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Apostila 5 - art. 197-207 CP

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Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
1 
Aula 2. Título IV - Dos crimes contra organização do trabalho (arts. 197 a 207 CP). 
 
 PARTE ESPECIAL 
 TÍTULO IV 
DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
 
Art. 197 Atentado contra liberdade de trabalho 
Art. 198 Atentado contra liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta 
Art. 199 Atentado contra liberdade de associação 
Art. 200 Paralisação de trabalho seguida de violência ou perturbação da ordem 
Art. 201 Paralisação de trabalho de interesses coletivo 
Art. 202 Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. sabotagem 
Art. 203 Frustração de direito assegurado por lei trabalhista 
Art. 204 Frustração de lei sobre nacionalização do trabalho 
Art. 205 Exercício de atividade com infração de decisão administrativa 
Art. 206 Aliciamento para o fim de imigração 
Art. 207 Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional 
 
Considerações iniciais 
O fundamento da tutela penal da organização do trabalho encontra supedâneo na Carta Magna, que inclui, 
dentre os fundamentos do Estado Democrático de Direito em que se constitui a República Federativa do 
Brasil, o reconhecimento do valor da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) e os valores sociais do 
trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, IV). Ademais disso, o direito ao trabalho bem como os demais 
direitos que lhe são conexos estão incluídos como direitos sociais previstos nos artigos 6º a 11, no Título 
II da Constituição Federal (Dos direitos e garantias fundamentais). Importante ressaltar que faz prevalecer 
a finalidade repressiva do direito penal neste título a repercussão destes crimes nas relações do trabalho 
(organização do trabalho), e não individualmente. Afinal, cumpre-nos reiterar, o Título IV diz respeito aos 
“crimes contra a organização do trabalho”. 
Crime é conduta que produz resultado, ou seja, dano, ou perigo ao bem juridicamente tutelado. Modernamente, faz-se juízo de valor da 
conduta e do resultado. ‘Organização do trabalho’ (CP, parte especial, titulo IV) é objeto jurídico. Trabalho, aqui, é instituto de interesse 
coletivo. Não se confunde com o direito individual do empregado e do empregador. Interessa, antes de tudo, a sociedade, ao estado. 
Repercute nas relações de trabalho. Se a conduta do trabalhador e do empregador não gera sequer perigo para a - organização do trabalho 
- não extrapolando efeitos a sindicato, ou associação profissional - não se configura o crime descrito no art. 199 CP - atentado contra a 
liberdade de associação. Só haverá resultado próprio desse crime ocorrendo perigo para a existência, ou funcionamento do sindicato, ou da 
associação. Caso contrário, o fato será restrito a relação individual de trabalho. O trabalho, como bem jurídico despersonalizado, não é 
afetado. (STJ - RHC 4749 / CE – 6ª Turma – Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro – J. 28/11/1995). 
 
Crítica 
Os artigos 197, 198 e 199 são formas especiais derivadas do crime de constrangimento ilegal (art. 146 CP), 
por isso, estes dispositivos são supérfluos. Estes constrangimentos especiais poderiam perfeitamente se 
enquadrar no art. 146 CP, assim como eventuais consequências mais graves (lesões corporais, homicídio 
etc.), configurando-se o concurso material de crimes previstos no parágrafo 2º do art. 146 CP. 
 
ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE TRABALHO – ART. 197 CP 
Art. 197 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça: 
I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período 
ou em determinados dias: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência; 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
2 
II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de atividade 
econômica: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
Conceito 
Trata-se da conduta do sujeito que constrange o ofendido, se valendo de violência ou grave ameaça, a 
trabalhar ou a não trabalhar, ou, a abrir ou fechar seu estabelecimento ou participar de paralisação de 
atividade. Grosso modo, trata-se da greve forçada, aquela praticada mediante violência ou grave ameaça, o 
que configura crime. 
 
Greve 
A greve só é legítima se exercida pacificamente, o uso de violência ou grave ameaça a desnatura e a 
transforma em crime. Dispõe o artigo 9º, caput da Constituição Federal: “É assegurado o direito a greve, 
competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele 
defender”. Reza ainda seus parágrafos 1º e 2º: “§ 1º: a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o 
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”; “§ 2º: os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da 
lei.” Regulamentando este dispositivo constitucional, a Lei 7.783/89 dispõe em seu artigo 15: “A 
responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo 
a legislação trabalhista, civil ou penal”, devendo o “Ministério Público, de ofício, requisitar a abertura do competente 
inquérito e oferecer denúncia quando houver indício da prática de delito.” No tocante ao militar, o artigo 142, IV da 
Constituição Federal estabelece que “ao militar são proibidas as sindicalizações e a greve”. Assim, 
membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares não podem fazer greve. A proibição é 
absoluta, salvo na hipótese em que o militar exerça serviço tipicamente civil, como ocorre no caso dos 
controladores de tráfego aéreo, pois não estão em jogo a hierarquia militar e a proibição não pode 
prevalecer. Apesar dessa vedação, não significa que a greve de militares enseja necessariamente ilícito 
penal, mas alguns juristas fundamentam que a greve de militares ensejaria o delito de motim (art. 149 do 
Código Penal Militar). 
 
Objetividade Jurídica 
O tipo visa resguardar a liberdade de trabalho. A conduta do agente recai sobre a pessoa que sofre a 
conduta criminosa (objeto material do crime). 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, é crime comum. 
Sujeito passivo: no tocante ao inciso I, qualquer pessoa pode ser vítima, desde que na condição de 
trabalhador; quanto ao inciso II, em sua primeira parte, somente o proprietário do estabelecimento pode 
ser vítima; na segunda parte, qualquer pessoa. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta, o verbo é “constranger”, que significa coagir, forçar, obrigar, violentar a vontade da vítima. O 
constrangimento se faz mediante violência (física) ou grave ameaça (promessa de causar um mal futuro, 
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3 
sério e verossímil). Assim, mesmo que o constrangimento recaia sobre pessoa diversa, haverá o crime, 
v.g., sujeito ameaça matar filho do proprietário do estabelecimento se ele não suspender suas atividades. 
Haverá crime único, mesmo havendo várias vítimas, v.g., sujeito coage todos trabalhadores que chegam 
ao trabalho pela manhã, e estes não adentram ao local de trabalho. Caso não se enquadre o fato em uma 
das hipóteses, poderá configurar outro crime como constrangimento ilegal (art. 146 CP). Quatro são os 
objetivos do constrangimento elencados (vinculados) pelo legislador: 
1. exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria: arte é atividade manual que implica em 
habilidade; ofício é habilidade manual ou mecânica, socialmente útil; profissão é atividade especializada 
material ou intelectual, mediante remuneração e regulamentada; indústria e´atividade de transformação de 
materiais implicando destreza e aptidão. 
2. trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias; 
3. abrir ou fechar o estabelecimento de trabalho; 
4. participar de parede ou paralisação de atividade econômica. 
 
Regra do concurso material de crimes 
Conforme observamosno preceito secundário, em ambos incisos, havendo violência, o sujeito responderá 
por esta em concurso material (soma das penas). Ou seja, além de responder por este crime do art. 197, 
responderá pela violência praticada no ofendido, v.g., lesão corporal (art. 129 CP) ou homicídio (art. 121 
CP). 
 
Elemento Subjetivo 
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de constranger o ofendido. Segundo a 
doutrina, trata-se de dolo genérico, ou seja, não há um fim específico do agente. Não há previsão de 
forma culposa neste tipo. 
 
Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime material, ou seja, exige um efetivo resultado. 
Inciso I: o crime consuma-se com a realização do efetivo exercício do trabalho ao qual o ofendido foi 
obrigado a exercer, na primeira parte; ou com a suspensão do trabalho, na segunda parte. 
Inciso II: com a abertura ou fechamento do estabelecimento, na primeira parte; ou com a efetiva 
participação na parede ou paralisação da atividade. 
A tentativa é admitida em todas as hipóteses. 
 
Ação Penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
Pena 
Nas hipóteses do inciso I: detenção de 1 mês a 1 ano, e multa, 
Nas hipóteses do incido II: detenção de 3 meses a 1 ano 
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4 
Em ambos os casos, o sujeito responderá por este crime, além da pena correspondente a violência 
praticada, v.g., lesão corporal. 
 
ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE CONTRATO DE TRABALHO E BOICOTAGEM 
VIOLENTA – ART. 198 CP 
Art. 198 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não 
fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
Conceito 
É uma conduta muito próxima ao crime anterior. Agora, o sujeito constrange o ofendido, mediante 
violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de 
outrem a matéria prima ou produto industrial ou agrícola. Também é uma forma de impedir o 
constitucional direito ao trabalho do ofendido. 
 
Objetividade Jurídica 
O tipo visa resguardar a liberdade de trabalho. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, trata-se de crime comum. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta, o verbo é “constranger”, que significa coagir, forçar, obrigar, violentar a vontade da vítima. O 
constrangimento se faz mediante violência (física) ou grave ameaça (promessa de causar um mal futuro, 
sério e verossímil). É necessário para sua conformação, violência ou a grave ameaça. Divide-se este tipo 
em duas figuras delituosas distintas: 
1. atentado contra a liberdade de contrato de trabalho: encontra-se na primeira parte do caput. O 
sujeito constrange alguém a celebrar contrato de trabalho, obriga à uma contratação forçada. Segundo o 
art. 442 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho – decreto lei 5.452/43) contrato de trabalho é o 
“acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego” (individual) ou “acordo de caráter 
normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais 
estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações 
individuais de trabalho” (definição de contrato coletivo - art. 611 CLT). No tocante a conduta inversa, ou 
seja, constrangimento para não contratar (não celebração), não está albergada no tipo, podendo configurar 
constrangimento ilegal (art. 146 CP). 
2. boicotagem violenta: está prevista na segunda parte do tipo onde o sujeito constrange o ofendido 
tanto ao não fornecimento (não prover) quanto a não aquisição de matéria prima (substância em seu 
estado bruto) ou produto industrial ou agrícola. O rol é taxativo, ou seja, a conduta apenas poderá recair 
sobre o impedimento de fornecimento ou aquisição de matéria prima ou produto industrial ou agrícola. 
Em direito penal a interpretação é sempre restritiva. 
 
Direito Penal 
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5 
Regra do concurso material de crimes 
Tal qual no crime anterior, havendo violência, o sujeito responderá por esta em concurso material (soma 
das penas). Ou seja, além de responder por este crime, responderá pela violência praticada no ofendido, 
v.g., lesão corporal (art. 129 CP) ou homicídio (art. 121 CP). 
 
Elemento Subjetivo 
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de constranger o ofendido. Segundo a 
doutrina, trata-se de dolo genérico, ou seja, não há um fim específico do agente. Não há previsão de 
forma culposa neste tipo penal. 
 
Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime material, ou seja, exige um efetivo resultado. Na primeira figura, consuma-se com a 
celebração do contrato (quando houver contrato escrito) ou início do trabalho (no caso de contrato 
apenas verbal). Na segunda figura com a efetiva abstenção (não fornecer ou não adquirir). A tentativa é 
admitida em todas as hipóteses. 
 
Ação Penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
Pena 
Detenção de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente a violência praticada. 
 
ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO – ART. 199 CP 
Art. 199 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de 
determinado sindicato ou associação profissional: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
Conceito 
Trata-se do comportamento do agente que constrange o ofendido, mediante violência ou grave ameaça, a 
participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação profissional. 
 
Objetividade Jurídica 
A liberdade de associação profissional ou sindical, amparada pela Constituição Federal, em seu artigo 
5º, inciso XVII: “é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;” A conduta recai 
sobre a pessoa que é constrangida (objeto material do crime). 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, trata-se de crime comum. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa, desde que trabalhador profissional passível de sindicalizar-se ou 
associar-se. 
 
Direito Penal 
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Elemento Objetivo 
A conduta, o verbo é “constranger”, que significa coagir, forçar, obrigar, violentar a vontade da vítima. O 
constrangimento se faz mediante violência (física) ou grave ameaça (promessa de causar um mal futuro, 
sério e verossímil) para que o ofendido: 
1. participe: significa tomar parte de sindicato ou associar-se; 
2. deixe de participar: omitir-se a um sindicato ou associação. 
 
Associação profissional e sindicato 
Associação profissional é o agrupamento de empregadores, empregados, trabalhadores, intelectuais, 
técnicos ou manuais, exercendo a mesma profissão ou profissões similares ou conexas, para fins de 
estudo, defesa e coordenação dos seus interesses profissionais (art. 1º, decreto lei 1.402/39 e art. 511 
CLT). Sindicato é a associação profissional reconhecida por lei (art. 50, decreto lei 1.402/39 e art. 561 
CLT) 
 
Regra do concurso material de crimes 
Tal qual nos crimes anteriores, havendo violência, o sujeito responderá por esta em concurso material 
(soma das penas). Ou seja, além de responder por este crime, responderá pela violência praticada no 
ofendido, v.g., lesão corporal (art. 129 CP) ou homicídio (art. 121 CP). 
 
Elemento Subjetivo 
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de constranger o ofendido. Segundo a 
doutrina, trata-se de dolo genérico, ou seja, não há um fim específico do agente. Não há previsão de 
forma culposa neste tipo penal. 
 
Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime material, ou seja, exige um efetivo resultado. Assim, consuma-se o crime com a 
participação ou não participação do ofendido em sindicato ou associação profissional em razão do 
constrangimento sofrido. 
 
Ação Penal 
A ação penalé pública incondicionada. 
 
Pena 
Detenção de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente a violência praticada. 
 
 
PARALISAÇÃO DE TRABALHO, SEGUIDA DE VIOLÊNCIA OU PERTURBAÇÃO DA ORDEM – 
ART. 200 CP 
Art. 200 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra 
coisa: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
Direito Penal 
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Parágrafo único - Para que se considere coletivo o abandono de trabalho é indispensável o concurso de, pelo menos, 
três empregados. 
 
Conceito 
Trata-se da paralisação do trabalho provocada pela sua suspensão ou abandono, praticada mediante 
violência contra pessoa ou contra coisa. Conforme verificaremos adiante, nosso Código Penal não 
criminaliza a greve ou lock-out pacíficos. 
 
Objetividade Jurídica 
A liberdade de trabalho. O objeto material é a pessoa ou coisa sob o qual recai a violência. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, podendo ser empregado ou o patrão (lockout), mas aqueles que praticam 
alguma ação violenta ou que assumam o risco de produzi-la. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta, o verbo é “participar”, que significa tomar parte, corroborar, ajudar na suspensão dos 
exercícios das funções no trabalho ou abandono de trabalho, que é a greve dos funcionários, o abandono 
coletivo. Reconhece-se também como criminosa a suspensão realizada pelos empregadores, conhecida 
como lock-out. Mas, em ambos os casos, apenas haverá esse crime se para a suspensão ou 
abandono coletivo houver prática de violência contra pessoa ou contra coisa 
(“participar...praticando ato...”), ou seja, exclui-se os participantes da greve cuja violência 
estejam alheios. Como vimos anteriormente, o direito a greve é garantido constitucionalmente, mas, 
desde que seja pacífico. Para que se considere o abandono coletivo devem concorrer, pelo menos três 
empregados (parágrafo único). 
 
Regra do concurso material de crimes 
Tal qual nos crimes anteriores, havendo violência, o sujeito responderá por esta em concurso material 
(soma das penas). Ou seja, além de responder por este crime, responderá pela violência praticada no 
ofendido, v.g., lesão corporal (art. 129 CP) ou homicídio (art. 121 CP). 
 
Elemento Subjetivo 
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de participar na suspensão ou abandono de 
trabalho e de praticar violência a pessoa ou a coisa. Segundo a doutrina, trata-se de dolo genérico, ou 
seja, não há um fim específico do agente. Não há previsão de forma culposa neste tipo penal. 
 
Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime material, ou seja, exige um efetivo resultado, que é a violência (à pessoa ou a coisa). 
 
Direito Penal 
Prof. Danilo Pereira 
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Ação Penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
Pena 
Detenção de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente a violência praticada. 
 
PARALISAÇÃO DE TRABALHO DE INTERESSE COLETIVO – ART. 201 CP 
Art. 201 - Participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou 
serviço de interesse coletivo: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
Revogação tácita 
A Carta Magna, em seu artigo 9º garante o direito a greve: “É assegurado o direito a greve, competindo aos 
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”. Reza ainda 
seus parágrafos 1º e 2º: “§ 1º: a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das 
necessidades inadiáveis da comunidade”; “§ 2º: os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.” A Lei que 
regulamenta a greve no Brasil, L. 7.783/89, em seu artigo 13 expressamente admite a greve “em serviços ou 
atividades essenciais”, prevendo que, nessa hipótese, “ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, 
obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com antecedência mínima de 72 horas da paralisação”. 
Não haveria sentido que a Lei de Greve admitisse a greve aos serviços de interesse coletivo, enquanto o 
CP incriminasse tal conduta. Seria ilógica tal contradição. Logo, a greve pacífica, mesmo que se trata de 
serviços ou atividades essenciais, é penalmente atípica, ainda que os grevistas sejam funcionários públicos. 
Mesmo rezado o art. 37 da CF que “A administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade 
e eficiência e, também, ao seguinte: (...) inciso VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei 
específica;”, mas até agora não foi objeto de lei específica, apesar de assim dizer o art. 16 da L. 7.783/89. 
Neste sentido Delmanto (CP Comentado, 7ª Ed., p. 572) e grande parte da doutrina: José Henrique 
Pierangeli, Rui Stoco, Luiz Regis Prado etc. Julio Fabbrini Mirabete sustenta a plena vigência do art. 201 
CP, mas, pondera que o que caracteriza a atividade como essencial “aquelas que não atendidas colocam 
em perigo iminente a sobrevivência, saúde ou segurança da população.” (Manual de direito penal. V. II. 
São Paulo: Atlas, 2003, p. 386)1 
 
 
1 “Assegurado o direito de greve aos servidores públicos, o exercício desse direito não pode ser considerado como crime, punindo-se apenas os 
abusos cometidos. A simples incitação à greve não é mais punível como crime. A resistência consequente a ato ilegal, arbitrário e violento da 
autoridade policial não constitui delito previsto no art. 329 CP. Sentença absolutória conforme a prova dos autos. Apelação improvida” (TRF/2ª 
Região - Apelação criminal 89.02.02162-9/RJ – 3ª T, J. 20.09.1989). Mais recentemente o TRF/3ª Região também reconheceu a revogação do art. 
201 CP Órgão Especial, IP 94.03.051256-3/SP – J. 14.08.1997); “PENAL. HABEAS CORPUS. GREVE DA POLÍCIA FEDERAL. 
INQUÉRITO POLICIAL . ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO PARA APRECIAR OS FATOS. PARALISAÇÃO DOS 
SERVIÇOS ESSENCIAIS. PREVARICAÇÃO. ART. 319 DO CP. AUSÊNCIA DE NORMA REGULAMENTADORA. ATIPICIDADE DA 
CONDUTA. O crime de prevaricação consiste em "Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição 
expressa em lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal." (CP, art. 319: Antes do oferecimento da denúncia, resta impossível a fixação 
com segurança de qual o juízo competente para julgamento do crime investigado. Sendo assim, descabe, neste momento, resolver sobre a 
competência para o processamento do Inquérito Policial, o que ilide, a alegação de constrangimento ilegal em face de suposta incompetência do 
Juízo Impetrado. Acrescenta-se, que os atos investigativos, salvo os atos que advém de decisão judicial, conforme o art. 567 do CPP, não são 
nulos, uma vez que o mesmo não passa de peça meramente informativa da denúncia. O direito de greve do servidor público, previsto no art. 37, 
inciso VII, da Constituição Federal de 1988, está a exigir a regulamentação pela legislação, uma vez que se trata de norma de eficácia limitada. 
Em outras palavras, o direito de greve dos servidores públicos, deverá ser exercido dentro dos termos e limites que deverão ser especificados em 
lei, especialmente quanto aos efeitos nocivos da greve no que diz respeito à interrupção dos serviços públicos imprescindíveis à preservação da 
ordem pública.” (TRF/4ª Região – HC 200504010369816 – 7ª Turma – Des. Rel. Tadaaqui Hirose – J. 27.09.2005). 
Direito Penal 
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9 
Conceito 
Trata-se da paralisação do trabalho que provoca a interrupção de obra pública ou serviço de interesse 
coletivo. 
 
Objetividade Jurídica 
O interesse da coletividade. O bem protegido é a imprescindível continuidade do serviço público.Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, podendo ser empregado ou o empregador. 
Sujeito passivo: coletividade. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta, o verbo é “participar”, que significa tomar parte, corroborar, ajudar na suspensão dos 
exercícios das funções no trabalho ou abandono de trabalho, que é a greve dos funcionários, o abandono 
coletivo. Reconhece-se também como criminosa a suspensão realizada pelos empregadores, conhecida 
como lockout. Mas, em ambos os casos, apenas haverá esse crime se não ocorrer prática de 
violência contra pessoa ou contra coisa. Pune-se a greve pacífica. 
 
Elemento Subjetivo 
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de participar na suspensão ou abandono de 
trabalho e de praticar violência a pessoa ou a coisa. Segundo a doutrina, trata-se de dolo específico, ou 
seja, há um fim específico do agente consistente em provocar a paralisação de obra pública ou serviço de 
interesse público. Não há previsão de forma culposa neste tipo penal. 
 
Obra pública e serviço de interesse público 
Obra pública é a construção, reparação, edificação ou ampliação de um bem imóvel pertencente ou 
incorporado ao domínio público, realizadas por órgãos da administração direta (União, Distrito federal, 
Estados ou municípios) ou indireta (autarquias, empresas públicas, sociedade de economia mista, 
contratados por órgãos da administração pública etc.). 
Serviço de interesse público: Hungria o define como todo aquele que afeta as necessidades da 
população em geral2. Segundo o art. 10 da Lei que regula a greve (L. 7.783/89), são considerados serviços 
ou atividades essenciais: 
 
2 “Trata-se de agravo regimental (AgRg) interposto pela Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Previdência e Assistência 
Social (Fenasps) contra a decisão em medida cautelar que deferiu liminar, determinando a suspensão do movimento grevista dos servidores do 
INSS em todo o território nacional, sob pena de pagamento de multa diária no valor de cem mil reais. A insatisfação principal da agravante 
consiste na edição da Medida Provisória nº 441/2008 (convertida na Lei nº 11.907/2009), a qual fixou a jornada de trabalho em 40 horas semanais 
e a opção de 30 horas com vencimentos proporcionais, sem que o INSS cumprisse o acordo coletivo assinado para criar, sob sua coordenação, 
um grupo de trabalho (em agosto/2008) com representantes das categorias para discutir, entre outras questões, a jornada de trabalho. Por outro 
lado, a defesa dos grevistas também formulou ao Presidente da Seção pedido de sustentação oral, no julgamento do AgRg, pela peculiaridade do 
caso, embora reconhecendo que não há previsão no RISTJ. Diante disso, a Seção, antes do julgamento do AgRg, em questão de ordem, por 
maioria, indeferiu o pedido pela falta de previsão regimental; não caberia abrir exceções, além disso a importância da causa é relativa, será sempre 
importante à parte. Já a tese vencida não se opunha, apesar de ressalvar a ausência de previsão regimental. Quanto ao mérito, o Min. Relator 
ressaltou a natureza essencial dos serviços prestados pela autarquia ao atender milhares de segurados e pensionistas, em sua grande maioria, 
carentes e idosos, a reforçar a noção de indispensabilidade dos serviços. Explica que faltou a comprovação de tentativa válida para a negociação 
prévia entre as partes, nem houve o cumprimento dos critérios a serem adotados para continuação dos serviços, em observância ao disposto nos 
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I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; 
II - assistência médica e hospitalar; 
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; 
IV - funerários; 
V - transporte coletivo; 
VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; 
VII - telecomunicações; 
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; 
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; 
X - controle de tráfego aéreo; 
XI compensação bancária. 
Como sabemos que em matéria penal a interpretação é sempre restritiva, não podemos alargar este rol. 
Aliás, neste sentido, o TRF/3ª Região manifestou sobre a não imputação no crime do art. 201 CP a 
atividades que não estejam incluídas neste rol (Pleno – Inquérito 67/SP (94.03.065422-8 e IP 
94.03.051256-3/SP – J. 14.08.1997) 
 
Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime material, ou seja, exige um efetivo resultado, que é a efetiva paralisação. A tentativa é 
admitida. 
 
Ação Penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
Pena 
Detenção de 6 meses a 2 anos, e multa. 
 
INVASÃO DE ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL, COMERCIAL OU AGRÍCOLA. SABOTAGEM – 
ART. 202 CP 
Art. 202 - Invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou 
embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes 
ou delas dispor: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
Conceito 
Trata-se da invasão de estabelecimento comercial, industrial ou agrícola visando a impedir ou embaraçar o 
trabalho ou danificar o estabelecimento ou coisas nele existentes. Denota-se que é um crime de violação 
de domicílio (art. 150 CP) ou esbulho possessório (art. 161, § 1º, II CP), com finalidade específica e dentro 
do contexto de crime contra a organização do trabalho (princípio da especialidade). Ausentes estes 
requisitos, há claro crime contra o patrimônio (art. 155, 157 ou 163 CP). 
 
 
art. 3º da Lei nº 7.783/1989. Com relação à multa, asseverou ter por objetivo obrigar a parte a cumprir a decisão judicial e o valor fixado ser 
razoável, ao levar-se em conta, caso descumprido o pronunciamento judicial, os prejuízos à população que depende dos serviços daquela 
autarquia. Diante do exposto, a Seção negou provimento ao AgRg. Precedentes citados: MC 14.770-DF, DJe 19/9/2008, e AgRg na MC 14.857-
DF, DJe 18/6/2009.(STJ - AgRg na MC 15.656-DF. Rel. Min. Og Fernandes. J 24/6/2009 
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Objetividade Jurídica 
A organização do trabalho. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, empregado ou não. 
Sujeito passivo: proprietário do estabelecimento, e, secundariamente a coletividade, se privada de serviço 
essencial. 
 
Elemento Objetivo 
Pode-se dizer que a dois crimes neste dispositivo. O primeiro diz respeito a invasão ou ocupação do 
estabelecimento (primeira figura), enquanto o segundo diz respeito a sabotagem (segunda figura). 
1. Invasão ou ocupação de estabelecimento: as condutas, os verbos são “invadir”, que significa entrar 
no local a força, sem direito para tal ou “ocupar” que significa tomar posse arbitrariamente. O objeto 
material deste crime é o estabelecimento. 
2. Sabotagem: três são as espécies previstas: 
a) danificar o estabelecimento: é a conduta de danificar (destruir, inutilizar, deteriorar) o próprio 
estabelecimento. 
b) danificar as coisas do estabelecimento: o sujeito danifica as coisas dentro do estabelecimento. 
c) dispor das coisas do estabelecimento: o sujeito dispõe (usar, guardar, alienar, etc.) as coisas. 
 
Elemento Subjetivo 
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de invadir ou ocupar o estabelecimento. Há 
dolo específico consistente em impedir ou embaraçar (estorvar) o curso normal do trabalho. Se não há 
este especial fim de agir, haverá a conduta do art. 150 CP (violação de domicílio) ou 161, § 1º, II CP 
(esbulho possessório). 
 
Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime formal, ou seja, não exige o efetivo resultado, que seria o efetivo impedimento ou 
embaraço do curso do trabalho. Basta à consumação o mero “invadir” ou “ocupar”, comprovado o 
elementosubjetivo específico (“com intuito de” impedir ou embaraçar o trabalho). A tentativa, em tese, 
é admitida. 
 
Ação Penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
Pena 
Detenção de 1 a 3 anos, e multa. 
 
 
 
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FRUSTRAÇÃO DE DIREITO ASSEGURADO POR LEI TRABALHISTA – ART. 203 CP 
Art. 203 - Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho: 
Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem: 
I - obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para impossibilitar o desligamento 
do serviço em virtude de dívida; 
II - impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de seus 
documentos pessoais ou contratuais. 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou 
portadora de deficiência física ou mental. 
 
Conceito 
Trata-se do comportamento do agente que impede, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela 
legislação trabalhista – Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – Decreto lei 5.452/43, artigos 352 a 
371. 
 
Objetividade jurídica 
O interesse resguardado é a proteção da legislação trabalhista, no que tange aos direitos assegurados. 
Trata-se de norma penal em branco, pois os direitos trabalhistas encontram-se capitulados na 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e demais normas complementares. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, seja empregador ou empregado, ou mesmo terceiro alheio à relação de 
trabalho. Basta haver alguma inobservância de direito assegurado pela CLT. 
Sujeito passivo: o ofendido primário é o Estado, detentor do interesse do respeito à legislação trabalhista 
vigente, secundariamente, há proteção do trabalhador cujo direito lhe foi preterido. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta é “frustrar” que significa iludir, enganar, impedir. Conduta esta que se pratica mediante 
1. fraude: é o engodo, artifício que leva o enganado á aparência falsa da realidade. 
2. violência: trata-se da violência física exercida contra a pessoa. 
 
Elemento Subjetivo 
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de frustrar direito trabalhista. Há dolo 
genérico, não havendo um especial fim de agir. 
 
Regra do concurso material de crimes 
Conforme é verificado no preceito secundário do caput, havendo violência, o sujeito responderá por esta 
em concurso material (soma das penas). Ou seja, além de responder por este crime, responderá pela 
violência praticada no ofendido, v.g., lesão corporal (art. 129 CP) ou homicídio (art. 121 CP). 
 
 
 
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Figuras equiparadas (§ 1º) 
Conforme verificamos em diversas oportunidades, as formas equiparadas do crime nada mais são do que 
outras condutas criminosas co-relatas à figura fundamental (caput) que o legislador resolveu alocar em 
parágrafos, mas cuja pena é exatamente a mesma. 
1. obriga ou coage alguém a usar mercadorias de determinado estabelecimento, para 
impossibilitar o desligamento do serviço em virtude de dívida: nesta o sujeito obriga (força) ou coage 
(força física ou grave ameaça) a usar mercadorias de determinado estabelecimento para impedir o 
desligamento do serviço. Este inciso visa coibir aos que forçam os empregados a contraírem dívidas em 
estabelecimento do patrão, impedindo-os de deixar o local de trabalho em virtude de dívida. 
2. impede alguém de se desligar de serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio 
da retenção de seus documentos pessoais ou contratuais: o agente obsta o ofendido de deixar o 
trabalho mediante coação ou retendo os documentos pessoais ou contratuais. No caso de constar hipótese 
de tratamento humilhante ou degradante haverá o crime de redução a condição análoga à de escravo (art. 
149, caput, última parte e § 1º, II CP). 
 
Causa de aumento de pena (§ 2º) 
A pena será aumentada de 1/6 a 1/3, se a vítima: 
1. é menor de 18 anos; 
2. idosa: segundo o Estatuto do Idoso, idosa é a pessoa com 60 anos ou mais (art. 1º, L. 10.741/03); 
3. gestante; 
4. indígena; 
5. portadora de deficiência física ou mental. 
Para incidir qualquer dessas causas de aumento é indispensável que o autor do crime tenha consciência 
dessas especiais circunstâncias. 
 
Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime material, ou seja, exige o efetivo resultado que é a frustração dos direitos previstos na 
CLT (o verbo é ‘frustrar’, logo, a conduta deve realizar-se). A tentativa, em tese, é admitida. 
 
Ação Penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
Pena 
Figura simples (caput) e equiparada (§ 1º): detenção de 1 a 2 anos, e multa, além da pena 
correspondente a violência contra a pessoa. 
Causa de aumento de pena (§ 2º): de 1/6 a 1/3. 
 
 
 
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FRUSTRAÇÃO DE LEI SOBRE A NACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO – ART. 204 CP 
Art. 204 - Frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
Conceito 
Trata-se da conduta do agente que impede, mediante fraude ou violência, obrigação relativa a 
nacionalização do trabalho. Esta conduta é muito próxima a anterior, sendo a diferença pontual: a 
frustração, neste crime, diz respeito as normas legais que obrigam ao emprego de nacionalização de mão 
de obra brasileira. É, portanto, tal qual a anterior, também uma norma penal em branco. Os artigos 352 
a 371 da CLT, o capítulo sobre a nacionalização do trabalho, contém uma série de regras visando a 
proteção do trabalhador brasileiro. Entre suas disposições mais relevantes se encontram a exigência de que 
2/3 dos empregados seja nacional (art. 354), e a manutenção de outras restrições relativas ao exercício de 
determinadas profissões que tenham sofrido regulação específica. 
 
Objetividade jurídica 
A nacionalização do trabalho, ou seja, a observância das normas que obrigam a reserva de mercado à mão 
de obra brasileira. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, seja empregador ou empregado, ou mesmo terceiro alheio à relação de 
trabalho. Basta haver alguma inobservância destes direitos assegurados pela CLT. 
Sujeito passivo: o ofendido primário é o Estado, detentor do interesse do respeito à legislação trabalhista 
vigente, secundariamente, há proteção do trabalhador cujo direito lhe foi preterido em tal direito. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta é “frustrar” que significa iludir, enganar, impedir. Conduta esta que se pratica mediante 
1. fraude: é o engodo, artifício que leva o enganado á aparência falsa da realidade. 
2. violência: trata-se da violência física exercida contra a pessoa. 
 
Elemento Subjetivo 
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de frustrar direito trabalhista. Há dolo 
genérico, não havendo um especial fim de agir. 
 
Regra do concurso material de crimes 
Conforme é verificado no preceito secundário do caput, havendo violência, o sujeito responderá por esta 
em concurso material (soma das penas). Ou seja, além de responder por este crime, responderá pela 
violência praticada no ofendido, v.g., lesão corporal (art. 129 CP) ou homicídio (art. 121 CP). 
 
 
 
 
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Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime material, ou seja, exige a efetiva frustração (o verbo é “frustrar”, exigindo então a 
frustração efetiva) da proporcionalidade exigida pela lei entre trabalhadores brasileiros e estrangeiros. A 
tentativa é admitida. 
 
Ação Penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
Pena 
Detenção de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente a violência contra pessoa. 
 
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COM INFRAÇÃO DE DECISÃO ADMINISTRATIVA – ART. 205 CP 
Art. 205 - Exercer atividade,de que está impedido por decisão administrativa: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
 
Conceito 
Trata-se da conduta do sujeito que pratica atividade laboral, apesar de estar impedido de exercê-la em 
razão de decisão administrativa. A atividade aqui é o trabalho desempenhado por uma pessoa, 
pressupondo-se que praticou alguma conduta no desempenhar de sua atividade que o levasse ao 
impedimento de sua realização. 
 
Objetividade jurídica 
Cumprimento das decisões advindas do Estado relativas ao exercício de atividades. Porém, nunca se 
esquecendo que o Título estudado (IV) diz respeito aos crimes contra a organização do trabalho, ou seja, 
protege-se, precipuamente o interesse coletivo na proteção do trabalho. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, o pratica somente aquele que está impedido de exercer sua 
atividade ante uma decisão administrativa neste sentido. 
 Sujeito passivo: o Estado. 
 
Elemento Objetivo 
A conduta é “exercer” que significa exercitar, desempenhar, praticar. Neste sentido exige-se a prova da 
habitualidade pelo agente, ou seja, a constância, regularidade, reiteração da atividade ao qual estava 
impedido, sob pena de não configurar este crime. Atividade é qualquer trabalho específico ou ocupação. 
 
Elemento Subjetivo 
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de exercer a atividade ciente de que existe uma 
proibição de fazê-lo por algum órgão da administração pública, sem especial fim de agir (dolo genérico). 
Porém, deve-se analisar os interesses do sujeito, se pretende retomar suas funções para atrapalhar a 
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regularidade da organização do trabalho. Pois, se o agente for funcionário público, essa conduta pode ser 
considerada exercício funcional ilegal previsto no art. 324 CP: “Entrar no exercício de função pública antes de 
satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, 
removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.” Ou, ainda, pode configurar a 
contravenção penal de exercício ilegal da profissão ou atividade (art. 47, dec. lei 3.688/41) 
 
Decisão judicial 
Como sabemos, em direito penal é vedada a interpretação extensiva, logo, pressuposto para a tipificação 
deste crime é que o impedimento do exercício se dê por uma decisão administrativa, não podendo 
estender a incriminação para decisões que impeça a atividade que tenham natureza judicial. No caso de a 
suspensão da atividade derivar de decisão judicial, poderá haver: 
1. exercício funcional ilegal - art. 324 CP. 
2. desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito – art. 359 CP 
3. desobediência – art. 330 CP 
4. exercício ilegal da profissão ou atividade – art. 47, dec. lei 3.688/41. 
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não é reconhecido como órgão administrativo, assim 
advogados que são impedidos de exercer a profissão por processo disciplinar na OAB não praticam este 
crime, mas a contravenção penal de exercício ilegal da profissão ou atividade (art. 47, dec. lei 3.688/41 – 
pena: prisão simples, de 1 a 6 meses, ou multa). 
 
Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime de mera conduta, ou seja, não há um resultado naturalístico, mas pune-se a conduta 
de exercer a atividade (o verbo é ‘exercer’, logo, a conduta deve realizar-se). Aliás, o exercício deve dar-se 
com reiteração, habitualidade. Daí, classifica-se como crime habitual, por isso, a tentativa em 
inadmissível, ou há prova da regularidade e o crime está consumado, ou não há, não configurando o 
crime. 
 
Ação Penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
Pena 
Detenção de 3 meses a 2 anos, ou multa. 
“A conduta do médico que, após ter cancelada a sua inscrição pelo Conselho federal de Medicina, continua a exercer a profissão, incide no 
art. 205 CP, e não no art. 282 CP (exercício ilegal da medicina).” (STF – RT 748/544) 
 
ALICIAMENTO PARA O FIM DE EMIGRAÇÃO – ART. 206 CP 
Art. 206 - Recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro. 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. 
 
Conceito 
É o comportamento do sujeito que se vale de engodo, para levar trabalhadores ao estrangeiro. 
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Objetividade jurídica 
Tanto o interesse na permanência nos trabalhadores no país como a proteção dos próprios trabalhadores. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: trata-se de crime comum, qualquer pessoa pode praticá-lo. 
 Sujeito passivo: sujeito passivo primário é o Estado; secundariamente os trabalhadores que foram 
fraudulentamente recrutados (enganados). 
 
Elemento Objetivo 
A conduta é “recrutar” que significa aliciar, angariar. 
Trabalhadores: como o legislador foi expresso em “trabalhadores”, para conformação duas observações: 
1. há necessidade de que as pessoas recrutadas tenham tal qualificação, ou seja, exerçam algum ofício ou 
atividade. 
2. exige-se dois ou mais em face do plural utilizado. O recrutamento de apenas um trabalhador não 
configura crime. Aliás, válido relembrar que o título ora estudado diz respeito aos crimes contra 
organização do trabalho, razoável admitir, inclusive, a insignificância da conduta no caso de não 
atingimento do bem jurídico protegido. 
 
Elemento Subjetivo 
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de recrutar fraudulentamente trabalhadores. 
Há o dolo específico consistente no especial fim de agir trazido pelo tipo: “com o fim de levá-los para o 
território estrangeiro”. 
 
Fraude 
Significa engodo, ardil, colocar em erro os trabalhadores, não configurando o crime o mero convite Não 
havendo fraude, claramente não haverá conduta típica a ser apurada, pois a cada um é dado o direito de 
livremente decidir onde pretende trabalhar, não podendo o Estado intervir no constitucional direito a 
liberdade de trabalho. 
 
Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime formal, ou seja, não há qualquer resultado naturalístico exigido pelo tipo (saída do país), 
mas o mero “recrutar mediante fraude”. A tentativa é admissível, v.g., o recrutador faz a proposta aos 
trabalhadores em uma reunião, na presença de uma autoridade policial, que o prende. 
Ação Penal 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
Pena 
Detenção de 1 a 3 anos, e multa. 
 
Direito Penal 
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ALICIAMENTO DE TRABALHADORES DE UM LOCAL PARA OUTRO DO TERRITÓRIO 
NACIONAL – ART. 207 CP 
Art. 207 - Aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do território nacional: 
Pena - detenção de um a três anos, e multa. 
§ 1º Incorre na mesma pena quem recrutar trabalhadores fora da localidade de execução do trabalho, dentro do 
território nacional, mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia do trabalhador, ou, ainda, não assegurar 
condições do seu retorno ao local de origem. 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, gestante, indígena ou 
portadora de deficiência física ou mental. 
 
Conceito 
Trata-se da mesma conduta do tipo anterior, porém, o comportamento agora visa angariar trabalhadores 
para local dentro de território nacional, mesmo sem atuar o sujeito com fraude. 
 
Objetividade Jurídica 
A organização do trabalho no contexto de impedir o êxodo de trabalhadores de uma região para outra. 
Válido sempre ressaltar que a proteção da organização do trabalho exige que os tipos previstos neste 
capítulo, tragam uma ofensa a este interesse coletivo. No caso, deve-se verificar algum prejuízo para a 
região onde se processa o aliciamento. 
 
Sujeitos do delito 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, trata-se de crime comum. 
Sujeito passivo: o Estado é o sujeito passivo primário; secundariamente protege-se os trabalhadores 
aliciados. 
 
Elemento Objetivo 
O verbo, a conduta é “aliciar”, que tem sentido deangariar, recrutar, seduzir, atrair os trabalhadores de 
uma localidade para outra, dentro do território nacional. Assim, exige-se: 
1. trabalhadores: há necessidade de que as pessoas alicidadas tenham tal qualificação, ou seja, exerçam 
algum ofício ou atividade. 
2. dois ou mais em face do plural utilizado. 
3. localidade: desde que dentro do território nacional, qualquer vila, lugarejo ou município, mas, conforme 
observado anteriormente, como estudamos o título dos crimes contra organização do trabalho, deve haver 
expressividade penal da conduta, ou seja, quantidade de pessoas significante e localidades afastadas. 
 
Elemento Subjetivo 
O crime é doloso, consistente na vontade livre e consciente de aliciar os trabalhadores. Há o dolo 
específico consistente no especial fim de agir trazido pelo tipo: “com o fim de levá-los de uma para outra 
localidade do o território nacional”. 
 
Formas equiparadas (§ 1º) 
Equipara-se ao caput, respondendo pela mesma pena se o aliciamento for: 
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1. mediante fraude (engodo, engano); 
2. mediante cobrança de qualquer quantia do trabalhador; 
3. quando não assegurar condições de retorno do seu local de origem. 
 
Causa de aumento de pena (§ 2º) 
A pena serás aumentada de 1/6 a 1/3, se a vítima: 
1. é menor de 18 anos; 
2. idosa: segundo o Estatuto do Idoso, idosa é a pessoa com 60 anos ou mais (art. 1º, L. 10.741/03); 
3. gestante; 
4. indígena; 
5. portadora de deficiência física ou mental. 
Tais circunstâncias devem entrar na esfera de conhecimento do agente sob pena de sua não aplicação. 
 
Consumação e Tentativa 
Trata-se de crime formal, ou seja, com o mero aliciamento, sendo desnecessária a ocorrência de qualquer 
resultado naturalístico (efetiva saída do território). A tentativa é admitida. 
 
Ação Penal 
É pública incondicionada. 
 
Pena 
Detenção de 1 a 3 anos, e multa.

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