tipo de teste. Note-se 
que as deformações máximas aproximam-se de 0,1 %, valor perfeitamente tolerável nas 
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22
construções. Nas cargas de serviço, próximas de 2 kN/m, as deformações da parede são 
praticamente desprezíveis. 
 
Quadro 1– Resultado do ensaio de paredes de adobe 
 de 260 m de altura e 14 cm de espessura. 
Parede Carga 
1ªfissura 
(kN/m) 
Carga 
Ruptura 
(kN/m) 
Tensão 
Média 
(MPa) 
Resist. do 
tijolo 
(MPa) 
1 79,1 96,2 0,69 
1,41 2 66,7 133,7 0,95 
3 100,0 118,8 0,85 
1,21 4 100,0 129,5 0,92 
 
 Os adobes das paredes 3 e 4 tinham folhas de grama incorporadas, que, embora 
de baixa resistência, aumentaram a carga de fissuração das paredes. 
 
 
Figura 25 - Ensaios em paredes de adobe. 
 
 A ruptura ocorre após sinais de fissuração no corpo da parede. Ela ocorre em 
zonas que ficaram submetidas a maiores tensões devidas à excentricidade do 
carregamento. Se for necessário maior capacidade de carga, basta aumentar-se a largura 
dos blocos ou mesmo fazerem-se paredes duplas ou triplas. Assim, as paredes de adobe 
podem ser consideradas estruturais. 
 Nas paredes de adobe, deve-se ter cuidado com as aberturas. A construção de 
vergas e contra-vergas é necessária. Também não se devem apoiar cargas concentradas 
do telhado diretamente na alvenaria. Sempre é bom, no topo dos muros, passar-se uma 
cinta de concreto armado para promover a amarração das paredes e receber o 
madeiramento. 
 A parede também nunca deve nascer diretamente na altura do piso, mas sim sobre 
uma camada de concreto, como se fosse uma primeira fiada, com o fim de se evitar 
contato de água com a base da parede quando se lavar o ambiente. 
 
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23
3.7 Considerações finaissobre os adobes 
 Embora a resistência dos adobes seja pequena comparada à de materiais 
industrializados, com eles já foram feitas edificações que desafiam não apenas as 
décadas nem os séculos, mas os próprios milênios. 
 Trata-se de um material natural de custos energético e financeiro bem inferiores ao 
dos demais materiais de construção. Sua durabilidade pode ser assegurada através de 
um bom projeto. Proteção contra água é fundamental, principalmente em paredes sem 
revestimentos ou com revestimento sem estabilizantes industrializados. 
 O renascimento da tecnologia de fabricação e de construção com adobes passa 
pela necessidade de uma normalização, mínima que seja, e pela quebra do preconceito 
que existe em relação aos materiais de construção não industrializados. 
 
 
Figura 26 – Comportamento típico das paredes de adobe em ensaio cíclico. 
 
4 Tijolos prensados de terra crua 
Se a obtenção de adobes é uma tradição milenar, o mesmo não se pode dizer dos 
tijolos prensados de terra crua. Estes representam uma forma “moderna” de aplicação da 
terra que nasceu nos anos 50 do século XX com o desenvolvimento da primeira prensa 
manual pelo pesquisador colombiano G. Ramires. Tal prensa ficou conhecida como 
prensa CINVA-RAM, sendo o primeiro nome o do organismo de habitação popular do 
Chile onde Ramires trabalhava. 
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24
-Tipo 2: argamassa com base na própria terra podendo-se usar ou não pequenas 
quantidades de estabilizantes. Para controlar a fissuração pode-se utilizar palha ou fibras 
secas de até 5 cm de comprimento em proporção não menor que um volume de palha 
para três de terra. Recomenda-se deixar este tipo de argamassa preparada com dois dias 
de antecedência, coberta por lonas, panos molhados ou quaisquer outros dispositivos que 
impeçam a saída da umidade, para se ter uma melhor homogeneização. 
 
3.6 Controle de resistência dos adobes e da argamassa e efeito dos estabilizantes 
3.6.1 Controle de resistência dos adobes 
 Não existem ainda, no Brasil, normas que tratem dos adobes. Uma primeira 
tentativa foi feita por Barbosa, Ghavami e Gonçalves (2005). É questão de tempo que, no 
país, a exemplo do Peru, tenham-se normas técnicas referentes a esse material de 
constução. 
O principal parâmetro de controle da qualidade dos blocos de adobe é a resistência 
à compressão. Comparada com a de outros materiais de construção industrializados, 
normalmente ela não é alta, sendo da ordem de 0,6 Mpa a 2,0 MPa. No entanto, essas 
resistências relativamente baixas são compatíveis com construções bem projetadas. 
A resistência à compressão pode ser medida cortando-se ao meio o tijolo e unindo-
se as duas metades pela argamassa a ser utilizada na construção, como se vê na Figura 
23. Um capeamento com pasta de cimento deve ser aplicado nas duas superfícies que 
ficam em contato com os dispositivos da máquina de ensaio para regularizá-las. 
A resistência do tijolo é dada pela carga máxima, lida no equipamento, dividida pela 
área da seção transversal do meio bloco. 
 
Figura 23 Ensaio de compressão em bloco de adobe 
Em Barbosa, Ghavami e Gonçalves (2005), para fins de projeto, sugere-se que a 
resistência característica à compressão dos adobes seja obtida a partir do ensaio de uma 
série de seis adobes dada pela Equação 2: 
fak = fa1 + fa2 - fa3 Equação 3 
sendo fa1, fa2 e fa3, respectivamente, o menor, o segundo menor e o terceiro menor valor 
da série de seis tijolos ensaiados.. 
 O valor mínimo aceitável para a resistência característica é de 0,7 MPa. 
 
3.6.2 Controle de resistência das argamassas 
A Norma Peruana de adobes está servindo de base ou mesmo sendo diretamente 
traduzida para ser utilizada em muitos outros países latino-americanos. É adequado, pois, 
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25
adotar-se no Brasil o mesmo método utilizado naquela norma para medir-se a resistência 
à compressão das argamassas na construção com terra. 
Assim, a resistência à compressão das argamassas de terra pode ser feita 
moldando-se corpos-de-prova cúbicos de 10 cm de aresta, sendo o material compactado 
ligeiramente dentro dos moldes com uma espátula. 
O número mínimo de corpos-de-prova deve ser seis, e a secagem se faz à sombra, 
por um período mínimo de 15 dias. O molde deve ser concebido de maneira a se poder 
retirar o cubo de terra sem danificá-lo. 
Medida a área da face do cubo, A, antes do ensaio, se F é o valor da carga máxima 
medida no dispositivo de ensaio, a resistência de cada um deles será: 
 
 farg = Fmax/A Equação 4 
 
 Pode-se considerar a resistência característica como sendo dada pela Equação 5: 
 
 fargk = farg1 + farg2 - farg3 Equação 5 
 
sendo farg1, farg2 e farg3, respectivamente, o menor, o segundo menor e o terceiro menor 
valor da série de 6 cubos ensaiados. 
 A resistência característica da argamassa, fargk, não deve ser menor que a do 
adobe, fak. 
 O critério de definição de lotes para se medirem as resistências dos adobes e das 
argamassas deve ser apresentado em futura norma sobre o assunto. 
. 
 
3.6.4 Efeito de estabilizantes nos adobes 
Embora dê aos adobes resistência à ação da água, a incorporação de estabilizante 
como cal e cimento em taxas pequenas tem pouco efeito na resistência à compressão. 
Esta passa a ser melhorada a partir dos 6% ou mais de estabilizante, em massa, 
dependendo do solo. Em alguns tipos de terra, por exemplo, a adição de 4% de cal ou de 
cimento pode mesmo fazer baixar a resistência à compressão em relação ao material 
natural. Há solos que respondem melhor ao cimento (quando há maior percentagem de 
areia), enquanto outros se dão melhor com a cal (solos mais finos),razão pela qual, nos 
casos em que se pretende estabilizar os adobes, o mais prudente é se fazerem testes 
prévios com o estabilizante a ser usado. Mais importante para a resistência do adobe é a 
qualidade da terra que o estabilizante. 
 Emulsão asfáltica, em taxas de cerca de 2%, também protege contra a ação de 
água, com pequena e benéfica influência na resistência à compressão. 
 Fibras vegetais, como de sisal e de coco, promovem mudança radical no 
comportamento dos adobes. Eles deixam de ser um material frágil para ter um 
comportamento dúctil. Taxas em peso de até 2% funcionam bem. Na Figura 24, vê-se, 
claramente, o efeito benéfico das fibras. Enquanto no solo natural, ao ser atingido o pico 
de tensão, esta cai imediatamente, quando há fibras presentes, a partir de valores 
superiores a 1% em massa, não acontece um decréscimo brusco de carga. As fibras 
passam a receber tensões, dificultando a separação das partículas da terra, e o material 
apresenta um comportamento como se tivesse um patamar de escoamento. 
 Embora em laboratório teores de 3% ou mesmo 4% de fibras apresentem bom 
comportamento, na prática não é recomendável superar os 2% por conta da dificuldade 
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26
de dispersão das fibras na terra. A trabalhabilidade do material fica muito prejudicada, o 
que conduz a um adobe demá qualidade. 
 
Figura 24 – Efeito das fibras no comportamento de tijolos de terra crua (Souza, 1993; Ghavami, 
Toledo Filho e Barbosa, 1999). 
Se em vez de fibras forem usadas palhas, estas devem ser cortadas em 
comprimentos de, no máximo, 5 cm e incorporadas na terra numa proporção de 
aproximadamente três volumes de palha para um volume de terra. 
 Os adobes também podem receber revestimentos. Caso se deseje usá-los, o uso 
de estabilizantes é aconselhável. No Iran, usa-se muito o revestimento com a própria terra 
com palhas, dando um aspecto bem natural às construções. No Brasil, em geral, 
preferem-se superfícies lisas. Assim, é recomendável usar-se argamassa à base de cal. A 
estabilização com cal permite que a parede respire. Dependendo da terra, os traços 
volumétricos cal:terra adequados podem variar desde 1:3 a 1:8. Nas paredes que podem 
ser molhadas por conta do vento durante as chuvas, o uso de um pouco de cimento 
também é recomendado. Traços volumétricos cimento:cal: terra da ordem de 1:2:8 podem 
ser adequados. No entanto, como a variação da terra é muito grande, é preferível que 
sejam feitas experimentações com alguns traços antes da aplicação definitiva. 
. 
 
3.8 Ensaios em paredes de adobes 
 Ensaios estáticos em paredes de adobes mostram um comportamento 
surpreendente. Embora as tensões médias no material sejam relativamente pequenas, a 
carga suportada por elas é considerável. 
 Na Quadro 1, têm-se resultados de ensaios de quatro paredes de adobes (uma das 
quais é vista na Figura 26) com uma relação altura/espessura de 18,5 (Gonçalves, 2005). 
Mesmo assim, todas elas resistiram a mais de 95 kN/m, que é uma carga pelo menos 
cinco vezes maior à de uma parede central que dá apoio a duas lajes de concreto armado 
de 4 m de vão. 
Na Figura 26, tem-se o comportamento típico obtido no ensaio em que a carga foi 
aplicada em dois ciclos antes de levada à ruptura. As curvas de extensômetros simétricos 
não coincidentes indicam excentricidades difíceis a elimina nesse tipo de teste. Note-se 
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27
que as deformações máximas aproximam-se de 0,1 %, valor perfeitamente tolerável nas 
construções. Nas cargas de serviço, próximas de 2 kN/m, as deformações da parede são 
praticamente desprezíveis. 
 
Quadro 1– Resultado do ensaio de paredes de adobe 
 de 260 m de altura e 14 cm de espessura. 
Parede Carga 
1ªfissura 
(kN/m) 
Carga 
Ruptura 
(kN/m) 
Tensão 
Média 
(MPa) 
Resist. do 
tijolo 
(MPa) 
1 79,1 96,2 0,69 
1,41 2 66,7 133,7 0,95 
3 100,0 118,8 0,85 
1,21 4 100,0 129,5 0,92 
 
 Os adobes das paredes 3 e 4 tinham folhas de grama incorporadas, que, embora 
de baixa resistência, aumentaram a carga de fissuração das paredes. 
 
 
Figura 25 - Ensaios em paredes de adobe. 
 
 A ruptura ocorre após sinais de fissuração no corpo da parede. Ela ocorre em 
zonas que ficaram submetidas a maiores tensões devidas à excentricidade do 
carregamento. Se for necessário maior capacidade de carga, basta aumentar-se a largura 
dos blocos ou mesmo fazerem-se paredes duplas ou triplas. Assim, as paredes de adobe 
podem ser consideradas estruturais. 
 Nas paredes de adobe, deve-se ter cuidado com as aberturas. A construção de 
vergas e contra-vergas é necessária. Também não se devem apoiar cargas concentradas 
do telhado diretamente na alvenaria. Sempre é bom, no topo dos muros, passar-se uma 
cinta de concreto armado para promover a amarração das paredes e receber o 
madeiramento. 
 A parede também nunca deve nascer diretamente na altura do piso, mas sim sobre 
uma camada de concreto, como se fosse uma primeira fiada, com o fim de se evitar 
contato de água com a base da parede quando se lavar o ambiente. 
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28
 
3.9 Considerações finais sobre os adobes 
 Embora a resistência dos adobes seja pequena comparada à de materiais 
industrializados, com eles já foram feitas edificações que desafiam não apenas as 
décadas nem os séculos, mas os próprios milênios. 
 Trata-se de um material natural de custos energético e financeiro bem inferiores ao 
dos demais materiais de construção. Sua durabilidade pode ser assegurada através de 
um bom projeto. Proteção contra água é fundamental, principalmente em paredes sem 
revestimentos ou com revestimento sem estabilizantes industrializados. 
 O renascimento da tecnologia de fabricação e de construção com adobes passa 
pela necessidade de uma normalização, mínima que seja, e pela quebra do preconceito 
que existe em relação aos materiais de construção não industrializados. 
 
 
Figura 26 – Comportamento típico das paredes de adobe em ensaio cíclico. 
 
4 Tijolos prensados de terra crua 
Se a obtenção de adobes é uma tradição milenar, o mesmo não se pode dizer dos 
tijolos prensados de terra crua. Estes representam uma forma “moderna” de aplicação da 
terra que nasceu nos anos 50 do século XX com o desenvolvimento da primeira prensa 
manual pelo pesquisador colombiano G. Ramires. Tal prensa ficou conhecida como 
prensa CINVA-RAM, sendo o primeiro nome o do organismo de habitação popular do 
Chile onde Ramires trabalhava. 
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29
No Brasil, a Associação Brasileira de Cimento Portland realizou muitos trabalhos 
com o que se chamou de tijolos de solo-cimento. Foi, inclusive, desenvolvida uma prensa 
para sua fabricação (Figura 27), com apoio do antigo Banco Nacional de Habitação, e 
foram dados alguns passos a respeito de normalização com a publicação das NBR 8491 
(ABNT, 1986), NBR 8492 (ABNT, 1986), NBR 10832 (ABNT, 1986). 
No entanto, durante o processo, o equipamento, moldando três tijolos ao mesmo 
tempo, não consegue dar uma pressão de compactação grande à terra. Assim, para se 
obterem resistências adequadas, usam-se taxas de cimento de 8%, 10%, 12% e até 
mesmo 15%. Tais teores de ligante passam a pesar significativamente nos custos dos 
blocos. Além disso, os tijolos de pequenas dimensões consomem muita argamassa na 
ligação e não conseguem dar uma grande estabilidade e rigidez aos muros. Assim, 
prefere-se, em vez de tijolos de solo cimento, chamar tijolos ou blocos de terra 
comprimida, BTC, estabilizados com cimento, tendo-se em conta que a pressão de 
compactação aplicada ao material nos moldes de algumas prensas manuais modernas 
pode chegar a cerca de 2 MPa. Na Figura 28 à direita, vê-se uma outra prensa que 
imprime à terra uma dupla compressão através de um sistema de molas engenhosamente 
nela colocado. Assim, a compactação se dá tanto pela parte inferior como pela superior, o 
que produz um bloco mais homogêneo. 
 
Figura 27 – Prensa manual que produz três tijolos ao mesmo tempo: 
baixa pressão de compactação e prensa de melhor desmpenho. 
 
 Hoje já se encontram também prensas hidráulicas de grande potência as quais 
produzem blocos de resistência que podem chegar aos 6 MPa ou mesmo 8 MPa. Na 
Figura 28, vê-se uma produção industrial de blocos de terra comprimida, situada no sul de 
Portugal. 
 
 
Figura 28 - Produção industrial de blocos de terra crua comprimida em Portugal. 
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30Há uma extensa variedade de blocos de terra comprimida. Desde os blocos 
paralelepipédicos a aqueles com furos e/ou com encaixes. Na Figura 29 vê-se um tipo de 
bloco feito em prensa manual, conhecido como bloco Mattone, que leva o nome de um 
professor do Politécnico di Torino. O professor idealizou um bloco com encaixes 
horizontais e verticais que permitem a execução da alvenaria com uma fina camada de 
argamassa fluida à base de terra e conduzem a paredes bem rígidas e resistentes. 
 
Figura 29- Blocos de terra comprimida com encaixes: bloco Mattone. 
 
4.1 Fatores que influem na qualidade dos blocos 
 Sendo a terra um material de composição bem variável, no qual a heterogeneidade 
é a regra e a homogeneidade a exceção, é importante definir fatores que influem no 
desempenho dos blocos prensados de terra crua. 
 O objetivo da prensagem da terra é aproximar os grãos, tentando reduzir os poros 
do material, o que lhe dará maior resistência mecânica. A compactação provoca, pois, 
uma redução do volume. A redução do índice de vazios é da ordem de 1:1,6 a 1:1,8 nas 
prensas manuais. Previamente, a terra deve ser peneirada de maneira que as partículas 
aglomeradas fiquem com até cerca de 2 mm. 
Resumidamente, pode-se dizer que, com relação à qualidade dos tijolos 
prensados, ela depende de: 
- tipo de composição granulométrica de terra; 
- umidade de moldagem; 
- tipo de prensa; 
- tipo e percentagem de estabilizante; 
- cura. 
 
 
4.2.1 Tipo de composição granulométrica da terra 
 Cada tecnologia de construção com terra tem o tipo de solo que lhe é mais 
apropriado. A terra mais conveniente para a fabricação de adobes, por exemplo, não o é 
para obtenção dos tijolos prensados. 
 
 
 
 
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31
 O teor de cada componente granulométrico também é importante. É conveniente 
que o solo apresente plasticidade e que seu limite de liquidez não seja excessivo, de 
preferência menor que 40% – 45%. Para os tijolos prensados, pode-se dizer que é 
desejável que o solo tenha: 
- 10 a 20 % de argila; 
- 10 a 20 % de silte; 
- 50 a 70 % de areia. 
Barbosa, Souza e Mattone (1996) conseguiram excelentes resultados com um solo 
local que apresentava cerca de 11% de argila, 18% de silte e 70% de areia, sendo que 
nesta última a maior quantidade era de areia fina (grãos de 0,05 mm a 0,25 mm). Quando 
o solo não se enquadra nos citados limites, pode-se fazer uma correção granulométrica. É 
comum, por exemplo, se o solo é muito argiloso, com limite de liquidez e índice de 
plasticidade altos, misturá-lo com areia. A proporção depende do caso e pode ser um 
volume de terra para um de areia, dois volumes de terra para um de areia, etc. 
 
4.2.2 Umidade de moldagem 
A umidade de moldagem mais conveniente também é função do tipo de solo Para 
se obterem tijolos prensados de qualidade com uma determinada terra, é necessário 
estabelecer-se qual a percentagem ideal de água e quantidade de material a serem 
postas no molde da prensa, através de um processo de otimização. A umidade ótima para 
os tijolos não é a mesma obtida no ensaio Proctor. Nele, são aplicadas ao solo pressões 
dinâmicas, o que não ocorre com os blocos prensados, que sofrem muito mais uma 
compactação quase estática. De fato, um solo posto em um molde para ser prensado, 
apresenta uma resposta bastante diferente em relação a uma amostra de solo submetida 
a um choque. Enquanto no Proctor a tensão é aplicada instantaneamente, na prensa 
gastam-se alguns segundos no processo de compactação. Um exame da Figura 30 
mostra que, inicialmente, a pressão transmitida à terra é bem pequena, para depois 
crescer significativamente em um pequeno intervalo. O último trecho corresponde ao final 
do curso da prensa. Esse comportamento indicado no gráfico é sentido fisicamente por 
quem opera uma prensa manual. 
 
Figura 30 – Variação da tensão aplicada à terra no molde de prensa manual em função do tempo 
(Olivier, 1994). 
 
 A otimização é, então, feita com base na máxima densidade seca. Deixa-se a terra 
com uma determinada umidade, w. Faz-se variar a quantidade de material posto na 
prensa, Pi, pesando-se e medindo-se as dimensões do tijolo fabricado para se obterem 
seu volume e a densidade seca pela Equação 1, em que P é o peso do bloco logo após 
moldagem, ainda úmido; w é o teor de água presente; V é o volume do tijolo. 
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32
Faz-se variar agora a quantidade de água e repete-se o processo. Dessa forma, 
obtêm-se gráficos como os indicados na Figura 31. O pico mais elevado de todas as 
curvas indica o teor ótimo de umidade e o peso de material a ser posto na prensa. Na 
prática, converte-se o peso em volume, usando-se a massa unitária do material úmido. 
 
Figura 31 – Otimização da umidade do solo e da quantidade de material 
a ser posta na prensa 
 
Para um mesmo tipo de solo, maior densidade seca implica maior resistência, 
como se pode ver na Figura 32. 
 
 
Figura 32 – Aumento de resistência com a densidade seca (adaptado de Olivier, 1994). 
 
4.2.3 Tipo de prensa 
 O tipo de prensa é importante, pois, quanto maior a compactação imposta ao solo, 
melhor será o produto final. No mercado, encontram-se já diversos tipos de prensa 
manuais e hidráulicas. As manuais imprimem à terra pressão de compactação da ordem 
de 1 MPa a 2 MPa. As prensas hidráulicas aplicam pressões muito maiores, resultando 
em produtos muito resistentes. O inconveniente é que se trata de equipamentos pesados 
e caros. 
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4.2.4 Tipo e percentagem de estabilizante 
Estabilizar um solo, como já se tratou anteriormente, significa nele incorporar 
produtos que melhorem suas propriedades, inclusive sob a ação da água. 
A cal não promove significativos acréscimos de resistência, sendo exigida 
percentagens superiores a 6% para ser eficaz. 
A emulsão asfáltica, por seu lado, em taxas de 2% interfere pouco na resistência 
mas protege bem da ação da água. 
 Quanto ao cimento Portland, os tijolos prensados são mais sensíveis que os 
adobes à sua presença. A percentagem do estabilizante depende do tipo de solo que se 
vai empregar e também da resistência requerida. Se houver muita argila presente, vai ser 
exigido no mínimo 6 % de cimento. Se o solo é excessivamente arenoso, podem ser 
requeridas taxas maiores. Se o solo é bem graduado, 4% (e até mesmo 2%) de cimento 
já aumentam a resistência em relação ao material bruto levam a blocos de ótima 
qualidade. 
Antes de um empreendimento, o melhor é proceder a testes laboratoriais para se 
ter melhor aproximação do estabilizante ideal e de sua percentagem mais econômica que 
satisfaça à resistência desejada. 
 
Os tijolos de terra, quando estabilizados, também precisam do processo de cura 
para evitar a saída rápida da água da mistura. Se ocorrer a evaporação, não haverá 
tempo para a água reagir com todos os grãos de cimento, e a qualidade dos blocos cai. 
Superficialmente, eles ficam com baixa resistência à abrasão. Um método muito eficaz de 
cura quando se usa o cimento como estabilizante consiste em se cobrirem os tijolos com 
uma lona plástica tão logo eles sejam fabricados (Figura 33). Também se usa ficar 
molhando periodicamente os tijolos novos com um regador. No canteiro, é preferível se 
fazer a

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