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Crimes contra a Organização do Trabalho

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1 
 
 
 
Crimes contra a Organização do Trabalho (arts. 197 a 207, CP) 
Conceito de trabalho: palavra originária do latim, tripallium que significava tortura, atualmente o 
conceito é “atividade coordenada de caráter físico e/ou intelectual necessária para realização e qualquer 
tarefa”. 
 
Art. 197 atentado contra a liberdade de trabalho 
A infração penal se configura no fato de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça 
a: 
 Exercer ou não exercer arte, oficio, profissão ou indústria; 
 Trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias; 
 Abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho; 
 Participar de parede (greve) ou paralisação de atividade econômica. 
Se cometido permanentemente pode configurar crime de redução a condição análoga à de escravo 
(art. 149, CP). 
 
Objeto jurídico: 
É a liberdade de trabalho tipificada no art. 5º, XIII, CF. 
 
Objeto material: 
Cerceamento da liberdade do trabalho, arte, ofício e/ou profissão. 
 
Elemento subjetivo: 
Dolo, não cabendo modalidade culposa. 
 
Sujeito ativo: 
Pode ser qualquer pessoa, configurando crime comum. 
 
Sujeito passivo: 
É a vítima do constrangimento. Os doutrinadores Nucci e Greco entendem que a pessoa jurídica 
não pode ser vítima desse constrangimento. 
 
Consumação: 
Quando a vítima efetivamente deixa de exercer sua vontade devido a ameaça. 
 
Tentativa: 
Possível por se tratar de um crime plurissubsistente. O agente emprega violência ou grave ameaça 
mas não obtém o que pretendia da vítima. 
 
Classificação: 
Crime de ação livre, comum, unissubjetivo ou de concurso eventual, material e plurissubssistente. 
 
A ação penal é publica incondicionada. Como a pena máxima é de um ano a competência é do 
juizado especial criminal. Quando atingir o trabalhador de forma individual, a competência sera da 
justiça Federal. Súmula n. 115 do extinto Tribunal Federal de Recursos: “compete à Justiça Federal 
2 
 
processar e julgar os crimes contra a organização do trabalho, quando tenham por objeto a organização 
geral do trabalho ou direitos dos trabalhadores considerados coletivamente”. 
 
 
 
 
Art. 198 Atentado contra a liberdade de trabalho e boicotagem violenta. 
 
Aqui o artigo se divide em duas partes, tipificando duas condutas do agente: 
 Obrigar a celebrar contrato de trabalho 
 Obrigar a não adquirir ou fornecer produtos 
 
Nota-se que aqui também é exigido o emprego de violência ou grave ameaça, no entanto o tipo 
não menciona a conduta de constranger a vítima a não celebrar contrato de trabalho. Para Greco, essa 
lacuna não pode ser suprida com a analogia segundo o princípio da nullo crimen nulla poena sine lege 
stricta. Para Pedro Lenza, configura nesse caso, constrangimento ilegal (art. 146). 
A boicotagem violenta ocorre quando o agente pratica constrangimento para que a vítima não 
forneça a outrem ou não adquira de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola, tutelando 
a liberdade do comércio de mercadorias, procurando proteger o titular da empresa, os trabalhadores e 
consumidores. Não há crime quando se tenta convencer alguém a comprar ou não comprar, mas apenas 
quando se usa da ameaça ou violência. 
 
Objeto jurídico: 
Conduta praticada pelo agente para cercear a liberdade. 
 
Objeto material: 
A liberdade de trabalho, tanto do empregado como do empregador. 
 
Elemento subjetivo: 
Dolo, não se admitindo modalidade culposa. 
 
Sujeito ativo: 
Qualquer pessoa, configurando crime comum. 
 
Sujeito passivo: 
Para Greco, no que diz respeito ao sujeito passivo pode configurar crime próprio na hipótese de 
boicotagem violenta, pois somente aquele que poderia fornecer matéria-prima ou produto é que teria 
como figurar nessa condição. 
 
Consumação: 
Quando a vítima constrangida pelo emprego de violência ou grave ameaça, efetivamente celebra 
contrato e no caso da boicotagem no instante em que é negado o fornecimento ou aquisição de 
mercadorias. 
 
Tentativa: 
Tratando-se de crime plurissubsistente, é possível a tentativa. 
 
 
Classificação: 
Crime comum, material, doloso e geralmente instantâneo. 
 
A ação penal é pública incondicionada. Como a pena máxima é de um ano a competência é do 
Juizado Especial Criminal 
 
3 
 
 
 
 
Art. 199 Atentado contra a liberdade de associação 
A liberdade de associação é um direito constitucionalmente garantido (art; 8º, V, CF), sendo assim, 
configura-se atentado contra este direito quando o agente vier a constranger a alguém, mediante 
violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação 
profissional. 
O sindicato, segundo Mascaro Nascimento, é uma forma de organização de pessoas físicas ou 
jurídicas que figuram como sujeitos nas relações coletivas de trabalho. 
O constrangimento deve ser dirigido no sentido de fazer com a vítima participe contra sua 
vontade, a sindicato ou associação profissional, ou mesmo deixe de participar, quando esse era seu 
desejo. 
 
Objeto jurídico: 
Conduta praticada pelo agente de cercear a liberdade. 
 
Objeto material: 
A liberdade de associação. 
 
Elemento subjetivo: 
Dolo, não admitindo modalidade culposa. 
 
Sujeito ativo: 
Qualquer pessoa 
 
Sujeito passivo: 
Qualquer pessoa 
 
Consumação: 
Quando a vítima, constrangida, passa a integrar ou deixa de se associar ou filiar-se em um 
sindicato ou associação. 
 
Tentativa: 
Tratando-se de crime plurissubsistente, é possível a tentativa. 
 
Classificação: 
Crime comum, material, simples e instantâneo 
 
A ação penal é pública condicionada. Como a pena máxima é de um ano, a competência é do 
Juizado Criminal Especial. Quando atinge o trabalhador de forma individual, a competência será da 
Justiça Federal, segundo a Sumula 511, do TRR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Art. 200 Paralisação do trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem 
A greve é um direito constitucionalmente previsto no art. 9º da CF. No entanto podem aqueles que 
participam do movimento de suspensão ou abandono coletivo de trabalho praticar violência contra a 
pessoa ou contra coisa, dessa forma, praticam a infração tipificada no art. 200. 
O tipo engloba duas figuras: 
 Participar de suspensão coletiva de trabalho: É o lockout feito pelos EMPREGADORES. 
Atinge todos funcionários da empresa, pois trata-se de uma ato de “fechar as portas” da empresa 
não permitindo que nenhum funcionário adentre, independente da classe, função e hierarquia. 
 Participar de abandono coletivo de trabalho: É a greve feita pelos EMPREGADOS. Para 
que haja crime é necessário o concurso de, pelo menos, três empregados (parágrafo único, art 200). 
 
Participar de uma greve não é crime, mas sim empregar a violência contra pessoa ou coisa. Ex. 
depredar patrimônio, agredir seguranças etc. Assim, sua participação poderia ser considerada legítima 
até o momento em que praticar atos de violência contra pessoa ou coisa. 
 
Objeto juridico: 
A liberdade de trabalho, para Damásio. Para Bittencourt e Greco, “é a regularidade e moralidade 
das relações trabalhistas, é a correção e a moralidade que deve orientar os contratos de trabalho, que, 
venia concessa, não se confunde com 'liberdade de trabalho" 
 
Objeto material: 
A paralisação de trabalho. 
 
Elemento subjetivo: 
Dolo, não cabendo modalidade culposa 
 
Sujeito ativo: 
No caso do lockout é o empregador, no caso de greve é o empregado. Também respondem pelo 
crime quem não são nem empregadores nem empregados, mas juntamente com eles empregue 
violência. 
 
Sujeito passivo: 
A pessoa ou coisa atingida.Consumação: 
No instante em que a violência foi empregada 
 
Tentativa: 
É admissível. 
 
Classificação: 
Crime comum, material, plurissubjetivo, instantâneo e plurissubsistente. 
 
A ação penal é pública incondicionada. Como a pena máxima é de um ano, é de competência e 
Justiça Especial Criminal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Art. 201 Paralisação de trabalho coletivo de interesse coletivo 
Embora o direito à greve esteja previsto na Constituição Federal, em seu art. 9º, § 1, ressalvou que 
a lei deveria definir os serviços ou atividades essenciais, além de dispor sobre o atendimento de 
atividades inadiáveis da comunidade, tal lei é a Lei nº 7.783/89. 
O núcleo verbal é participar de suspensão ou abandono de trabalho coletivo, provocando 
interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo, protegendo o interesse coletivo e não a 
liberdade de trabalho. Serviço de interesse coletivo, é todo aquele que afete as necessidades da 
população em geral, como agua, iluminação, transporte, limpeza urbana etc. 
Em verdade, o que ocorre aqui é um paradoxo, pois assim como a CF garante o direito de greve, o 
CP pune a paralisação de serviços, mesmo sem violência, neste artigo. Então não há sentido que haja 
punição nesse caso, portanto este artigo tornou-se inaplicável, entendendo assim vários penalistas, 
como Nucci, Delmanto e Heleno Claudio Fragoso. 
Por certo, o art. 201 continua em vigor, mas o STJ entendeu que em face da CF de 1988, que 
consagrou o direito de greve, de forma ampla, o dispositivo do art. 201 não está a merecer aplicação. 
Apenas nos abusos no exercício do direito sujeita-se às sanções (art. 9º, §2, CF). 
 
Objeto jurídico: 
Interesse da coletividade 
 
Objeto material: 
Obra ou serviço público coletivo interrompido 
 
Elemento subjetivo: 
Dolo, não cabendo modalidade culposa 
 
Sujeito ativo: 
Qualquer pessoa 
 
Sujeito passivo: 
A coletividade afetada. 
 
Consumação: 
No momento em que ocorre a suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando 
interrupção na obra pública ou serviço de interesse coletivo. 
 
Tentativa: 
É admissível 
 
Classificação: 
Crime comum, material, plurissubjetivo, instantâneo e plurissubsistente. 
 
Ação penal é pública incondicionada, competência inicial do Juizado Especial Criminal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Art. 202 Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola 
No que diz respeito a invasão ou ocupação, significa entrada indevida, expressamente 
desautorizada. A ocupação significa tomar posse ilegalmente e lá permanecer por tempo juridicamente 
relevante, constituindo nesse caso, crime permanente. De acordo com a relação típica, a invasão ou a 
ocupação de qualquer dos estabelecimentos apontados, deverá ter uma finalidade: impedir (evitar o 
início ou interromper) ou embaraçar (perturbar, atrapalhar, causar transtorno) o curso normal do 
trabalho. 
Em relação a sabotagem, a diferença é que neste caso, o agente tem por finalidade danificar 
(destruir total ou parcialmente) o estabelecimento ou as coisas que nele existem ou fazer uso destas 
(vender, reter, gravar algo nela). 
 
Objeto jurídico: 
A propriedade e a liberdade de trabalho. 
 
Objeto material: 
O estabelecimento industrial, comercial ou agrícola 
 
Elemento subjetivo: 
O dolo, não admitindo modalidade culposa 
 
Sujeito ativo: 
Qualquer pessoa, trata-se então de crime comum. 
 
Sujeito passivo: 
A coletividade e os empresários. 
 
Consumação: 
No instante em que se realiza a ocupação ou invasão efetivamente, não importando se o agente 
tenha ou não conseguido atingir sua intenção (crime formal). E no caso de sabotagem, consuma-se assim 
que danificar ou dispor das coisas existentes no local. Caso os resultados ocorram, serão considerados 
meros exaurimentos do crime. 
 
Tentativa: 
É possível 
 
A ação penal é publica incondicionada e a competência é da Justiça Federal porque a conduta 
atinge direito coletivo dos trabalhadores. 
 
Classificação: 
Crime comum, monossubjetivo, formal, plurissubsistente, permanente, no caso de ocupação e 
instantâneo para sabotagem, não transeunte, pluriofensivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Art. 203 Frustração de direito assegurado por lei trabalhista 
Analisando o núcleo do tipo, frustrar é utilizado aqui no sentido de afastar, impedir, privar o titular 
(empregado) de direitos que lhe são assegurados por leis trabalhistas, que se encontram na CF e na CLT 
e para tanto, o agente se vale do emprego de fraude ou grave ameaça. 
Segundo Damásio, 
 
“fraude é o engodo empregado pelo sujeito para induzir ou 
manter a vítima em erro. A violência empregada deve ser 
própria, ou seja, violência consiste em força física (vis 
corporalis). A violência moral consiste no emprego de grave 
ameaça (vis compulsiva), não é meio de execução deste delito. 
Quando o legislador quer referir-se à violência m oral, 
menciona esta expressamente, usando o termo 'grave 
ameaça'. Como não empregou tal expressão na definição 
legal, deve-se entender que esta não é meio de execução". 
 
O dispositivo em análise é normal penal em branco, pois pune quem priva o empregado de seus 
direitos assegurados que não se encontram neste Código, mas na CF, CLT e leis especiais. 
 
Objeto jurídico: 
Direitos trabalhistas 
 
Objeto material: 
A pessoa que mediante natureza do fato delitivo, se vê frustrada em seus direitos trabalhistas. 
 
Elemento subjetivo: 
Dolo, não cabendo modalidade culposa. 
 
Sujeito ativo: 
Qualquer pessoa que frustra o direito, tratando-se de crime comum. 
 
Sujeito passivo: 
A pessoa lesada. No caso em que o empregado e o empregador agirem juntos, o sujeito passivo é 
o Estado. 
 
Consumação: 
No momento em que o direito é frustrado. 
 
Tentativa: 
É possível. 
 
Classificação: 
Delito comum, doloso e material. 
 
 
Modalidades: 
 
O §1º do art. 203, assevera: 
 
 § 1 Na mesma pena i n corre quem: 
l - obriga ou coage alguém a usar mercadorias 
de determinado estabelecimento, para 
impossibilitar o desligamento do serviço em virtude 
de dívida; 
8 
 
II – impede alguém de se desligar de serviços d 
e qualquer natureza, mediante coação ou por meio 
da retenção de seus documentos pessoais ou 
contratuais 
Sobre o inciso I, este veio para acabar com a prática de exploração, pois muitas pessoas estavam 
contraindo dívidas com seus empregadores. Geralmente são pessoas distante de centros urbanos, dada 
a falta de opção não tem o que comer e o que vestir, sendo explorados. Os empregadores não podem 
obrigar ou coagir (física ou moralmente) que alguém trabalhe para ele por motivo de dívida. 
O inciso II caracteriza também crime grave de redução a condição análoga à de escravo, não 
permitindo neste caso que alguém se desligue do serviço, além da coação (física ou moral) retendo os 
documentos (geralmente a carteira de trabalho) do empregado. 
 
Causas de aumento de pena 
Descrita no §2 do art 203, aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 se a vítima: 
 Tiver menos de 18 anos; 
 Idosa (60 anos ou mais); 
 Gestante; 
 Indígena (É todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se identifica e é 
identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características culturais o distinguem da 
sociedade nacional) ou; 
 Portadora de deficiência física ou mental (restrição física, mental ou sensorial, de 
natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade d e exercer uma ou mais 
atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e 
social).9 
 
Art. 204 Frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho 
A finalidade da norma em questão é penalizar criminalmente o agente que dirigir sua conduta no 
sentido de frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa a nacionalização do trabalho, 
ou seja, à proteção que a lei confere aos trabalhadores nacionais, como por exemplo, a regra de 
proporcionalidade, previstas no art. 352 e 354 da CLT. Trata-se de norma penal em branco, pois os 
direitos assegurados estão previsto na Consolidação das Leis Trabalhistas. 
 
Objetividade jurídica: 
Interessa na nacionalização do trabalho. 
 
Objeto material: 
Contratos indevidamente celebrados. 
 
Elemento subjetivo: 
Dolo. Não admite modalidade culposa. 
 
Sujeito ativo: 
O empregador, mas nada impede que qualquer pessoa possa figurar nessa condição. 
 
Sujeito passivo: 
Estado, que vê frustrada suas medidas criadas em benefício dos trabalhadores nacionais. 
 
Consumação: 
No momento em que o agente efetivamente frustra, mediante fraude ou violência, a obrigação 
legal ou relativa a nacionalização do trabalho. 
 
Tentativa: 
É possível. 
 
Classificação: 
Comum, simples, material. 
 
A ação penal é pública incondicionada. Compete ao Juizado Especial Criminal. 
 
Segundo Heleno Fragoso, citado por BITENCOURT, 'se frustrando, com violência ou fraude, 
obrigação relativa à nacionalização do trabalho, o agente violar direito individual assegurado pela lei 
trabalhista, praticará em concurso formal, igualmente, o crime previsto no art. 203, CP". 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
Art. 205 Exercício da atividade com infração de decisão administrativa 
O referido artigo trata de situações em que o agente, habitualmente, exerce atividade para o qual 
se encontrava proibido por decisão administrativa. Atividade está ligada a qualquer profissão lícita, 
reconhecida pelo MT, como por exemplo, médicos, advogados etc. A decisão deverá possuir 
obrigatoriamente natureza administrativa, pois se a pessoa for impedida de exercer a função por 
decisão judicial, o delito então será o tipificado no art 359, que prevê a desobediência a decisão judicial 
sobre perda ou suspensão de direito. 
Se o agente nunca foi habilitado ao exercício da profissão, o crime será o de exercício ilegal da 
medicina, arte dentária ou farmacêutica (art. 282 do CP), ou, para os demais casos, estará configurada a 
contravenção de exercício ilegal de profissão ou atividade (art. 47 da LCP). 
 
Objeto jurídico: 
Interesse estatal na execução da decisões administrativas relativas ao exercício das atividades. 
 
Objeto material: 
Atividade desempenhada pelo agente. 
 
Elemento subjetivo: 
Dolo, não admitindo modalidade culposa. 
 
Sujeito ativo: 
Pessoa impedida de exercer atividade, crime próprio. 
 
Sujeito passivo: 
O Estado. 
 
Consumação: 
Com a prática habitual do agente em exercer a atividade que está impedido. 
 
Tentativa: 
Não é admissível. 
 
Classificação: 
Crime próprio, doloso e permanente. 
 
Ação penal é publica incondicionada e a competência é do Juizado Especial Criminal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
Art. 206 Aliciamento para o fim de emigração 
Com a finalidade de responsabilizar criminalmente o agente que alicia trabalhadores para o fim 
de emigração, o art. 206 do CP trata do assunto. 
O núcleo recrutar deve ser entendido como aliciar, seduzir, convencer e atrair trabalhadores 
mediante fraude com o fim de levá-los a territórios estrangeiros. A fraude consiste em falsas promessas, 
falsa remuneração, vantagens pessoas, enriquecimento a curto prazo e etc. 
A conduta portanto, deve ter a finalidade de levar o trabalhador para território estrangeiro, 
pois se seduzi-lo para trabalhar em território nacional, recai no tipo penal do art. 207. 
 
Quantos trabalhadores são necessários para tipificar o crime? Para Luiz Regis Prado: "se 
tivesse por escopo considerar configurado o ilícito apenas com dois trabalhadores o teria feito 
expressamente, como sempre o faz. Por isso, também aqui se entende que é preciso três como número 
mínimo de trabalhadores para que se caracterize o delito descrito no artigo.” 
 
Se o agente aliciar prostituta para que atue no exterior incorrerá em crime específico previsto 
no art. 231 do Código Penal, chamado “tráfico internacional de pessoa para o fim de exploração sexual”, 
que é qualificado quando há emprego de fraude (§ 2º, IV). 
 
Objeto jurídico: 
Tutela do Estado em manter seus trabalhadores em território nacional. 
 
Objeto material: 
Trabalhadores recrutados. 
 
Elemento subjetivo: 
Dolo, não admitindo modalidade culposa. 
 
Sujeito ativo: 
Qualquer pessoa que recrute pessoas mediante fraude com finalidade de leva-las para o 
estrangeiro. 
 
Sujeito passivo: 
De forma primária é o Estado, e de forma secundária é o trabalhador aliciado e a quem interessar 
sua permanência no país. 
 
Consumação: 
Ocorre com o recrutamento, mesmo sem a efetiva ida ao exterior (crime formal) 
 
Tentativa: 
É admissível nos casos que o sujeito ativo alicia, porém não obtém sucesso. 
 
Classificação: 
Crime doloso, de ação livre, comum, simples, formal, plurissubsistente, de concurso eventual e 
instantâneo. 
 
A ação penal é publica incondicionada. 
 
 
 
 
 
 
12 
 
Art. 207 Aliciamento de trabalhadores de um local para outro no território 
nacional 
O artigo em questão é parecido com o anterior, mas neste caso é punido o aliciamento de 
trabalhadores com o fim de leva-los a uma parte do território nacional. Esse tipo de conduta rompe a 
harmonia e o equilíbrio necessário a ordem econômica e social, pois favorece uma parte do pais com 
grande quantidade de trabalhadores e deixa outra desprovidas do mesmo. 
Neste artigo o caput não exigiu o aliciamento mediante fraude, ou seja, o simples fato de aliciar 
mesmo com promessas reais de melhora de vida, por exemplo, já se configura delito pelos motivos 
expressos acima. 
 
Objeto Jurídico: 
Tutela do Estado em manter a harmonia e ordem econômica e social 
 
Objeto material: 
Trabalhador recrutado 
 
Elemento subjetivo: 
Dolo, não admitindo modalidade culposa. 
 
Sujeito ativo: 
Qualquer pessoa que alicie trabalhadores a trabalhar em outra localidade do território nacional 
 
Sujeito passivo: 
Estado de forma primaria, e o trabalhador de forma secundaria 
 
Consumação: 
Ocorre com o aliciamento, mesmo sem a efetiva ida a outra localidade (crime formal) 
 
Tentativa: 
É admissível. 
 
Classificação: 
O delito é crime doloso, de ação ou forma livre, comum, simples, formal, plurissubsistente e de 
concurso eventual e instantâneo. 
 
A ação penal é publica incondicionada 
 
Modalidades: 
 
De acordo com o §1 do artigo em questão, incorre na mesma pena quem recruta trabalhadores 
mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia d trabalhador ou ainda não assegurar condições der 
retorno ao seu local de origem. 
 
São três condutas aqui incriminadas: 
 Fraude (falsas promessas, vantagens etc.); 
 Cobrança de qualquer quantia (assim iria criar uma dívida com o trabalhador fazendo com 
que ele trabalhe até que a pague); 
 Não assegurar condições de retorno ao seu local de origem. 
 
Causas de aumento de pena 
 
Aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 se a vítima: 
 É menor de 18 anos; 
 Idosa 
13 
 
 Gestante 
 Indigna 
 Portadora de deficiência física ou mental. 
 
 
 
 
 
 
 
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