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Analisando ADI 1722

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Analisando a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) N. 1.722-0 e os votos do ministro Marco Aurélio, relator, e do ministro Nelson Jobim, respectivamente, podemos perceber uma concordância quanto a “suspensão liminar da eficiência da Emenda Constitucional n.5, de 24 de julho de 1997, que introduziu no artigo 26 da Constituição do Estado do Tocantins, a disciplina do instituto da revisão constitucional periódica”.
Tal Emenda Constitucional previa a revisão periódica da constituição Estadual, bem como aprovação de outras emendas revisionais pela assembleia. Onde com essa afirmação o ministro Marco Aurélio já critica tal legislação pelo desrespeito à Carta Federal, onde apenas foi previsto a reforma e não revisão, além do fato da constituição ser dotada de rigidez, concedida pelo legislador constituinte, onde essa característica se irradia por todas as esferas, fato esse não observado na emenda analisada, pois consta no dispositivo apenas como requisito votação em turno único com maioria absoluta. E não somente isso, mas aqui o principal ponto da analise do ministro, a ausência da observância dos princípios consagrados na Carta da Republica faz que os limites da lei fundamental sejam ultrapassados.
Logo em seguida em seu voto, o ministro Nelson Jobim, antes de seu voto traz a mesa o Art. 11 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que estabelece que cada assembleia estadual tenha poder constituinte para elaborar a constituição do respectivo estado num determinado prazo. E mostra a utilização constante da temática no ato legislativo brasileiro, onde faz seu comentário utilizando de exemplos como a questão de ordem de José Genuíno em 88, a qual a questão se baseia no poder originário, onde mostra a “impossibilidade da importação de conceitos, os quais se tornam categorias jurídicas a partir de fatos históricos”. E até mais importante cita o acontecimento de 85, de que os constituintes originários de 87 haviam sido convocados pelos constituintes derivados daquele ano para votar nova constituição, ou seja, a investidura de poder constituinte pleno nos Deputados Federais e Senadores. Assim, de acordo com o ministro, a assembleia constituinte não seria poder originário, pois teria sido convocada por poder derivado, contudo na segunda hipótese, os poderes de votar nova constituição, fazem-se com base em emenda enviada pelo Presidente, que é de fato o que ocorreu na época, por meio de Jose Sarney. Com isso, mostrando a dificuldade em aplicar esses princípios na historia politica brasileira, já que “a história politica brasileira sempre foi uma historia de transição e raramente ruptura”, como de fato deveria ocorrer quando se origina uma nova constituição. 
Por conseguinte, o ministro chega ao ponto final de sua critica a tese do relator, onde argumenta “Se dissermos que não se pode alterar o poder constituinte derivado, ou seja, os deputados e senadores, os membros da Assembleia Legislativa do Tocantins, no caso, não podem estabelecer modelos distintos de alterar a constituição, pois não são constituintes originários.”, na sequencia expondo o art. 11 da carta de 88, onde as assembleias legislativas de cada estado recebem a originalidade do poder constituinte. Mas suas características, como órgão, derivadas do poder que a originou, continuam as mesmas após constituírem novo poder e legislação, que em tese seriam distintas, mas que não possuiu alteração. Bem como a emenda de 85, que com base na constituição de 69 como previsto emenda seus dispositivos e a composição dos poderes, os quais substituem essa constituição em 88 por uma nova, em que as características continuam as mesmas, sem nenhuma solução para a continuidade politica, como dito pelo ministro.
Por fim, o ministro Marco Aurélio acompanha o voto do relator, ministro Marco Aurélio, mas afasta por completo o fundamento utilizado no voto de seu par, com base na possível inconstitucionalidade com base em uma distinção entre poder constituinte originário e derivado, devido a sua extrema dificuldade de aplicação na historia brasileira, de tal forma a assumir outras razoes para seu voto.

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