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DIREITO CONSTITUCIONAL II Teoria Geral dos Direitos Fundamentais

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DIREITO CONSTITUCIONAL II
LIGA DE ENSINO DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE
CURSO DE DIREITO
 
PROFESSORA: Ana Mônica Medeiros Ferreira
PERÍODO: Janeiro de 2015
CARGA HORÁRIA: 30h/a
ANO/SEMESTRE: 2015.1
Fonte: IDEP
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TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
Fundamentos histórico-filosóficos
Fundamentos jurídicos
Conceito de Direitos Fundamentais
Características
Gerações/Dimensões dos Direitos Fundamentais
Finalidades
Titularidade
Fontes
Classificações
Limites dos Direitos Fundamentais
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1. Fundamentos histórico-filosóficos
Os direitos fundamentais estão ligados ao fenômeno do constitucionalismo.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Antiguidade 
	Torah dos hebreus *
	Lei das XII Tábuas em Roma
	Código de Hammurabi na Babilônia
 	Platão na Grécia Antiga e a distinção entre nomoi e psefismata
Idade Média
	
	Magna Carta de João Sem Terra, na Inglaterra de 1215 (Magna Carta da Liberdade) *
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1. Fundamentos histórico-filosóficos
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Constitucionalismo Moderno - Séculos XVII e XVIII
	Pensamento de John Locke e as primeiras cartas de direitos fundamentais:
	Bill of Rights, na Inglaterra de 1688 após a Revolução Gloriosa
	Declaração de Direitos da Virgínia e Independência das 13 colônias, nos EUA de 1776
	Constituição Federal dos EUA em 1787 **
	Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1791, pós Revolução Francesa de 1789
Pós 2ª Guerra Mundial 
	 Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
Constitucionalismo Contemporâneo – Dias atuais
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2. Fundamentos jurídicos
Fundamentos que justificam a existência de Direitos Fundamentais:
Dignidade humana
Estado de Direito
DIMENSÃO SUBJETIVA
Para maior parte da doutrina. 
Em entendimento contrário: J.J. G. Canotilho.
DIMENSÃO OBJETIVA
Para maior parte da doutrina. CF/88 art. 1º caput.
Divergência: Preâmbulo
 
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2. Fundamentos jurídicos
 Preâmbulo: função normativa? 
	“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”. 
 
	Natureza jurídica: STF: ADI 2076. Apesar do STF adotar a tese da irrelevância jurídica, é controvertida a discussão doutrinária sobre a natureza jurídica do preâmbulo. Independentemente da corrente adotada, para o estudo dos direitos fundamentais é importante entender o preâmbulo como o pilar ético-jurídico-político da própria compreensão da Constituição.
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2. Fundamentos jurídicos
São múltiplas as concepções filosóficas e jurídicas justificadoras dos Direitos Fundamentais (Jorge Miranda):
 
Jusnaturalistas
Idealistas
Positivistas
Realistas
OBS: Para Norberto Bobbio é ilusório buscar um substrato absoluto para os direitos fundamentais. 
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3. Conceito de Direitos Fundamentais
Direitos do Homem
(Direitos Naturais não positivados)
x 
Direitos Humanos 
(Direitos positivados na esfera do Direito Internacional)
x
Direitos Fundamentais
(Direitos protegidos pelo Direito Constitucional de cada País)
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3. Conceito de Direitos Fundamentais
“Direitos fundamentais designam, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que o ordenamento jurídico concretiza em garantia de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas. No qualitativo fundamentais acha-se a indicação de que se trata de situações jurídicas sem as quais a pessoa humana não se realiza, não convive e, às vezes, nem mesmo sobrevive”. José Afonso da Silva
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3. Conceito de Direitos Fundamentais
Direitos Fundamentais e Garantias Fundamentais
Direitos Fundamentais
(Disposições de caráter declaratório)
x 
Garantias Fundamentais
(Disposições de caráter assecuratório)
	OBS: O art. 5º da CF não faz distinção formal entre direitos e garantias.
	EXEMPLO: O art. 5º, X, da CF contempla simultaneamente as duas espécies.
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4. Características
Historicidade
Relatividade
Imprescritibilidade
Inalienabilidade
Indisponibilidade
Indivisibilidade
Eficácia vertical e eficácia horizontal 
	STF: RE 158.215, RE 161243-6 e RE 201819.
Aplicabilidade imediata
Vinculação dos Poderes Públicos
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5. Gerações/Dimensões dos Direitos Fundamentais
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6. Finalidades/Funções dos Direitos Fundamentais
	
Os direitos fundamentais desempenham funções múltiplas na sociedade e na ordem jurídica.
	A teoria dos quatro status de Jellinek:
	O indivíduo pode achar-se em quatro status em face do Estado:
Status passivo : detentor de deveres para com o Estado
Status negativo: liberdade em relação a ingerências do Estado
Status positivo: capacidade de exigir que o Estado atue
Status ativo: capacidade para influir na vontade do Estado
	A partir dessa teoria, firmou-se a classificação dos direitos de defesa e os direitos a prestações. 
	(E, para doutrina minoritária ainda o direito de participação)
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7. Titularidade
Podem ser titulares de Direitos Fundamentais:
Pessoas Físicas:
A) Brasileiros natos;
B) Brasileiros naturalizados;
C) Estrangeiros (residentes no Brasil, em trânsito ou alcançado pela lei brasileira) STF: HC 94.016
ATENÇÃO COM A LEITURA DO ART. 5º CAPUT DA CF/88
Pessoas Jurídicas Súmula STJ nº 227
OBS: Estão excluidos os animais. Para a maior parte da doutrina todos os animais são objetos e não sujeitos de direitos.
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8. Fontes
O rol constitucional não é taxativo, mas meramente exemplificativo.
	Art. 5º
	§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
	§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
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8. Fontes
 A Constituição brasileira é dividida em nove Títulos, que são:
	I: Dos princípios fundamentais
	II: Dos direitos e garantias fundamentais (contém 5 Capítulos: dos direitos e deveres individuais e coletivos – dos direitos sociais – da nacionalidade – dos direitos políticos – dos partidos políticos)
	III: Da organização do Estado
	IV: Da organização dos Poderes
	V: Da defesa do Estado e das instituições democráticas
	VI: Da tributação e do orçamento.
	VII: Da ordem econômica e financeira.
	VIII: Da ordem social.
	IX: Das disposições constitucionais gerais.
O rol constitucional não é taxativo, mas meramente exemplificativo.
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8. Fontes
	Os tratados internacionais podem ter no ordenamento jurídico brasileiro três diferentes tipos de posições hierárquicas:
Hierarquia Constitucional – Tratados de DH aprovados pelo trâmite das emendas constitucionais.
Hierarquia Supralegal – Tratados de DH aprovados antes de 2004.
Hierarquia Legal – Tratados que não versam sobre DH.
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9. Classificações
Quanto a topologia constitucional:
Direitos e garantias individuais e coletivos: art. 5º
Direitos sociais: art. 6º a 11 e também no título da Ordem Social art. 193 e ss.
Direitos de nacionalidade: art.12
Direitos Políticos: art. 14 a 17
OBS: Direitos solidários (José Afonso da Silva): art. 3º e 225
Quanto a enunciação:
Enunciados: dentro do catálogo (Título II da CF/88) ou fora.
Não enunciados: implícitos ou decorrente de tratados e convenções adotados.
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10. Limites dos Direitos Fundamentais
Sobre os limites nas palavras de André Ramos Tavares:
	Os direitos fundamentais consagrados e assegurados:
1) Não podem servir de escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas;
2) Não servem para respaldar irresponsabilidade civil;
3) Não podem anular os demais direitos igualmente consagrados pela CF/88;
4) Não podem anular igual direito das demais pessoas, devendo ser aplicados harmonicamente no âmbito material.
	Aplica-se a máxima da cedência recíproca ou da relatividade, também chamada “princípio da convivência das liberdades” , “harmonização” ou “concordância prática”.
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10. Limites dos Direitos Fundamentais
Há duas teorias sobre as limitações dos Direitos Fundamentais:
Teoria externa:
	As restrições a direitos fundamentais são externas aos conceitos desses mesmos direitos. Por exemplo, existe um direito a liberdade, que pode sofrer restrições (externas) em casos concretos. É a posição no Brasil de Gilmar Mendes. É a tendência do STF.
Teoria interna:
	O conteúdo de um direito só pode ser definido após ser confrontado com os demais. Não existem restrições a um direito, mas definições de até onde vai esse direito. É a tese inspirada em Habermas, adotada no Brasil por Eros Grau. 
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10. Limites dos Direitos Fundamentais
Limites dos Direitos Fundamentais
Concorrência de Direitos
	É daqui que surgem os conflitos (aparentes) entre os direitos.
POR EXEMPLO: 
	Vida x Liberdade de Religião
	Testemunha de Jeová e transfusão de sangue/ transplante de órgãos
	Liberdade de Expressão X Proibição do racismo/Proibição a incitação à prática de crimes
	Caso Ellwanger – STF HC 82.424 RS
	Caso Gerald Thomas – STF HC 83.966 RJ
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Limites dos Direitos Fundamentais
b) Liberdade de Conformação
	Alguns direitos fundamentais precisam ser concretizados pelo legislador.
	Nesses casos, admite-se que o legislativo possui uma esfera discricionária de definição do direito, chamada de liberdade de definição ou liberdade de conformação.
POR EXEMPLO:
	Direito de propriedade – art. 5º, caput e inciso XXII da CF/88.
	É o Código Civil que indica o seu conteúdo e função, concretizando o direito fundamental. 
10. Limites dos Direitos Fundamentais
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Limites dos Direitos Fundamentais
c) Reserva Legal
	Há casos em que a própria constituição determina que o legislador regulamente um determinado direito fundamental, especificando-o, desde que o faça por meio de lei.
Reserva legal simples: apenas exige lei. 
Ex: “não há crime sem lei anterior que o defina”
Reserva legal qualificada: exige lei e já prevê o conteúdo. 
Ex: “é inviolável o sigilo...na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.
10. Limites dos Direitos Fundamentais
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10. Limites dos Direitos Fundamentais
Limites dos Direitos Fundamentais
Teoria dos “limites dos limites”:
	Proteção do núcleo essencial
	Ex: STF RE 511.961/SP sobre o núcleo essencial da liberdade profissional- art. 5º XIII; STF ADI 2024/DF o §4º do art. 60 estabelece a proteção do núcleo essencial 
	Obrigatoriedade de adequação ao princípio da proporcionalidade
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10. Limites dos Direitos Fundamentais
Fonte: STF/repositorio doutrina direitos fundamentais 
Princípio da proporcionalidade:
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Considerando-se que não há hierarquia entre as diversas normas constitucionais e que o sistema jurídico é um todo harmônico, o conflito entre aquelas é apenas aparente. 
Assim, por exemplo, não há conflito, no plano normativo, entre as normas que garantem o direito à liberdade de imprensa e o direito à intimidade. Porém, no plano fático, a incidência delas sobre uma dada situação pode gerar uma colisão real entre os mencionados direitos constitucionais.
 
10. Limites dos Direitos Fundamentais
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Para Canotilho, ocorre uma colisão autêntica de direitos fundamentais quando o exercício de um direito fundamental por parte do seu titular colide com o exercício do direito fundamental por parte de outro titular.
Como solucionar o conflito entre direitos fundamentais?
 
10. Limites dos Direitos Fundamentais
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Como solucionar o conflito entre direitos fundamentais?
Diante de situações de colisão de direitos fundamentais, os intérpretes, sem poderem recorrer às técnicas tradicionais de hermenêutica, valem-se de um raciocínio que a doutrina convencionou denominar ponderação. 
São três as fases da ponderação:
1) Fase de identificação: Quais direitos envolvidos?
2) Fase de análise: Quais as especificidades do caso concreto? 
3) Fase de decisão: apreciação conjunta dos diferentes grupos de normas e a repercussão dos fatos sobre eles, com o escopo de atribuir “pesos” aos diferentes elementos em colisão, determinando quais devem prevalecer e em que intensidade. É o que se chama de sopesamento.
10. Limites dos Direitos Fundamentais
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	Como solucionar o conflito entre direitos fundamentais?
Observar o caso concreto.
Constatar a existência de tensão entre dois ou mais direitos fundamentais (diferenciar colisão autêntica de colisão aparente).
Realizar o exercício de sopesamento dos valores e interesses envolvidos com a técnica da ponderação.
Passar ao exame da proporcionalidade, com especial atenção para a aplicação de todos os subprincípios (necessidade, adequação e razoabilidade).
Verificar em que medida a decisão adotada atende ao princípio fundamental da dignidade da pessoa humana e traz unidade e coerência ao sistema.
10. Limites dos Direitos Fundamentais
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PRÓXIMA AULA
TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
 Art. 5º da CF/88
 Direitos e garantias fundamentais em espécie
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE
	
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
	TÍTULO II Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
	Art. 5º 
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS:
 Observações importantes para a leitura do art.5º:
1. Interação dos direitos fundamentais: Não existe direito absoluto, nem mesmo o direito à vida o é. 
2. Caput: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade.
3. Um inciso pode ser uma exceção ou detalhamento.
4. Além de se auto-limitarem, os direitos fundamentais podem decorrer uns dos outros:
Vida => integridade física, etc.
Dignidade => privacidade, intimidade, imagem, honra, etc. 
Liberdade => pensamento, expressão, ação (física), escolha profissional, associação, etc.
Igualdade: entre sexos, proibição de preconceito, crime de racismo, etc.
Propriedade => material, autoral, herança, pequena propriedade rural, desapropriação, etc. 
Segurança => proteção judiciária, segurança jurídica, inafastabilidade da jurisdição, devido processo legal, juiz natural, direito penitenciário, etc.
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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS:
Os direitos individuais são prerrogativas fundamentais atribuídas aos particulares em face do Estado e de outros particulares, visando a proteção de valores como a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade.
Cada um dos setenta e oito incisos do art. 5º concretizam os princípios constitucionais relativos aos direitos ali declarados e é tarefa do intérprete verificar o âmbito de proteção e as intervenções restritivas (restrições).
	Ex: Direito a vida
		Âmbito de proteção: inviolabilidade da vida humana (dupla acepção – negativa e positiva)
		Restrições: 	Expressa na CF – art. 5º XLVII, a.
				Não expressa – CP art. 128, I e II e outros.
				
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Princípios Constitucionais e os Direitos do art. 5º da CF/88
	
o princípio da igualdade ou isonomia; 
princípio da legalidade; 
princípio da dignidade da pessoa humana; 
princípio da inviolabilidade de domicílio; 
princípio da inviolabilidade do sigilo de correspondência, dados e comunicação telefônica; 
princípio da liberdade de reunião e associação; 
princípio da liberdade de informação; 
princípio do livre acesso ao Poder Judiciário;
princípio da segurança jurídica;
princípio da anterioridade e da tipicidade; 
princípio da irretroatividade da lei penal; 
princípio da dignidade do preso; 
princípio do devido processo legal; e, 
princípio da presunção de inocência
Os Direitos Individuais e Coletivos em sua maioria estão expressos no artigo quinto na Constituição da República Federativa do Brasil, entre os quais se destacam:
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Princípio da igualdade ou isonomia
	Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
	OBS: Igualdade relativa, “nos termos”... 
	– Lei em sentido amplo: princípio da legalidade.
	 STF: “igualdade perante a lei” e “igualdade na lei”
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Princípio da igualdade ou isonomia
	I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
	Isonomia formal e isonomia material
	Concurso Público - SÚMULA STF Nº 683
	XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; 
	Direito a diferença: Ronald Dworkin e Boaventura de Souza Santos
	XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
	Ações afirmativas ou discriminações positivas: política de cotas
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Princípio da legalidade
	II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
	Lei em sentindo amplo
	Concurso Público - SÚMULA STF Nº 686
	
	Princípio consagrado no Estado de Direito, vem contemplado além do artigo 5º, também o artigo 37 e artigo 84, inciso IV do texto Constitucional. 
	ATENÇÃO: A leitura do Princípio tem sentido diverso para as relações particulares, se comparada com as relações com a Administração Pública. 
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Princípio da dignidade da pessoa humana
III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Uso de algemas - SÚMULA VINCULANTE Nº 11
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Intimidade: gostos, problemas pessoais, neuroses. 
Vida privada: vida diária, quotidiana, na casa. 
Honra: pode ser interna ou externa. 
Imagem: externa (opinião) ou figura pictórica, foto, direito à imagem. 
Pessoa Jurídica: honra objetiva - SÚMULA STJ Nº 227
Informativo nº 493 STJ. Resp 794.586
Informativo nº 466 e 482 STF.
	Quebra de sigilo de dados bancários, fiscais, telefônicos e informáticos.
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Princípio da Inviolabilidade de Domicílio
	XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;   
Mandado judicial: só de dia (das 6h às 18h ou da aurora ao pôr-do-sol), 
Qualquer hora: flagrante, desastre ou socorro.
Determinação não pode ser policial ou administrativa. 
Casa: escritório, hotel, carro. 
	Exceção: estado de sítio (CF, 139, V)
STF: Escuta ambiental escritório de advocacia. Inq 2424/RJ
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Princípio da inviolabilidade do sigilo de correspondência, dados e comunicação telefônica
	XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
OBS: STF - Três requisitos para interceptação: Lei nº 9.296/1996 e Resolução nº 59 do CNJ.
1: Ordem judicial (reserva constitucional de jurisdição),
2: Para fins de investigação criminal ou instrução processual penal 
	(admitindo-se a utilização desta prova em processo administrativo disciplinar, e em extrema excepcionalidade no âmbito civil – STF Inq QO-QO 2.424 / RJ e STJ HC 203.405/MS),
3: Na forma e nas hipóteses estabelecidas por lei (Lei nº 9.296/1996) .
	
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Princípio da inviolabilidade do sigilo de correspondência, dados e comunicação telefônica
	ATENÇÃO:
	a) Interceptação telefônica: captação da comunicação telefônica alheia POR 3.º, sem o conhecimento dos comunicadores.
	b) Escuta telefônica: captação da comunicação telefônica por 3.º, COM o conhecimento de um dos comunicadores e desconhecimento do outro.
	c) Gravação telefônica: gravação da comunicação por um dos comunicadores (autogravação). É feita sem o conhecimento do outro, por isso clandestina;
	d) Interceptação ambiental: captação da comunicação no próprio ambiente, por 3.º, sem conhecimento dos comunicadores;
	e) Escuta ambiental: captação da comunicação, no ambiente dela, feita por terceiro, com o consentimento de um dos comunicadores;
	f) Gravação ambiental: captação no ambiente da comunicação feita por um dos comunicadores (com gravador ou câmeras).
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Princípio da inviolabilidade do sigilo de correspondência, dados e comunicação telefônica
	Quais seguem as regras da Lei 9.296/96? 
	Apenas interceptação em sentido estrito e a escuta telefônica.
	a) Interceptação telefônica: captação da comunicação telefônica alheia POR 3.º, sem o conhecimento dos comunicadores.
	b) Escuta telefônica: captação da comunicação telefônica por 3.º, COM o conhecimento de um dos comunicadores e desconhecimento do outro.
	Obs: Quebra de sigilo de dados: acesso ao conteúdo de informações contidos em registros. Possibilidade via CPI estadual e federal (Art. 58, §3º CF/88). STJ: não se submete à disciplina das interceptações telefônicas (STJ, EDcl 17732/MT)
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Princípio da inviolabilidade do sigilo de correspondência, dados e comunicação telefônica
	
	Alguns julgados sobre a matéria:
	STF, HC 130.054 (Info 490): O pedido de interceptação telefônica não pode ser a primeira providência investigatória realizada pela autoridade policial.
	STJ, HC 115.401/RJ: As comunicações telefônicas do investigado legalmente interceptadas podem ser utilizadas para formação de prova em desfavor do outro interlocutor, ainda que este seja advogado do investigado. 
	STF, HC 83.515/RS: É lícita a prorrogação do prazo para interceptação telefônica, ainda que de modo sucessivo, quando o fato seja complexo e o imponha a sua investigação, o que sucedera na espécie. 
	
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PRÓXIMA AULA
Remédios constitucionais
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
	TÍTULO II Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
	Art. 5º : CONTINUAÇÃO
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE
	
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
	TÍTULO II Dos Direitos e Garantias Fundamentais CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
	Art. 5º (continuação)
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Princípio da inviolabilidade do sigilo de correspondência, dados e comunicação telefônica
	XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
OBS: STF - Três requisitos para interceptação: Lei nº 9.296/1996 e Resolução nº 59 do CNJ.
1: Ordem judicial (reserva constitucional de jurisdição),
2: Para fins de investigação criminal ou instrução processual penal 
	(admitindo-se a utilização desta prova em processo administrativo disciplinar, e em extrema excepcionalidade no âmbito civil – STF Inq QO-QO 2.424 / RJ e STJ HC 203.405/MS),
3: Na forma e nas hipóteses estabelecidas por lei (Lei nº 9.296/1996) .
	
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Princípio da inviolabilidade do sigilo de correspondência, dados e comunicação telefônica
	ATENÇÃO:
	a) Interceptação telefônica: captação da comunicação telefônica alheia POR 3.º, sem o conhecimento dos comunicadores.
	b) Escuta telefônica: captação da comunicação
telefônica por 3.º, COM o conhecimento de um dos comunicadores e desconhecimento do outro.
	c) Gravação telefônica: gravação da comunicação por um dos comunicadores (autogravação). É feita sem o conhecimento do outro, por isso clandestina;
	d) Interceptação ambiental: captação da comunicação no próprio ambiente, por 3.º, sem conhecimento dos comunicadores;
	e) Escuta ambiental: captação da comunicação, no ambiente dela, feita por terceiro, com o consentimento de um dos comunicadores;
	f) Gravação ambiental: captação no ambiente da comunicação feita por um dos comunicadores (com gravador ou câmeras).
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Princípio da inviolabilidade do sigilo de correspondência, dados e comunicação telefônica
	Quais seguem as regras da Lei 9.296/96? 
	Apenas interceptação em sentido estrito e a escuta telefônica.
	a) Interceptação telefônica: captação da comunicação telefônica alheia POR 3.º, sem o conhecimento dos comunicadores.
	b) Escuta telefônica: captação da comunicação telefônica por 3.º, COM o conhecimento de um dos comunicadores e desconhecimento do outro.
	Obs: Quebra de sigilo de dados: acesso ao conteúdo de informações contidos em registros. Possibilidade via CPI estadual e federal (Art. 58, §3º CF/88). STJ: não se submete à disciplina das interceptações telefônicas (STJ, EDcl 17732/MT)
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Princípio da inviolabilidade do sigilo de correspondência, dados e comunicação telefônica
	
	Alguns julgados sobre a matéria:
	STF, HC 130.054 (Info 490): O pedido de interceptação telefônica não pode ser a primeira providência investigatória realizada pela autoridade policial.
	STJ, HC 115.401/RJ: As comunicações telefônicas do investigado legalmente interceptadas podem ser utilizadas para formação de prova em desfavor do outro interlocutor, ainda que este seja advogado do investigado. 
	STF, HC 83.515/RS: É lícita a prorrogação do prazo para interceptação telefônica, ainda que de modo sucessivo, quando o fato seja complexo e o imponha a sua investigação, o que sucedera na espécie. 
	
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Princípio da liberdade de expressão (de pensamento)
	IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;  
	Liberdade de expressão possui um só requisito: que não haja anonimato.
	STF MS 24405: inconstitucionalidade de dispositivo do RI do TCU que permitia o sigilo do autor de denúncias contra servidores públicos.
	V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;    
	Direito de resposta. Moral (sentimento, interna) e imagem (repercussão), indenizações acumuláveis.
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Princípio da liberdade de expressão (de pensamento)
	 IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; 
	Alguns julgados sobre a matéria:
	STF – ADI 4.451: O humor jornalístico enlaça o pensamento crítico, informação e criação artística e, assim, não é aprioristicamente suscetível de censura.
	STF – ADPF 130: A atividade da imprensa representa necessário contraponto à versão oficial das coisas. Não recepção da Lei de Imprensa (Lei nº5.250/67) pela atual ordem constitucional.
	STF – Inq 1.957/PR : Impossibilidade de o Estado dar início a persecução penal tendo como único fundamento peças apócrifas. No mesmo sentido STF – HC 106.664.
	STF – AgRg-AI 675.276 – RJ (Info 623): A questão da liberdade de manifestação do pensamento em face de figuras públicas ou notórias e a descaracterização do intuito doloso de ofender.
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Princípio da liberdade filosófica e religiosa
	VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
	Liberdade de consciência: adesão a valores morais e espirituais independente de religião.
 	Liberdade de crença: qualquer religião e a CF assegura a assistência religiosa em entidades de internação coletiva (art. 5º, VII)
	Liberdade de culto: locais abertos ou templos
	Limitações: barulhos, saúde pública, animais, etc.  
	VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
	Escusa de consciência . 
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Princípio da liberdade profissional
	XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;   
	OBS: APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
	Norma de Eficácia Contida 
	Têm eficácia prospectiva (inicialmente na forma que se apresentam têm eficácia, porém, pode vir uma lei infraconstitucional que pode restringi-las). 
- Não depende de Integração Legislativa Infraconstitucional, a não ser que não exista lei específica que assim determine. 
- ex.: art. 5º XIII - Lei 8906/94 -> exercer a profissão de advogado: requer aprovação no exame da ordem. (restringe). 
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Princípio da liberdade de informação
	XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; 
	Direito de informar e ser informado. Restrição: Estado de Sítio (art. 139,III)
	XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
	A Lei nº 12.527/2011  regulamenta o direito constitucional de acesso às informações públicas. Somente é admitida a não prestação de informações pelos órgãos públicos de informações sigilosas, como relativas às Forças Armadas, à segurança nacional, às reservas energéticas estratégicas, à matéria radioativa.
   
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Princípio da liberdade de locomoção
	XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
	Termos da lei: passaporte, impostos e taxas, doença epidêmica, etc. 
	STF – HC 94.147
	Restrição: Estado de Sítio (art. 139, I e II, CF/88)
	Ação Constitucional: Habeas Corpus (preventivo e repressivo)
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Princípio da liberdade de reunião
	XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
Direito de reunião: Direito individual de expressão coletiva
Exigência: apenas aviso, não autorização.
Restrição: Estado de Sítio (art. 139, IV, CF/88) e Estado de Defesa (art. 136, § 1º, I, a, CF/88) 
STF – ADPF 187
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Princípio da liberdade de associação
	XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
	STF – ADI 3.045
	XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
	Não é necessária a autorização, mas no caso da criação de cooperativas, terá tratamento legal diferenciado.
	XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
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Princípio da liberdade de associação
	 OBS: Aos militares são proibidas a sindicalização e a greve, conforme artigo 142, IV, parágrafo 3º da Constituição da República Federativa do Brasil.
	XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
	Liberdade para associar-se e de se retirar da associação.
	XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
	Pode ser individual ou coletivamente. "A impetração de
mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes." (SÚM. 629 - STF) 
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Direito de propriedade
	XXII - é garantido o direito de propriedade;
	XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
	Função social: direito de propriedade não é absoluto. Rural e urbana. Segurança, saúde, sossego.
	XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
	Necessidade: indispensável. Utilidade: conveniente para a atividade pública. Interesse social: mais abrangente.
	Indenização: prévia – justa (valor de mercado) – em dinheiro. 
Exceção: reforma agrária (não é em dinheiro), perdimento de bens (pena, não há indenização).
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Direito de petição
	XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
  	a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
	b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
	STF – Súmula Vinculante nº 21: É inconstitucional a exigência de depósito prévio de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso administrativo.
	STJ – Súmula nº 373.
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Princípio da inafastabilidade da apreciação jurisdicional
	XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
	Princípio do livre acesso ao judiciário: Não há necessidade de esgotar o assunto na via administrativa para se buscar o acesso ao Judiciário. 
	STF: MS 23.789 
	“Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.” (SÚMULA 667 - STF)
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Princípio da segurança jurídica
	XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
Direito adquirido: é a vantagem jurídica, líquida, certa, lícita, concreta que a pessoa obtém na forma da lei vigente. Incorpora-se definitivamente e sem contestação ao patrimônio de seu titular, não lhe podendo ser subtraída por vontade alheia, inclusive dos entes estatais e seus agentes. Ex: estabilidade com 3 anos.
Ato jurídico perfeito: ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, logo está imunizado contra qualquer nova exigência que a nova lei venha a dispor. Sujeito capaz + objeto lícito + forma prescrita/não defesa em lei.
Coisa julgada: decisão judicial de que não caiba mais recurso. 
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Princípio do juiz natural
	LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
	"Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração do processo do co-réu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados." 
	(STF SÚMULA Nº 704)
	XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
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Princípio da reserva legal e da irretroatividade da lei penal
	XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
	Princípio da anterioridade e tipicidade da lei penal. 
	STF sobre condutas atípicas : HC 96007 – organização criminosa; HC 245.039 – “cola eletrônica”.
	XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 	
	“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.” (SÚMULA 711 - STF)
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Princípios de aplicação de pena
Crimes especialmente combatidos pela ordem constitucional 
	XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
Graça -> pessoal -> Ministro da Justiça. Anistia -> fato geral (político). Indulto-> favor temporário.
	XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
Pode haver anistia/graça.
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Princípios de aplicação de pena
	XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
	XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
	P. individualização da pena/ pessoabilidade / personalização da pena / responsabilidade pessoal/ instransmissibilidade da pena.
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Princípios de aplicação de pena
 XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
STF – Súmula nº 421
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Princípios de aplicação de pena
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Princípio do devido processo legal
	
	Due process of law
	Preconizado no inciso LIV, em que ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; inciso LV, em que aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; e o inciso LVI, em que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
	Contraditório: oportunidade de apresentar a sua defesa sobre os fatos alegados.
	
	Ampla defesa: possibilidade do acusado de trazer ao processo todos os elementos lícitos necessários a esclarecer a verdade dos fatos.
STF – Súmula Vinculante nº 03 e nº 05.
	
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Princípio da presunção de inocência
	LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
	A presunção de não culpabilidade não impede a decretação ou manutenção de prisão cautelar se presentes os requisitos do art. 312 CPP.
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Princípio da prevalência da liberdade
	LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 
	LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
	Pacto São José da Costa Rica STF – Súmula Vinculante nº25
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PRÓXIMA AULA
Remédios constitucionais
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REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
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REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
SÃO ESPÉCIES DE GARANTIAS FUNDAMENTAIS.
 São ações constitucionais que outorgam ao indivíduo, inclusive na condição de integrante de uma coletividade, a possibilidade de defender-se de ingerências indevidas em sua esfera privada, protegendo-se contra abuso de poder, agressões aos seus direitos, além de viabilizarem a efetivação dos direitos e garantias fundamentais.
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REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
	SÃO AS GARANTIAS, OS INSTRUMENTOS, POSTOS A DISPOSIÇÃO DAS PARTES PARA TORNAR EFETIVO O EXERCÍCIO DOS DIREITOS CONSTITUCIONAIS:
HABEAS CORPUS
MANDADO DE SEGURANÇA
MANDADO DE INJUNÇÃO
HABEAS DATA
AÇÃO POPULAR
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HABEAS CORPUS
1. Fundamento legal e constitucional
	Art. 5º, LXVIII e Art. 647 do Código de Processo Penal
	Art. 5º CF/88
	LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
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HABEAS CORPUS
2. Origem
	Direito Romano: interdictum de libero homie exhibendo. 
	Todavia, a origem mais apontada pela doutrina mais balizada
para o habeas corpus está no direito inglês, a partir da Magna Charta Libertatum (1215), imposta pelos barões ao rei João-Sem-terra. 
	Até 1679 (Habeas Corpus Act), o habeas corpus era utilizado somente para crimes.
	Em 1816, o novo Habeas Corpus Act inglês ampliou o campo de atuação e incidência do instituto.
	No Brasil, surgiu expressamente no Código de Processo Criminal de 1832 e elevou-se a regra constitucional na Constituição de 1891.
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HABEAS CORPUS
3. Conceito
	É uma garantia individual ao direito de locomoção, consubstanciada numa ordem dada pelo juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a ameaça ou coação à liberdade de locomoção em sentido amplo – o direito do indivíduo de ir, vir e ficar.
	OBS: A Constituição Federal, expressamente, prevê a liberdade de locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens (CF, art. 5º, XV).
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HABEAS CORPUS
4. Finalidade 
	O habeas corpus é meio idôneo para garantir todos os direitos do acusado e do sentenciado relacionados com sua liberdade de locomoção (RHC nº 2.238-7, 6ª turma, STJ)
	
OBS: O habeas corpus não poderá ser utilizado para a correção de qualquer inidoneidade que não implique coação ou iminência direta de coação à liberdade de ir e vir.
	Nesse sentido:
	Súmula 693 do STF – Não caberá habeas corpus para questionar pena pecuniária
	Súmula 694 do STF – Não caberá habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente.
	Súmula 695 do STF – Não caberá habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade
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HABEAS CORPUS
5. Natureza Jurídica
	Ação constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta de custas (CF, art. 5º, LXXVII) e que visa EVITAR ou CESSAR violência ou ameaça na liberdade de locomoção, por ILEGALIDADE ou ABUSO DE PODER.
OBS1:   O habeas corpus NÃO é recurso.
OBS2: O habeas corpus tem caráter mandamental.
OBS3: Para Pontes de Miranda, o HC é DIREITO, PRETENSÃO, AÇÃO, REMÉDIO JURÍDICO-CONSTITUCIONAL e GARANTIA CONSTITUCIONAL.
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HABEAS CORPUS
6. Espécies
Habeas corpus preventivo (salvo-conduto) – É cabível quando existente ameaça de violência ou coação ilegal à liberdade ambulatória. 
	Ex: o que se configura é a potencialidade da prática ilegal de ato violador do direito de ir, ficar ou vir do paciente. Salvo-conduto é o meio de instrumentalização da ordem preventiva, nos termos do art. 660, SS4º, do CPP. 
Habeas corpus liberatório/repressivo – É cabível quando já consumado o ato constritivo da liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 
	Ex: o caso do paciente já arbitrariamente encarcerado, cujo pleito consiste na concessão de ordem liberatória, que materializa-se no alvará de soltura.
 
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HABEAS CORPUS
7. Legitimidade ativa e passiva
Legitimidade ativa - Qualquer do povo, nacional ou estrangeiro, independentemente de capacidade civil, política, profissional, de idade, sexo, profissão, estado mental, pode fazer uso do habeas corpus, em benefício próprio ou alheio (habeas corpus de terceiro). O Ministério Público também é legitimado. O magistrado pode conceder o HC de ofício, mas não pode impetrá-lo.
	OBS: Impetrante 		 Paciente
Legitimidade passiva - o HC deverá ser impetrado contra o ato do coator, que poderá ser tanto autoridade como particular. No primeiro caso, nas hipóteses de ilegalidade e abuso de poder; no segundo caso, somente nas hipóteses de ilegalidade. 
Exemplo de coação por particular: internações em hospitais, clínicas psiquiátricas.
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HABEAS CORPUS
8. Procedimento
	
	Código de Processo Penal (CPP): ARTS. 647 A 667
	Fixação da competência  Territorialidade, prerrogativa de foro, hierarquia.
	Rito simplificado
	Celeridade
	Petição inicial: art. 654, CPP - A petição deve ser instruída com documentos capazes de demonstrar a ilegalidade do constrangimento ou ameaça.
	Liminar em HC:
Fumus boni iuris – juízo de probabilidade ou de verossimilhança quanto à decisão favorável do processo em relação a quem é beneficiário da medida de cautela
Periculum in mora – Restrição da liberdade
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MANDADO DE SEGURANÇA
1. Fundamento legal e constitucional
	Art. 5º, LXIX e LXX e Lei 12.016/09
	 
	LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
	LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
	a) partido político com representação no Congresso Nacional;
	b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
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MANDADO DE SEGURANÇA
2. Origem
	Previsto pela primeira vez na Constituição de 1934, desapareceu na Constituição de 1937 e voltou na de 1946.
	Surgiu como decorrência do desenvolvimento da doutrina brasileira do habeas corpus.
3. Conceito
	Meio constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
	Direito líquido e certo – FATOS comprovados de plano, juntamente com a petição inicial. (regra) No MS, inexiste fase de instrução. Exceção: Art. 6º, SS1º, Lei 12.016/09.
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MANDADO DE SEGURANÇA
4. Finalidade
	Defesa concedida aos indivíduos contra atos ilegais ou praticados com abuso de poder, constituindo-se verdadeiro instrumento de liberdade civil e liberdade política.
 
5. Natureza jurídica
	Ação constitucional, de natureza civil, cujo objeto é a proteção de direito líquido e certo, lesado ou ameaçado de lesão, por ato ou omissão de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
	Decisão em MS: NATUREZA MANDAMENTAL
	
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MANDADO DE SEGURANÇA
6. Espécies
	Mandado de segurança repressivo – É cabível contra ilegalidade já cometida.
	
	Mandado de segurança preventivo – Cabível quando o impetrante demonstrar justo receio de sofrer uma violação de direito líquido e certo por parte da autoridade impetrada. 
	OBS: Necessidade de comprovação de um ato ou uma omissão concreta que esteja pondo em risco o direito do impetrante (atos preparatórios, indícios razoáveis, tendência de se praticar atos).
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MANDADO DE SEGURANÇA
7. Legitimidade ativa e passiva 
Legitimação ativa (impetrante) - Titular do direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data. Pessoa física, jurídica, nacional, estrangeira, domiciliada ou não no Brasil, as universalidades reconhecidas por lei, os órgãos públicos despersonalizados, mas dotados de capacidade processual (chefia do Poder Executivo, Mesas do Congresso, Senado, Câmara, Assembleias, etc.).
MS COLETIVO: Partido político com representação no Congresso Nacional e organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano*.
Legitimação passiva (impetrado) – É a autoridade coatora que pratica ou ordena concreta e especificamente a execução ou inexecução do ato impugnado, responde pelas suas consequências administrativas e detenha competência para corrigir a ilegalidade, podendo a pessoa jurídica de direito público, da qual faça parte, ingressar como litisconsorte.
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MANDADO DE SEGURANÇA
8. Prazo para impetração
	120 dias, a contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser impugnado
	OBS1: Em caso de MS preventivo inexiste a aplicação do prazo decadencial de 120 dias.
	OBS2: Se
o MS é interposto contra OMISSÃO, duas hipóteses devem ser distinguidas: 
	 A) Se a Administração está sujeita a prazo para praticar o ato, esgotado esse prazo, começam a correr os 120 dias.
	B) Se a Administração não está sujeita a prazo legal para a prática do ato, não se cogita a decadência para o mandado de segurança, por inexistência de um termo a quo; enquanto persistir a omissão, é cabível o MS.
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MANDADO DE SEGURANÇA
9. Procedimento
	Lei nº 12. 016/09
	Competência: É definida em função da hierarquia da autoridade legitimada a praticar a conduta, comissiva ou omissiva, que possa resultar em lesão ao direito subjetivo da parte e não será alterada pela posterior elevação funcional da mesma.
	Liminar em MS
	Requisitos: fumus boni iuris e periculum in mora
	As cautelares servem, na verdade, ao processo, e não ao direito da parte, pois visam a dar eficácia e utilidade ao instrumento que o Estado criou para solucionar os conflitos de interesses dos cidadãos. 
	Recursos
	Podem recorrer o impetrante, autoridade coatora, pessoa jurídica e terceiro prejudicado (art. 499, CPC). A regra é a de que cabem no MS aqueles recursos que sejam possíveis em qualquer espécie de processo. Contudo, o procedimento do MS é inteiramente regulado por lei especial, não se lhe aplicando o CPC a não ser que haja norma expressa.
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HABEAS DATA
1. Fundamento legal e constitucional
Art. 5º, LXXII e Lei º 9.507/97
	LXXII - conceder-se-á "habeas-data":
	a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
	b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
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HABEAS DATA
2. Natureza Jurídica
	Ação constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito sumário, isenta de custas, que tem como objeto a tutela dos direitos fundamentais à privacidade e de acesso à informação, e assim, protege direito líquido e certo do impetrante em conhecer todas as informações e registros de seu interesse pessoal.
3 . Conceito
	Cabe Habeas Data para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, presentes em registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público ou para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
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HABEAS DATA
 4. Finalidade
	Ter acesso às informações que o Poder Público ou entidades de caráter público têm sobre a pessoa do impetrante;
	Ter a possibilidade de retificar esses dados, quando não se prefira fazê-lo por meio de processo sigiloso, judicial ou administrativo;
	A Lei do Habeas Data criou uma outra: ter a possibilidade de se anotar nos assentamentos do interessado contestação ou explicação sobre os dados que, embora sejam verdadeiros, podem ser melhor justificados com esses esclarecimentos ante pendência judicial ou amigável.
	O STF e o STJ entenderam que para ser cabível o habeas data tem que ter havido negativa na via administrativa ou omissão em atendê-lo. Seria causa de ausência de interesse de agir. A Lei 9.507/97 recepcionou essa tese da jurisprudência. 
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HABEAS DATA
5. Legitimação 
LEGITIMAÇÃO ATIVA: Possibilidade de impetração por pessoa física, inclusive estrangeiro, e por pessoa jurídica.
	Diferente do habeas corpus, ele só pode ser usado para pleitear informações sobre o próprio impetrante, nunca de terceiros. Prevalência da inviolabilidade da intimidade e privacidade. Excepcionalmente,se reconhece a legitimação de herdeiros ou do cônjuge supérstite do morto para a interposição de Habeas Data.
 
LEGITIMAÇÃO PASSIVA: Poder Público em geral – administração direta e indireta – e pessoas jurídicas, instituições e entidades privadas que atuam prestando serviços para o público ou de interesse público e que contenham dados relativos às pessoas físicas ou jurídicas.
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HABEAS DATA
6. Procedimento
	
	Competência: art. 20 Lei n.º 9.507/97.
	Exige-se que a petição atenda aos requisitos do art. 282 e 285 do CPC e prova de uma dessas situações:
 a) da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de 10 dias sem resposta ao pedido;
 b) da recusa em fazer a retificação ou do decurso de mais de 15 dias sem decisão;
 c) da recusa em fazer anotação sobre a explicação ou contestação sobre determinado dado, ou do decurso de mais de 15 dias sem decisão.
	Contra decisão que indefere a inicial ou que concede ou nega o Habeas Data cabe recurso de apelação.
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MANDADO DE INJUNÇÃO
1. Fundamento legal e constitucional
	Art. 5º, LXXI; Art. 24, parágrafo único, da Lei nº 8.038/90.
	 Art. 5º CF/88
	LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
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MANDADO DE INJUNÇÃO
2. Origem
	José Afonso da Silva: o instituto tem origem na Inglaterra, no século XIV, como essencial remédio da Equity. É um remédio outorgado, mediante juízo discricionário, quando falta norma legal regulando a espécie, e quando o Common Law não oferece proteção suficiente.
	A fonte mais próxima do MI é o writ of injunction do direito norte-americano, onde cada vez mais tem aplicação na proteção de direitos da pessoa humana para impedir, por exemplo, violações de liberdade de associação e de palavra, da liberdade religiosa e contra denegação de igual oportunidade de educação por razões puramente raciais.
	O MI em outros países pode ter servido, quando muito, de inspiração, mas não como modelo seguido fielmente pelo constituinte brasileiro.
	Cabem à doutrina e jurisprudência pátrias a definição dos contornos e objetivos do MI, o qual tem como fim precípuo combater a síndrome da inefetividade das normas constitucionais que não possuam aplicabilidade imediata.
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MANDADO DE INJUNÇÃO
3. Conceito
	Ação constitucional de caráter civil e de procedimento especial, que visa suprir uma omissão do Poder Público, no intuito de viabilizar o exercício de um direito, uma liberdade ou uma prerrogativa prevista na Constituição Federal.
4. Natureza jurídica
	Ação constitucional: 1ª Corrente – O mandado de injunção possui natureza constitutiva, pois viabilizaria o direito do indivíduo, dando meios para o seu exercício. 2ª Corrente – O MI tem natureza mandamental para a declaração da ocorrência de omissão com mora na regulamentação do direito outorgado pela Constituição Federal, fixando ou não prazo para que a o dispositivo constitucional seja regulamentado.
	STF: Até 2007 o Supremo adotou a segunda corrente. Com o julgamento do MI 670/ES e 708/DF, o Pretório Excelso mudou seu entendimento e passou a adotar a primeira corrente: natureza constitutiva.
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MANDADO DE INJUNÇÃO
5. Finalidade
 
	Viabilizar o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania.
6. Cabimento
Normas constitucionais de eficácia limitada de princípio institutivo de caráter impositivo – Definem a estrutura geral do Estado. Ex: direito de greve do servidor público
Normas programáticas vinculadas ao princípio da legalidade – Instituem programas a serem implementados pelo Estado. Ex: Art. 7º, XI, da CF/88. Prevê a participação dos empregados nos lucros, ou resultados da empresa, conforme definido em lei.
	Pressupostos:
A existência de um direito constitucional de quem o invoca, e;
O impedimento de exercê-lo em virtude da ausência de norma regulamentadora (lacuna técnica): omissão total ou parcial do Poder Público.
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MANDADO DE INJUNÇÃO
7. Abrangência
Quais são os direitos que o legislador constituinte pretendeu viabilizar ao implementar o mandado de injunção no texto constitucional de 1988? Estaria o objeto deste instituto limitado a esses
direitos e liberdades expressamente previstos no artigo 5º, LXXI, CF?
1ª corrente (Restritiva) – Reduz significativamente o campo de incidência do writ ao sustentar que o mesmo alcança tão somente os direitos que possam ser deduzidos da condição de nacional e de cidadão, vez que a norma constitucional especificou o objeto da sua tutela expressamente. Este entendimento é desenvolvido por Manoel Gonçalves Ferreira Filho.
2ª corrente (Intermediária) – O mandado de injunção tutelaria somente os direitos contemplados no TÍTULO II da Constituição (Direitos Individuais e Coletivos, Direitos Sociais, Direitos à Nacionalidade e Direitos Políticos). Representada pelas ideias de Celso Ribeiro Bastos
3ª corrente (Abrangente) - Os direitos, liberdades e prerrogativas tuteláveis pela injunção são quaisquer direitos, liberdades e prerrogativas previstos em quaisquer dispositivos da Constituição, tendo em vista que inexiste qualquer restrição no art. 5º, LXXI, do texto constitucional. Defendida por Flávia Piovesan.
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MANDADO DE INJUNÇÃO
8. Legitimados ativos e passivos
 
Legitimado ativo - Qualquer pessoa que tenha sua garantia constitucional obstaculizada por falta de norma que a regulamente, podendo ser esta pessoa física ou jurídica.
 
Legitimado passivo – Será somente a pessoa estatal, pois somente aos entes estatais pode ser imputável o dever jurídico de emanação de provimentos normativos.
	OBS: Se a omissão for legislativa federal  Congresso Nacional, salvo se a iniciativa da lei for privativa do Presidente da República (Art. 61, SS1º, CF/88). Neste caso Presidente da República.
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MANDADO DE INJUNÇÃO
9. Competência e Procedimento
	A competência está definida nos arts. 102, I, q, e II, a, e 105, h, da CF/88
	STF: quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do TCU, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio STF.
	STJ: quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da Administração Direta ou Indireta, excetuados os casos de competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, do Trabalho e Federal.
	No tocante ao procedimento: Serão observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança, enquanto não editada legislação específica.
	Sobre a possibilidade de liminar o STF entende ser impossível por total incompatibilidade com o instituto.
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MANDADO DE INJUNÇÃO
10. Decisão e efeitos do Mandado de Injunção
 
	A doutrina e jurisprudência do STF classificaram as diversas posições em relação aos efeitos do MI em dois grandes grupos: 
CONCRETISTA – Presentes os requisitos constitucionais exigidos para o mandado de injunção, o Poder Judiciário através de uma decisão CONSTITUTIVA, declara a existência da omissão administrativa ou legislativa, e implementa o exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa constitucional até que sobrevenha regulamentação do poder competente. É dividida em CONCRETISTA GERAL (efeito erga omnes – Ex: MI 708/DF  Direito de greve do servidor público) e CONCRETISTA INDIVIDUAL (efeito inter partes – Ex: MI 721/DF  Direito do servidor público a contagem de tempo de serviço). A corrente CONCRETISTA ainda pode ser DIRETA – implementação imediata – Ex: MI 758/DF ou INTERMEDIÁRIA – o judiciário estabelece prazo – Ex: MI 335-1 . Posição dominante atualmente!
 
NÃO – CONCRETISTA – Adotada até o julgamento do MI 708 pela jurisprudência dominante do STF, que se firmou no sentido de atribuir ao MI a finalidade específica de ensejar o reconhecimento formal da inércia do Poder Público. Não há que se falar em medidas jurisdicionais que estabeleçam, desde logo, condições viabilizadoras do exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa constitucionalmente prevista, mas deverá apenas ser dado ciência ao poder competente para que edite a norma faltante.
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AÇÃO POPULAR
1. Fundamento legal e constitucional
 	Art. 5º, LXXIII; Lei nº 4.717/65.
	
	Art. 5º, LXXIII CF/88	
	Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
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AÇÃO POPULAR
2. Origem
	Já existia no Direito Romano, com características muito semelhantes ao instituto previsto no direito positivo brasileiro, pois por meio da actio popularis, qualquer pessoa do povo podia fazer dela uso para a defesa dos interesses da coletividade.
	Direito Brasileiro: Constituição de 1934, abolida na de 1937 e instituída novamente na de 1946, embora em nenhuma delas aparecesse a expressão ação popular.
	Desde a sua instituição, em 1946, o instituto começou a ser utilizado, embora a lei regulamentadora só tivesse sido promulgada 19 anos depois; entendeu-se ser auto-aplicável o instituto. Inicialmente, só era manejada para a proteção do patrimônio público.
	A ação popular foi a primeira que surgiu no direito brasileiro com a características que a distinguem das demais ações judiciais, pois o autor pede a prestação jurisdicional para defender o interesse público  direito de natureza política.
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AÇÃO POPULAR
3. Conceito
 
	É a ação civil constitucional pela qual qualquer cidadão pode pleitear a invalidação de atos praticados pelo poder público ou entidades de que participe, lesivos ao patrimônio público, ao meio ambiente, à moralidade administrativa ou ao patrimônio histórico e cultural, bem como a condenação por perdas e danos dos responsáveis pela lesão.
4. Requisitos
 
Qualidade de cidadão no sujeito ativo (título de eleitor)
Ilegalidade ou imoralidade praticada pelo Poder Público ou entidade de que ele participe
Lesão ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
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AÇÃO POPULAR
5. Finalidade
	1. Viabilizar o exercício da soberania popular (CF, arts 1º e 14), pela qual permite-se ao povo, diretamente, exercer a função fiscalizatória do Poder Público, com base no princípio da legalidade dos atos administrativos e no conceito de que a coisa pública é patrimônio do povo.
	2. Defesa de interesses difusos
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AÇÃO POPULAR
6. Legitimados ativos e passivos
 
Legitimidade ativa: somente os cidadãos strictu sensu (eleitores), de modo que a ausência de meios comprobatórios da condição de cidadania gera carência da ação.
	A vigente súmula 365 do STF estabelece: “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular”. 
Legitimidade passiva: encontra-se na Lei da Ação Popular, em seus artigos 1º e 6º segundo os quais: 
	Art 6º. A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art.1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
	Art.1º. [...] da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista [...]
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AÇÃO POPULAR
7. Competência 
		Competentes para julgar a ação popular são as Justiças Federais nos casos de interesse da União e as Varas Especializadas de acordo com a organização judiciária de cada Estado no caso de interesse de cada um deles.
8. Procedimento 
		A ação popular é ação especial constitucional, de rito ordinário regulada pelo CPC e pela Lei nº 4.717/65.
		São condições da ação as normais do processo (a possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade para a causa), a qualidade de cidadão do sujeito ativo, a ilegalidade ou imoralidade praticada pelo poder público ou entidade de que participe e a lesão
ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 
		Cabe liminar.
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PRÓXIMA AULA
Direitos Sociais
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DIREITOS SOCIAIS
Capítulo II, artigos 6º a 11, da Constituição Federal
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Direitos Sociais
Os Direitos Sociais são direitos fundamentais assegurados no Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais –, Capítulo II, artigos 6º a 11, da Constituição Federal. 
São aqueles de prestação positiva do estado, vale dizer, que obrigam o estado à prática de atos em razão de exigências sociais ou mesmo de carências ligadas ao desenvolvimento da pessoa humana, do cidadão.
OBS: Liberdades positivas 	 liberdades negativas
			(direitos fundamentais de 2ª dimensão)
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Direitos Sociais
Os direitos sociais objetivam a melhoria das condições de vida a todos os cidadãos, e, em especial, dos hipossuficientes, com vistas à concretização da igualdade social em prol da dignidade da pessoa humana.
Os direitos sociais são normas de ordem pública, dotadas de imperatividade, inviolabilidade, auto-aplicabilidade, e são suscetíveis de mandado de injunção em caso de omissão do poder público na regulamentação de alguma norma de direito social que inviabilize o seu exercício.
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Direitos Sociais
CARACTERÍSTICAS:
São liberdades positivas
Desdobramento do Estado Social de Direito
Foram conquistados a partir do século XIX
Se realizam pela implementação de Políticas Públicas
São direitos fundamentais de 2ª dimensão
Estão nos artigos 6 a 11 e + ao longo da CF 
A lista do art. 7º, direitos individuais dos trabalhadores é exemplificativa
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Direitos Sociais
PRINCÍPIOS:
Não retrocesso social ou proibição da evolução reacionária
Respeito ao mínimo existencial
Máxima efetividade
LIMITAÇÃO:
	Teoria da Reserva do Possível
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Direitos Sociais
PRINCÍPIO DE PROIBIÇÃO AO RETROCESSO SOCIAL
 
“se uma lei, ao regulamentar um mandamento constitucional, instituir determinado direito, ele se incorpora ao patrimônio jurídico da cidadania e não pode ser absolutamente suprimido” - Luis Roberto Barroso
 
Este princípio não é expresso na CF, mas decorre do:
 
a) art. 2º do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e do Protocolo de San Salvador que exigem a “realização progressiva de tais direitos”;
 
b) sistema jurídico constitucional, do tipo social e aberto;
c) Estado de Direito Democrático que prestigia o valor da valorização do trabalho e da dignidade da pessoa humana
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Direitos Sociais
MÍNIMO EXISTENCIAL
	O mínimo existencial abrange o conjunto de prestações materiais necessárias e absolutamente essenciais para todo ser humano ter uma vida digna. 
	Ex: o mínimo de saúde, educação, moradia, alimentação, trabalho etc.
	
	Por ser apenas o mínimo exigível ao Estado, não está sujeito à reserva do possível
	Ele é consagrado pela Doutrina como sendo o núcleo do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, previsto no artigo 1º, III da CF.
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Direitos Sociais
PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE
	
	É a diretriz-guia da interpretação e aplicação dos direitos sociais.
	Impõe uma interpretação que confira a maior eficácia social possível ao direito em jogo, de modo a se fazer cumprir a finalidade para qual foi criado.
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Direitos Sociais
Origem da Tese da “reserva do possível”
Em decisão histórica, o Tribunal Constitucional da Alemanha recusou a tese de que o Estado seria obrigado a criar vagas nas universidades públicas para atender a todos os candidatos. 
	Caso “Numerus Clausus I” – 1960 (artigo 12 da Lei Fundamental Alemã)
Reserva do possível = quando a limitação dos recursos públicos inviabiliza a efetivação integral dos direitos sociais positivos
O EXECUTIVO só pode conceder a prestação social positiva (ex: medicamento, ensino, moradia) na medida dos limites orçamentários (reserva do possível) aprovados pelo LEGISLATIVO e dentro do seu campo discricionário;
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Direitos Sociais
Ato administrativo = manifestação do poder estatal /declaração do Estado:
ato vinculado = há prévia e objetiva tipificação legal do único comportamento possível da Administração;
ato discricionário = aqueles praticados com certo grau de liberdade de decisão segundo critérios de “conveniência e oportunidade”
Nos Atos Administrativos que visam atender aos direitos fundamentais, alcunhados de “políticas públicas”, o administrador deve se pautar nas prioridades arroladas na CF/88 (“interesse público primário”), antes de passar a outras prioridades (“interesse público secundário”).
A discricionariedade está na escolha de como se atingir tais metas (colisão ou sobreposição de interesses públicos); 
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Direitos Sociais
A RESERVA DO POSSÍVEL 	
STF: ADPF n. 45:
	“Vê-se, pois, que os condicionamentos impostos, pela cláusula da "reserva do possível", ao processo de concretização dos direitos de segunda geração - de implantação sempre onerosa -, traduzem-se em um binômio que compreende, de um lado, (1) a razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face do Poder Público e, de outro, (2) a existência de disponibilidade financeira do Estado para tornar efetivas as prestações positivas dele reclamadas.
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Direitos Sociais
POSIÇÃO de ROBERT ALEXY 
	 direitos sociais são prestacionais e se submetem à “reserva do possível”, exceto em relação ao direitos que compõem o “mínimo existencial”
	“saber quais os direitos fundamentais sociais que o indivíduo possui é uma questão de ponderação, sendo que o princípio da reserva parlamentar em matéria orçamentária não é absoluto, sendo possível que os direitos individuais apresentem mais peso que as razões de política financeira
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Direitos Sociais
	“METODOLOGIA FUZZY” E “CAMALEÕES NORMATIVOS” NA PROBLEMÁTICA DOS DIREITOS SOCIAIS, CULTURAIS E ECONÔMICOS (CANOTILHO)
	Tensão dialética entre a necessidade estatal de tornar concretas e reais as ações e prestações de saúde em favor das pessoas, de um lado, e as dificuldades governamentais de viabilizar a alocação de recursos financeiros, sempre tão dramaticamente escassos, de outro.
	OBS: censura do 'fuzzysmo' lançada aos juristas e a instabilidade e imprecisão normativa de um sistema jurídico aberto
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Direitos Sociais
INTERPRETAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS
	Hermenêutica restritiva ou ampliativa?
	Ex: Férias proporcionais - CF, art. 7º, XVII; CLT art. 146 parágrafo único; Convenção OIT nº132 e Súmula TST nº 261.
	Aplicação imediata ou meras normas programáticas?
“Há um conteúdo de promessas em matéria de direitos sociais” e o discurso da “norma meramente programática” concorre para “a descrença do brasileiro na política e na justiça”, vez que “nem o que está escrito na CF vale!” – Luís Roberto Barroso
Ferdinand Lassale: “A CF não pode se transformar em mero pedaço de papel”
STF: o caráter programático das regras inscritas no texto da Carta Política "não pode converter-se em promessa constitucional inconseqüente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado" (RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO).
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Direitos Sociais
NORMAS PROGRAMÁTICAS + NORMAS CONCRETIZADORAS = UNIDADE 
 Esta unidade constitui:
a) garantia de não lesar direitos adquiridos individuais; 
b) direito subjetivo negativo capaz de impugnar medida que conflite com a CF ou subtraia o grau de concretização já conferido.
	As normas que regulamentam os direitos sociais formam com eles uma unidade, que não pode mais ser suprimida (total ou parcial) – Jorge Miranda
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Direitos Sociais
Art. 6º CF/88
	São direitos sociais os direitos à educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
ALIMENTAÇÃO: EC nº 64/2010
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Direitos Sociais
DIREITO A EDUCAÇÃO
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Súmula Vinculante 12/STF
STF: ADO 1.698
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Direitos Sociais
DIREITO À SAÚDE
	A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Dupla acepção: a) natureza negativa: o Estado ou o particular devem abster-se de praticar atos que prejudiquem terceiros; b) natureza positiva: fomenta-se um Estado prestacionista para implementar o direito social.
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Direitos Sociais
DIREITO A ALIMENTAÇÃO
Antes mesmo da EC n. 64/2010, que introduziu o direito à alimentação como direito social, a Lei n. 11.346/2006, regulamentada pelo Dec. n. 7.272/2010, já havia criado o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - SISAN com vistas a assegurar o direito humano à alimentação adequada.
O art. 2.º da referida lei define a alimentação adequada como direito fundamental do ser humano.
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Direitos Sociais
DIREITO AO TRABALHO
	Trata-se de relevante instrumento para implementar e assegurar a todos uma existência digna, como estabelece o art. 170, caput. O Estado deve fomentar uma política econômica não recessiva, tanto que, dentre os princípios da ordem econômica, sobressai a busca do pleno emprego (art. 170, VIII).
	 Aparece como fundamento da República (art. 1º, IV), e a ordem econômica, conforme os ditames da justiça social, funda-se na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa.
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Direitos Sociais
DIREITO À MORADIA
	O direito à moradia busca consagrar o direito à habitação digna e adequada, tanto é assim que o art. 23, X, estabelece ser atribuição de todos os entes federativos combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos.
	Lei n. 8.009/90: impenhorabilidade do bem de família, fundamento no art. 6º da CF/88.
	Limites: STF - fiança RE 407.688; AI 576.544-AgR-AgR e condomínio lnf 455/STF - RE 439.003.
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Direitos Sociais
DIREITO AO LAZER
	O art. 217, § 3º, estabelece ser dever do Poder Público incentivar o lazer como forma de promoção social.
	Na lição de José Afonso da Silva, 'Lazer' é entrega à ociosidade repousante. 'Recreação' é entrega ao divertimento, ao esporte, ao brinquedo. Ambos se destinam a refazer as forças depois da labuta diária e semanal. Ambos requerem lugares apropriados e tranquilos.
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Direitos Sociais
DIREITO A SEGURANÇA
	O direito à segurança também aparece no caput do art. 5º Porém, a previsão no art. 6º tem sentido diverso daquela no art. 5º. 
	Enquanto lá está ligada à ideia de garantia individual, aqui, no art. 6º, aproxima-se do conceito de segurança pública, que, como dever do Estado, aparece como direito e responsabilidade de todos, sendo exercida, nos termos do art. 144, caput, para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.
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Direitos Sociais
DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
	ART. 201 CF/88
PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA
	DIREITO PREVIDENCIÁRIO (ART. 201, II CF/88), ASSISTENCIAL (ART. 203, I CF/88), DA TRABALHADORA (ART. 7º, XVIII CF/88) E DE PROTEÇÃO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE (ART. 227 CF/88)
ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS 
	 ART. 203 E 204 CF/88: INDEPENDE DE CONTRIBUIÇÃO
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Direitos Sociais
2 VERTENTES:
 DIREITOS SOCIAIS (art. 6º e Ordem Social)
 DIREITOS TRABALHISTAS
	Direitos Individuais de trabalho – art. 7º
	Direitos Coletivos dos trabalhadores – arts. 8º a 11
OBS: Os direitos sociais são cláusulas pétreas? (art. 60, IV ) DIVERGÊNCIA NA DOUTRINA 
Ementário nº 1730-10/STF, Ministro Celso de Mello: SIM
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Direitos Sociais
	DIREITOS SOCIAIS INDIVIDUAIS DOS TRABALHADORES (ART. 7º)
	O art. 7.º estabelece um rol de direitos sociais dos trabalhadores urbanos e rurais (art. 7.º, caput), assim como dos avulsos (art. 7.º, XXXIV) e dos domésticos, cujos direitos foram profundamente ampliados pela EC n. 72/2013 (art. 7.º, parágrafo único).
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Direitos Sociais
	DIREITOS SOCIAIS INDIVIDUAIS DOS TRABALHADORES (ART. 7º)
	LEITURA OBRIGATÓRIA DO ART. 7º
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Direitos Sociais
Flexibilização ou efetividade da norma trabalhista?
CASO CONCRETO: Normas de proteção à saúde 
Art. 7o. da CF: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais dentre outros que visem à melhoria de sua condição social: 
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; 
 
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas na forma da lei;
	OJ-SDI-I nº 342: É inválida cláusula de ACT ou CCT contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/88), infenso à negociação coletiva.
 Súmula 364 do TST : II - A fixação do adicional de periculosidade, em percentual inferior ao legal e proporcional ao tempo de exposição ao risco, deve ser respeitada, desde que pactuada em acordos ou convenções coletivos. “
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Direitos Sociais
	DIREITOS SOCIAIS COLETIVOS DOS TRABALHADORES (ARTS. 8º A 11)
	Os direitos sociais coletivos são aqueles exercidos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma coletividade, e podem ser classificados em:
Direito de associação profissional ou sindical;
Direito de greve;
Direito de substituição processual;
Direito de participação;
Direito de representação classista.
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PRÓXIMA AULA
Direitos de Nacionalidade
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Direitos Fundamentais: Classificações
Quanto a topologia constitucional:
Direitos e garantias individuais e coletivos: art. 5º
Direitos sociais: art. 6º a 11 e também no título da Ordem Social art. 193 e ss.
Direitos de nacionalidade: art.12
Direitos Políticos: art. 14 a 17
OBS: Direitos solidários (José Afonso da Silva): art. 3º e 225
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Direitos de Nacionalidade
	Pode-se conceituar a nacionalidade como o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo a um determinado Estado, tornando-o um componente do povo, o que o capacita a exigir a proteção estatal, a fruição de prerrogativas ínsitas à condição de nacional, bem como o sujeita ao cumprimento de deveres. 
 obs: dimensão pessoal do Estado
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Direitos de Nacionalidade
	De acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em seu art. XV § 1º e art. 20, § 2º do Pacto de San José da Costa Rica:
	 toda pessoa tem direito a uma nacionalidade, ninguém dela pode ser privado arbitrariamente, tampouco se pode negar ao indivíduo o direito de alterá-la.
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Direitos de Nacionalidade
"Estrangeiro" é o indivíduo que possui vínculo jurídico-político com Estado Nacional diverso da República Federativa do Brasil.
“Cidadão" é o nacional (nato ou naturalizado) no gozo dos direitos políticos e participante da vida do Estado.
OBS: apátridas e polipátridas
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Direitos de Nacionalidade
Fonte: Livro Direito Constitucional Nathalia Masson
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Direitos de Nacionalidade
Fonte: Livro Direito Constitucional Nathalia Masson
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Direitos de Nacionalidade
	Duas espécies de nacionalidade são identificadas: a primária e a secundária.
	A primária ou originária é aquela resultante de um fato natural por ocasião do nascimento.
	A nacionalidade secundária ou derivada é aquela resultante de um ato voluntário, manifestado	após o nascimento.
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Direitos de Nacionalidade
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