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Erro de tipo e de proibição - Direito Penal

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ERRO DE TIPO
Conceito: É a falsa percepção da realidade. Entende-se por erro de tipo aquele que recai sobre as elementares, circunstancias ou qualquer dado que se agregue a determinada figura típica. NÃO SE CONFUNDE COM ERRO DE PROIBIÇÃO.
	ERRO DE TIPO
	ERRO DE PROIBIÇÃO
	- Há falsa percepção da realidade;
- O agente não sabe o que faz;
- ex: saio da festa e levo guarda chuva, e quando chego em casa percebo que não era o meu.
	- Não há falsa percepção da realidade;
- O agente sabe o que faz, porém desconhece a proibição do seu comportamento.
Espécies de Erro de Tipo:
Erro de tipo essencial: O erro recai sobre dados principais do tipo. Quando avisado do erro o agente deixa de agir ilicitamente. (ex: Rogério é caçador profissional vai caçar em local permitido, porém achando estar atingindo uma anta atrás do arbusto, atira em um índio.)
Evitável/inescusável:
Inevitável/escusável:
Erro de tipo acidental: O erro recai sobre dados periféricos do tipo. Quando avisado do erro o agente corrige e continua agindo ilicitamente. (ex: quero subtrair um pacote de sal, porém quando chego em casa e vejo que era pacote de açúcar)
Sobre a pessoa:
Sobre a coisa:
Na execução:
Resultado diverso do pretendido:
Sobre o nexo causal:
Erro de Tipo Essencial (art. 20 do CP)
Art. 20 do CP
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Conceito: Erro sobre elementares, dados principais do tipo penal.
Exemplo: caçador imaginando atirar contra um animal em local próprio para a prática do esporte, logo depois percebe tratar-se de uma pessoa.
Conseqüência: 
Erro Inevitável: Se o erro for inevitável haverá exclusão do dolo (exclui consciência) e culpa (não há previsibilidade), com conseqüente isenção de pena.
Erro Evitável: Se o erro for evitável (inescusável), haverá exclusão do dolo (sendo erro não há consciência), porém pune-se a modalidade culposa, pois se era evitável significa que também era previsível.
Para constatar tratar-se de erro evitável ou inevitável, a doutrina clássica trabalha com o conceito de homem médio. A doutrina moderna trabalha com analise do caso concreto, visto que o grau de instrução, o lugar, a idade, o momento podem interferir na evitabilidade ou não do erro.
Erro de Tipo Acidental
Erro sobre a pessoa: (art. 20, §3º do CP)
Art. 20, §3º do CP
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (considera as qualidades da vítima virtual)
Conceito: Representação equivocada da pessoa vítima visada pelo agente.
Exemplo: Quero matar meu pai, porém, representando equivocadamente a pessoa que entra em minha casa, mato o meu tio. (NÃO HÁ ERRO NA EXECUÇÃO, MAS SOMENTE DE REPRESENTAÇÃO, OU SEJA, ERRO MENTAL)
Conseqüências: Não exclui o dolo e nem a culpa, não isentando de pena, ou seja, o agente responde pelo crime praticado, porém considerando as condições da vítima pretendida, e não da vítima atingida. (o agente irá responder por parricídio mesmo o pai deste estando vivo)
Erro sobre o objeto: (não está previsto em lei, sendo criação doutrinária) 
Conceito: O agente representa equivocadamente a coisa desejada, fazendo recair a conduta em objeto diverso, ou seja, o agente atinge coisa diversa da desejada.
Exemplo: O agente pensando subtrair relógio de ouro, equivocadamente apodera de um relógio de latão. (NÃO HÁ ERRO NA EXECUÇÃO, MAS DE REPRESENTAÇÃO – ERRO MENTAL)
Conseqüência: Não exclui o dolo e nem a culpa, conseqüentemente não isenta o agente de pena, ou seja, o agente responde pelo crime praticado considerando a coisa atingida (consideração do objeto real) Inclusive podendo fazer jus ao princípio da insignificância.
Para Zaffaroni diante da ausência de previsão legal do instituto o agente deve responder pelo objeto mais favorável, devendo aplicar o “in dúbio pro réu”.
Erro na execução: (art. 73 do CP) – “Aberratio ictus”
Art. 73 do CP
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela (ou seja, contra a pessoa que pretendia ofender) atendendo-se ao disposto no § 3º do Art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do Art. 70 deste Código. (concurso formal de crimes)
Conceito: O agente, por acidente ou erro no uso nos meios de execução, atinge pessoa diversa da pretendida, apesar de corretamente representada.
Exemplo: Por erro no manuseio da arma, o agente atinge pessoa ao lado da vítima visada; Eu miro o meu pai, porém por inabilidade minha acabo atingindo o meu vizinho. (NÃO HÁ DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO, MAS DE EXECUÇÃO – ERRO MATERIAL)
	Erro sobre a pessoa
	Erro na execução
	- Há um erro mental (errada representação do alvo)
- Execução correta;
 - Conseqüências idênticas ao do erro na execução.
	- Há um erro material (desvio na execução, apesar de corretamente representada a vítima.
- Conseqüências idênticas ao do erro sobre a pessoa.
Conseqüências: (art. 20, §3º do CP) Não exclui o dolo e nem a culpa, conseqüentemente não há isenção de pena, ou seja, o agente responde pelo crime pretendido, porém considerando-se as qualidades da vítima virtual (desejada). Lembrando que se atingida também a vítima visada, haverá concurso formal de delitos.
Espécies de erro na execução:
Por acidente: Evento não previsto, desviando a execução. A execução inicial do crime não exige que a vítima pretendida esteja no local. (ex: o agente coloca uma bomba para matar a mulher, porém quem vai esquentar o carro e acaba morrendo é o motorista).
Por erro no uso dos meios de execução: Inabilidade do agente no manuseio do instrumento do crime. Neste a execução pressupõe que a vítima pretendida esteja no local. (ex: manuseio erroneamente da arma de fogo – falta de pontaria)
Ex: um sujeito atira para matar um policial civil e mata um policial federal, ele responde por homicídio do policial federal, mas considerando as condições da vítima virtual/pretendida. Quem julga é a Justiça Federal, porque em matéria de competência trabalhamos com vítima real/atingida, uma vez que a vítima virtual só é considerada para fins penais.
Resultado Diverso do Pretendido: (art. 74 do CP) “aberratio criminis”
Art. 74 do CP
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do Art. 70 deste Código. (Concurso formal de crimes)
Conceito: O agente por acidente ou erro no uso dos meios de execução, provoca resultado diverso do pretendido, atingindo bem jurídico diferente (acaba por provocar lesão em bem jurídico diverso do pretendido).
Exemplo: O agente atira uma pedra para danificar a viatura de Paulo, mas por erro na execução, acaba por atingir e matar seu motorista. (NÃO HÁ ERRO MENTAL, MAS DE EXECUÇÃO – ERRO MATERIAL). Responde o agente por homicídio culposo.
	“ABERRATIO ICTUS” – art. 73 do CP
	“ABERRATIO CRIMINIS” – art. 74 do CP
	- Espécie de erro na execução;
- O agente atinge o mesmo bem jurídico visado;
- O agente provoca resultado idêntico ao pretendido, mas em vítima diversa;
- Pessoa X Pessoa;
- Agente responde pelo resultado pretendido, porém considerando as qualidades da vítima virtual (pretendida).
	- Espécie de erro na execução;
- O agente atinge bem jurídico diverso do pretendido;
- O agente provoca resultado diverso do pretendido;
- Coisa X Pessoa;
- Agente responde pelo resultado produzido a título de culpa.
Conseqüências: Não isenta de pena, o agente responde pelo resultado diverso do pretendido, ou seja, responderá pelo resultado produzidoa título de culpa.
Se o agente atinge o resultado pretendido e também o diverso do pretendido aplica o concurso formal de crimes do art. 70 do CP.
Supondo que a intenção do agente é matar o motorista, porém ao lançar a pedra no carro, apenas danifica o veiculo, nesse caso, segundo Zaffaroni o agente deverá responder por tentativa de homicídio. Assim, uma vez que o crime de dano não admite modalidade culposa, o agente não poderia ficar impune, devendo responder por homicídio tentado.
CUIDADO: Alerta Zaffaroni não se aplica o art. 74 do CP se o resultado produzido é menos grave (bem jurídico menos valioso) que o resultado pretendido, sob pena de prevalecer a impunidade. Neste caso, o agente deve responder pela tentativa do resultado pretendido não alcançado. (no exemplo dado acima o agente responde por tentativa de homicídio)
Erro sobre o Nexo Causal (“aberratio causae”):
Previsão legal: não existe previsão legal é criação doutrinária.

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