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16 - Reclamação

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Reclamação
1. Introdução
Segundo o artigo 102, I, l, da CRFB/88, cabe ao Supremo julgar a reclamação para preservar sua
competência e garantia da autoridade de suas decisões. Recebeu status constitucional diferenciado com a
Constituição de 1988, embora já existisse no regimento interno dos Tribunais antes. Sua natureza jurídica
ainda é controvertida.
A reclamação é repressiva, nunca preventiva, recaindo sobre decisão que já foi proferida; também tem
natureza documental, havendo necessidade de prova pré-constituída para que o órgão receba a ação. Serve
para a uniformização da jurisprudência dos Tribunais. É cabível perante qualquer Tribunal de 2ª instância,
Tribunais Superiores e o próprio STF.
As decisões proferidas em reclamação não têm eficácia erga omnes.
2. Base Legal
Está disposta nos artigos 102, I, l e 103-A, §3º da CRFB, entre os artigos 988 a 993 do CPC e, no caso
violação a súmula vinculante, também se utiliza a Lei 11.417/2006.
De acordo com o Código de Processo Civil, a Reclamação tem natureza jurídica de manifestação do
direito de ação e, no caso de ser proposta frente ao STJ ou STF, ação constitucional. Destaque-se que a
reclamação não é recurso, pois este tem como objetivo a invalidação ou reforma da decisão e, em nome do
princípio da taxatividade só é recurso a ação definida como tal, sendo que a reclamação não está disposta
como tal no rol do artigo 994 do CPC.
Ademais, a reclamação não se destina a examinar o ato impugnado com vistas a repudiá-lo por alguma
invalidade processual-formal ou corrigi-lo por erros em face da lei ou da jurisprudência.
Não há prazo para apresentação da reclamação, havendo somente o limite específico para sua
apresentação até o trânsito em julgado da decisão.
3. Hipóteses de Cabimento na Constituição
A reclamação pode ser ajuizada, segundo o art. 102, I, l da CRFB/88, para preservar a competência do
Supremo Tribunal Federal ou para garantir a autoridade de suas decisões.
As competências do Supremo originárias e recursais estão todas previstas na Constituição, sendo– –
que estas não podem ser ampliadas por meio da legislação infraconstitucional nem usurpadas por outros
órgãos. A grande maioria das competências originárias estão contidas no art. 102 da CRFB, enquanto as
recursais são extraídas dos incisos II e III do mesmo artigo, sendo estas o recurso ordinário constitucional e
o recurso extraordinário, respectivamente.
Ou seja, pode-se ajuizar reclamação ao STF quando alguma das ações de sua competência é julgada por
outro órgão, levando à cassação da decisão e avocação do caso para julgamento pelo Supremo.
A reclamação para garantir a autoridade da decisão do STF ocorre referente ao controle difuso e
concentrado.
Todas as decisões do Supremo no controle concentrado geram efeitos erga omnes e vinculantes,
portanto, se descumprida, cabe reclamação. Já no controle difuso a regra é que os efeitos sejam inter
partes, sendo assim menos comum a interposição de reclamação nesse caso, embora ainda seja possível em
face de descumprimento de determinação do STF.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I processar e julgar, originariamente:–
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
Nunca foi cobrada
Com o advento da EC 45/2004, surgiu a súmula vinculante e, com ela, a possibilidade de ajuizar
reclamação para garantir o seu cumprimento, conforme disposto no art. 103-A, §3º da CRFB/88, Art. 988
do CPC e Art. 7º da Lei 11.417/06. Frise-se que, no caso da decisão administrativa que descumprir a súmula
vinculante, só cabe reclamação após o esgotamento da instância administrativa.
Também é cabível a reclamação perante o STJ para preservar a sua competência e garantir a
autoridade de suas decisões, segundo o art. 105, I, f, da CRFB/88.
Assim como o Supremo, o STJ tem competências originárias (Art. 105, I) e recursais (Art. 105, II e III –
Recurso ordinário e recurso especial).
4. Hipóteses de Cabimento no CPC
Estão contidas no artigo 988 do CPC, sendo cabível a reclamação para preservar a competência e
garantir a autoridade de qualquer tribunal, sendo um grande instrumento de uniformização da jurisprudência.
Também pode ser ajuizada para garantir a observância de enunciado de súmula vinculante.
Os institutos de uniformização de jurisprudência dos Tribunais estão no inciso IV, cabendo a reclamação
se algum órgão do Tribunal desrespeitar a decisão definida em acórdão.
O incidente de resolução de demandas repetitivas está disposto no artigo 976 do CPC e é cabível
quando houver vários processos contendo controvérsia sobre a mesma questão de direito e risco de ofensa
à isonomia e segurança jurídicas.
O incidente de assunção de competência, definido no art. 947 do CPC, é admitido quando o julgamento
envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos
processos. Se o órgão do Tribunal não cumprir esse acórdão, caberá reclamação.
5. Legitimidade Ativa e Competência
O art. 988 do CPC estabelece que a reclamação será proposta pela parte interessada dentro daquele
processo (Autor, réu, recorrente, recorrido), sendo que a decisão objeto da reclamação é uma decisão
judicial sem trânsito em julgado ou uma decisão administrativa.
A reclamação é endereçada ao Presidente do Tribunal que teve a decisão ou competência
desrespeitada.
Reclamante/Requerente vs Decisão proferida pelo Tribunal ou órgão administrativo
Art. 103-A.
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a 
aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato 
administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem 
a aplicação da súmula, conforme o caso.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:
I preservar a competência do tribunal;–
II garantir a autoridade das decisões do tribunal;–
III garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal –
em controle concentrado de constitucionalidade;
IV garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas –
repetitivas ou de incidente de assunção de competência;
6. Prazo
Não tem prazo para apresentação da reclamação, mas a súmula 734 do STF estabelece que não cabe
reclamação de decisão judicial que já tenha transitado em julgado, disposição reafirmada pelo art. 988, §5º,
I, do CPC. Nesse caso, a própria segurança jurídica estaria em risco.
7. Tutela de Urgência
É cabível em sede de reclamação segundo o art. 989, II do CPC, levando à suspensão do processo ou ato
impugnado para evitar dano irreparável, e tem natureza cautelar.
Segundo o art. 992 do CPC, o pedido final da reclamação é a cassação da decisão exorbitante do seu
julgado, que violou sua competência ou súmula vinculante. Além disso, o STF pode determinar que nova
decisão seja proferida.
8. Decisões do STF
Não cabe reclamação contra ato futuro indeterminado, pois não tem natureza preventiva.
É impossível haver ofensa à autoridade da súmula vinculante se ela não existia a época da decisão.
Não cabe reclamação constitucional para questionar súmula destituída de efeito vinculante.
Somente as decisões que concedem as liminares em ADIs e ADCs têm efeito vinculante
 As denegatórias não, pois o efeito ambivalente só se aplica às decisões definitivas→
 Efeito ambivalente: Se a ADI é improcedente entende-se que o ato é constitucional→
Impossibilidade de utilização de reclamação quando há recurso apropriado e cabível contra a decisão
reclamada
É inepta a petição inicial de reclamação que não identifica comprecisão quais seriam os atos contrários
à autoridade do STF, nem que indique analiticamente como os atos reclamados poderiam violar a autoridade
dos precedentes invocados
A reclamação não se presta a antecipar julgados, a atalhar julgamentos, a fazer sucumbir decisões sem
que se atenha à legislação processual específica qualquer discussão ou litígio a ser solucionado juridicamente.
A inicial deve vir acompanhada de documento essencial, no que indispensável à compreensão da
controvérsia.
Não é cabível a condenação em custas e honorários advocatícios, salvo comprovada má-fé. Também é
uma peça de prova pré-constituída.
9. Fundamentos
Desrespeito de decisão do controle concentrado: Lei 9.868/99 (ADI, ADC, ADO)
Lei 9.882/99 (ADPF)
Base da violação é súmula vinculante: Lei 11.417/2006
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:
§ 5º É inadmissível a reclamação:
I proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada;–
Súmula 734 do STF: Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se 
alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.

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