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Material elaborado tomando como base o conteúdo das aulas ministradas pelo professor e algumas explicações contidas no livro Curso de Direito Processual Civil, vol 1 do autor Fredie Didier Jr., bem como na obra “Novo Código de Processo Civil anotado” da OAB/RS. Página 1 POR CAROLINE S. ANDRADE MONITORA – 2016.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL III PROFESSOR: JOSÉ CARLOS ZEBULUM LIVRO III – DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS TITULO I – DA ORDEM DOS PROCESSOS E DOS PROCESSOS DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DOS TRIBUNAIS CAPITULO V – DA RECLAMAÇÃO CONSIDERAÇÕES INICIAIS A reclamação constitucional é uma ação de competência originária de tribunal, prevista na CF e em legislação ordinária, que tem como objetivo preservar a competência e garantir a autoridade das decisões destes tribunais. Lê-se, na Constituição, que “compete ao STF, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: (...) I) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões (art. 102); que do ato administrativo ou decisão judicial que contraria a súmula aplicável ou que indevidamente a aplica, cabe reclamação ao STF que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso (art. 103, § 3º, incluído pela EC n. 45/2004); que “compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: (...) (II) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões”. NATUREZA JURÍDICA 1ª corrente A reclamação reflete o exercício do direito de petição (art. 5º,XXXIV, 'a', da CF/88)- entendimento adotado pelo STF no julgamento da ADI 2.212-1. 1. Aqueles que adotam este entendimento acabarão por concluir que o julgamento da Reclamação não produzirá os efeitos da coisa julgada material. 2. Outra consequência interessante da adoção do entendimento de que a natureza jurídica da reclamação é de mero exercício de direito de petição, é que não cabe a condenação em custas e honorários advocatícios (art. 5º, XXXIV, CF/88e Rcl 2017/RJ, STJ). 2ª corrente A reclamação reflete o exercício do direito de ação - entendimento adotado pelo STF nos julgamentos da Rcl 5470/PA e da Rcl 232. 1. Aqueles que adotam este entendimento acabarão por concluir que a decisão nela proferida revestir-se-á da imutabilidade característica da coisa julgada material. Pontes de Miranda é apontado como o primeiro a sustentar que a Reclamação teria natureza de ação. A doutrina moderna segue esse entendimento, apontando o julgamento da Rcl 532 no STF, em 01/08/1996, no qual se decidiu que "havendo sido julgada improcedente a Reclamação anterior, sem que os Reclamantes, no prazo legal, propusessem a ação rescisória, (...) não podem pleitear novo julgamento da mesma Reclamação, em face do obstáculo da coisa julgada". Material elaborado tomando como base o conteúdo das aulas ministradas pelo professor e algumas explicações contidas no livro Curso de Direito Processual Civil, vol 1 do autor Fredie Didier Jr., bem como na obra “Novo Código de Processo Civil anotado” da OAB/RS. Página 2 PROVA DA AGU Por ter natureza jurídica de direito constitucional de petição, a reclamação não se sujeita à coisa julgada material. O gabarito oficial indicou como resposta que a assertiva estava errada. O novo CPC passa a tratar da matéria que já era prevista na Constituição Federal, na Lei 8.038/90 e na Lei n.º 11.417/2006, introduzindo, porém, algumas novidades. HIPÓTESES DE CABIMENTO Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: I. preservar a competência do tribunal; II. garantir a autoridade das decisões do tribunal; III. garantir a observância de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; IV. garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de precedente proferido em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência. Súmula vinculante Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. Lei n.º 11.417/2006 Regulamenta o art. 103-A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999 Art. 7o Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar- lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação. § 1o Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias administrativas. § 2o Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso. Comentários: Cabe contra a decisão judicial ou ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente (art. 7º, da Lei n. 11.417/2006). A reclamação não impede o prejudicado de valer-se dos recursos previstos na legislação processual, mas tem sobre eles a grande vantagem de ser dirigida diretamente ao STF que, se a acolher, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinado que outra seja proferida, com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso (art. 7º, § 2º). Mesmo que a decisão seja de primeira instância, a reclamação será diretamente dirigida ao STF, uma vez que a sua natureza não é de recurso. A reclamação é o mecanismo adequado para tornar eficazes as súmulas vinculantes. O art. 7º, § 1º, da Lei estabelece que contra a omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido depois de esgotadas as vias administrativas. Importante! Esclarece o artigo 985, § 1º do NCPC que, não observada a tese adotada no incidente de resolução de demandas repetitivas, cabe reclamação. Material elaborado tomando como base o conteúdo das aulas ministradas pelo professor e algumas explicações contidas no livro Curso de Direito Processual Civil, vol 1 do autor Fredie Didier Jr., bem como na obra “Novo Código de Processo Civil anotado” da OAB/RS. Página 3 §1º A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca presentar ou cuja autoridade se pretenda garantir. §4º As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a aplicação indevida da tese jurídica e sua não aplicação aos casos que a ela correspondam. Aplicação dos efeitos transcendentes da teoria dos motivos determinantes? STF Rcl 2.986 MC/SE; STF Rcl 3.294 AgR/RN TEORIA DA TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES, A RATIO DECIDENDI = os fundamentosdeterminantes da decisão também tem efeito vinculante. PROCEDIMENTO – Art. 988, §2º, §3º, §5º e §6º ao art. 993 do NCPC. §5º É inadmissível a reclamação proposta após o transito em julgado da decisão. Comentários: Não há prazo para o oferecimento de reclamação, mas, por imposição constitucional (art. 5º, XXXVI), não cabe reclamação após o trânsito em julgada da decisão (art. 988, § 5º). Supõe-se, aí, coisa julgada material e, portanto, decisão de mérito não mais sujeita a recurso (art. 502). §6º A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a decisão proferida pelo órgão reclamado não prejudica a reclamação. §2º A reclamação deverá ser instruída com prova documental e dirigida ao presidente do tribunal. Comentários: somente se inicia o procedimento da reclamação com a apresentação da petição inicial, instruída com prova documental e dirigida ao presidente do tribunal. §3º Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao relator do processo principal, sempre que possível. Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator: I. requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; II. se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar dano irreparável; III. determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação. Art. 990. Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante. Art. 991. Na reclamação que não houver formulado, o Ministério Público terá vista do processo por 5 (cinco) dias, após o decurso do prazo para informações e para o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado. Art. 992. Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia. Art. 993. O presidente do tribunal do tribunal determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente. Comentários: A reclamação é autuada e distribuída ao relator (art. 988, § 3º). Ao despachar a petição inicial, o relator requisita informações à autoridade coatora, suspende o ato ou processo ou determinada a citação do beneficiário como prevê o art. 989 e incisos. Decorrido o prazo de 10 dias para o oferecimento de informações pela autoridade coatora e de 15 dias para a contestação, abre-se vista ao Ministério Público, por cinco dias (art. 991). Se acolhida a reclamação, o Presidente do Tribunal determina o imediato cumprimento da decisão, independentemente da lavratura do respectivo acórdão (art. 993).
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